a ressurreição de cristo sem mistérios

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John Singleton Copley, mas conhecido como Lord

Lyndhurst, é reconhecido como um a das maiores

inteligências na história dos tribunais britânicos.

Foi Procurador Geral do Governo Britânico,

Procurador Geral da Grã-Bretanha, três vezes

Ministro da Justiça da Inglaterra e Administrador

Real da Universidade de Cambridge, ocupando,

portanto, durante toda a sua vida os mais altos

cargos públicos jamais concedidos a um juiz na

Grã-Bretanha.

Depois da morte de Copley, foram encontrados,

entre os seus papéis pessoais, os comentários que

ele escreveu sobre a ressurreição de Cristo à luz

das evidências legais e porque tinha se tornado

cristão:

“Sei muito bem o que é uma evidência e posso

dizer que as evidências da ressurreição de Cristo

de modo algum podem ser destruídas”.

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Nossa capa:Jesus dá infalíveis provas de suaressurreição ao apóstolo Tomé.

O traço é do inigualável Caravaggio

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Quer pela dissonância dos depoimentos, quer pelas

implicações que uma ressurreição literal tem geradoatravés da história, a descoberta do sepulcro vazionaquele primeiro dia da semana certamente será a etapamais intrigante de nossa investigação.

Impactante ou revolucionária, a revelação não surgiude um incontido desejo de pôr um final feliz na trajetória

do tão curto ministério terreno de Jesus de Nazaré, comose fosse uma panacéia às desilusões de seus próprios biógrafos.

E leve-se em consideração que quando se falou pelaprimeira vez na descoberta do sepulcro vazio não secogitou de imediato que o Mestre houvera ressuscitado,

mas que haviam violado a sepultura e furtado o seucorpo.

Seus diletos amigos estavam por demais angustiados, edesiludidos até, para se deixar alimentar pela esperançade que estivesse retornado dos mortos. De modo quequando as primeiras pessoas surgiram com a nova da

ressurreição foram de proto consideradas como loucas.Portanto, os próprios biógrafos de Jesus, dando-nos

testemunhos e provas de sua ressurreição, tiveram elesmesmos que ser igualmente convencidos, e nãoacreditaram até que o viram com seus próprios olhos etocaram-no com as suas mãos. Um imparcial investigador

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será obrigado a fazer considerações a respeito desteinicial comportamento.

Particularmente, tenho imaginado que sendo oapóstolo João o último biógrafo oficial de Jesus Cristo, e

sendo conhecedor dos documentos sinóticos, trabalhou

por explicar detalhes que outros evangelistas deixaram àparte, os quais muitas vezes têm gerado certadesconfiança no leitor que não possui estruturada fé emDeus.

Mas se estamos tratando de um processo investigativonosso primeiro interesse é examinar e extrair o máximoda verdade a partir dos depoimentos dos registros oficiaisda cristandade.

De início devemos admitir que no específico caso daressurreição as declarações são plurais, e quandocomparadas parecem não corresponder.

Pode até não passar de vã observação, mas paracomeço das comparações temos duas diferentesafirmações quanto ao tempo em que ocorreu a

ressurreição a partir do seu sepultamento, já que numdos casos se diz que foi dentro do prazo de três dias,ainda que noutro trecho leiamos que isso só aconteceriadepois do terceiro dia.

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Quanto ao próprio Jesus, ele mesmo, dando um sinalde sua messianidade, declarou mui categoricamente que

haveria de ressuscitar depois de três dias e três noites.Nossos mais respeitados teólogos, valendo-se daprivilegiada posição que desfrutam, torcem o nariz parauma interpretação literal desta declaração do Mestre,mas satisfatoriamente jamais apresentaram outraelucidação, nem se renderam ao mistério.

Há casos em que até simulam uma solução, mas quasesempre estão apegados a argumentos que podem beirar oabsurdo, e que apenas correspondem à curiosidadedaqueles que ignoram a extensão da problemática.

Algumas coisas não ficaram bem esclarecidas e paraentendê-las ser-nos-á necessário fazer uma análise

conjunta dos depoimentos dos quatro evangelistascanônicos, só assim concluiremos se há mesmo algunspontos nos quais não se conferem.

 Atentemos para o que nos diz cada um deles:

  O depoimento de Mateus:

Esse evangelista inicia a narrativa da ressurreição comuma sentença que de cara já vai conflitando com o ensinoconvencional aceito em praticamente todos os ramos docristianismo. Ele diz, a partir do capítulo 28, que “no fim

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do Sábado, ao despontar o primeiro dia da semana”,Maria Madalena e Maria de Alfeu foram ver o sepulcro.

Comparando esta declaração com os testemunhos dosoutros evangelhos encontraremos pelos menos trêspontos discordantes. Mas o discípulo prossegue, dizendoque ocorreu um terremoto em função da aparição de umanjo que veio para remover a pedra que selava o túmulo.

Os guardas ficaram assustados e estáticos. Àsmulheres, porém, o anjo alertou que não se apavorassem,e que adentrassem ao sepulcro para ver que o corpo deJesus já não estava lá; ele havia ressuscitado!

Elas deveriam retornar imediatamente aos discípulosa comunicar-lhes o acontecido, e avisar-lhes para irem

encontrar-se com o Mestre na Galiléia. Todavia,enquanto deixavam o horto, o mesmo Jesus lhesapareceu e lhes dirigiu a palavra. Elas então se curvampara beijar-lhe os pés.

O depoimento de Marcos:

O segundo evangelista, que na verdade serviu demodelo para os demais, inicia o seu testemunho dizendoque “depois do Sábado”, Maria Madalena, Maria de Alfeue Salomé compraram perfumes para unção do corpo deJesus. E como que numa estranha redundância,

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prossegue, afirmando que no primeiro dia da semanaforam ao sepulcro ao nascer do Sol.

Como o meu leitor certamente está convencionado aoensino tradicional, pode não perceber que em relação aotestemunho de Mateus aqui existem flagrantesdiscordâncias. Mas continuemos com o seu relato: Assantas mulheres se indagavam sobre quem poderia rolara grande pedra que selava o sepulcro do Mestre, quando

descobriram a sepultura estava aberta; daí era só entrar.

No interior do sepulcro elas encontram um rapaztrajando longo vestido branco, e naturalmente ficamespantadas. Mas o moço lhes assegura tranqüilidade, emostrando-lhes o lugar em que jazia o corpo do Mestre,as faz saber que ele já está ressuscitado.

Em seguida, ordena-lhes a procurar aos demaisdiscípulos e dar-lhes orientações sobre um encontrosecreto na Galiléia. No entanto, elas fogem do jardim, ecomo estão assombradas, não contam coisa alguma aninguém, contrariando aquilo que nos foi anteriormenterelatado por Mateus.

Mas devemos ainda atentar que Marcos nos testificaque Cristo, já ressuscitado, apareceu para MariaMadalena, estando ela sozinha, enquanto que Mateussustenta que Maria de Alfeu estava em sua companhia no

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exato momento em que Jesus, retornando dos mortos,apareceu.

O depoimento de Lucas:

Tal como Marcos, Lucas não serviu na escolaapostólica de Jesus, não sendo um de seus pessoaisdiscípulos, portanto. Mas além médico e homem culto,era companheiro e biógrafo do insigne apóstolo Paulo,

somando a tudo isso o testemunho pessoal de cristãosque assistiram diretamente a doutrina do Mestre.

Seu depoimento também diferirá um pouco dascoisas que foram notificadas pelos seus antecessores.Para começar, ele diz que não eram duas ou três, mas várias, as mulheres que foram ver o sepulcro no instante

em que se anunciou a ressurreição.

Ademais, ele nos certifica de que elas foram ao jardimdo sepulcro não no fim Sábado ou no alvorecer dodomingo, mas na madrugada do primeiro dia da semana.E embora o leitor comum pouca importância dê aosdiferentes dias e horários descritos pelos evangelistas

como sendo exatos à ressurreição, numa investigaçãocriminal tais detalhes são de enorme relevância.

Lucas garante que as mulheres encontraram osepulcro aberto, e que havendo elas o vistoriado, não  viram o corpo do Salvador, mas que enquanto

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confabulavam sobre o que teria acontecido ao Mestre,apareceram dois homens cobertos de vestimentas

resplandecentes. Elas se espantaram e evitaram encará-los, mas eles as confortaram e lhes deram garantias deque Jesus havia retornado dos mortos. Agora cabia-lheirem anunciar esta nova aos discípulos.

Em uníssono com Mateus, mas distorcido em relaçãoa Marcos, elas realmente comunicaram estas coisas aos

discípulos, que, aliás, não as creram. Apenas Pedro se deuao trabalho de com pressa ir ver o sepulcro.

Ele de fato o encontrou vazio, e ficou intrigado comcurioso detalhe: Porque alguém que rouba um cadáver sedaria ao ignominioso trabalho de remover a suamortalha?!

O depoimento de João:

Enfim, temos o testemunho de João, o único dosevangelistas que até onde sabemos, esteve no sepulcroquando da anunciação do regresso do Mestre do reino damorte. Evidentemente que isso não torna o seu

depoimento mais importante que os outros, mas elecertamente revelará detalhes que não foramtestemunhados por seus companheiros na fé.

Eis o que nos conta de sua experiência:

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No primeiro dia da semana, sendo ainda escuro,Maria Madalena, aparentemente sozinha, vai ao sepulcro

e o encontra aberto. Como não podia ser diferente, elacorre para contar a Pedro e João. Quando começa a falar-lhes, porém, suas palavras revelam a presença de pelomenos mais uma pessoa, pois que diz:

_ Levaram o corpo do Mestre, e não sabemos onde o

 puseram! 

De imediato os dois discípulos saem correndo a ver oque estava se passando. João era mais moço que Pedro eaté se antecipou na chegada ao sepulcro, mas lá estando,não se atreveu a entrar. Quanto a Pedro, calejado pelateimosia, foi logo se atirando para o interior do túmulo.Lá dentro encontram (João se deixa levar pela afoiteza do

amigo) faixas e mortalhas, bem como uma toalhacuidadosamente dobrada à parte.

Aqui João humildemente admite a própriaincredulidade, e assevera que não conhecendo asprofecias que testificavam a ressurreição do Mestre, creuque de fato haviam levado o seu corpo.

E é exatamente aqui que as coisas não querem seencaixar, pois de acordo com Lucas, quando MariaMadalena seguiu para procurar a Pedro, ela não lhe dizque alguém havia levado o corpo do Mestre, mas que ele já estava ressuscitado!

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João, porém, continua o seu depoimento, e nos dizque não havendo o que fazer no sepulcro, eles retornam

para casa. Agora se recorde o leitor de que já dissemosque de acordo com o mesmo João, ou pelo menos com aimpressão que o seu depoimento nos acode, a intenção deJosé de Arimatéia não era necessariamente deixar ocorpo de Jesus permanecer no seu sepulcro particular, jáque apenas o teria encerrado ali porque não tinha comopreparar uma sepultura ao Mestre antes das seis horas datarde daquele dia em que morrera.

Se esta linha de raciocínio puder ser aceita, então Joãoteria motivos para acreditar que apenas tinhamtransferido o corpo de Jesus para outro túmulo.

João ainda nos conta que Madalena, inconformada e

chorando, permaneceu no jardim da tumba mesmodepois que ele e Pedro se retiraram. Diz-nos que ela securvou para mirar o interior do túmulo, quando notoudois anjos vestidos de branco que estavam sentados noleito de pedra que servira de repouso para o cadáver doNazareno.

Eles perguntam-lhe a razão do pranto, e lhes respondeque haviam levado o corpo do Mestre para um lugar queignorava. Assim, ela olha para trás e vê um homem empé, e pensando ser ele um jardineiro, suplica-lhe que sefoi ele quem removeu o corpo do Senhor, ao menos lhedissesse onde o havia deixado, e se encarregaria dele.

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Nisso, o homem a chama pelo seu próprio nome, e deimediato ela o reconhece. Que felicidade imensurável, era

Jesus ressuscitado! Ela tenta o abraçar, mas ela não odeixa, dizendo-lhe, sobretudo, que deveria retornar paraos discípulos a contar-lhes da sua ressurreição e dasrecomendações que lhes tinha feito.

João ainda acrescenta que Jesus, ao contrário do queregistraram os outros evangelistas, não se encontrou com

seus discípulos na Galiléia, mas ali mesmo em Jerusalém.

Somadas então todas as declarações destes quatrodepoimentos, teremos um mosaico de peças que não secorrespondem. Mas como temos atingido o ponto maisdifícil e intrigante de nossa investigação, devo assegurarque se não acreditasse profundamente na infalibilidade

do Evangelho, jamais teria me aplicado ao labor destecomplicado enredo.

É que na constante busca da verdade acabei pordescobrir que em muitos casos, e ainda que não se possa  justificar, a incredulidade que muitas pessoas têm arespeito de determinadas revelações da Escritura, se

explica pela dificuldade que naturalmente possuímos ementendê-las.

Alguém argumentará que é pura e simples questão defé. Isso é inconteste; mas a experiência nos diz que épossível crer em bobagens. Por isso é que os incrédulos se

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recusam em aceitar aquilo cuja compreensão escapa aoseu entendimento, pois quem pode garantir que a Bíblia

se interpreta da exata maneira que a apresentamos?

Cremos em Deus e na Sua Palavra, mas essa fé é umprivilégio; nem todos a podem possuir. Mas se existemcoisas que apenas podem ser aceita pela fé, outras há quepodem ser explicada pela razão, e se pudermosapresentar certas partes da Escritura de maneira

racional, alguns incrédulos acabarão cedendo.

Não nego que algumas vezes precisei fazer uso darazão para compreender determinados elementos da fé, enesta situação fui obrigado a abandonar alguns pontosdos nossos ensinamentos tradicionais; não porespontânea vontade ou por persuasão, mas por concluir

que se a Bíblia é realmente a Infalível Palavra de Deus,ela sobreviverá a quaisquer testes que a razão humana asubmeter.

No fim, descobri que aquilo que os estudiosos muitas  vezes defendem tão ferrenhamente não énecessariamente a fidelidade da Bíblia, mas as suas

próprias convenções e convicções. Pois eles erram muito,principalmente se põem as suas opiniões acima da verdade absoluta.

Portanto, a despeito de minha fé em Deus, não sereitendencioso na apresentação dos fatos por mim

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averiguados, nem falarei em conformidade com asconveniências de minha religião, pois, de outra maneira,

como teria crédito o meu trabalho se tão somente meocupasse em escrever a respeito de coisas que as pessoas já estão saturadas de ouvir?

Bem verdade é que tenho um compromisso teológico,mas, sobretudo, tenho um compromisso com a minhaconsciência. E como já nos dissera Lutero: não é bom

nem recomendável ao homem o agir em desacordo com aprópria consciência. Então submetamos os depoimentosdos quatro evangelistas a cuidadoso exame para depoisconcluirmos se merecem ou não a nossa confiança.

Vamos iniciar esta etapa de nossa investigaçãoanalisando uma informação que nos fez dar incontáveis

 voltas em círculos. É por meio do evangelista Mateus quecomeçamos a formar o rosário de declarações que tendemexplicar como se deu a ressurreição de Jesus de Nazaré.

 Atentemos bem, pois de início o apóstolo nos afirmaque foi no fim do Sábado, quando já amanhecia oprimeiro dia da semana, que Maria Madalena e Maria de

 Alfeu foram ao sepulcro, e descobriram que estava vazio.

Ora, há uma clara dissonância nesta declaração!Primeiramente porque na Judéia de Jesus, ao terminar odia do Sábado, começa-se a noite do “Domingo” e não a

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manhã deste dia, tal como podemos ler no texto deMateus.

Que fazem nossos tradutores? Simplesmente apelampara uma tradução mais espontânea, sugerindo (nas versões em português é quase uma imposição) que em  vez de se ler que as mulheres foram ao túmulo “aoamanhecer do primeiro dia da semana”, leia-se que foi nomomento em que o Domingo “estava começando”; o que

do ponto de vista histórico e exegético estaria correto.

Isso de fato ajudaria resolver o problema, mas gerariauma dificuldade ainda maior, pois se as mulheres foramao sepulcro no fim do Sábado, quando estava começandoo primeiro dia da semana, estaremos colocando aressurreição do Senhor no Sábado, e não na manhã do

Domingo, como se tem ensinado e crido.

Então outra saída é proposta: Em vez de se dizer queas mulheres foram ao sepulcro no “fim do Sábado”, aoamanhecer do primeiro dia da semana, diga-se que elasforam “depois do Sábado”, quando os primeiros raios doSol já saudavam o Domingo.

Essa maneira de entender pode acabar de uma vezcom a questão, e, de fato, em algumas versões modernasda Bíblia tomou-se a liberdade de assim se traduzir essetexto. Mas essa liberdade é um atentado à verdade, poisidéia que nos ocorre ao consultarmos os antigos

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manuscritos em grego ou em latim, é que  verdadeiramente as mulheres foram ver o sepulcro de

Jesus ao findar da tarde do Sábado, e, estranhamente, aoamanhecer do dia seguinte. É uma situação embaraçosaque volta a acontecer em Lucas 23. 54.

Na Antigua Versión de Casiodoro de Reina , datada

de 1569, temos uma apresentação inusitada, posto que océlebre tradutor exponha o texto de Mateus de maneira aexplicar que as mulheres foram ao sepulcro de Jesus na“véspera do Sábado”; mas complica muito ao prosseguir,escrevendo que o primeiro dia da semana (já) amanhecia.

Deste modo, e com enorme complicação, o tradutorregistra que as mulheres foram ao jardim do sepulcro naSexta, ou seja: antes do Sábado, mas, confusamente, nomomento em que amanhecia o primeiro dia da semana.

O mais intrigante é descobrir que os textos em gregodo evangelho de Mateus, na forma em que chegou aosnossos dias, está igualmente confuso, pois neles se podeler que Maria Madalena e a outra Maria apareceram nohorto da tumba exatamente ao findar da tarde do Sábado,ao alvorecer do seguinte dia.

Não sou nem pretendo ser especialista no idioma doNovo Testamento, mas entendo o bastante para mecertificar de que os textos gregos que chegaram até nossoconhecimento não são originais, mas cópias de cópias que

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foram displicentemente recopiadas vezes sem conta, oque vieram a resultar nestes documentos muitas vezes

dissonantes (?), que apenas com redobrado esforço eperícia investigativa se podem recuperar em seu verdadeiro sentido.

Mas como poderia o apóstolo Mateus, sendo judeu eresidente da Judéia na época em pauta, aliar o amanhecerdo Domingo à tarde do Sábado? Evidentemente que ele,

ao escrever que as mulheres foram ao sepulcro ao findarda tarde do Sábado, estava ciente de que o Domingoestava começando, e não “amanhecendo”, pois como é doconhecimento geral, o dia judeu começava e terminavasempre ao anoitecer.

No fim, ainda sobrará uma grande ponta solta, gerada

pela dificuldade com a qual a massacrante maioria deestudiosos se recusa concordar, haja visto que a dependerdos textos em grego do evangelho de Mateus quechegaram às nossas mãos, a visita das mulheres ao hortoda tumba ocorreu, ao entardecer do Sábado, e issoimplica que a ressurreição do Mestre não aconteceu namanhã do Domingo, tal como é ensinado nas igrejasatravés dos séculos.

Diante de tamanha confusão não restará alternativasenão admitir que os textos de Mateus 28.1. e Lucas 23.54. foram de certa forma alterados, e os investigadores,sejam eles críticos ou não, descobriram pelo menos meia

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dúzia de razões pelas quais os antigos fizeram incontáveismodificações nos do Novo Testamento.

Tenho, porém, uma teoria que pode se ajustar aosfatos, que, creio, estão ligados ao zelo de muitospesquisadores que não admitem a declaração de que setenham feito modificações propositais nos documentossagrados de nossa igreja.

Estas alterações existem de fato, mas por ora vamosnos apegar a idéia de que tenham ocorridoprincipalmente pela inépcia dos primeiros copistas que seencarregaram de reproduzir ao que hoje chamamos de oNovo Testamento.

A minha opinião nada exagerada é a seguinte: muito

tempo depois de haver Mateus concluído o seu evangelho(na Judéia?), alguém em qualquer outra parte do Impériodesejou fazer dele uma cópia.

Supondo, por exemplo, que esse copista residisse emRoma ou em Atenas, sem jamais ter posto os pés na terraque hoje conhecemos como Palestina.

É presumível que automaticamente ao chegar aocapítulo 28 do referido livro, ele tenha traduzido oucopiado o texto não em conformidade com as regras defusos horários locais, e que acostumado à idéia de que emsua pátria o dia começava ao nascer do Sol, ligou a tardeda visita das mulheres ao túmulo, que teria acontecido no

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fim da tarde do Sábado, ao amanhecer do primeiro dia dasemana.

Neste caso não seria forçoso se traduzíssemos o textode Mateus 28.1. da seguinte forma:

  “E no fim da tarde do Sábado, quando já despontava o

 primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria

 foram ver o sepulcro”.

De fato a Edição Revista e Corrigida   da versão

portuguesa de João Ferreira de Almeida, apresenta-nos osupracitado texto mais ou menos assim.

O problema desta tradução, que como dissemos,corresponde aos textos gregos, é que ela põe a

ressurreição do Senhor no fim da tarde do Sábado e nãona manhã do Domingo!

Nossos mais conceituados teólogos obviamenteexclamarão que tão discordante declaração jamaispoderia ter sido feita por Mateus, e fica para os tradutoresde épocas posteriores a culpa pela liberdade tomada em

modificar o texto divinamente inspirado.

Deve, todavia, existir outra versão para a história daressurreição de Jesus, mas nossos pesquisadores, porforça das tradições ou por convenções teológicas, adesconsideram, pois sendo irredutíveis por natureza, não

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admitirão haverem tantas vezes se equivocado emassuntos que julgam estar resolvidos.

Quanto a nós, não acrescentaremos ou diminuiremosao que nos restou dos textos originais de Mateus, cujodepoimento nos diz que as mulheres foram ver o sepulcrona tarde do Sábado, e em lá chegando já o encontraram  vazio! E a mesma idéia nos é transmitida através da versão de Almeida que há poucos mencionamos; contudo,

se parece ilógico, busquemos explicações.

O texto grego de Mateus 28 é bastante claro quandodiz que “na tarde do Sábado” (e não “depois do Sábado”,como traduz a maioria de nossas Bíblias) as mulheresforam ver o sepulcro, e prossegue dizendo que o Senhor já havia regressado dos mortos.

Mas para melhor esclarecermos o assunto, vamoslembrar que os judeus tinham o costume de dividir astardes em duas partes. O legislador, inclusive, ordenava aque se oferecesse um sacrifício diário entre “as duastardes”.

A primeira tarde iniciava-se às 15 horas, e comfreqüência ocorre no texto do Novo Testamento sob a

forma grega: “opsios”, tal como a encontramos nas

seguintes referências: Mateus 14. 15; 26. 20; 27. 57;Marcos 11. 11; 15. 42... Há uma referência no livro deMarcos em que parece haver confusão na acepção deste

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  vocábulo, mas não vem ao caso e nem altera acompreensão do assunto. Assim, passaremos a tratar da

segunda tarde dos judeus, a qual, na verdade, se referiaao anoitecer, ou seja, aos últimos instantes do dia.

No Novo Testamento emprega-se o vocábulo: “opse”, e

sob essa forma que a palavra aparece em Mateus 28.1.Isso evidentemente significa que as mulheres foram ver osepulcro no fim da tarde do Sábado.

No capítulo 27. 57. Mateus, tratando do momento emque o Mestre é retirado da cruz, emprega a palavra“opsios”, e é significativo, posto que já se passassem das15 horas. Porém, ao mencionar o momento em que asmulheres vão visitar o sepulcro (28.1.), ele faz uso do

termo: “opse ”, dando-nos a entender que se tratava doanoitecer. Logo, é imponderável que já estivesseamanhecendo o primeiro dia da semana!

Que aconteceu com as nossas traduções?

A explicação não é convincente e ainda pode está

enlaivada de intenções suspeitas. No entanto, estudiosos,querendo justificar a flagrante distorção na tradução dotexto de Mateus capítulo 28, afirmam estar apoiados nouso que escritores da língua grega fizeram da palavra

“opse” em épocas (bem) posteriores àquelas em que os

evangelhos foram compostos.

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Ora, essa é uma licença que ser humano algumdeveria tomar, pois todo e qualquer acréscimo que se fez

ao texto sagrado, ou ocorreu por inépcia do copiador oupor má intenção de alguém que julgou manter a purezada doutrina que ensinava.

É certo que em nossos dias a palavra “tarde” possuimais de um significado. Tomemos os seguintes exemplos:

   _As aves voam em bandos no fim da tarde.

_Nunca é tarde para amar.

  Mas na época em que Mateus escreveu o seuevangelho não era assim; e ainda que existisse essaacepção, não vemos de que maneira poderíamos encaixá-

la no contexto de Mateus 28 sem adulterar o sentido realde sua mensagem.

Mesmo assim, alguns tradutores trataram a palavra“tarde”, aplicando-a ao texto de Mateus com o sentido de“depois”, para justificar que a ressurreição aconteceu“depois” do Sábado, quando já despontava o primeiro dia

da semana.Entendemos que o que tais tradutores desejam é

evitar maiores confusões com a leitura da Bíblia, mas aohomem estudioso isso parecerá manipulação de

informações. Até porque sempre que a palavra “opse ”

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ocorre no Evangelho, ela está sempre relacionada aoanoitecer.

Que disseram os outros evangelistas?

  Marcos de fato registrou que algumas mulheresforam ao sepulcro durante a madrugada, mas nãonecessariamente no Domingo, e sim, no dia posterior aoSábado.

Quando lá chegaram, notaram o túmulo aberto, ereceberam a nova de que o Mestre já havia ressuscitado.Lucas e João dizem basicamente as mesmas coisas.Existem, porém, indícios de que as mulheres estiveramno jardim do sepulcro lá pelo fim da tarde do Sábado.

E Marcos 16.1. enfim declara que “depois do Sábado”as mulheres saíram para comprar aromas para a unçãodo corpo do Mestre. O fim do Sábado em questãoobviamente se refere ao anoitecer deste dia, e não aoamanhecer do Domingo; o que impede, portanto, que aomesmo tempo tenham ido ver o sepulcro, tal comoMateus declara em seu evangelho?

Mas logo aparece Lucas e nos diz que as mulherescompraram os mesmos aromas antes, e não depois do

Sábado. 23. 56. Na Enciclopédia da Vida de Jesus, o

autor sugere que as mulheres compraram uma parte dosaromas na Sexta-feira e a outra depois do Sábado. Talvez

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o seja, mas no meu entender não passa de singelasolução.

 Alguns dirão que é pura especulação, e podem estarcertos, mas é possível que tenhamos nos conformado auma historia da ressurreição a qual a Bíblia naturalmentenão nos tem contado.

É caso mencionar um fato ocorrido durante uma

palestra que participei com estimado professor deteologia de nossa cidade. Foi há cerca de quinze anos, econfesso que até então não me havia interessado peloassunto.

 Aconteceu que enquanto se desenrolava a palestra e oprofessor dava explicações sobre determinados enigmas

da Bíblia, um moço o interferiu com a seguinte questão:

  _ Como é que Jesus permaneceu três dias e três noites na

sepultura, se morreu na Sexta e ressuscitou no Domingo? 

Recordo-me que o professor, após leve pausa,respondeu com simplicidade:

  _ Eis um mistério que ainda não consegui entender.

Anos mais tarde eu já havia me aprofundado nesseassunto, quando numa visita a uma igreja da Assembléiade Deus no estado do Espírito Santo, fui gratamentesurpreendido ao ouvir o pastor com natural

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espontaneidade iniciar o seu sermão no qual davaexplicações nada convencionais a respeito dos três dias e

três noites, que, segundo o próprio Jesus, ser-lhe-ianecessário ficar na sepultura como sinal de suamessianidade.

Foi a única vez que ouvi um homem religioso dáesclarecimentos favoráveis a tão controvertida epígrafe.Depois disso só tenho escutado refutações a respeito,

como se uma explicação não convencional fosse a maisnefasta heresia.

Mas, de volta às acusações de Michael Baigent, quecontinua a apontar o dedo para os apóstolos de Cristo, ealegando que o fato de existirem pontos claramentediscordantes nas declarações evangélicas dá provas de

que tais livros (os evangelhos) não podem serdivinamente inspirados, pois se pugnam uns aos outros éporque algum deles está errado; senão todos.

É o que ocorre no caso das diferentes afirmaçõesdadas por Marcos e Lucas, quando o primeiro diz que asmulheres compraram os perfumes da unção depois do

Sábado, enquanto que o segundo atesta que foi antes doreferido dia. Em tal caso, como admitir que os dois  biógrafos foram igualmente inspirados por Deus paraescrever coisas que se contradizem?

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O raciocínio natural concluirá que um dos dois seequivocou.

A solução apresentada por Louis- Claude Fillion em

sua Enciclopédia da Vida de Jesus é bem singela, pois

supõe que as mulheres simplesmente compraram partedas especiarias na tarde da Sexta e o restante no final datarde entre o Sábado e o Domingo. Talvez ele esteja certo.Mas porque fariam os biógrafos do Senhor tamanhaconfusão se a explicação fosse tão óbvia?

Para Ralph Woodrow, que compôs interessantetrabalho sobre a paganização do cristianismo a partir doséculo IV, a explicação seria a possibilidade de haverexistido um dia a mais na histórica semana em que se deua morte e ressurreição de Jesus Nazareno. Este dia seriaum Sábado anual, que naquela semana de Páscoa caiunuma Quita-feira.

Segundo essa interpretação, Jesus foi capturado nanoite da Terça, crucificado na Quarta (na Quinta teriacaído o Sábado anual) e ressuscitado no final da tarde doSábado. Contando dessa forma seria possível às mulheresterem comprado as especiarias da unção na Sexta, entreum Sábado e outro, e as duas declarações aparentementetão discordantes, seriam igualmente verídicas.

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Mas precisamos averiguar bem os fatos. Portanto,consultemos o que dizem as palavras dos dois

evangelistas.

  Marcos 16. 1:

  “E, passado o Sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de

Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungí-lo”.

Lucas 24. 56:

“E, voltando elas, prepararam especiarias e ungüentos; e no

Sábado repousaram, conforme o mandamento”.

Atentando para as palavras de Marcos podemos notaruma infeliz redundância; ou de outra forma elas

transmitem uma idéia à qual não estamos acostumados.  Vejam bem: Se Marcos declara que as mulherescompraram os perfumes depois do Sábado, eleevidentemente deveria estar dizendo que elas o fizeramno “Domingo”.

No versículo seguinte, porém, ele parece inferir a uma

lacuna no tempo, quando prossegue: 

“E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro, de

manhã cedo, ao nascer do Sol”.

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A partir destas declarações de Marcos podemosdeduzir que em sua mente o dia “depois do Sábado” não

significava necessariamente o Domingo. Para Woodrow oque temos aqui é uma demonstração de que houve umdia “extra” naquela semana, e que o Sábado em questãoera na verdade a Quinta-feira. Portanto, as mulheresteriam comprados os aromas na Sexta.

No tocante às palavras de Lucas, observamos o

seguinte: As mulheres regressam do sepultamento doMestre; compraram as especiarias; descansaram duranteo Sábado. Nada de anormal, salvo haver Marcostestemunhado que elas compraram as mesmasespeciarias depois do Sábado.

Portanto, se de fato não houve um Sábado extra entre

o sepultamento e a ressurreição, seremos obrigados aadmitir que os livros sagrados de nossa igreja nada têmde divinamente inspirados, pois como poderiam ser aInfalível Palavra de Deus se estão cheios de erros econtradições?

Mas se as mulheres voltam do sepultamento de Jesus

no final da tarde de uma Quarta-feira e repousam noSábado anual, que por providência divina teria caídoexatamente na Quinta, elas podem perfeitamentecomprar os aromas da unção na Sexta, entre um Sábado eoutro.

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Pode ser complicado, mas a solução põe fim à questãoque faz pairar persistentes e até justificáveis dúvidas

sobre os depoimentos do Evangelho.

Essa proposta de Ralph Woodrow, apesar depouquíssimo conhecida, nada tem de nova, uma vez queas suas origens remontam aos primeiros séculos de nossacristandade.

Mas como a sua tônica é situar a ressurreição doSenhor na tarde do Sábado e não na manhã do Domingo,nossos mais respeitados doutores a têm rejeitado; quantoaos cristãos “comuns”, pouco ou nada sabem a seurespeito.

Mas a Bíblia definitivamente não nos diz que Jesus

ressuscitou na manhã do primeiro dia da semana? _ Nãonecessariamente. O que os textos gregos nos asseguram éque as mulheres foram ver o sepulcro em pelo menosduas ocasiões distintas: uma durante o final da tarde doSábado, e, noutra vez, pela madrugada do primeiro dia dasemana.

Mas em ambos os casos os textos sustentam que oMestre já estava ressuscitado; as mulheres nãotestemunharam o instante de sua ressurreição, portanto.

O atento leitor da Bíblia enfim argumentará que emMarcos 16. 9. expressamente se afirma que Jesusressuscitou na manhã do primeiro dia da semana e

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apareceu primeiramente à Maria Madalena. As nossasBíblias realmente registram essa dupla declaração, mas

há algumas considerações a serem feitas sobre esse texto.

O mais chato de tudo é que me considero um crentefundamentalista, ou seja: creio na doutrina da inspiraçãoplenária da Bíblia, embora deva aceitar que em datasposteriores àquelas em que os originais foram escritos, asmãos humanas fizeram variar diversas partes do seu

texto. Há, inclusive, quem fale em até trinta mil variaçõesentre todos os documentos que chegaram ao nossoconhecimento.

Somos acossados pelo pressuposto de que um crentefundamentalista jamais deve admitir suspeitas ao textoda Bíblia. Mas levemos em conta que ao tratarmos da

inspiração plenária das Sagradas Escrituras, estamos nosreferindo à sua forma original. Ou seja: que o NovoTestamento, quando foi escrito, estava sendo velado pelapelo Espírito de Deus; o que não ocorreu quando oscopistas de décadas e séculos mais tarde se deram aolabor de reproduzi-lo.

Enfim, o que estou querendo dizer é que na opinião dealguns estarei desde já a um passo de abandonar o meufundamentalismo. Eu bem poderia embromar eprosseguir, evitando tema tão embaraçoso, mas declareique agiria com seriedade, sem esconder as dificuldadesque o nosso trabalho deva implicar, ou, de outra forma,

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como estaria eu fazendo o trabalho de um imparcialinvestigador?

Mas não posso fazer isso sem incorrer no risco de“afrontar” as opiniões de respeitados líderes evangélicosaos quais estimo. Eu realmente não tenho escolha.

A Edição Revista e Corrigida de Almeida diz o seguinte

em Marcos 16. 9:

“E Jesus, tendo ressuscitado na manhã do primeiro dia da

semana, apareceu primeiramente à Maria Madalena, da

qual tinha expulsado sete demônios.” 

A primeira consideração que temos a fazer sobre essetexto é que existe a séria possibilidade de ele não fazer

parte do documento original de Marcos. É umaconsideração de alta gravidade e entendo que muitosleitores, mas principalmente aqueles que amam ateologia, devam torcer o nariz para este escritor.

Mas é verdade. Alguns manuscritos antigos nãoincluem ou incluíam o texto de Marcos 16. 9- 20 em seu

escopo, e como bem sabemos o erro mais freqüente entreos copistas do Novo Testamento não consistia emsuprimir, mas em acrescentar ao seu texto.

Zelosos defensores da Bíblia (não estou ironizando)apelam para a autoridade do Código Alexandrino, que é

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um manuscrito de inestimável importância, e dizem queo trecho de Marcos 16. 9-20 fazia, sim, parte do conteúdo

original deste evangelho, pois que está nele contido.

O que não deve vir ao caso. Respeito o fervoroso zelocom que estes defendem a autoridade do Evangelho, poisnão pode ser diferente. Mas tenho acompanhado aquerela através dos tempos e sei que os teólogoscostumam usar os famosos códigos (existem outros

igualmente importantes, tais como o Beza, o Vaticano e oSináitico) segundo lhes apraz.

Isso é mais ou menos assim: Suponhamos que ocapítulo 1 do evangelho de João esteja presente no Beza,mas ausente no Sináitico, o que fazem nossos osdoutores? Eles simplesmente dizem que o supracitado

texto é original, pois está comportado no Código Beza,evitando, porém, mencionar que o Código Sinaítico oexcluiu.

E se tiverem de fazer o processo inverso, eles farão,pois o que está em jogo verdadeiramente não é aautoridade da Escritura, e sim as suas seculares opiniões.

Que me perdoem aqueles que jamais lançaram mão desteartifício, pois sei que existem, e aos tais não pretendoofender.

  Ademais, usa-se outro argumento favorável àoriginalidade de Marcos 16. 9-20. Seus defensores ainda

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alegam que no terceiro século, quase cem anos antes dacomposição dos Códigos Sináitico e Vaticano (que são

dois dos manuscritos mais antigos da Bíblia e que nãocomportam o mencionado texto), o notabilíssimo Irineude Lion fez citações de Marcos 16. 9-20 em seus escritos.

Mas é justamente aí que está o problema, pois Irineu,a despeito de sua inegável importância, é famoso porfazer uso de documentos apócrifos em seus escritos e

sermões. E não apenas os propagou como também elevoua muitos deles à categoria dos livros divinamenteinspirados do Novo Testamento.

  O agravante é que pessoas como Michael Baigentsabem da possibilidade de haverem posteriormenteacrescentado o texto da ressurreição do Senhor no

evangelho de Marcos, e neste caso especificamente,sentem-se à vontade para multiplicar a força de suasacusações ateístas.

E Baigent de fato se aproveita deste (diremos) supostoacréscimo feito ao texto de Marcos capítulo 16 para lançarofensas contra os primeiros organizadores do Novo

Testamento, e diz, entre outras coisas, que a atualcomposição dos livros de nossas Bíblias é o resultado deuma seleção tendenciosa.

De minha parte, não sustento nem faço ruir oargumento de que o trecho de Marcos 16. 9-20 não fazia

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parte do evangelho original, mas é fato que dois dosmanuscritos mais antigos não o mencionam. E como

estes são os únicos versículos de todo o Novo Testamentoque fazem referência a uma ressurreição na manhã doprimeiro dia da semana, o assunto fica sob suspeita.

Tudo bem. Vamos partir do pressuposto de que osreferidos textos definitivamente faziam parte dacomposição original do livro de Marcos, e ainda assim

não será suficiente para dar provas de uma ressurreiçãona manhã do primeiro dia da semana.

É claro que ao lermos nos textos aos quais nosreferimos, nossa atenção fica presa à impressão de queJesus ressuscitou na madrugada do Domingo.

Essa impressão, todavia, é enganosa, pois a idéiaprincipal do texto, sendo ele original ou não, estáconcentrada no fato de que o Mestre, depois de haverressuscitado, apareceu primeiramente à Maria Madalena“no primeiro dia da semana”. Essa explicação, inclusive,servirá para dissolver outra dificuldade apresentada pela  visita das mulheres ao sepulcro, e se o leitor estiver

atento ficará inteirado quando mais adiante retornarmosno assunto.

Outra consideração não menos importante foi-nos

apresentada por Ralph Woodrow em: Babilônia, a 

Religião dos Mistérios . Ele chama a nossa atenção para o

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detalhe da acentuação na escrita de Marcos 16.9. E fazsentido, já que a fórmula que atualmente empregamos

para acentuar as palavras e frases só surgiu a partir doséculo nono.

O Sr. Woodrow então salienta que o nono versículo deMarcos capítulo 16 possa estar grafado de maneiralevemente equivocada, e todo o transtorno teria sidoprovocado por uma simples vírgula, posta em

inapropriado lugar. Logo, a leitura mais adequadadeveria ser a seguinte:

 “E, Jesus, tendo ressuscitado, na manhã do primeiro dia da

semana apareceu primeiramente à Maria Madalena, da

qual tinha expulsado sete demônios”.

Se entendermos que de fato pode ser assim, nãoestaremos com isso distorcendo o texto da Escritura, poisse compararmos as diversas traduções e versões do NovoTestamento que existem em nosso próprio idioma,notaremos sem grande esforço que elas mesmas sediferem em muitas partes.

Verdade é que em raríssimos casos uma vírgula tem-nos feito desviar do sentido em que o assunto foi escrito,mas quando se está traduzindo, por exemplo, um texto detão impactante efeito como o de Marcos 16. 9. éimpossível não se deixar levar pela força da idéia fixa de

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que Jesus tenha ressuscitado na manhã do primeiro diada semana.

Além do mais, a nossa atenção é de alguma formaatraída para uma idéia que considero alheia, poisevidentemente o que o supracitado texto de Marcos estáquerendo nos dizer é que Jesus, após ter ressuscitado,apareceu primeiramente à Maria Madalena na manhã doprimeiro dia da semana.

Mas há muitos que apelam para o antigo costume queos cristãos tinham de celebrar a ressurreição do Senhorno Domingo.

Sinceramente desconheço que a igreja primitiva1 

tenha adotado tal costume, já que até entre os grandes

expoentes do cristianismo dos primeiros séculosexistiram controvérsias quanto ao dia exato daressurreição.

 Verdade é que a “Didaké ”, manual de orientação aos

catecúmenos do cristianismo antigo, estabelecia que arealização da santa ceia devia se dar sempre ao Domingo2,

em celebração à ressurreição do Senhor. Tal prática,

1 Teoricamente não se sabe até que época a igreja cristã pode ser chamada de

primitiva, de modo que a nossa alusão circunscreve-se à era apostólica, sendo João

seu último representante. N.A

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porém, além de haver sido adotada apenasposteriormente ao cristianismo apostólico3, estava em

desacordo com a doutrina de João, que, segundo nos veioao conhecimento, ordenava que a ceia cristã fossecomemorada sempre à época da Páscoa judaica, sem seimportar com a especificação do dia da semana em queesta ocorresse.

2 Não é desconhecido o fato de que a sé de Roma foi aos poucos

incorporando ao seu culto elementos do paganismo local, e assim

como se adotou o 25 de dezembro como sendo o natal de Jesus

(embora saibamos que esta é a data do nascimento de Júpiter, em

Pérgamo), atribui-se também o Domingo à sua ressurreição, ainda

que os romanos neste dia celebrassem o culto ao Sol Invicto, tal

como se pode depreender a partir das palavras de Plínio, que acima

citamos. N.A

3 Desde cedo as igrejas romanas impunham às demais suas regras

de fé e prática; a Didaké, posto que conceituada, foi visivelmente

alterada, de modo a servir aos propósitos da sé romana, que

demandava, entre outras coisas, que as igrejas asiáticas celebrassema Santa Ceia no Domingo. Afirma-se que Policarpo, o gigante

defensor da fé apostólica, e que foi discípulo direto do evangelista

João, esteve em Roma para esclarecer que continuaria a realizar a

Ceia tal como aprendera daquele que foi testemunha ocular dos

fatos registrados no Evangelho. N.A

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Contudo, lemos numa carta de Plínio, que sendogovernador da Bitínia, nos dias do imperador Trajano,

comenta-lhe:

“Têm os cristãos por costume reunir-se num

determinado dia, antes do romper da aurora, e cantar 

 juntos um hino a Cristo, como se fosse um deus...” 

De outro modo, Justino, à época de Marco Aurélio,

compôs uma carta pela qual nos dá a entender que aprática de se celebrar a ceia na manhã do Domingotornara-se comum no mundo romano. Ele assimregistrou:

“Encontramo-nos no dia do Senhor para adoração, nas

cidades e nas vilas; lemos nos livros dos profetas e nas

memórias dos apóstolos, tanto quanto o tempo nos permite...” 

  Muitos comentadores estão em definitivo segurosde que a expressão “dia do Senhor”, tanto nesta frase deJustino como em Apocalipse 1.10, refere-se ao Domingo;e talvez estejam certos, mas o bom pesquisador saberáque esta expressão possui mais de um significado.

O mais cruciante, porém, é que Marcos jamaispoderia escrever que Jesus ressuscitou na manhã do

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primeiro dia da semana, pois de outra sorte estariainvalidando os testemunhos de Lucas e João, nos quais se

diz claramente que as mulheres foram ao sepulcro naescuridão da madrugada, e descobriram que o Mestre jáestava ressuscitado.

E se Jesus não ressuscitou na manhã do primeiro diada semana, em que momento o teria feito? O primeiropensamento que nos ocorre é que tenha ressuscitado na

madrugada do Domingo, mas o texto de Mateus 28. 1. nosdiz  que as mulheres (antes mesmo da madrugada doDomingo), foram ao sepulcro no fim da tarde do Sábado,quando descobriram que a tumba já estava vazia.

Esta extraordinária revelação de Mateus nos fazpensar se realmente conhecemos a história do modo que

ela aconteceu. Ralph Woodrow recorre à Bíblia Anotada 

de Dake , já publicada no Brasil, numa nota que o seu

editor apresenta sobre o texto de Mateus 12. 40,asseverando que o corpo Jesus permaneceu três dias etrês noites na sepultura.

Obviamente que outros textos do Evangelho usam aexpressão: “ao terceiro dia” quando tratam do período detempo no qual o Mestre retornaria da morte, de modoque Josh McDowell, que tão bem escreveu acerca daressurreição, se ocupou do assunto, atestando por meio

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de muitos argumentos, que Jesus retornou dos mortos“ao terceiro dia”, e não depois de três dias.

Seus argumentos parecem fortes, mas a declaraçãoque o próprio Messias fez de sua ressurreição não admiteoutra interpretação.

Os inimigos do Mestre pediram-lhe que fizesse ummilagre pelo qual pudessem ter certeza de que ele era o

Messias de Israel.O Senhor, porém, lhes disse que não lhes daria outro

milagre que não fosse aquele prenunciado pelo profeta

Jonas; e arrematou:  “ pois como Jonas esteve  três dias e

três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do

Homem três dias e três noites no seio da terra” . 

Com isso o Mestre estava afirmando que ao retornar damorte depois de setenta e duas horas, seus inimigosenfim se certificariam de que ele é o Messias esperado deIsrael.

Certo é que seus opositores levaram a conversa muito

a sério, pelo que passado o primeiro dia desde a suamorte, foram ter com Pilatos, e disseram-lhe: “Aquele

  falso Messias disse que há de ressuscitar depois de três

dias”.

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  Daí pedem a presença de soldados no jardim da tumbaa fim de evitar que os discípulos do Galileu apareçam

durante a noite e escondam o corpo para em seguidaanunciar ao mundo que ele ressuscitou.

Diante de Pilatos eles chamam o Mestre de enganador,pois não acreditam que fosse o Messias; mas o Nazarenolhes disse que na condição de Verdadeiro Messias haveriade ressurgir “depois” de três dias e três noites, por isso

pedem uma guarda ao túmulo até ao terceiro dia.

Nossos teólogos se valem dessa ênfase, e dizem que seos sacerdotes e fariseus tivessem levado a declaração deJesus ao pé da letra, teriam solicitado uma vigilância paraquatro dias e não até ao terceiro dia. Mas desconsideramque quando aqueles inimigos foram recorrer a Pilatos já

se havia passado um dia desde a crucificação.

Josh McDowell lança mão de tradições judaicas cujaimportância reconhecemos, e explica que nos costumesdo judaísmo antigo parte de um dia podia ser contadocomo sendo um dia inteiro, e até apresenta um gráficoatravés do qual pretende demonstrar que Jesus, embora

tenha morrido no final da tarde de uma Sexta eressuscitado na manhã do Domingo, ainda assim estevepor três dias e três noites no ventre da terra.

Admiro muito os escritos do Sr. McDowell, e sua

obra: “As   Evidências da Ressurreição de Cristo”  sem

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dúvidas é um bom livro, mas tenho de admitir que o seuargumento sobre os três dias e três noites é decerto a

coisa mais disparatada que já pude ler.

Como sair do impasse?

Em Babilônia, a Religião dos Mistérios , Ralph

  Woodrow, além de apontar a Quarta- feira como o

provável dia da crucificação, não se esquiva de sustentarque a ressurreição aconteceu no fim da tarde do Sábado,mais precisamente na hora correspondente à mesma emque se deu a sua morte ou o sepultamento.

E aquilo que pode eclodir como desmedido disparate,é, no entendimento de Woodrow e de muitos

pesquisadores, a melhor explicação para o enigma dostrês dias e três noites.

Ele e uma considerável gama de eruditos são daopinião de que naquela semana de Páscoa ocorreu oSábado simbólico, que veio a coincidir com o diaposterior ao da crucificação, ou seja: uma Quinta-feira.

Sob este escopo, a crucificação e o sepultamento doMestre ocorrem na Quarta; ele permanece na tumba até àtarde do Sábado semanal, quando ressuscita.

Evidentemente não há provas a favor e nem contra apossibilidade de uma ressurreição na tarde do Sábado,

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mas a versão “Revista e Corrigida”  de Almeida no

capítulo 28 de Mateus em momento algum trata de umaressurreição na manhã do Domingo; ao contrário,enfatiza que as mulheres presenciaram o sepulcro vazio jáno final da tarde do Sábado.

Mas leiamos o que escreveu Woodrow a esse respeitona obra que já mencionamos:

“Escrevendo na revista Eternity, seu editor, Donald GreyBarnhouse, afirmou: “Eu pessoalmente tenho sempre

sustentado que houve dois Sabbath na última semana

do Senhor. O Sabbath do Sábado e o Sabbath da

Páscoa, sendo este último na Quita-feira. “Eles se

apressaram para tirar o seu corpo após uma

crucificação na Quarta-feira, e ele esteve no sepulcro por três dias e três noites”.

Ele cita evidências de antigos manuscritos que colocam

a última ceia na tarde da Terça-feira. Nem toda tradição

tem favorecido uma crucificação na Sexta-feira. Ele cita de

um jornal católico romano publicado na França que uma

antiga tradição cristã, atestada pelo Didascalia

  Apostolorum, como também por Epfânio e Vitorino de

Pettau (morto em 304), dá à tarde da Terça-feira como

sendo a data da última ceia e prescreve um jejum para a

Quarta-feira, para comemorar a captura de Cristo...

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Embora defendendo fortemente a crucificação na Sexta-

 feira, a Enciclopédia Católica diz que nem todos os eruditos

têm acreditado desta maneira. Epfânio, Lactâncio, Wescott,

Cassiodoro e Gregório de Tours são mencionados como

rejeitando a Sexta-feira como o dia da crucificação.

(Palavras de Woodrow).

Compreendo ser inútil qualquer tentativa de

estabelecer uma ressurreição na tarde do Sábado em vezde na manhã do Domingo.

Fica, porém, aqui exposto que o assunto jamais foiperfeitamente esclarecido e que a nossa oficial maneirade entender a data da crucificação e ressurreição doMestre, não era uma unanimidade nem nas primeiras

eras do cristianismo.Capitulando:

Ao que me parece, o cerne do desentendimento estána visita que as mulheres fizeram ao sepulcro por ocasião

da  ressurreição de Jesus, e diz respeito ao número de

pessoas, bem como as circunstâncias que as envolvem nodesenrolar do episódio narrado a partir da percepção decada um dos evangelistas.

No meu entender a explicação é possível se aceitamosque Maria Madalena e suas companheiras não estiveramno jardim da tumba apenas uma vez e no mesmo dia.

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Quero, porém, fazer uma observação à qual os cristãosnão parecem ter dado importância: Por que razão as

mulheres se dirigiram ao sepulcro em plena escuridão damadrugada, já que estranhamente elas se preocupavamem ungir um cadáver ao qual José de Arimatéia eNicodemos haviam devidamente tratado antes desepultá-lo?

Partamos do pressuposto que a preocupação das

mulheres fosse desnecessária, pois de acordo com o sensocomum o corpo de Jesus havia sido “embalsamado” hámenos de doze horas; mas já que o desejavam fazer, porque não aguardar até que se fizesse dia perfeito? Não seráesse um indício de que de fato já se havia passado mais dedois dias?

As peças podem estar começando a se encaixar, e umaquestão respondida ajudará a esclarecer outras dúvidas.Lembre-se que na narrativa de Mateus o anjo daanunciação ordena que as mulheres partamimediatamente a contar o acontecido aos apóstolos.

E elas o fazem, segundo nos escreveu o ex-cobrador de

impostos.

O que não é corroborado pelo testemunho de Marcos,pois declara que ao receberem a nova da ressurreição, asmulheres fugiram apavoradas do sepulcro e nãocontaram coisa alguma aos apóstolos.

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Ora, se não contaram, como se explica que na manhãdo primeiro dia da semana Pedro e João tenham corrido

até a tumba para se certificar de que o corpo do Mestrehavia desaparecido?!

Logo, estas duas declarações tão díspares só podemestar igualmente corretas se aceitarmos que as mulheresfizeram mais de uma visita ao tumulo e em diasdiferentes, sendo que em ambas as oportunidades

receberam a incumbência de anunciar a ressurreição doSenhor aos seus mais diletos discípulos.

 À primeira visita é aquela sobre a qual nos escreveuMateus, e aconteceu no fim da tarde do Sábado, tal comoestá escrito no capítulo 28 do seu evangelho. A segunda  visita foi secreta, em plena escuridão da madrugada,

exatamente como o dizem Lucas e João.

Sumariamente deve ter acontecido assim: no fim datarde do Sábado Maria Madalena, Maria de Alfeu eSalomé, seguem para o sepulcro do Nazareno e recebemuma visão de anjos que lhes dizem que o Mestre járessuscitou, e orienta-lhes a anunciar o milagre aos

discípulos.

Elas, porém, e como era de se esperar, ficamextremamente assombradas e deixam o sepulcro àspressas, e em vez de transmitir a boa nova aos apóstolos,se calam.

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O que vem a ser um comportamento bastantecompreensível, já que os judeus eram dados a muitas

superstições, acreditando, inclusive em “almas penadas”e espíritos de mortos que apareciam para assombrar as

pessoas.

Veio a noite e provavelmente não conseguiramdormir, e inquietas como estavam, mal podiam esperarque o dia amanhecesse, e, pelo que posso presumir,participaram o negócio a mais algumas mulheres, já queLucas nos diz que várias outras foram contadas entre asque estavam no sepulcro naquela madrugadamaravilhosa.

Nessa ocasião elas adentraram no sepulcro e nãoencontram o corpo do Mestre; o que fazem? Voltam

imediatamente e contam a Pedro e João que alguém tinhalevado o corpo do Senhor, e eles, correndo para lá e nãologrando maior sucesso, se dão por vencidos e retornampara casa com mais uma desilusão.

Maria Madalena, no entanto, permaneceu sozinhanaquele frio cemitério, chorando em sua escuridão. Por

esse motivo é que no primeiro momento em que Jesusapareceu ressuscitado, ela não o reconheceu, mas julgouque era o jardineiro daquele horto.

Ele pergunta a razão de seu pranto e ela responde quealguém havia transportado o corpo do adorável Mestre, o

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que lhe era penoso. Mas ao ouvi-lo pronunciar o seunome ela o reconhece. Jesus está vivo!

É por isso que no conjunto dos testemunhos doEvangelho fala-se da presença de várias mulheres noinstante em que Jesus apareceu ressurreto, ao passo queno particular e mui corretamente, Marcos registra que eleapareceu primeiramente a Maria Madalena na manhã doprimeiro dia da semana.

O evangelho de João dá o mesmo parecer, conquantoateste que Maria Madalena havia ficado solitária no jardim quando o mestre se apresentou com vida. Foi aí, esomente depois disto que ela correu não se cabendo decontentamento, para contar aos discípulos que o Mestretinha retornado dos mortos e que o tinha visto em carne e

osso.

Antes tinham anunciado que o corpo do senhor haviadesaparecido, e como Pedro e João, indo passar a limpoessa informação, voltaram desiludidos, agora, ouvindodos lábios de Maria Madalena e de outras mulheres, queJesus estava vivo e que lhes havia aparecido, eles

pensaram que estivessem delirando e desconsideraram anova da ressurreição.

Mas Lucas nos faz saber que Pedro, de certa formadesconfiado por haver percebido algo de significativo nodetalhe dos lençóis e da tolha que ficaram na tumba,

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correu novamente ao local e lá encontrou tudo do mesmo jeito que estava. E esse retorno de Pedro ao sepulcro só é

 justificado no evangelho de Marcos, onde se diz que foi opróprio Jesus quem solicitou a sua presença.

E foi maravilhosamente feliz, pois Lucas mencionaque naquele mesmo dia Pedro teve um particularencontro com o amado Mestre.

A expressa ordem do Senhor era que seus discípulosseguissem imediatamente para a Galiléia, onde seencontrariam. Mas eles não creram em Pedro e muitomenos nas mulheres, pelo que, de acordo com oevangelho de João, Jesus resolveu apresentar-se alimesmo em Jerusalém, e lançou-lhes a incredulidade emrosto.

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CONCLUSÃO

O ministro do Supremo Tribunal da Inglaterra, LordDarling, certa vez disseque: “nenhum júri inteligente, em

todo o mundo, poderá deixar de afirmar, perante otribunal, que a história da ressurreição de Cristo é

verdadeira.” 

***

A credito que estas explicações possam esclarecer

algumas das grandes dificuldades apresentadas pelaleitura comparada dos evangelhos. Contudo, nãopretendo que o meu trabalho resolva de uma vez portodas os mistérios que envolvem a vida do inigualável

Homem que foi Jesus enquanto esteve no mundo,atuando na forma de pobre Pregador da Galiléia.

Os mistérios do seu Evangelho devem perdurar até asportas da eternidade, quando enfim ele mesmo nosesclarecerá todas as coisas. Isso tem de ser assim, pois se

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trata da inatingível Sabedoria de Deus, e nós, discípulosseus, devemos nos render à fé que nos propôs se de fato

desejamos ser-lhe agradáveis.

Ainda há muito para ser descoberto nas narrativasdos evangelhos; quem sabe até dificuldades maiores queestas às quais temos tentado dissolver, e a Palavra deDeus deve sofrer novos e furiosos ataques pelaincredulidade de homens que além de ímpios são

também néscios, e que como dissera o salmista, não sedão ao trabalho de investigar.

Portanto, precisamos fundamentar ainda mais anossa fé na Bíblia, aceitando que ela é infalível e nãomente jamais, e que toda e qualquer sombra dediscordância ou contradição não passa de vã ilusão de

ótica humana, pois que no final tudo se explicará e a verdade de Deus triunfará à incredulidade do homem.

No que concerne aos temas aqui tratados, nãoacredito que estejam resolvidos em definitivo, já que anossa humana maneira de enxergar as coisas é míope enão nos deixa ver algumas pontas soltas que decerto

ficaram.

Cabe ao meu leitor, sempre atento e persistente,continuar com as investigações e extrair o máximo deesclarecimento da Palavra de Deus, pois a sua ciência é

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profundíssima, e o prazer que nos proporciona a cadanova descoberta é imensurável.

Aquele que se der à ocupação de consultar o meutrabalho deverá entender que não se trata de uma obraespecificamente produzida por um teólogo treinado, poisrealmente não o sou; e o meu objetivo não éprimeiramente dar esclarecimentos bíblicos ao públicocristão, mas analisar e refutar as principais acusações que

Michael Baigent lançou contra Cristo e seus apóstolos, bem como o Evangelho e a igreja.

E se o público ignora o nascedouro destas ferrenhasacusações é unicamente porque a obra de Baigent foipouco difundida no Brasil, mas intensamente propagadapelo mundo através do famoso livro de Dan Brown, que

acabou recebendo os louros da gloria por haver “aberto osolhos” aos homens para a outra e “verdadeira” versão dahistória de Jesus à qual não conhecíamos.

Mas acima de tudo o meu objetivo é demonstrar queo crente pode confiar inteiramente no evangelhoapostólico, e que as suas declarações, mesmo quando

parecem irremediavelmente contraditórias, estãoapoiadas na mais cristalina verdade. E se existem essasaparentes discrepâncias no Evangelho é unicamenteporque Deus Pai deseja que nos ocupemos com oexercício diário de consultar a sua Palavra; quem nela crêhá de ser por ela iluminado, e verá ao fim que é infalível.

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É evidente que o leitor mais atento concluirá que omeu trabalho não esclarece certos aspectos de algumas

interpretações nele contidas, mas precisamente no que serefere a coisas que teriam acontecido numa únicaoportunidade, mas que a meu ver não o foi.

Por exemplo: o evangelista Marcos afirma que namanhã do primeiro dia da semana as mulheres foram aosepulcro, e enquanto caminhavam iam se perguntando

sobre quem lhes haveria de remover a pedra que selava aentrada; o que, na observação deste autor, isso teriaacontecido na tarde do dia anterior. Como se podecolocar a interpretação humana acima do testemunhoevangélico?

É exemplo de uma ponta que foi deixada solta

propositalmente e serve para estimular o instintoinvestigativo de cada leitor. Mas em resposta à questãoque temos instigado, não pretendo jamais elevar aopinião pessoal acima do testemunho apostólico, e aproposta por mim apresentada para solucionar certasdificuldades evidenciadas pela presença das mulheres nosepulcro por ocasião da ressurreição de Jesus não édogmática, mas sugestiva do ponto de vista do leitor; amim, porém, sem laçar mão da possibilidade à quepropus, não será possível, ao menos por enquanto,explicar certos ecos dissonantes evidenciados pala leituracomparada dos relatos evangélicos sobre a visita de Maria

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Madalena e suas companheiras ao jardim da tumba;salvo, repito, elas o tenham feito mais de uma vez desde à

tarde do Sábado.

A minha explicação é que um evangelista pode estánarrando, por exemplo, a segunda visita que as mulheresfizeram ao sepulcro, e no ínterim fazem menção de algoque aconteceu durante a primeira ou eventual terceira vezque elas lá estiveram.

É por esse motivo que não se pode concluir que tantascoisas distintas e muitas vezes opostas tenhamacontecido ao mesmo instante e numa mesma visita;assim, não há como não imaginar que as narrativas dosapóstolos de fato se contradizem.

Isso acontece porque os biógrafos sagradosdescrevem os assuntos como um todo, ou em linhasgerais, dando a devida importância não ao tema em si,mas ao fato inconteste de que o Cristo da cruz retornoudo reino da morte e se apresentou aos seus amigos commuitas e infalíveis provas, tornando-se eternamenteSalvador daquele que nele crê.

E de tal maneira se difundiu a mensagem de suaressurreição que até mesmo o imperador Tibério veio a seconvencer de que Jesus era sobre-humano. Conta-nosEusébio que o próprio líder da máquina romana seesforçou para tornar oficial a divinização do Nazareno, ao

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que o Senado, munido de aspectos peculiares de suas leis,reagiu, sufragando pelo contrário.

Que essa tentativa de Tibério em divinizaroficialmente a pessoa de Jesus em todo o Império éhistórica pode-se confirmar pelos depoimentos nãoapenas de Eusébio, mas também de Justino e Tertuliano,os quais chegam a fazer menção do famoso documentoconhecido como “Atos de Pôncio Pilatos”, onde o

Procurador romano testifica que Jesus Nazareno foi  julgado, condenado e morto durante o seu governo naJudéia, mas que reviveu, e esta ressurreição foitestemunha por oficiais romanos que vigiavam diante daentrada de sua tumba.

Ocorre que estes “Atos de Pôncio Pilatos” foram

muitas vezes adulterados através da história, e chegaramàs nossas mãos impregnados de declarações fantasiosas,exageradas e contraditórias. Mas restaram partes destedocumento que ainda mantêm traços de suaoriginalidade, cabendo ao seu pesquisador a análisearguta e criteriosa.

Enfim, havendo pesquisado minuciosamente cadatestemunho apostólico, bem como as acusações quehomens incrédulos lhes fizeram, cheguei à conclusão deque não há motivos para se duvidar que os biógrafos deJesus tenham escrito seus respectivos evangelhospautados na mais genuína verdade, e um tribunal

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cimentado na justiça e na imparcialidade jamais deixaráde pronunciar um veredicto favorável a tudo quanto eles

testemunharam.

Jesus Cristo ressuscitou e isso é um fato. Os ateus nãopodem concordar com isso, pois se Cristo reviveu, será amais crucial prova de que os incrédulos estãoeternamente perdidos. Por isso é que estes, à semelhançadaqueles que tramaram a sua morte, querem-no manter

em sua tumba sob forte vigilância.

 Vemo-lo, porém, levantando-se do catre para deixar asepultura, sem pressa, e até se atem à toalha que haviacoberto o seu rosto; ele a toma e a dobra cuidadosamente,como alguém que arruma a própria cama ao despertar deuma boa noite de sono.

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