a trajetÓria de uma biblioteca especializada volpato

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Sílvia Maria Berté Volpato A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA ESPECIALIZADA: O CASO DA BIBLIOTECA DO CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFSC Florianópolis, Outubro de 1999

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Page 1: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

Sílvia Maria Berté Volpato

A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECAESPECIALIZADA:

O CASO DA BIBLIOTECA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFSC

Florianópolis, Outubro de 1999

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLÓGICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃOÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ENGENHARIA DE AVALIAÇÃO E DE

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECAESPECIALIZADA:

O CASO DA BIBLIOTECA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFSC

SÍLVIA MARIA BERTÉ VOLPATO

Florianópolis, Outubro de 1999

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Sílvia Maria Berté Volpato

A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECAESPECIALIZADA:

O CASO DA BIBLIOTECA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFSC

Dissertação apresentada no Curso dePós-Graduação em Engenharia deProdução. Área de Concentração:Engenharia de Avaliação e deInovação Tecnológica, daUniversidade Federal de SantaCatarina - UFSC, como requisitoparcial para obtenção do Título deMestre em Engenharia de Produção.

Orientador: Carlos Raul Borenstein, Dr.

Florianópolis, Outubro de 1999

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A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA ESPECIALIZADA:O CASO DA BIBLIOTECA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ADMINISTRAÇÃO DA UFSC

SÍLVIA MARIA BERTÉ VOLPATO

Esta Dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre emEngenharia de Produção (Área de Concentração: Engenharia de Avaliação e de InovaçãoTecnológica) e aprovada em sua forma final pelo Curso de Pós-Graduação emEngenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina.

Prof. Ricardo de Miranda Bárcia, Dr.Coordenador do Curso

Apresentada à Comissão Examinadora integrada pelos professores:

Prof. Carlos Raul Borenstein, Dr.Orientador

Prof. Nelson Colossi, Dr.Membro

Prof. Antonio Niccoló Grillo, Dr.Membro

Prof. Ricardo Roberto Behr, MestreMembro

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Às mulheres e aos homens, entreesses, minha mãe Nuti, meu paiClaudino, minhas filhas Joana eMaila, e ao Beto, inspiradores do meuato de pensar, e, porque não, desonhar.

E à vida, não poderia esquecê-la, poissem ela, não estaria aqui escrevendouma só palavra sequer, e vocês meusamigos e colegas profissionais dainformação, certamente não asestariam lendo.

Page 6: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

“O segredo da verdadeira viagemda descoberta não reside nabusca de novas paisagens e simno poder vê-las com outrosolhos”.

(Proust)

Page 7: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

AGRADECIMENTOS

Mesmo um trabalho modesto não se faz sem a ajuda preciosa das

pessoas.

Agradeço, de forma especial, ao Prof. CARLOS RAUL BORENSTEIN,

que orientou esta dissertação e que me estimulou a caminhar em frente, por se

empenhar de uma maneira generosa e irrestrita para que de mim aflorasse

sempre o melhor.

Ao Prof. NELSON COLOSSI, membro da banca, pela cooperação e

compreensão durante a realização do mestrado.

Ao Prof. ANTONIO NICCOLÓ GRILLO, membro da banca, sábio,

criterioso e sobretudo, amigo, pelas valiosas sugestões para o

engrandecimento do trabalho.

Ao Prof. RICARDO ROBERTO BEHR, membro da banca, pela amizade

e colaboração.

Aos Professsores e Funcionários do Curso de Pós-Graduação em

Engenharia de Produção da UFSC, pela estrutura disponível e os desafios

apresentados.

Ao MÁRCIO, pela sua presteza e ajuda, importantes para a realização

desta dissertação.

Em especial, às pessoas que compartilharam do meu “histórico” dia a

dia, professores, e colegas do CPGD/UFSC e do CPGA/UFSC: PEDRO, Prof.

VALTER SAURIN, MARLI, Prof. NARBAL, GRAZIELA, SANDRA,

MAGUINHA, MARCIANI, GERSON, CLÁUDIA ROMANI, ÂNGELA, LUIZ

Page 8: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

vii

CORDIOLI, FERNANDA, LUCIANE, RUDIMAR, ANDRÉ, GRAÇA, AFONSO,

NORMA, MARILDA, SIMONE, ALDO, ANTÔNIO, ANGELISE E SHANDY, por

terem socializado mais que amizade: a dimensão humana da vida.

À CLARISSA, ao IVO LUSA e ao VALDIR, que deram os “toques

finais”.

Aos meus Entrevistados, por terem não somente dedicado parcela de

seu tempo respondendo meus questionamentos, como também pelas

sugestões feitas, as quais foram fundamentais para enriquecer esta

dissertação.

Compartilho com os eternos Amigos, que foram e são em grande parte

responsáveis por minha motivação em fazer o Curso de Mestrado,

principalmente os que frequentaram e frequentam a Biblioteca do CPGA. Não

cito nomes para não incorrer no risco de esquecer alguém importante, mas

com certeza haverá auto identificação dos mesmos ao lerem este parágrafo,

obrigado, pelo aprendizado de vida!

A todos que compartilharam desta viagem, da qual não voltei do mesmo

jeito que parti.

Finalmente, agradeço aos meus Irmãos CLÁUDIO, TICO, MIR E DOCA

(in memoriam) e demais familiares, sempre presentes e sempre importantes.

Page 9: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................x

RESUMO.................................................................................................................xi

ABSTRACT............................................................................................................xii

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................................................. 1

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA................................................................... 11.2 OBJETIVOS DA PESQUISA................................................................................................................. 4

1.2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................................................... 41.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................................... 4

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA...................................................................................................... 51. 4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ............................................................................................... 6

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA ......................................................................................... 8

2.1 BIBLIOTECAS ENQUANTO INSTITUIÇÕES SOCIAIS ................................................................... 82.1.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ORGANIZAÇÕES......................................................................... 92.1.2 TEORIA DOS SISTEMAS ABERTOS............................................................................................ 122.1.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL............................................................................................... 172.1.4 AMBIENTE ORGANIZACIONAL ................................................................................................. 182.1.5 AS BIBLIOTECAS ......................................................................................................................... 232.1.6 ASPECTOS HISTÓRICOS DA BIBLIOTECONOMIA NO BRASIL ............................................. 322.1.7 AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS.......................................................................................... 342.1.8 AS BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS........................................................................................ 392.1.9 NOVAS TECNOLOGIAS............................................................................................................... 45

2.1.9.1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO.....................................................................................................49

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................. 54

3.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 543.2 PERGUNTAS DE PESQUISA............................................................................................................. 583.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................................................... 58

3.3.1 O ESTUDO DE CASO .................................................................................................................. 603.4 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................................................ 623.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES .......................................... 63

3.5.1 OS DOCUMENTOS ...................................................................................................................... 673.5.2 AS OBSERVAÇÕES ...................................................................................................................... 683.5.3 AS ENTREVISTAS......................................................................................................................... 68

3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA............................................................................................................ 72

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES COLETADAS ............................................. 73

4.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 734.2 A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA ................................................................ 74

4.2.1 PERFIL DA INSTITUIÇÃO .......................................................................................................... 744.3 A BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA................................. 774.4 O CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO DA UFSC................................................................................... 824.5 O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFSC ......................................... 824.6 A BIBLIOTECA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UFSC.......... 89

4.6.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA BIBLIOTECA ............................................................. 894.6.2 PROFESSOR ALBERTO GUERREIRO RAMOS.......................................................................... 994.6.3 A ADMINISTRAÇÃO - OS RECURSOS HUMANOS.................................................................. 1034.6.4 OS USUÁRIOS ............................................................................................................................ 1034.6.5 AS ATRIBUIÇÕES ...................................................................................................................... 104

Page 10: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

ix

4.6.6 A SELEÇÃO E A AQUISIÇÃO DO MATERIAL ........................................................................ 1054.6.7 O ACERVO.................................................................................................................................. 1064.6.8 OS PROCESSOS TÉCNICOS DO ACERVO............................................................................... 1094.6.9 A CONSULTA ............................................................................................................................. 1104.6.10 PATRIMÔNIO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS....................................................... 108

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ......................................................................... 115

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................. 1165.2 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................................... 127

6 ANEXO...................................................................................................................................................... 129

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................... 130

Page 11: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01 - Características dos serviços de bibliotecas................................ 26

FIGURA 02 - Tela de pesquisa para usuários finais do MicroISIS..................107

FIGURA 03 - Tela de pesquisa de base de dados do MicroISIS.....................108

Page 12: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

RESUMO

O objetivo deste estudo é descrever e analisar os fatores intervenientes no

processo de implantação, na montagem do acervo bibliográfico e estrutura de

funcionamento da Biblioteca do Curso de Pós-Graduação em Administração

da UFSC, visando contribuir para uma gestão adequada aos interesses dos

usuários. Trata-se de uma pesquisa descritivo-exploratória, desenvolvida

através do método do estudo de caso, uma vez que analisa intensivamente os

fatores do problema de pesquisa na biblioteca. Os resultados obtidos

demonstram que a biblioteca iniciou suas atividades em um ambiente

favorável. Os recursos financeiros e informacionais conseguidos junto ao

ambiente externo (instituições), contribuíram muito para a aquisição de

materiais bibliográficos. A Biblioteca sempre foi viva e atuante, indispensável

fonte de aprimoramento cultural para os usuários, principalmente alunos do

Programa de Mestrado em Administração. Atualmente, está sendo pressionada

por fatores de natureza econômica e tecnológica, que a têm levado a se

adaptar a uma realidade em que os recursos são cada vez mais insuficientes.

Page 13: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

ABSTRACT

The objective of this study is to describe and to analyse the interventioning

factors in the implementation process, in the assemble of the bibliographic

collection and functioning structure of the library from the Post Graduation

Course in Administration of the Federal University of Santa Catarina, with the

aim to contribute for a adequate management in respect to the users interest.

This is exploratory descriptive research, developed through the method of case

study, since it analyses thoroughly the problem factors of research in the library.

The achieved results demonstrate that the library initiated its activities in a

favourable environment. The financial and data matters gained with the external

environment (institutions) and contributed very much for the acquisition of

bibliographic materials. The library has always been live and actual,

indispensable source of cultural improvement for its users, mainly students of

the program os Master Degree in Administration. Nowadays, it is being

pressured byeconomic and technological factors, which leads it to adapt itself in

a new reality where the resource are increseangly more insufficient.

Page 14: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

1 INTRODUÇÃO

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

O mundo atual está passando por um importante processo de mutação

que representa a mudança de uma sociedade industrial para uma sociedade

marcada pela informação e pelo conhecimento (Carvalho, 1997). Dentro desse

contexto, a informação é a essência de qualquer atividade humana.

A globalização do mercado, aliada a outros fatores relacionados ao

desenvolvimento científico e tecnológico, estão provocando mudanças radicais

no setor empresarial. As novas exigências implicam no acesso à informação de

forma ágil e personalizada, para atender aos problemas pontuais de extrema

importância na alavancagem de mudanças no setor educacional.

O termo tecnologia da informação, em seu sentido amplo, compreende

toda a tecnologia concernente à coleta, armazenamento, uso, comunicação,

transmissão e atualização de qualquer forma e tipo de informação,

independente de suas técnicas de suporte (Valle, 1996).

Informação é conhecimento, comunicação e poder. A informação exerce

influência direta sobre as diversas atividades humanas, econômicas,

educacionais, sociais, culturais e políticas. O avanço da tecnologia projetou o

computador, o CD-ROM (Compact Disc-Read Only Memory - sistema

multimídia de organização das informações) e as redes como meios primordiais

na coleta, armazenagem e disseminação da informação.

Page 15: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

2

Ultimamente, como explica Ferreira (1980), as universidades brasileiras

vem tentando adequar seus métodos aos novos paradigmas que se

apresentam, procurando dotar-se de toda uma infra-estrutura que as auxiliem

no desempenho de suas atividades, pois a educação é, inquestionavelmente,

um dos fatores da maior importância para o desenvolvimento econômico e

social de um país.

Neste sentido, ainda segundo Ferreira (1980), supõe-se que dentre os

principais instrumentos que as universidades tem para cumprir seus princípios

e finalidades, estejam as bibliotecas, pois é nelas que se encontra a maior

gama de matéria-prima do desenvolvimento e fator básico para seus

desempenhos, especialmente, para o cumprimento das funções indissociáveis

de ensino, pesquisa e extensão. O desenvolvimento dessas atividades

demandam bibliotecas bem organizadas, sistematizadas, com um grande

potencial de informação de todas as áreas. Não se pode acreditar num ensino,

pesquisa e extensão com qualidade sem a utilização desses mecanismos.

Em Santa Catarina, mais especificamente em Florianópolis, a Biblioteca

Universitária da UFSC, fundada em 1976, é um sistema composto pela

Biblioteca Central e oito (8) bibliotecas setoriais, com centralização

administrativa e técnica. Tem como suporte técnico a divisão de

desenvolvimento de coleções e tratamento da informação e a divisão de

automação e informática. As bibliotecas setoriais encontram-se dispersas pelos

Centros de Ensino, Colégio de Aplicação e Colégios Agrícolas. Têm por função

prestar serviços de informação às atividades de ensino, pesquisa e extensão

da UFSC.

Page 16: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

3

As bibliotecas especializadas começaram a surgir no início do século

XX, acompanhando o desenvolvimento da fase industrial e em resposta ao

avanço da área de ciência e tecnologia (Figueiredo, 1979).

A biblioteca “Professor Alberto Guerreiro Ramos”, do Curso de Pós-

Graduação em Administração da UFSC, foi implantada para atender objetivos

específicos do próprio Programa de Mestrado. Visa facilitar o ensino, tanto para

uso dos professores, como para alunos, e desenvolver nesses, a capacidade

de pesquisa, enriquecendo suas experiências pessoais e contribuindo para

suas experiências profissionais. A preocupação de se manter a biblioteca,

nasceu a partir da implantação do próprio curso de mestrado, na medida em

que se trata de insumo fundamental para o desenvolvimento de suas

atividades.

Apesar da importância das bibliotecas especializadas para o

desenvolvimento da pós-graduação e pesquisa nas universidades, verifica-se a

inexistência de estudos que esclareçam sobre a dinâmica do relacionamento

entre bibliotecas e universidades. Este estudo se justifica, assim, pela

preocupação da pesquisadora em descrever e analisar a trajetória de

implantação e funcionamento da biblioteca do Curso de Pós-Graduação em

Administração da UFSC, visando relacionar os fatores intervenientes no

processo de implantação e funcionamento da mesma com o seu acervo

bibliográfico.

O problema de pesquisa representa o que se deseja esclarecer no

estudo, é orientador do trabalho, parte das idéias colocadas na formulação do

problema e dos objetivos da investigação (Trivinõs, 1987).

Page 17: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

4

A partir das considerações descritas, foi formulado o seguinte problema

de pesquisa:

Quais os fatores intervenientes no processo de

implantação, na montagem do acervo e na estrutura de

funcionamento da Biblioteca do Curso de Pós-

Graduação em Administração da UFSC?

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

Nesta etapa busca-se formular a proposta de trabalho que possa

responder às perguntas de pesquisa e se explicitam os objetivos gerais e

específicos a serem utilizados durante a investigação (Richardson, 1985).

1.2.1 OBJETIVO GERAL

Descrever e analisar os fatores intervenientes no processo de

implantação, na montagem do acervo e na estrutura de

funcionamento da Biblioteca do Curso de Pós-Graduação em

Administração da UFSC.

1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Contextualizar historicamente a trajetória da Biblioteca do CPGA;

Page 18: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

5

Relacionar os fatores intervenientes no processo de implantação e na

estrutura de funcionamento da Biblioteca do CPGA com o acervo

bibliográfico da mesma;

Analisar a atual configuração de funcionamento da Biblioteca do

CPGA e suas tendências.

1.3 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

O presente trabalho foi motivado a partir de uma série de

questionamentos da mestranda no âmbito de sua vida profissional e

acadêmica, fruto do trabalho na Biblioteca do Programa de Mestrado do Curso

de Administração e com o contato com os usuários que a frequentam.

Realizando um levantamento bibliográfico, verificou-se a existência de

poucas pesquisas na área de bibliotecas, em especial as que descrevem e

analisam a trajetória, isto é, o processo de implantação e funcionamento de

uma biblioteca especializada, onde se relacionem os diversos fatores

intervenientes na montagem do acervo e estrutura de funcionamento.

Este trabalho pretende, portanto, contribuir para minimizar esta lacuna

da literatura, estudando a trajetória de implantação e funcionamento de uma

biblioteca especializada, no caso, a Biblioteca “Professor Alberto Guerreiro

Ramos” do Curso de Pós-Graduação em Administração da UFSC e contribuir

para a realização de novos estudos do gênero e afins.

Page 19: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

6

O fator que justificou a seleção da Biblioteca do CPGA para esta

pesquisa, está relacionado com a formação da mestranda, que é Bibliotecária

formada pela Universidade Federal de Santa Catarina, num somatório aos

conhecimentos adquiridos por meio da experiência profissional como

Bibliotecária responsável pela Biblioteca do CPGA/UFSC, desde 1991 até a

presente data.

1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

No primeiro capítulo deste estudo, além da exposição do tema e

problema, encontram-se os objetivos da pesquisa. Na seqüência, apresenta-se

a justificativa e a relevância do estudo para o segmento pesquisado e a

organização da dissertação, apresentados de forma sucinta.

No segundo capítulo, são descritos os fundamentos teóricos. A

apresenta-se a revisão de literatura nos aspectos das bibliotecas enquanto

instituições sociais, as bibliotecas universitárias e especializadas e a evolução

dos sistemas de informações nas organizações.

Os procedimentos metodológicos são apresentados no terceiro

capítulo. Inicialmente, apresenta-se uma introdução do que vem a ser

metodologia. Em seguida, demonstra-se a importância da pesquisa qualitativa

para o desenvolvimento de estudos de caso. Em terceiro lugar, caracteriza-se o

estudo como sendo descritivo e exploratório. Em quarto lugar, mostra-se as

técnicas de coleta de informações, ou seja, a análise documental, as

Page 20: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

7

observações e as entrevistas semi-estruturadas. Na seqüência, mostra-se os

procedimentos de análise das informações, examinados de modo qualitativo.

No quarto capítulo, num primeiro momento, é apresentado um breve

histórico da Universidade Federal de Santa Catarina, da Biblioteca Universitária

da UFSC, do Centro Sócio-Econômico e do Curso de Pós-Graduação em

Administração, para familiarizar o leitor acerca do contexto da Biblioteca do

CPGA. Em seguida, apresenta-se a Biblioteca do CPGA, faz-se a

apresentação e análise das informações, procurando-se verificar e descrever o

seu processo de implantação e funcionamento, identificando os fatores

intervenientes na montagem do seu acervo.

No quinto capítulo, apresenta-se as considerações finais do referido

estudo a partir do objetivo geral proposto.

O sexto capítulo, apresenta a relação dos entrevistados (ordem

alfabética), e cargo ocupado (ou relacionado), no período de interesse.

No sétimo capítulo são apresentadas as referências bibliográficas.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA

2.1 BIBLIOTECAS ENQUANTO INSTITUIÇÕES SOCIAIS

As necessidades de informações das organizações como um todo e das

pessoas da organização, de modo particular, são aspectos fundamentais para

os processos de tomada de decisão que afetam o meio ambiente interno e

externo, garantindo ou não a sobrevivência dessa organização e de seus

membros (Heemann, 1996).

Compreender este processo conduz à busca do conhecimento na

evolução das teorias das organizações, nas ciências humanas e sociais e no

desenvolvimento tecnológico de seus sustentáculos básicos e fundamentais. A

retrospectiva sobre a evolução das principais teorias da organização, trilha o

caminho da fundamentação teórica, da estruturação e da sistematização da

ciência da administração.

Uma análise da biblioteca enquanto parte de uma organização, requer

um estudo das dimensões que constituem sua estrutura, vista como o inter-

relacionamento de seus diferentes subsistemas, interagindo em seu modelo de

organização.

No intento de situar as bibliotecas enquanto instituições sociais,

discorre-se sobre algumas características destas, de acordo com a bibliografia

consultada.

Page 22: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

9

2.1.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ORGANIZAÇÕES

Os estudos organizacionais vêm sendo orientados, sistematicamente,

pelo caráter dinâmico da realidade, com o objetivo de examinar as

organizações sob pontos de vista que envolvem a sua relação com o contexto

ambiental mais amplo. Weber (1991) analisa as organizações como sistemas

voltados para fins específicos, diferenciando-as de outras formas de

agrupamento social.

Segundo Parsons (1974), as organizações são unidades sociais que

procuram atingir objetivos específicos. Mouzelis (1975) entendeu a organização

como um sistema social composto por vários subsistemas (grupos,

departamentos, etc.), interagindo com outros sistemas sociais mais amplos

como comunidade e sociedade. Conceptualizou a realidade social como um

conjunto de sistemas interligados, que se estendem ordenadamente desde a

personalidade individual e os pequenos grupos até as sociedades totais.

Para Parsons (1974), as organizações variam segundo o tipo de função

que realizam no sistema social geral. Assim sendo, é possível distinguir:

- as organizações orientadas para a produção;

- as organizações orientadas para fins políticos;

- as organizações integrativas e;

- as organizações conservadoras.

Para Simon (1979, p. 13):

“a organização é um complexo sistema de

comunicações e inter-relações existentes num agrupamento

Page 23: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

10

humano. Esse sistema proporciona a cada membro do

grupo parte substancial das informações, pressupostos,

objetivos e atitudes que entram nas suas decisões,

propiciando-lhes, igualmente, um conjunto de expectativas

estáveis e abrangentes quanto ao que os outros membros

do grupo estão fazendo e de que maneira reagirão ao que

ele diz e faz”.

Ao sistema descrito acima, os sociólogos chamam de sistema de papéis,

embora muitos autores, entre eles Simon (1979), o chamam de organização.

Para Parsons (1974), a organização como unidade social é a disposição

dos meios pelos quais diferentes pessoas, empenhadas em uma complexidade

de tarefas, se relacionam entre si no estabelecimento e realização consciente e

sistemática de objetivos em que concordam mutuamente.

Etzioni (1984, p. 3) por sua vez, destacou que:

“as organizações caracterizam-se por: 1) divisões de

trabalho, poder e responsabilidade de comunicação, que

não são causais ou estabelecidas pela tradição, mas

planejadas intencionalmente a fim de intensificar a

realização de objetivos específicos; 2) a presença de um

ou mais centros de poder que controlam os esforços

combinados da organização e as dirigem para seus

objetivos; esses centros de poder precisam, também,

reexaminar continuadamente a realização da organização

Page 24: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

11

e, quando necessário, reordenar sua estrutura, a fim de

aumentar sua eficiência e; 3) substituições do pessoal, isto

é, as pessoas pouco satisfatórias podem ser demitidas e

designadas outras pessoas para suas tarefas. A

organização também pode recombinar seu pessoal,

através de transferências e promoções”.

Considerando-se as teorias administrativas como, por exemplo, a

Clássica, a das Relações Humanas, a Comportamental e a Quantitativa, pode-

se dizer que as mesmas se preocupam com os aspectos internos da

organização. Assim, procuram dar ênfase à estrutura e à tecnologia (Clássica)

e aos grupos informais (Relações Humanas). Isto se deve ao enfoque micro e

prescritivo e não ao macro, para a análise dos fenômenos organizacionais e

operacionais (Stoner, 1985).

Segundo Schein (1982), as organizações começam sob a forma de

idéias na mente das pessoas. Se a organização obtém êxito na consecução do

objetivo de congregar adeptos ou criar a demanda para um produto ou serviço

novo, essa organização sobreviverá, crescerá e conseguirá firmar-se. Observa-

se essa estabilidade quando as organizações vão além da simples realização

das finalidades iniciais e assumem funções mais amplas, passam a

desempenhar um papel na comunidade e desenvolvem, em torno de si

mesmas, ideologias e mitos que geralmente incluem a suposição de que elas

devem crescer e sobreviver. Assim, quando se deseja compreender o processo

Page 25: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

12

de implantação de uma organização, deve-se rastrear a literatura na busca de

um conhecimento mais aprofundado.

2.1.2 TEORIA DOS SISTEMAS ABERTOS

As organizações podem ser visualizadas como sistemas abertos ou

fechados (sistemas burocráticos). São sistemas abertos quando entram em

transações com um sistema maior: a sociedade. Existem insumos sob a forma

de pessoas, materiais e dinheiro e sob a forma de forças políticas e

econômicas, vindas do sistema maior. Existem também, resultados em forma

de produtos, serviços e recompensas a seus membros.

Segundo Parsons (1974), pensamos nos sistemas “abertos”,

participando de um intercâmbio contínuo de recepções e apresentações com

seus ambientes. Um sistema pode ser definido como um conjunto de partes

interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário

com determinado objetivo e efetuam determinada função (Oliveira, 1997a). Os

sistemas abertos reconhecem a interação dinâmica entre o sistema e o seu

ambiente.

Uma organização é um sistema orgânico e adaptativo, no sentido em

que muda sua natureza como resultado das mudanças no sistema externo que

a envolve. O sistema coopera com o ambiente, assim como o indivíduo

coopera com ele. É dinâmico, no sentido de que suporta constantes mudanças

como resultado da interação entre os subsistemas e também com o sistema

ambiental maior. Assim, uma organização é um sistema sócio-técnico. O

Page 26: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

13

sistema constitui-se na organização de pessoas, envolvendo várias

tecnologias. O sistema existe em virtude do comportamento motivado das

pessoas. Essas relações e o comportamento determinam os insumos, as

transformações e os resultados do sistema.

Katz e Kahn (1987), referindo-se à teoria dos sistemas abertos, afirmam

que o são uma linguagem conceptual para a compreensão e descrição de

muitas espécies e níveis de fenômenos, é usada para explicar e descrever o

comportamento de organismos vivos e combinações de organismos. Do ponto

de vista societário, segundo os mesmos autores, a organização é um

subsistema de um ou mais sistemas maiores e sua vinculação ou integração

com eles afeta seu modo de operação e nível de atividade.

As pesquisas de Katz e Kahn (1987, p. 35) mostram as organizações

como sistemas abertos e apresentam as seguintes características:

a) Importação ou entrada (input) - os sistemas recebem ou importam

insumos do ambiente externo para se suprirem de recursos, energia

e informação. O sistema precisa de um fluxo de entradas de recursos

(que são os insumos necessários às atividades e operações do

sistema) capaz de lhes proporcionar energia, matéria ou informação.

Estes recursos são colhidos no meio ambiente que envolve

externamente o sistema e com o qual este interage dinamicamente

por meio de relações de interdependência;

b) Conversão ou transformação - os sistemas processam e convertem

suas entradas em produtos ou serviços, que constituem seus

resultados. Cada tipo de entrada (como matérias, máquinas e

Page 27: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

14

equipamentos, mão-de-obra, dinheiro, créditos e tecnologia) é

processado por meio de subsistemas específicos ou especializados

naquele tipo de recurso. Assim, dentro do sistema, ocorre um

fenômeno de diferenciação pelo fato de os subsistemas se

especializarem no processamento dos diferentes tipos de insumos

que o sistema importa do meio ambiente;

c) Exportação ou saída (output) - as entradas devidamente processadas

e transformadas em resultados, são exportadas novamente para o

ambiente. As saídas são decorrentes das atividades de conversão ou

processamento do sistema, por operações realizadas pelos diversos

subsistemas em conjunto;

d) Retroação ou retroalimentação (feedback) - é a entrada de caráter

informativo que dá ao sistema sinais a respeito do ambiente externo

e do seu próprio funcionamento e comportamento em relação ao

ambiente. A retroação permite ao sistema corrigir seu

comportamento, ao receber a informação de retorno ou uma energia

de retorno, que volta ao sistema para realimentá-lo ou para alterar

seu funcionamento, em função de seus resultados ou saídas.

A retroação é basicamente um mecanismo sensor, que permite ao

sistema determinar os desvios que devem ser corrigidos, a fim de que possa

alcançar seu objetivo.

Para os mesmos autores existem dois tipos de retroação:

1) retroação positiva: atua como meio para aumentar a variação da

saída do sistema em relação aos objetivos ou padrões pré-

Page 28: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

15

estabelecidos. A retroação positiva encoraja o sistema a mudar ou a

acelerar seu funcionamento. Assim, se a ação do sistema for

insuficiente, a retroação positiva deverá estimulá-lo para que suas

saídas produzam ação mais intensa.

2) retroação negativa: se a ação dos sistemas for exagerada, ou mais do

que suficiente, a retroação negativa se incumbe de inibir ou restringir seu

funcionamento, para que as novas saídas sejam menores ou produzam

uma ação menos intensa.

Pela retroação, o sistema busca informação externa sobre seu

desempenho e compara essa informação com os objetivos ou padrões pré-

estabelecidos para verficar se está havendo algum desvio ou erro no seu

funcionamento;

e) Estabilidade - mediante os mecanismos de retroação, o sistema

apresenta a característica de estabilidade ou auto-regulação. Quando

submetido a qualquer distúrbio ou perturbação, o sistema,

ativamente, volta a seu estado de equilíbrio anterior, sendo que esse

equilíbrio é dinâmico e visa a manter:

• as partes ou estruturas do sistema (com seus subsistemas);

• as relações entre as partes (que constituem a rede de

comunicação do sistema);

• as interdependências entre os subsistemas e entre o sistema e o

seu meio ambiente;

f) Adaptabilidade - é a característica pela qual o sistema se modifica ou

cresce pela implantação de novas e diferentes partes, relações e

Page 29: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

16

interdependências para se adaptar às mudanças ocorridas no meio

ambiente;

g) Entropia - processo pelo qual o sistema tende à desorganização, à

desintegração, à perda da energia;

h) Diferenciação - todo sistema aberto tende à diferenciação de suas

partes, isto é, à multiplicação e elaboração de funções

especializadas, hierarquizadas e altamente diferenciadas;

i) Eqüifinalidade - os sistemas abertos se caracterizam pelo princípio

da eqüifinalidade. Um sistema pode alcançar, por uma enorme

variedade de meios e de caminhos, o mesmo estado final ou objetivo,

partindo de diferentes condições iniciais;

j) Ciclos de eventos - o funcionamento do sistema aberto tem um

caráter cíclico e repetitivo. Todas as atividades do sistema

constituem ciclos de eventos recorrentes de entradas, conversões e

saídas que se repetem e se alternam indefinidamente;

k) Limites ou fronteiras - o sistema aberto apresenta limites ou

fronteiras, isto é, barreiras e demarcações entre o que é o sistema e

o que passa a ser o ambiente externo no qual está inserido. Os

limites definem as áreas de transações ou de intercâmbio entre o

sistema e o ambiente, ou seja, onde ocorre a relação entre o sistema

e o ambiente. Os limites podem apresentar variados graus de

abertura com o ambiente. Quanto mais aberto o sistema, tanto maior

o intercâmbio com o ambiente. Quanto mais fechado, tanto menor o

intercâmbio.

Page 30: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

17

Essas características, conjuntamente, proporcionam um acentuado grau

de complexidade aos sistemas, além da diversidade, pois cada uma das

características varia de um sistema a outro.

O propósito fundamental das organizações, como de todos os sistemas,

é uma multiplicidade de objetivos e funções pelos quais a estabilidade é

alcançada, envolvendo múltiplas interações com o ambiente. Assim, as

organizações são sistemas sociais moldados pelo ambiente em que se situam

e integram o sistema maior que é a sociedade na qual estão inseridas.

2.1.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

A estrutura organizacional define como as tarefas serão alocadas dentro

da organização, quem se reporta a quem e quais os mecanismos formais de

coordenação e padrões de interação a serem seguidos (Robbins, 1990).

Para Hall (1984), a estrutura organizacional pode ser analisada sob

diferentes ângulos, quer pela diferenciação horizontal, vertical e dispersão

espacial, como por meio da centralização e da formalização. Na diferenciação,

Hall mostra o número, unidades e subunidades ou as especialidades

ocupacionais de uma organização. A dispersão espacial diz respeito às

unidades e subunidades que se encontram descentralizadas geograficamente,

mas vinculadas à estrutura da unidade central. A diferenciação vertical refere-

se ao número de níveis hierárquicos existentes, desde o topo até a base da

estrutura organizacional.

Page 31: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

18

Como estrutura social, as organizações caracterizam-se como

realidades complexas, limitadas pelas fronteiras com o ambiente que as cerca,

pelas normas de funcionamento e níveis de autoridade e pelos sistemas de

comunicação, coordenação e afiliação. Esses processos decorrem de um

conjunto de objetivos cujos significados, quando compartilhados, norteiam as

ações dos seus integrantes. Assim, considerando-se a identificação de Blau e

Scott (1977) da estrutura social e da cultura como dimensões da organização

social, entende-se que a estrutura organizacional é estabelecida por meio de

padrões interativos cujos fundamentos baseiam-se em significados

compartilhados.

2.1.4 AMBIENTE ORGANIZACIONAL

O estudo das organizações que interagem com o ambiente externo foi

iniciado pela Escola Estruturalista, que deu ênfase às relações

interorganizacionais, possibilitando o desenvolvimento de estudos

comparativos. A organização é vista como um sistema construído em constante

relação de intercâmbio com o meio ambiente.

A análise do ambiente organizacional fortaleceu-se a partir da Teoria

Geral dos Sistemas, e, posteriormente, com a Teoria Contingencial. Para os

seguidores desta última, abria-se a possibilidade de visualizar as demandas do

ambiente sob a ótica da dinâmica organizacional.

Na visão de Hall (1984), os fatores endógenos (ou internos) e exógenos

(ou externos) são cruciais para o entendimento do ambiente. Neste sentido, as

Page 32: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

19

organizações são influenciadas pelas mudanças ambientais, exigindo novos

padrões administrativos, novas estratégias e reposicionamentos, de acordo

com as contingências.

Na opinião de Perrow (1976), as organizações são influenciadas pelo

seu ambiente, da mesma forma que também o influenciam, visto que tornam-se

grandes, poderosas e indispensáveis ao mesmo. Pressupõe-se que o ambiente

externo venha a provocar alterações nas organizações, uma vez que a relação

entre ambos é dinâmica e constante.

Para Hall (1984), Stoner e Freeman (1999), o ambiente representa todo

o universo que envolve externamente a organização, ou seja, tudo aquilo que

está fora da organização. O ambiente é a própria sociedade, constituída de

outras organizações sociais. As organizações não vivem num vácuo, isoladas e

auto-suficientes, mas funcionam dentro de um contexto, do qual dependem

para sobreviver, crescer e se desenvolver. É deste contexto, que as

organizações obtêm os recursos tecnológicos, humanos, os culturais e as

informações de que precisam para seu funcionamento. Como os inputs são

obtidos no ambiente externo, é para este ambiente que as organizações

colocam seus produtos e serviços.

Katz e Khan (1987), ao se referirem às teorias das organizações,

afirmam que estas, olhando a organização humana como um sistema fechado,

desconsideram diferentes ambientes organizacionais e a natureza da

dependência organizacional quanto ao ambiente; conduzem também a uma

superconcentração nos princípios de funcionamento organizacional interno,

Page 33: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

20

com a conseqüente falha em desenvolver e compreender os processos de

feedback, que são essenciais à sobrevivência.

O ambiente são os fatores externos à organização. Em se tratando da

identificação de quais seriam os componentes do ambiente, Hall (1984, p. 156)

divide os ambientes em dois tipos:

1) ambiente geral: afeta todas as organizações e é igual para todas

(condições tecnológicas, legais, econômicas, demográficas e culturais) e;

2) ambiente específico: consiste das entidades externas que interagem

diretamente com a organização (fornecedores, clientes, concorrentes,

acionistas, etc.) no alcance dos seus objetivos. São fatores críticos, únicos para

cada organização, que podem influenciar positiva ou negativamente a

eficiência da empresa.

As decisões estruturais tomadas pelos dirigentes para melhor alinhar

suas organizações com o grau de incerteza no seu ambiente específico

dependem da percepção dos mesmos a respeito das condições ambientais que

os rodeiam.

Mintzberg (1995a, p. 297) estabelece quatro dimensões de análise para

o ambiente organizacional:

1) estabilidade: o ambiente pode variar de estável a dinâmico. A

natureza dinâmica de um ambiente está relacionada a sua imprevisibilidade

quanto a mudanças (incerteza ambiental);

2) complexidade: o ambiente pode variar de simples a complexo;

Page 34: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

21

3) diversidade de mercado: o mercado pode variar de integrado a

diversificado. A diversidade está relacionada a uma ampla faixa de clientes,

produtos ou serviços abrangidos pela organização e;

4) hostilidade: o ambiente pode variar de magnânimo a hostil. A

hostilidade é influenciada pela competição, pelas relações das organizações

com sindicatos, governos e outros grupos e pela sua disponibilidade de

recursos. Quanto mais hostil um ambiente, mais rápido a empresa deve

responder a ele.

Essa identificação dos componentes do ambiente organizacional ganha

contornos diferentes quando se considera que nem tudo o que existe e

acontece no ambiente ao redor da organização é percebido pelos seus

membros.

A partir dessa teoria, Bowditch e Buono (1992) classificam o ambiente

em real e percebido. O ambiente real ou objetivo consiste nas entidades,

objetos e condições fora das fronteiras da empresa que é externo e

mensurável, pela utilização de indicadores objetivos (econômico-financeiros,

demográficos, mercadológicos, crescimento dos empregos, etc.). Essa

realidade objetiva, impõe limitações ao modo de operar da organização,

concentrando-se nos ambientes geral e operacional de uma dada organização.

O ambiente percebido ou subjetivo é a percepção dos indivíduos da

organização acerca daquele ambiente real. Bowditch e Buono afirmam que,

embora essas percepções também sejam eventos “reais”, do ponto de vista de

suas conseqüências, elas ocorrem dentro da organização.

Page 35: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

22

Para sobreviver, as organizações necessitam de recursos tais como

matérias-primas, pessoas, recursos financeiros ou serviços e operações

produtivas que não dispõem ou não podem criar por si mesmas (incluindo-se

as inovações tecnológicas), cuja aquisição requer a interação com outras

organizações, que controlam esses recursos, passando a deter poder sobre as

que deles necessitam. Como se vê, as organizações dependem de seus

ambientes. A sobrevivência da organização é parcialmente explicada pela

habilidade de lidar com as contingências ambientais (Pfeffer e Salancik, 1978).

As organizações, ainda segundo os referidos autores, constituem

coalizões de diversos interesses. Os participantes delas podem ter, e muitas

vezes têm, preferências e metas incompatíveis, quais interesses prevalecerão

nas ações organizacionais são importantes para a determinação dessas ações.

Organizações, ou a energia representada nas organizações, são recursos e,

aqueles que necessitam dele, procuram influenciar ou controlar essa

organização. Esses atores, que podem ser outras organizações, grupos, ou

indivíduos, constituem o ambiente social ou o contexto da organização.

Lawrence e Lorsch (1973) identificam as características organizacionais

necessárias à interação eficaz com os fatores do ambiente externo e, em

particular, os fatores de mercado e tecnologia. São os seguintes:

1) nenhuma forma de organização é a melhor, mas adequada à

demanda de seu próprio ambiente;

2) organizações são sempre diferentes na composição de suas funções;

3) há necessidade de muita interação entre essas funções para obter

bons resultados e atender ao objetivo proposto;

Page 36: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

23

4) as incertezas e diversificações do ambiente externo exercem

influência na integração e na diferenciação com o ambiente interno e;

5) a adaptabilidade organizacional é uma função da habilidade para

aprender e desempenhar funções de acordo com as mudanças do ambiente.

O ambiente é o contexto, o espaço, micro e macro onde a organização

se localiza. É a natureza física, energética, no caso das bibliotecas, é

representada pelos livros, pelos seres humanos. Sendo assim, o homem

também é natureza em sua essência. O ambiente também é o meio

sociocultural e energético-afetivo-espiritual, e tudo o que ele envolve. Esse

ambiente se torna recurso, quando oferece ao ser humano as possibilidades -

incluindo os direitos - de ele desenvolver suas potencialidades de criar, buscar,

desenvolver seu trabalho (Patrício, 1995).

2.1.5 AS BIBLIOTECAS

O termo biblioteca, é originário do latim biblium, que significa livro e teca,

que significa caixa. A biblioteca funciona como elo de ligação entre o universo

da produção intelectual registrada e as necessidades de informação de seus

usuários.

No século XVI, as bibliotecas de todo o mundo conhecido, já haviam

alcançado períodos de esplendor, tanto na Antigüidade - Egito e Babilônia,

Grécia e Roma - como na Idade Média e no Renascimento.

O primeiro livro de Biblioteconomia surge em 1627. Intitula-se Advis pour

dresser une bibliothèque e seu autor foi Gabriel Naudé (1600-1653). Essa obra

Page 37: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

24

foi traduzida para várias línguas e influenciou de modo considerável os

intelectuais da época. Como salienta Sir Frank Francis, no verbete que

escreveu na Encyclopaedia Britannica, ela assinala a transição da

Biblioteconomia empírica para a prática bibliotecária (Fonseca, 1979).

A história da inteligência brasileira começa, como assinala Martins

(1976), em 1550, quando o Pe. Leonardo Nunes inicia os estudos rudimentares

de Latim no Colégio dos Meninos de Jesus, em São Vicente, e “quase

simultaneamente (...) outras classes se abriam, na Bahia, no Espírito Santo e

em Pernambuco”. Como desde os tempos anteriores a Cristo as escolas foram

bibliotecas cercadas de salas de aula - tal como em Alexandria, a famosa

coleção catalogada pelo poeta Calímaco estava no interior do Templo das

Musas - pode-se afirmar que as primeiras bibliotecas brasileiras começaram

com esses Colégios da Companhia de Jesus. Tão logo chegaram ao Brasil, os

Jesuítas começaram a pedir livros de Portugal, que chegavam aos Colégios da

Companhia de Jesus. A necessidade de Bibliotecários começou a se fazer

sentir. Se européias foram as primeiras obras lidas no Brasil, europeus também

seriam os primeiros Bibliotecários.

Antônio da Costa (1647-1722) merece destaque. Francês de

nascimento, foi uma vocação tardia de missionário, pois só entrou na

Companhia de Jesus aos trinta (30) anos. Conhecia quase todos os ofícios

ligados ao livro, como os de Tipógrafo, Impressor, Encadernador e

Bibliotecário. Como tal, chegou a dirigir a biblioteca do Colégio da Bahia, cujo

catálogo organizou, este que seria o primeiro instrumento biblioteconômico

produzido no Brasil (Fonseca, 1979).

Page 38: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

25

O primeiro livro vindo para o Brasil foi o que o Franciscano Henrique de

Coimbra abriu sobre um altar improvisado no Ilhéu da Coroa Vermelha de

Porto Seguro, para com ele celebrar a Primeira Missa, em 26 de abril de 1500.

As bibliotecas monásticas se expandiram no país, com os beneditinos,

franciscanos e carmelitas. Nesses conventos e mosteiros não faltaram

importantes bibliotecas.

As bibliotecas particulares foram os primeiros frutos do Iluminismo no

Brasil. Os brasileiros mais intelectualmente irrequietos adquiriram livros que as

bibliotecas dos colégios e mosteiros não podiam adquirir, pois exprimiam a

“crise da consciência européia”. Foram formando assim, de Norte a Sul do

país, as coleções particulares, constituídas à custa de sacrifícios financeiros e

até de risco de vida.

As bibliotecas estaduais demoraram a chegar ao Brasil, a tradição das

capitanias impôs o tipo de biblioteca estadual que começou a surgir no século

XIX na Bahia e em outros Estados do país.

Até meados do século XIX, a biblioteca tinha a função de guardar os

poucos livros produzidos à espera de uma minoria letrada. Em fins do mesmo

século, com o estabelecimento da Revolução Industrial, as transformações

sócio-econômicas e políticas vividas pela sociedade provocaram também

mudanças na função da biblioteca: de armazenadora passou a ter uma função

social de largo alcance (Fernandes, 1993).

Segundo Guinchat e Menou (1994, p. 333), “a sociedade contou desde a

antigüidade com organismos especializados na conservação e na organização

de documentos, com a finalidade de permitir o acesso aos conhecimentos”.

Page 39: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

26

Estes organismos, ou seja, as bibliotecas e arquivos, eram então bem

organizados e reservados aos dirigentes e às pessoas eruditas; sua atividade

se concentrava no tratamento de documentos.

Ainda segundo Guinchat e Menou, na época moderna, em decorrência

do progresso da organização social e da educação, houve um aumento e

diversificação do número de usuários. Paralelamente, ocorreu um aumento

rápido da oferta e da demanda de informação e o surgimento de novas

técnicas que permitem tratá-la de forma cada vez mais sofisticada.

A implantação de novas técnicas de análise, registro e recuperação da

informação, determinou uma mudança radical no conceito de biblioteca. Houve

tempos em que a biblioteca não passava de um armazém ou depósito de livros.

Esse conceito estático de biblioteca permaneceu até o século XVIII. Foi

somente a partir de 1900, que uma reforma substancial se verificou. Hoje, a

biblioteca é reconhecida como uma instituição viva e atuante, indispensável

fonte de aprimoramento cultural.

Sendo as organizações prestadoras de serviços aquelas que oferecem

trabalhos especializados, as bibliotecas também estão incluídas no rol dessas

empresas, com as características apontadas na figura 01.

Page 40: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

27

Figura 01 – Características dos serviços de bibliotecas

Elaborado a partir de ROCHA, Eliana da Conceição, GOMES, Suely Henrique de A. (1993)

Para que possa cumprir suas atuais funções é necessário, portanto, que

a biblioteca tenha seu material bibliográfico bem selecionado, tecnicamente

organizado e que acompanhe os avanços verificados no campo da

documentação e informação nos últimos anos.

Após o artigo controvertido de Kotler e Lévy (1969), no qual foi

desenvolvida a tese da aplicabilidade do marketing à organizações não

lucrativas, muito tem sido escrito sobre o processo de marketing aplicado a

estas organizações. Um dos principais avanços é a inclusão de bens

“intangíveis” neste conceito, permitindo assim que uma troca fosse realizada

clientes com diferentes aspectos culturais

serviço sob demanda

contato direto e freqüente com o cliente

fatores ambientaisinfluenciam a demanda

resultado não éo produto final

tempo de atendimento

BIBLIOTECA

demandacomercialização direta

Page 41: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

28

quando algo de valor - seja dinheiro, bens, informação, atenção, etc. - fosse

oferecido em troca de alguma outra coisa de valor para satisfazer as

necessidades de ambos os partidos. As bibliotecas oferecem livros, filmes,

audiovisuais, respostas a perguntas, orientação, contos para criança etc., em

“troca” do tempo do usuário e de sua atenção (Oliveira, 1993).

Na atualidade ocorre uma proliferação de organismos especializados

nas atividades de informação que agregam outras funções, além das

tradicionais, afim de responder as demandas de seus usuários, cada vez mais

diversificadas e sofisticadas, por informação. Estas novas funções estão

relacionadas à descrição de conteúdo dos documentos, extração e tratamento

de dados e difusão/disseminação da informação. Estes organismos aparecem

com outras denominações, como centros de documentação, centros de

informação e bancos de dados. Kotler e Lévy (1969) tentaram classificar as

unidades de informação em três grupos segundo o ramo de atividades

predominante. São eles:

1) “a conservação e o fornecimento de documentos primários (arquivos,

bibliotecas e museus);

2) a descrição de conteúdo dos documentos e sua difusão, bem como a

sinalização das informações e das fontes (centros e serviços de

documentação);

3) a resposta a questões pela exploração das informações disponíveis e

sua avaliação e transformação (centros e serviços de informação)”.

O valor da informação, na ciência da informação, surgiu na década de

80. No início, relacionado ao estudo de avaliação e depois abordando custos e

Page 42: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

29

eficácia de serviços de informação, seguindo-se de discussões sobre o valor da

informação para o usuário e a produtividade da informação no trabalho.

Fernandes (1995) diz ser necessário a definição de informação para o estudo

da economia da informação. Baseado em alguns autores, cita alguns

conceitos:

1) “informação é todo esclarecimento que se possa dar a qualquer

pessoa sobre o que ela indaga. O conhecimento em qualquer forma através da

qual possa ser transferido;

2) a informação é vista como um produto/serviço ou até mesmo um

recurso, porém único, de natureza específica e características muito próprias;

3) a informação é multiplicável, quanto mais for utilizada, mais se torna

útil;

4) a informação é substituível, pode substituir outros recursos como

dinheiro, pessoas, matéria-prima, entre outros e;

5) a informação é compartilhável, bens podem ser trocados, mas na

troca da informação, o vendedor continua possuindo o que vendeu”.

As bibliotecas estão sendo pressionadas por fatores de natureza

econômica, tecnológica e social, têm sido levadas a se adaptar a uma

realidade em que os recursos financeiros se tornam cada vez mais

insuficientes. Surgem também questionamentos, suscitados em parte, pelos

avanços da tecnologia da informação, que, por meio de infovias cada vez mais

eficientes, prometem pleno acesso à informação, até mesmo dispensando o

deslocamento físico do usuário.

Page 43: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

30

Segundo Lancaster (1996, p. 1), um dicionário comum definiria avaliação

como “o ato de medir o valor” de uma atividade ou objeto. Muitos autores

consideram a avaliação como componente essencial da administração, mais

exatamente, os resultados da avaliação podem ajudar o administrador a alocar

recursos de modo mais eficiente. A organização e controle de recursos

informacionais, geralmente denominados “serviços técnicos” num ambiente de

biblioteca tradicional, produzem vários instrumentos (catálogos, bibliografias, a

classificação do material para as estantes, etc.) que tornam possível o segundo

grupo de atividades, os serviços ao público (Lancaster, 1996).

Os serviços ao público foram divididos em dois grupos: 1) serviços “sob

demanda” e, 2) serviços de “notificação”. Os primeiros podem ser considerados

serviços passivos, no sentido de que respondem a demandas, mas não as

provocam. Os serviços de notificação, por outro lado, são mais dinâmicos:

informam as pessoas sobre publicações e outras fontes de informação que lhes

interessem potencialmente, são serviços de disseminação de informações.

Ainda de acordo com Lancaster (1996, p. 15), as cinco leis da

Biblioteconomia criadas por Ranganathan em 1931, podem orientar as

decisões sobre o que deve ser avaliado, que critérios e com quais métodos.

Essas leis proporcionam uma expressão fundamental das metas que os

serviços de informação deveriam se esforçar para alcançar.

A primeira lei, os livros são para usar, nos diz que, não devemos nos

preocupar tanto com a preservação, mas com o seu uso, assim não estaremos

perpetuando a imagem do Bibliotecário como guardião e sim apto a utilizar os

Page 44: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

31

recursos bibliográficos. A avaliação de acervos e serviços deve ser feita em

função das necessidades do usuário.

A segunda lei de Ranganathan, a cada leitor seu livro, é uma extensão

lógica da primeira. Não basta que a biblioteca possua o livro procurado por um

usuário, é preciso também que ele esteja disponível no momento em que é

necessário.

A terceira lei, a cada livro seu leitor, o papel da biblioteca é relativamente

passivo. A importância desta lei está em que os livros precisam achar seus

leitores potenciais, bem como os usuários precisam achar os livros de que

necessitam. Para cada item adquirido pela biblioteca, há leitores potenciais

presentes na comunidade.

A quarta lei, poupe o tempo do leitor, permeia praticamente todas as

demais. Os serviços de informação devem preocupar-se não somente em

satisfazer a necessidades, mas em satisfazer a necessidades do modo mais

eficiente possível. A acessibilidade de um serviço, hoje, é o principal fator

determinante de seu uso. Segundo Lancaster, alguém julgará o serviço

“inacessível” se precisar de muito esforço para utilizá-lo. O tempo do usuário

não pode ser considerado sem custo.

A última lei, a quinta, a biblioteca é um organismo em crescimento,

indica que a biblioteca deve estar pronta para se adaptar a novas condições,

como as sociais e tecnológicas.

Não é possível avaliar um acervo de forma isolada, mas somente em

função de sua utilidade para os usuários da biblioteca. Isso é verdade quando

se aceita o fato de que os livros existem para “usar” e não para “acumular”.

Page 45: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

32

Ao se avaliar um acervo, o que se procura de fato determinar é o que a

biblioteca deveria possuir e não possui, e o que possui mas não deveria

possuir, tendo em vista fatores de qualidade e adequação da literatura

publicada, sua obsolescência, as mudanças de interesses dos usuários e a

necessidade de otimizar o uso de recursos financeiros limitados.

A avaliação de um acervo, ou de parte dele, pode ser feita com o

objetivo de melhorar as políticas de desenvolvimento de coleções, melhorar as

políticas relacionadas com períodos de empréstimo ou embasar decisões

relacionadas com o uso do espaço.

É importante que a organização esteja estruturada de maneira a garantir

que o mínimo de recursos e informações estejam disponíveis e acessíveis para

seus usuários.

2.1.6 ASPECTOS HISTÓRICOS DA BIBLIOTECONOMIA NOBRASIL

Nos primeiros anos da década de 30, os cursos de Biblioteconomia

criados até então, tinham características “meramente técnicas” (Souza, 1990).

Na década de 50, o conservadorismo e a falta de criatividade continuaram

predominando nos cursos, onde, em momento algum, se cogitava o estudo dos

usuários da biblioteca. Já na década de 60, as matérias de caráter técnico

foram as que receberam mais atenção das escolas de Biblioteconomia e

contribuíram para a formação de Bibliotecários com perfil extremamente

técnico. Esses cursos eram, na realidade, insuficientes para a preparação dos

Page 46: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

33

recursos humanos no atendimento ao público. Na década de 70, as primeiras

tentativas de mudar essa visão se fizeram presente. Em 1976, uma primeira

proposta de mudança do currículo dos cursos de Biblioteconomia já incluía

disciplinas como “Função Social da Biblioteca” e “Estudo de Usuário”. Dessa

época em diante, de acordo com Cardoso (1988), passou-se a considerar

como objetivos das bibliotecas:

- “maximizar o acesso às fontes de informação de interesse de seus usuários

(entende-se por usuário aquele que realmente utiliza a biblioteca, e não o

seu público potencial, ou seja, aquele que pode vir a utilizá-la) e;

- maximizar a exposição dos usuários às fontes de informação de seu

interesse. Suas funções, por sua vez, incluem:

a) aquisição do material, de acordo com os interesses dos usuários;

b) organização do material a ser adquirido, de forma a possibilitar o seu

acesso;

c) expor o usuário às fontes de informações das mais variadas formas;

d) tornar as fontes de informações disponíveis aos usuários.

Suas atividades vão desde a formação e desenvolvimento da coleção

(registro, classificação, indexação, catalogação, armazenagem e inventário) até

o acesso e disponibilidade de documentos e disseminação de informações”.

Acervo e usuários são as grandes questões das bibliotecas atualmente.

Na opinião de Targino (1988, p. 19),

“é indiscutível que a Biblioteconomia, voltada

fundamentalmente para os problemas técnicos, tem sido,

pouco a pouco, substituída por uma Biblioteconomia

Page 47: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

34

centrada no usuário. Assim sendo, além da introdução no

currículo de Biblioteconomia da disciplina Estudo de

Usuário e similares, inúmeros estudos têm sido

empreendidos no sentido de conhecer o posicionamento

desses usuários face à biblioteca como instituição social”.

A Biblioteconomia é uma área com várias nuanças e desafios, abrindo

inúmeras possibilidades para os profissionais poderem exercer sua profissão

em qualquer contexto onde existam pessoas necessitando de informações,

documentos a serem preservados e conhecimentos a serem registrados

(Costa, 1998).

Sveiby (1998) destaca a liderança na gestão do conhecimento,

associada à competência profissional e organizacional, enfatiza, também, que

as pessoas são os verdadeiros agentes na organização. O investimento nas

pessoas e em seus conhecimentos é muito importante neste novo contexto.

2.1.7 AS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS

As bibliotecas universitárias são conceituadas tradicionalmente como

bibliotecas de Instituições de Ensino Superior (IES), destinadas a suprir as

necessidades informacionais da comunidade acadêmica, no desempenho de

suas atividades de ensino, pesquisa e extensão (Carvalho, 1981).

De acordo com Pinto (1993, p. 85),

Page 48: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

35

“as bibliotecas universitárias são instituições e, como

tal, constituídas por um conjunto de funções responsáveis,

que vão desde a localização e organização até a

recuperação da informação. A sua estrutura organizacional

está formada por departamentos denominados de divisões

e seções que, em muitos casos, são designados com

outros nomes. A cada departamento cabe a

responsabilidade pelo desenvolvimento de algum produto

e/ou serviço, formando uma cadeia até a execução final”.

Neste sentido, há uma dependência grande entre as partes, se uma

dessas partes falha, afeta o sistema como um todo.

As bibliotecas universitárias foram incluídas por Guinchat e Menou

(1994), no conjunto de unidades de informação, onde predominam as

atividades de conservação e fornecimento de documentos primários e

descrevem algumas características das mesmas: possuem coleções

especializadas e geralmente bastante “completas nas disciplinas científicas e

técnicas ministradas nos diversos cursos da universidade”; atendem,

prioritariamente, aos professores e estudantes e, secundariamente, ao público

em geral; em alguns casos encontra-se organizada uma única biblioteca, por

seções; em outros casos, organiza-se numa biblioteca central e em bibliotecas

descentralizadas. Podem também caracterizarem-se como bibliotecas setoriais

por campo de especialização, como bibliotecas especializadas.

Page 49: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

36

Para Figueiredo (1990), a biblioteca, principalmente a universitária, volta-

se para os usuários e não para os processos que são apenas meios para se

atingir os objetivos. Ao mesmo tempo, busca-se integrar esses objetivos às

metas educacionais.

A formação das bibliotecas universitárias brasileiras seguiu, na maioria

dos casos, o modelo da formação das próprias universidades. Estas resultaram

em grande parte, da reunião de escolas isoladas de ensino superior (Carvalho,

1981) e suas bibliotecas acompanharam este padrão, ou seja, desenvolveram

os acervos já existentes em uma única biblioteca central e em alguns casos

mantiveram as bibliotecas setoriais.

Muitos autores que estudam bibliotecas universitárias e especializadas

geralmente acabam abordando alguns aspectos que são comuns a estes dois

tipos de bibliotecas. Figueiredo (1979) descreveu algumas semelhanças e

contrastes existentes entre ambas e destacou que estes dois tipos de

bibliotecas apresentam similaridades em relação ao tamanho e nível intelectual

das suas coleções e, também, em relação aos serviços prestados e pessoal. O

nível intelectual de suas coleções são similares porque ambas visam servir

uma clientela de formação superior; os serviços prestados aos usuários

também apresentam similaridades, considerando que a maioria das

universidades latino-americanas ainda não possui bibliotecas centrais e suas

coleções encontram-se espalhadas pelos diversos departamentos,

constituindo-se em verdadeiras bibliotecas especializadas propriamente ditas.

Na opinião de Figueiredo (1979, p. 9), fica claro que “tanto na biblioteca

universitária quanto na biblioteca especializada (também universitária) há a

Page 50: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

37

necessidade de pessoal de alto nível, a fim de poder existir uma oportunidade

de comunicação entre os usuários e aqueles que pretendem ser os intérpretes

da coleção, a fim de que possa ser utilizada de maneira eficiente”.

Por outro lado, o autor destaca que, há grandes e complexas diferenças

entre bibliotecas universitárias e especializadas quanto ao contexto onde

atuam, suas estruturas, acervos, objetivos e serviços prestados aos usuários.

Estes contrastes também puderam ser evidenciados por meio da leitura de

textos voltados individualmente para cada um destes tipos, que descrevem as

características e tendências atuais das bibliotecas universitárias e

especializadas.

É virtualmente impossível determinar uma estrutura única e global para

as bibliotecas universitárias brasileiras. Tal impedimento deve-se a fatores que

envolvem a organização administrativa das próprias universidades, a

localização física das unidades participantes, os recursos (físicos, materiais,

financeiros e humanos) disponíveis como também os fatores de ordem

administrativa ditados pelas (nem sempre convergentes) necessidades,

interesses e pontos de vista locais de cada uma das unidades usuárias

(Miranda, 1980). Assim, segundo este autor, a discussão da idéia de

“bibliotecas centrais” continua aberta. De um lado os que defendem uma

centralização absoluta, do outro, os que pretendem a perpetuação de

microbibliotecas setoriais e até de subsetoriais ou ainda de coleções privativas

de departamentos e de professores, sem qualquer controle central. Surgem

também as bibliotecas por níveis, ou seja, uma para os “graduandos” e outra

Page 51: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

38

para os “pós-graduandos” (como se o acervo básico diferisse substancialmente

ao ponto de justificar tal estratificação).

As bibliotecas dos cursos de Pós-Graduação beneficiaram-se com uma

situação excepcional de apoio à pós-graduação no Brasil. Daí o mal-entendido

de uma suposta “exclusividade” de seus serviços para os professores e alunos.

Embora muitas “setoriais” estejam abertas (para consulta local) também para

os graduandos, existe a tendência de se determinar esse “divisor de águas”,

que contraria normas e princípios dos direitos dos usuários e que não coaduna

com os ideais de maximização de uso dos recursos devido às exigências

mesmas do nosso desenvolvimento. Mas, a falta de pessoal nestas bibliotecas

impossibilita o atendimento a uma clientela maior.

Segundo Antonio Miranda (1978) com a expansão dos cursos de pós-

graduação, as necessidades de informações tornaram-se mais sofisticadas e

mais prementes. Os acervos das bibliotecas universitárias não cresceram na

mesma medida do crescimento acentuado da população universitária, da

propalada “explosão da informação” das últimas décadas e elas, muito menos,

evoluíram em termos de relevância e pertinência no tocante aos seus acervos

e serviços.

A tendência foi a implantação de micro-bibliotecas de pós-graduação,

desvinculadas de um verdadeiro sistema nacional de bibliotecas, como

resposta à incapacidade de um serviço pertinente aos pós-graduados pelas

“antigas” bibliotecas centrais e setoriais de “graduação”.

O trabalho científico necessita de atendimento personalizado e agilidade

na busca de informações. Em particular, numa biblioteca setorial, a clientela é

Page 52: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

39

menor e assim, tem-se mais condições de oferecer esse atendimento. Em

síntese, as bibliotecas setoriais parecem ser um “mal necessário” (Miranda,

1978).

2.1.8 AS BIBLIOTECAS ESPECIALIZADAS

As bibliotecas atualmente conhecidas como especializadas começaram

a surgir no início do século XX, acompanhando o desenvolvimento da fase

industrial e em resposta ao avanço da área de ciência e tecnologia. Porém,

maior impulso ocorreu a partir da Segunda Guerra Mundial. Se caracterizam

por possuírem uma estrutura orientada pelo assunto que cobrem, em função

dos objetivos específicos da organização a qual pertencem. Estes objetivos

devem nortear todas as atividades da biblioteca, porque por intermédio dos

serviços que presta, ela deve tornar acessível “qualquer conhecimento ou

experiência que possa ser coletada, para avançar os trabalhos desta empresa

e fazê-la, assim, atingir os seus objetivos” (Figueiredo, 1979, p. 10).

As bibliotecas especializadas têm características peculiares,

principalmente em relação a um acervo mais seletivo e atual, se comparado

aos modelos de bibliotecas tradicionais, como bibliotecas públicas e escolares,

e mesmo às bibliotecas universitárias, com seus acervos mais diversificados

em termos de áreas de conhecimento.

Para Cesarino (1978, p. 231), as bibliotecas especializadas são:

“unidades pertencentes a instituições

governamentais, particulares ou associações formalmente

Page 53: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

40

organizadas com o objetivo de fornecer ao usuário a

informação relevante de que ele necessita, em um campo

específico ou assunto. Para atingir este objetivo são

executadas as tarefas de seleção e aquisição,

processamento técnico e disseminação da informação”.

A biblioteca coloca-se basicamente como um instrumento de pesquisa.

De acordo com Maia et al. (1991, p. 688), “a biblioteca especializada deve ser

vista sempre como centro de suporte à informação, cumprindo o seu papel e

ocupando o seu espaço na cadeia da inovação tecnológica”. Maia et al.,

apoiadas em Zawislak (apud Salvato, 1998, p. 47), aprofundam sua análise do

importante papel exercido pela biblioteca especializada no esforço pela

modernização:

“a cadeia de inovação tecnológica compreende um

conjunto de atividades, métodos e processos, que começa

com a pesquisa básica, passa pela aplicada (já com seus

objetivos práticos definidos), pelo desenvolvimento e

construção de protótipos, até finalizar com a industrialização

e a comercialização do produto final”.

Na visão de Figueiredo (1978, p. 156), as bibliotecas especializadas

diferenciam-se dos demais tipos de bibliotecas “por sua natureza orientada por

assunto, uma vez que as organizações maiores nas quais se inserem, têm

Page 54: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

41

objetivos mais gerais que específicos”. Estes objetivos, por sua vez, devem

nortear todas as atividades da biblioteca.

Com relação aos usuários, Figueiredo (1978, p. 156) conclui que as

bibliotecas especializadas “se distinguem também pelo tipo de pessoas de que

são servidas: pessoas associadas às organizações mantenedoras e que têm

interesses e habilidades especiais”. Como fonte de conhecimento qualificado, a

biblioteca especializada cumpre um papel estratégico para a moderna

organização, pois compete-lhe tornar acessível qualquer conhecimento ou

experiência que possa ser coletada, contribuindo, assim, para com o avanço

dos trabalhos da organização e auxiliando no alcance dos seus objetivos.

Segundo Figueiredo (1978), a biblioteca especializada tem, também,

características que a diferenciam das demais, principalmente em relação ao

acervo bastante diversificado, à manutenção de acervo relativamente pequeno,

porém atualizado, e à necessidade de forte intercâmbio com outras bibliotecas,

visando suprir sua possível deficiência de material.

A biblioteca especializada, no seu papel de fonte informacional de

suporte ao desenvolvimento científico e tecnológico, precisa estar equipada

para atender à demanda em um nível de exigência também especializado.

Assim, é imperioso que a biblioteca especializada se mantenha em

constante modernização, visando identificar, definir, coletar, armazenar,

processar, proteger e distribuir a informação, de forma ativa, tomando atitudes

progressistas e arrojadas, oferecendo a informação necessária, sem se limitar

aos suportes e lançando mão de canais, que sejam formais e informais, e

atuando como verdadeira e indispensável provedora de informações. A

Page 55: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

42

tecnologia da informação, neste contexto, é a ferramenta indispensável para

alicerçar o processo informativo e a consecução das funções da biblioteca

especializada.

Para Figueiredo (1978), as bibliotecas especializadas estão presentes

em organizações industriais e comerciais, em agências governamentais,

instituições de pesquisa, sociedades profissionais, instituições acadêmicas com

coleções departamentais, bibliotecas públicas com coleções especializadas,

hospitais, bancos, escritórios de engenharia, planejamento, advocacia, etc.

Ainda segundo Figueiredo (1978), uma das características que acentua

a diferença existente entre as bibliotecas especializadas e outras bibliotecas é

o tipo de material que constitui suas coleções, enquanto em outras bibliotecas

o material livro/folheto é o mais comum, nas bibliotecas especializadas a

importância maior é dada à informação contida num livro, ou em qualquer outro

material, podendo ser também a informação ainda não impressa, não

publicada, pois que um dos objetivos e características das bibliotecas

especializadas é a de se antecipar à necessidade de sua clientela.

Dentre os materiais que compõem o acervo de bibliotecas

especializadas, Figueiredo (1978, p. 11) destaca os seguintes:

“periódicos especializados, periódicos de índices, de

resumos, de revisões de literatura, bibliografias,

publicações governamentais, relatórios de pesquisa,

relatórios de companhias, de entidades do governo,

catálogos comerciais e industriais, teses, patentes,

diretórios, mapas, recortes de jornal, plantas de

Page 56: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

43

engenharia, dados estatísticos, levantamento de mercado,

correspondência técnica, microformas, cadernos de notas

de laboratório, etc.”.

O número de arquivos verticais para a guarda deste material

diferenciado, é muito mais significativo, como medida da coleção, do que o

número de livros, no ambiente de uma biblioteca especializada.

Outra característica das bibliotecas especializadas é o tamanho

relativamente pequeno de suas coleções. Isto significa que há a preocupação

constante com a avaliação das coleções e seus serviços de disseminação

ativa, contam com suporte de serviços de empréstimo entre bibliotecas, além

da conexão com redes e sistemas de informação.

Guinchat e Menou (1994, p. 336) caracterizam as bibliotecas

especializadas segundo a natureza de sua especialização:

“algumas são especializadas em um tipo de

documento, como as patentes, as normas e os

documentos administrativos. Outras são abertas apenas a

uma categoria definida de usuários, geralmente, os

membros da organização na qual se encontra a biblioteca,

e, eventualmente, as pessoas com uma autorização

especial”.

Segundo os mesmos autores, atualmente as bibliotecas especializadas

realizam atividades nas áreas de documentação (como indexação) e de

Page 57: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

44

informação, como serviços de pergunta-resposta e serviços de análise de

informação.

O usuário típico de bibliotecas especializadas precisa de respostas

urgentes e prestatividade no atendimento a seus pedidos. Por se tratar de

assunto especializado, presume-se que as necessidades digam respeito a

informações atualizadas, precisas e em quantidade. Diante destes fatores,

numa situação ideal, um Bibliotecário de referência experiente deveria estar

disponível e totalmente dedicado a atender ao requisitante. Isto, como se sabe,

dificilmente ocorre. De fato, as bibliotecas especializadas, em geral, têm

poucos especialistas e estes estão sempre ocupados.

Um especialista humano atende a uma solicitação de pesquisa por vez.

Com um sistema de pesquisas por computador, em rede, vários usuários

podem ser atendidos simultaneamente.

Mas, apesar de um sistema dotado de perícia apresentar aspectos muito

positivos, diante das naturais limitações de uma pessoa, considera-se que, por

mais “inteligente” que seja, jamais poderá equiparar-se em capacidade de

raciocínio e coerência a um exímio especialista humano. Afinal, mais do que

grandes porções de conhecimento, o especialista humano tem e pode

desenvolver sensibilidade, flexibilidade, capacidade de fazer inferências e têm

criatividade. Estas características contribuem para a competência.

Quanto mais especializada a biblioteca, mais claros são suas metas e

objetivos. As diversas posições defendidas pelos autores deixam claro que a

biblioteca especializada necessita estar em constante atualização e revisão do

seu acervo e dos seus serviços. Seu compromisso principal seria suprir as

Page 58: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

45

necessidades da organização ou dos seus usuários com as informações em

seu estágio mais atual, ou seja, o “estado-da-arte” na área de concentração do

conhecimento específico. Para tanto, não lhe basta manter um acervo, mas

precisa estar em constante ligação com bibliotecas congêneres, centros de

documentação e redes de informação. Em suma, a biblioteca especializada

não pode estar isolada; ao contrário, sua comunicação com outras fontes de

informações e as atividades de intercâmbio são fundamentais para o exercício

de seu papel na organização a que serve.

2.1.9 NOVAS TECNOLOGIAS

A informação é matéria-prima para qualquer negócio ou atividade. O

profissional da informação, em especial o Bibliotecário, deve assumir uma

postura adequada em relação às exigências do mercado. A sociedade da

informação é a sociedade do aprendizado permanente. As universidades

devem estar em sintonia com a sociedade e com o mercado.

As bibliotecas estão sendo afetadas profundamente pelo advento das

novas tecnologias. A realidade dos computadores, das redes de informação,

como a Internet, da multimídia, com recursos de texto, voz, som e imagem, da

biblioteca virtual, que possibilita o acesso à informação não existente no local,

como se ali estivesse, vem se impondo e tomando o espaço das bibliotecas

que ainda permanecem atreladas aos processos de organização manual,

sabidamente superados.

Page 59: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

46

O Bibliotecário precisa estar consciente de que o usuário já não quer

mais receber uma resposta negativa. Ele deve buscar informações para

satisfazer a sua necessidade, mesmo que estas informações não estejam

fisicamente presentes na unidade em que atua. Para isso torna-se

imprescindível incorporar conceitos que vão desde a qualidade total, passando

pela análise de custo da informação, ao estudo permanente do mercado em

que está atuando.

Considera-se, apoiado na revisão de literatura, que a adoção das novas

tecnologias de atendimento homem-máquina merece atenção especial das

bibliotecas especializadas, somente desta forma, os Bibliotecários podem se

dedicar a outras funções na biblioteca, que dependem da sua especialidade.

Riddick (1990, p. 284) ressalta o poder de “memorização” do

computador e sua rapidez que, combinados, o tornam muito útil num ambiente

em que o nível e quantidade de informações cresce aceleradamente, como nas

bibliotecas especializadas:

“o computador tem alta capacidade de

armazenamento e pode trabalhar de forma muito mais

rápida do que a mente humana. Presumivelmente, ele

poderia ver todas as possibilidades ou associações ou

conclusões que a mente humana somente poderia

assimilar depois de um considerável período de tempo”.

Considerando o cenário da informação, milhares de organizações

passaram a utilizar a tecnologia da informação não somente para automatizar

Page 60: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

47

processos repetitivos, reduzir despesas e agilizar tarefas, mas principalmente

para viabilizar e otimizar o relacionamento com o macroambiente, obtendo

vantagem competitiva nos seus negócios.

A informática modificou fundamentalmente a maneira como se

organizam e administram as bibliotecas e demais serviços que se dedicam a

atividades de processamento, recuperação e disseminação de informações

(Rowley, 1994). A informatização da biblioteca é o processo de trabalho que

racionaliza e simplifica o trabalho.

Uma vantagem importante dos sistemas informatizados é a de que,

quando bem projetados, podem fornecer muitos dados que ajudam no

processo decisório e melhoram de maneira geral o processo de administração.

A tecnologia proporciona serviços que não podiam ser oferecidos antes. Pode-

se citar por exemplo, o serviço de busca bibliográfica que é possibilitado pelo

acesso em linha a uma vasta gama de bases de dados.

Segundo Lancaster e Sandore (apud Salvato, 1998, p. 60),

“a tecnologia tem certamente causado o maior

impacto na biblioteca e no trabalho do Bibliotecário, mas

ela não diminui a necessidade da especialidade humana. A

real especialidade profissional dos Bibliotecários

permanece no papel que eles podem exercer como

consultores da informação ou conselheiros da informação

e existirá a necessidade desses indivíduos por um muito

longo tempo ainda”.

Page 61: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

48

O Bibliotecário que não atua no assessoramento ao usuário têm uma

atuação mais passiva, por não se aprofundar no interesse da pesquisa, está,

nesse caso, mais sujeito a falhas na identificação e localização do material

adquirido. Lancaster e Sandore (apud Salvato, 1998) consideraram importante

a constatação de que “o Bibliotecário deve ser um intérprete da informação,

não somente um intermediário” e destacam o posicionamento de um diretor de

biblioteca, o qual acredita na importância do envolvimento na “filtragem” e no

“fazer-sentido” para o usuário. Há necessidade de empenho na interpretação

das dificuldades do usuário, pois o mesmo freqüentemente tem dificuldade

para exprimir o que quer e adaptar-se à terminologia adotada pela biblioteca.

A rotina das bibliotecas, quaisquer que sejam elas, envolve

inevitavelmente três grandes funções:

1) aquisição de suportes de informação;

2) tratamento desse material; e

3) disseminação da informação.

O processo de automação pelo qual as bibliotecas estão passando visa

facilitar e aprimorar essas tarefas cotidianas. No decorrer dessa evolução,

foram sendo concebidas formas de registros que pudessem efetuar a

preservação e a transferência de informação, transcendendo o espaço e o

tempo, tornando-a independente da memória humana e do contato físico,

consolidando-a de geração a geração. O aparecimento do livro trouxe para a

humanidade o instrumento capaz de consolidar os conhecimentos adquiridos

através dos séculos, tornando-se o veículo de comunicação predominante. Em

sua evolução, o mais importante evento foi a transição dos rolos de papiro para

Page 62: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

49

os livros de pergaminho. Posteriormente, foi a construção do corpora, isto é, a

coleção de textos escritos em um mesmo livro físico (códice), e, com

Gutemberg, o processo de impressão foi implementado, permitindo a

multiplicação e circulação de textos mais agilmente, consolidando as

características básicas de sua identificação, tornando-o um instrumento

clássico para a troca de informação (Rosetto, 1997).

No decorrer dos séculos, o ato e estilo de leitura passaram por várias

modalidades, proporcionando ao livro status diferenciado e, na segunda

metade do século XVII, a leitura extensiva que caracterizou a época,

proporcionou o crescimento da produção, a multiplicação e a modificação dos

formatos (Chartier, 1994a). Essas modificações, adotadas ainda até o presente

momento, possibilitaram ao produtor e leitor da informação uma associação de

formatos e gêneros, categorias de discursos e enorme variedade de tipos de

material informacional. Atualmente, convém lembrar que biblioteca e

informática caminham juntas.

2.1.9.1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

A tecnologia da informação refere-se a todo o aparato de instrumentos e

tecnologias desenvolvidas para dar suporte ao tratamento das informações,

como o hardware, o software e recursos de comunicação, que tornam possível

integrar e agilizar processos no âmbito das relações organizacionais e

humanas. Por meio da tecnologia da informação, pode-se coletar, transmitir,

processar e disseminar conhecimento em uma organização. Por sua vez, a

Page 63: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

50

informação é todo dado interno e externo avaliado para diferentes formas de

uso.

Atualmente, nas organizações, a troca de informações e o domínio do

conhecimento, são meios essenciais para a competitividade e

acompanhamento dinâmico das mudanças marcadas por um mundo

globalizado, em contínua transformação.

Nas organizações, o controle e o domínio da informação assumem cada

vez mais importância e podem representar o diferencial competitivo que lhes

assegura vantagens e até sua sobrevivência no mercado. Para atender a esta

nova realidade, a área de informática vem desenvolvendo tecnologias

avançadas.

Os avanços tecnológicos crescentes conduzem e direcionam para dois

pólos tecnológicos convergentes. O primeiro é o da informática com as

telecomunicações, ou seja, da teleinformática que maximizará o valor da

informação; e o segundo, é a aplicabilidade dos conceitos virtuais.

Segundo Lévy (1996a), o uso da virtualização, cada vez mais presente

no nosso cotidiano, amplia as potencialidades humanas, criando, inclusive, um

novo modo de aprender e de pensar. O autor enfatiza, sobremaneira, as

alterações que ela traz nas concepções de espaço (desterritorialização) e de

tempo (desprendimento do aqui e agora). O virtual, enfatiza o autor, usa novos

espaços e novas velocidades, sempre problematizando e reinventando o

mundo. Outro caráter da virtualidade é o de sua passagem do interior ao

exterior e do exterior ao interior (efeito Moebius). No virtual, explica ele, os

limites de espaço não são mais dados e há um compartilhamento de tudo,

Page 64: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

51

tornando difícil distinguir o que é público do que é privado, o que é próprio do

que é comum, o que é subjetivo do que é objetivo.

Nenhum serviço de informação pode ser realmente eficiente fora do

contexto para o qual foi concebido. A ciência da informação, é uma ampla

ciência que absorve a informação das mais diversas áreas do saber e,

utilizando-se das novas tecnologias, transmite a informação aos usuários da

forma mais rápida e eficaz.

Dentre tantos autores que defendem a interdisciplinaridade da Ciência

da Informação, pode-se destacar Souza (1986, p. 191) que a caracteriza como

“estudo dos fenômenos ligados à produção, organização, difusão e utilização

em todos os campos do saber”.

Muitas organizações estão explorando o conceito de biblioteca do futuro

para explicar o que vem a ser as bibliotecas digitais nesta virada de século.

São concepções reais ou imaginárias já encontradas em trabalhos mais antigos

de quarenta ou cinqüenta anos atrás. Algumas descrevem futuros cenários de

uma situação de biblioteca inteligente. Definir o termo biblioteca digital é fácil,

difícil é convencer os outros a aceitarem a definição proposta. Prova disso é o

grande número de definições disponíveis na literatura. Uma palavra pode ter

diferentes significados em ambientes diferentes, a ponto de Cattelan (1997)

afirmar que a compreensão do conceito de biblioteca digital é barrada pela

terminologia.

Encontram-se expressões diversificadas do que seja biblioteca digital,

tais como: biblioteca eletrônica, biblioteca virtual, biblioteca sem paredes,

biblioteca do futuro, máquina eletrônica. Para muitos autores, bibliotecas

Page 65: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

52

digitais são sistemas que armazenam, acessam, disseminam e gerenciam

objetos digitais. Por sua vez, objeto digital é uma estrutura de dados cujos

principais componentes são o material digital, ou dados.

Muitas discussões sobre a chamada biblioteca do futuro, com variadas

interpretações e conceituações, surgem na década de 50, quando Vannevar

Busch expõe seu conhecido projeto Memex, aparelho capaz de arquivar todas

as informações (fotos, jornais, discos) ao qual o usuário poderia consultar de

forma associativa, isto é, o modo como a mente humana funciona, criando

vínculos entre as diferentes informações. Vannevar é considerado o pai da

biblioteca digital.

Desde então, acompanhando a vertiginosa explosão tecnológica,

inúmeros estudos teóricos, projetos de pesquisa, experimentações, práticas e

programas institucionais começam a ser desenvolvidos. Hoje, pode-se afirmar

que há um corpo expressivo de conhecimento na área, demonstrado por vasta

literatura internacional. A Internet emerge internacionalmente como o espaço

mais profícuo para a operação dos serviços de informação das bibliotecas, em

praticamente todas as áreas do conhecimento e para a maioria dos usuários

atuais e potenciais. Constitui-se num sistema da maior importância para

Bibliotecários, porque nosso objetivo de levar informação a todos está se

concretizando. Qualquer pessoa com acesso a um terminal WWW (World Wide

Web ou Web - sistema multimídia de organização das informações) tem a

mesma possibilidade de encontrar informação, pois, fatores como localização

geográfica, acesso a bibliotecas, idade e nível educacional deixaram de ser

constrangimentos. A Internet democratizou o acesso à informação

Page 66: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

53

independentemente da formação do usuário, abrindo a um número cada vez

maior de pessoas a possibilidade de descobrirem por si sós onde encontrar o

que desejam. No entanto, o simples acesso não é suficiente para garantir

qualidade nos resultados. É preciso tratar adequadamente os dados levantados

para extrair deles o máximo de rendimento possível. A informação gera grande

valor agregado, mas não é nada sem conhecimento. Precisamos ter sabedoria

para produzir, buscar e selecionar as informações.

Se o “internauta” conhece um nome ou termo relevante ao assunto

desejado, pode procurar através de um mecanismo de pesquisa. Outro fator

essencial na compreensão da Internet é a de que ela constitui-se num sistema

interativo, ou seja, qualquer pessoa pode ter uma página na internet, uma

homepage, e colocar informações ao alcance do mundo.

A prática tem demonstrado que a intensificação do uso dos recursos da

Internet vem determinando a necessidade de se criar novos mecanismos de

tratamento da informação. Por um lado, é preciso organizar os sistemas de

busca disponíveis de modo a otimizar o tempo de acesso e melhorar a relação

entre o número de referências levantadas e o número de referências relevantes

localizadas. Curiosamente, a quantidade exorbitante de informações

disponíveis torna-se um transtorno quando oculta o que se procura num

emaranhado de dados irrelevantes. Por outro lado, é preciso tratar a

informação primária obtida sob a forma digital. Embora imateriais em sentido

mais amplo, tais informações precisam passar por processos que permitam sua

conservação, recuperação e disseminação adequadas.

Page 67: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 INTRODUÇÃO

Todo o trabalho, acadêmico ou não, tem uma fundamentação teórica, no

sentido de possuir um conjunto de conceitos, de princípios e técnicas que o

norteiam. A princípio, todo trabalho tem um método, que, não necessariamente,

precise ser seguido à risca, pois o processo pode exigir modificações. Assim,

concorda-se com alguns autores que compreendem que o método inclui,

também, a criatividade do pesquisador (Demo, 1992; Minayo, 1997).

De acordo com Demo (1992, p. 11), metodologia “significa, na origem do

termo, estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer ciência”.

Não se restringe apenas aos métodos e técnicas utilizados na pesquisa, pois,

além da face empírica à qual estes estão relacionados, a metodologia envolve

também “a intenção da discussão problematizante”. Por outro lado, não se

pode subestimar a importância do método para a pesquisa, uma vez que este,

segundo o autor,

“embora apenas instrumental, é indispensável sob

vários motivos: de um lado, para transmitir à atividade

marcas de racionalidade e ordenação, otimizando o esforço;

de outro, para garantir espírito crítico contra credulidades,

generalizações apressadas, exigindo para tudo que se diga

os respectivos argumentos; ainda para permitir criatividade,

ajudando a devassar novos horizontes” (Demo, 1992, p. 12).

Page 68: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

55

A partir desse entendimento, então, Demo (1992, p. 12) conclui que: “a

falta de preocupação metodológica leva à mediocridade fatal” .

Bruyne et al (1977, p. 29), também consideram a metodologia algo muito

mais abrangente que deve: ajudar a explicar não apenas os produtos da

investigação científica, mas principalmente seu próprio processo, uma vez que

a definem como “a lógica dos procedimentos científicos em sua gênese e em

seu desenvolvimento”. Entendem, assim, que as escolhas metodológicas não

são redutíveis a uma seqüência de operações e procedimentos, pois a prática

científica, especialmente em se tratando das ciências sociais, é dinâmica e

requer interpretações e voltas constantes entre os quatro pólos que fazem

parte da metodologia: os pólos epistemológico, teórico, morfológico e técnico.

Em outras palavras, os referidos autores concebem a prática científica

exatamente como um campo no qual atuam as forças (ou exigências)

provenientes desses quatro pólos, o que significa que as escolhas

metodológicas em qualquer pesquisa estão sempre condicionadas, explícita ou

implicitamente, por essas instâncias.

Em conformidade com os autores citados acima, o pólo epistemológico

“exerce uma função de vigilância crítica”, “decide as regras de produção e de

explicação dos fatos, da compreensão e da validade das teorias” (Bruyne et al,

1977, p. 35). Está relacionado, portanto, a “uma gama de ‘processos

discursivos’, de ‘métodos’ muito gerais que impregnam, com sua lógica, as

abordagens do pesquisador”. Os métodos a que se referem são: a dialética, a

fenomenologia, a quantificação e a lógica hipotético-dedutiva.

Page 69: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

56

Já o pólo teórico está relacionado com os “quadros de referência” que

orientam a própria formulação sistemática dos objetos de pesquisa, pois

“desempenham um papel paradigmático implícito” que “propõe regras de

interpretação dos fatos, de especificação e de definição das soluções

provisoriamente dadas às problemáticas” (Bruyne et al, 1977, p. 35). Para os

autores, os principais quadros de referência que compõem este pólo são o

positivismo, a abordagem compreensiva, o funcionalismo e o estruturalismo.

O pólo morfológico, por sua vez, é o lugar da objetivação da

problemática de pesquisa formulada pela teoria. Trata-se de um espaço onde

se articulam os conceitos, os elementos, as variáveis, representa o plano de

organização dos fenômenos. Segundo os autores, “ao mesmo tempo, ele é o

quadro operatório, prático, da representação, da elaboração, da estruturação

dos objetos científicos”. Os principais métodos de ordenação dos elementos

constitutivos desses objetos, em ciências sociais, configuram as seguintes

modalidades de quadros de análise: as tipologias, os tipos ideais, os sistemas

e as estruturas-modelos.

Por último, o pólo técnico é o que “trata dos procedimentos de coleta das

informações e das transformações destas últimas em dados pertinentes à

problemática geral”. É a instância responsável pelo esforço de constatação dos

dados com a finalidade de confrontá-los com a teoria que os suscitou. Está

relacionado aos modos de investigação possíveis na prática científica, os quais

serão escolhidos em cada caso de acordo com as opções já realizadas nos

outros pólos acima descritos. Assim, os principais modos de investigação no

campo das ciências sociais, segundo Bruyne et al (1977) são os estudos de

Page 70: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

57

caso, os estudos comparativos, as experimentações e as simulações. Dentro

de cada um dos modos de investigação encaixam-se diversas técnicas de

coleta dos dados ou informações, as quais serão igualmente selecionadas em

função dos outros campos que compõem a pesquisa a ser realizada.

De acordo com a concepção desses autores, portanto, as escolhas

metodológicas de uma pesquisa formam um verdadeiro sistema, com os quatro

pólos interagindo dialéticamente para formar o conjunto dessa prática. A partir

desse entendimento apresenta-se a seguir a metodologia adotada na presente

pesquisa.

É importante deixar claro que a intenção deste trabalho é buscar a

descrição da realidade a ser estudada tal qual ela se apresenta, buscando

entendê-la a partir da percepção daqueles que se envolveram e se envolvem e

do significado que ela adquire para esses indivíduos (Trivinõs, 1987).

Além disso, a descrição do fenômeno estudado será feita com a

finalidade de atingir sua compreensão apenas, não sendo buscado de forma

alguma realizar intervenções na organização estudada, ainda que se tenha

consciência de que em um estudo deste tipo não é possível total neutralidade

da parte do pesquisador (a interferência direta é evitada, mas sabe-se que a

simples presença do pesquisador, de alguma forma, afeta o objeto de estudo,

por isso a preocupação com o rigor metodológico que dê a garantia de

cientificidade ao estudo realizado).

Page 71: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

58

3.2 PERGUNTAS DE PESQUISA

Alves (1991) observa que as perguntas de pesquisa consistem na

operacionalização do problema de pesquisa. Através delas, pode-se obter, no

contexto estudado, os aspectos relevantes para o que interessa ao

pesquisador.

Tendo como base o problema de pesquisa e o quadro teórico-empírico

apresentado, formulou-se perguntas que serviram de base para o trabalho,

quais sejam:

Como foi o processo de implantação da Biblioteca do CPGA?

Quais os fatores intervenientes no processo de implantação e

funcionamento da Biblioteca do CPGA, na visão dos professores e

ex-professores do curso?

Qual a relação destes fatores com o acervo bibliográfico da Biblioteca

do CPGA?

Como é a atual configuração de funcionamento da Biblioteca do

CPGA?

3.3 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Considerando que o problema proposto para um trabalho de pesquisa e

as teorias adotadas para orientá-lo é que sugerem a forma ou o método que

ele deverá seguir, pode-se afirmar que o presente estudo caracteriza-se por ser

de natureza qualitativa, haja vista que, no entendimento de vários autores,

Page 72: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

59

como Haguette (1987), as pesquisas qualitativas encaixam-se perfeitamente

em situações como o estudo do funcionamento de estruturas em organizações.

Apesar do conceito de pesquisa qualitativa abarcar uma diversidade

muito grande de trabalhos (Godoy, 1995a), basicamente as características dos

estudos desta natureza, de acordo com Bogdon (apud Trivinõs, 1987, p. 127),

são as seguintes:

- o ambiente natural no qual o fenômeno a ser estudado será inserido, é

visto como fonte direta dos dados da pesquisa e o pesquisador é tido como

instrumento-chave, na medida que é o responsável por realizar a ligação do

fenômeno em questão com este ambiente real e complexo;

- são trabalhos essencialmente descritivos;

- existe a preocupação em estudar o processo dos fenômenos

pesquisados, não apenas os resultados e o produto deles decorrentes;

- tendem a analisar as informações obtidas indutivamente, uma vez que

não partem de hipóteses a priori e, por isto, especialmente nas

pesquisas qualitativas fenomenológicas, “os significados, a

interpretação, surgem da percepção do fenômeno visto num contexto”;

- a preocupação essencial, principalmente nos trabalhos com enfoque

fenomenológico, é com o significado que os fenômenos pesquisados

assumem para os indivíduos.

Além dessas características, as pesquisas qualitativas diferenciam-se

das quantitativas em outros pontos. Com relação, por exemplo, às etapas de

desenvolvimento da pesquisa, um estudo de natureza qualitativa caracteriza-se

por ser mais flexível, de tal forma que as etapas de coleta e análise das

Page 73: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

60

informações não são rigidamente separadas e mesmo a própria pergunta que

norteia o estudo pode ser revista no decorrer do processo.

3.3.1 O ESTUDO DE CASO

O presente trabalho assumiu a forma de uma pesquisa qualitativa.

Partindo dessa perspectiva, decidiu-se pela postura metodológica do estudo de

caso por considerar-se que era o mais adequado para se atingir o objetivo

proposto. Isto porque o propósito fundamental de um estudo de caso é analisar

profundamente e com detalhes uma determinada unidade social, procurando

retratar a multiplicidade de dimensões que a compõem, sempre buscando

contextualizar o que se escolheu focalizar com a pesquisa (Godoy, 1995b;

Lüdke e André, 1986). O estudo a ser realizado neste trabalho, é uma

estratégia de pesquisa que se alicerça no entendimento da dinâmica existente

em situações singulares. Segundo Bruyne (1977), o estudo de caso reúne

informações tão numerosas e tão detalhadas quanto possível, com vistas a

apreender a totalidade de uma situação. Por isso, ele recorre à técnica de

coleta de informações igualmente variadas (documentos, observações e

entrevistas).

Para Goode e Hatt (1979), o caso se destaca por se constituir numa

unidade dentro de um sistema mais amplo. O estudo de caso tem se tornado a

estratégia preferida quando os pesquisadores procuram responder às questões

“como” e “por quê” certos fenômenos ocorrem, quando há pouca possibilidade

de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre

Page 74: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

61

fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de algum contexto de

vida real (Godoy, 1995a).

O estudo de caso, de acordo com Yin (1981), é uma estratégia de

pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu

contexto. Difere, pois, dos delineamentos experimentais no sentido de que

estes deliberadamente divorciam o fenômeno em estudo de seu contexto.

Segundo Yin (1981), o estudo de caso como uma estratégia de pesquisa

pode ser utilizado de modo exploratório (visando levantar questões e hipóteses

para futuros estudos, através de dados qualitativos), descritivo (buscando

associações entre variáveis, normalmente com evidência de caráter

quantitativo) e, mesmo explanatório. Ainda segundo Yin (1981, p. 61), “um

estudo de caso explanatório consiste em:

a) uma tradução precisa dos fatos do caso;

b) a consideração de explicações alternativas destes fatos; e

c) uma conclusão baseada naquela explicação que parece ser a mais

congruente com os fatos”.

No caso da pesquisa sobre a trajetória da biblioteca “Professor Alberto

Guerreiro Ramos” do Curso de Pós-Graduação em Administração da UFSC, a

escolha do estudo de caso é função do aspecto contextual e histórico da

pesquisa.

Este trabalho pretendeu analisar profundamente uma unidade

organizacional específica, com vistas a apreender a totalidade da situação,

com o objetivo de avaliá-lo analiticamente.

Page 75: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

62

3.4 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa é de natureza empírica, pois baseia-se em fundamentação

teórica cuja aplicação se verifica numa realidade. Quanto aos fins, é do tipo

exploratória e descritiva. Exploratória, porque se constitui em uma primeira

abordagem de caso de estudo. Descritiva, porque visa descrever

características de determinado fenômeno, delineia o que é, aborda também

quatro aspectos importantes: descrição, registro, análise e interpretação de

fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no presente (Lakatos,

Marconi, 1995). O método que caracteriza e favorece a compreensão do

assunto é o histórico-interpretativo, enquanto o modo de investigação que

fundamenta o presente estudo, identifica-se como estudo de caso histórico-

organizacional. O método histórico-interpretativo, torna-se importante na

medida em que a autora se empenha no resgate da história da biblioteca no

decorrer do tempo. Estuda a biblioteca desde a sua implantação até os dias

atuais para identificar ao longo do tempo, os principais fatores intervenientes no

seu processo de implantação e funcionamento. Utiliza, para tanto, a leitura

interpretativa que tem por objetivo identificar os fundamentos (subsídios que se

prestam para provar, retificar ou negar uma proposição ou tese do assunto que

está pesquisando (Amboni, 1995). A pesquisa tem enfoque longitudinal,

objetivando maior compreensão do fato em estudo desde o início de sua

implantação.

Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica, documental e de campo.

Bibliográfica, porque para a fundamentação teórico-metodológica do trabalho

Page 76: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

63

foi realizada investigação sobre os seguintes assuntos: as organizações, as

bibliotecas, as novas tecnologias e os assuntos voltados à metodologia. A

investigação é documental, porque se valeu de documentos internos do Curso

de Pós-Graduação em Administração (CPGA) da UFSC que dizem respeito ao

objeto de estudo. A pesquisa é de campo, porque coletou dados primários

sobre a biblioteca.

Segundo Vergara (1997, p. 45):

“Uma pesquisa de campo é investigação empírica

realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou

que dispõe de elementos para explicá-lo. Pode incluir

entrevistas, aplicação de questionários, testes e

observação participante ou não”.

O estudo de caso tem caráter de profundidade e detalhamento, foi

realizado no próprio campo de pesquisa. Mas, com vistas a sua maior

atualidade, a coleta de informações foi feita nos meses de maio à julho de

1999.

3.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA E ANÁLISE DASINFORMAÇÕES

Segundo Triviños (1987, p. 170), independente do tipo de coleta de

informações, para obter resultados científicos no campo das ciências humanas

e sociais, as informações devem apresentar coerência, consistência,

Page 77: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

64

originalidade e objetividade, de acordo com os aspectos de critérios internos de

verdade e de critérios externos de intersubjetividade.

A coleta de informações iniciou-se com a revisão de literatura em livros,

periódicos, bases de dados especializadas, Internet, anais de congressos,

dentre outras fontes bibliográficas. A análise iniciou-se com o primeiro

documento lido, com a primeira entrevista e com as observações.

Como procedimento de coleta de informações, usou-se dois recursos

distintos: dados primários e dados secundários.

a) Dados primários são aqueles coletados pela primeira vez pelo

pesquisador. Os dados primários foram coletados através de observação

participante e de entrevistas semi-estruturadas com os coordenadores,

professores e ex-professores que conhecem a história da biblioteca.

Observação participante é uma técnica de coleta de dados onde o

pesquisador está inserido na organização relativa a pesquisa. Destaca-se que

esta inserção se dá de uma maneira natural, visto que ele faz parte da mesma.

Desta forma, o pesquisador, ao mesmo tempo que participa das atividades

rotineiras da organização, realiza a sua pesquisa. Isto se dá de forma que

possibilita ao pesquisador fazer com que as pessoas confiem e compreendam

o objetivo e a importância da investigação. Este método permite também a

evidência de informações que não constem do roteiro de entrevistas (Lakatos e

Marconi, 1991).

Segundo Richarsdon (1985, p. 160), a entrevista é uma técnica

importante que permite o desenvolvimento de uma estreita relação entre

Page 78: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

65

pessoas. É o modo de comunicação no qual determinada informação é

transmitida de uma pessoa A para uma pessoa B.

Kerlinger (1987, p. 350) afirma que há duas maneiras gerais de se obter

informações das pessoas. Uma delas é fazendo-lhes perguntas. Esta é bem

direta. A segunda maneira é fazendo os indivíduos responderem a algum tipo

de estímulo estruturado. Esta forma é mais indireta. A vantagem desse método

é o aprofundamento que se pode conseguir no estudo. Como exemplo, o autor

cita que o entrevistador pode, depois de fazer uma pergunta geral, sondar as

razões das respostas dadas. Os pesquisadores podem ir mais abaixo da

superfície das respostas, determinando razões, motivos e atitudes.

Eco (1983) afirma que a interpretação e transcrição de entrevistas vão

formar o corpo da mesma. A entrevista é um instrumento cujo propósito é a

coleta de informações e segundo Nogueira (1975, p. 113), “deve-se recorrer à

entrevista, sempre que se tem necessidade de informações que não podem ser

encontrados em registros ou fontes documentárias e que se espera que

alguém esteja em condições de prover”.

Na pesquisa organizacional, é primordial que o pesquisador conheça a

cultura da organização para a partir daí, fazer as intervenções com propriedade

e segurança. Uma das maneiras de se conhecer a cultura da organização, é

desvendando os valores, as atitudes e opiniões dos sujeitos que pertencem a

essa cultura e uma das formas para se fazer esta investigação é através do

uso da entrevista não-estruturada e da entrevista semi-estruturada, que são os

instrumentos apropriados para a obtenção de dados subjetivos, aqueles

relacionados aos valores, as atitudes e as opiniões dos sujeitos.

Page 79: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

66

Gil (1995), Lüdke e André (1986), Patrício (1998) e Triviños (1995)

destacam ser a entrevista uma das técnicas de pesquisa mais flexíveis. Entre

os diversos tipos de entrevista, decidiu-se pela entrevista semi-estruturada, que

“ao mesmo tempo que valoriza a presença do investigador, oferece todas as

perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a

espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação” (Triviños, 1995, p.

146).

A entrevista semi-estruturada, é aquela que articula a entrevista

estruturada e a não-estruturada. Segundo Triviños (1987), a entrevista semi-

estruturada é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados

em teorias que interessam à pesquisa, e que, em seguida oferecem amplo

campo de interrogativas, frutos de novas sínteses que vão surgindo à medida

que se recebem as respostas do informante. Desta maneira, o informante

seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências

dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar na

elaboração do conteúdo da pesquisa. Esclarece que as perguntas

fundamentais formuladas na entrevista semi-estruturada surgem não só com

base na teoria que alimenta a ação do pesquisador, mas também de toda a

informação que o investigador já colheu durante o processo de investigação do

fenômeno social.

Já Selltiz et al (1987), colocam que a entrevista semi-estruturada é

apropriada ao desenvolvimento de indagações sobre quais aspectos de uma

experiência específica trazem mudanças àqueles que foram expostos a ela.

Portanto, os sujeitos pesquisados, àqueles que vivenciaram uma determinada

Page 80: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

67

situação, foco da investigação, terão melhores condições para responder as

indagações se a técnica utilizada for a da entrevista semi-estruturada.

b) Dados secundários são aqueles já disponíveis na organização,

contidos em atas, manuais, organogramas, fluxogramas, normas e regimentos

e demais documentos organizacionais. A técnica de coleta para a obtenção dos

dados secundários baseou-se na consulta a alguns desses documentos.

Segundo Richardson (1985, p. 182), a análise documental “pode ser definida

como a observação que tem como objeto não os fenômenos sociais, quando e

como se produzem, mas as manifestações que registram estes fenômenos e

as idéias elaboradas a partir deles”.

3.5.1 OS DOCUMENTOS

Para que fosse possível compreender a Biblioteca do CPGA atualmente,

foi preciso antes de tudo conhecer sua história, o que não significa que esta foi

uma primeira e distinta etapa dentro do processo de estudo, pois como já foi

mencionado anteriormente, as etapas de uma pesquisa que segue a

abordagem qualitativa são sobrepostas, de tal forma que o resgate histórico

ocorreu antes e durante todo o processo de desenvolvimento da pesquisa.

Assim, foram analisados os documentos existentes a respeito de sua história,

desde a sua implantação até os dias de hoje, que se mostravam pertinentes

para o objetivo do estudo. Quanto a isto a pesquisadora teve liberdade total de

acesso, uma vez que a biblioteca em estudo está aproximadamente há oito

anos sob sua responsabilidade. Foi possível, assim, analisar atas, manual de

Page 81: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

68

funcionamento, normas, regimento do Programa e da biblioteca do mesmo,

convênios, documentação do sistema de informática instalado na biblioteca e

demais documentos da mesma, enfim, todos os registros que pudessem ajudar

nessa busca da compreensão da organização.

As informações até então coletadas nos documentos selecionados foram

complementadas por observação participante e entrevistas semi-estruturadas

com os professores, o que possibilitou perceber que muitas informações

relevantes sobre a biblioteca não constavam de seus documentos oficiais.

3.5.2 AS OBSERVAÇÕES

As observações consistiram num dos momentos mais importantes da

pesquisa. Através delas foi possível verificar como funciona a biblioteca. Este

método permitiu também a evidência de informações que não constavam dos

documentos. O contato da pesquisadora com a biblioteca data de julho de

1991, quando foi contratada para organizar e administrar a mesma.

3.5.3 AS ENTREVISTAS

Nesta fase buscou-se abordar questões relativas às percepções dos

entrevistados com relação à uma série de itens:

Que fatores levaram a implantação da Biblioteca do CPGA?

Quais os aspectos que facilitaram a instalação da Biblioteca do

CPGA?

Page 82: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

69

Quais as principais dificuldades encontradas para a instalação da

Biblioteca do CPGA?

Com que recursos a biblioteca montou seu acervo bibliográfico?

Como considera a atuação da biblioteca atualmente?

Qual a importância da biblioteca setorial para o CPGA?

Sugestões ou recomendações para melhorar a atuação da Biblioteca

do CPGA.

Este roteiro serviu principalmente como orientador para as perguntas a

serem feitas aos entrevistados, pois, à medida que se mostrava necessário,

investigava-se mais a respeito, aprofundando-se mais na busca pela

compreensão do tema. Para tanto, foram ouvidos sete professores e ex-

professores, incluindo-se nestes, os quatro professores que foram

coordenadores do Programa de Pós-Graduação até o momento, selecionando-

se os entrevistados a partir do critério de que suas percepções sobre a

Biblioteca do CPGA seriam relevantes para o estudo e, mais importante, que a

vivenciaram desde sua implantação. Os sujeitos sociais apresentaram uma boa

receptividade à entrevista. Estabeleceu-se contato telefônico com os

entrevistados, explicou-se o objetivo do trabalho e buscou-se agendar um

encontro no dia e horário de maior conveniência para os entrevistados. As

entrevistas foram realizadas com bastante informalidade, buscando-se um

clima de descontração. A duração das entrevistas variou um pouco, ficando

entre 20, 30 minutos (a maioria), até uma hora. Foram encerradas quando

julgou-se que as informações obtidas fossem representativas e suficientes para

Page 83: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

70

responder-se à pergunta de pesquisa. Uma das entrevistas foi realizada por

meio de contato telefônico, internet e telefax.

Nas entrevistas, percebeu-se que muitas informações relevantes sobre a

biblioteca, não constavam de seus documentos oficiais. A amostra para as

entrevistas foi realizada de forma intencional, considerando-se adequada ao

caso, pois é utilizada quando a pesquisa necessita obter opinião sobre

determinado assunto em estudo.

As entrevistas foram gravadas com a permissão dos sujeitos sociais e

posteriormente transcritas para que se procedesse à análise das mesmas.

Assim, foram consideradas suas colocações mais importantes para a

compreensão do fenômeno investigado. Todas as entrevistas forneceram

informações valiosas a respeito da organização pesquisada, para analisá-las,

utilizou-se a técnica de análise de conteúdo que, na visão de Chizzotti (1991),

consiste em um método de tratamento e análise de informações, colhidas por

meio de técnicas de coleta de informações, consubstanciadas em um

documento.

As técnicas de coleta de informações citadas, até então, fazem parte do

que Trivinõs (1987) chama de Técnica de Triangulação.

A Técnica de Triangulação abrange a máxima amplitude na descrição,

explicação e compreensão do foco em estudo. Parte de princípios que

sustentam que é impossível conceber a existência isolada de um fenômeno

social sem raízes históricas, sem significados culturais e sem vinculações

estreitas e essenciais com uma macrorealidade (Trivinõs, 1987).

Page 84: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

71

Como nas pesquisas de natureza qualitativa é comum que seja gerado

um grande volume de conteúdos (Alves, 1991), faz-se necessário que estes

sejam organizados para que se possa melhor interpretá-los.

Assim, através da análise de conteúdo procura-se decompor e classificar

o material em estudo conforme algumas características e categorias essenciais

à interpretação do problema de pesquisa.

Segundo Freitas et al. (1996, p. 497), “a análise de conteúdo é uma

técnica de refino (...) que exige, para a satisfação da curiosidade do

investigador, muita dedicação, paciência e tempo; além de intuição, de

imaginação para perceber o que é importante e criatividade para escolher as

categorias. Ao mesmo tempo deve ter disciplina e perseverança, rigor ao

decompor ou contabilizar resultados ou análises”.

Dentre diversas técnicas da análise de conteúdo, a análise por categoria

parece a mais antiga e utilizada. Foi este, portanto, o procedimento adotado no

presente trabalho.

A análise dos documentos, as observações e as entrevistas foram

realizadas com a intenção de investigar a organização em estudo, pôde-se

construir um entendimento bastante abrangente a esse respeito. Na realidade,

as entrevistas realizadas, o resgate da história da biblioteca, e a vivência

dentro da organização é que forneceram a base para esta compreensão. O

emprego destas técnicas foi importante para que o estudo de caso se

efetivasse como tinha sido proposto. Zanelli (1997, p. 91) sintetiza o que foi, de

fato, verificado nesta pesquisa:

Page 85: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

72

“A familiarização com o ambiente imediato, o

contexto em que se insere a organização, sua história e

elementos de sua cultura mostram-se indispensáveis. Os

conteúdos verbais obtidos nas entrevistas completam-se

quando vistos no contexto mais amplo do grupo, da

organização e do ambiente. Compreender um evento a

partir dos significados atribuídos pelos participantes exige

que o pesquisador conheça a cultura da organização em

suas implicações, tanto quanto possível”.

3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Não obstante ao rigor aplicado nesta pesquisa, foram constatados

alguns pontos limitativos durante as diversas fases do desenvolvimento deste

trabalho.

O método de estudo de caso, que embora tenha a vantagem de

possibilitar uma análise profunda das variáveis em questão, tem a

desvantagem de não permitir generalizações plenas das conclusões em outras

bibliotecas, isto é, as conclusões obtidas referem-se somente à Biblioteca do

Curso de Pós-Graduação em Administração.

Page 86: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DASINFORMAÇÕES COLETADAS

4.1 INTRODUÇÃO

Antes de apresentar os dados referentes às perguntas de pesquisa,

fazem-se necessárias algumas informações sobre o ambiente no qual a

biblioteca está inserida, pois, de acordo com Blau e Scott (1979, p. 222), as

condições do ambiente e as características organizacionais estão ligadas

intimamente “fazendo com que a estrutura da comunidade na qual a

organização está localizada a influencia e seja por ela influenciada”.

Assim, este capítulo se divide em duas partes. Apresenta-se,

inicialmente, um breve histórico da Universidade Federal de Santa Catarina,

instituição de ensino superior pública, sendo versado quanto ao perfil da

instituição - sua origem, estrutura e funcionamento como um todo, descreve a

Biblioteca Universitária, suporte muito importante para o Curso de Mestrado, o

Centro Sócio-Econômico, detendo-se no curso de Pós-Graduação em

Administração, para familiarizar o leitor quanto ao contexto da Biblioteca do

Curso de Pós-Graduação em Administração, onde foi realizado o estudo.

Numa segunda etapa, apresenta-se a caracterização da biblioteca

pesquisada, os fatores intervenientes no seu processo de implantação e

funcionamento. Parte-se para a descrição e análise das informações

propriamente ditas.

Page 87: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

74

4.2 A UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

4.2.1 PERFIL DA INSTITUIÇÃO

A Universidade Federal de Santa Catarina vem, ao longo dos anos

sofrendo um processo de crescimento em todos os seus setores, desde que

iniciou suas atividades em 1962. Hoje, pode ser considerada uma universidade

de grande porte, já que integra cerca de 20.000 pessoas. Tem por finalidade,

produzir, sistematizar e socializar o saber filosófico, científico, artístico e

tecnológico, ampliando e aprofundando a formação do ser humano para o

exercício profissional, a reflexão crítica, a solidariedade nacional e

internacional, na perspectiva da construção de uma sociedade justa e

democrática e na defesa da qualidade de vida.

Criada pela Lei n. 3.849, de 18 de dezembro de 1960, que reuniu os

estabelecimentos isolados de ensino superior existentes na capital, a

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tem seu Campus localizado

no bairro Trindade, em Florianópolis. Sua instalação oficial se deu em 12 de

março de 1962, e através do decreto Presidencial n. 64.824 de 15 de julho de

1969, as antigas faculdades foram extintas, criando-se centros e

departamentos, com a adoção do sistema de créditos e matrícula por disciplina.

Atualmente, a UFSC é regida pela legislação pertinente, pelo Estatuto

aprovado pela portaria n. 56, de 1 de fevereiro de 1982, pelo Regimento Geral,

pelos Regimentos dos Órgãos da Administração Superior e das Unidades

Universitárias e pelas resoluções de seus órgãos superiores (Conselho de

Page 88: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

75

Ensino, Pesquisa e Extensão e Reitoria) e de seus órgãos setoriais (Centros,

Conselho Departamental, Coordenação Didática de Cursos e Diretoria).

Percebe-se, assim, que, para o alcance dos seus objetivos, baseados na

sua maioria em valores não quantificáveis, é necessário grande esforço

administrativo na fixação de métodos e procedimentos próprios de gestão.

Em frente a tantas responsabilidades, dispõe de uma infra-estrutura que

permite funcionar como uma cidade qualquer. Além de uma Prefeitura

responsável pela administração do “Campus”, há órgãos de prestação de

serviços, hospital, gráfica, biblioteca, creches, centro olímpico, editora, bares e

restaurantes, teatro experimental, horto botânico, museu, área de lazer e um

Centro de Convivência com agência bancária, serviço de correio e telégrafo,

auditório, bar, restaurante, salões de beleza (masculino e feminino), sala de

meios e cooperativa de livros e de material escolar.

Numa área de um milhão de metros quadrados, 187.452,66 m² são de

área construída. A esta área do “Campus” foram acrescidos dois milhões de

metros quadrados representados por manguezais que servem para a pesquisa

e preservação de espécies marinhas. Através de um convênio com o Ministério

da Marinha, a UFSC, em 1979, obteve a concessão da Ilha de Anhatomirim,

com uma área de 45.000 m², onde está instalada a Fortaleza de Santa Cruz.

Em 1990 o Ministério da marinha transferiu a guarda da Fortaleza de

Santo Antônio, localizada na Ilha de Ratones Grande. Nestas duas ilhas vem

sendo desenvolvidos trabalhos de pesquisa na área de Aquicultura e de

Mamíferos Aquáticos. A UFSC assumiu, também, em 1992 a Fortaleza de São

José da Ponta Grossa ao norte da Ilha de Santa Catarina. Nas três fortalezas,

Page 89: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

76

restauradas pela UFSC, com recursos da Fundação Banco do Brasil, vem

sendo desenvolvidos trabalhos de Turismo Educativo com a participação de

estudantes universitários.

Para melhor cumprir suas finalidades, a UFSC se desdobra em unidades

universitárias, que agrupam o ensino e a pesquisa, congregando áreas do

conhecimento humano, estudando em si mesmo ou em vista de ulteriores

aplicações. Estas unidades dividem-se em departamentos, que congregam 38

cursos de graduação, com 51 habilitações e 65 opções e 45 cursos de pós-

graduação, congregam também, docentes para objetivos comuns de ensino,

pesquisa e extensão, de modo a atender, dentro de sua área, todos os cursos

da Universidade. Hoje possui onze centros, são os seguintes:

• Centro de Ciências Biológicas, com sete departamentos;

• Centro de Ciências Físicas e Matemáticas, com três departamentos;

• Centro de Filosofia e Ciências Humanas, com cinco departamentos;

• Centro de Comunicação e Expressão, com quatro departamentos;

• Centro de Ciências da Saúde, com doze departamentos;

• Centro Tecnológico, com oito departamentos;

• Centro Sócio-Econômico, com quatro departamentos;

• Centro de Ciências Agrárias, com cinco departamentos;

• Centro de Ciências da Educação, com três departamentos;

• Centro de Desportos, com três departamentos;

• Centro de Ciências Jurídicas, com três departamentos.

Segundo dados do Departamento Pessoal da UFSC, o corpo docente é

composto por 1.801 professores, sendo 287 graduados, 324 especialistas, 794

Page 90: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

77

mestres e 396 doutores. Já em relação ao seu corpo técnico-administrativo, é

formado por 2.971 servidores.

Para o desenvolvimento das atividades de pesquisa, a UFSC conta com

806 docentes, os quais compõem, efetivamente, o quadro de pesquisadores da

instituição (UFSC, 1999).

Como órgãos suplementares, pode-se citar a Biblioteca Universitária, o

Hospital Universitário, o Restaurante Universitário, o Museu Universitário, a

Editora Universitária, a Imprensa Universitária e o Escritório de Assuntos

Internacionais.

As atividades de apoio estudantil são desenvolvidas por meio dos

diretórios acadêmicos, programas de bolsas, orientações de moradia, aulas

particulares e viagens de estudo.

4.3 A BIBLIOTECA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DESANTA CATARINA

A Biblioteca Universitária da UFSC, fundada em 1976, é um sistema

composto pela biblioteca central (núcleo central e coordenador técnico) e 8

bibliotecas setoriais, com uma centralização administrativa e técnica. Tem

como suporte técnico a divisão de coleções e tratamento da informação e a

divisão de automação e informática.

As Bibliotecas que compõem o sistema são as seguintes:

• Biblioteca Setorial do CCS (Medicina) - BSCCSM

• Biblioteca Setorial do CCS (Odontologia) - BSCCSO

Page 91: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

78

• Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Agrárias - BSCCA

• Biblioteca Setorial do Colégio Agrícola de Camboriú - BSCAC

• Biblioteca Setorial do Colégio Agrícola de Araquari - BSCAA

• Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Físicas e Matemáticas -

BSCFM

• Biblioteca Setorial do Colégio de Aplicação - BSCA

• Biblioteca do Centro de Educação - BSCED.

A Biblioteca tem por missão prestar serviços de informação às atividades

de ensino, pesquisa, extensão e administração da UFSC.

As Bibliotecas são de livre acesso, atendendo também à comunidade

externa, mas o serviço de empréstimo domiciliar é exclusivo à comunidade

universitária. As Bibliotecas encontram-se dispersas nos centros e colégios.

Segundo dados da Biblioteca Universitária, a mesma possui um acervo

estimado em 280 000 Livros, 3 400 títulos de periódicos, 8 000 teses e

dissertações, 16 200 normas técnicas, 3 000 folhetos, 3 000 fitas de vídeo, 5

000 microformas, 460 conjuntos de slides, 20 bases de dados (CD-ROM), 1

800 material cartográfico. Possui também, serviço de encadernação próprio.

Conta com espaços para:

• Projetar fitas de vídeo, slides e eventos no auditório Elke Hering e nas 3

salas de projeção e, reservando antecipadamente, a utilização na

coleção especial - audiovisual - BC;

• Expor pinturas, desenhos, fotografias;

• Acessar bases de dados em CD-ROM e Internet na sala multimídia;

Page 92: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

79

• Leitura de jornais diários e revistas semanais, na sala de leitura

informativa;

• Para ministrar aulas e atividades em grupo na sala de eventos.

Com a explosão da informação, as bibliotecas armazenam apenas uma

porcentagem da informação produzida no mundo. Quando a mesma não está

disponível na BU, há formas de acessá-la, e recuperar o texto completo. Para

isso conta com:

• Acesso e recuperação da informação quando o documento está no

sistema através dos catálogos e nos terminais disponíveis e

existentes nas bibliotecas.

• Acesso às informações disponíveis em outras instituições, cidades,

países, sem que, necessariamente, o documento esteja na BU - por

meio de bases de dados em CD-ROM, índices e abstracts impressos,

acesso on-line em bancos e bases de dados, INTERNET, seção de

referência da BC, BSCED, BSCFM, BSCCA, BSCCS.

• Localização e acesso físico do documento quando este não está

disponível na BU - por meio de cópias de artigos de periódicos,

teses e dissertações, etc., empréstimo interbibliotecário, serviço de

comutação do serviço de referência da BC, BSCFM, BSCCA,

BSCED.

O usuário tem acesso à base BIBLIUFSC, através da Internet.

A Biblioteca Universitária mantém convênios com os seguintes órgãos:

• Catálogo Coletivo de Publicações Seriadas - CCN, que tem por

objetivo facilitar ao usuário o acesso às informações contidas em

Page 93: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

80

publicações seriadas nacionais e estrangeiras, disponíveis em 1 000

bibliotecas brasileiras, sendo a entidade responsável, o CNPq/IBICT.

• Posto de serviço ANTARES, que presta serviços de informação em

ciência e tecnologia através do acesso a bases de dados em CD-

ROM e on-line, sendo a entidade responsável, o CNPq/IBICT.

• Rede Brasileira de Informação em Ciências da Saúde, coopera no

controle da produção técnico-científica na América Latina em

Ciências da Saúde e presta serviços de informação na área, a

entidade responsável é a BIREME.

• Sistema de informações sobre teses, coopera no controle e

disseminação das teses e dissertações defendidas no país. A

entidade responsável é CNPq/IBICT.

• Rede BIBLIODATA - através da catalogação cooperativa

descentralizada, mantém uma base de dados centralizada de forma a

permitir maior rapidez no tratamento técnico dos acervos

documentários integrantes da rede, disponibilizando as informações

existentes aos integrantes da mesma, tendo como responsável, a

Fundação Getúlio Vargas.

• Informação em Educação Física e Ciência do Desporto - SIBRADID,

coopera no controle das informações produzidas no país e presta

informações na área, a entidade responsável é a UFMG.

• Informação em Engenharia, presta serviços de informação através do

acesso on-line à Bases de Dados em Engenharia e fornece cópias de

documentos por meio eletrônico através do Consórcio ISTEC - The

Page 94: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

81

Ibero-American Science and Tecnology Educatio Consortium, sendo

que a entidade responsável é a Universidade do Novo México U.S.

A biblioteca utiliza o Sistema de Classificação Decimal Universal (CDU)

e possui catálogos de autor, de título, alfabético e sistemático de assunto, para

acesso às informações.

Oferece os serviços de alerta, consulta à base BIBLIUFSC, acesso a

bases de dados, atendimento ao usuário na recuperação da informação,

orientação/treinamento no acesso à bases de dados, reprografia, orientação na

normalização de trabalhos, consultas educacionais, informações turísticas,

intercâmbio, catalogação, mercado editorial, seleção interativa, comutação

bibliográfica (COMUT - British Library Lending), consulta e leitura, empréstimos

domiciliares, empréstimo interbibliotecário, visitas orientadas, cabines para

estudo, salas para estudo individual, reserva e serviço público de acesso à

base de dados (Projeto SPA).

Quanto à rede de informações, houve substituição do software, o

sistema computacional utilizado é o PERGAMUM. Com arquitetura

cliente/servidor (aplicativo no micro e dados no servidor). Foram adquiridos

micros mais velozes e impressoras de 40 colunas. Possui banco de dados

relacional (SYBASE UFSC). Permite integração com outros bancos e cadastros

e também maior flexibilidade no seu uso. O sistema permite extrair estatísticas

de utilização, ampliar coleções, cobrar multas, consulta via internet, lógica

booleana. A biblioteca central possui seis (6) terminais para consulta e as

bibliotecas setoriais possuem dois (2) terminais cada.

Page 95: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

82

A localização da biblioteca central no epicentro do “Campus”, talvez

simbolizando que a universidade teve início no livro, não significa que os vários

setores da universidade não tenham pequenas bibliotecas didáticas e

especializadas, como é o caso da Biblioteca do Curso de Pós-Graduação em

Administração.

4.4 O CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO DA UFSC

O Centro Sócio-Econômico (CSE/UFSC) foi criado em 1970, pela

implantação da Reforma Universitária na UFSC, possui quatro cursos de

graduação, que abrigam aproximadamente 3.000 alunos nos períodos

matutino, vespertino e noturno. Os cursos são os seguintes: Curso de

Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas e Serviço Social.

Possui dois programas de mestrado: Administração e Economia Industrial, que

abrigam cerca de 160 alunos.

4.5 O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EMADMINISTRAÇÃO DA UFSC

O Curso de Pós-Graduação em Administração da UFSC, é vinculado ao

Centro Sócio-Econômico da Universidade Federal de Santa Catarina,

instituição de direito público, havendo sido criado em 1978 por meio de um ato

de pioneirismo no Estado.

Page 96: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

83

Em 1969, houve a reestruturação de todas as universidades federais,

com isso, os estudos de reestruturação e planejamento universitários passaram

a ser implantados. Com recursos do governo, a Universidade Federal de Santa

Catarina assinou convênio com o Conselho de Reitores das Universidades

Brasileiras (CRUB), para a realização de um curso de treinamento e

aperfeiçoamento de pessoal de administração de todas as universidades, pois,

uma boa administração universitária, exige pessoal altamente qualificado.

Durante pouco mais de um ano, o curso foi ministrado a 261 técnicos e

diretores de universidades, selecionados pelo CRUB, em turmas que variavam

de 15 a 25 pessoas, que durante oito horas diárias de aula na UFSC,

aprenderam, debateram, discutiram e examinaram todos os problemas de

administração geral, pessoal, material, finanças, contabilidade, engenharia e

arquitetura, etc. (Lima, 1969).

A Universidade Federal de Santa Catarina procurou, desde sua

implantação, capacitar adequadamente seu corpo técnico-administrativo. Para

tanto, além de possibilitar a formação em nível de aperfeiçoamento e

especialização de considerável parcela de seus técnicos, desenvolveu

inúmeros cursos de extensão e seminários sobre administração universitária,

para os quais sempre contou com a participação de renomados professores e

especialistas nacionais e estrangeiros. Assim, em 1971, o Seminário

Internacional de Administração Universitária, realizado pela UFSC, constituiu-

se no ápice de um ciclo de estudos sobre o assunto. Decorreram eles de

convênio assinado entre a UFSC e o CRUB para a realização do projeto

denominado como “Projeto de Administração Universitária”.

Page 97: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

84

Por conseguinte, tendo a UFSC colhido tamanha experiência, entendeu-

se válida a ampliação do processo, e foi oferecido aos professores, diretores e

técnicos de universidades, além de pessoas interessadas, um curso de pós-

graduação, em nível de especialização, em Administração Universitária, tendo

como objetivo, formar os recursos humanos necessários à demanda das

instituições de ensino superior.

O Curso de Mestrado em Administração Universitária foi criado porque

era a grande transição das universidades federais, a Administração

Universitária era o forte já em nível local, nacional e internacional.

O Curso de Mestrado em Administração Pública foi criado com o objetivo

fundamental de formar profissionais permanentes de alto nível em

Administração Pública, capazes de garantir a base indispensável para o salto

desenvolvimentista. No Brasil, existiam somente dois cursos de mestrado em

Administração Pública na época, o mais antigo e pioneiro na América do Sul, o

da Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas,

com sede no Rio de Janeiro. O segundo, na Universidade de Brasília. Os

demais cursos de mestrado em funcionamento até então, dirigiam-se

especificamente à empresa privada, como a da Escola de Administração de

Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas; Universidade Federal

do Rio Grande do Sul; Universidade de São Paulo; Universidade Federal do

Rio de Janeiro; Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro;

Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal da Paraíba.

O Curso de Mestrado em Administração da UFSC foi aprovado pelo

Departamento de Ciências da Administração, integrante do Centro Sócio-

Page 98: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

85

Econômico, e conduz à obtenção do título de Mestre em Administração. É

credenciado pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). Os longos anos de

dedicação acadêmica de seus mestres resultaram no reconhecimento nacional

e internacional de que hoje desfruta, representando o coroamento da busca do

aperfeiçoamento e de seu desempenho na preparação de mestres qualificados

e na elaboração de trabalhos de pesquisa relevantes ao desenvolvimento da

sociedade.

A primeira turma de alunos foi admitida em março de 1978, na área de

Administração Pública. Mais tarde, em março de 1980, foi matriculada a

primeira turma de Administração Universitária.

A área de Administração Pública tinha por objetivos:

• Aumentar os níveis de produtividade e qualidade do serviço público e

do magistério superior;

• Melhorar a capacidade gerencial em níveis compatíveis com a

realidade atual;

• Criar uma nova mentalidade administrativa, levando em consideração

as tendências da década; e

• Capacitar os futuros mestres para a realização de pesquisas voltadas

à solução dos problemas regionais e nacionais, que refletissem uma

preocupação com o desenvolvimento teórico-empírico da

Administração.

A área de Administração Universitária por seu lado, tinha como

objetivos:

Page 99: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

86

• Formar recursos humanos especializados para atender as

Instituições de Ensino Superior;

• Aumentar os níveis de qualidade e potencialidade gerencial dos

administradores universitários;

• Analisar criticamente a Administração Universitária; e

• Capacitar os futuros mestres para a realização de pesquisas voltadas

à solução dos problemas regionais e nacionais, que refletissem uma

preocupação com o desenvolvimento teórico-empírico da

Administração.

Em 1989, as áreas de concentração existentes, passaram a ser as

seguintes: Políticas e Planejamento Governamental; Políticas e Planejamento

Universitário e; Organizações e Gestão. Após 1995, o Curso passou a ter

somente uma área de concentração, Políticas e Gestão Institucional.

O Curso de Pós-Graduação em Administração da UFSC tem pautado

suas ações pela busca da excelência e permanente atualização, mantendo-se

atento às mudanças constantes ocorridas no mundo globalizado. Coerente com

estes princípios, o CPGA vem recompondo seu quadro docente e implantando

núcleos interdisciplinares de estudo, com vistas a assegurar a continuidade, o

aprofundamento e o aprimoramento das pesquisas realizadas. Além disso,

promoveu em 1995, a reformulação de sua estrutura curricular e de suas linhas

de pesquisa, com concentração na área de Políticas e Gestão Institucional,

propiciando uma concepção mais ampla de seus conteúdos, quer na

perspectiva macro-institucional, como em nível gerencial, adequando-as tanto

ao processo de regionalização dos mercados, como a um arrojado projeto de

Page 100: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

87

expansão, que passa pela oferta sistemática de turmas especiais fora de sua

sede e pela implantação, em futuro próximo, do programa de doutorado.

Desde sua implantação, o Curso de Mestrado em Administração conferiu

o título de Mestre a 240 alunos, hoje atuando nos mais diversos escalões da

administração pública ou no magistério superior, em nível regional e nacional.

Atualmente abriga cerca de 90 alunos estudantes. É filiado a ANPAD

(Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração) e

mantém diversos convênios, com instituições nacionais e internacionais, para o

desenvolvimento de pesquisas conjuntas e intercâmbio acadêmico de

professores e estudantes.

Os candidatos selecionados, na média de 20 alunos ao ano, podem

pleitear bolsa de estudo. Distribuídas segundo critérios dos órgãos

financiadores, destinam-se aos alunos que se comprometem a dedicar-se

integralmente ao Curso e a concluí-lo no prazo estabelecido.

A organização acadêmica do Curso de Mestrado pauta-se por duas

orientações básicas: a interdisciplinaridade e a flexibilidade. A primeira

corresponde à vinculação, à reciprocidade, à interação e à complementaridade

entre as várias disciplinas. Já a flexibilidade manifesta-se tanto no número de

opções oferecidas aos alunos como na estruturação e planejamento das

próprias disciplinas, que permitem ao aluno, dentro de certos limites, compor

sua programação pessoal.

O Curso foi concebido de forma a atender as exigências estabelecidas

no Regimento Geral e no Regulamento dos Cursos de Pós-Graduação da

UFSC, apresentando estrutura curricular flexível em termos de disciplinas e

Page 101: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

88

atividades acadêmicas, organizadas segundo o regime de créditos semestrais.

A duração máxima do curso é de 3 anos, a partir da data de matrícula.

As disciplinas do Programa estão categorizadas em Obrigatórias,

Eletivas e Optativas. Consideram-se disciplinas Obrigatórias aquelas que visam

homogeneizar os conhecimentos dos alunos, ensejando-lhes conceitos

introdutórios (epistemológicos, teóricos e instrumentais) e propiciar uma

compreensão crítica e sólida da evolução do pensamento administrativo. São

consideradas disciplinas Eletivas aquelas que possibilitam a concentração de

estudos em temas de formação e pesquisa de interesse específico dos alunos.

As disciplinas Optativas são aquelas destinadas a desenvolver tópicos

avançados em Administração, permitindo o aprofundamento de estudos em

direção à elaboração do trabalho terminal.

Além dos conjuntos de disciplinas que compõem os núcleos, poderão

ser oferecidos Seminários de Administração, com a finalidade de abordar

tópicos especiais e avançados, não contemplados nas disciplinas existentes.

O CPGA possui em sua estrutura organizacional cinco núcleos de

pesquisa, são:

• Núcleo de Pesquisa e Estudos em Administração Universitária -

NUPEAU;

• Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Planejamento e Gestão

Estratégicos - NIEPGE;

• Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Comportamento Humano em

Organizações - NIECHO;

Page 102: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

89

• Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Gestão de Produtos e Custos -

NIEPC;

• Núcleo de Estudos sobre Organizações e Delimitação - NUSOL.

O corpo docente do Curso de Mestrado é constituído por professores

credenciados pelo colegiado do Curso, em conformidade com as normas

propostas pelo Curso. Podem fazer parte integrante do corpo docente,

professores oriundos de qualquer departamento da UFSC, bem como de outras

instituições de ensino superior do país ou do exterior. São classificados de

acordo com as diretrizes da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de

Nível Superior (CAPES), em professores permanentes e participantes.

A definição de uma política alternativa capaz de reverter o quadro de

capacitação de docentes e técnico-administrativos das instituições localizadas

fora dos grandes centros nacionais de pós-graduação, tem sido perseguida de

diversas formas pelo Programa, destacando-se, mais recentemente, a oferta de

turmas especiais de seu Curso de Mestrado na sede de instituições

conveniadas.

4.6 A BIBLIOTECA DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃOEM ADMINISTRAÇÃO DA UFSC

4.6.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA BIBLIOTECA

As entrevistas, as observações de campo e os dados secundários sobre

a biblioteca, desenharam o seguinte panorama: Na época da implantação do

Page 103: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

90

Programa de Mestrado, em 1978, com a área de Administração Pública, não

existiam mais bibliotecas setoriais, as que haviam tinham sido absorvidas pela

biblioteca central que centralizou todas.

A biblioteca do Programa teve início em 1979 como ‘estante

bibliográfica’, teve seu início com doações de livros, funcionava junto ao

Programa de Mestrado, nas instalações da Biblioteca Central da UFSC. O

depoimento do entrevistado 03, é o seguinte:

“nós estávamos começando o mestrado e decidimos que uma biblioteca

seria importante para o curso. Aí conseguimos doações, nós não tínhamos

recursos para comprar muitos livros, nós começamos com doações, então, na

realidade a biblioteca setorial começou através de doações né... doações de

instituições que nós solicitáva-mos. Os recursos que tínhamos eram pequenos,

mesmo assim nós compramos alguns livros e colocamos lá na setorial, mas

era uma coisa muito pequena”.

A biblioteca tinha por objetivos, e ainda mantém até hoje, ser um centro

de informações capaz de dar suporte bibliográfico ao processo ensino-

aprendizagem, à pesquisa e promover a democratização do conhecimento;

cumprir sua função social de organizar e disseminar a informação de interesse

ao desenvolvimento do Programa de Mestrado junto a comunidade interna e

tem como objetivo principal, o foco no usuário”.

Em 1980, as novas instalações do Centro Sócio-Econômico ficaram

prontas e houve a transferência do Curso de Mestrado. Nas novas instalações,

Page 104: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

91

a biblioteca funcionava na sala de reuniões do curso e o atendimento aos

alunos e professores era efetuado pelas funcionárias da secretaria do curso.

Da dificuldade de se ter espaço físico para guardar os livros que tinham sido

adquiridos, em condições de segurança e também permitir a sua utilização

direta pelos professores e alunos, em junho de 1987, a biblioteca foi transferida

para uma sala própria, até hoje está instalada no 2° andar do Centro Sócio-

Econômico, onde funciona o Mestrado, possui espaço físico de 180m², no

Campus da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, Estado

de Santa Catarina.

Da dificuldade de se manter o acervo organizado, somente em janeiro

de 1989 foi contratada a primeira Bibliotecária para organizar e coordenar a

biblioteca, Gisela Eggert, a mesma permaneceu na biblioteca até fevereiro de

1990, quando por ocasião do início de seu mestrado na Universidade Federal

de Minas Gerais (UFMG) na área de Biblioteconomia. Logo em seguida, de

acordo com a ata do colegiado do curso, foi contratada a Bibliotecária Claudia

Romani, sendo que a mesma permaneceu no cargo até junho de 1991. Esta

saiu da biblioteca pois foi convidada para trabalhar como chefe de vendas na

Livraria da Fundação do Ensino de Engenharia (FEESC) no Centro de

Convivência da UFSC. Em 1996, a mesma voltou para o Programa, mas na

condição de mestranda. Após a saída de Claudia Romani, foi contratada a

Bibliotecária Sílvia Maria Berté Volpato (esta) para administrar a biblioteca, em

julho de 1991, até a presente data.

Segundo relatos e documentos, no início da implantação da biblioteca, o

Programa tinha poucos recursos. Ao longo de sua existência, o Programa

Page 105: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

92

assinou muitos convênios com instituições, com o objetivo de desenvolver

programas de cooperações mútuas. Em 1979, como está descrito literalmente

na Ata de 17 de outubro, da reunião do Colegiado do curso, o representante

discente deu ciência do resultado da reunião que promoveu com alunos do

curso, reclamou da ‘falta de material didático’.

Na mesma Ata, consta o primeiro convênio assinado, proposto pelo Prof.

Ubiratan Simões Rezende, com o ITEP (Fundação Instituto Técnico de

Economia e Planejamento). Os depoimentos a seguir, ilustram essa situação:

“esse convênio entre a UFSC e o ITEP, previa a ministração, através do

curso, de um programa acadêmico especial com o objetivo de formar recursos

humanos na área de planejamento governamental. Com parte dos recursos

advindos desse convênio, foram adquiridos livros que davam apoio à disciplina

de Teoria da Delimitação dos Sistemas Sociais que ia ser explorada no

Programa pelo Prof. Alberto Guerreiro Ramos, juntamente com outros

professores” (Entrevistado 01) .

“o convênio com o ITEP previa que o Programa deveria trazer

professores estrangeiros para ministrar aulas no curso. O curso foi dado por

professores nossos e professores estrangeiros, da Universidade do Sul da

Califórnia, da USC (Entrevistado 03).

Page 106: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

93

Assim, a biblioteca teve parte de sua manutenção subsidiada por esse

convênio, que foi o primeiro grande investimento para o Programa e,

consequentemente, para a biblioteca.

O depoimento do entrevistado 03 reforça esta informação:

“a biblioteca, em algum momento, ela deu um salto qualitativo grande.

Então, entendes... deu um salto qualitativo grande no momento em que o

CPGA fez um convênio com o ITEP. Quando nós fizemos esse convênio, nós

colocamos recursos substanciais, então foi aí que a biblioteca realmente

começou a adquirir livros”.

Em maio de 1980 foram publicados os Cadernos do Curso de Pós-

Graduação em Administração, foram um instrumento de divulgação da

produção científica docente do CPGA na fase inicial do Programa.

No final do ano de 1980, foi assinado convênio com a ACAFE

(Associação Catarinense das Fundações Educacionais) visando a preparação

de professores das Instituições de Ensino Superior (IES) do interior do Estado.

Na reunião do colegiado de outubro de 1981, foi feita menção sobre a

biblioteca: “A biblioteca é precária, embora tenha melhorado”. Foi decidido

continuar melhorando o acervo bibliográfico.

Em novembro de 1981, foi celebrado o convênio entre o Conselho

Nacional de Pesquisa (CNPq) e Fundação Centro de Formação do Servidor

Público (FUNCEP), com o objetivo de apoiar pesquisas e dissertações sobre

Administração Pública e Capacitação Gerencial.

Page 107: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

94

Em dezembro de 1982 foram concedidas as primeiras bolsas de estudo

aos alunos do Curso pelo CNPq.

Em março de 1983 foi assinado o convênio de mútua cooperação entre

a UFSC, através do Programa, e a The George Washington University

(GWU/EUA), para o desenvolvimento de trabalhos conjuntos. Em setembro do

mesmo ano, o Curso de Mestrado passou a constar da lista dos cinco cursos

recomendados pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível

Superior (CAPES) para efeito de distribuição de bolsas de estudo. Desta forma,

passa a ser considerado pela CAPES um dos cursos mais conceituados de

mestrado em Administração do país. Neste mesmo ano, a UFSC faz convênio

com o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras através do qual o

Programa fica com a responsabilidade de ministrar um curso intensivo de

Administração Universitária para quinze 15 candidatos oriundos de diversas

Universidades Brasileiras e de outros países da América Latina, sob o

patrocínio da Organização Universitária Interamericana (OUI), com sede em

Quebec, no Canadá.

Em março de 1985, o curso solicitou recursos financeiros à Organização

dos Estados Americanos (OEA), os mesmos se destinaram à aquisição de

livros, bolsas de estudos para alunos da América Latina, intercâmbio de

professores nacionais e estrangeiros e reforço das atividades do Programa.

Neste mesmo ano, foi assinado novo convênio entre a UFSC e a The George

Washington University (GWU/EUA) na área de Administração Universitária.

Esteve na UFSC, o Prof. Philip Marcus da Universidade do Estado de Michigan

(EUA) para discutir a minuta do convênio entre a Universidade do Estado de

Page 108: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

95

Michigan e a UFSC nas áreas de Ciências Sociais e Administração Pública e

Universitária.

Em setembro de 1985, foi assinado convênio de mútua cooperação

entre a UFSC e a Universidade do Oriente, no Uruguai. Ficou decidido que o

Programa receberia um aluno uruguaio para o curso de mestrado em

Administração Pública e outro para o curso de Administração Universitária. Em

contrapartida, o Programa receberia recursos da OEA, para aquisição de

material bibliográfico, material permanente e de consumo. Neste mesmo mês

foi, também, renovado o convênio com a OEA, como contrapartida deveria

receber mais quatro estudantes latino-americanos em seu curso de mestrado

em Administração Universitária. Com os recursos financeiros recebidos, o

Programa patrocinou a aquisição de material bibliográfico, aquisição de

passagens para participação em seminários e congressos nacionais e

internacionais, bem como despesas com comunicações nacionais e

internacionais. O Coordenador do Programa solicitou aos membros do

Colegiado indicação de listas bibliográficas para serem adquiridas com parte

deste recurso.

Foi aprovado pelo Colegiado que, a partir de 1986, o processo de

seleção dos candidatos seria realizado através da ANPAD, o que vem

acontecendo até hoje.

Em março de 1986 foi realizado o Seminário de Administração

Universitária em convênio com a Universidade de Concepción, no Chile. Foram

realizados dois seminários, um em Florianópolis e outro no Chile.

Page 109: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

96

Em abril deste ano, esteve em visita o Prof. Joseph Greenberg, da

GWU, em decorrência do que estabeleceu o convênio de mútua cooperação

existente entre ambas as universidades. Proferiu palestra para os professores

e alunos do Programa de mestrado, fez contatos pessoais e visitas a setores

da UFSC.

Em julho deste mesmo ano, foi efetuado convênio entre a UFSC e a

Universidade do Minho, em Braga, Portugal, através do qual estaria aberto o

intercâmbio na área de Administração Universitária para professores e alunos

do Programa.

Na reunião do Colegiado do mesmo mês, representantes discentes

expuseram, dentre outros assuntos, o problema da biblioteca do Programa.

Houve a comunicação sobre o Seminário Internacional de Administração

Universitária em Florianópolis, para os dias 9 a 11 dezembro deste ano, tendo

como tema “Liderança e Administração Universitária”, e tendo como

Coordenador o Prof. Victor Meyer Júnior.

Em 1986 formou-se uma coleção de livros representativa na área de

Administração Universitária, uma das áreas de concentração do Curso de

Mestrado, subsidiada por verbas do convênio com a Organização dos Estados

Americanos (OEA). O Programa recebeu, para o terceiro trimestre, mais seis

alunos oriundos de diversos países da América Latina, de acordo com o

convênio firmado com a OEA.

Decidiu-se pela compra de mais de 12.000 dólares em livros, com

recursos da OEA. Houve a confirmação do Ministério da Ciência e Tecnologia

Page 110: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

97

sobre a liberação de dois (2) micro-computadores para o Programa, que

auxiliaram na organização dos serviços da biblioteca, entre outras atividades.

Por essa época, alunos do Programa em fase de elaboração da

dissertação, passaram a utilizar cabines individuais na Biblioteca Universitária.

Em junho de 1987, a sala própria para a biblioteca do Programa já

estava com seu equipamento instalado e a biblioteca foi transferida, estando

em pleno funcionamento.

Em agosto de 1987, o Prof. Antonio Niccoló Grillo, que desde o início foi

Coordenador do curso, passou a ser substituído pelo Prof. Clóvis Luiz Machado

da Silva. Na gestão deste, foram aprovados os seguintes núcleos:

• Núcleo de Pesquisa e estudos em Administração Universitária

(NUPEAU) e;

• Núcleo de Análise, Planejamento e Pesquisa em Organizações

(NAPPO).

Em outubro de 1988 foi aprovado o terceiro projeto com a Organização

dos Estados Americanos (OEA) para 1988/89, visando a qualificação dos

docentes ligados ao Programa, tendo como Coordenador o Prof. Victor Mayer

Júnior.

A partir do funcionamento do novo currículo em março de 1989, cria-se

as seguintes áreas de conhecimento (áreas de concentração):

• Políticas e Planejamento Governamental;

• Organizações e Gestão e;

• Políticas e Planejamento Universitário.

Page 111: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

98

No mês de abril houve novas eleições para Coordenador e Sub-

Coordenador para mandato de 2 anos, sendo eleito novamente o Prof. Clóvis

Luiz Machado da Silva para Coordenador e o Prof. Francisco Gabriel

Heidemann para Sub-Coordenador.

Em julho de 1990, foi aprovado pela UNESCO um financiamento para a

realização de um Seminário de Administração Universitária, no 2² semestre de

1990, na Universidade de Costa Rica, com a participação de professores do

Programa.

Em fevereiro de 1991, o Prof. Francisco Gabriel Heidemann foi eleito o

novo Coordenador do Programa, o mesmo permaneceu na coordenação do

Programa por dois mandatos. Assim que assumiu, o Coordenador do curso

comunicou ao Colegiado que o espaço físico da biblioteca foi aumentado,

ganhou mais uma sala.

Em julho de 1993, foi assinado convênio entre a UFSC e a SWEEDISH -

International Development Authority (SIDA), visou a execução do projeto

“Curso sobre políticas de desenvolvimento sustentável e questões de gênero

no Sul do Brasil”.

Em agosto de 1993, foi assinado convênio com a Escola Nacional de

Administração Pública (ENAP), com o objetivo de criar o Programa de Apoio à

Pesquisa em Administração Pública (PAP).

Em outubro de 1993, para a biblioteca do Programa foram assinadas

três revistas estrangeiras: Administration & Science, Organization Studies e

The Journal of Higher Education. Também foram renovadas as assinaturas das

revistas brasileiras, Revista de Administração de Empresas (RAE), Revista de

Page 112: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

99

Administração da USP (RAUSP) e Revista de Administração Pública (RAP).

Para informatizar a biblioteca, foi instalado o programa Micro-ISIS nos

microcomputadores da biblioteca.

Em 1993, com os Recursos de Bancada, provenientes da Fundação

Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES), através do

Programa de Fomento à Pós-Graduação (PROF), que financia a aquisição de

equipamentos destinados às atividades de ensino e pesquisa específicas dos

Programas de Pós-Graduação, assim como a aquisição de livros e periódicos

necessários aos Programas de Pós-Graduação.

Em 1994, a biblioteca passou a ser designada pelo nome de: “Professor

Alberto Guerreiro Ramos”, foi uma homenagem ao Professor, pois o mesmo foi

professor visitante no início do CPGA, foi professor e orientador de quatro

professores do Programa de Mestrado que tiveram uma importância muito

grande no curso. Lecionou várias disciplinas, publicou diversos trabalhos nos

Cadernos do Curso e ofereceu relações de livros que deveriam ser adquiridos

no início das atividades do Mestrado.

Em abril de 1995, houve novas eleições para Coordenador do Programa,

ficando o Prof. Nelson Colossi eleito, o mesmo foi reeleito em 1997 e 1999.

4.6.2 PROFESSOR ALBERTO GUERREIRO RAMOS

Guerreiro Ramos formou-se em Ciências Sociais e em Direito. De

acordo com Mello (1997), foi professor da Escola Brasileira de Administração

Pública (EBAP) da FGV, na qual ensinava a cadeira de sociologia. Antes de

Page 113: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

100

ingressar na Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) foi, durante 20

anos, técnico de administração do DASP, onde dava aulas de sociologia nos

cursos e treinamentos de servidores públicos. Logo passou a colaborar

também com a Revista de Serviço Público (RAP), onde se encarregou da

seção de livros. Esteve vinculado ao Gabinete Civil do Governo de Getúlio

Vargas. Seu rico currículo inclui a publicação de mais de uma dezena de livros,

outros tantos de folhetos e textos para revistas científicas ou publicações

especializadas e centenas de artigos para jornais, sempre num estilo

inconfundível, que segundo Mello (1997), proporciona ao leitor, o chamado

prazer do texto. Proferiu palestras em Paris e muitas vezes no Brasil.

Participou, como delegado do Brasil, da XVI Assembléia Geral da ONU. Foi

eleito Deputado Federal, cargo que desempenhou com bastante brilho até ser

cassado pelo regime militar, em 1965. Regressou, então, à Fundação Getúlio

Vargas, com o apoio do então presidente da Fundação, Dr. Luiz Simões Lopes,

que ignorou a advertência do Sistema Nacional de Informações (SNI), que

considerava Guerreiro subversivo, o que nunca foi.

Escreveu por essa época, um de seus mais importantes livros:

“Administração e estratégia do desenvolvimento: elementos de uma sociologia

especial da administração”, publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em

1966. Como resultado desse trabalho, Guerreiro Ramos recebeu o convite, que

aceitou, para ser professor da Escola de Administração Pública da

Universidade do Sul da Califórnia (USC), cargo que exerceu até sua morte, em

1982.

Page 114: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

101

A sociologia proposta por Guerreiro Ramos pressupunha um saber

sobre a sociedade brasileira que teria fins eminentemente práticos. Segundo

Oliveira (1997b), para ele, o campo da administração ganha densidade

exatamente por ser uma ciência social aplicada. No pensamento de Ramos,

política e administração são os principais campos de ação e é por isso que ele

se debruçou sobre elas, o mesmo procurou produzir um saber que tivesse um

compromisso com a sociedade ou, como dizia, que realizasse a “assimilação

crítica das teorias importadas” (Oliveira, 1997b).

De acordo com o entrevistado 02,

“Guerreiro Ramos morreu em 6 de abril de 1982, nos Estados Unidos,

foi um intelectual que marcou profundamente o pensamento social brasileiro,

reagindo aos cânones da institucionalização das ciências sociais, que talvez

por isso tenha sido esquecido, marginalizado”.

Guerreiro foi um mestre que acreditou na “vida intelectual como

possessão” e que lançou flechas incendiárias aos muros do saber: “Que país é

este? Qual o papel das elites intelectuais nesta sociedade? Essas eram suas

questões. Gritos de guerra que abriram discussões, suscitaram debates e

provocaram reações. Mas que até hoje continuam a ecoar à procura de

respostas. (Oliveira, 1995).

Esse era Alberto Guerreiro Ramos, o intelectual e escritor militante, o

político apaixonado. A sede de compreender e capturar a conexão de sentidos

Page 115: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

102

do processo histórico-social fez de sua produção e de sua militância um

paradigma singular de profissão em sociologia.

As propostas de Guerreiro Ramos tiveram maior aceitação no espaço

das escolas de Administração no Brasil. Mesmo quando se encontrava nos

Estados Unidos, voltava ocasionalmente ao Brasil e era convidado a visitar e

fazer palestras em cursos de administração, estabelecendo o debate em torno

da “teoria delimitativa dos cursos de sociologia ou ciências sociais” (Oliveira,

1997b).

Numa de suas poucas visitas ao Brasil depois da anistia, ministrou um

curso para a Universidade Federal de Santa Catarina, mais especificamente,

para o Curso de Pós-Graduação em Administração, onde oportunizou aos

alunos escutar e discutir sua Teoria da Delimitação dos Sistemas Sociais.

No período de 1979, o Programa contou com a presença do Prof.

Alberto Guerreiro Ramos como professor visitante. O mesmo ministrava a

disciplina “Planejamento Governamental”, e contribuiu muito na indicação e

seleção de documentos nesta área, inclusive com a doação de itens de seu

acervo particular. Muitos dos livros adquiridos pela biblioteca tiveram sua

influência. A primeira grande seleção de livros foi feita por ele.

A linha de pesquisa em Teoria da Delimitação dos Sistemas Sociais,

desenvolvida por Gurerreiro Ramos, influenciou muitos trabalhos de

dissertação do CPGA. A Teoria chamou a atenção de muitos pesquisadores,

não só por sua perspectiva crítica em face da sociedade contemporânea, mas

também por sua proposta de novos caminhos para a vida humana individual e

associativa, decorrentes de um modelo societário multicêntrico, livre das

Page 116: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

103

deformações economicistas hoje em voga, em cujos enclaves a plena

atualização individual e inter-relacionamentos pessoais mais autênticos e

gratificantes se tornam possíveis (Alves Filho, 1982).

Em 1994, em reconhecimento à sua influência e atuação no Curso, a

biblioteca passou a ser designada com seu nome.

4.6.3 A ADMINISTRAÇÃO - OS RECURSOS HUMANOS

A biblioteca é administrada por uma Bibliotecária e conta com os

serviços eventuais de bolsistas e estagiários do Curso de Biblioteconomia da

UFSC, preferentemente, os quais, desenvolvem as atividades de

processamento técnico, digitação, atendimento ao usuário e extensão.

De acordo com o entrevistado 02, “a biblioteca deveria ter profissional

disponível em três turnos para atender e assistir aos alunos e professores”.

4.6.4 OS USUÁRIOS

São usuários da Biblioteca do CPGA, os alunos e professores do

Programa de Mestrado e outros cursos/programas de áreas convergentes e

afins bem como os alunos dos Cursos de Especialização em Administração da

Fundação do Ensino e Pesquisa Sócio-Econômico (FEPESE). Os alunos são

cadastrados na biblioteca mediante listas emitidas pelas coordenadorias dos

cursos.

Page 117: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

104

Sendo assim, quase todos os entrevistados afirmam que a biblioteca

representa um papel significativo para os usuários. Além disso, consideram que

a mesma, com o tempo, tornou-se um local onde também os alunos se

encontram para conversas informais.

A percepção dos entrevistados 03 e 07 sobre a biblioteca, são as

seguintes:

“a biblioteca é um auxílio direto ao aluno, é o ponto de convergência

entre os mesmos, que trocam idéias sobre os trabalhos que estão realizando,

um ajuda o outro na pesquisa bibliográfica” (Entrevistado 03).

“a biblioteca prestou relevantes serviços aos professores e aos

mestrandos do CPGA, com reflexos altamente positivos na produção científica,

tanto docente como discente do Programa” (Entrevistado 04).

4.6.5 AS ATRIBUIÇÕES

Dentre as atribuições da Bibliotecária e da biblioteca, destacam-se

aquelas que se referem à pesquisa de material bibliográfico e atendimento aos

usuários:

• responder à questões de referência;

• organizar e manter atualizadas as bases de dados locais;

• prestar serviço de consulta e empréstimo de material bibliográfico;

• efetuar pesquisa quando solicitada;

Page 118: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

105

• divulgar novas obras;

• divulgar sumários correntes de periódicos como um produto do

serviço de circulação dirigida;

• reunir, classificar, catalogar e conservar a documentação de

trabalhos

realizados pelo Curso de Pós-Graduação em Administração.

4.6.6 A SELEÇÃO E A AQUISIÇÃO DO MATERIAL

A seleção é a atividade técnica que orienta a formação e o

desenvolvimento do acervo. A aquisição é o processo que engloba as

atividades de formação, manutenção e controle do acervo da biblioteca, de

acordo com as necessidades da população usuária potencial. A modalidade de

aquisição é o processo de aquisição do material seja por compra, permuta e/ou

doação (Pasquarelli, 1988). Geralmente limita-se à aquisição de títulos

indicados pelos professores, pelo Coordenador e pelos alunos/usuários, como

também por títulos selecionados de listas de editoras e livrarias.

A autorização para a aquisição de materiais (livros, periódicos, etc.) é

feita mediante solicitação e aprovação pela Coordenadoria do Curso. A

aquisição é realizada através de solicitação do CPGA ao Centro Sócio-

Econômico, este, por sua vez, solicita à Reitoria, que faz licitação entre as

livrarias cadastradas.

Page 119: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

106

A aquisição por doação é submetida à avaliação para aproveitamento ou

repasse para outras Instituições. A Biblioteca do CPGA não tem política escrita

quanto a seleção dos materiais.

O acervo bibliográfico, concentrado na Biblioteca do CPGA, é submetido

a uma triagem numa periodicidade de 2 anos, para que seja feito o descarte

(doação, permuta, eliminação) e substituição de material extraviado, danificado

e ultrapassado.

As verbas para compra de livros e assinatura de periódicos são

provenientes do orçamento do curso e de convênios. Têm, geralmente prazos

determinados para o gasto, o que implica a necessidade de se ter bem claros e

definidos os critérios para tomada de decisão na seleção e gerenciamento do

processo de compra.

Compete ao Bibliotecário acompanhar o processo de compra através de

licitação e receber o material adquirido, mediante conferência com as notas

fiscais emitidas, formalizando, se for o caso, possíveis falhas, e/ou declarando

o recebimento. Acompanhar, sistematicamente e de forma contínua, o

recebimento dos fascículos das publicações periódicas, sobretudo, no caso de

compra, considerando, essencialmente, sua periodicidade.

4.6.7 O ACERVO

O acervo da Biblioteca do CPGA é especializado principalmente na área

de administração, metodologia científica, ciências sociais e educação

universitária. Atende usuários que tenham interesse principalmente na área

Page 120: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

107

administrativa e universitária. Centraliza o material bibliográfico de natureza

administrativa, bem como, reúne, seleciona, organiza, dissemina e arquiva as

informações nessa área.

Quatro tipos de Bases de Dados Bibliográficas locais estão disponíveis

para consulta do acervo, são:

1. LIVROS: acervo de livros em geral, dicionários, dissertações e teses de

outros cursos, obras de referência, tratadas no todo, com 4.200 títulos e

5.000 volumes;

2. PERI: acervo com 620 registros analíticos de artigos até o momento;

3. TESE: acervo de dissertações com 232 títulos e 426 volumes. 237

títulos e 468 volumes de projetos de dissertações.

4. ANAIS: com 1.600 artigos registrados, cobrindo os anos de 1981-1996

dos Anais da ANPAD (Associação Nacional dos Programas de Pós-

Graduação em Administração). Sendo que, em 1997 e 1998 os Anais da

ANPAD apresentam-se sob o formato de CD-ROM.

Estas bases de dados são mantidas sobre padrões técnicos, como

indicados a seguir:

• Atendem aos requisitos e normas técnicas da área de

Biblioteconomia e o padrão internacional para referências

catalográficas do Código de Catalogação Anglo-Americano - AACR-

2;

• Adotam a Classificação decimal Universal - CDU, na organização

física e temática do acervo.

Page 121: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

108

• A indexação temática segue, em princípio, o vocabulário controlado.

Entretanto, as bases de dados bibliográficas têm indexação própria

de vários outros campos de identificação dos documentos,

controlados no dicionário de termos de busca.

• Autor pessoal, principal e secundários, da obra como um todo, são

catalogados por palavra significativa do nome.

As bases de dados locais operam com o suporte do sofware gerenciador

de bases de dados bibliográficas CDS/ISIS, versão para microcomputadores

MicroISIS, obtida junto à UNESCO, por meio do Instituto Brasileiro de

Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT, distribuidor no Brasil. A versão do

software MicroISIS utiliza o sistema operacional MS-DOS.

O software MicroISIS oferece uma grande variedade de opções de

pesquisa, com o recurso da lógica booleana, o que facilita o processo de

recuperação das referências bibliográficas.

O termo de pesquisa, simples ou composto, pode apresentar-se com

letras maiúsculas ou minúsculas, com ou sem acentuação, pois o software

possui uma rotina de conversão interna que trata destas situações

apropriadamente, produzindo os mesmos resultados com qualquer das

condições de digitação.

O software MicroISIS possui funções de indexação, que mantém um

conjunto de arquivos invertidos, a partir dos quais é criado um dicionário ou

lista de termos invertidos, obtidos a partir de especificações de campos a

serem indexados e respectivas técnicas de indexação.

Page 122: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

109

Os entrevistados 02, 03, 05 e 06 consideram os recursos financeiros

muito importantes para se ter um acervo atualizado:

“a questão dos recursos é uma questão de prioridade/preferência, devia-

se destinar no mínimo 5% dos recursos vindos para o Programa à aquisição de

material, livros e revistas para a biblioteca” (Entrevistado 02).

“a biblioteca setorial deverá destinar o mínimo de recursos para manter o

mínimo de atualização, principalmente de periódicos” (Entrevistado 03).

“a condição básica para o funcionamento da biblioteca são os recursos

financeiros” (Entrevistado 05).

“uma das condições mais importantes numa biblioteca é a atualização

do acervo” (Entrevistado 06).

4.6.8 OS PROCESSOS TÉCNICOS DO ACERVO

Com a finalidade de agrupar os livros por assunto, a organização técnica

da biblioteca é feita de acordo com o sistema de Classificação Decimal

Universal - CDU, que melhor se adapta as bibliotecas universitárias. O número

de classificação atribuído é o mais exato possível para se determinar o

assunto.

Page 123: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

110

Para a classificação de autor é usado o Cutter-Sanborn Therefigure

Author Table, usualmente chamada de tabela Cutter: Tabela de autor com três

algarismos, tem como característica: arranjo alfabético de letras. Gera-se desta

forma, o número de chamada da obra, composto pelo número de classificação

e pelo número de Cutter.

A Catalogação é feita de forma simplificada para armazenagem direta

em computador (Base de Dados), onde são descritos os campos e sub-campos

para identificação de cada obra. Adota-se o Código de Catalogação Anglo-

Americano (AACR-2).

A biblioteca adota os sistemas de catalogação e classificação que

permite pronta identificação e localização de livros, periódicos, artigos de anais,

dissertações, projetos de dissertações e outros itens de documentos de

interesse do Curso.

4.6.9 A CONSULTA

Quanto a consulta, verifica-se que os usuários freqüentemente buscam

o que existe de mais recente sobre o assunto. Os mesmos requerem

informações de qualidade e, sobretudo, atualizadas. Nos relatos ouvidos,

evidenciou-se ênfase em se ter um acervo representativo do que há de melhor

na área.

Duas categorias de pesquisa são oferecidas:

1. Pesquisa direta (rápida), onde a busca é baseada nos termos

armazenados no dicionário de termos invertidos;

Page 124: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

111

2. Pesquisa de texto livre (lenta), que permite localizar qualquer seqüência

de caracteres, em um determinado campo, mediante uma verificação

seqüencial em todos os registros das bases de dados, sem qualquer

consulta ao dicionário de termos invertidos.

O recurso da pesquisa booleana possibilita recuperar referências que

atendam a uma especificação precisa, mediante a montagem de uma

expressão que combine diferentes termos de busca, interligados por

operadores lógicos:

• AND, eqüivalente ao conector E, é representado pelo sinal de asterisco

“*”, significa que termo 1 e termo 2 devem ser atendidos

simultaneamente (restrição), para que a referência seja válida;

• OR, eqüivalente ao conector OU, é representado pelo sinal de adição

“+”, significando que termo 1 e termo 2 são ambos válidos (adição), para

que a referência seja válida;

• NOT, eqüivalente ao conector NÃO, é representado pelo sinal de

circunflexo “^”, significa que termo 1 somente é válido se termo 2 não

atende simultaneamente (restrição), para que a referência seja válida.

A seguir é apresentado o modelo de dados, contendo os elementos de

informações essenciais para a descrição e identificação de uma obra no

acervo.

Figura 02 e figura 03: Telas de pesquisa para usuários finais do

MicroISIS da Biblioteca do CPGA/UFSC

Page 125: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

112

Figura 02 – Tela de pesquisa para usuários finais do MicroISIS

SISTEMA DE BIBLIOTECA * CPGA

T - Consulta

D – RESULTADOS DA PESQUISA

B – VER BANCO DE DADOS F7 – EMPRÉSTIMO/BAIXA/RESERVA

P – GRAVAR PESQUISA F9 – INCLUIR NOVO USUÁRIO

S – EXPRESSÃO BOOLEANA SHIFT F5 – IMP. LEMBRETE/DEV.

SHIFT F7 – IMPRIME PESQUISA SHIFT F6 – IMP. CARTA/ATRASO

SHIFT F8 – MUDA BASE LIVRO SHIFT F9 – MUDA BASE EMPRÉSTIMO

X - SAÍDA

ESCOLHA A OPÇÃO: ---

Micro CDS/ISIS – ver.3.07 © UNESCO

Page 126: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

113

Figura 03 – Tela de pesquisa para usuários finais do MicroISIS

SISTEMA DE BIBLIOTECA * CPGA

BASE DE DADOS BIBLIOGRÁFICOS E EMPRÉSTIMO

E – ENTRADA DE DADOS I – ATUALIZAR O DICIONÁRIO

S – PESQUISA M – CÓPIA DE SEGURANÇA

C – MUDAR BASE DE DADOS P - IMPRESSÃO

X - SAÍDA

ESCOLHA A OPÇÃO: ---

Micro CDS/ISIS – ver.3.07 © UNESCO

Page 127: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

114

4.6.10 PATRIMÔNIO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS

Uma das condições básicas para o funcionamento da biblioteca são os

recursos tecnológicos de informática, na biblioteca estes recursos são mantidos

pelo Programa de Pós-Graduação, a manutenção dos microcomputadores e

impressora é exercida pelo Núcleo de Manutenção (NUMA), com consultoria

interna de um profissional da área, responsável pelos serviços de

desenvolvimento e manutenção das bases de dados bibliográficas.

A biblioteca possui:

1 microcomputador modelo Pentium, com processador de 166

megahertz,

com 20 gigabytes de winchester com multimídia.

1 microcomputador modelo 486 para serviço de consulta do acervo;

1 impressora modelo HP 680, com tecnologia jato de tinta.

Os computadores estão interligados, com ambiente operacional

Windows 95.

Os serviços relacionados à Internet são suportados por 1 equipamento

servidor, ligado ao próprio Curso de Pós-Graduação em Administração. O

serviço é recente e está em fase de implantação, com os serviços técnicos a

cargo da consultoria do próprio Programa, no momento, o usuário não tem

acesso direto ao acervo, via pesquisa em terminal de rede.

Page 128: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ERECOMENDAÇÕES

Durante o processo de colher e analisar-refletir as informações,

compreendi melhor Bolen, (1988, p. 122) ao afirmar que,

“quando uma pessoa está seguindo um caminho

com o coração, seus sonhos a alimentam, são interessantes

e agradáveis e, com freqüência, conferem uma sensação de

bem-estar. Sincronisticamente, é como se oportunidades se

abrissem de modo fortuito; as pessoas que deveríamos

encontrar, cruzam por acaso o nosso caminho, um fluxo de

facilidades acompanha o nosso trabalho”.

No presente capítulo, como primeiro objetivo, são formuladas as

principais considerações da autora frente à percepção dos professores

entrevistados e das informações levantadas junto às fontes de informações e

sobre o que se observou sobre a Biblioteca do CPGA. Para tanto, são

retomadas as perguntas de pesquisa que nortearam o estudo, as quais

procuram verificar a trajetória da Biblioteca do CPGA, os fatores intervenientes

no processo de implantação e funcionamento da mesma e como estes fatores

influenciaram na aquisição de seu acervo.

Como segundo objetivo, são apresentadas algumas recomendações

para futuros trabalhos que visem estudar o tema bibliotecas especializadas,

Page 129: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

116

baseadas na experiência da autora frente à presente pesquisa, abrindo

caminhos para novas indagações inspiradoras de outros campos de pesquisas

teóricas e empíricas.

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos dados levantados, pode-se contextualizar a trajetória da

biblioteca em contexto externo, contexto interno e quanto ao seu

funcionamento e tendências:

A) CONTEXTO EXTERNO:

Uma biblioteca funciona como elo de ligação entre o universo da

produção intelectual registrada e as necessidades de informação de seus

usuários.

A formação das bibliotecas universitárias brasileiras seguiu, na maioria

dos casos, o modelo da formação das próprias universidades. Estas resultaram

em grande parte, da reunião de escolas isoladas de ensino superior (Carvalho,

1981), e suas bibliotecas acompanharam este padrão, ou seja, desenvolveram

os acervos já existentes em uma única biblioteca central e em alguns casos

mantiveram as bibliotecas setoriais.

Como citado por Figueiredo (1979), as bibliotecas atualmente

conhecidas como especializadas começaram a surgir no início do século XX,

acompanhando o desenvolvimento da fase industrial e em resposta ao avanço

Page 130: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

117

da área de ciência e tecnologia. Porém, maior impulso ocorreu a partir da

Segunda Guerra Mundial. Caracterizam-se por possuírem uma estrutura

orientada pelo assunto que cobrem, em função dos objetivos específicos da

organização a qual pertencem.

Os setores da sociedade, mais precisamente os que prestam serviços,

devem adequar-se a esta nova realidade, ou perderão o seu espaço de

atuação. As bibliotecas especializadas somente vão exercer o seu papel de

provedoras estratégicas de informação não convencional, se atenderem

satisfatoriamente às expectativas dos seus usuários, em termos de serviços e

de recursos de última geração.

De acordo com Antonio Miranda (1978) com a expansão dos cursos de

pós-graduação, as necessidades de informação tornaram-se mais sofisticadas

e mais prementes. Os acervos das bibliotecas universitárias não cresceram na

mesma medida do crescimento acentuado da população universitária, da

propalada “explosão da informação” das últimas décadas e elas, muito menos,

evoluíram em termos de relevância e pertinência no tocante aos seus acervos

e serviços.

A tendência foi a implantação de micro-bibliotecas de pós-graduação,

desvinculadas de um verdadeiro sistema nacional de bibliotecas, como

resposta à incapacidade de um serviço pertinente aos pós-graduados pelas

“antigas” bibliotecas centrais e setoriais de “graduação”.

No início dos anos oitenta, as bibliotecas dos cursos de Pós-Graduação

beneficiaram-se com uma situação excepcional de apoio à pós-graduação no

Brasil. Daí o mal-entendido de uma suposta “exclusividade” de seus serviços

Page 131: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

118

para os professores e alunos. Embora muitas “setoriais” estejam abertas (para

consulta local) também para os graduandos, existe a tendência de se

determinar esse “divisor de águas”, que contraria normas e princípios dos

direitos dos usuários e que não coaduna com os ideais de maximização de uso

dos recursos devido às exigências mesmas do nosso desenvolvimento. Mas, a

falta de pessoal impossibilita o atendimento a uma clientela maior. A escassez

de recursos obriga a cooperação ou até mesmo a integração, no campo da

Biblioteconomia.

Os autores consultados para o desenvolvimento desta pesquisa são de

opinião de que é necessário se buscar tecnologias avançadas de atendimento

aos usuários de pesquisa em bibliotecas, visando sua autonomia na

recuperação de informações e documentos. A adoção de novas tecnologias,

principalmente nas bibliotecas universitárias, não foi decorrente só da postura

dos dirigentes, mas sim, também do Plano Nacional de Bibliotecas

Universitárias (PNBU-SESU-MEC de 1986). Constava do Plano uma diretriz

específica relativa às ações que objetivavam estimular a automação dos

procedimentos técnicos e administrativos das bibliotecas universitárias, com

vistas a facilitar o atendimento aos usuários. Outro aspecto que contribuiu para

a adoção de novas tecnologias foi a mudança do perfil dos segmentos que

fazem uso das informações, principalmente, pela proliferação de cursos de

pós-graduação no País.

Sabemos que as bibliotecas estão sendo pressionadas por fatores de

natureza econômica, tecnológica e social, e que têm sido levadas a se adaptar

a uma realidade em que os recursos financeiros se tornam cada vez mais

Page 132: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

119

insuficientes. Surgem também questionamentos, suscitados em parte, pelos

avanços da tecnologia da informação que, por meio de infovias cada vez mais

eficientes, prometem pleno acesso à informação, até mesmo dispensando o

deslocamento físico do usuário. A realidade dos computadores, das redes de

informação, como a Internet, multimídia, recursos de texto, voz, som e imagem

e da biblioteca virtual, que possibilita o acesso à informação não existente no

local, como se ali estivesse, vem se impondo e tomando o espaço das

bibliotecas que ainda permanecem atreladas aos processos de organização

manual, sabidamente superados.

A tecnologia da informação, neste contexto, é a ferramenta

indispensável para alicerçar o processo informativo e a consecução das

funções da biblioteca. Sabemos que a tecnologia vem proporcionando

profundas transformações nos procedimentos de produção, transmissão e uso

da informação, dissociando-os dos suportes tradicionais, como livros

impressos, periódicos e jornais.

As publicações eletrônicas têm oferecido outros suportes e

possibilidades de acesso, requerendo que as bibliotecas revejam seus

procedimentos atuais de gerenciamento, incluindo esses novos suportes.

Como conseqüência, os novos profissionais da informação deverão se

concentrar nessa situação, preparando-se para as novas possibilidades de

acesso à informação.

A sociedade como um todo está engajada no uso da tecnologia para o

acesso às informações, a massificação do uso da tecnologia sinaliza para um

futuro apoiado em sistemas inteligentes e totalmente integrados aos

Page 133: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

120

procedimentos normais do cidadão. A utilização cada vez maior das máquinas,

em breve espaço de tempo, deve deixar de ser algo tão revolucionário, como o

é nos dias atuais, isto é, será normal na vida das novas gerações.

Não se pode acreditar num ensino, pesquisa e extensão com qualidade,

sem a utilização e atualização das bibliotecas. A razão da existência da

biblioteca é o usuário, o que significa dizer que em quaisquer atividades da

biblioteca é esse o fim último a que se almeja.

b) CONTEXTO INTERNO

No caso da Universidade Federal de Santa Catarina, verifica-se que, ao

longo dos anos vem sofrendo um processo de crescimento em todos os seus

setores, desde que iniciou suas atividades em 1962.

O Curso de Mestrado em Administração iniciou com a área de

concentração em Administração Pública; mais tarde, em março de 1980, foi

matriculada a primeira turma de Administração Universitária; em 1989, as

áreas de concentração existentes, passaram a ser as seguintes: Políticas e

Planejamento Governamental; Políticas e Planejamento Universitário e;

Organizações e Gestão. Após 1995, o Curso passou a ter somente uma área

de concentração, Políticas e Gestão Institucional.

Como foi visto na revisão de literatura, no início dos anos oitenta, as

bibliotecas dos cursos de Pós-Graduação beneficiaram-se com uma situação

excepcional de apoio à pós-graduação no Brasil. A biblioteca do Curso de Pós-

Graduação em Administração CPGA/UFSC selecionada para a pesquisa,

Page 134: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

121

iniciou suas atividades em um ambiente favorável, refletido pelo contexto

externo. Os coordenadores do curso de pós-graduação aproveitaram-se dessa

oportunidade

favorável para aparelhar a biblioteca.

Assim sendo, três grandes momentos contribuíram para a aquisição de

materiais bibliográficos para a biblioteca: A formação da biblioteca (da

seleção de Guerreiro Ramos ao convênio com o ITEP. O convênio com a

OEA e o convênio com a CAPES.

1. FORMAÇÃO DA BIBLIOTECA (SELEÇÃO DE GUERREIRO RAMOS AO

CONVÊNIO COM O ITEP)

No período de 1979, o Programa contou com a presença do Prof.

Alberto Guerreiro Ramos como professor visitante, que ministrou a disciplina

“Planejamento Governamental”, contribuindo muito na indicação e seleção de

documentos nessa área, inclusive, com a doação de itens de seu acervo

particular. Muitos dos livros adquiridos pela biblioteca tiveram sua influência. A

primeira grande seleção de livros foi feita por ele.

O primeiro grande momento, aconteceu em 1980, quando do convênio

entre a UFSC, por intermédio Programa de Mestrado em Administração com a

Fundação Instituto Técnico de Economia e Planejamento (ITEP), que previa a

ministração, de um programa acadêmico especial com o objetivo de formar

recursos humanos na área de Administração Pública. Com parte dos

recursos advindos desse convênio, foram adquiridos livros que davam apoio a

essa área de concentração. O convênio com o ITEP manteve-se até 1986.

Page 135: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

122

2. CONVÊNIO COM A OEA

O segundo grande momento aconteceu em 1985, o Programa solicitou

recursos financeiros à Organização dos Estados Americanos (OEA), os

mesmos se destinaram à aquisição de livros, bolsas de estudos para alunos da

América Latina, intercâmbio de professores nacionais e estrangeiros e reforço

das atividades do Programa. Com esses recursos foram adquiridos muitos

livros, inclusive os livros estrangeiros que são parte muito importante do acervo

da biblioteca. Formou-se uma coleção de livros representativa na área de

Administração Universitária, uma das áreas de concentração do Curso de

Mestrado. Do acordo com o convênio firmado com a OEA, o Programa recebeu

recursos financeiros. Em contrapartida, o Programa recebeu muitos alunos

estrangeiros para aqui fazerem seus mestrados. O convênio com a OEA

manteve-se até 1993.

3. CONVÊNIO COM A CAPES

A partir de 1993, com os Recursos de Bancada, provenientes da

Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES), por

meio do Programa de Fomento à Pós-Graduação (PROF), que financia a

aquisição de equipamentos destinados às atividades de ensino e pesquisa

específicas dos Programas de Pós-Graduação, assim como a aquisição de

livros e periódicos necessários aos Programas de Pós-Graduação, a Biblioteca

do CPGA também adquiriu muito material bibliográfico. Do convênio com a

CAPES, as aquisições ocorreram passo a passo, por meio de indicações de

títulos, também adquiria-se conforme a necessidade do curso de mestrado. No

Page 136: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

123

início, não havia a necessidade de ser feita licitação para a compra, se um

professor de uma disciplina precisa-se de um livro, imediatamente fazia-se a

compra. Comprava-se também novidades da literatura que interessava ao

Curso de Mestrado e à área de Administração, como também por títulos

selecionados de listas de editoras e livrarias. Atualmente, a seleção

normalmente é efetuada pelo Coordenador do Programa e pela Bibliotecária. A

aquisição é efetuada a partir de títulos indicados pelos professores, pelo

Coordenador e pelos alunos/usuários.

Para se entender o processo de implantação e funcionamento da

biblioteca ao longo destes anos, não se pode ignorar as ações dos

coordenadores e as interações das várias partes interessadas, que procuraram

mover a biblioteca de um estado para outro. Os diferentes valores

organizacionais e distintos comportamentos administrativos surgiram ao longo

da trajetória da biblioteca nos vários períodos por que a mesma passou. Os

coordenadores, com suas ações, sempre procuraram o crescimento da

biblioteca.

A partir de 1998 é que surgiram as primeiras dificuldades com relação

aos problemas econômicos. Isso reforça os escritos de Hall (1984), Perrow

(1976), entre outros, quando afirmam que o ambiente externo influencia a

organização. Esse condicionamento existe na Biblioteca do CPGA. No início da

implantação da biblioteca, o ambiente se apresentou favorável a aquisição de

materiais para a biblioteca, com o tempo foi ficando estável.

A ênfase no crescimento físico esteve presente na biblioteca. De uma

estante na sala de reuniões, passou para um local próprio. Foram contratadas

Page 137: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

124

Bibliotecárias para organizar e administrar o acervo, uma após a outra,

sucessivamente. Em 1992, o acervo, que antes era preparado manualmente,

passou a ser automatizado.

C) O FUNCIONAMENTO DA BIBLIOTECA E SUAS

TENDÊNCIAS:

A biblioteca sempre foi uma instituição viva e atuante, indispensável

fonte de aprimoramento cultural. Quase todos os entrevistados afirmam que a

biblioteca representou e representa até hoje, um papel significativo para os

usuários. Além disso, consideram que a mesma, com o tempo, tornou-se um

local onde também os alunos se encontram para conversas informais. A

biblioteca é um auxílio direto ao aluno, é o ponto de convergência entre os

mesmos, que trocam idéias sobre os trabalhos que estão realizando, um ajuda

o outro na pesquisa bibliográfica.

Quanto às condições de organização interna, a Biblioteca do CPGA

demonstrou estar em boas condições, com o acervo de livros, dissertações,

anais do Encontro Nacional dos Cursos de Pós-Graduação em Administração

(ENANPAD) e alguns periódicos, totalmente informatizado, funcionando em

rede local, atuando como importante apoio ao assessoramento de seus

usuários.

A Biblioteca do CPGA, mesmo utilizando recursos de informática no

tratamento do seu acervo, encontra-se ainda na fase preliminar de

transferência do controle manual para o processamento eletrônico. A Biblioteca

Page 138: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

125

tem condições de controle e acesso ao acervo, com a quase total eliminação

dos procedimentos manuais, porém, o controle do empréstimo continua sendo

manual, não possui controle do empréstimo de materiais automatizado.

A maioria dos serviços e produtos obedece a uma seqüência lógica e

racional dentro das condições de trabalho e do sistema de organização do

acervo adotado pela biblioteca. Não apresentam falhas visíveis.

Os fatos sugerem que a adoção de um sistema intermediário de

pesquisas bibliográficas, como a consulta em rede, através da Internet, pode

ser muito útil para os usuários, que independem de estarem nas instalações da

Biblioteca do CPGA/UFSC.

Como as informações serão utilizadas para fundamentar andamentos de

projetos de dissertações e as próprias dissertações, os alunos precisam, ao

mesmo tempo, ter um acervo substancialmente denso e condições de acesso a

bases de dados externas que tenham informações atualizadas. Para isso,

contam com a biblioteca central da UFSC.

Na observação in loco, verifica-se que nas solicitações de pesquisa, os

usuários freqüentemente buscam “o que existe de mais recente sobre o

assunto”. Os mesmos requerem informações de qualidade e, sobretudo,

atualizadas; daí a necessidade de ser mantido um acervo ao mesmo tempo

representativo do que há de melhor na área e reduzido em volume físico.

A maior parte das funções de natureza técnica da biblioteca é feita com

o apoio do Software MicroISIS, como a classificação das obras, catalogação,

cadastramento, pesquisa, produção de relatórios técnicos (de autor, título,

assuntos, etiquetas e novas obras para divulgação).

Page 139: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

126

A conseqüência mais importante do sistema automatizado do acervo, foi

a possibilidade de consulta, através do terminal, com resultados imediatos das

bases de dados. A duplicação de tarefas foi eliminada, a tramitação dos

processos que envolvem a preparação dos materiais que chegam à biblioteca

tornou-se muito mais rápida.

O usuário deve ter acesso direto ao acervo, via terminal de rede que

funcione regularmente. Este é um quesito que verifica o nível de serviços

prestados pela biblioteca aos seus usuários, em termos de pesquisas ao

acervo bibliográfico. Bibliotecas que dão alguma autonomia de pesquisa aos

seus usuários mostram-se mais acessíveis e estruturadas.

A maioria das tarefas são desempenhadas pela Bibliotecária, que conta

com a ajuda eventual de bolsistas. Os usuários não encontraram ainda um

nível de serviços que lhes dê autonomia nas pesquisas e capacidade de

alcançar as informações de que necessitam, sem a dependência do apoio da

Bibliotecária e/ou bolsistas ou estagiários, sempre que suas necessidades de

pesquisa ultrapassam um nível bastante elementar. Os usuários, em sua

maioria, com pouca experiência, têm dificuldades em fazerem suas próprias

pesquisas ou buscas nas estantes e acabam por recorrer sempre à profissional

de atendimento.

O livre acesso às estantes, normalmente possibilita descobertas e

reencontros. O ambiente de uma biblioteca, com certeza, pode despertar a

criatividade das pessoas.

A biblioteca está sendo pressionada por fatores de natureza econômica

e tecnológica. Tem sido levada a se adaptar a uma realidade em que os

Page 140: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

127

recursos se tornam cada vez mais insuficientes. Da forma como está

atualmente, torna-se praticamente impossível que prospere. Os problemas

apresentados como entrave a um melhor funcionamento da biblioteca são:

carência de pessoal, orçamento e acervo insuficientes e entraves burocráticos

à aquisição de novos livros e periódicos.

Sabe-se que a biblioteca tem uma importância vital para os alunos do

curso, com o objetivo de servir de base para a geração de novos

conhecimentos, a partir do armazenamento e difusão de conhecimentos já

existentes e que o ensino, a pesquisa e a extensão, objetivos da educação

superior só serão alcançados em sua totalidade se fundamentados em

bibliotecas universitárias e especializadas planejadas racionalmente, com

coleções e serviços estruturados de maneira coerente e integrada às atividades

e objetivos da própria universidade a quem serve.

Assim, é imperioso que a biblioteca se mantenha em constante

modernização, visando identificar, definir, coletar, armazenar, processar,

proteger e distribuir a informação, de forma ativa, tomando atitudes

progressistas e arrojadas, oferecendo a informação necessária, sem se limitar

aos suportes e lançando mão de canais, que sejam formais e informais, e

atuando como verdadeira e indispensável provedora de informações.

5.2 RECOMENDAÇÕES

A experiência oportunizada pelo encaminhamento desta pesquisa, que

possibilitou descrever e analisar os fatores intervenientes no processo de

Page 141: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

128

implantação, na montagem do acervo e na estrutura de funcionamento de uma

biblioteca especializada, permite fazer recomendações para trabalhos

posteriores que venham a desenvolver a temática bibliotecas especializadas.

O critério da efetividade, ou seja, verificar se os serviços oferecidos pela

biblioteca está atendendo, ou não, às reais necessidades dos docentes e

discentes não foi utilizado. A análise desse critério é importante para que se

possa avaliar, corrigir e aperfeiçoar o sistema de informações, haja vista que o

motivo principal para a existência da biblioteca está em ser um centro de

informações capaz de dar suporte bibliográfico ao processo ensino-

aprendizagem, à pesquisa, promover a democratização do conhecimento e

cumprir sua função social de organizar e disseminar a informação.

Poderá, também, ser continuada visando a um diagnóstico completo da

situação em que se encontram as bibliotecas dos Cursos de Pós-Graduação

da UFSC, ou seja, desenvolver estudos de avaliação dos serviços oferecidos

pelas bibliotecas dos Cursos.

Page 142: A TRAJETÓRIA DE UMA BIBLIOTECA especializada VOLPATO

6 ANEXO

Relação dos entrevistados (ordem alfabética), e cargo ocupado (ourelacionado), no período de interesse:

Antonio Niccoló Grillo, Coordenador e Professor

Clóvis Luiz Machado da Silva, Coordenador e Professor

Francisco Gabriel Heidemann, Coordenador e Professor

João Benjamin da Cruz Júnior, Professor

Nelson Colossi, Coordenador e Professor

Teodoro Rogério Vahl, Professor

Ubiratan Simões Rezende, Professor

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