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A RESPONSABILIDADE
SOCIAL DAS ORGANIZAÇÕES:
Desafios em tempo de crise.
João Bilhim
CRISE
“ A CRISE É A MELHO BENÇÃO QUE PODE
OCORRER COM AS PESSOAS E OS PAÍSES.
PORQUE A CRISE TRAZ PROGRESSO.
A CRIATIVIDADE NASCE DA ANGÚSTIA,
COMO O DIA NASCE DA NOITE ESCURA.”
Albert Einstein
07-11-2011 João Bilhim - Economia Social 2
APRESENTAÇÃO
1. Introdução
2. Paradigma clássico da empresa versus um
“novo” modo de olhar as organização.
3. Relação entre responsabilidade organizacional
e desenvolvimento sustentável: problemáticas e
conceitos.
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Howard Bowen: Responsabilidade
Social
Atribui-se a Howard Bowen a primeira definição do termo
Responsabilidade Social, em 1953 na sua obra Social
Responsibilities of the Businessman :
“A obrigação social do homem de negócios de adotar
orientações, tomar decisões e seguir linhas de ação que
sejam compatíveis com os fins e valores da sociedade".
Segundo Bowen, cinco são os tipos de públicos que podem
ser beneficiados com a Responsabilidade Social:
funcionários, clientes, fornecedores, competidores e
outros com algum vínculo com a empresa (definição que
contempla o conceito moderno de stakeholders).
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O que Entender por
Responsabilidade Social das
Empresas
• Para uns é tomada como uma responsabilidade legal ou obrigação
social;
• para outros, é o comportamento socialmente responsável em que
se observa a ética, e para outros, ainda, não passa de contribuições
de caridade que a empresa deve fazer.
• Há também, os que admitam que a responsabilidade social seja,
exclusivamente, a responsabilidade de pagar bem aos empregados
e dar-lhes bom tratamento.
• Logicamente, responsabilidade social das empresas é tudo isto,
muito embora não sejam, somente, estes itens isoladamente”.
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RESPONSABILIDADE SOCIAL COM
QUEM?
• Com relação a quem, exatamente, a empresa tem
responsabilidades sociais?
• A sociedade, como um todo, é formada por muitos grupos, cada
qual com interesses particulares, muitas vezes conflituantes entre
si.
• De que forma a empresa pode atender verdadeiramente ao
interesse público, sem que perca sua característica de unidade
econômica?
• Estas questões são levantadas quando se procura entender a
empresa como organização socialmente responsável.
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Evolução do Conceito
Nos Estados Unidos da América (EUA) e na Europa o social ganhou
destaque, como resposta às novas reivindicações da sociedade
obrigando a empresa a sair do estritamente económico (finais dos
anos 60 ao início dos 70).
• A publicação em 1972 do relatório Os Limites do Crescimento,
elaborado por uma equipa do MIT, contratada pelo Clube de Roma
e chefiada por Dana Meadows tratava problemas cruciais para o
futuro desenvolvimento da humanidade tais como energia, poluição
, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento
populacional
A crise do Welfare State situada na metade da década de 70.
As organizações não-governamentais (ONGs) começaram a utilizar
mais intensamente o termo responsabilidade social corporativa , no
final dos anos 90.
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2. Paradigma clássico da empresa
versus um “novo” modo de olhar
as organização
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A GESTÃO DE RECURSOS
HUMANOS E A
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Mobiliza uma nova visão da organização;
Criação de um novo modo de olhar as
organizações;
Perspectiva de reabilitação da sociedade,
na recuperação e reconstrução, propondo
o seu redireccionamento no futuro.
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Responsabilidade Social e Economia
de Mercado 1/3
• Segundo Friedman, “responsabilidade social é um comportamento
antimaximização de lucros, assumido para beneficiar outros que
não são acionistas da empresa”.
• Archie Carrol, esta responsabilidade deve concentrar-se na questão
dos custos:
• “(...) no envolvimento social da empresa, seja com os empregados,
com as pessoas que estão ligadas tecnicamente à empresa ou com
a sociedade, a grande questão é mesmo quanto custa à adoção de
comportamentos socialmente responsáveis e não o simples fato de
adotar tais comportamentos (...)”.
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Responsabilidade Social e Economia
de Mercado 2/3
• Para Levitt o poder social numa instituição económica
terá a capacidade de futuramente destruir a sociedade
pluralista e até mesmo causar o fim do capitalismo. Diz
ele:
• “O perigo desses programas sociais está em que torne a
empresa o equivalente a uma igreja medieval (...). E não
há nada mais perigoso do que a conversão dedicada,
sincera, bem direcionada, sustentada pelo mecanismo
poderoso de uma instituição poderosa – particularmente
uma instituição econômica” . um perigo ao futuro da
iniciativa privada.
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o pensamento de Thomas Zenisek:
• O conceito de Responsabilidade Social tendo sido
densificado através do tempo, como consequência das
mudanças nas estruturas organizacionais.
• À medida que a empresa foi se vendo obrigada a
repensar alguns de seus valores, no sentido de
constituir mais que uma realidade económica foi sendo
incorporada a sua filosofia um contexto social, dentro do
qual se estabeleceram responsabilidades.
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o pensamento de Thomas Zenisek:
• A responsabilidade social está ligada a
questões e princípios éticos adotados pela
empresa no que diz respeito aos problemas de
ordem social que enfrenta.
• Surge a ideia de empresa como elo entre
sociedade, indivíduos e governo, enquanto
instrumento capaz de melhorar a qualidade de
vida via desenvolvimento económico.
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COMUNIDADE E SOCIEDADE
• Na sociologia recorre-se normalmente a Ferdinand Tönnies, para
distinguir os conceitos de comunidade (Gemeinschaft) e de
sociedade (Gessellschaft).
• A comunidade é um agrupamento de indivíduos, estabelecido por
laços naturais ou espontâneos, objetivos comuns e espírito de
cooperação.
• A sociedade , ao contrário, estaria vinculada a convenções
externas, sendo regimentada por uma vontade racional ou
arbitrária, que faria com que os indivíduos privilegiassem seus
interesses particulares. No desenvolvimento do processo histórico,
segundo Tönnies, a sociedade teria substituído a estrutura
comunitária.
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COMUNIDADE E SOCIEDADE
• “Se não houvesse sentido de comunidade, se os homens não
cooperassem, entre si, em seus empreendimentos, não haveria
sistema social, nenhuma sociedade ou sociedades”.
• “(...) Ninguém, fará alguma coisa para o outro, ninguém, desejará
conceder ou dar alguma coisa ao outro, a não ser em troca de um
serviço ou de um dom estimado, pelo menos como equivalente ao
seu.
• A compreensão do termo comunidade torna-se, pois indispensável
para a apreensão de um sentido social da empresa. Primeiro
porque o sentimento de comunidade é o que condiciona a
existência de um sistema social. Segundo, porque dentro da
sociedade, a empresa necessita conquistar a credibilidade junto da
comunidade (seja local ou num sentido lato) para assim garantir sua
condição de sobrevivência e crescimento.
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3. Relação entre responsabilidade
organizacional e desenvolvimento
sustentável: problemáticas e
conceitos.
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LIVRO VERDE: A política de
desenvolvimento da UE
“O desenvolvimento sustentável requer
estratégias que tenham em conta as
questões económicas, sociais e
ambientais”. (Bruxelas, 10.11.2010 COM(2010) 629 final)
A sustentabilidade está apoiada nestes três pilares:
ECONÓMICO; SOCIAL; AMBIENTAL.
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O Custo de CO2 dos Produtos e a
Sustentabilidade
O selo do carbono será um bom
certificado no caminho da
sustentabilidade.
Creio que se está já a caminhar para um
tipo de certificação mais abrangente onde
se integram as vertentes social e
ambiental – desde a extração dos
materiais que compõem o produto até à
sua vida final. 07-11-2011 19 João Bilhim - Economia Social
Qual a diferença entre crescimento e
desenvolvimento?
•A diferença é que o crescimento não conduz automaticamente à
igualdade nem à justiça sociais, pois não leva em consideração
nenhum outro aspeto da qualidade de vida a não ser a acumulação de
riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da
população.
•O desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de
riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a
qualidade de vida de toda a população, levando em consideração,
portanto, a qualidade ambiental do planeta.
.
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O crescimento económico moderno
assenta em quatro realidades
A primeira dessas realidades é:
“Na subida rápida e sustentada do nível de vida médio,
entendido como o grau de satisfação das necessidades de
um ser humano. O aumento do produto per capita foi
proporcionado, principalmente, por um aumento da
produtividade dos recursos humanos utilizados, resultante
do aumento das qualificações dos mesmos, pelo sistema
escolar, pela intensificação da formação profissional, etc.,
e pelo progresso tecnológico e inovações,
designadamente, nas atividades relacionadas com as
TIC”.
O crescimento económico moderno
assenta em quatro realidades
A segunda dessas realidades é:
“Na modificação da estrutura da economia, nomeadamente, ao nível da
composição sectorial da atividade económica.
Com o fenómeno da «industrialização», o sector secundário aumentou
significativamente a sua importância na repartição sectorial do produto, à custa
do sector primário e com o fenómeno da «terceirização», a partir da segunda
metade do século XX, o sector terciário adquire importância à custa dos outros
dois sectores.
Tal modificação pode ser explicada por diferentes variações da procura dirigida
aos vários sectores causadas pela variação do rendimento médio per capita.”
A terceira dessas realidades é:
•“Na alteração profunda dos espaços económicos relevantes, com a
transição de sociedades humanas praticamente autossuficientes para
uma economia global interdependente pela fusão de tais espaços
económicos autossuficientes”.
•A abertura das economias e a liberalização do comércio de bens e
serviços, das transferências de tecnologias, dos movimentos de
capitais e dos fluxos de informação é uma realidade duradoura e
incontornável e um fator de progresso por permitir criar um ambiente
favorável ao crescimento da economia mundial e à erradicação da
pobreza nos países menos desenvolvidos.
•
O crescimento económico moderno
assenta em quatro realidades
A quarta dessas realidades é:
“Na modificação do modo de organização da economia, em que o
predomínio das unidades com especialização funcional e sectorial foi
acompanhado de algumas transformações em relação ao tamanho
médio e às estruturas internas das unidades privadas com fins
lucrativos, pelo aumento do tamanho médio por fusões e aquisições,
modificação dos estatutos jurídicos, concentração de propriedade, etc.,
e o aparecimento de diversas unidades privadas sem fins lucrativos (de
tipo associativo, mutualista, etc.) dedicadas ao exercício de atividades
essencialmente de cariz social e não económico.”
O crescimento económico moderno
assenta em quatro realidades
A par destas realidades, o crescimento económico moderno
caracterizou-se por um aumento da desigualdade da repartição
pessoal do rendimento a nível mundial, nomeadamente nas regiões
menos desenvolvidas, consequência da desigualdade de repartição dos
recursos produzidos e da maior proporção dos rendimentos deles
derivados na repartição funcional dos rendimentos, acentuando as
desigualdades regionais.
Esta desigualdade, resultado das políticas de crescimento prosseguidas
nas últimas décadas, leva os pessimistas do crescimento económico a
apelidá-lo de desumano. De facto, o crescimento económico trouxe um
conjunto de progressos e melhorias, mas também se consubstanciou na
acentuação dos mais variados problemas sociais que hoje existem, com
particular destaque para o (s) problema (s) da pobreza e exclusão social e
para os problemas provenientes da degradação ambiental.
•
Crescimento Económico
O primeiro de cinco critério apresentados por Amartya Sen na obra Handbook of Development Economics para distinguir o desenvolvimento do crescimento é:
- “O desenvolvimento assenta no pressuposto de que os fatores determinantes das condições de vida e do bem-estar da população são vários e não se resumem à ideia de que uma expansão do PNB melhora, em princípio, as condições de vida da população”.
O segundo critério de Amartya Sen para distinguir o desenvolvimento do crescimento:
- “O crescimento relaciona-se com os aumentos do rendimento per capita, não tendo em conta os aspetos de distribuição do rendimento”.
Fomentar o Desenvolvimento
Sustentável: O desenvolvimento
O terceiro critério de Amartya Sen para distinguir o desenvolvimento do crescimento:
“O desenvolvimento reconhece a importância de meios de bem-estar que não têm necessariamente expressão de mercado ou um preço de referência”.
O quarto critério de Amartya Sen para distinguir o desenvolvimento do crescimento:
- “O crescimento, medido através do PNB, tem em conta o volume de meios de bem-estar à disposição das populações e avalia-os. O desenvolvimento deve ter em conta as realizações e satisfações obtidas a partir desses meios, ou seja, há uma relevância dos fins, avaliando os processos de "fazer" e de "ser“.
Fomentar o Desenvolvimento
Sustentável: O desenvolvimento
O quinto critério de Amartya Sen para distinguir o desenvolvimento do crescimento:
- “Enquanto que no crescimento, o rendimento real anual constitui uma aproximação ao bem-estar pessoal num dado período de tempo (normalmente nesse ano), no desenvolvimento há uma perspetiva mais integral da vida pessoal, que inclui interdependências ao longo do tempo e a duração da própria vida”.
Fomentar o Desenvolvimento
Sustentável: O desenvolvimento
LIVRO VERDE DA UE:
Responsabilidade Social das
Empresas (RSE)
• “A integração voluntária de preocupações
sociais e ambientais por parte das empresas
nas suas operações e na sua interação com
outras partes interessadas".
(Bruxelas, 18.7.2001 COM(2001) 366 final)
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Ações de apoio à RSE
O apoio à formação e à reconversão, por forma a garantir
que os gestores possuem as habilitações e
competências necessárias ao desenvolvimento e à
promoção da responsabilidade social das empresas;
A difusão e o intercâmbio de informação,
designadamente no que se refere às boas práticas de
responsabilidade social, definição de normas, avaliação
comparativa e acompanhamento, contabilidade,
auditoria e apresentação de relatórios;
07-11-2011 30 João Bilhim - Economia Social
Ideias para discussão
Como poderá haver crescimento ilimitado num mundo
de recursos limitados?
Que premissas deverão constar no novo modelo de
desenvolvimento?
Qual o papel das ONG na flexibilização da prestação de
bens e serviços públicos?
Finalidade da empresa maximizar o lucro ou manter-se
saudável no mercado?
07-11-2011 31 João Bilhim - Economia Social
BIBLIOGRAFIA
• Bowen, H. (1953). Social responsibilities of the businessman. New
York: Harper.
• Waring, P., & Lewer J. (2004). The impact of socially responsible
investment on Human resource management: A conceptual
framework. Journal of Business Ethics, 52(1), 99-108.
• Meadows, D. H., Meadows, D. L., Randers, J., & Behrens III, W.W.
(1972). The limits to growth. New York: Universe Books.
• União Europeia (2001). Livro Verde. Promover um quadro europeu
para a responsabilidade social das espresas
• União Europeia (2010). Livro Verde. A política de desenvolvimento
da UE ao serviço do crescimento inclusivo e do desenvolvimento
sustentável.
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