a s s u r | n00 koat i n eh - socioambiental · seus inimigos tradicionais, os kaiapó, fizeram...

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CEDI - P, i data SSò , 06 , 86 ÇQD, PROJETO DE RECUPERAÇÃO DOS A S S U R | N 00 KOAT I N EH dezembro 1977

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Page 1: A S S U R | N00 KOAT I N EH - Socioambiental · Seus inimigos tradicionais, os Kaiapó, fizeram varias invasões em seu território durante sua expansão em direção ao sul. Lukesch

C E D I - P, i d a t a SSò , 0 6 , 8 6

ÇQD,

P R O J E T O DE R E C U P E R A Ç Ã O

D O S

A S S U R | N 0 0 K O A T I N E H

dezembro 1977

Page 2: A S S U R | N00 KOAT I N EH - Socioambiental · Seus inimigos tradicionais, os Kaiapó, fizeram varias invasões em seu território durante sua expansão em direção ao sul. Lukesch

1. OBJETIVOS .................................................................................................................

1 . 1 . O b j e t i v o s Gerai s ...........................................................................................

1 . 2 . O b j e t i v o s E s p e c í f i c o s ...............................................................................

2 . J U S T I F I C A T I V A S .....................................................................................................

2 . 1 . Dados H i s t ó r i c o s da S i t u a ç i o de Contato ...................................

2 . 2 . S i t u a ç ã o At ual do Grupo e a Atuação da FUNA! ......................

2 . 3 . Relaçao do P r o j e t o com a Pr obl emát i ca A s s u r i n i .................

3. ASPECTOS TÉCNICOS ..............................................................................................

3 . 1 . Aspectos I n f r a E s t r u t u r a i s ...................................................................

3 - 1 . 1 . I n f r a E s t r u t u r a E x i s t e n t e ................................................................

3 . 1 . 1 . 1 . Recursos Humanos ................................................................ ................

3 * 1 . 1 . 2 . Recursos F f s i c o s ................................ .................................................

3 . 1 . 1 . 2 . 1 . I n s t a l a ç õ e s e E ner gi a E l é t r i c a ..........................................

3 . 1 . 1 . 2 . 2 . Equipamento ..........................................................................

3 . 1 . 2 . I n f r a E s t r u t u r a Mecessar i a para a I mpl antação do P r o ­

j e t o ....................................................................................................................

3 . 1 . 2 . 1 . Recursos Humanos .................................................................................

3 . 1 . 2 . 2 . Equi pamento ...................... ......................................................................

3 . 2 . Descr i ç ão T éc ni c a do P r o j e t o ..........................................................

3 . 2 . 1 . ! nt rodução ........................................................ ............................................

3 . 2 . 2 . Met odol ogi a ......................................................... .......................... ..............

3 . 2 . 3 . Cronograma de A t i v i d a d e s R o t i n e i r a s Rel aci onadas à

Saúde ................................................................................................................í

3 - 3 - Or gani z aç ao do T r a b a l h o .................... ............................................. ..

3 . 4 . E s t r u t u r a A d m i n i s t r a t i v a do P r o j e t o ............................................

4 . LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................

4 . 1 . Aspectos J u r í d i c o s D e l i mi t a ç ã o e Extensão da Ârea . . . . .

4 . 2 . Meios de Acesso e Comunicação ............................................................

4 . 3 . Aspectos Geogr áf i cos e N a t u r a i s ............................................... ..

4 . 4 . Dados P o p u l a c i o n a i s ................. . ' . ...........................................................

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*

4 . 5 . A t i v i d a d e s do Grupo ....................................................................................... 25

5. ASPECTOS EC0N0MIC0 FINANCEIROS .............................................................................. ........ 29

5 - 1 . I n t r o d u ç i o .............................................................................................................. 25

5 . 2 . D i s c r i mi n a ç ã o dos Custos ....................................... .................................... 31

m 5 - 3 - Cronograma F í s i c o F i n a n c e i r o ................................................................ 36

6. BENEFÍCIOS ................................................................................................................... ........ 37

6 . 1 . B e n e f í c i o s Imedi atos .. ................... ................... .............................. .. 37

6 . 2 . B e n e f í c i o s Mediatos ........................................................................................ 37

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tm

1. OBJETIVOS

1 . 1 . O b j e t i v o s Gerais

- Tendo em v i s t a a i mi n ê n c i a da e x t i n ç ã o do Grupo A s s u r i n i do Xingu ,

Posto I ndfgena Koati nemo, p r o p o r c i o n a r a me l h o r i a das condi ções de

saude da popul ação e de sua adaptação a s i t u a ç ã o de c o n t at o .

- De se nv ol v er pesqui sa i n t e r d i s c i p l i n a r ( medi ci na e a n t r o p o l o g i a ) c u ­

j os r e s u l t a d o s d e v e r i o o r i e n t a r a a t u a ç i o da FUNAi j u n t o a grupos 1

i ndí genas recém- cont at ados e comunidades que apresentem atual mente

problemas semel hant es.

1 . 2 . O b j e t i v o s E s p e c í f i c o s

- Desenv ol ver um programa de saude que atenda de maneira mais e f i c a z *

as necessi dades deste s e t o r f a t r a v é s do t r a b a l h o que compreende tan_

to a a s s i s t ê n c i a médica em s i ? quanto exames de l a b o r a t ó r i o e e s t u -

dos sobre a p a t o l o g i a r e g i o n a l .

- Col her dados sobre i n c i d ê n c i a de mal a r i a, paras i t oses i n t e s t i n a i s , tu

b er c u l o s e e casos de p a r a l i s i a que ocorrem em 5% da popul ação.

- Pes q u i s ar as p r o v á v e i s causas da gr av i dade de c e r t a s i nf ec ç ões ( gr i pe,

sarampo, t u b e r c u l o s e ) a t r a v é s de estudos i munol ógi cos na p o p u l a ç ã o 1

i nd í g e n a .

- E s t u d a r o estado de saude do grupo e as causas da depopul ação, e n ­

t r e e l a s a p r a t i c a de abor t amento, t an t o do ponto de v i s t a médico ,

quanto a n t r o p o l ó g i c o .

- Desenv ol ver t r a b a l h o ' d e pesqui sa Í n t e r d i s e i p 1i n a r para mel hor ade­

quação da medi ci na c i e n t í f i c a i s formas de c u r a r t r a d i c i o n a i s .

- Propor um programa de t r e i nament o de pessoal p a r a m é d i c o da FUNAI !

que atuem em grupos r ecém- cont at ados e em o u t r o s grupos que apresej i

tem problemas semel hantes.

- P r o p o r c i o n a r melhores condi ções de adaptação do grupo ã s i t u a ç ã o de

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con t a t o a t r a v é s da mudança de o r i e n t a ç ã o nas a t i v i d a d e s do Posto ln_

dígena r e l a t i v a s ao c u l t i v o da roça do Posto e ã c o m e r c i a l i z a ç ã o do

a r t e s a n a t o i n d í g e n a .

As s eg ur ar os l i m i t e s do t e r r i t ó r i o i ndf gena, desenvol vendo as ações

n e c e s s á r i a s para sua d e l i m i t a ç ã o e demarcação.

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3.

2. J U S T l F I C A T I V A S

2 . 1 . Dados H i s t o r i c o s da S i t u a ç a o de Contato

Os A s s u r i n i foram p r i mei rament e cont at ados em 1971 por padres da P r e -

l a z i a do Xi ngu. A c o n t i n u i d a d e de suas a t i v i d a d e s e n t r e os í n d i o s , ’

e n t r e t a n t o , foi l ogo em seguida p r o i b i d a pel a FUNAI . 0 t r a b a l h o de

c o n t a t o foi c o n c l u í d o neste mesmo ano por uma f r e n t e de penet r aç ão 1

desta Fundaçao c h e f i a d a por Ant oní o C o t r i n .

Os dados h i s t ó r i c o s da s i t u a ç a o de c o n t a t o foram o b t i d o s a t r a v é s do

r e l a t ó r i o deste s e r t a n i s t a e do l i v r o do padre Anton Lukesch^ que che

f i a v a a p r i m e i r a exp edi ção para c o n t a t a r os A s s u r i n i .

Os h a b i t a n t e s de A l t a m i r a e a popul açao r eg i onal d i s t r i b u i d a ã b e i r a

do médio Xingu sempre chamaram a margem d i r e i t a do r i o “ T e r r a dos

A s s u r i n i " , denominação que s u g e r i a a i n a c e s s i b i l i d a d e daquelas t e r r a s .

Devido a um f o l c l o r e gerado e n t r e a popul ação r eg i onal segundo o qual

o grupo t r i b a l apr es ent av a uma a l t a densi dade p o p u l a c i o na l e se carac_

t e r i z a v a por sua a g u e r r i d e z , os r e g i o n a i s se mant i veram a f ast ados do

t e r r i t ó r i o A s s u r i n i dur ant e um l a r g o p e r í o d o . Dessa manei ra, ha p ou-

cas r e f e r e n c i a s sobre choques armados e n t r e os í n d i o s e a popul ação 1

regi ona 1 .

Segundo C o t r i n , o r e s p e i t o aos domínios t e r r i t o r i a i s dos A s s u r i n i f

p r e nd e - s e mais ã ausênc i a de d i s pu t a s de i n t e r e s s e s econômicos do que

propr i ame nt e ao r e c e i o de embates v i o l e n t o s poi s ê b as t ant e conhecido

o f a t o de que se promoviam excursões armadas f i n a n c i a d a s por grupos e_

conomicos da r e g i ã o c o n t r a grupos i ndí genas que impediam a expansi o '

das a t i v i d a d e s e x t r a t i v a s dos s e r i n g a i s . Foi a i n e x i s t ê n c i a de serin_

gai s n a t i v o s que p r e s e r v o u a autonomia t e r r i t o r i a l dos A s s u r i n i .

De acordo com as informações f o r n e c i d a s pel os r e g i o n a i s , a T e r r a dos

A s s u r i n i compreende a area e n t r e o Xingu e um de seus a f l u e n t e s , o

r i o B ac aj ã , e st en d en d o - s e at é a nascente do r i o I p i x u n a , próxi mo ã ca

b e c e i r a do B ac aj ã . Também de a cor do com est as i nf ormações, a p r i n c i -

1 Lukesch, A. - BEARDED INDIANS OF THE TROPICAL FOREST, Akademische

Drucku. U e r l a g z a n s t ã l t , Gr az , Á u s t r i a , 1976.

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4.

pal a l d e i a A s s u r i n i ou a Al dei a (grande se e nc ont r av a e n t r e o Xingu e

a c a b e c e i r a do I p i x u n a .

As p r i m e i r a s n o t f c i a s sobre os A s s u r i n i datam de f i n s do s é c u l o XIX 1

quando seu t e r r i t ó r i o foi i nv a di do por c o n t i n g e n t e s de e x t r a t o r e s de

caucho, a t i v i d a d e economica de c u r t a dur ação. Em 189^ os A s s u r i n i te_

r iam atacado acampamentos de s e r i n g u e i r o s .

Segundo r e l a t o s de v i a j a n t e s e c r o n i s t a s da época, e n t r e as t r i b o s vj_

z i n h a s dos A s s u r i n i , antes e depoi s desta data estão os J ur una cuj a

1 fngua p e r t enc e ao T r onco l i n g ü í s t i c o T u p i . Os f ndi os A r a r a , t r i b o

C a r i b e , foram r e p e t i d a s ve z es, v i z i n h o s dos A s s u r i n i por o c a s i a o de

suas f r e q ü e nt e s mi grações quando vinham ao Xingu e p e r c o r r i a m o t er r j _

t õ r i o As s u r i n i .

Seus i ni mi gos t r a d i c i o n a i s , os Kaiapó, f i z e r a m v a r i a s invasões em seu

t e r r i t ó r i o dur an t e sua expansão em d i r e ç ã o ao s u l . Lukesch encont r ou

na a l d e i a G o r o t i r e (Novo H o r i z o n t e ) no r i o Fr es c o, a r c o s , f l ec h as e

o u t r o s o b j e t o s tomados nest as i n c u r s õ e s .

Os K a i a p ó - X Í k r i n também se tornaram v i z i n h o s dos A s s u r i n i . E n t r e os

X i k r i n do C a t e t e , F r i k e l também encont r ou o b j e t o s A s s u r i n i , e os Tndi

os l he contaram sobre as g u er r as c o n t r a os " K u b e n - K a m r e k - T i N como de­

nominam os A s s u r i n i .

Lux Vi d a l em seu l i v r o ^ sobre os X i k r i n do Cat et e c i t a o r e l a t o por

í n d i o de uma destas g u e r r a s : "Br i gamos mu i t o . Entramos na a l d e i a e

corremos a t r a s d e l e s . Os A s s u r i n i sai ram cor r endo e af todos apanha­

mos c o n t a , aquel a somente que e l e s furam ( a k r õ ) , wara bae ( t i p o de

c e s t a ) , p e - i o - i a - e ( c e s t i n h a ) para b o t a r f a r i n h a e mi l h o e comer, pej_

o t i amu, môn- iamu (penas* de pássar o e a r a r a ) , Krua ( f l e c h a ) , d j u d j e 1

( a r c o ) e t r ê s meninos pequenos. Ja nos br i gamos. Agora nós vol tamos.

Chegamos lá na c a b e c e i r a do C a t e t e , onde estavamos no meu. As mul he­

res f i z e r a m mürb kumei ( mui t o choro r i t u a l ) . Depois os vel hos foram

a t r á s com os n g o d j u r e ( j o v e n s ai nda não i n i c i a d o s ) . 0 ve l h o Bep-Karo

t i os e n c o n t r o u , b r i g o u na a l d e i a mesmo, t rouxeram um menino. Nós t f

1 V i d a l , Lux - MORTE E VIDA DE UMA SOCIEDADE INDÍGENA BRASILEIRA, os

K a y a p Õ - X i k r i n do Rio C a t e t é , H u c í t e c e EDUSP, São Pau­

l o , 1977.

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nhamos v o l t a d o para a a l d e i a que era no Kamokt i " .

Mais r ecentemente, os A s s u r i n i foram v í t i m a s de ataques de um grupo 1

a r r e d i o recentemente cont ado, os Ar awet é, denominados Ararawa pel os

A s s u r i n i . C o t r i n pode obs, er var s dur ant e sua permanência e n t r e os As­

s u r i n i , o seu temor ante a s i mpl es n o t i c i a d a presença de seus r i v a i s a

a l d e i a . Di z o s e r t a n i s t a :

"0 c l i ma de p âni c o era g e r a l , a r ecordação das reveses em embates an­

t e r i o r e s demonstravam a s u p e r i o r i d a d e b é l i c a dos " Ar ar awa" (como os

A s s u r i n i os denomi na) . De s o r t e que essas c o n t i n g ê n c i a s i mpel i r am os

A s s u r i n i a uma aproxi mação p a c í f i c a com os br a n c o s ; e n t r e est es t e r i a

um r e f u g i o seguro c o n t r a as h o s t i l i d a d e s dos seus a n t a g o n i s t a s - ou

mesmo, a l i a d o s para uma f u t u r a v i n d i t a " ,

Na ú l t i m a década ( 6 0 - 7 0 ) o panorama econômico da r eg i ã o xinguana s o ­

f r e mo d i f i c a ç õ e s com a i n t r o d u ç ã o na economia r eg i onal da caça de an_[_

mais s i l v e s t r e s que passam a ser o p r odut o p r i m á r i o de maior procura

no mercado r eg i onal e absorve a mai or p a r c e l a da f o r ç a de t r a b a l h o I_o

c a l . I n i c i a l m e n t e as áreas i n c u r s i o n a d a s eram âs margens dos c u r s o s 1

d ' ãgua n a v e g á v e i s . 0 escasseamento desses pontos de caça levou os

" g a t e i r o s " a se apr ofundarem nas r egi ões c e n t r a i s a t i n g i n d o então "ni

chos" t r i b a i s . Sobre e s t e p e r í o d o , e n t r e t a n t o , não há n o t í c i a s de

choques armados, a não ser i nc u r s ã o r e a l i z a d a em 1966 pel os X i k r i n -

Dj ore al deados no Posto I ndí gena F r a nc i s c o M e i r e l l e s ( a t u a l Bacaj ã) 1

que i n c e n t i v a d o s por brancos efet uaram uma " r a z i a 11 c o n t r a a a l d e i a As_

s u r i n i , causando e l evadas bai xas e i ncendi ando a a l d e i a .

Segundo C o t r i n , os A s s u r i n i nao t er i am v i n c u l a d o a c u mp l i c i d a d e dos

brancos a empresa, o que é demonstrãvel em suas r e l a ç õ e s subsequentes

ao ataque com os p r ó p r i o s " g a t e i r o s ” ; os í nd i os apenas saqueavam os

acampamentos para o b t e r i nst rument os c o r t a n t e s . Pode-se d i z e r então

que a s i t u a ç a o e r a de nao v i o l ê n c i a e n t r e ambas as p a r t e s .

Ai nda segundo C o t r i n , com o event o da r odovi a Transamazôni ca que t r o ^

xe novas a l t e r a ç õ e s economicas na área e a p e r s p e c t i v a de extensão da

p r o v í n c i a f e r r í f e r a da s e r r a dos Car aj ás até a margem d i r e i t a do X i n ­

gu, novos p r o t a g o n i s t a s surgem no c e n á r i o de d i s p u t a s do t e r r i t ó r i o 1

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t r i b a l : M e r i d i o n a ] - C o n s õ r c i o Uni t ed S t a t es S t e e l - C i a Val e do Rio Do­

ce. Esta empresa f i n a n c i o u o programa de “ p a c i f i c a ç ã o 11 dos A s s u r i n i 1

c h e f i a d o pel os padres Anton e Karl Lukesch da P r e l a z i a do Xi ng u. Em

meados de a b r i l de 1971, o p l ano foi posto em execução a t i n g i n d o o

ê x i t o des ej ado pel os r es ponsá v ei s pel a mi ssão. A f r e n t e de pene t r a -

ção da FUNAi c h e f i a d a por C o t r i n atuava em área a d j a c e n t e . Com a no­

t í c i a do c o n t a t o o r o t e i r o desta expedi ção e a l t e r a d o e o grupo segue

para o i gar a pé I p i a ç a v a . Segundo C o t r i n , no d i a 17 de j unho "a FUNAi

passa a assumi r o c o n t r o l e da s i t u a ç ã o , desempenhando conforme suas

p r o r r o g a t i v a s o papel de agente de i n t e r v e n ç ã o , p r o i b i n d o o prossegui^

mento das a t i v i d a d e s dos r e f e r i d o s m i s s i o n á r i o s , que i n v o l u n t a r i a m e n ­

te s é r i o s p r e j u í z o s causaram a e s t a comuni dade" .

0 s e r t a n i s t a des cr eve no r e l a t ó r i o acont eci ment os que t i v e r a m como 1

conseqüênci a a contami nação do gr upo, grassando nesta comunidade uma

v i o l e n t a epi demi a de g r i p e e m a l á r i a , que r e s u l t o u em 13 mortes e um

l ongo p e r í o d o de conval escença que a t i n g i u i n d i s c r i mi nadame nt e todo o

g r u po . T an t o na expedi ção dos padres quanto na de C o t r i n não foram a_

dotadas medidas p r e v e n t i v a s . Os componentes da Frente de Penet r ação'

nao foram vaci nados como desde e n t i o passara a o c o r r e r e não h a v i a 1

meios para adoção de medidas p r o f i l ã t i c a s . Out r o a cont eci ment o foi o

r et ardamento da atuação da Fr ent e em d eb e l a r o s u r t o epi dêmi co pois

não se di spunha de r ec u r s os imedi atos v i s t o os e n t r a v e s b u r o c r á t i c o s '

para sua l i b e r a ç ã o . Apesar de t a r d i a , houve a i n t e r v e n ç ã o , e v i t a n d o 1

assim que se e l e v a s s e a taxa de mo r t a l i d a d e que a p r e s e n t a r i a p r o p o r - 1

ções e l e v a d í s s i m a s .

As p r i m e i r a s conseqüênci as do con t a t o j á são c i t a d a s por C o t r i n : con_

t ã g i o de m o l é s t i a s c o n t a g i o s a s , depopul ação, c r i s e a l i m e n t a r e prenún

c i o de sua d e p e n d ê n c i a s o c i e d a d e n a c i o n a l .

T r a n s c r ev e n do um t r e c h o do r e l a t ó r i o :

“ Uma gama de f a t o r e s c o n t r i b u í r a m para essas conse­

q ü ê n c i a s , tendo como p i v o t , a f a l t a de r a c i o n a l i z a ­

ção no método d e s e n v o l v i d o nesta fase do cont at o

denominada pel os promotores de “ c a t e q u i z a ç ã o 11. Os

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e f e i t o s n e g a t i v o s advi eram pel a ausênci a de medidas

p r o f I l ã t í c a s , d i s t r i b u i ç ã o i nconseqüent e de br i ndes,

f a l t a de sel eci onamento e c o n t r o l e do grupo de t r a ­

bal ho nas suas r el ações com os í n d i o s - p a r e c e - n o s 1

que e s t e método de atuaçao nos c o n t a t o s com grupos

a r r e d i o s , t o r n o u - s e uma p e c u l i a r i d a d e , sem o e x c l u -

s i v i s m o dos promot or es .

'No p r i m e i r o p l a n o , os r e s u l t a d o s mais f unes t os f o ­

ram os de n a t u r e z a b i o t i c a ; além da e l evada taxa de

m o r t a l i d a d e , d e b i l i t o u - o s organi cament e por um l o n ­

go p e r í o d o . Os mais a t i n g i d o s pel o " f a t a l i s m o " f o ­

ram os v e l h o s . As v i c i s s i t u d e s dos e f e i t o s depopu-

l a t i v o s começam a a t i n g i r sua o r g a n i z a ç ã o s o c i a l ;

as l i d e r a n ç a s dos grupos domést i cos f i c a r a m acefa -

l a s , des organi zando i n i c i a l m e n t e sua f or ç a P r o d u t i ­

va .

'Toda a v i d a s o c i a l foi a f e t a d a p r i n c i p a l m e n t e suas

a t i v i d a d e s economlcas que f i c a r a m estagnadas por

f a l t a de f o r ç a de t r a b a l h o . Perdurou por mais de

doi s meses o estado ger al de d e b i l i t a ç ã o . Decorren_

te dest e e s t ad o , perderam a est ação de pr epar o de

s o l o , sendo apenas a p r o v e i t a d o um bai xo p e r c e n t u a l 1

de t r a b a l h o i n i c i a d o . Estimamos a area a p r o v e i t a -

vel para o c u l t i v o em 8 ha o que r epr esent a o m í n i ­

mo n e c e s s á r i o ã sua s u b s i s t ê n c i a .

'Com a Inconseqüente d i s t r i b u i ç ã o de b r i n d e s , novas

necessi dades m a t e r i a i s foram c r i a d a s . A I nt r oduç ã o

de bens de consumo s u p é r f l u o , c r i a r a m paradigmas a

coordenaçao do d i r e i t o de p r o p r i e d a d e s , d e s a j u s t e s 1

no s i stema economi co, j á que p r e c i s a r ã o c r i a r e x c e ­

dentes para a manutenção do equipamento. A d i s t r i ­

bui ção d e s I g u a l i t a r I a promoveu d e s i q u i 1í b r i o nas re

1 ações i n t e r p e s s o a i s , f ragmentando os sent i ment os ’

de s o l i d a r i e d a d e t r i b a l .

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"0 seu c o t i d i a n o e de p e n ú r i a s , j á surgem as p r i m e i ­

ras mani fest ações de desencantamento, apesar de pro_

moverem-se de a l i ment os f o r n e c i d o s pel os " b r a n c o s " .

A t ua l ment e, a base da sua d i e t a a l i m e n t a r Ó a f a r i ­

nha f o r n e c i d a p e l a FUNAi completada com r eduz i da 1

quota de b a t a t a - d o c e , mandioca e o u t r o s a l i me nt o s '

c o l h i d o s em suas roças . A quota de a l i ment os forne_

c í d o s pel a FUNAI é i n s i g n i f i c a n t e em r e l a ç ã o ao mí ­

nimo c a l ó r i c o recomendado pel a t a b e l a d i e t é t i c a ; a

quota média de f ornec i me nt o d i á r i o da f a r i n h a é de

12 kg para ^0 í nd i os represent ando 300 g homem-dia.

" A d i c i o n a n d o a esses f a t o r e s , temos os traumas psico_

l ó g i c o s : os c o n t r a s t e s t e c n o l ó g i c o s , h á b i t o s sofis_

t i c a d o s , i n t e r v e n ç ão em seu comportamento mêdico-re_

l i g i o s o (com a adoção de t é c n i c a s m e d i c i n a i s com

pr odut os quí mi c os f a r m a c ê u t i c o s ) , e n t r e os de e f e i ­

tos i med i a t o s , t a l v e z j á postos em conf r o n t a ç ã o ne.5

ta fase de c o n t a t o . "

2 . 2 . S i t u a ç ã o At ual do Grupo e a Atuação da FUNAI

Desde a i n s t a l a ç ã o do Posto i ndí gena no mesmo ano em que se deu o con_

t a t o , a FUNAI r epr e s ent a o papel de i n t e r m e d i á r i o e n t r e o grupo e a

soci edade nac i onal no que se r e f e r e ã c o m e r c i a l i z a ç ã o do a r t e s a n a t o e

supr i ment o de produt os i n d u s t r i a l i z a d o s , Além d i s s o a FUNAI pr est a

s e r v i ç o s de a s s i s t ê n c i a a saúde e desenvol ve o c u l t i v o de produt os a -

g r í c o l a s , p r i n c i p a l m e n t e o a r r o z , c u j a produção est á v o l t a d a para a

s u b s i s t ê n c i a deste e de o u t r o s Postos I nd í ge n a s . Neste t r a b a l h o é

u t i l i z a d a mã o - d e - o br a A s s u r i n i c u j a remuneração se faz a t r a v é s de

bens i n d u s t r i a l i z a d o s . Out ros s e r v i ç o s como a l i mpeza da p i s t a tam­

bém são remunerados desta mane i r a , sendo que a d i s t r i b u i ç ã o dos bens

f i c a a c r i t é r i o do encar regado do Posto.

Desde 1975 a c h e f i a es t a a c a r g o do atendent e de enfermagem S r . Denig_

no Pessoa Marques, poi s es t a função só foi devi damente preenchi da du­

r ante o p e r í o d o de maio a setembro de 1975-

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9.

A escol ha e o p r epa r o dos f u n c i o n á r i o s que t r abal ham no Posto I n d í g e ­

na Koatinemo estao longe dos c r i t é r i o s e sugestões f e i t a s por C o t r i n

em seu r e l a t ó r i o t ent ando p r o p o r sol uções para os e r r o s que j ã haviam

s i d o comet i dos. Desde o c o n t at o o encaminhamento das a t i v i d a d e s do

Posto i ndí gena não segui ram as normas ou p r oposi ções f e i t a s pel o s e r ­

t a n i s t a , s a l v o t a l v e z , dur ant e o p e r í o d o em que houve c h e f i a de Posto

c u j a o r i e n t a ç ã o era pel o menos de r e s p e i t o e v a l o r i z a ç ã o dos costumes

e t r a d i ç õ e s do gr upo.

As conseqüênci as dos e r r o s apontados e até mesmo est es e r r o s co n t i n u a

ram at é os d i as de h o j e .

Para i n c e n t i v a r os s e r v i ç o s que os í n d i o s prestam ao Posto como o t r a

balho na roça da FUNAI e c o n s t r u ç ã o de i n s t a l a ç õ e s , o responsável pe­

la c h e f i a d o P o s t o p r i v i l e g i a aquel es que apresentam mai or rendimento.

Os A s s u r i n i confecci onam v ã r i o s bens a r t e s a n a i s , atual ment e c o me r c i a ­

l i z a d o s a t r a v é s da A j u d â n c í a de A l t a m i r a . Os i n d i v í d u o s que oferecem

est es bens fazem pedi dos ( r o u p a s , u t e n s í l i o s domést i cos, p i l h a , l a n ­

t e r n a , e t c . ) e de acordo com o v a l o r dest es bens e s t i p u l a d o pel a FU­

NAI segundo o mercado, os pedi dos sao " pagos11 i n d i v i d u a l m e n t e . Desde

que est es p r i v i l é g i o s são represent ados em termos de bens m a t e r i a i s ,

v i a g e ns a A l t a m i r a e passei os de a v i ã o , c r i a - s e uma d i f e r e n c i a ç ã o na

comunidade, imposta pel o br anco. Esta r e l a ç a o e n t r e FUNAI e os í n d i ­

os i n t e r f e r e na p r ó p r i a c u l t u r a do grupo enquanto o r g a n i z a ç ã o econom_i_

ca e p o l í t i c a desde que a d i s t r i b u i ç ã o de bens e a l i d e r a n ç a p o l í t i c a

deixam de e s t a r baseados em c r i t é r i o s c u l t u r a l m e n t e e s t a b e l e c i d o s pe­

lo gr u po . A a s s i s t ê n c i a à saúde t a l como se r e a l i z a nest a a l d e i a é

o u t r o f a t o r que c o n t r í b u e para a d e s i n t e g r a ç ã o da ordem s o c i a l t r a d i ­

c i o n a l . Um exemplo i l u s t r a est a a f i r ma ç a o : os pagés são a c o m e t i d o s 1

de dores f o r t e s em c e r t a s par t e s do cor po, que segundo os í n d i o s , sao

males provocados dev i do ã sua p r ó p r i a função de e n t r a r em c o n t a t o com

o s o b r e n a t u r a l . Durante uma dessas c r i s e s , o pagé foi medicado quan­

do j ã se des env ol v i am p r á t i c a s x a ma n í s t i c a s para " c u r a r o ma l " . 0

atendent e i nt er r ompeu a sessão, sem c o n s u l t a r os p a r t i c i p a n t e s , para

a p l i c a r uma i n j e ç ã o no " d o e n t e " . Estes f at os foram observados em

1976- Em 1977. os f a t o s se r e p e t i r a m e desta v e z , de maneira mais 1

II

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d r á s t i c a . A r e a l i z a ç ã o de r i t u a i s r e l i g i o s o s foi s i s t emat i c ame nt e im

pedi da p el o atendent e de enfermagem que ost ens i v ame nt e cont rapõe o

seu método de cura ao dos í n d i o s , l e v ando- os quase que obr i gator Íamen_

te a abandonarem suas p r á t i c a s x a m a n í s t i c a s .

Os e f e i t o s n e g a t i v o s do c o n t a t o sobre os A s s u r i n i se f az s e n t i r até 1

os di as de hoj e p e l o decrésci mo p o p u l a c i o n a l . Em 1971, a popul ação 1

era de 76 i n d i v í d u o s , em 1975, 58, em 1976, 60 i n d i v í d u o s e em 1977 >

56. Durante est e p e r í o d o , p o r t a n t o , o í n d i c e de m o r t a l i d a d e f oi de

20% enquanto que o de nasci mento foi de apenas 0 , 05%. Ao lado desses

n umé r i c os , a p r ó p r i a reação p s i c o l ó g i c a e c e r t a s a t i t u d e s demonstram'

a c o n s c i ê n c i a do f i m. Os í nd i os mani festam e x p l i c i t a m e n t e o desej o 1

de dei xarem a a l d e i a , as mães doam suas f i l h a s aos homens brancos pa­

ra que es t es as levem para a c i da de e o a b o r t o é uma p r á t i c a s i s t e má ­

t i c a .

As causas dest es c o n f l i t o s est ão r e l a c i o n a do s ã p r ó p r i a atuação do

Posto I ndí gena c u j a o r i e n t a ç ã o tem se mostrado i n e f i c i e n t e do ponto

de v i s t a da adaptaçao do grupo ã nova s i t u a ç ã o após o con t a t o e até 1

mesmo p r e j u d i c i a l pel os i n d í c i o s de sua d e s i n t e g r a ç ã o so c i a l e c u l t u ­

ral .

2 . 3 . Relação do P r o j e t o com a P r obl e mát i c a A s s u r i n i

Este p r o j e t o f o i e l a b o r a d o a p a r t i r do t r a b a l h o de campo r e a l i z a d o p£

la a n t r o p ó l o g a Regina MU l l e r que vem desenvol vendo pesqui sa e n t r e os

í n d i o s A s s u r i n i do Xingu desde 1976. Durante sua permanênci a na a l ­

dei a a pes qu i s ador a v e r i f i c o u que a s i t u a ç ã o atual do grupo é grave ,

tendo em v i s t a os c o n f l i t o s gerados dev i do ã atuação inadequada do

Posto I ndí gena da FUNAI j u n t o ã comuni dade. Como conseqüênci a destes

c o n f l i t o s , a popul ação i ndí gena vem d i mi n u i n d o desde o con t a t o e a co

munidade apr es ent a i n d í c i o s de d e s i n t e g r a ç ã o s o c i a l e c u l t u r a l , estan_

do, p o r t a n t o , ameaçada de e x t i n ç ã o .

Os A s s u r i n i foram cont at ados recentemente e mantem at é h o j e , c o n t a t o '

i n t e r m i t e n t e com a soci edade r e g i o n a l . 0 número de h a b i t a n t e s na r e ­

g i ão é mui t o r e d u z i d o e ate 1976, o úni co meio de acesso ã a l d e i a era

por v i a f l u v i a l . As a t i v i d a d e s de s u b s i s t ê n c i a cont inuam sendo as

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t r a d i c i o n a i s , i s t o é , caça, pesca, c o l e t a e a g r i c u l t u r a e nos di as de

h oj e , o grupo recuperou um e q u i l í b r i o s a t i s f a t ó r i o com o meio amhi en-

t e , o qual est ava ameaçado logo após o p r i m e i r o c o n t a t o .

A área ocupada p el os A s s u r i n i não apresenta problemas mot ivados pel a

presença do branco ( i n v a s a o de t e r r a s , e x p l o r a ç ã o de m ã o - d e - o b r a 7e t c .).

Devido a ausênci a de i n t e r e s s e s economicos at é agora na r e g i ã o , os fn_

dios se encontram r e l a t i v a m e n t e i s o l a d o s , não se v e r i f i c a n d o , p o r t a n ­

t o , problemas de c o n f l i t o e n t r e a popul ação e a soci edade r e g i o n a l .

A s i t u a ç ão c r í t i c a do grupo A s s u r i n i é r e s u l t a d o , p o r t a n t o , da p r ó p r i

a atuação do Posto I ndí gena c a r a c t e r i z a d a pel a ausência de pessoal 1

t é c n i c o devi damente pre par ado.£>e e ~t

Os problemas mais gra.ves que c a r a c t e r i z a m a s i t u a ç ã o de conf l i to ' e n -à t se* v

t f e os agentes da medi c i na c i e n t í f i c a e a comunidade além de s e r uma

das causas da i n e f i c i ê n c i a apresent ada pel o atendi ment o ã saúde pode

ser c o n s i de r ado como um dos f a t o r e s que c ont r i buem para a d e s i n t e g r a ­

ção da ordem s o c i a l t r a d i c i o n a l .

Este p r o j e t o es t a v o l t a d o fundamentalmente para est a p r o b l e má t i c a e

propoe um t r a b a l h o de açao c o n j u nt a e n t r e o a nt r op ól og o e o médi co, os

q u ai s serão r es ponsá v ei s por sua execução.

Um programa de saúde e n t r e popul ações i n d í g e n a s , como q u al qu er o u t r o ,

deve ser o r i e n t a d o segundo uma p e r s p e c t i v a a n t r o p o l ó g i c a .

A saúde e a doença est ão em e s t r e i t a r e l a ç ã o com os demais f a t o r e s da

v i da s o c i a l e c u l t u r a l do g r u p o . 0 cuidado com a saúde deve e s t a r ,

p o r t a n t o , baseado fundamentalmente no conheci mento aprofundado desta

r e i a ç a o . 5

Pesqui sas recent es neste campo da A n t r o p o l o g i a r es sal t am que os e s t u ­

dos de a v a l i a ç a o dos r e s u l t a d o s das curas não c i e n t í f i c a s são necessa_

r i o s para que as p o l í t i c a s governament ai s sejam apropr i adamente im-

p l a n t a d a s , tendo em v i s t a a ext ensão do uso de si stemas m ú l t i p l o s de

saúde. E n t r e os A s s u r i n i , i s t o e realmente v e r d a d e i r o poi s a cura en

t r e est es í n d i o s , r e a l i z a d a a t r a v é s de r i t o s conhecidos como p a j e l a n -

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ça ê p a r t e fundamental do si st ema r e l i g i o s o . Est e por sua vez perme_i_

a todas as e s f e r a s da v i d a s o c i a l A s s u r i n i , c a r a c t e r í s t i c a marcante 1

das soci edades Tupi. .

Este P r o j e t o de Recuperação, p o r t a n t o , l eva em conta todos os a s p e c - '

tos da s i t u a ç ã o de c o n t a t o , tendo em v i s t a r e c u p e r a r o grupo s o c i a l ,

c u l t u r a l e demograf i cament e.

Out ras a t i v i d a d e s d e s e n v o l v i d a s p el o Posto I ndí gena também s i o f at o -

res n e g a t i v o s do ponto de v i s t a da adaptação do grupo a s i t u a ç ã o de

c o n t a t o .

Como foi v i s t o a n t e r i o r m e n t e , a e x i s t ê n c i a de roça do Posto I n d í g e n a 1

é f a t o r de i n t e r f e r e n c i a n e g a t i v a na o r g a n i z a ç ã o s o c i a l dos A s s u r i n i ’

e não se j u s t i f i c a do ponto de v i s t a de complementação da d i e t a tradji_

c i o na l .

Da mesma forma como o c o r r e em r e l aç ão ao "pagamento" da mão- de- obr a 1

u t i l i z a d a na roça do Post o, a c o m e r c i a l i z a ç ã o do a r t e s a n a t o como vem

sendo r e a l i z a d a promove uma i n d i v i d u a l i z a ç ã o na posse de bens m a t e r i ­

a i s , e st r a n h a ã c u l t u r a i ndí gena e n e g a t i v a do ponto de v i s t a de p r e ­

ser vação da e s t r u t u r a s o c i a l t r a d i c i o n a l .

A i mpl ant ação de um Pl ano P i l o t o na a l d e i a A s s u r i n i deverá c o n t r i b u i r

para uma atuação mais adequada da FUNAI j u n t o aos grupos r e c e m- c o n t a -

t ados e em comunidades que apresentem atual ment e problemas s e m e l h a n - 1

t e s , a f i m de que nao se cometa novamente e r r o s mui tas vezes i r r e m e d i -

ãve i s .

Asseg ur ar os l i m i t e s do t e r r i t ó r i o i ndí gena é uma das metas deste Pro_

j e t o p oi s desde a época; do c o n t a t o ate a g o r a , nada foi r e a l i z a d a nes­

te sent i d o .

Esta é a condi ção bás i c a para q u a l q u e r t r a b a l h o que v i s e p o s s i b i l i t a r

ao grupo d e f e n d e r - s e c o n t r a f u t u r o s problemas e d e s e n v o l v e r de manei ­

ra adequada sua autonomia como grupo i nd í g e na .

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3. ASPECTOS TÉCNICOS

3 . 1 . Aspectos I n f r a E s t r u t u r a i s

3 . 1 . 1 . I n f r a E s t r u t u r a E x i s t e n t e

3 . 1 . 1 . 1 . Recursos Humanos

0 Posto I ndi gena Koatinemo conta atual ment e com os s e g u i n t e s s e r v i d o r e s :

- 1 (um) atendent e de enfermagem

- 1 (um) t r a b a l h a d o r

3 . 1 . 1 . 2 . Recursos F í s i c o s

3 . 1 . 1 . 2 . 1 . I n s t a l a ç õ e s e En e r g i a E l é t r i c a

0 Posto I ndi gena Koatinemo conta atual ment e com as s e g u i n t e s i n s t a l a ­

ções :

a) bar r acão de madeira com p i s o de c i ment o, cober t o com t e l h as de B r a s i -

l i t e . T r a t a - s e da sede do Posto e compreende dependênci as dos f u n c i £

n ã r i o s da FUNAi , sa l a do r á d i o , f ar máci a e d e p ó s i t o de a l i ment os e

bens f o r n e c i d o s aos í n d i o s .

b) casa de f a r i n h a ( c o b e r t a de p a l h a ) : possui um c a e t e t u aci onado a mo­

t o r e um f or no de t i j o l o s sobre o qual há uma panela de b a r r o r as a, 1

semelhante a panela t r a d i c i o n a l A s s u r i n i usada para t o r r a r a f a r i n h a ,

com 1,5 de d i â m e t r o , aproxi madamente.

c) casa de palha com 3 cômodos para r e s i d ê n c i a de f u n c i o n á r i o s .

d) e s c o l a ( c o b e r t a de pal ha) com bancos e mesinhas e uma l ousa.

e) casa do grupo ge r ador Montgomery com 3m por 1,5m f e i t a de b a r r o cober

ta de p a l h a . *

f ) fossa com casi nha de b a r r o , cober t a de p al h a , c h i o aci mentado, com 1

1 , 5m por 2m.

E x i s t e e n e r g i a e l é t r i c a na sede do Posto f o r n e c i d a por motor ger ador (p£_

queno grupo ge r a d or Montgomery 3 , 5 H P ) .

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3 . 1 . 1 . 2 . 2 . Equipamento

A f ar máci a apr esent a o s e g u i n t e equipamento:

a) doi s su p o r t e s de sor o

b) um l e i t o

c) uma mesa esmaltada

d) um ar má r i o

e) t r e s p r a t e l e i ras

f ) s s r i n g a s e agul has em mau estado

A sede do Posto possui uma g e l a d e i r a ã querosene.

3 . 1 . 2 . i n f r a E s t r u t u r a Ne c e ss á r i a para a Impl antação do P r o j e t o

3 . 1 . 2 . 1 . Recursos Humanos

Com a f i n a l i d a d e de promover , e s t i m u l a r e coor denar as a t i v i d a d e s reque­

r i d a s pel o P r o j e t o tendo em v í s t a seus o b j e t i v o s e met odol ogi a , projetou^

se a c o n t r a t a ç ã o de um medi co e de um a n t r o p ó l o g o para o p er í o d o de du­

ração do P r o j e t o .

Como foi a n a l i s a d o a n t e r i o r m e n t e , o atendent e de enfermagem atual ms nt e 1

prest a ndo s e r v i ç o s no Posto I ndi gena Koatinemo não apr es ent a condições 1

t éc ni c a s para e x e r c e r suas a t i v i d a d e s j u n t o â comunidade.

Tendo em v i s t a a mudança de o r i e n t a ç ã o nas a t i v i d a d e s do Posto Indi gena

no que se r e f e r e a e x i s t e n c i a da roça do Post o, o t r a b a l h a d o r será desn^

c e s s ã r i o dur a n t e o per í o d o do P r o j e t o .

Com a saí da dest es d o i s s e r v i d o r e s da área i n d í g e n a , p r o j e t o u - s e que o

Posto I ndí gena Koatinemo conte com 1 (um) A u x i l i a r T é c n i c o de I n d i g e n i s -

mo-Chefe de POsto como ssu por te a d m i n i s t r a t i v o para o des env ol v i ment o das

a t i vi dades da FUNAI .

3 . 1 . 2 . 2 . Equi pamento

Tendo em v i s t a os o b j e t i v o s do Pr oj et o , a s n ec e s s i d ad e s i n f r a e s t r u t u r a i s

dizem r e s p e i t o a complementação da f a r m á c i a , montagem da i n f r a e s t r u t u ­

ra de 1 l a b o r a t ó r i o de exames, meios de t r a n s p o r t e e s u b s i s t ê n c i a do

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< - Acervo__ //\V I S A

15.

pessoal que executa o P r o j e t o .

São n e c e s s á r i o s , p o r t a n t o , os s e g u i n t e s f t e n s :

a) uma mesa esmaltada

b) m a t e r i a l de pequena c i r u r g i a ( b i s t u r i , f i o s de s u t u r a , agul has c i r ú r ­

g i c a s , p i n ç a s , l uvas c i r ú r g i c a s )

c) s e r i n g a s e agul has para i n j e ç ã o e a p l i c a ç ã o de soro

d) mi c r o s c ó p i o

e) l âmi nas, r ea ge nt e s , v i d r a r i a

f ) b o t i j o e s de gás para g e l a d e i r a

g) fer rament as a g r í c o l a s e sementes para h o r t i c u l t u r a

h) 1 (um) motor i n d u s t r i a l com rabo adaptado

3 - 2 . De s c r i ç ão T é c n i c a do P r o j e t o

3 . 2 . 1 I nt r oduç ã o

0 P r o j e t o será d e s e n v o l v i d o com a s u p e r v i s ã o da D i v i s ã o de Saúde / DGPC

que devera acompanhar os r es u l t a d o s de suas a t i v i d a d e s .

Estas e s t a r ã o sempre em harmonia com os t r a b a l h o s r o t i n e i r o s desta D i v i ­

são, adot ando- se sempre que p o s s í v e l a padr oni z ação p r econi z ada pel a

FUNAI para as a t i v i d a d e s de saúde.

Este P r o j e t o propÓe a ação c o n j u n t a d e s e n v o l v i d a pel o médico e pel o a n -

t r o p ó l o g o os quai s j u n t o s formam a equi pe responsável por seu desenvolvj _

ment o.

Esta equipe se j u s t i f i c a pel a i mpor t ânc i a desta ãrea desde que o p r i n c i ­

pal problema apr esent ado na s i t u a ç a o at ual do grupo é o estado de saú­

de p r e c á r i o , a inadequação da a s s i s t ê n c i a até hoj e prest ada e os e f e i - '

tos n e g a t i v o s do c o n f l i t o e n t r e os agentes de nossa medi ci na e a popu l a ­

ção i nd í gena .

Durante o per í o d o de r e a l i z a ç ã o do P r o j e t o nao deverá o c o r r e r a presença

de elementos que não estej am sob o r i e n t a ç ã o desta equ i pe, t en t a n d o - s e i s<5

l a r o grupo de i n f l u ê n c i a s neg at i v a s c o n t r á r i a s aos seus p r o p ó s i t o s .

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P r e t e n d e - s e que, concl u i do o p e r í o d o de recuperaçao, os A s s u r i n i estej am

mais r e s i s t e n t e s aos f a t o r e s n eg at i v os do c o n t a t o .

3 . 2 . 2 . Met odol ogi a

Desde o c o n t a t o os A s s u r i n i são cometidos de doença i n f e c c i o s a s , pr i ncj^

palmente as r e s p i r a t ó r i a s agudas, e correm o r i s c o de desenvol verem ou­

t r a s doenças graves como a t u b e r c u l o s e .

Assi m, impõe-se medidas de ordem p r e v e n t i v a como a v a c i n a ç ã o , i sol amen­

to e c o n t r o l e de i n d i v f d u o s c o n t a g i a n t e s , r e s t r i ç ã o de v i s i t a s e saidas

da a l d e i a , e t c .

As s e g u i n t e s p r o v i d ê n c i a s são consi der adas de c a r á t e r i medi at o:

a) l evant ament o, na medida do p o s s í v e l , do passado n o s o l ó g i c o da comunj_

dade a t r a v é s de r e l a t ó r i o s e x i s t e n t e s e e n t r e v i s t a s .

b) exame c l í n i c o de todos os h a b i t a n t e s com cadastramento em f i c h a méd_i_

ca p ad r o n i z a d a.

c) t r i a g e m e e l i m i n a ç ã o dos focos de c o n t á g i o , p r i n c i p a l m e n t e tubercul_o

s e ,

d) r e a l i z a ç ã o da prova t u b e r c u l í n i c a ( t e s t e de Mantoux) nos h a b i t a n t e s

em que se f i z e r n e c e s s á r i o .

e) exame p a r a s i t o l ó g i c o de fezes em todos os h a b i t a n t e s e t r at ament o em

massa adequado. 0 exame será r e a l i z a d o pel o método d i r e t o , corado pe:

l o 1u g o l .

f ) v a c i n a ç ã o bás i c a de todas as c r i a n ç a s a t é 7 anos c o n t r a : t é t a n o , dif_

t e r i a , c o q u e i u c h e , p o l i o m i e l i t e , t u b e r c u l o s e , sarampo e v a r í o l a , com­

plementando t r a b a l h o j á r e a l i z a d o pel as EVS.

g) complementação da v a c i n a ç ão dos a d u l t o s .

h) complementaçao da f ar má c i a .^ f

i ) a q u i s i ç ã o de m a t e r i a l para pequenas c i r u r g i a s e m a t e r i a l para a p l i c a

ção de i n j e ç õ e s .

j ) a Pesqui sa de Hematozoár i os em Casos F e b r i s (PHCF) será f e i t a em es_

f regaços si mpl es e " got a espessa" corados pel o Leishmann.

k} a- imunidade humoral sera test ada em sangue o b t i d o de punçao d i g i t a l

e a b s o r v i d o em papel f i l t r o . T r a n s p o r t a d o s para São Paul o s o f r e r ã o

a n á l i s e s o r o l õ g i c a para ma l á r i a e o u t r a s doenças de event ual i n t e -

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17.

r e s s e .

1) a imunidade c e l u l a r do grupo será t es t ada a t r a v é s de Reações intradé_r

mi c as , como o PPD RT 23 ( t e s t e de Mant oux) , t r i c o f i t i n a e a Paracocci_

d i o i c l i na .

Par a l e l ament e ao s e r v i ç o a s s i s t e n c i a l d et a l ha do acima p r e t e n d e - s e montar

uma i n f r a e s t r u t u r a de exames de l a b o r a t ó r i o si mpl es t ent ando t o r n a r mais

c o r r e t o s os d i a g n ó s t i c o s .

Como é s a b i d o , doenças gr aves como a m a l á r i a , h e p a t i t e , e a t u b e r c u l o s e

podem ser d i a g n o s t i c a d a s f a c i l m e n t e a t r a v é s de exames s i mpl es e bar at os

que em mui t o i r ã o c o n t r i b u i r para um atendi ment o de saúde e f i c a z .

A pesqui sa sobre os aspectos da v i da s o c i a l A s s u r i n i , em e s p e c i a l , o 1

si stema r e l i g i o s o , c o n t i n u a r a sendo d e s e n v o l v i d o pe l o a n t r o p ó l o g o de a~

cÕrdo com o Pl ano de Pesqui sa envi ado a FUNAI em março de 1977-

A c o m e r c i a l i z a ç ã o do a r t e s a n a t o será o r i e n t a d a pel o a n t r o p ó l o g o poi s a

mani pul ação da renda o b t i d a da venda e a ar r ec adaç ão das peças deverão

ser r e a l i z a d a s a t r a v é s de mecanismos mais coerentes com a e s t r u t u r a so­

c i a l t r a d i ci ona 1.

3 . 2 . 3 - Cronograma de A t i v i d a d e s R o t i n e i r a s Rel aci onadas ã Saúde

(ano 1978)

Março

- i mpl ant ação do P r o j e t o

A br i 1

- f i chament o c l f n i c o . d e todos os h a b i t a n t e s .

- o r g a n i z a ç ã o da Far máci a.

- prova t u b e r c u l í n i c a .

- exame de e s c a r r o nos 's i ntomát i cos .

- pesquisa de Hemat ozoar i os em Casos F e b r i s (PHCF)

Ma i o

- exame P a r a z i t o l õ g i c o de Fezes e t r at ament o se n e c e s s á r i o .

- va c i n a ç ã o c o n t r a o sarampo em mai ores de 6 meses.

- v a c i n a ç ã o T r f p 1 i ce ( D i f t e r i a , T ét a no e C o q u e l u c h e ) , 1a. dose em c r i a n ­

ças até 6 anos.

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18.

- v a c i n a ç ão a n t i t e t a n i c a nos a d u l t o s (1? d o s e ) .

- v a c i n a ç ão " S a b i n " a d u l t o s e c r i a n ç a s ( l ? d o s e ) .

- v ac i nação com BCG i n t r a d e r m i c o nos não r ea t o r e s i t u b e r c u l i n a , 3 a 4

semanas apos a v a ci nação a n t i - s a r a m p o .

- PHCF.

Junho

- P a r a s Í t o 1ó g i c o de fezes ( c o n t r o l e de t r a t a m e n t o ) .

- v ac i nação t r í p l i c e em c r i a n ç a s até 6 anos (2? d o s e ) .

- v a c i n a ç ão a n t i t e t a n i c a em a d u l t o s (2^ d o s e ) .

- v a c i n a ç ã o de Novos S u s c e p t í v e i s ( V N S ) .

“ PHCF.

Ju 1 ho

- v a c i n a ç ã o t r í p l i c e em c r i a n ç a s até 6 anos (3^ d o s e ) .

- v a c i n a ç ao a n t i t e t a n i c a em a d u l t o s (3? d o s e ) .

- v ac i nação " S a b i n " (2? d o s e ) .

- V N S .

- PHCF.

Agos to

- VNS.

- PHCF.

Setemb ro

- v a c i n a ç ao " S a b i n 11 (3^ d o s e ) .

- exame p a r a s E t o l õ g i c o de fezes ( c o n t r o l e de r e i n f e s t a ç ã o e t r at ament o

quando n e c e s s á r i o ) .

- V N S .

- PHCF.

Outubro

- v a c i n a ç ão a n t i - s a r a m p o ( r e f o r ç o ) .

- V N S .

- PHCF.

Novembro

- VNS.

- PHCF.

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Dezemb ro

- va c i n a ç ao a n t i - v a r f o i i c a .

- V N S .

- PHCF.

- exame p a r a s Í t o l õ g i c o de fezes ( c o n t r o l e de r e i n f e s t a ç a o e t rat ament o

quando n e c e s s á r i o ) .

Com r e l a ç i o ao Cronograma de a t i v i d a d e s do s e t o r de saúde fazemos as 1

s e g u i n t e s obs er v a ç ões :

1 - A a p l i c a ç ã o da v a c i n a T r í p l i c e ( d i f t e r i a , t ét ano e coquel uche) a -

penas será r e a l i z a d a nas c r i a n ç a s até s e i s anos de v i d o aos i mp o r - '

t ant e s e f e i t o s c o l a t e r a i s que os componentes c ont r a d i f t e r i a e co ­

quel uche promovem quando a p l i c a d o s em a d u l t o s .

2 - P r ef er i mos d e s e n v o l v e r o combate ãs vermi noses i n t e s t i n a i s a t r a v és

dos t r at a ment os em massa c o n s i d e r a n d o - s e os s e g u i n t e s aspect os:

a) é des ne c e s sá r i a e inadequada a i nt r odu ç ã o de medidas que visem

a a l t e r a ç ã o de h á b i t o s h i g i ê n i c o s e de v e s t u á r i o na at u ai fase do

con t a t o dos A s s u r i n i do Koati nemo; b) a nossa d i s p o n i b i l i d a d e t é c ­

n i c a p e r mi t e a r e a l i z a ç ã o de exames p e r i ó d i c o s de c o n t r o l e ; c) os

a n t i h e i m í t i c o s modernos sao de f a c i l a d m i n i s t r a ç ã o , des p r o v i d o s de

e f e i t o s c o l a t e r a i s , grande e f i c á c i a e amplo e s p e c t r o de a t i v i d a d e s .

3 - A v a c i n a ant i v a r í ol i ca será a p l i c a d a apenas no décimo mês pel as s_e

g u i n t e s r azões: a) a v a r í o l a é doença que não o c o r r e no B r a s i l há

mais de c i n c o anos; b) a v a c i n a ant i v a r í o l i ca é a que provoca efe_i_

tos c o l a t e r a i s mais graves e f r e q ü e n t e s , podendo i s t o a c a r r e t a r 1

prevenção ou d e s c onf i anç a por p a r t e dos A s s u r i n i quanto ãs nossas

at i v i d a d e s .

4 - A Pesqui sa de Hematozoãr íos em Casos F e b r i s (PHCF) é método dos '

mais usados quando se pret ende conhecer as e spéci es mais f r e q ü e n ­

tes e i n c i d ê n c i a sazonal em r egi ões endêmicas de m a l á r i a . Acredi ta_

mos que est e est udo t e r á um desdobramento i mpor t ant e: a) a adoção

de medidas p r o f i l ã t i c a s adequadas desde que se j u s t i f i q u e m ; b) t r a

tamento r a c i o n a l dos doent es.

Os doentes gr aves que n ec es s i t ar e m de cui dado e s p e c i a l serão removidos

para A l t a m i r a acompanhados pel o médico que s e g u i r á de p e r t o o tratame_n

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20.

to hospí t a 1 a r .

No d e c o r r e r do des env ol v i ment o do P r o j e t o um atendent e de enfermagem se­

rá t r e i n a d o de acordo com a e x p e r i ê n c i a a d q u i r i d a a f im de que possa a s ­

sumir o c o n t r o l e da saúde, dando c o n t i n u i d a d e ao t r a b a l h o r e a l i z a d o .

3 - 3 - Or g a n i z a ç ão do T r a b a l h o

0 P r o j e t o propoe a a ç i o c onj u nt a d e s en v o l v i da pel o medico e pel o ant r opõ

l o g o , r es ponsáv ei s por sua execução, é desta atuação í n t e r d i s e i p l i n a r 1

que se pret ende d e s e n v o l v e r pesquisa no s e n t i d o de a v a l i a r os r es u l t a d o s

das p r á t i c a s c u r a t i v a s t r a d i c i o n a i s v i s a nd o o b t e r da harmonia e n t r e e s ­

tas p r á t i c a s e a medi c i na c i e n t í f i c a uma mel hor e f i c i ê n c i a no cui dado da

saúde da popul ação i n d í g e n a .

0 t r a b a l h o de a s s i s t ê n c i a médica será r e a l i z a d o pel o médico a quem cabe

também coor denar as a t i v i d a d e s do P r o j e t o .

Cabe ao a n t r o p ó l o g o o r i e n t a r as a t i v i d a d e s do P r o j e t o e do Posto I n d í g e ­

na, d e s en v o l v i da s por seu r e s p o n s á v e l , acompanhar o t r a b a l h o de a s s i s t ê n

c i a médica e o t r e i nament o do a t endent e de enfermagem.

3 . 4 . E s t r u t u r a A d m i n i s t r a t i v a do P r o j e t o

0 P r o j e t o deverá ser executado a t r a v é s da e s t r u t u r a a d m i n i s t r a t i v a da

F UNA I , ou s e j a :

Departamento Geral de Operação - DGO; Segunda Del eg ac i a Regi onal - 2^ DR,

A j u d a n c i a de A l t a m i r a e Posto I ndí gena Koatinemo.

Coordenador

A coor de naç i o do P r o j e t o sera e x e r c i d a pel o médico WALTER LABONIA FILHO,

c o n t r a t a d o pel o FUNAI, ,a quem compete:

- c o n t r o l a r a execução do P r o j e t o , assegurando a i mpl ant ação do que e s ­

tá programado n es t e ;

- movimentar v a l o r e s e o r d e n a r despesas p r e v i s t a s no P r o j e t o ;

- f a z e r o acompanhamento f i n a n c e i r o do P r o j e t o e e n v i a r r e l a t ó r i o de a~

companhamento ao DGO;

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coordenar as a t i v i d a d e s do pessoal l i g a d o ao P r o j e t o ;

a t r a v é s da e s t r u t u r a a d m i n i s t r a t i v a da FUNAi , manter cont at o com ou­

t r o s Departamentos e Ó r g ã o s , aos quais devera e s t a r v i n c u l a d o t e c n i c a ­

mente;

pr opor a l t e r a ç õ e s quando n ec es s ár i a s e de acordo com as r e i n v i n d i c a - 1

çoes dos í n d i o s ;

a t r a v é s da e s t r u t u r a a d m i n i s t r a t i v a , e n v i a r r e l a t ó r i o s ( t r i m e s t r a i s ) 1

aos orgaos da FUNAI i n t e r es s ados no andamento do P r o j e t o .

a n t r o p ó l o g a REGINA APARECIDA POLO MÚLLER compete:

o r i e n t a r o P r o j e t o , assegurando sua i mpl antação de acordo com os obje

t i v o s nel e e x p l i c i t a d o s ;

d e f i n i r as p r i o r i d a d e s a d m i n i s t r a t i v a s tendo em v i s t a a adequação da

execução do P r o j e t o ao que e s t a programado;

o r i e n t a r as a t i v i d a d e s do Posto Indí gena e do P r o j e t o quant o i s d e c i ­

sões r e l a t i v a s ã execução des t e;

e l a b o r a r j unt ament e com o médico os r e l a t ó r i o s t r i m e s t r a i s que serão

envi ados aos órgãos da FUNAi i n t e r e s s a d o s .

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22.

4. LOCAL IZAÇfiO

A a l d e i a A s s u r i n i es t á l o c a l i z a d a a margem d i r e i t a do i garapé I p i a ç a -

v a , a f l u e n t e da margem d i r e i t a do r i o Xi ng u, m u n i c í p i o de A l t a m i r a ,

est ado do Pa r á . A f oz do i garapé I p i a ç a v a f i c a s i t u a d a na a l t u r a do

p a r a l e l o de h ° S 1 de l a t i t u d e sul e me r i d i a no de 5 3 ° 3 6 ‘ de l o n g i t u d e 1

oest e .

4 . 1 . Aspect os J u r í d i c o s De l i mi t aç ã o e E x t e n ç i o da Area

Segundo os dados h i s t ó r i c o s apr esent ados a nt e r i o r me n t e a " T e r r a dos

A s s u r i n i " compreende, de acordo com as informações dos r e g i o n a i s , a

área e n t r e o Xingu e um de seus a f l u e n t e s , r i o B ac a j ã . A p r i n c i p a l 1

a l d e i a A s s u r i n i ant es do c o n t a t o se l o c a l i z a v a e n t r e o Xingu e a c a ­

b e c e i r a do I p i x u n a , segundo aquel as mesmas i nformações.

C o t r i n , em seu r e l a t ó r i o , c i t a os s e g u i n t es l i m i t e s para o t e r r i t ó r i o

A s s u r i n i :

Ao n o r t e , ã margem esquerda do i garapã Lages, s i t u a da â margem d i r e i ­

ta do r i o Xi ng u;

A l e s t e , margem esquerda do i garapé Lages at é suas nas c e nt es , daí se­

gui ndo uma l i n h a seca em d i r e ç ã o da nascente do i garapé i p i aç av a

s i t u a da em posi ç ão sudeste - pr os seg ui ndo a l i n h a seca at é a t i n g i r a

c a b e c e i r a do i garapé P i r a n h a n g u a r a ;

Ao s u l , ã margem d i r e i t a do i garapé Pi r anhaguara até sua c a b e c e i r a ;

A o e s t e , a f o z do i garapé Pi r an h an g u a r a , s i t u a d a na margem d i r e i t a do

r i o Xi ngu.

Segundo informações dadas ã a nt r o p ó l o g a pe l o chefe da A j u d â n c i a de

A l t a m i r a a d e f i n i ç ã o da ãrea a ser homologada para e st e grupo i n d í g e ­

na ai nda não foi r e a l i z a d a . A area j á foi sobrevoada recentemente pa­

ra a execução do mapa que d e l i m i t a a r es er va i ndí gena e i n d i c a , p o r ­

t a n t o , sua ext ens ão. Est e mapa, e n t r e t a n t o , não se encont r a na Delega_

c i a de Belém nem em poder da c h e f i a da A j u d â n c i a de A l t a m i r a .

m

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2 3 .

«•II

4 . 2 . Meios de Acesso e Comunicação

Hâ duas v i a s de acesso ã a l d e i a , f l u v i a l e aér ea .

Vi a F l u v i a l

Epoca de e s t i a g e m: A l t a m i r a - a l d e t a : doi s d i as em motor de popa,

Al d e i a - A l t a m i r a : um d i a em motor de popa.

Época de chuvas: A l t a m i r a - a l d e i a : 18 horas em motor de popa.

Al d e i a - A l t a m i r a : 9 horas em motor de popa.

Vi a Aérea

Em 1976 foi c o n s t r u í d a uma p i s t a de av i ã o com 600m de compri mentos20m

de l a r g u r a , 1 5m de desmatamento l a t e r a l e abundante desmatamento nas

duas c a b e c e i r a s . A d i s t â n c i a por v i a aérea e n t r e A l t a m i r a e a l d e i a é

de meia h o r a .

Ou t r o meio de comunicação e por r a d i o f o n i a com acionamento por peque­

no grupo ge r a d or Montgomery 3 , 5 HP.

4 , 3 . Aspectos G e o g r á f i c o s e N a t u r a i s

0 s o l o I areno a r g i l o s o com manchas espar sas de a r g i l a . A v e g e t a ç ã o 1

se c a r a c t e r i z a pel a F l o r e s t a E q u a t o r i a l . 0 t e r r e n o é pouco a c i d e n t a ­

do, sendo que as suas margens predominam os t e r r e n o s a l u v l o n a i s , s u ­

j e i t o s ã inundações p e r i ó d i c a s - formando os conheci dos i g a p õ s .

r

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2 4 .

4 . 4 . Dados P o p u l a c i o n a i s

A popul ação A s s u r i n i conta atual ment e com 56 i n d i v í d u o s ^ c u j a d i s t r i ­

bui ção em f a i x a s e t á r i a s é a s e g u i n t e ^ :

HOMENS

□ 0 a 4

MULHERES

A A A5 a 9 A A

□ 10 a 14 A□ 15 a 19 A A A

□ □ □ □ □ 20 a 24 A A A A A□ □ □ □ □ □ 25 a 34 A A A A A

35 a 44

A A A A AA A A A A

□ □ □ □ 45 a 59 A□ D O 6 0 . . , A

25 .......... Sub T o t a l . .......... 31

T o t a l . .......... 56

r

r

1 Dados o b t i d o s em maio de 1977-

2 A idade das pessoas e uma e s t i m a t i v a .

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4 .5 . A t iv id ad es do Grupo

As a t i v i d a d e s de s u b s i s t ê n c i a são aquel as c a r a c t e r í s t i c a s de o u t r o s '

grupos i ndí genas da á r e a , i s t o é, a g r i c u l t u r a , a caça, a pesca, e a

c o l e t a . A p r i m e i r a t a l v e z pel o f a t o do Grupo ser T u p i , e a mais im-

p o r t a n t e . Uma das p r i n c i p a i s fontes de r ecursos na economia Tupi tra_

d i c i o n a l é o c u l t i v o da t e r r a sendo que a mandioca r ep r e s ent a o e l e ­

mento b ás i c o da d i e t a a l i m e n t a r A s s u r i n i . Estes í nd i os c u l t i v a m tam­

bém o m i l h o , do qual possuem d i f e r e n t e s e s p é c i e s , b a t a t a - d o c e , f av a s ,

banana, a l g o d ão , u r u c u , j e n i p a p o , fumo, m e l a n c i a , amendoim e apôs o

c o n t a t o com o branco, a c a n a - d e - a ç ú c a r e o a r r o z . A roça de ar roz , en_

t r e t a n t o , p e r t enc e ao posto da FUNAI e sua produção s er v e para a manu

tenção dos postos i n d í g e n a s .

Em suas roças c u l t i v a m v a r i a s es pé c i es de mandioca c u j o número é e l e ­

vado quando comparado aos Xavante, por exemplo. De uma de suas varie_

dades, mandi 'aka ( mandioca " b r a v a " ) f abr i cam d i f e r e n t e s f a r i n h a s e o

be i j u .

Hã também d i f e r e n t e s t i p o s de mingaus os quai s sao f e i t o s quase que

d i a r i a me n t e e levam como i n g r e d i e n t e o l í q u i d o de uma o u t r a v a r i edade

de mandioca (maníokao_) doce e de tamanho bem mai or que as demais.

0 mi l h o e c o l h i d o e guardado em casa, sendo u t i l i z a d o o ano todo para

e n g r o s s a r o mi ngau, por exempl o, quando não é usada a f a r i n h a de man­

d i o c a . Neste caso, o m i l h o é socado no p i l ã o e da mesma maneira como

se procede em r e l a ç ã o ã f a r i n h a de mandioca, é mi s t u r ad o com castanha

do par a , também socada no p i l ã o . 0 mi l h o r ep r e s e n t a ao lado da mandj_

o c a , um p r odut o i mp o r t a n t e , sendo que na época da c o l h e i t a r e a l i z a m -

se c e r i mô n i a s r e l a c i o n a da s a e l e . Os A s s u r i n i se al i mentam basicamen_

te dos pr odut os a g r í c o l a s c i t a d o s , sendo que sua d i e t a é complementa­

da por aquel es pr odut os o b t i d o s a t r a v é s da c o l e t a , da caça e da pesca.

A c o l e t a é uma a t i v i d a d e de homens e mul her es . Os p r i n c i p a i s produ -^coco

tos c o l e t a d o s são a castanha do para e o e i& o de babaçu.

0 apressamento do j a b o t i também pode ser cons i der ado como c o l e t a . É

uma a t i v i d a d e e ss e n c i a l men t e ma s c u l i n a . 0 j a b o t i é um dos p r a t o s pre

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d i l e t o s dos A s s u r i n i . Seu p r e p a r o , a cargo da mul h er , recebe um t r a ­

tamento cui dadoso de acordo com c e r t a s etapas que se estendem a t é du­

r ant e a r e f e i ç ã o , quando é i n g e r i d o . Como o c o r r e com q u a l q u e r al imeji

t o , é comido j unt ament e com f a r i n h a de mandioca.

A caça é uma a t i v i d a d e m a s c u l i n a . Os ani mai s caçados são o quei xada,

o porco do mato, a paca, c a e t e t u , veado, tamanduá, c o t i a , e t c . e aves

como o mutum e o j a c u , est es ú l t i mo s em mai or q u a n t i d a d e .

Atual ment e os í n d i o s u t i l i z a m r i f l e s , sendo que o ar c o e a f l e c h a são

r eser vadas ãs pequenas av es .

0 pei xe ê um dos a l i me nt o s bási cos da d i e t a A s s u r i n i . De acordo com

a época do ano, é consumido quase que d i a r i a m e n t e , se j a c o z i d o na á - g u a , moqueado ou assado na c i n z a quent e. E n t r e es t es í nd i os é pouco

u t i l i z a d o o a r co e a f l e c h a desde que e l e s preferem o anzol e a l i nh a

de n y l o n , de f a c i l a q u i s i ç ã o a t r a v é s do post o da FUNAI. Mas p e s c a r i ­

as p a r t i c i p a m homens, mul heres e c r i a n ç a s e as e x c u r s õ es , f e i t a s a t r a

vés de b a r c o s , podem t e r a duração desde um dia ou uma n o i t e até v á ­

r i o s d i a s , dur ant e os quai s constroem acampamentos p r o v i s ó r i o s ã b e i ­

ra dos r i a c h o s onde se e nc ont r a mai or quant i dade de p e i x e . No caso

de nao possui r em bar co, a l guns homens pescam i n d i v i d u a l m e n t e na p r ó ­

p r i a margem do I p i a ç a v a .

0 a r t e s a n a t o A s s u r i n i compreende: cer âmi c a, t ecel agem, c e s t a r i a , f a ­

b r i c o de a r c o s , f l e c h a s , c o l a r e s e p u l s e i r a s e o t r a b a l h o em m a d e i r a 1

a t r a v é s do qual os í n d i o s confecci onam seus bancos de s e n t a r . A cerâ_

mi ca e tecelagem ( r e d e s , t i pó i a s , t i r a s de cabeça f e i t a s de f i o de aj_

godão) es t ã o a cargo da mul her .

Os potes servem como r e c i p i e n t e s para t r a n s p o r t a r e gu ar d ar i g u a , c o ­

l o c a r a l i me nt o s ou p r e p a r a r comidas no f ogo. No p r i m e i r o caso, t r a ­

t a - s e de cerâmica decorada e no segundo, si mplesmente de vasi l hames '

de b ar r o que se tornam p r e t o s com o uso. Segundo a b i b l i o g r a f i a con­

s u l t a d a a r e s p e i t o de grupos Tupi contemporâneos, a cerâmica ( c a r a c t e

r í s t i c a bem marcante dest es grupos) e s t á desaparecendo rapidamente na

m a i o r i a dos casos, d i a n t e da f a c i l i d a d e de obtenção de v a s i l h a s de a -

l u mí n i o ou m a t e r i a l p l á s t i c o . E n t r e o s A k wa - A s s u r i n i estudados por

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27.

JMt

L ar a i a^ não e x i s t e mais a preocupação na confecção de t a i s o b j e t o s . A o

c o n t r ã r i o , e n t r e os A s s u r i n i do Koatinemo t r a t a - s e de uma das p r i n c i ­

p a i s a t i v i d a d e s f e m i n i n a s . Um grande numero de modelos de potes e

sua r i c a decoração representam uma mani f est ação a r t í s t i c a e a c e r â mi ­

ca não pode ser c o n s i de r a d a apenas do ponto de v i s t a de sua u t i l i d a d e .

Além da f a b r i c a ç a o de a r cos e f l e c h a s , os homens se dedicam a cesta -

r i a que compreende: cof os para t r a n s p o r t e de p e i x e s , pr odut os a g r í c o

l as ou da c o l e t a , boi sas para guar dar o b j e t o s p e s s o a i s , abanos e pe­

n e i r a s . Os c o l a r e s e p u l s e i r a s são f e i t o s paci ent ement e de osso ou

de dente de animal como o macaco e de um t i p o de coco de p a l mei r a ade

quado para e s t a f i n a l i d a d e . Os homens são também os f a b r i c a n t e s dos

bancos de s e n t a r . Estes bancos são e s c u l p i d o s no t r o n c o de uma á r v o -

re de modo que o a s sent o e as pernas c o n s t i t u e m uma sÓ peça.

A v i d a r e l i g i o s a e n t r e os A s s u r i n i r ep r e se nt a um dos aspectos mais im

p o r t a n t e s da o r g a n i z a ç ã o s o c i a l do gr upo, ê a t r a v é s de seu con t a t o 1

com o s o b r e n a t u r a l que os p aj és r e a l i z a m as curas cuj os r i t o s são c o ­

nhecidos como " p a j e l a n ç a " . Estes r i t o s compreendem defumações, massa_

gens e sucções e gest os que r epresentam a expul são do mal . Em a l g u ­

mas modal i dades os at os são acompanhados por cantos e danças a t r a v é s 1

dos quai s se evoca seres s o b r e n a t u r a i s , os e s p í r i t o s f a m i l i a r e s de ca_

da p a j é . Além dos r i t o s de c u r a de doença, os paj es r e a l i z a m c u l t o s

aos e s p í r i t o s . Estas duas a t i v i d a d e s ãs vezes se combinam e a r e a l i ­

zação de um r i t u a l x a ma n í s t i c o pode t e r a duração de 15 d i as i n i n t e r ­

r u p t o s . Nestes c u l t o s os p aj és i ncorporam e s p í r i t o s sendo que a rela_

ção e n t r e e l es e o s o b r e n a t u r a l lhes con f e r e o poder de r e t i r a r o mal

do doente.

Mani f est ações a r t í s t i c a s t r a d i c i o n a i s como a decoração do cor po ( p i n ­

t ur a e tatuagem) também representam um aspect o i mpor t ant e da c u l t u r a 1

1 Lara i a , Roque de B. - ORGANIZAÇÃO SOCIAL DOS TUPI CONTEMPORÂNEOS,

tese de doutoramento apr esentada ã Faculdade de F i l o s o f i a , C i ê n ­

c i a s e L e t r a s da U n i v e r s i d a d e de São Pau l o , 1972.

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28.

Pll

^0-0A s s u r i n i . P i n t u r a s mais e l abor adas fexsfli usadas dur ant e a r e a l i z a ç a o

do c u l t o aos e s p í r i t o s , mas t r a t a - s e de uma a t i v i d a d e quese que c o t i ­

di ana das mu l h er es . U t i l i z a - s e o j e n i p a p o em desenhos geométr i cos ’

que cobrem todo o c or p o, no caso das p i n t u r a s c e r i m o n i a i s . No d i a a

d i a , as mul heres usam um padrão cuj os t r a ç o s bási cos são l i n h a s ver t j _

c a i s ou h o r i z o n t a i s que acompanham a forma dos membros s u p e r i o r e s e

do t r o n c o , mot i vos que são acompanhados pel os desenhos na perna e na

f a c e . E n t r e es t es í n d i o s e n c o n t r a - s e a tatuagem do corpo t an t o em ho_

mens como em mu l h er es . A estampa da tatuagem segue al guns mot i vos da

p i n t u r a , i s t o é, aquel es acima c i t a d o s , c u j o padrão são l i n h a s acompa_

nhando a forma do c or po.

As estampas g eomét r i cas mais e l abor adas da p i n t u r a c o r p o r a l são encon

t r adas nos potes de b a r r o . Para adecoração d e s t e s , e n t r e t a n t o , há um

número mai or de mot i vos e padrões de estampas, sendo que es t es s i o 1

por sua vez combinados de d i f e r e n t e s maneiras na s u p e r f í c i e dos potes.

Não ha um pote i gual a o u t r o na a l d e i a . Para cada p a r t e do mesmo ha

mot i vos e s p e c i a i s , da mesma maneira como o c o r r e com r e l a ç ão â p i n t u r a

do c o r p o . Além dos potes e do c o r p o , os A s s u r i n i decoram as cu i as a -

t r a v é s de g r a v u r a s f e i t a s com fogo.

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5. ASPECTOS ECONÔMICO FINANCEIROS

5 - 1 . I n t r o d u ç i o

Desde que a o r i e n t a ç ã o das a t i v i d a d e s do Posto I ndí gena é um dos obje_

t i vos e s p e c í f i c o s do P r o j e t o , a manutençao do mesmo, compreendendo '

gastos com bens f o r n e c i d o s aos í n d i o s ( c a r t u c h o s , p i l h a s , sabão, com­

b u s t í v e l , e t c . ) , será assumida p e l o orçamento do P r o j e t o . Ao assumi r

o c o n t r o l e do f l u x o f i n a n c e i r o g l oba l o b j e t i v a - s e a c o e r ênc i a e n t r e

os p r o p ó s i t o s do P r o j e t o e sua execução.

Os motores de popa e x i s t e n t e s no Posto I ndí gena Koatinemo pertencem '

aos í n d i o s que os u t i l i z a m em suas a t i v i d a d e s c o t i d i a n a s . A a q u i s i ~

ção de um novo motor v i s a at e n de r ãs necessi dades e s p e c í f i c a s do P r o ­

j e t o .

cie.I nc l uem- s e " f r e t e s ae r e o s " no i tem " S e r v i ç o s -a T e r c e i r o s " para casos

de emer gênci a , tendo em v i s t a que a p i s t a do Posto i ndí gena Koatinemo

não apr es ent a condi ções para as manobras de um av i ã o b i mot or como é o

da FUNAI que opera na 2a. D.R.

0 mi c r o s c ó p i o tem por f i n a l i d a d e a r e a l i z a ç ã o dos exames de f e z e s , su_

mãr i o de u r i n a e a pesqui sa de hematozoãr i os no sangue p e r i f é r i c o .

0 m a t e r i a l de pequena c i r u r g i a e x i s t e n t e e n c o n t r a - s e d es f a l c ado e em

más condi ções de uso, razão por que a a q u i s i ã o de m a t e r i a l novo ê so~

l i e i t a d a .

As f i t a s de gravação e os f i l me s f o t o g r á f i c o s d e s t i n am- s e ao r e g i s t r o

e t n o g r á f i c o da pesqui sa d e s en v o l v i da pel o a n t r o p ó l o g o .

As f er r ament as a g r í c o l a ' s d e s t i n am- s e à c u l t u r a de s o b r e v i v ê n c i a do

grupo e x e c u t o r do p r o j e t o e ao pessoal da FUNAI e seus f a m i l i a r e s .

Os b o t i j õ e s e o gás e ng a r r a f a d o serão usados para o funci onamento da

g e l a d e i r a , adaptando a e x i s t e n t e , até então consumindo quer ozene. Com

i s t o visamos d i m i n u i r os gast os com c o m b u s t í v e l .

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30.

A l i n h a de medicamentos da CEME, embora extremamente ú t i l , não s u p r i ­

r i a todas as n e c e s s i d a d e s , razão por que s o l i c i t a m o s medicamentos 1

mais nobres pr o c u r a n do , dent r o do p o s s í v e l , c o n t o r n a r os problemas de

saúde dent r o da p r ó p r i a a l d e i a .

!■!

fm\

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m

5 . 2 . D i s c r i mi n a ç ã o dos Cus t os*

Quadro I

Natureza Montante (x Cr$ 1 , 00) |

m A. Equipamentos e I ns t a l a ç õ es. . . .

kp- Motor de Popa, t i p o i n d u s t r i a l

com rabo adaptado - 6 HP 30. 000

- M i c r o s c ó p i o " Z E I S S " , monocul ar ,

com o b j e t i v a de imersão 40. 000

pi - Tambor de 200 l i t r o s 500

- Galão de 45 1i t ros 200m\

SUB TOTAL 70.700

P"B. Ma t e r i a l Permanente

- Ma t e r i a l para pequena c i r u r g i a

wm - 1 cabo de b i s t u r i 70

- 2 t esouras c i r ú r g i c a s 500

r a

- 2 p i nças anatômicas

- 2 pi nças com dente

250

300

“ 1 p o r t a - a g u l'na 600PM - 6 pi nças " K e l l y "

(3 tamanhos)

2. 000

PP- 2 cuba.s "RIM" 300

- 10 termômetros 500

- ] mesa esmaltada 1 .200m

* E s t i ma t i v a para Março de 1978.

m

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32.

Natu reza Montante ( x Cr$ 1, 00)

B. Ma t e r i a l Permanente ( c o n t . )

- Ferramentas A g r í c o l a s

- 1 pá cavadora 80

- 1 enxadao 60

- 1 enxada 70

- 2 machados 140

- 1 c o l h e r de j a r d i n e i r o 100

- 1 anci nho 100

- 1 e s c a r i f i c a d o r 60

- 1 s u l c a d o r 200

- 1 regador 200

- 1 t r ado 300

- 3 facões 350

- 2 ma r t e l os 250

- 3 b o t i j õ e s de gás 2. 000

- 1 grampeador 500

SUB TOTAL 10.130

C. Ma t e r i a l de Consumoij

- Ma t er i a l de E s c r i t ó r i o

- F i t a s para maquina de es

c r e v e r , c a n e t a s , l á p i s ,

papel " s u l f i t e " , e t c . 2. 500

- H i g i e n e e Conservação

- Sabão, b a l d e s , d e t e r g e n ­

t e s , v a s s o u r a s , l a t as de

1 i x o , e t c . 5 . 000

Ji

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33-

Na tu reza Montante ( x Cr$ 1 ,00)

C. Ma t e r i a l de Consumo ( c o n t . )

- Combustível e L u b r i f i c a n t e s

- Gasol i na 20. 000

- Querosene 5. 200

- Gás e ng ar r af ad o 3.000

- A r t i g o s para Caça* e Pesca

- 1.500 c a r t u c h o s c a l . 20 15.000 (

- 500 ca r t u c hos c a l . 36 3.500 1

- A n z Ó í s , l i n h a s de n y l o n ,

e t c . 500 !j

- P i l h a s para l a n t e r n a e

gr av ador 5. 000 í

- Sementes H o r t f c o l a s 5.000

- Ma t e r i a l de C u r a t i v o

- É t e r , á l c o o l , mert i ol at e^

água o x i g enada , v a s e l i n a ,

b e n z i n a , gase, esparadra

po, a l godão, at adur as de

c r e p e , a t a dur as de gesso,

e t c . 5. 000 i

- F i os de sut ur a 500 |

- S e r i n g a s e agul has 1.000 I

- Ma t e r i a l de L a b o r a t ó r i o

- Lâmi nas, v i d r a r i a , coran

t e s , r eag e nt es , ó l e o pa­

ra i mersão, câmaras de

contagem, e t c . 5 . 000

* 0 numero de c a r t u c h o s foi cal cul acj o na base de 25 car t u c hos cada2 meses, para cada arma e x i s t e n t e na a l d e i a .

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34.

Natureza Montante (x Cr$ 1,00) J

C. Ma t er i a l de Consumo ( c o n t . )!

- Medicamentos

- A m p í c i l i n a , g e n t a mi c i n a ,

o x a c i l i n a , c l o r o q u i n a ,

"FANSI DAR", s u l f a t o de

q u i n i n o , h i d r o c o r t i z o n a ,

h e p a r i n a , e t c . 20. 000

- F i t a s " C a s s e t e " para gr avador

oooro

- F i l mes f o t o g r á f i c o s 2.000 \- Peças para r eposi ção de máqui ­

nas e motores 5. 000 jj

SUB TOTAL 106.200 íj>

D. S e r v i ç o s Prestados a T e r c e i r o s

- Ho no r á r i o s A n t r op ól og a

- Ho no r ár i o s Medico

- Despesas de Viagens

150.000 !

150.000

- P i l o t o s de bar co , t r a n s ­

p o r t e de pa s s ag ei r o s e

c a r g a , f r e t e s a er eos , p as

sagens r o d o v i á r i a s , con­

s e r t o s de máquinas e mo­

t o r e s . 100.000

SUB TOTAL 400.000

TOTAL GERAL 587.030 !!

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R E S U M O D O S C U S T O S

1 (março a dezembro de 1378)

(Quadro l l )

Natu reza Montante (x Cr$ 1,00)

A. Equipamentos e i n s t a l a ç õ e s 70.700

B. Ma t er i a l Permanente 10.130

C. Ma t er i a l de Consumo 106.200

D. S e r v i ç o s Prest ados a T e r c e i r o s 400.000

TOTAL 587.030

— ---------------------- — --------------------------- - ---------- :-------------------- - .

r

r

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1 1 1 1 1 1 1 I 1 ! i I I 1 1 1 1

) )

5 - 3 - Cronograma F f s i c o F i n a n c e i r o

Quadro I I I

| NaturezaÊpoca

L i be ração

Êpoca

Aqui si ção

1 ° T r i m .

x C r $ 1 , OC

Êpoca

Li beraçãc

Época

Aqui s i ç ã o

2? T r i m .

x C r $ l ,00

Época

Li beração

Êpoca

Aqu Í s i ção

3? T r i m ,

x C r $ l ,00

Época

L i beração

Época

Aqui s í ção

4? T r i m .

x Cr$l ,00T o t a l

Lqu i pamentos

e

1n s t a 1açoes

f e v .

78

f e v .

mar

78

7 0 . 7 0 0 - - - - - - - - - 70.700

- ■■

Mater i al

Pe rmanente

f e v .

78

f e v .

mar .

78s . 530 - - - - - - - - - 10.130

iMa te r i a 1

de

Consumo

>Q) CO

t±- r-*

f e v .

ma r .

78

19.600a b r .

78

a br . a

j u n h .

78

25.400

j u l .

78

j u l . a

s e t .

78

25. 300

o u t .

78

o u t . a

d e z .

78

35.900 106 * 20 01

j

Se rv i ços

a

T e r c e i ros

f e v .

78

f e v .

mar.

78

56. 000 I

ab r .

78

a b r . a

j un .

78

114.000

j u l .

78

j u l . a

s e t .

78

115.000

o u t .

78

o u t . a

dez.

78

115.000 400.000!

TOTAL 155.830 J(

139.400 140.300 150.900 587. 030

ON

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6., BENEFÍCIOS

6 . 1 , B e n e f í c i o s I medi atos

A adequação da me di c i na c i e n t í f i c a ã medi ci na t r a d i c i o n a l do gr upo ind_í ̂

gena e o conheci mento da p a t o l o g i a r e g i o n al p r o p o r c i o n a r ã o uma a s s i t e n -

c i a medica mais e f i c i e n t e . 0 t r a b a l h o de uma equi pe t é c n i c a preparada 1

r e s t a b e l e c e r á o r e s p e i t o â cultura do grupo que retomará o desej o de v i -

v e r segundo suas normas e v a l o r e s .

Uma a s s i s t ê n c i a medica mais e f i c i e n t e e condi ções f a v o r á v e i s para a a -

daptação do grupo a s i t u a ç a o de con t a t o têm como conseqüênci a i m e d i a t a 1

a r ecuperação do grupo em seus aspectos s o c i a i s , c u l t u r a i s e d e mo g r ã f i -

6 . 2 . B e n e f í c i o s Mediatos

Recuperado o grupo A s s u r i n i em seus aspectos s o c i a i s , c u l t u r a i s e demo­

g r á f i c o s , e s t a r á mais r e s i s t e n t e aos f a t o r e s n eg at i v os do c o n t a t o .

Ga r a n t i d a s as condi ções de sua s o b r e v i v ê n c i a o grupo poderá d e s en v o l v e r

de maneira adequada sua autonomia como grupo i nd í g e na .

A adequação da medi c i na c i e n t í f i c a ã medi ci na t r a d i c i o n a l como r e s u l t a ­

do do t r a b a l h o r e a l i z a d o c o n t r i b u i r á para ,um atendi ment o médico mais e -

f i c i e n t e pr es t ado pel a FUNAI i s populações i nd í genas .