a tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet

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A TESSITURA DO CONHECIMENTO VIA MÍDIAS E REDES SOCIAIS DA INTERNET: NOTAS DE UMA PESQUISA-FORMAÇÃO MULTIRREFERENCIAL EM UM CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO Edméa Oliveira dos Santos 1 Rosemary dos Santos 2 Resumo Este trabalho é parte de uma pesquisa que procurou investigar quais usos os professores da educação básica fazem das mídias e redes sociais no ciberespaço. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa-formação que articulou práticas da educação presencial em Informática na Educação com práticas de Educação Online, mais especificamente o uso do ambiente virtual Moodle, utilizando a metodologia da WebQuest interativa (Santos, 2008) e interações imersivas nos softwares das redes sociais: Orkut, Twitter, Youtube e Blogger. Participaram da pesquisa-formação as autoras desse texto, em coautoria com os professores-cursistas do Curso EDAI - Curso de Especialização em Educação com Aplicação da Informática da Faculdade de Educação da UERJ, turma 2010. O locus da pesquisa foi o âmbito do desenvolvimento da disciplina “Informática aplicada a Educação”. O texto em questão se dedicou a apresentar notas do quadro teórico e metodológico, bem como algumas narrativas dos praticantes- pesquisadores sobre a itinerância na pesquisa realizada Palavras-chave: Educação online. Ambiente virtual Moodle. WebQuest. 1 Doutora em Educação. [email protected] 2 Mestranda em Educação. [email protected]

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a tEssitura do conhEcimEnto via mídias E rEdEs sociais da intErnEt: notas dE uma pEsQuisa-Formação multirrEFErEncial Em um curso dE EspEcialiZação

Edméa Oliveira dos Santos1

Rosemary dos Santos2

ResumoEste trabalho é parte de uma pesquisa que procurou investigar quais usos os professores da educação básica fazem das mídias e redes sociais no ciberespaço. Para tanto, desenvolvemos uma pesquisa-formação que articulou práticas da educação presencial em Informática na Educação com práticas de Educação Online, mais especificamente o uso do ambiente virtual Moodle, utilizando a metodologia da WebQuest interativa (Santos, 2008) e interações imersivas nos softwares das redes sociais: Orkut, Twitter, Youtube e Blogger. Participaram da pesquisa-formação as autoras desse texto, em coautoria com os professores-cursistas do Curso EDAI - Curso de Especialização em Educação com Aplicação da Informática da Faculdade de Educação da UERJ, turma 2010. O locus da pesquisa foi o âmbito do desenvolvimento da disciplina “Informática aplicada a Educação”. O texto em questão se dedicou a apresentar notas do quadro teórico e metodológico, bem como algumas narrativas dos praticantes-pesquisadores sobre a itinerância na pesquisa realizadaPalavras-chave: Educação online. Ambiente virtual Moodle. WebQuest.

1 Doutora em Educação. [email protected] Mestranda em Educação. [email protected]

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introdução

O interesse por este trabalho partiu das questões sobre os usos, possibilidades e desafios das redes sociais e das mídias digitais pelos professores da escola básica, estudo de mestrado desenvolvido pela professora Rosemary dos Santos na linha de pesquisa Cotidianos, Redes Educativas e Processos Culturais do PROPED – Programa de Pós-graduação em Educação da UERJ. Este estudo é um desdobramento da pesquisa em rede coordenada e desenvolvida pela professora Edméa Santos na pesquisa “Docência na cibercultura: laboratórios de informática, computadores móveis e educação online”. Este projeto de pesquisa contou com apoio das agências de fomento CNPq (Edital Universal 2007) e FAPERJ (Bolsa Prociência 2009).

Como referencial teórico, dialogamos com as noções de interatividade (Silva) e interação mútua (Primo), pesquisa-formação (Nóvoa, Macedo, Josso, Santos), multirreferencialidade (Ardoino), as interfaces online e WebQuest Interativa (Santos), tessitura do conhecimento em redes (Alves, Oliveira), mídias digitais (Santaella), cibercultura e ciberespaço (Lévy, Lemos). Como dispositivos de pesquisa utilizamos interfaces do ambiente Moodle (Santos), as conversas (Alves) e registros de itinerâncias (Barbier, Santos).

Neste texto desdobraremos parte de nosso quadro teórico, narrando algumas incursões de nossa itinerância metodológica. Para tanto, estruturamos o texto em três seções. Na primeira, “Sobre mídias e redes sociais no ciberespaço e na vida cotidiana”, apresentamos algumas noções à luz de um quadro teórico específico do campo de conhecimento “Cibercultura” e das pesquisas nos, dos e com os cotidianos; na segunda, “Notas sobre pesquisa-formação mutirreferencial”, apresentamos fundamentos da epistemologia da multirreferencialidade e do método de pesquisa pesquisa-formação, que sustentam metodologicamente nosso trabalho; na terceira, “Itinerâncias: notas em movimento”, apresentamos

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extratos de nossa pesquisa e campo, marcados pela e com a interação com os praticantes-pesquisadores”. Em seguida, concluímos o texto sintetizando alguns achados, deixando claro que a pesquisa por nós realizada é obra aberta e necessita de continuidade, de novas e outras itinerâncias.

sobrE mídias E rEdEs sociais no cibErEspaço E na vida cotidiana

As mídias digitais e as redes sociais têm um grande potencial pedagógico, e os exemplos mais significativos dessa afirmativa podem ser encontrados no ciberespaço, que traz novos usos e novas possibilidades para a educação, permitindo a interatividade, a autoria e a cocriação. Além disso, os usos dos softwares sociais possibilitam novos modos de fazer dos professores, que saem da postura de detentores do saber, para a de problematizadores de situações de aprendizagem, ou, como nos diz Silva (2003), “de apresentador que separa palco e plateia, o professor passa a arquiteto de percursos, mobilizador das inteligências múltiplas e coletivas na experiência da cocriação do saber” (SILVA, 2003, p. 73). Por isso, nos interessa investigar os usos que os professores fazem das mídias sociais e como estas podem potencializar autorias e práticas pedagógicas na cibercultura.

Com as mídias digitais a mensagem pode ser criada, manipulada, modificada, cocriada e, nessa perspectiva, imagens, sons, textos, vídeos são criados materializando a autoria e a expressão dos praticantes. Para Santaella (2003) as mídias estariam esvaziadas de sentido, se não fossem as linguagens que nelas se configuram:

Processos comunicativos e formas de cultura que nelas se realizam devem pressupor tanto as diferentes linguagens e sistemas sígnicos que se configuram dentro dos veículos em consonância com o potencial e limites de cada veículo, quanto deve pressupor também as misturas entre linguagens que se realizam nos veículos

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híbridos de que a televisão e, muito mais, a hipermídia são exemplares (SANTAELLA, 2003, p. 116).

A autora acrescenta que as tecnologias eletroeletrônicas, pré-era digital, como: fotografia, telefone, cinema, rádio, vídeo, foram absorvidas pelas tecnologias teleinformáticas da atual era digital. Santaella (2003) destaca que, desde meados dos anos 1990, a sociedade passa a conviver com uma “revolução da informática e da comunicação cada vez mais onipresente que vem sendo chamada de revolução digital” (SANTAELLA, 2003, p. 59). Essa revolução enfatiza a possibilidade de converter qualquer tipo de informação, seja textual, audiovisual ou pictórica, em uma mesma linguagem.

Essa conversão de linguagens é chamada pela autora de “convergência midiática”, que é o processo no qual as quatro formas principais da comunicação humana: “o documento escrito (imprensa, magazine, livro); o audiovisual (televisão, vídeo, cinema), as telecomunicações (telefone, satélites, cabo) e a informática (computadores, programas informáticos) são fundidas” (SANTAELLA, 2003, p. 84).

A convergência de mídias produz informações no formato digital que podem ser potencializadas em qualquer lugar, em qualquer tempo está intrinsecamente relacionada com a revolução digital que nasceu com a cultura do computador como mediador da comunicação. No século passado, o computador era apenas uma máquina de processar números e, na sua evolução, começou a absorver outras linguagens, traduzindo-as numericamente. Embora a cultura de massa, das mídias e digital coexistam e se misturem sem que uma exclua a outra, elas apresentam características próprias. Vejamos a seguir o quadro contrastivo que distingue os três tipos de culturas apontados pela autora:

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Dessa forma, as mídias apresentadas diferem entre si essencialmente, no sentido de que as primeiras haviam introduzido conhecimentos científicos de habilidades técnicas, além de serem meramente sensórias, ao passo que a cultura das mídias surge dos equipamentos e dispositivos caseiros, disponíveis para o consumo individualizado em oposição ao consumo massivo. Já na cultura digital surge a convergência das mídias, na coexistência com a cultura de massa e a cultura das mídias e tem como principal característica a possibilidade de autoria pelos praticantes numa posição de cocriação de forma não sequencial, multidimensional.

Santaella (2003) abre a discussão sobre o tão falado fim do jornal impresso após a revolução eletrônica seguida pelo advento da TV e do rádio e observa que o jornal, assim como outras mídias mais antigas, não desaparecerá. Todas sofrerão alterações na sua plataforma de existência, como a escrita vem sofrendo ao longo do tempo. Nesse sentido, Santaella (2003, p. 59) explica que a cultura humana é cumulativa, interage com a tradição e a mudança, “borra as fronteiras, mas não apaga as existências”. Santaella observa, ainda, que a pintura não desapareceu com o invento da fotografia, o teatro não morreu com as produções cinematográficas, o livro não desaparece com o surgimento do ipad. Da mesma maneira, o cinema não some com o advento da TV, pelo contrário, a TV a cabo depende do cinema como um de seus elementos alimentadores e divulgadores. O que parece acontecer, esclarece a autora, é uma mudança na tecnologia, no suporte: o livro e o jornal podem estar na tela do computador, o cinema pode ser produzido e reproduzido com aparatos digitais, o rádio com os podcasts, ou seja, essas formas culturais coexistem numa aliança com as novas tecnologias. Essa convergência tecnológica soma-se à convergência de tempos e espaços.

A compreensão desses princípios nos permitirá compreender o território digital informacional e comunicacional e os aspectos socioculturais do espaçotempo da cibercultura e suas redes no ciberespaço. Os avanços nas tecnologias de informação e comunicação potencializaram

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os espaços de convivência e aprendizagem, principalmente quando levamos em consideração o uso de interfaces interativas, mídias digitais e redes sociais.

De acordo com essa perspectiva, é necessária e urgente a aproximação entre os campos da Educação e da Comunicação, assim como a compreensão de que ver, ouvir, interagir, criar, compartilhar, é uma urgência e um dos grandes desafios para o professor da contemporaneidade. Mudanças profundas foram provocadas pela extensão e desenvolvimento das redes interpessoais de comunicação. Cada um pode apropriar-se dos diversos formatos digitais e tornar-se criador, compositor, colaborador. A partir disso, é possível criar e potencializar processos criativos que tenham o digital como suporte, como é o caso das mídias digitais e das redes sociais.

Conforme vão se entrelaçando as relações entre as pessoas e as tecnologias digitais vão sendo produzidas linguagens e signos mediados e socializados pelo digital, é justamente essa forma de cultura que podemos denominar de Cibercultura. Segundo Lévy (1999), essa noção expõe uma nova forma de comunicação gerada pela interconexão de computadores ao redor do mundo, não abrangendo apenas a parte de infraestrutura material, mas também esse novo universo informacional que abriga os seres humanos que a utilizam e a mantêm. Para o autor, ela constitui o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade. Trata-se de um novo espaço de comunicação, de sociabilidade, de organização, acesso e transporte de informação e conhecimento.

Em seus estudos, Levy (1998) mostra ser possível que grupos humanos se constituam em coletivos inteligentes a partir do espaço do saber. Segundo ele, esse espaço é resultante da velocidade de evolução dos saberes, que se reporta às consequências da evolução da ciência e das técnicas na vida cotidiana, no trabalho, onde as pessoas são convocadas a aprender e construir novos conhecimentos em rede.

Sobre esses novos conhecimentos em rede queremos dialogar a tessitura do conhecimento via mídias digitais e redes sociais, pensando com Alves e Oliveira (2001) a noção

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de tessitura do conhecimento em rede. Para discutir e pensar as possibilidades de aprendizagem nas redes de relações em que se organizam, produzem e são produzidos conhecimentos.

Pensar em rede é pensar a complexidade do praticante3, cujos conhecimentos e possibilidades são trançados a partir das redes de relações que enredam a sua existência. Ao perceber as tramas que envolvem essas redes, podemos entender o praticante em sua complexidade. Dessa forma, a ideia de construção de conhecimento como algo que se produz com rigidez e permanência já não é mais suficiente para compreender este ser histórico-social. A expressão “tessitura do conhecimento”, utilizada por Alves e Oliveira (2001), vem se opor à noção moderna de caráter fragmentado do conhecimento, permitindo que a compreensão acerca do processo de conhecer inclua outras preocupações do praticante em sua multidimensionalidade, bem como as redes que o enredam.

Com essa noção de rede, o diálogo entre cotidiano e ciberespaço se enriquece. Ao longo de nossa existência vamos trançando vários fios e compondo várias redes, participando de diversas tramas, mergulhando com todos os nossos sentidos no que vamos entendendo ser, a cada momento, a realidade. Vivemos as diferentes esferas da vida humana, sejam elas sociais, afetivas, políticas, individuais ou coletivas, que não se separam quando produzimos conhecimento, estão sempre enredadas umas às outras. Por isso precisamos pensar a criação do conhecimento como um processo de tessitura de conhecimento em rede. Em seu estudo sobre o cotidiano e educação, Oliveira (2008) aponta a necessidade de outra abordagem do campo social a ser conhecido e do próprio conhecimento que nele se produz. Segundo a autora: “É preciso nos voltarmos para a compreensão dessa complexidade, dos valores, saberes e modos de interação que lhe são específicos e nos quais se inscrevem e se tecem diferentes redes de conhecimento” (OLIVEIRA,

3 Optamos por usar a palavra “praticante” no lugar de sujeito quando falamos dos professores das redes educativas cotidianas nas e com as quais lidamos e pesquisamos. Neste estudo, especificamente, os professores da turma EDAI 2010 e os professores da escola básica em geral.

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2008, p. 75). Ainda sobre a noção de tessitura de conhecimento em rede, ela permite considerar os múltiplos saberes, valores e crenças entre os praticantes e a dimensão da imprevisibilidade e da variação das circunstâncias e limites em que vivem. Para Oliveira (2008):

E é isso que a noção de tessitura dos conhecimentos em rede ajuda a fortalecer e a encaminhar epistemologicamente, pois ela permite superar as ideias de fragmentação e hierarquização presentes no entendimento do conhecimento. [...] A questão ainda se desdobra um pouco mais quando aceitamos que a indissociabilidade entre as diferentes instâncias das nossas vidas produz efeito também sobre uma possível concepção de formação identitária. Também nesse caso, o enredamento entre os diferentes modos e espaçostempos de inserção social que vivenciamos e a complexidade das relações entre eles levam à noção de redes, nesse caso redes de sujeitos (OLIVEIRA, 2008, p. 78).

E é sobre as realidades dos cotidianos das cidades (escola-universidade) e no ciberespaço nas redes que formam e se formam os praticantes envolvidos e enredados com a pesquisa que tratamos neste texto. No cotidiano da escola porque foi possível nos aproximarmos desses espaçotempos4 que queríamos conhecer, criando itinerâncias que nos permitiram tecer conhecimentos em rede e nos aproximar dos contextos em que ele se realiza. Segundo Alves (2003), “os que pesquisam o cotidiano e esses acontecimentos culturais têm hoje melhor entendido que muitas são as possibilidades e os meios que podemos usar para melhor estudá-los e compreendê-los” (ALVES, 2003, p. 66). E no ciberespaço porque este contém novos meios de comunicação que surgem da interconexão mundial dos computadores, a internet, não

4 Utilizamos aqui os termos juntos com base no que sugere a professora Nilda Alves: “Esse modo de escrever se mostrou necessário para buscar arquivos pessoais de professoras com quem converso. Quanto às superar a dicotomização herdada do período no qual se “construiu” a ciência moderna.” Disponível em : http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n23/n23a04.pdf. Agosto, 2003.

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especificando apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que a internet abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo com suas histórias, seus rastros e suas itinerâncias.

notas sobrE pEsQuisa-Formação mutirrEFErEncial

Para compreendermos os usos que os professores fazem das mídias digitais e das redes sociais via tessitura do conhecimento em rede foi necessário um mergulho5 com base nas experiências vividas e nas leituras realizadas, nas quais pudemos nos recriar, repensar, dialogar e assim dar sentido ao nosso processo de autorização, caminho importante para reavaliarmos os referenciais tradicionais que nos constituíram como indivíduos desde a nossa formação escolar e inicial nas universidades em que estudamos e que entram em conflito, muitas vezes, com os modos de pensar em rede, nos levando a outra possibilidade de relação entre praticantes e objeto da pesquisa, sem a rigidez do método imposto à realidade pesquisada que separa praticante de objeto. A postura agora é de autoria e implicação.

A implicação é uma noção cara para nosso grupo de pesquisa. Dialogando com Barbosa (2010) comparamos a implicação do pesquisador com o seu campo de pesquisa com a estrutura e os pilares de uma casa em construção, que não aparecem na obra acabada, mas são determinantes para que a casa se mostre segura e bonita para quem a olha depois de pronta. Para Barbier, é através da nossa implicação “psicoafetiva”, estrutural-profissional e histórico-existencial (BARBIER, 1975, p. 105) que iremos produzir as estruturas, os pilares das nossas obras e dos nossos textos que revelarão nossas marcas. Ardoino (1993) nos diz que:

5 Este termo é utilizado por Certeau (1994) para aqueles que vivem e envolvem--se dialogicamente com as práticas do cotidiano.

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[...] a implicação está igualmente ligada à autorização enquanto capacidade de autorizar-ser, de fazer a si mesmo, ao menos, coautor do que será produzido socialmente. Se o ato é sempre, mais ou menos, explicitamente, portador de sentido, o autor é fonte e produtor de sentido (ARDOINO, 1993, p. 122).

Entendemos que o processo de pesquisa em ciências humanas é uma investigação sobre nós mesmos e que a pesquisa em educação, particularmente, só terá sentido se nos conduzir a conhecer melhor as redes que se formam e nos formam e que estão presentes em nossas relações, em nossa vida e, principalmente, que estas possibilitem que exercitemos as nossas autorias e as nossas implicações.

A escolha da metodologia da pesquisa-formação nesta ação formativa se deve ao fato de que compreendemos que ela se situa numa perspectiva de compromisso e de implicação dos pesquisadores com suas práticas de mudança individuais e/ou coletivas, que incluem um conjunto de atividades extremamente variadas, seja do ponto de vista da área de estudo, à qual pertencem os pesquisadores, tanto no que se refere ao contexto de atuação, quanto no que se refere aos objetivos de transformação. Concordamos com Josso (2010) quando a autora apresenta a pesquisa-formação como uma prática cuja mediação é possível em todas as suas dimensões: consciente, copresente, e em todas as atividades da vida social, política e histórica:

A mudança oferecida no quadro de uma pesquisa-formação é uma transformação do sujeito aprendente pela tomada de consciência de que ele é e foi sujeito de suas transformações; em outras palavras, a Pesquisa-formação é uma metodologia de abordagem do sujeito consciencial, de suas dinâmicas de ser no mundo, de suas aprendizagens, das objetivações e valorizações que ele elaborou em diferentes contextos que são/foram os seus (JOSSO, 2010, p. 125).

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Ao pensarmos na proposta pedagógica a partir da pesquisa-formação, tínhamos conhecimento de que seria impossível o trabalho com um currículo fechado, estanque, mapeado, de limites prefixados, baseado na lógica do preconcebido, pois este não acolheria a proposta desta disciplina em particular, pois queríamos compreender os usos das mídias e softwares sociais6 pelos praticantes que eram ao mesmo tempo alunos da universidade, do curso de pós-graduação, e professores da escola em que atuavam e que estavam de uma forma ou de outra discutindo/pensando sobre cibercultura, autoria, mídias digitais e redes sociais. Assim, a proposta foi se reestruturando à medida que os encontros iam acontecendo, e novas possibilidades eram a ela acrescentadas, uma vez que os imprevistos, as necessidades, os obstáculos e as descobertas faziam com que a proposta fosse coconstruída, co-desconstruída e correconstruída o tempo todo. Sob esse aspecto, a mediação do professor/pesquisador foi fundamental, pois foi condição irremediável para juntos com os professores-cursistas formarem e se formarem. Dessa forma, a participação é uma ação reflexiva.

Como nos diz Macedo (2006):

Tal flexibilidade permite, ademais, que objetivos, questões e recursos metodológicos sejam retomados, assim como articulações com a teoria, dependendo da dinamicidade e das orientações que surgem no movimento natural da realidade investigada (MACEDO, 2006, p. 102).

Para o autor, a flexibilidade é uma condição fundamental na qual a mediação é um recurso significativo na pesquisa-formação. De acordo ainda com Macedo (2009):

O qualitativo vai transcender a questão do método, da técnica [...] algo de onde emana certo poder e se

6 Para Santos e Okada, os softwares sociais que emergem da web 2.0, como conjunto de interfaces que medeiam a comunicação síncrona e assíncrona entre sujeitos geograficamente dispersos para criar vínculo pelas mais diferentes razões, sejam elas objetivas ou subjetivas (SANTOS e OKADA, 2008, p. 3).

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disponibiliza para produzir sentido, que tem direções e revela opções e ideários de como tratar com a produção de conhecimento em níveis da emergência dos sujeitos humanos, em níveis de uma política de conhecimento que aí se realiza (MACEDO, 2009, p. 85).

A partir das reflexões do autor, gostaríamos de trazer à tona a abordagem multirreferencial, que baseou a epistemologia deste estudo. A escolha da abordagem multirreferencial no contexto da pesquisa-formação é uma proposta instigante de romper com os modelos de realizar pesquisa nas ciências humanas e sociais. De um lado, consideramos Jacques Ardoino (1998, 2000, 2003), que assume “a hipótese da complexidade, e até da hipercomplexidade, da realidade a respeito da qual nos questionamos”; de outro, somamos com as contribuições da pesquisa-formação de Nóvoa (2004) e Josso (2010), com vistas a contribuir para a formação do professor-pesquisador de modo a não engessá-lo em rígidas posições teóricas e encaminhamentos metodológicos que o destituam da condição de praticante diante da prática na qual se encontra imerso.

A discussão da abordagem multirreferencial no âmbito da educação vem no contraponto dos pressupostos teóricos positivistas, tão sedimentados no campo educacional. Segundo Jacques Ardoino (1998), o surgimento dessa abordagem está ligado ao reconhecimento da complexidade e da heterogeneidade inerentes às práticas educativas, interessando tanto ao psicólogo, quanto ao economista, ao sociólogo, ao filósofo, ao historiador, ao pedagogo e a outros, sempre na perspectiva de uma pluralidade de olhares e linguagens, reconhecida como necessária à compreensão da suposta complexidade da educação.

Assim, no decorrer dos encontros, discutíamos os textos e livros que nos levavam à reflexão sobre a produção de sentidos que emergiam desses conhecimentos e, paralelamente às leituras, íamos investigando o ciberespaço e suas interfaces de compartilhamento de fotos, vídeos, áudios, slides e arquivos. Interagimos nas comunidades virtuais e redes sociais

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disponibilizando materiais, investigando seus usos por outros professores, conhecendo os mais variados ambientes para a produção de conteúdos e autorias. Para Lemos (2002), no ciberespaço cada praticante pode adicionar, retirar e modificar conteúdos; pode disparar informações e não somente receber, pode alimentar laços comunitários de troca de competências, de coletividade dos saberes, de construção colaborativa de conhecimento e de sociabilidade.

E foi pensando nesse contexto que escolhemos as diferentes mídias digitais e softwares sociais mais conhecidos e utilizados pelos professores, não como profissionais da educação, mas como usuários comuns. Era preciso que nesse momento eles interagissem nas redes com o olhar de professor: experienciando a cocriação, a autoria e o olhar de pesquisador como membros nos softwares sociais Orkut, Youtube, blogs e Twitter – e refletissem sobre a sua formação. Pensar a formação de professores não é uma prática nova, muitos foram e são os autores que se propõem a pensar sobre o tema. Concordamos com Nóvoa (1995, p. 25), quando ele diz que a formação de professores deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que possibilite aos próprios professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as mudanças de autoformação participada de sua prática, em um movimento de reflexão-ação.

Todas essas problematizações estavam intimamente ligadas à nossa questão de estudo, que era: Quais usos que os professores da escola básica fazem das mídias digitais e dos softwares sociais?

Essa questão surgiu das interrogações feitas a partir da reflexão das pesquisadoras sobre as práticas dos professores em seus espaços multirreferenciais de aprendizagem. Neste estudo, especificamente, na escola/universidade queríamos investigar e compreender se os professores-cursistas da turma EDAI 2010 habitavam as redes no ciberespaço e usavam as mídias digitais e softwares sociais como recursos pessoais ou se os utilizavam também em suas práticas pedagógicas.

Com essas questões buscamos evidenciar as nossas autorias, dialogar com elas, tornar-nos membros nas redes

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sociais, vivenciar as experiências do presencial e do online, criando novos textos, novos percursos, imagens, links, vídeos, novo fazer pedagógico nas anotações dos fóruns, nos debates presenciais, nos registros da sua itinerância e nas conversas dos chats7, momentos capazes de acolher a intervenção, a discordância, a contribuição, a conversa e a crítica. Iremos enfatizar aqui a noção de membro, pois é preciso entendê-la para que possamos perceber a sua importância neste estudo.

Para entender a noção de membro, fomos à etnometodologia. “A noção de membro para os etnometodólogos se relaciona ao domínio da linguagem do grupo” (COULON, 1995, p. 48). Dessa maneira, o membro é alguém que compartilha a construção social que o grupo executa através de seus processos interativos. Assim, um membro compartilha a sua autoria com outros praticantes e, juntos, executam a construção de uma realidade social, através de modos de agir, que são os seus etnométodos8. Isso acontece porque as formas, os métodos e as maneiras como os praticantes compreendem, mobilizam e investem em suas ações, interpretando-as e descrevendo-as para todos os fins práticos, constroem as redes que formam e os formam. Segundo Coulon (1995), membro é

Uma pessoa dotada de conjunto de modos de agir, de métodos, de atividades, de savoir-faire, que a fazem capaz de inventar dispositivos de adaptação para dar sentido ao mundo que a cerca. É alguém que, tendo incorporado os etnométodos de um grupo social considerado, exibe “naturalmente” a competência social que o agrega a esse grupo e lhe permite fazer-se reconhecer e aceitar (COULON, 1995 p. 48).

7 Durante as aulas os alunos habitavam o Moodle para realizar as atividades que não eram feitas no presencial, momentos proporcionados pelas dificuldades que apontavam, pela falta de tempo em habitar o ambiente, pelas diversas tarefas que realizavam no dia a dia da escola e fora dela.

8 De acordo com Macedo (2002, p. 189), etnométodos são os métodos constituídos e relacionados às culturas dos atores sociais que eles utilizam para fins práticos, a fim de compreender e resolver problemas cotidianos.

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Desse modo, por exemplo, os membros de uma determinada comunidade virtual, como os do Orkut, se reconhecem pela linguagem, pelos saberes compartilhados, pelas ideias de pertencimento e pela criação dos laços sociais. Não é apenas aquele que pertence a um determinado grupo, mas aquele que compartilha a construção social daquele determinado grupo. Em outras palavras, é membro o praticante que interage com os demais a partir de redes de significação estabelecidas nos processos interativos dos quais faz parte.

O Curso de Especialização em Educação com Aplicação da Informática (EDAI) possui um desenho didático aberto, em que os professores podem interagir com o conteúdo, modificando-os e contribuindo com outros assuntos de seu interesse. O desenho didático do curso merece um esclarecimento, pois envolveu o planejamento, a organização dos conteúdos e as situações de aprendizagem que estruturaram o processo de construção de conhecimento no ambiente online. Para Silva (2010), “é preciso que o desenho didático contemple uma intencionalidade pedagógica que garanta a educação online como obra aberta, plástica, fluida, hipertextual e interativa”.

Concordamos com Silva e, no desenho didático do curso da turma EDAI 2010, possuímos um conjunto de interfaces de conteúdo e, à medida que avançamos na problematização dos assuntos com os professores-cursistas, vamos disponibilizando os conteúdos digitalizados em diversos formatos e linguagens (textos, áudios, imagens), além das interfaces de comunicação como fóruns, chats. Procuramos contextualizar e estruturar os links, os hipertextos, de modo que se potencializem os sentidos e significados dados pela professora e pelos professores. Para Santos e Silva (2009):

Em ambientes virtuais de aprendizagem interativos, onde os sujeitos (alunos-professor-alunos) do processo se comunicam em dinâmica todos-todos, via interfaces de comunicação (chats, fóruns, listas, entre outros), é necessário realizar um desenho didático que, além de

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apresentar o conteúdo ao aluno de forma clara e objetiva, possibilite ao aluno aprender (SILVA e SANTOS, 2009, p. 125).

Assim, Silva e Santos (2009), ao dissertarem sobre os conteúdos de aprendizagem online, afirmam que fazer educação online exige “metodologia própria que pode, inclusive, inspirar mudanças profundas na chamada “pedagogia da transmissão”, que prevalece particularmente na sala de aula presencial”. Pontuam, então, que “a sala de aula on-line está inserida na perspectiva da interatividade entendida como colaboração todos-todos”. Assim, esta sala corrobora com a “educação autêntica, baseada na dialógica, na colaboração, na participação e no compartilhamento”. Vejamos o que diz Santos sobre WebQuest:

As WebQuests podem ser interativas, ou seja, além de termos seu conteúdo publicado na Internet, é possível estabelecer diálogos entre os aprendentes em uma mesma interface, a exemplos de blogs, ou fazer convergências de mídias, ou seja, é possível conectar a página da WebQuest com outras interfaces digitais, a exemplo dos chats, fóruns e listas de discussão, wikis, entre outras. Mais que uma atividade para ser executada solitariamente ou em grupos isolados a WebQuest interativa pode ser um ambiente de aprendizagem interativo, um espaço de autoria e coautoria de sentidos e significados (SANTOS, 2008, p. 114).

A WebQuest foi criada a partir de um cronograma hipertextual de atividades que foi se modificando à medida que as discussões foram surgindo e permitindo que os professores trouxessem suas inquietações, seus saberes e colaborações para as interfaces dos fóruns, no registro das suas itinerâncias, além das conversas durante nossos encontros no laboratório. Neste trabalho não contamos com espaço para apresentar dados mais específicos sobre a WebQuest desenvolvida. Sugerimos aos leitores interessados pelo dispositivo de pesquisa-formação que interagissem com a atividade acessando a página online

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da pesquisa-formação pela URL http://docenciaonline.pro.br/moodle/course/view.php?id=39.

A seguir apresentaremos alguns registros de itinerâncias dos pesquisadores praticantes.

itinErâncias: notas Em movimEnto

Optamos neste texto por apresentar registros e narrativas de algumas itinerâncias dos praticantes envolvidos na pesquisa-formação multirreferencial. Para Barbier (1996, p. 95), a itinerância representa o percurso estrutural de uma existência concreta e inacabada, seja de um praticante, grupo ou instituição. Ainda segundo Barbier9, em uma itinerância encontramos uma multiplicidade de itinerários contraditórios. A princípio a turma EDAI 2010 não sentia necessidade de registrar a sua itinerância no ambiente do Moodle. Muitas vezes argumentavam que não tinha tempo e que priorizam as tarefas “mais importantes”. Resolvemos que o registro era fundamental como memória de suas práticas. Pedimos que as lessem e discutimos a sua importância por se tratar de um instrumento de investigação sobre si mesmo e o grupo, e que o registro daquilo que se sente, pensa, medita, era também teoria e poderia dar sentido às suas práticas.

Dessa forma, dialogamos com os professores sobre as ações praticadas no ambiente virtual, que, normalmente, não estão desarticuladas das ações que as pessoas fazem quando estão fora da internet. Por isso o foco de análise deve se concentrar na forma de apropriação da internet e de seus usos. Trata-se de uma proposta consistente e que afasta a tradicional visão dualista de avaliar se a tecnologia é boa ou ruim. Ademais, a cada dia novos recursos e sistemas de comunicação digitais

9 O diário de itinerância comporta bem esse caráter de intimidade com a efetividade e as reações em relação ao mundo circundante; mas ele apresenta igualmente a característica de ser publicável, ou, pelo menos, difundível no todo, ou em partes. Por certo, o escritor fará a escolha dos acontecimentos respectivos com toda sua prudência e respeito das pessoas, mas uma parte será exposta e, na mesma oportunidade, exporá uns e outros em relação a outrem (BARBIER, 1996, p.96).

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são disponibilizados nas redes e acabam interferindo no modo de viver na escola e fora dela.

Nos encontros presenciais problematizamos quais eram as expectativas em relação à disciplina e, à medida que conversávamos, fomos descobrindo quais professores-cursistas já usavam ou não as mídias digitais e os softwares sociais em seu dia a dia. A ideia inicial era sensibilizá-los para as noções de mídias digitais e redes sociais e seus usos nas práticas pedagógicas. Muitos deles falaram dos softwares sociais e das mídias como algo que poderia ser usado fora da escola, mas nunca relacionaram seus usos à educação. Além disso, e destacaram alguns fatores que impossibilitavam seus usos na escola: falta de infraestrutura técnica, falta de formação dos professores, desconhecimento teórico dos professores dos usos dos softwares, desinteresse pelo tema e outros. Vejamos a seguir o que dizem as professoras Rosana e Gláucia nos seus diários de itinerância:

“Amigos, Amanhã, começarei a utilizar o Twitter no Laboratório de Informática de minha escola da 8ª CRE. Formamos um grupo com 15 alunos (8º e 9º anos), mas apenas uma aluna domina bem o uso dessa mídia. Inicialmente, falarei um pouco sobre o Twitter: quem criou, quando, qual finalidade inicial. Vou teorizar através das perguntas q surgirem.Depois, a aluna Joice falará sobre o uso que faz do Twitter e por último faremos o login dos alunos para que todos possam utilizar essa mídia no Laboratório ou em outros lugares. Estou ansiosa para começar a atividade e espero que os computadores funcionem, que não tenha queda de luz. Torçam por mim! 2ª Postagem Uso do twitter na escola (RJ,06/07/2010) Laboratório de Informática da E. M. Mário Fernandes Pinheiro (8ª CRE)1º Encontro Bem, é claro que tive problemas com os computadores... seres temperamentais... instáveis... rsrsrs... só um funcionou e foi ele que usei pra criar as contas sociais dos alunos. Fizemos 1º o twitter da aluna Ariana, pesquisando, pois não temos o domínio do inglês, mas foi rápido. Enquanto estávamos no twitter tentando criar outras contas, Thiago, meu aluno buscapé, conseguiu conectar um outro computador. Foi uma correria geral... com mais

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4 computadores funcionando, criamos 10 contas, algumas ficaram com problemas de confirmação no e-mail e outras deram erro. Conseguimos entrar no Twitter... somos passarinhos, apenas um esboço. Em breve voaremos!!!!”

No registro da sua itinerância, a professora Rosana relata os desafios da sua prática ao tentar usar o Twitter com os seus alunos. Esses itinerários contraditórios são escritos em forma de diálogo com a turma: “Estou ansiosa para começar a atividade e espero que os computadores funcionem, que não tenha queda de luz. Torçam por mim! ”

A itinerância dos professores-cursistas traz como registro aquilo que dá sentido às suas práticas e às suas vivências no cotidiano. Não podemos deixar de destacar a reflexividade presente nesse processo, pois, somos, significamos, o que fazemos e produzimos, dispomos de várias maneiras de ver e sentir o mundo em todos os sentidos e significados possíveis no decorrer da nossa vida. Aprendemos a significar, significando. Esse processo de registrar as nossas inquietações/investigações é uma maneira que temos de ver a nós mesmos enquanto olhamos nossos objetos de estudo e de interrogação do mundo e de nós mesmos.

Os professores foram escrevendo da forma que achassem necessária. Apesar disso, eles usavam o relato em forma de diário, datando seus itinerários. A seguir os registros da professora Gláucia:

“06 de julho Hoje abri uma conta no Flickr e passei uma hora e meia tentando colocar um vídeo... e o upload congelou em 99 por cento!!! E TRAVOU!!!! Resumo dos últimos movimentos: na quinta-feira passada, enquanto aguardávamos o professor chegar, aproveitamos o generoso empréstimo do lap do Jacks e abrimos uma conta no Google Docs, com o objetivo de ter um lugar de encontro para o grupo e tb para tentarmos criar um texto coletivo. Li o Walter Benjamim, por sugestão da Marcia, do meu grupo, feita no corredor da escola, sobre o fim da aura da obra de arte a partir de sua reprodução pela fotografia. Um texto de 1931, atualíssimo. Seguindo o link que a Rose deu do Laboratório de Educação e Imagem, li os textos desta edição e ADOREI o do

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Roberto Conduru, que me apresentou a palavra-conceito “glocal”. Quinta 8 de julho. Escrevi breves considerações a partir da leitura de Pequena história da fotografia, de Benjamin, e coloquei o texto no Google Docs para o grupo. Dia 13 de julho. Fotografei a festa junina da escola em que trabalho, pensando em usar o Picasa e desenvolver alguma atividade com os alunos. Autoria pura. Dia 17 de agosto. Andei em companhia de Pierre Lévy, pensando sobre imagens, fotos, virtualidades e habitação do ciberespaço. Tambémb li Maffesoli, e sua aproximção entre arcaico e pós-moderno. Baixei o Picasa, mexi nele, procurei experimentar suas possibilidades. Procurei pela rede o binômio “Picasa e educação” e o que encontrei foi muitos álbuns que são na verdade livros fotografados, página após página, principalmente de educação infantil. E também fotos de turmas de colégio. 26 de agosto. O trabalho finalmente foi apresentado. Achei o saldo muito positivo, gostei do que estudamos e aprendemos. Apanhei um pouco do Powerpoint novo, que ainda me parece indomável e obscuro. As aulas da prof. Rose foram muito úteis e produtivas.”

O nosso interesse em utilizar com a turma EDAI 2010 o registro da sua itinerância era para que os alunos pudessem fazer em seus registros as observações sobre os fatos vivenciados no ambiente da escola como professores, atuando em seu espaço de trabalho, no laboratório de informática do curso, como alunos, e nos ambientes virtuais de aprendizagem, como membros. Essas anotações metodológicas, em termos de ações e reflexões, poderiam nos trazer indícios para possíveis problematizações dos objetivos traçados. Essas anotações enriquecem a compreensão e o enfrentamento das necessidades e desafios da pesquisa. Trata-se da possibilidade de uma visão plural da realidade que se quer compreender através das suas releituras de mundo.

Final como obra abErta

Iniciamos este trabalho com muitas questões, e muitas outras surgiram a partir dele. Pudemos perceber que há

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professores experimentando em sala de aula novas formas de ensinar e aprender e nestas novas formas estão os usos dos softwares sociais e das mídias digitais. Muitos deles estão na internet partilhando esses usos como membros nas interfaces sociais e, embora sejam muitas vezes uma expressão individual de um ou outro professor, essas práticas refletem a necessidade que eles sentem em ressignificar suas aulas e seus conteúdos, tornando-os interessantes e significativos a partir dos recursos digitais viabilizados pela internet, conjugando o cenário sociotécnico e as redes educativas na/da cibercultura.

É importante destacar que durante esta ação formativa no cotidiano, na escola/universidade e no ciberespaço, os professores em situação de mediação realizaram variadas atividades de autoria, de colaboração, de cocriação e reflexão sobre a sua prática. A partir deste estudo, precisamos repensar outro modo de ver a educação: fazendo-a, experimentando-a, vivenciando-a nos diversos espaços multirreferenciais de aprendizagem.

Percebemos que a tessitura do conhecimento em rede via mídias digitais e softwares sociais trouxe novas formas de sociabilidade nos ambientes virtuais. Com o surgimento desses novos espaços, passamos por uma dinâmica de diferentes modalidades perceptivas. Destacamos, aqui, os potenciais comunicacionais e pedagógicos destas mídias e desses softwares, principalmente porque potencializam os usos dos professores da educação básica, por se constituírem em espaços para produzir e cocriar. Esses recursos ampliam a extensão do lugar, da cidade, da escola, da universidade. Dessa forma, será possível que os professores dialoguem com as cidades, que passam a ter sua extensão nesse novo ambiente constituindo as cidades eletrônicas ou cidades virtuais. O espaço virtual passa a ser uma extensão do espaço urbano.

É necessário acrescentar que essa ação formativa com a turma EDAI 2010 é uma iniciativa de pesquisa que, no lugar de tentar dar conta de todas as questões aqui nascidas, traz novas e inquietantes perguntas, porque o conhecimento não é algo acabado e haverá sempre um resultado provisório, aberto. O conhecimento é algo que se constrói, que se faz e refaz

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constantemente, o que, torna necessárias novas pesquisas, novos sentidos e novos significados.

Considerando o contexto sócio-histórico-cultural em que nos encontramos, no qual processos educacionais são mediados também pelas tecnologias digitais em rede, percebemos que as práticas dos professores-cursistas envolvidos neste estudo refletiram sua formação pedagógica e suas concepções de educação e de vida, ora como alunos na universidade, ora como professores nas escolas, ora como membros das interfaces online. Encontramos nas suas histórias de vida, nos rastros deixados nos fóruns e nas conversas durante os encontros, os sentidos de sua perspectiva pedagógica e política, presentes quando narravam e partilhavam sua biografia educativa É importante frisar que os usos dos recursos pelos professores das mídias digitais e dos softwares sociais no cotidiano, na escola ou na universidade, irão depender das suas experiências nesses espaços (como membros, como protagonistas), do encontro reflexivo com o seu grupo e da maneira com a qual percebem e vivenciam os espaços onde atuam. Percebemos que muitos desafios ainda precisam ser vencidos, dentre eles citamos a formação dos professores, a apropriação dos recursos técnicos disponíveis nos espaços de aprendizagem e uma reflexão profunda sobre essas práticas no ambiente da escola. Pensar as práticas do professor nos espaços multirreferenciais de aprendizagem é relacioná-las à sua formação inicial, buscando condições para que eles sejam capazes de pesquisar, buscar e construir sentidos e significados nas suas práticas educativas.

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Edméa Oliveira dos SantosRosemary dos Sabtos

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thE Fabric oF KnoWlEdgE through mEdia and thE intErnEt: notEs oF a multiFacEtEd rEsEarch training in a spEcialiZEd coursE

AbstractThis work is part of a search that has aimed to investigate the manners teachers of Basic Education use media and social nets in cyberspace. For this, we developed a formation-search that has articulated practices of room education in

Page 27: a tEssitura do conhEcimEnto via mídias E rEdEs sociais da intErnEt

Educ. foco,Juiz de Fora,v. 18, n. 1, p. 43-69,mar. / jun. 2013

A tessitura do conhecimento via mídias e redes sociais da internet: notas de uma pesquisa-formação mutirreferencial em um curso de especialização

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Informatics applied in Education with practices of Online Education, more specifically, the use of virtual environment Moodle with the interactive methodology of WebQuest (Santos, 2008) and immersive interactions in the softwares of social nets: Orkut, Twitter, Youtube and Blogger. The authors of this text have participated of the search, in a co-authorship with the teachers-coursists of the Specialization in Education with Informatics Application Course of the Faculdade de Educação da UERJ – 2010 class. The locus of the search was the ambit of the development of the discipline “Informatics applied in Education”. The text at issue has aimed to present notes of the theoretical and methodological table, as well as some narratives of practisers-searchers about the itinerancy in the accomplished search.Keywords: Online education. Virtual environment Moodle. WebQuest.

Data de recebimento: fevereiro 2012Data de aceite: maio 2012