a vida manifestada · graça que nos foi proclamada pelos lábios e incorporada na pessoa do filho...

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A Vida Manifestada Por Horatius Bonar (1808-1889) Traduzido, Adaptado e Editado por Silvio Dutra Dez/2019

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Page 1: A Vida Manifestada · graça que nos foi proclamada pelos lábios e incorporada na pessoa do Filho encarnado. É a total diferença entre o amante e o ente querido que traz à tona

A Vida Manifestada

Por Horatius Bonar (1808-1889)

Traduzido, Adaptado e

Editado por Silvio Dutra

Dez/2019

Page 2: A Vida Manifestada · graça que nos foi proclamada pelos lábios e incorporada na pessoa do Filho encarnado. É a total diferença entre o amante e o ente querido que traz à tona

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B699 Bonar, Horatius (1808-1889) A Vida Manifestada – Horatius Bonar Tradução e adaptação Silvio Dutra Alves Rio de Janeiro, 2019. 37p.; 14,8 x21cm 1. Teologia. 2. Amor 2.Fé. 3. Graça. I. Título. CDD 230

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“1 O que era desde o princípio, o que temos

ouvido, o que temos visto com os nossos

próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas

mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida

2 (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e

dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a

vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi

manifestada),

3 o que temos visto e ouvido anunciamos

também a vós outros, para que vós, igualmente,

mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa

comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus

Cristo." (1 João 1: 1-3)

"Igual chama igual" é a máxima do homem e o

princípio de ação do homem. As coisas que se

assemelham se atraem; as coisas que diferem,

se repelem. O amor atrai o amor; o amor e o

amor se unem. A vida atrai a vida; e os vivos se

apegam aos vivos. As coisas agradáveis

descobrem suas simpatias mútuas e encontram

um caminho para as outras, como por alguma

virtude magnética; coisas pouco generosas

ficam distantes. Vida e morte não têm

irmandade; e que comunhão tem a luz com as

trevas?

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Essa é a lei da terra! Tal é a ação dos corações

humanos; tal a extensão do círculo, dentro do

qual, mesmo em sua extensão mais ampla, eles

giram; tal é a medida das profundezas às quais

seus amores e simpatias podem descer.

Semelhança, aptidão e dignidade são elementos

necessários em todas as afinidades terrenas.

Mas essa não é a lei celestial. O princípio da ação

divina, o poder regulador do coração infinito

acima, é o inverso disso. A lei da graça, ou

princípio sobre o qual procedem os atos de amor

livre de Deus, é o que o homem chamaria de lei

de inaptidão, indignidade e iniquidade.

Bem, para nós, é assim! Qual teria sido a nossa

esperança, caso contrário?

No trato de Deus com o homem, é diferente do

que vemos unindo. O que há mais diferente do

que Deus e o pecador? No entanto, eles se

uniram! O que é mais diferente do que o céu e a

terra? No entanto, eles se uniram! A atração

mútua tem sido a incompetência mútua. A falta

de semelhança tem sido o vínculo do tricô. O

mal atraiu o bem; a escuridão atraiu a luz; a

injustiça despertou a justiça; a morte derramou

a vida; o túmulo chamou ressurreição. Onde o

pecado abundou, a graça abundou muito mais.

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A vida foi manifestada! Este é o nosso evangelho.

A vida surgiu de seu eterno mistério; a vida" foi

manifestada; para ser vista, ouvida e

manuseada. Na Palavra estava a vida; não, a

palavra era a vida. "Nele estava a vida, e a vida era

a luz dos homens" (João 1: 4). A "luz do mundo" é

a Palavra feita carne, a vida manifestada de

Deus. A Vida se manifestou, e vimos sua glória -

a glória do unigênito do Pai, cheia de graça e

verdade. Na luz nós temos a vida, e na vida nós

temos a luz.

A vida foi manifestada! Mas o que a desenhou?

O que deu a oportunidade de surgir? Morte! Não

é a vida que atraiu a vida; nem luz que deu

ocasião ao brilho da luz. Não; mas morte e trevas;

morte total, escuridão absoluta.

Assim, Deus, o Deus de toda a graça, falou e nos

revelou a amplitude e extensão de seu infinito

amor. Assim, aprendemos o verdadeiro

significado e descobrimos a essência daquela

graça que nos foi proclamada pelos lábios e

incorporada na pessoa do Filho encarnado. É a

total diferença entre o amante e o ente querido

que traz à tona a verdadeira natureza da graça. O

amor ao não-amável e ao não-amor é sua

própria essência. Fora isso, não tem significado,

não há realidade, não é adequado. Introduza um

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elemento de semelhança, um fragmento ou

característica de amabilidade, e a graça se foi.

Foi a manifestação da morte na terra que

provocou essa manifestação da vida do céu. A

morte total do homem prolongou a plenitude da

vida de Deus. A entrada da morte foi o sinal para

a entrada da vida. A vida, em sua plenitude sem

limites, parecia vigiar para entrar e tomar posse

da Terra. Mas não poderia fazê-lo até a morte

chegar. Como precisa das trevas para trazer à

tona a glória dos céus estrelados, também

precisava da morte para mostrar a vida - vida

que não havia sido possuída antes, nem poderia

ser, pelo homem não caído ou por uma terra

sem pecado. Daí o profundo significado das

palavras do Senhor: "Eu vim para que tenham

vida e a tenham em abundância" (João 10:10).

Assim e então a Vida entrou! Não é como um

monarca, tomando posse de um palácio

apropriado; mas como um médico, tomando

posse de um hospital; como a primavera,

chegando para tomar posse de uma terra

invernal; como o dia da primavera, chegando a

tomar posse dos céus escuros. Que entrada! Não

convidado pela vida familiar, ainda persistente

entre os homens, mas não convidado, não,

repelido. É a ausência de vida aqui, que é a causa

de sua manifestação do alto. O reino da morte é

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o arauto do reino da vida, assim como a meia-

noite é o arauto da manhã.

Uma manifestação como essa, no céu, onde

tudo é vida, não pareceria tão maravilhosa; pois

o governo do homem é "o igual atrai o igual".

Mas é maravilhoso que deveria ter estado aqui

na terra da morte. No entanto, isso é apenas o

mais parecido com Deus de quem a

manifestação veio. Pois seus pensamentos não

são os nossos, nem seus caminhos os nossos.

Seu amor não é o nosso amor, nem sua piedade

é a nossa. Quando ele envia a chuva e o sol,

exatamente onde eles são necessários, e quando

são necessários, e porque são necessários, não

porque já estão lá; assim é com sua graça e sua

revelação; com a vida e sua manifestação.

Essa graça e vida vieram até nós simplesmente

porque precisávamos delas, e porque Deus

precisava de pecado e morte como a nossa, para

a demonstração de sua plenitude. Ele precisa da

meia-noite para dizer: "Haja luz"; ele precisa da

tempestade para poder dizer: "Paz, aquieta-te";

ele precisa do vazio da criatura para exibir a

força do Criador; ele precisa do mal do pecador

para fornecer uma esfera para a vinda do bem

em si mesmo, que - exceto por isso, foi

reprimido e oculto. Ele permite que o homem

caia para mostrar como pode amar e elevar os

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que caíram. Ele deixa o Éden se tornar um

deserto, para mostrar como pode fazer o deserto

se alegrar e florescer como a rosa. Então ele

pega o poço seco e o enche; ele pega a harpa

quebrada, e extrai dela a harmonia completa de

sua música celestial; ele pega a estrela extinta e

a ilumina para um sol mais resplandecente e

eterno.

Era o cego que era o objeto de atração pelo Filho

de Deus; e Jesus precisava dele tão

verdadeiramente quanto ele precisava de Jesus.

A tumba de Lázaro era para Ele mais atraente do

que a casa de Lázaro; pois na casa ele era o

receptor, no túmulo ele era o doador. O leproso

se aproximou dele, e ele do leproso, como por

alguma aptidão mútua, por alguma necessidade

irresistível; ele precisando do leproso, e o

leproso precisando dele. O coletor de impostos e

ele se encontravam diariamente, descobrindo-

se, atraídos por suas necessidades mútuas; os

justos e os injustos reconhecendo, um no outro,

um objeto exatamente adequado ao que eles

possuíam. O doente e o curador tinham um elo

entre aqueles que ninguém mais conhecia e

com os quais um estranho não podia interferir.

Foi o perdido que atraiu o buscador; as ovelhas

perdidas que tornaram a jornada do pastor uma

necessidade; os perdidos pedaços de prata que

fizeram a mulher acender sua vela; e o filho

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perdido que trouxe o pai à porta; e vigiar, com

amor, pelo retorno do viajante.

A vida foi manifestada! E nós vimos isso! Vida

nos reinos dos mortos; luz na terra das trevas;

Deus se manifesta em carne - é isso que nossos

olhos têm contemplado. Sim; e estas coisas

estão escritas, para nós, para que nossa alegria

seja completa; pois nessa vida há amor.

Vá para Belém; olhe para o seu berço; o que é

isso? É a vida manifestada. Escale as colinas da

Galiléia e entre em Nazaré; vejo você o menino,

tão parecido, mas tão diferente de todos os

outros; ele é a vida manifestada. Passe por cima

do monte Olival e visite Betânia; fique ao lado de

sua tumba, onde um homem morto ficou quatro

dias; ouça a voz que em um momento esvazia a

sepultura e lembra os mortos; o que é isso? É a

vida manifestada. Olhe para o Gólgota; marque

sua cruz. É a morte ou é a vida? São os dois. É a

morte conquistando a vida e a vida vencendo a

morte. A vida manifestada é além; não, nessa

mesma morte há a manifestação mais completa

da vida. Olhe mais uma vez para o túmulo vazio,

do qual a pedra foi retirada. Quem é que tão cedo

de manhã, enquanto ainda está escuro, sai de

sua escuridão rochosa? É a vida manifestada; o

ressuscitado Filho de Deus; a ressurreição e a

vida; quem diz: "Eu sou o que vive e estava

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morto". Sim; no berço, na cruz e na tumba, a Vida

se manifestou! Manifestação abençoada por

nós, os mortos em pecado! A vida chegou; e

porque ele vive, viveremos também; pois quem

tem o filho tem a vida.

Esta palavra "vida" foi uma que o Filho de Deus

adotou quando aqui, e a sustentou de muitas

formas e sob muitas figuras. Ele fala de si

mesmo como "a Vida", como o pão da vida, como

a água da vida, como a luz da vida. Tudo o que a

vida pode significar ou incorporar é depositado

nele, personificado nele, dispensado por ele.

Tudo o que Deus chama de vida está nele. A

plenitude da vida eterna está contida neste vaso

divino, nesta fonte celestial; pois nele temos o

poço de água que salta para a vida eterna. Ele é a

vida eterna; ele é o príncipe da vida; ele é a

árvore da vida; ele é a pedra viva e o caminho da

vida.

Certamente não há falta de vida para nós. Mas e

se tudo não for provado por nós? E se for

rejeitado e desprezado? Aqui está a vida para

você; mas está em você? Aqui está a vida que

vem à terra; mas isso lhe vivificou? Aqui está a

vida batendo à porta da morte; você já admitiu

ou bateu em vão? Pois, como aconteceu com o

mundo em geral, o mesmo acontece com as

almas individuais. É a morte que está em cada

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um que atrai a vida celestial; nem alguns restos

de vida à espreita, nem a posse, ainda que

esbelta, de alguma bondade - mas toda a

ausência de vida e bondade. É para os mortos

que a vida vem; é para o amável que o amor vem;

é para os perdidos que a salvação vem. Aquilo

que nos qualifica para a vida, para a cura, para a

riqueza, para a libertação, é a nossa morte, a

nossa doença, a nossa pobreza e a nossa

escravidão.

A vida foi manifestada! O Cristo veio. Para nós, a

Palavra tomou a carne. Para nós, ele travou a

grande batalha contra a morte e conquistou a

vitória eterna; passando pela morte para que ele

possa destruir a morte e nos transmitir a vida

eterna. Nunca antes a vida foi tão plenamente

incorporada; e revelada, e tornada acessível.

Nunca antes a morte foi tão terrivelmente

manifestada. As duas extremidades do ser

estavam exibidas nele; tudo o que Deus chama

de vida, que é a forma mais elevada e completa

de ser, e tudo o que Deus chama de morte, que é

a mais baixa e mais vazia. A vida nunca pareceu

tão real e gloriosa como quando a vida se

manifestou; nunca a morte parecia tão real e

terrível, como quando o príncipe da vida

morreu. No entanto, essa morte é a nossa vida,

pois, somente através da morte, a vida poderia

nos alcançar e nos encher. A vida morreu, para

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que a morte possa viver. A imortalidade desceu

à tumba, para nos trazer daí a imortalidade e a

incorrupção. Assim, a morte tornou-se o

destruidor da morte, e a sepultura, a

destruidora da sepultura.

Vida para os mortos! Esta é a nossa mensagem

para os filhos dos homens. Este é o nosso

evangelho; um evangelho para os mortos, não

para os vivos. É o evangelho da "vida

manifestada".

Você diz, talvez, que é apenas o seu estado de

morte que não torna esse evangelho para você.

Sua consciência da morte leva ao desânimo; e

você diz: Eu não estava tão morto, não deveria

me desesperar. Ah! Se você não estivesse tão

morto, não precisaria da vida e apresentaria

menos atrações, bem como menos

necessidades, ao vivo; haveria menos em você

para chamar a vida. Você parece estar

procurando algumas faíscas da vida dentro de

você, para atrair a vida de cima. Mas, ao fazê-lo,

você está repelindo a própria vida que está

buscando. Você está confundindo a verdadeira

atração pela vida e substituindo uma por outra.

Você age, na máxima do homem: "O igual atrai o

igual", em vez da de Deus: "Onde abundou o

pecado, a graça abundou muito mais."

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A verdade é que você não sabia o quão completa

era a morte em que estava. Você pensou que

havia um pouco de vida restante, e esse

remanescente era sua esperança; mas agora

que você se tornou consciente de sua morte

total, essa esperança o deixou. Está bem; pois era

uma falsa esperança, como toda esperança deve

existir, que se baseia no bem, e não no mal que

há em você. Mas agora que essa vã confiança

pereceu, e o último objetivo da justiça própria

foi atingido por você, você é tão tolo a ponto de

se desesperar? Desespero, quando a esperança,

verdadeira esperança, está surgindo?

Desespero, quando a única coisa que repeliu a

Vida lhe foi tirada?

Não é a sua morte que repele a vida; é sua

fantasia que você não está morto! Saiba o que

você é; verdadeiramente morto; e a repulsão

cessa, a atração começa. Estou morto demais

para ser vivificado, você diz. Não, você não está.

A Vida desce às profundezas mais baixas da

morte, e não há região do túmulo escuro da

alma a que esta Vida não possa alcançar, ou na

qual ainda não tenha entrado. O perigo está, não

em você estar morto demais - mas em não saber

o quão completamente morto espiritualmente

você está. Enquanto houver inconsciência da

morte, haverá uma barreira, um meio não

condutor entre você e a Vida. O Espírito Santo,

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ao revelar a você sua verdadeira condição de

morte absoluta, está derrubando essa barreira e

substituindo uma conduta por um meio não-

condutor, que a Vida, há muito tempo fechada,

não pela morte - mas pela sua recusa em

reconhecer que a morte pode derramar, em sua

alegre plenitude, a todas as regiões do seu ser;

transformando corrupção em incorrupção e

morte em vida.

"Você não virá a mim para ter vida", disse esta

Vida (Jesus), quando manifestada aqui. E o que

essas palavras significam - senão apenas isso:

"Você não reconhecerá a morte que existe em si

mesmo e a vida que está em mim". Esse

reconhecimento, esse duplo reconhecimento

da morte e da Vida, entraria imediatamente em

contato com o vivo.

"Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida." Sim;

ele vive; ele dá vida; não, ele é vida, a vida, a vida

que se manifestou. Toda essa plenitude da vida

manifestada é para o pecador - para você!

Reconheça-o como a Vida, e imediatamente sua

plenitude passa para você; e porque ele vive

você vive também.

"Este é o testemunho que Deus nos deu: a vida

eterna , e esta vida está em seu Filho." Seu Filho

é a " vida manifestada" , a "ressurreição e a vida"

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e "aquele que tem o Filho tem vida". O que você

diz para essa vida manifestada? Não é nada para

você, ou é tudo? O que você encontrou nela? O

que você extraiu disso? Você já leu o amor de

Deus? Você obteve dela a vida de sua alma; o

suprimento de sua necessidade eterna? Ou você

ainda precisa tanto da vida como se a Vida nunca

tivesse sido manifestada, como se a Palavra

nunca tivesse sido feita carne, como se o Filho

de Deus nunca tivesse vindo?

Mas a manifestação desta vida ainda não

acabou. A Vida, por assim dizer, se aposentou

por um tempo e foi para dentro do véu; mas este

mesmo Jesus, que veio pela primeira vez, como

a Vida, virá, como tal, também a segunda vez; e

esse dia de sua manifestação também será o

nosso dia. "Quando Cristo, que é a nossa vida,

aparecer (literalmente, “manifestar-se”), então

você também aparecerá (será manifestado) com

ele na glória; pois esse é "o dia da manifestação

dos filhos de Deus". A ressurreição dos justos é o

grande dia de sua revelação e da nossa. Então

conheceremos o "poder de sua ressurreição", a

ressurreição daquele que é "a ressurreição e a

vida"; pois toda a plenitude da "Vida" não será

conhecida até que ele venha a ser glorificado em

seus santos e a ser admirado em todos os que

creem. A "ressurreição para a vida" será a

conclusão da grande manifestação. Como sua

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primeira vinda foi seu alfa, ou começo, sua

segunda vinda será seu ômega ou fim. Pois ele

vem como o vivo, para não morrer mais! Ele vem

para dar à sua igreja o benefício total da vida

manifestada.

E qual de nós não tem alguma ligação com a

tumba? Algo que nos faz querer ser vingado da

morte? Não quero dizer meramente a

mortalidade desses corpos vis, nos quais a

morte e a vida estão em guerra diária. Quero

dizer, os queridos que a morte nos arrancou e a

sepultura devorou - um pai, um filho, um irmão,

uma irmã, um amigo querido. O último inimigo

chegou até eles, e nós estávamos impotentes.

Ele atacou e não pudemos evitar o golpe.

Lamentamos seu triunfo, mas não conseguimos

resistir. Ele levou seu prêmio, nossos preciosos,

apesar de nós, diante de nossos olhos. Mas

desde então, oh, como ansiamos pelo dia da

vingança, quando o destruidor será arruinado, o

túmulo removido e a morte engolida pela vida.

Pois a vida, não a morte, deve triunfar no final. A

Vida está voltando rapidamente para nós do céu

onde está agora, à direita do Pai; e em seu

retorno, o reino da morte terminou. A vida deve

se manifestar de uma maneira e até certo ponto

desconhecida antes. Expulsando a morte da

alma e do corpo; esvaziando o túmulo de cada

fragmento de mortalidade; glorificando a igreja

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com o manto de incorrupção e beleza;

transbordando criação com suas águas

abençoadas; fará cumprir o ditado que está

escrito: "A morte é tragada pela vitória"; e

realizará o triunfo há muito predito: "Eu os

remirei do poder do inferno e os resgatarei da

morte; onde estão, ó morte, as tuas pragas?

Onde está, ó inferno, a tua destruição? Meus

olhos não veem em mim arrependimento

algum." (Oséias 13:14).

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Nota do Tradutor:

O Evangelho que nos Leva a Obter a Salvação

Estamos inserindo esta nota em forma de

apêndice em nossas últimas publicações, uma

vez que temos sido impelidos a explicar em

termos simples e diretos o que seja de fato o

evangelho, na forma em que nos é apresentado

nas Escrituras, já que há muita pregação e

ensino de caráter legalista que não é de modo

algum o evangelho de nosso Senhor Jesus

Cristo.

Há também uma grande ignorância relativa ao

que seja a aliança da graça por meio da qual

somos salvos, e que consiste no coração do

evangelho, e então a descrevemos em termos

bem simples, de forma que possa ser

adequadamente entendida.

Há somente um evangelho pelo qual podemos

ser verdadeiramente salvos. Ele se encontra

revelado na Bíblia, e especialmente nas páginas

do Novo Testamento. Mas, por interpretações

incorretas é possível até mesmo transformá-lo

em um meio de perdição e não de salvação,

conforme tem ocorrido especialmente em

nossos dias, em que as verdades fundamentais

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do evangelho de Jesus Cristo têm sido

adulteradas ou omitidas.

Tudo isto nos levou a tomar a iniciativa de

apresentar a seguir, de forma resumida, em que

consiste de fato o evangelho da nossa salvação.

Em primeiro lugar, antes de tudo, é preciso

entender que somos salvos exclusivamente

com base na aliança de graça que foi feita entre

Deus Pai e Deus Filho, antes mesmo da criação

do mundo, para que nas diversas gerações de

pessoas que seriam trazidas por eles à existência

sobre a Terra, houvesse um chamado invisível,

sobrenatural, espiritual, para serem perdoadas

de seus pecados, justificadas, regeneradas

(novo nascimento espiritual), santificadas e

glorificadas. E o autor destas operações

transformadoras seria o Espírito Santo, a

terceira pessoa da trindade divina.

Estes que seriam chamados à conversão, o

seriam pelo meio de atração que seria feita por

Deus Pai, trazendo-os a Deus Filho, de modo que

pela simples fé em Jesus Cristo, pudessem

receber a graça necessária que os redimiria e os

transportaria das trevas para a luz, do poder de

Satanás para o de Deus, e que lhes transformaria

em filhos amados e aceitos por Deus.

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Como estes que foram redimidos se

encontravam debaixo de uma sentença de

maldição e condenação eternas, em razão de

terem transgredido a lei de Deus, com os seus

pecados, para que fossem redimidos seria

necessário que houvesse uma quitação da dívida

deles para com a justiça divina, cuja sentença

sobre eles era a de morte física e espiritual

eternas.

Havia a necessidade de um sacrifício, de alguém

idôneo que pudesse se colocar no lugar do

homem, trazendo sobre si os seus pecados e

culpa, e morrendo com o derramamento do Seu

sangue, porque a lei determina que não pode

haver expiação sem que haja um sacrifício

sangrento substitutivo.

Importava também que este Substituto de

pecadores, assumisse a responsabilidade de

cobrir tudo o que fosse necessário em relação à

dívida de pecados deles, não apenas a anterior à

sua conversão, como a que seria contraída

também no presente e no futuro, durante a sua

jornada terrena.

Este Substituto deveria ser perfeito, sem

pecado, eterno, infinito, porque a ofensa do

pecador é eterna e infinita. Então deveria ser

alguém divino para realizar tal obra.

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Jesus, sendo Deus, se apresentou na aliança da

graça feita com o Pai, para ser este Salvador,

Fiador, Garantia, Sacrifício, Sacerdote, para

realizar a obra de redenção.

O homem é fraco, dado a se desviar, mas a sua

chamada é para uma santificação e perfeição

eternas. Como poderia responder por si mesmo

para garantir a eternidade da segurança da

salvação?

Havia necessidade que Jesus assumisse ao lado

da natureza divina que sempre possuiu, a

natureza humana, e para tanto ele foi gerado

pelo Espírito Santo no ventre de Maria.

Ele deveria ter um corpo para ser oferecido em

sacrifício. O sangue da nossa redenção deveria

ser o de alguém que fosse humano, mas

também divino, de modo que se pode até

mesmo dizer que fomos redimidos pelo sangue

do próprio Deus.

Este é o fundamento da nossa salvação. A morte

de Jesus em nosso lugar, de modo a nos abrir o

caminho para a vida eterna e o céu.

Para que nunca nos esquecêssemos desta

grande e importante verdade do evangelho de

que Jesus se tornou da parte de Deus para nós, o

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nosso tudo, e que sem Ele nada somos ou

podemos fazer para agradar a Deus, Jesus fixou

a Ceia que deve ser regularmente observada

pelos crentes, para que se lembrem de que o Seu

corpo foi rasgado, assim como o pão que

partimos na Ceia, e o Seu sangue foi derramado

em profusão, conforme representado pelo

vinho, para que tenhamos vida eterna por meio

de nos alimentarmos dEle. Por isso somos

ordenados a comer o pão, que representa o

corpo de Jesus, que é verdadeiro alimento para

o nosso espírito, e a beber o sangue de Jesus, que

é verdadeira bebida para nos refrigerar e

manter a Sua vida em nós.

Quando Ele disse que é o caminho e a verdade e

a vida. Que a porta que conduz à vida eterna é

estreita, e que o caminho é apertado. Tudo isto

se aplica ao fato de que não há outra verdade,

outro caminho, outra vida, senão a que existe

somente por meio da fé nEle. A porta é estreita

porque não admite uma entrada para vários

caminhos e atalhos, que sendo diferentes dEle,

conduzem à perdição. É estreito e apertado para

que nunca nos desviemos dEle, o autor e

consumador da nossa salvação.

Então o plano de salvação, na aliança de graça

que foi feita, nada exige do homem, além da fé,

pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser

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transformado e firmado na graça, será realizado

pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.

Tanto é assim, que para que tenhamos a plena

convicção desta verdade, mesmo depois de

sermos justificados, regenerados e santificados,

percebemos, enquanto neste mundo, que há em

nós resquícios do pecado, que são o resultado do

que se chama de pecado residente, que ainda

subsiste no velho homem, que apesar de ter sido

crucificado juntamente com Cristo, ainda

permanece em condições de operar em nós, ao

lado da nova natureza espiritual e santa que

recebemos na conversão.

Qual é a razão disso, senão a de que o Senhor

pretende nos ensinar a enxergar que a nossa

salvação é inteiramente por graça e mediante a

fé? Que é Ele somente que nos garante a vida

eterna e o céu. Se não fosse assim, não

poderíamos ser salvos e recebidos por Deus

porque sabemos que ainda que salvos, o pecado

ainda opera em nossas vidas de diversas formas.

Isto pode ser visto claramente em várias

passagens bíblicas e especialmente no texto de

Romanos 7.

À luz desta verdade, percebemos que mesmo as

enfermidades que atuam em nossos corpos

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físicos, e outras em nossa alma, são o resultado

da imperfeição em que ainda nos encontramos

aqui embaixo, pois Deus poderia dar saúde

perfeita a todos os crentes, sem qualquer

doença, até o dia da morte deles, mas Ele não o

faz para que aprendamos que a nossa salvação

está inteiramente colocada sobre a

responsabilidade de Jesus, que é aquele que

responde por nós perante Ele, para nos manter

seguros na plena garantia da salvação que

obtivemos mediante a fé, conforme o próprio

Deus havia determinado justificar-nos somente

por fé, do mesmo modo como fizera com Abraão

e com muitos outros mesmo nos dias do Velho

Testamento.

Nenhum crente deve portanto julgar-se sem fé

porque não consegue vencer determinadas

fraquezas ou pecados, porque enquanto se

esforça para ser curado deles, e ainda que não o

consiga neste mundo, não perderá a sua

condição de filho amado de Deus, que pode usar

tudo isto em forma de repreensão e disciplina,

mas que jamais deixará ou abandonará a

qualquer que tenha recebido por filho, por

causa da aliança que fez com Jesus e na qual se

interpôs com um juramento que jamais a

anularia por causa de nossas imperfeições e

transgressões.

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Um crente verdadeiro odeia o pecado e ama a

Jesus, mas sempre lamentará que não o ame

tanto quanto deveria, e por não ter o mesmo

caráter e virtudes que há em Cristo. Mas de uma

coisa ele pode ter certeza: não foi por mérito,

virtude ou boas obras que lhes foram exigidos a

apresentar a Deus que ele foi salvo, mas

simplesmente por meio do arrependimento e

da fé nAquele que tudo fez e tem feito que é

necessário para a segurança eterna da sua

salvação.

É possível que alguém leia tudo o que foi dito

nestes sete últimos parágrafos e não tenha

percebido a grande verdade central relativa ao

evangelho, que está sendo comentada neles, e

que foi citada de forma resumida no primeiro

deles, a saber:

“Então o plano de salvação, na aliança de graça

que foi feita, nada exige do homem, além da fé,

pois tudo o que tiver que ser feito nele para ser

transformado e firmado na graça, será realizado

pelo autor da sua salvação, a saber, Jesus Cristo.”

Nós temos na Palavra de Deus a confirmação

desta verdade, que tudo é de fato devido à graça

de Jesus, na nossa salvação, e que esta graça é

suficiente para nos garantir uma salvação

eterna, em razão do pacto feito entre Deus Pai e

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Deus Filho, que nos escolheram para esta

salvação segura e eterna, antes mesmo da

fundação do mundo, no qual Jesus e Sua obra

são a causa dessa segurança eterna, pois é nEle

que somos aceitos por Deus, nos termos da

aliança firmada, em que o Pai e o Filho são os

agentes da aliança, e os crentes apenas os

beneficiários.

O pacto foi feito unilateralmente pelo Pai e o

Filho, sem a consulta da vontade dos

beneficiários, uma vez que eles nem sequer

ainda existiam, e quando aderem agora pela fé

aos termos da aliança, eles são convocados a

fazê-lo voluntariamente e para o principal

propósito de serem salvos para serem

santificados e glorificados, sendo instruídos

pelo evangelho que tudo o que era necessário

para a sua salvação foi perfeitamente

consumado pelo Fiador deles, nosso Senhor

Jesus Cristo.

Então, preste atenção neste ponto muito

importante, de que tanto é assim, que não é pelo

fato de os crentes continuarem sujeitos ao

pecado, mesmo depois de convertidos, que eles

correm o risco de perderem a salvação deles,

uma vez que a aliança não foi feita diretamente

com eles, e consistindo na obediência perfeita

deles a toda a vontade de Deus, mas foi feita com

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Jesus Cristo, para não somente expiar a culpa

deles, como para garantir o aperfeiçoamento

deles na santidade e na justiça, ainda que isto

venha a ser somente completado integralmente

no por vir, quando adentrarem a glória celestial.

A salvação é por graça porque alguém pagou

inteiramente o preço devido para que fôssemos

salvos – nosso Senhor Jesus Cristo.

E para que soubéssemos disso, Jesus não nos foi

dado somente como Sacrifício e Sacerdote, mas

também como Profeta e Rei.

Ele não somente é quem nos anuncia o

evangelho pelo poder do Espírito Santo, e quem

tudo revelou acerca dele nas páginas da Bíblia,

para que não errássemos o alvo por causa da

incredulidade, que sendo o oposto da fé, é a

única coisa que pode nos afastar da

possibilidade da salvação.

Em sua obra como Rei, Jesus governa os nossos

corações, e nos submete à Sua vontade de forma

voluntária e amorosa, capacitando-nos, pelo

Seu próprio poder, a viver de modo agradável a

Deus.

Agora, nada disso é possível sem que haja

arrependimento. Ainda que não seja ele a causa

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da nossa salvação, pois, como temos visto esta

causa é o amor, a misericórdia e a graça de Deus,

manifestados em Jesus em nosso favor, todavia,

o arrependimento é necessário, porque toda

esta salvação é para uma vida santa, uma vida

que lute contra o pecado, e que busque se

revestir do caráter e virtudes de Jesus.

Então, não há salvação pela fé onde o coração

permanece apegado ao pecado, e sem

manifestar qualquer desejo de viver de modo

santo para a glória de Deus.

Desde que haja arrependimento não há

qualquer impossibilidade para que Deus nos

salve, nem mesmo os grosseiros pecados da

geração atual, que corre desenfreadamente à

busca de prazeres terrenos, e completamente

avessa aos valores eternos e celestiais.

Ainda que possa parecer um paradoxo, haveria

até mais facilidade para Deus salvar a estes que

vivem na iniquidade porque a vida deles no

pecado é flagrante, e pouco se importam em

demonstrar por um viver hipócrita, que são

pessoas justas e puras, pois não estão

interessados em demonstrar a justiça própria

do fariseu da parábola de Jesus, para que através

de sua falsa religiosidade, e autoengano,

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pudessem alcançar algum favor da parte de

Deus.

Assim, quando algum deles recebe a revelação

da luz que há em Jesus, e das grandes trevas que

dominam seu coração, o trabalho de

convencimento do Espírito Santo é facilitado, e

eles lamentam por seus pecados e fogem para

Jesus para obterem a luz da salvação. E ele os

receberá, e a nenhum deles lançará fora,

conforme a Sua promessa, porque o ajuste feito

para a sua salvação exige somente o

arrependimento e a fé, para a recepção da graça

que os salvará.

Deus mesmo é quem provê todos os meios

necessários para que permaneçamos firmes na

graça que nos salvou, de maneira que jamais

venhamos a nos separar dele definitivamente.

Ele nos fez coparticipantes da Sua natureza

divina, no novo nascimento operado pelo

Espírito Santo, de modo que uma vez que uma

natureza é atingida, ela jamais pode ser desfeita.

Nós viveremos pela nova criatura, ainda que a

velha venha a se dissolver totalmente, assim

como está ordenado que tudo o que herdamos

de Adão e com o pecado deverá passar, pois tudo

é feito novo em Jesus, em quem temos recebido

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este nosso novo ser que se inclina em amor para

Deus e para todas as coisas de Deus.

Ainda que haja o pecado residente no crente, ele

se encontra destronado, pois quem reina agora

é a graça de Jesus em seu coração, e não mais o

pecado. Ainda que algum pecado o vença isto

será temporariamente, do mesmo modo que

uma doença que se instala no corpo é expulsa

dele pelas defesas naturais ou por algum

medicamento potente. O sangue de Jesus é o

remédio pelo qual somos sarados de todas as

nossas enfermidades. E ainda que alguma delas

prevaleça neste mundo ela será totalmente

extinta quando partirmos para a glória, onde

tudo será perfeito.

Temos este penhor da perfeição futura da

salvação dado a nós pela habitação do Espírito

Santo, que testifica juntamente com o nosso

espírito que somos agora filhos de Deus, não

apenas por ato declarativo desta condição, mas

de fato e de verdade pelo novo nascimento

espiritual que nos foi dado por meio da nossa fé

em Jesus.

Toda esta vida que temos agora é obtida por

meio da fé no Filho de Deus que nos amou e se

entregou por nós, para que vivamos por meio da

Sua própria vida. Ele é o criador e o sustentador

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de toda a criação, inclusive desta nova criação

que está realizando desde o princípio, por meio

da geração de novas criaturas espirituais para

Deus por meio da fé nEle.

Ele pode fazê-lo porque é espírito vivificante, ou

seja, pode fazer com que nova vida espiritual

seja gerada em quem Ele assim o quiser. Ele sabe

perfeitamente quais são aqueles que atenderão

ao chamado da salvação, e é a estes que Ele se

revela em espírito para que creiam nEle, e assim

sejam salvos.

Bem-aventurados portanto são:

Os humildes de espírito que reconhecem que

nada possuem em si mesmos para agradarem a

Deus.

Os mansos que se submetem à vontade de Deus

e que se dispõem a cumprir os Seus

mandamentos.

Os que choram por causa de seus pecados e todo

o pecado que há no mundo, que é uma rebelião

contra o Criador.

Os misericordiosos, porque dão por si mesmos o

testemunho de que todos necessitam da

misericórdia de Deus para serem perdoados.

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Os pacificadores, e não propriamente pacifistas

que costumam anular a verdade em prol da paz

mundial, mas os que anunciam pela palavra e

suas próprias vidas que há paz de reconciliação

com Deus somente por meio da fé em Jesus.

Os que têm fome e sede de justiça, da justiça do

reino de Deus que não é comida, nem bebida,

mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo.

Os que são perseguidos por causa do evangelho,

porque sendo odiados sem causa, perseveram

em dar testemunho do Nome e da Palavra de

Jesus Cristo.

Vemos assim que ser salvo pela graça não

significa: de qualquer modo, de maneira

descuidada, sem qualquer valor ou preço

envolvido na salvação. Jesus pagou um preço

altíssimo e de valor inestimável para que

pudéssemos ser redimidos. Os termos da

aliança por meio da qual somos salvos são todos

bem ordenados e planejados para que a salvação

seja segura e efetiva. Há poderes sobrenaturais,

celestiais, espirituais envolvidos em todo o

processo da salvação.

É de uma preciosidade tão grande este plano e

aliança que eles devem ser eficazes mesmo

quando não há naqueles que são salvos um

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conhecimento adequado de todas estas

verdades, pois está determinado que aquele que

crê no seu coração e confessar com os lábios que

Jesus é o Senhor e Salvador, é tudo quanto que é

necessário para um pecador ser transformado

em santo e recebido como filho adotivo por

Deus.

O crescimento na graça e no conhecimento de

Jesus são necessários para o nosso

aperfeiçoamento espiritual em progresso da

nossa santificação, mas não para a nossa

justificação e regeneração (novo nascimento)

que são instantâneos e recebidos

simultaneamente no dia mesmo em que nos

convertemos a Cristo. Quando fomos a Ele como

nos encontrávamos na ocasião, totalmente

perdidos e mortos em transgressões e pecados.

E fomos recebidos porque a palavra da

promessa da aliança é que todo aquele que crê

será salvo, e nada mais é acrescentado a ela

como condição para a salvação.

É assim porque foi este o ajuste que foi feito

entre o Pai e o Filho na aliança que fizeram entre

si para que fôssemos salvos por graça e

mediante a fé.

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Jesus é pedra de esquina eleita e preciosa, que o

Pai escolheu para ser o autor e o consumador da

nossa salvação. Ele foi eleito para a aliança da

graça, e nós somos eleitos para recebermos os

benefícios desta aliança por meio da fé nAquele

a quem foram feitas as promessas de ter um

povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.

Então quando somos chamados de eleitos na

Bíblia, isto não significa que Deus fez uma

aliança exclusiva e diretamente com cada um

daqueles que creem, uma vez que uma aliança

com Deus para a vida eterna demanda uma

perfeita justiça e perfeita obediência a Ele, sem

qualquer falha, e de nós mesmos, jamais

seríamos competentes para atender a tal

exigência, de modo que a aliança poderia ter

sido feita somente com Jesus.

Somos aceitos pelo Pai porque estamos em

Jesus, e assim é por causa do Filho Unigênito que

somos também recebidos. Jamais poderíamos

fazê-lo diretamente sem ter a Jesus como nossa

Cabeça, nosso Sumo Sacerdote e Sacrifício. Isto

é tipificado claramente na Lei, em que nenhum

ofertante ou oferta seriam aceitos por Deus sem

serem apresentados pelo sacerdote escolhido

por Deus para tal propósito. Nenhum outro

Sumo Sacerdote foi designado pelo Pai para que

pudéssemos receber uma redenção e

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aproximação eternas, senão somente nosso

Senhor Jesus Cristo, aquele que Ele escolheu

para este ofício.

Mas uma vez que nos tornamos filhos de Deus

por meio da fé em Jesus Cristo, importa

permanecermos nEle por um viver e andar em

santificação, no Espírito.

É pelo desconhecimento desta verdade que

muitos crentes caminham de forma

desordenada, uma vez que tendo aprendido que

a aliança da graça foi feita entre Deus Pai e Deus

Filho, e que são salvos exclusivamente por meio

da fé, que então não importa como vivam uma

vez que já se encontram salvos das

consequências mortais do pecado.

Ainda que isto seja verdadeiro no tocante à

segurança eterna da salvação em razão da

justificação, é apenas uma das faces da moeda

da salvação, que nos trazendo justificação e

regeneração instantaneamente pela graça,

mediante a fé, no momento mesmo da nossa

conversão inicial, todavia, possui uma outra

face que é a relativa ao propósito da nossa

justificação e regeneração, a saber, para sermos

santificados pelo Espírito Santo, mediante

implantação da Palavra em nosso caráter. Isto

tem a ver com a mortificação diária do pecado, e

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o despojamento do velho homem, por um andar

no Espírito, pois de outra forma, não é possível

que Deus seja glorificado através de nós e por

nós. Não há vida cristã vitoriosa sem

santificação, uma vez que Cristo nos foi dado

para o propósito mesmo de se vencer o pecado,

por meio de um viver santificado.

Esta santificação foi também incluída na aliança

da graça feita entre o Pai e o Filho, antes da

fundação do mundo, e para isto somos também

inteiramente dependentes de Jesus e da

manifestação da sua vida em nós, porque Ele se

tornou para nós da parte de Deus a nossa justiça,

redenção, sabedoria e santificação (I Coríntios

1.30). De modo que a obra iniciada na nossa

conversão será completada por Deus para o seu

aperfeiçoamento final até a nossa chegada à

glória celestial.

“Estou plenamente certo de que aquele que

começou boa obra em vós há de completá-la até

ao Dia de Cristo Jesus.” (Filipenses 1.6).

“O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e

o vosso espírito, alma e corpo sejam

conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda

de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos

chama, o qual também o fará.” (I

Tessalonicenses 5.23,24).

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“Assim, pois, amados meus, como sempre

obedecestes, não só na minha presença, porém,

muito mais agora, na minha ausência,

desenvolvei a vossa salvação com temor e

tremor; porque Deus é quem efetua em vós

tanto o querer como o realizar, segundo a sua

boa vontade.” (Filipenses 2.12,13).