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A PRÁTICA DO FUTSAL CONTRIBUINDO PARA REDUZIR A INDISCIPLINA ESCOLAR SILVA, Jorge Ribeiro 1 Professor da SEED – PR - Educação Física RESUMO O presente artigo tem como objetivo relatar o processo de implementação na Escola, no primeiro semestre de 2009, da proposta de Intervenção Pedagógica elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED, turma 2008/2009. O programa de atividades intitulado “A prática do futsal contribuindo para reduzir a indisciplina escolar” procurou identificar os sentidos e os significados da prática do futsal na escola e com sua aplicação, apoiada em referencial teórico que discute aspectos afetos à indisciplina escolar, propô- lo como elemento minimizador do grande índice de indisciplina que marca o ambiente escolar, principalmente no ensino fundamental. Em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais, o referencial teórico utilizado caracteriza e conceitua o futsal e a questão da disciplina/indisciplina. O programa de atividades desenvolvido proporcionou ao educando a busca orientada de conhecimentos no sentido de melhorar a compreensão sobre a vida individual e social realizando ações como cidadão consciente compreendendo que, evitando a indisciplina escolar, poderá evitar ou minimizar a violência que, quase sempre, é conseqüente. Pôde-se confirmar que a educação pelo esporte apresenta potencialidades como eficiente caminho para estimular a consciência sociocultural do indivíduo, resgatar valores e estimular ações que contribuem para a coletividade. “Palavras-chave”: Disciplina. Indisciplina. Esporte. Futsal. 1 Agradecimentos: - A Deus por ter me dado a oportunidade de aprender, ensinar e ampliar meus conhecimentos. - À Família e aos amigos, pelo incentivo e apoio nos momentos difíceis. - Aos Coordenadores, Professores e Funcionários do PDE/UEM pela dedicação e carinho durante o Curso. - Ao Orientador Prof. Dr. Dourivaldo Teixeira, pelas orientações precisas e de qualidade, ampliando assim, meus conhecimentos científicos na área da Educação Física.

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A PRÁTICA DO FUTSAL CONTRIBUINDO PARA REDUZIR A INDISCIPLINA ESCOLAR

SILVA, Jorge Ribeiro1 Professor da SEED – PR - Educação Física

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo relatar o processo de implementação na Escola, no primeiro semestre de 2009, da proposta de Intervenção Pedagógica elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED, turma 2008/2009. O programa de atividades intitulado “A prática do futsal contribuindo para reduzir a indisciplina escolar” procurou identificar os sentidos e os significados da prática do futsal na escola e com sua aplicação, apoiada em referencial teórico que discute aspectos afetos à indisciplina escolar, propô-lo como elemento minimizador do grande índice de indisciplina que marca o ambiente escolar, principalmente no ensino fundamental. Em consonância com as Diretrizes Curriculares Estaduais, o referencial teórico utilizado caracteriza e conceitua o futsal e a questão da disciplina/indisciplina. O programa de atividades desenvolvido proporcionou ao educando a busca orientada de conhecimentos no sentido de melhorar a compreensão sobre a vida individual e social realizando ações como cidadão consciente compreendendo que, evitando a indisciplina escolar, poderá evitar ou minimizar a violência que, quase sempre, é conseqüente. Pôde-se confirmar que a educação pelo esporte apresenta potencialidades como eficiente caminho para estimular a consciência sociocultural do indivíduo, resgatar valores e estimular ações que contribuem para a coletividade.

“Palavras-chave”: Disciplina. Indisciplina. Esporte. Futsal.

1 Agradecimentos:- A Deus por ter me dado a oportunidade de aprender, ensinar e ampliar meus conhecimentos.- À Família e aos amigos, pelo incentivo e apoio nos momentos difíceis.- Aos Coordenadores, Professores e Funcionários do PDE/UEM pela dedicação e carinho durante o Curso.- Ao Orientador Prof. Dr. Dourivaldo Teixeira, pelas orientações precisas e de qualidade, ampliando assim, meus conhecimentos científicos na área da Educação Física.

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RESUMEN

El presente artículo tiene como objetivo relatar el proceso de implementación en la escuela, en el primer semestre de 2009, de la propuesta de Intervención Pedagógica elaborada durante el Programa de Desarrollo Educacional – PDE/SEED, pandilla 2008/2009. El programa de actividades intitulado “La práctica del futsal contribuyendo para reducir la indisciplina escolar” intentó identificar los sentidos y los significados de la práctica del futsal en la escuela y, con su aplicación apoyada en el referencial teórico que discute aspectos referentes a la indisciplina escolar, proponerlo como elemento minimizador del gran índice de indisciplina que marca el ambiente escolar, principalmente en la enseñanza fundamental. En consonancia con las Directrices Curriculares Estaduales, el referencial teórico utilizado caracteriza y conceptua el futsal y la cuestión de la disciplina/indisciplina. El programa de actividades desarrollado proporcionó al educando la búsqueda orientada de conocimientos en el sentido de mejorar la comprensión sobre la vida individual y social realizando acciones como ciudadano consciente comprendiendo que, evitando la indisciplina escolar, podrá evitar o minimizar la violencia que, casi siempre, es consecuente. Se pudo confirmar que la educación por el deporte presenta potencialidades como eficiente camino para estimular la consciencia sociocultural del individuo, resgatar valores y estimular acciones que contribuyen para la colectividad.

“Palabras -llave”: Disciplina. Indisciplina. Deporte. Futsal

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo relatar como ocorreu a implementação na

Escola, no primeiro semestre de 2009, da proposta de Intervenção Pedagógica

elaborada durante o Programa de Desenvolvimento Educacional –

PDE/SEED2, turma 2008/2009, intitulada “A prática do futsal contribuindo para

reduzir a indisciplina escolar”.

Há, em nossos dias, muitas discussões sobre fatos, atitudes e comportamentos

de alunos, professores e comunidade no interior das escolas remetendo à

relação dos temas disciplina/indisciplina e o rendimento escolar do educando.

Autores como Aquino (1996), Vergés; Sana (2004), Vasconcellos (2004), La

Taille; Pedro-Silva; Justo (2005), entre outros, vem dedicando estudos ora mais

amplos ora mais específico no sentido de trazer esclarecimentos para a

temática, mas isso não diminui o pânico que, normalmente, é colocado à 2 Secretaria de Estado da Educação do Paraná.

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comunidade escolar e a sociedade em geral devido a massiva divulgação pelos

meios de comunicação.

Tendo como base este referencial teórico sobre o tema disciplina/indisciplina e

contemplando elementos da especificidade da modalidade de futsal como um

conteúdo estruturante da Educação Física3 propusemos um programa de

atividades almejando unir o útil ao agradável. A modalidade de futsal é uma

das mais aceitas e requisitadas tanto por meninos quanto por meninas no meio

escolar. Deste modo entendemos que praticando uma atividade prazerosa

como futsal, bem orientada pelo professor de Educação Física, os alunos

poderão com suas ações, atitudes, comportamentos diminuir o índice de

indisciplina escolar.

Procurando contribuir com a formação integral do sujeito/educando o programa

de atividades, em síntese, parte do entendimento de que estando este sujeito

envolvido com atividades teóricas e práticas do futsal, orientado por um

professor de Educação Física, poderá usar os conhecimentos auferidos na

escola para sua formação geral como cidadão, desenvolvendo hábitos

saudáveis, contribuindo com harmonia no interior do ambiente escolar,

evitando assim, a ociosidade que poderá conduzir às drogas e potencialmente

à violência.

O programa de atividades foi desenvolvido no período de 15 abril a 13 de junho

de 2009 tendo como objetivo geral contribuir com a melhoria das relações

interpessoais no ambiente escolar e, marcadamente, diminuir o índice de

indisciplina dos alunos. A estrutura organizacional do programa será

apresentada mais especificamente no item 2.4 deste artigo.

3 Conforme as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica da SEED-PR.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1- Disciplina e Indisciplina Escolar

Para a abordagem de um tema carregado de complexidade torna-se

necessário de início um retorno a pensamentos, conceitos e definições já a

muito colocados, mas que ainda podem contribuir de forma importante com os

objetivos aqui estabelecidos, neste sentido, citamos o filosofo Kant (apud

AQUINO, 1996, p.10), quando este diz que “a disciplina é condição necessária

para arrancar o homem de sua condição natural selvagem”, educar o homem

para ser homem sem redimir de sua condição animal. Aquino (1996), também,

identifica em Piaget a aposta na “autodisciplina não imposta de fora, mas

inspirada pela busca pessoal de equilíbrio” (p.11). Na perspectiva de Aquino o

tema disciplina/indisciplina é tratado pelas dimensões da moralidade e da

vergonha.

Podemos abstrair que nesta perspectiva a tese central é a de que a indisciplina

na escola é, entre outros fatores, decorrência do enfraquecimento do vínculo

entre moralidade e sentimento de vergonha. Neste contexto, do entendimento,

da conscientização e do autogoverno poderia nascer uma estabilidade

disciplinar mais consciente, equilibrada e trazendo maior segurança

proporcionaria, paradoxalmente, maior liberdade na vida em sociedade.Valorizando a história deste fenômeno pensamos ser interessante mostrar as

conclusões feitas por Aquino (1996) sobre as “recomendações disciplinares”

propostas por Braune no início do Século Passado (1922). Aquino percebe que

as normas e correções, detalhadas e rígidas, compreendendo ações,

movimentos e comportamentos dentro e fora da sala de aula podem ser

sintetizadas como

[...] necessárias principalmente no que tange ao controle e ordenação do corpo e da fala. O silêncio nas aulas é absoluto e, fora delas, contido. Os movimentos corporais, por sua vez, são completamente esquadrinhados: sentados em sala, e em filas fora dela (AQUINO, 1996, p. 43).

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Podemos ver que o controle do corpo e da fala era importante, assim o silêncio

nas salas deveria ser mantido a todo custo e no pátio e corredores,

evidenciado. Com uma ordem que demandava ficar sentado em sala de aula e

em filas e colunas fora dela, a disciplina era mantida sob castigos e ameaças,

portanto com o sacrifício do corpo. Este quadro caracteriza, segundo Aquino

(1996), uma reação anacrônica estabelecida entre um “novo sujeito histórico” e

a escola como “velhas formas institucionais cristalizadas” (p. 45), denotando a

tentativa de rompimento potencializando uma transição institucional.

Avançando um pouco mais podemos ver que na época da ditadura militar no

poder, a disciplina foi bem rígida, qualquer ato indisciplinar era castigado com

sansões disciplinares também muito rígidas. O setor educacional, como não

poderia deixar de ser, na época seguiu a mesma filosofia dos militares.

Mas como já vencemos estes tempos podemos dizer que, na

contemporaneidade, cabe à escola propiciar aos alunos o sentido das coisas e

dos valores, o aluno deverá pensar criticamente, para poder produzir com mais

desenvoltura e ser mais útil à sociedade. Para isso o professor tem que

dominar os conteúdos que ministra para poder ter autonomia e domínio de

classe, contribuindo com a minimização da indisciplina em sala de aula.

Em nossa experiência como docente podemos sentir, assim como Vergés;

Sana (2004), que a indisciplina tem dificultado o processo de ensino-

aprendizagem e colocado os professores em situações difíceis. Para Aquino

(1996, p. 40) não é o fato do fenômeno da indisciplina causar grande impacto

que o torna relevante teoricamente, pelo contrário, para este estudioso o

número de obras contemplando está problemática é ainda pequeno. Este fato

contribui para dificultar ainda mais a abordagem do tema.

A obscuridade que ainda marca este tema permite que façamos uso de nossa

experiência docente na afirmação de que o problema da indisciplina está na

escola em geral, não importando o nível socioeconômico da população

envolvida. Neste sentido, se faz necessário, uma parceria entre a escola e

família para se tentar amenizar a situação. Para isso, devemos considerar que

as regras estabelecidas em casa não podem oscilar, tem que haver uma

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constância, para que a criança se organize na escola, caso contrário a mesma

fica perdida no ambiente escolar, propiciando assim atitudes de indisciplina.

Neste sentido Lobo (1997, p. 73) coloca que “sem limites claros, firmes a

criança fica insegura, tanto física quanto emocionalmente, sentindo-se

desamparada e até abandonada”. Estes aspectos do mau encaminhamento

das questões que envolvem a indisciplina do educando, marcadamente uma

dinâmica familiar inadequada, prejudica o bom desenvolvimento da criança.

Em decorrência ou não da má organização e estabelecimento de regras de

relacionamentos e comportamentos mais bem definidas e consolidadas advêm,

no limite da tolerância, o problema das ameaças e agressões físicas utilizadas

pelos pais. Com relação a este tema vale citar que, segundo Piaget citado em

De Vries (1998 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 65), “a coerção socializa

apenas superficialmente o comportamento e, na verdade, reforça a tendência

da criança para depender do controle dos outros”.

A importância das rotinas e dos limites é fundamental para o desenvolvimento

das crianças. Lobo (1997 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 65), nos adverte que

“os limites são de importância fundamental na educação, porque eles influem

diretamente no desenvolvimento da personalidade, estabelecendo o

comportamento das crianças e facilitando sua socialização”. Neste sentido, De

La Taille (1996 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 65), indica que “as crianças

precisam adquirir regras que impliquem valores e formas de conduta e estas

somente podem vir de seus educadores, pais ou professores”.

Em relação às punições usadas pelos pais para educar seus filhos, muitos pais

alegam que apanharam quando crianças e não se prejudicaram por isso. Ledo

engano, pois, considerando Lobo (1997 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 68), as

“crianças que levam palmadas sentem-se desamparadas, humilhadas,

submetidas à forca. Mas quando crescem, geralmente esquecem e, por sua

vez, vão bater nos seus filhos”. Infelizmente nos dias de hoje, os pais estão

com muita dificuldade para impor limites aos seus filhos, muitas vezes para

compensar a educação rígida que tiveram quando crianças. Com isso, houve

uma abertura muito grande, digamos, dois extremos, de um lado a educação

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tradicional, rotulada como rígida e de outro lado a educação considerada

moderna, com muitos paparicos e presentes.

Com a experiência de vários anos de magistério, notamos que com esse

procedimento, as crianças perderam o senso da disciplina e do respeito, pois

as mesmas acham que podem tudo, inclusive desrespeitar os próprios pais e

os professores e acharem que isso é uma atitude normal, o que infelizmente já

está considerado um ato comum em nosso meio. Diante desse quadro, ficou

muito difícil para os pais, escola e professores terem um controle da

indisciplina.

Visto a complexidade do tema buscamos, em Ferreira (1986, p. 938), o sentido

literal do termo na tentativa de maior esclarecimento. Este autor define

indisciplina como o “procedimento, ato ou dito contrário à disciplina;

desobediência; desordem; rebelião”. Com base em Ferreira, podemos afirmar

que o aluno que comete um ato de indisciplina está sendo um aluno

desobediente, desordeiro e rebelde, perante as normas estabelecidas. Sendo

assim, esse aluno indisciplinado necessita ser punido, conforme o Regimento

Interno da Escola, corrigindo assim, sua transgressão disciplinar, para que com

isso a escola mantenha o controle da disciplina.

Mas isso não é tão objetivo ou simples assim, é o que nos mostra Rego (1996)

ao afirmar que

O próprio conceito de indisciplina, como toda criação cultural não é estático, uniforme, nem tampouco universal. Ele se relaciona com o conjunto de valores e expectativas que variam ao longo da história, entre as diferentes culturas, numa mesma sociedade nas diversas classes sociais, nas diferentes instituições e até mesmo dentro de uma mesma camada social ou organismo. Também no plano individual, a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito e do contexto em que forem aplicadas (REGO, 1996 apud VERGÉS; SANA, 2004, p. 26-27).

Podemos afirmar a partir de nossas vivências e respaldados em nossos

estudos que a indisciplina se constitui um entrave na educação atual. Nossos

estudos mostram a complexidade do tema e nossa experiência de vida como

estudante e posteriormente como professor, faz detectar problemas sérios no

tocante a indisciplina escolar. Antes os alunos tinham muito respeito para com

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o professor e para com os outros, haja vista que quando chegava alguém na

sala de aula, todos os alunos ficavam em pé, em sinal de respeito para com o

visitante. Hoje se o professor não se cuidar, ele poderá ser empurrado ou até

mesmo pisoteado pelos alunos em sala de aula, isso é o reflexo da inversão de

valores, tirando totalmente a autoridade do professor e dando mais abertura

para os alunos, e com isso eles não têm limites. Sendo assim, o problema

indisciplinar fica bem acentuado.

Segundo o filósofo e sociólogo chileno, Casassus (2008 apud RATIEK 2008,

p.30) “Para vencer a indisciplina é preciso examinar quais emoções das

crianças a escola ainda não compreendeu”. Quando os estudantes se sentem

aceitos na forma que são tendem a relaxar propiciando assim melhor

aprendizado. O professor tem que propiciar atividades motivantes para diminuir

a indisciplina, por sua vez, a escola tem que procurar entender as emoções da

criança.

O problema da indisciplina já vem se arrastando por muito tempo no interior

das escolas. Segundo Aquino (1996, p.67) “estamos em outro tempo e

precisamos estabelecer outras relações”. É importante considerar o aluno em

relação ao seu meio e momento histórico em que vive.

O professor consegue se impor perante a classe, a partir do momento que ele

domina os conteúdos a serem ministrados e aplica estratégias eficientes para

ensiná-los. Criticando o momento atual de nossa educação Vichessi traz o

psicólogo austríaco, Alfred Adler (apud VICHESSI 2009, p.79) que no início do

Século XX já dizia que “a Educação só se reduz ao ato de o aluno transcrever

o que está no caderno do professor sem que nada passe pela cabeça de

ambos” apontando a importância de maior teor crítico no processo educativo.

Desconsiderando a participação do aluno como protagonista em sua formação

o resultado é o tédio, e a pessoa desanimada, sai à procura de algo mais

interessante para fazer. A escola é o local do conhecimento, porém se faz

necessário deixar espaço para a ação mental dos alunos. Havendo um

envolvimento institucional (escola), com certeza o ambiente tornar-se-á mais

prazeroso, reduzindo satisfatoriamente a indisciplina.

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Para a educadora da Faculdade de Educação da Unicamp, Aragão (2009 apud

VICHESSI 2009, p.79), “As crianças não enxergam a utilidade de um regimento

ou dos famosos combinados que não se sustentam. Elas não sentem a

necessidade de respeitá-los e acabam até se voltando contra essas normas”.

Realmente é difícil de administrar normas pré-estabelecidas e convenções

(combinados/contratos), pois as convenções variam de escola para escola e

até mesmo no interior das mesmas. O ideal, é que se predomine o diálogo sem

dar trégua à mentira, pois com a mentira o professor perde a autoridade e o

aluno perde a confiança do professor, dificultando assim o bom andamento da

aula. É necessário que o professor explique aos alunos o motivo, a importância

e o respeito às regras pré-estabelecidas, proporcionando um ambiente de

disciplina.

Em relação aos conflitos, eles jamais vão deixar de existir, principalmente no

meio escolar. Saber administrá-los fará com que você consiga um ambiente

mais satisfatório para trabalhar melhor. Explicar esse tema às crianças é tarefa

do professor.

Conforme afirma a psicóloga do Departamento de Psicologia da Unicamp

(TOGNETTA apud VICHESSI 2009, p.80) “Esperar que os pequenos, de modo

espontâneo, saibam se portar perante os colegas e os educadores é um

engano. É abrir mão de um dever docente”. A expectativa de que a formação

moral deva ser prioritariamente feita pela família não pode tirar o compromisso

da escola nesta questão. Nesta linha de entendimento a educadora Áurea de

Oliveira (apud VICHESSI 2009, p.80), do Departamento de Educação da

UNESP, coloca que ”Não se trata de destituí-la dessa tarefa, mas é preciso

enxergar o espaço escolar como propício para a vivência de relações

interpessoais”. É considerando esta potencialidade do espaço escolar que

nossa proposta de um programa de atividades a partir da modalidade futsal,

que possui como característica principal a quase totalidade de aceitação por

alunos e alunas das 5ªs e 6ªs séries do ensino fundamental, poderá trazer os

resultados esperados quanto à minimização da indisciplina escolar.

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Indisciplina como resolver?

Como equilibrar de maneira justa a reação dos envolvidos, alunos, professores

e comunidade interna da escola, diante de um problema disciplinar. Um

encaminhamento possível é o sugerido pela educadora da Universidade de

Franca (UNIFRAN) Vicentin (2009 apud MOÇO, 2009, p. 85)

O ideal é respirar, tentar se controlar e reconhecer que o embate pertence aos envolvidos. No caso de uma discussão mais quente entre a garotada, o caminho é relatar o que você viu com linguagem descritiva e ouvir as partes. Peça que todos contem como se sentiram e por que discutiram. Isso demonstra respeito pelos valores de cada um.

Para não cair num autoritarismo arcaico o professor deve conquistar autoridade

com o saber e o respeito ao aluno, ele (professor) deve ter conhecimentos

sobre a aprendizagem (como ela acontece), planejando suas aulas, além de ter

domínio sobre os conteúdos a serem ministrados. Afirma a educadora da

Universidade do Oeste de Santa Catarina, campus de Joaçaba Trevisol (2009

apud MOÇO, 2009, p.86) que “É preciso diversificar a metodologia, pois

interagimos com alunos conectados com ao mundo por diferentes redes e

ferramentas”. A participação se faz necessário com mais ênfase de todos em

situações desafiadoras, visando obter a participação efetiva, protagonista por

parte de cada aluno.

Uma das causas da indisciplina é a falta de perspectivas de um futuro

promissor. Aqui precisamos quebrar a lógica historicamente construída de que

o conhecimento serve para sermos “alguém na vida” e caminharmos no sentido

colocado por Vasconcellos (2004) quando aponta para um “sentido novo” para

a busca do conhecimento. O autor traz a necessidade de entendermos de

forma mais ampla a busca do conhecimento, pois este deve ser buscado para

“ajudar a necessária transformação estrutural da sociedade; os alunos, desde

cedo, precisam ser orientados nesta direção”. Neste sentido, questiona

colocando que

Muitos professores dizem, com razão, que os alunos não sabem o que estão fazendo ali. Ótimo, contatarem um fato e daí? Não caberia a eles tentarem ajudar o aluno a encontra um sentido par o estudo?

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Precisamos ter coragem e assumir este sentido radical da escola e do conhecimento: a transformação! (VASCONCELLOS, 2004, p. 72).

Considerando este autor, podemos colocar, não como solução, mas, como um

apoio, o sentido de articulação entre o tripé: compreensão de nosso mundo,

fruição do que foi historicamente construído pela humanidade, e,

necessariamente, a transformação deste mundo.

Neste sentido, apesar dos alunos terem, a cada dia, mais obscurecidas suas

aspirações e objetivos escolares devemos manter, com base em Vasconcellos

uma visão mais realista quanto às potencialidades da escola junto ao educando

e educador. Diz este autor

A verdade, porém, está no fato de que a ação educacional, a relação professor-aluno, é algo construído e reconstruído continuamente, da mesma forma que todas as outras relações sociais, a relação pedagógica não é algo que existe fora da vontade humana. São os homens metamorfoseados de professor e de alunos que a recriam a todo minuto sob o peso milenar da tradição herdada, subvertida pela ânsia sempre presente de avançar e de transformar (VASCONCELLOS, 2004, p. 35).

Nossa proposta, focando o futsal em relação à problemática da educação não

vê uma solução cabal do problema da indisciplina escolar, mas tentará formar

na frente de batalha na tentativa de amenizar esta realidade que, como já

mostramos, encontra-se impactante.

2.2. A Educação Física

As primeiras práticas corporais surgiram na Europa. A ginástica veio para o

desenvolvimento da saúde e a formação moral dos cidadãos, baseando-se nos

conhecimentos médicos e na instrução física militar. O objetivo dessa prática

corporal era aplicar exercícios com o intuito de aprimorar as capacidades e

habilidades como a força, a destreza, a agilidade e a resistência, além de

almejar a formação do caráter, da autodisciplina, de hábitos higiênicos, do

respeito à hierarquia e do sentimento patriótico.

Uma nova ordem econômica, política e social se deu, devido a medicina.

Sendo assim, havia a necessidade de um novo homem, para enfrentar a

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realidade posta no momento. Novas políticas educacionais surgiram com a

proclamação da República.

Podemos nos reportar desse fato, com a explanação de Machado (2000)

afirmando que

O século XIX foi o século que difundiu a instrução pública e Rui Barbosa foi influenciado pelas discussões de sua época. Tanto que, empenhado num projeto de modernização do país, interessou-se pela criação de um sistema nacional de ensino – gratuito, obrigatório e laico, desde o jardim de infância até a universidade. Para elaboração do seu projeto buscou inspiração em países onde a escola pública estava sendo difundida, procurando demonstrar os benefícios alcançados com a sua criação. Para fundamentar sua análise recorreu às estatísticas escolares, livros, métodos, mostrando que a educação, nesses países, revelava-se alavanca de desenvolvimento. Suas ideias acerca desta questão estão claramente redigidas nos seus famosos pareceres sobre educação (MACHADO, 2000 apud DCEs – SEED, 2009, p. 38).

Como apresenta as DCEs (SEED-PR, 2009, p. 39), Rui Barbosa em 1822,

“emitiu o parecer nº 224, sobre a Reforma Leôncio de Carvalho, decreto nº

7.247, de 19 de abril de 1879, de Instrução Pública”.

A partir de 1929, a disciplina de Educação Física tornou-se obrigatória nas

instituições de ensino para crianças a partir de 6 anos de idade e para ambos

os sexos, por meio de um anteprojeto publicado pelo então Ministro da Guerra,

General Nestor Sezefredo Passos .

Conforme Leandro (2000)

Propõe também a criação do Conselho Superior de Educação Física com o objetivo de centralizar, coordenar e fiscalizar as atividades referentes ao Desporto e à Educação Física no país e também a elaboração do Método Nacional de Educação Física (LEANDRO, 2002 Apud DCEs – SEED, 2009. p. 39).

Diante disso, o regime militar, aproveitou o momento favorável da história para

introduzir seus métodos no ensino de Educação Física nas escolas brasileiras.

Também nessa época surgiram: a criação do “Regulamento da Instrução Física

Militar” (Método Francês), em 1921; a obrigatoriedade da prática da ginástica

nas instituições de ensino, em 1929; a adoção oficial do método Frânces, em

1931, no ensino secundário; a criação da Escola de Educação Física do

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Exército, em 1933, a criação da Escola Nacional de Educação Física e

Desportos da Universidade do Brasil, em 1939.

Nesse período, a legitimidade da Educação Física nas escolas brasileiras se

deu com o método ginástico francês que estava fortemente amparado nos

conhecimentos da anatomia e da fisiologia, com forte influência do positivismo,

ou seja, um conhecimento científico considerado superior a outras formas de

conhecimento, com o objetivo de um projeto de modernização do país.

No período pós ditadura militar, as bases de sustentação da Educação Física

nas escolas se enfraqueceram sobremaneira. No meio pedagógico a Educação

Física assim como outras disciplinas impostas pelo regime militar como a

Organização Social e Política Brasileira e Estudos de Problemas Brasileiros

eram vistas com desconfiança, ou seja, como ranços da ditadura militar.

Posteriormente, com o destino da educação já nas mãos dos educadores (?), a

Educação Física passou a ser questionada nos currículos escolares. No início

da década de 80, os professores de Educação Física tinham que lutar pela

legitimidade da disciplina, pois a sua legalidade estava ameaçada. Após um

período muita turbulência, a nova Lei de Diretrizes e Bases (1988 – 1996).

Conforme Caparróz (2001), a Educação Física foi definida na LDB como

componente curricular obrigatório.

Baseado em Caparróz (2001), verificamos algumas razões para que a

Educação Física fosse inserida no currículo escolar. A correlação com a

Medicina, enfocando o movimento como fator primordial para promover e

manter a saúde, contrariando assim, o entendimento anterior dominante de que

o movimento provocaria desgaste. Essa fundamentação esta amparada no

discurso médico do século XVIII, que enfatiza a influência da instituição médica

no surgimento da Educação Física na Europa e particularmente na Alemanha.

A Educação Física vai sendo considerada importante instrumento da promoção

da saúde do povo. Mediante o exposto, surgem alguns movimentos que vieram

ajudar a Educação Física, como, por exemplo, a famosa polícia médica, as

campanhas sanitárias, o movimento higienista e a Educação Física, ou seja, a

educação corporal com vistas à saúde também no ambiente escolar.

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A educação do corpo que inicialmente era através da ginástica, com o tempo

incorporando o esporte. A Educação Física também era uma forma de garantir

a produtividade no trabalho, sendo administrada como uma preparação para o

trabalho.

Na década de 60, houve a campanha do Esporte para Todos, com o objetivo

de diminuir os custos com a saúde da população. O Esporte para todos não

tinha exigência técnica e sim objetiva à massificação da população.

O esporte por sua vez, devido a legitimidade social e a importância política que

alcançou, tornou-se sustentador da importância da Educação Física

Enfatiza Tenroller (2006) Educação Física é uma prática pedagógica

sistematizada que abrange um amplo complexo processo de ações. Ela poderá

ser educacional ou não. No meio escolar ela poderá enfatizar, por exemplo, o

esporte como o futebol, o futsal, o handebol, o basquetebol, o voleibol, o judô,

etc... No meio extra-escolar seus objetivos são a profilaxia (prevenção de

doenças), competitiva, ocupação de tempo livre, lazer, etc...Em toda ação da

Educação Física é necessário a pedagogia, tanto no meio escolar como no

meio extra escolar. Por exemplo, planejamento de um treino, certamente

necessita de uma pedagogia, ou seja, uma previsão de objetivos bem

elaborados para serem atingidos.

Afirma Hurtado (1987 Apud TENROLLER, 2006, p. 30) que a educação física,

(...) quaisquer que sejam suas funções, corresponde a uma atividade muscular controlada, regida por normas, pricípios, métodos e objetivos bem definidos que vão desde o movimento morfofuncional do organismo infanto-juvenil até a manutenção do equilíbrio homeostático do indivíduo adulto e a readaptação orgânico-funcional do indivíduo doente ou deficiente físico. (...) serve de maneira decisiva e vital para a educação do indivíduo.

A Educação Física no ensino fundamental

As Diretrizes Curriculares Estaduais de Educação Física apontam para os

Conteúdos Estruturantes que organizam os campos de estudos da disciplina.

Os Conteúdos Estruturantes respeitam o histórico de conhecimento que cada

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aluno traz consigo de sua própria cultura, fundamental para o processo ensino/

aprendizagem.

A Educação Física e seu objeto de ensino/estudo, a Cultura Corporal, podem

enriquecer os conteúdos com experiências corporais diversas, priorizando a

cultura de cada comunidade.

Os Conteúdos Estruturantes propostos para a Educação Física na Educação

Básica são: Esporte; Jogos e brincadeiras; Ginástica; Lutas e Dança. Os

conteúdos básicos para o ensino fundamental que a equipe disciplinar do

Departamento de Educação Básica (DEB) elencou a partir de discussões com

todos os professores do Estado do Paraná nos eventos de formação

continuada ocorridos ao longo de 2007 e 2008 (DEB Itinerante). O acesso a

esses conhecimentos é direito do aluno na fase de escolarização e é

responsabilidade do professor ministrá-los. Os conteúdos básicos deverão

constar no Plano de Trabalho Docente do professor, que por sua vez, é o lugar

da criação pedagógica do professor, onde os conteúdos receberão abordagens

contextualizadas históricas, social e politicamente, enfocando para os alunos

as suas realidades regionais, culturais e econômicas, contribuindo com a sua

formação cidadã. O plano de trabalho docente é o currículo em ação, sendo a

expressão singular e de autoria de cada professor, construído nas discussões

coletivas com seus pares.

Fazer uma ligação esclarecendo que vai apresentar uma adaptação da tabela

dos conteúdos básicos da 6ª serie, apresentada nas DCEs (SEED-PR, 2008, p.

85)

A seguir, apresentamos uma adaptação do quadro dos conteúdos básicos da

6ª série, apresentada pelas DCEs – SEED-PR (p. 85), dando ênfase ao

conteúdo Esporte, em virtude deste estudo versar sobre a prática do futsal.

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Quadro 1 – Conteúdos básicos da 6ª série Conteúdos

estruturantesConteúdos

básicosAbordagem Teórico-

metodológicaAvaliação

EsporteColetivos

Individuais

Estudar a origem dos diferentes esportes e mudanças ocorridas com os mesmos, no decorrer da história.Aprender as regras e os elementos básicos do esporte.Vivência dos fundamentos das diversas modalidades esportivas.Compreender, por meio de discussões que provoquem a reflexão, o sentido da competição esportiva.

Espera-se que o aluno possa conhecer a difusão e diferença de cada esporte, relacionando-as com as mudanças do contexto histórico brasileiro.Reconhecer e se apropriar dos fundamentos básicos dos diferentes esportes.Conhecimento das noções básicas das regras das diferentes manifestações esportivas.

Os conteúdos apresentados são de suma importância para as aulas de

educação física, pois nos fornece um suporte didático pedagógico muito bom

para planejarmos aulas de qualidade para nossos alunos. O conteúdo esporte

nos dá uma panorâmica teórico-prática sobre várias modalidades esportivas

coletivas e individuais como, por exemplo, o futsal, ora aqui sendo pesquisado,

o handebol, o basquetebol, o voleibol, o atletismo, etc...O conteúdo jogos e

brincadeiras, nos propiciam a oportunidade de resgatarmos várias brincadeiras

e joguinhos de outras gerações, que muitas vezes levam a criança à

criatividade, como por exemplo construir seus próprios brinquedos, levando-as

à valorizá-los melhor. O conteúdo dança, propicia aos alunos o conhecimento

da dança no seu aspecto histórico e levá-lo à prática conforme a cultura local,

dando ênfase às danças folclóricas. O conteúdo ginástica, nos permite abordar

a parte histórica da ginástica, como também darmos conhecimento aos alunos

sobre vários tipos de ginástica, como, por exemplo, a gisnástica calistênica, a

ginástica geral, a ginástica rítmica e resgatando a ginástica circense. Por fim, o

conteúdo lutas, muito importante para o aluno, no sentido de levá-lo a conhecer

vários tipos de lutas, dando ênfase à capoeira, por ser da nossa cultura e o

judô, por ser um esporte olímpico, dando ênfase aos seus fundamento, não

esquecendo da parte lúdica.

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A Proposta Pedagógica Curricular apresentada a seguir tem como objetivo

principal, auxiliar os professores no momento da elaboração do planejamento e

do plano de trabalho docente.

Enfocamos a Proposta Pedagógica Curricular do Ensino Fundamental da

Secretaria de Estado da Educação (SEED-PR, 2008), que nos reporta à

metodologia histórico-crítica, apontando as seguintes estratégias de ensino:

- Prática social: é uma preparação/mobilização do aluno para a

construção do conhecimento escolar.

- Problematização: é um momento que a prática social é posta em

questão, levando em consideração o conteúdo a ser trabalhado e as exigências

sociais de aplicação deste conhecimento.

- Instrumentalização: é o caminho por meio do qual o conteúdo

sistematizado é posto a disposição dos alunos para que o assimilem e o

recriem, e ao incorporá-lo transformem-no em instrumento de construção

pessoal e profissional.

- Catarse: é a fase em que o educando sistematiza e manifesta o que

assimilou dos conteúdos e métodos de trabalho utilizados.

- Retorno à prática social: é o ponto de chegada do processo

pedagógico na perspectiva histórico-crítica, ou seja, o professor e aluno

modificam-se intelectualmente e qualitativamente em relação às suas

concepções sobre o conteúdo que construíram.

Esse movimento dessas estratégias de ensino é bem interessante, pois na

prática social, o aluno inicialmente se prepara para receber o conhecimento,

posteriormente na problematização, a prática social é posta, respeitando o

conteúdo a ser trabalhado amarrado com os costumes da comunidade, na

catarse é o momento em que o aluno assimilou o conhecimento e finalmente o

retorno à prática social é o momento culminante, onde tanto o aluno como o

professor se idealizam concomitantemente, modificando-se intelectualmente

em relação ao conteúdo construído por ambos.

Kunz (2006) considera quatro concepções básicas em que a Educação Física

vem sendo trabalhada nas escolas. A primeira é a concepção Biológica-

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Funcional, que prioriza o exercício físico, tendo como função, o

condicionamento físico dos alunos. A segunda é a concepção de Formativo-

Recreativa, visando a formação da personalidade e das habilidades motoras

gerais para melhor adaptação no meio social em que se está inserido, também

tem a função de organizar o seu tempo livre. A terceira concepção é a Técnico-

Esportiva, com a finalidade de descobrir talentos esportivos. A quarta

concepção é a Crítico-Emancipadora que busca alcançar através do

movimento humano, o desenvolvimento de competências como a autonomia, a

competência social e a competência objetiva, que significa a instrumentalização

específica da disciplina. O conteúdo pricipal do trabalho pedagógico da

Educação Física Escolar, é o movimento humano.

Caparróz (2001), cita que a escola pública está falida. O que dizer então da

Educação Física? A matéria “Renovação nas quadras” da Revista Nova

Escola, de agosto de 2000, traz alguns tópicos de aulas de Educação Física,

onde algumas atividades enfocam uma Educação Física renovada que se

insere na proposta da teoria da escola nova.

2.3. Esporte

No início do século XIX, a sociedade capitalista desenvolvia-se com a divisão

do trabalho, ou seja, esforço físico x intelecto. Dessa divisão do trabalho surge

a divisão de classes: a dirigente (elite) e a classe dos trabalhadores. Essas

classes sociais tinham uma atividade em comum, que era o esporte. Este para

cada classe social tinha significados e objetivos diferentes. Para a elite o

esporte distraia seus filhos, que só estudavam. Para os trabalhadores, o

esporte estava ligado as suas raízes culturais. A elite considerava vulgar o

esporte praticado pelos trabalhadores, impondo-lhe novas regras. Na época, as

grandes indústrias estavam crescendo bastante, diante disso começaram a

surgir as desigualdades sociais. Diante desse quadro, as revoltas, resistências

e manifestações eram freqüentes, desestabilizando a ordem vigente. A

padronização do esporte, com regras rígidas, sem restrições, contribuiu para a

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desmobilização dos trabalhadores. O esporte foi utilizado como estratégia

educativa para neutralizar as lutas sociais.

A difusão mundial da prática desportiva, porém, não foi imediata. A dimensão social alcançada pelo esporte, atualmente, contou com importantes fatores, tais como: o surgimento de novas escolas para a classe média e redução de jornada de trabalho: formação de clubes esportivos: esporte como fator de contenção da classe trabalhadora: os jogos olímpicos como expressão máxima do fenômeno esportivo (ASSIS, 2001 apud SEED-PR, 2007. p. 13).

No nosso entender, no início do século XIX, o esporte surgiu como forma de o

sistema político (o poder) vigente na época, controlar as massas, de um lado a

elite e de outro lado a classe trabalhadora, pois praticando e/ou acompanhando

o esporte, a massa evitava ou não tinha tempo para discutir outros assuntos

como os de interesse político e no caso dos trabalhadores, quase que não

tinham tempo para lutar pelas suas reivindicações trabalhistas, pois estavam

motivados e envolvidos com o esporte. Sabemos que o esporte é saudável e

propicia ao cidadão uma vida social adequada e também ajuda a projeção do

país a nível mundial, mas é necessário que nos policiemos para que o

interesse em demasia pelo esporte não torne o cidadão uma pessoa alienada

às suas ações críticas, deixando de ser consciente e livre. Tudo na vida tem o

seu valor e a sua importância, desde que seja com moderação, assim sendo o

esporte é salutar, desde que não interfira negativamente em outras atividades

do cidadão. O esporte é recomendável desde que seja monitorado e/ou

ministrado por um profissional da área, um professor de educação física e/ou

um técnico desportivo.

Futebol, ópio do povo: A ideologia das massas

“Esporte é Saúde”, “Esporte é Energia”, “Esporte é Integração Nacional”. Tudo verdade e tudo mentira. (...) Claro que o esporte ajuda a integração nacional, mas a atenção demasiada aos pés do jogador e do couro da vaca dá desintegração nacional, pois o homem se aposenta de ser consciente e livre (...)”. (NADAL, 1978 apud SEED-PR, 2007. p. 19).

Nadal, esta se referindo a que tipo de consciência? Ópio é um analgésico muito

forte e faz o cérebro funcionar lentamente, contaminando a consciência crítica

do homem.

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Karl Marx (1818 – 1883), importante pensador da história da humanidade,

conceitua ideologia a partir da luta de classes.

Segundo MARX:

Com efeito, cada nova classe que toma o lugar da que dominava antes dela é obrigada, para alcançar os fins a que se propõe, a apresentar seus interesses como sendo o interesse comum de todos os membros da sociedade, isto é, para expressar isso mesmo em termos ideais: é obrigada a emprestar às suas idéias a forma de universalidade, a apresentá-las como sendo as únicas racionais, as únicas universalmente válidas. (MARX, 1987 apud SEED-PR, 2007, p.20).

Assim, os dominantes apresentam suas idéias como leis, perseguindo quem as

infringir. A ditadura militar vivida pelo Brasil, é um exemplo disso. Na década de

70 para neutralizar a oposição ao regime, o governo faz uso de vários

instrumentos de coerção. Para amenizar as crises que o governo vinha

enfrentando, o presidente Médici (1969 – 1974) lançou mão do futebol para

neutralizar a população diante da crise econômica, dando total apoio à Seleção

Brasileira de Futebol de 1970, inclusive indo pessoalmente aos estádios para

assistir jogos da seleção, que por sua vez foi tri campeã mundial. O povo ao

invés de ir para as ruas fazer manifestações pelos seus direitos trabalhistas,

ficava em casa torcendo pela seleção brasileira numa “corrente pra frente”,

como diz a música de Miguel Gustavo, “Pra frente Brasil”.

A seguir citarei dois conceitos de esporte, baseado em dois autores. Godoy

(1992), cita o Prof. MANOEL JOSÉ GOMES TUBINO, indica:

“O Esporte no Brasil, para efeito de legislação, deve ser considerado como atividade predominantemente física que enfatiza o caráter formativo-educacional, participativo e competitivo, seja obedecendo à regras pré-estabelecidas ou respeitando normas, respectivamente em condições formais ou não formais.E que para efeito de entendimento e em função da indicação acima, deva ser entendido na abrangência das seguintes manifestações: esporte-educação, esporte-participação, esporte-performance: devendo ser concebidas como forma de exercício do direito de todos a prática esportiva.” (UMA NOVA POLÍTICA PARA O DESPORTO BRASILEIRO”, 1985, p. 18)

Segundo Tenroller (2006), a partir da “Carta Internacional de Educação Física e

Desportos”, de 1979, o conceito de esporte torna-se muito mais amplo,

caracterizando também atividades como o xadrez, o bilhar e outros jogos de

salão, entendidas como esportes intelectivos. Existem muitas classificações de

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esporte, entre as quais se podem citar esportes olímpicos, esportes de

tradição não olímpica, artes marciais, esportes de aventura ou desafio,

esportes de relação com a natureza, esportes de identidade cultural e esportes

de expressão corporal.

Na Constituição do Brasil de 1988, no artigo 217, está expresso que esporte é

prioridade educacional, um “direito de todos”, esporte é saúde, educação e

vida: esporte é confraternização entre os povos: esporte suspende guerras:

esporte une culturas e povos.

Segundo Gutmann (1979 apud BRACHT, 2005, p.14), o esporte assumiu suas

características básicas: competição, rendimento físico-técnico, record,

racionalização e cientificização do treinamento.

Autores como Eichberg (1979 apud BRACHT, 2005, p.14) e Rigauer (1969

apud BRACHT, 2005, p.14) entendem que alguns princípios que passaram a

reger a sociedade capitalista industrial acabaram sendo incorporados pelo

esporte.

Conforme Bracht (2005), no Brasil, a Comissão de Reformulação do Esporte

Brasileiro, instituída pelo presidente José Sarney, em 1985, sugeriu, e foi sendo

amplamente aceita inclusive incorporada pela Constituição Federal de 1988,

diferenciar o conceito de esporte em três manifestações: a) desporto-

performance, b) desporto-participação e c) desporto-educação.

O esporte ramificou-se em duas vertentes: a) esporte de alto rendimento ou

espetáculo; esporte enquanto atividade de laser. Utilizaremos a expressão

“esporte espetáculo”, complementando a expressão “alto rendimento” porque

entendemos que esta abriga a característica central dessa manifestação hoje,

que é a transformação do esporte em mercadoria veiculada pelos meios de

comunicação de massa, como é o caso da Rede Globo de Televisão.

Conforme Digel (1986 apud BRACHT, 2005, p.17), o esporte de rendimento ou

espetáculo constitui hoje um sistema que pode ser resumido nos seguintes

pontos:

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- Possui um aparato para a procura de talentos normalmente financiados pelo Estado. Além disso, este aparato promove o desenvolvimento tecnológico, com o desenvolvimento de aparelhos para a utilização ótima do “material humano”; - Possui um pequeno número de atletas que tem o esporte como principal ocupação; - possui uma massa consumidora que financia parte do esporte-espetáculo; - os meios de comunicação de massa são coorganizadores do esporte-espetáculo; - possui um sistema de gratificação que varia em função do sistema político-societal (que faz parte de uma sociedade)

Diante dessa realidade surgem os clubes esportivos e as empresas esportivas,

transformando o esporte em mercadoria com fins lucrativos, sendo assim, uma

prática do sistema capitalista.

Por outro lado o esporte mesmo, enquanto atividade de laser, com motivos

ligados à saúde, ao prazer e à sociabilidade poderá também ter um cunho

capitalista, quando terceirizadas por clubes e escolinhas de futebol, futsal e

outras modalidades.

É necessário a proposição do esporte educacional visando a integração social,

respeitando as seguintes fases: planejamento, desenvolvimento e evolução das

atividades: a motricidade, oferecendo a possibilidade de uma aprendizagem

motora contextualizada que garanta condições de análise crítica-reflexiva sem

nenhum tipo de discriminação, pois como diz Freitas (1994 apud TEIXEIRA,

2001, p.88) “a união de dois indivíduos e a associação de suas forças

aumentam o seu poder e, por conseguinte, o seu direito. E quanto mais

indivíduos formem a aliança, mais todos em conjunto terão direitos”.

Para a professora Vera Lúcia Menezes Costa, citado em (TUBINO, 1992 apud

TEIXEIRA, 2001, p.88-89),

O Desporto Educacional é responsabilidade pública assegurada pelo Estado, dentro ou fora da escola, tem como finalidade democratizar e gerar cultura através de modalidades motrizes de expressão de personalidade do indivíduo em ação, desenvolvendo este indivíduo uma estrutura de relações sociais recíprocas e com a natureza, a sua formação corporal e as próprias potencialidades, preparando-o para o lazer e o exercício crítico da cidadania, evitando a seletividade, segregação social e hiper-competitividade, com vistas a uma sociedade, livremente organizada, cooperativa e solidária.

Sabemos muito bem que o esporte competitivo, que visa resultados (esporte de

alto rendimento) na maioria das vezes excluindo pessoas que precisam ser

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inseridas na sociedade. É o caso das crianças que têm dificuldades motoras,

as crianças gordinhas, as crianças tímidas, etc. Daí justifica-se dar ênfase ao

Desporto Educacional que realmente tem o objetivo de agregar e educar as

crianças para serem cidadãos conscientes em uma sociedade mais justa e

igualitária, evitando assim a temerosa seletividade (a famosa peneirada), que

muitas vezes por vários motivos não são escolhidos realmente os melhores,

deixando as crianças não selecionadas frustradas e muitas vezes perdendo a

motivação para o esporte, sendo que em alguns casos tornam-se um indivíduo

indisciplinado e revoltado com tudo, propenso a cair na violência.

Para evitar todos esses dissabores para os alunos e para os professores,

também, necessário se faz explicarmos e ministrarmos brincadeiras, jogos e

esportes, justificando, as diferenças e as correlações existente entre ambas.

A brincadeira consiste em uma atividade espontânea, voluntária, sem regras

fixas, que propicie prazer e diversão.

O jogo é uma atividade com as mesmas características da brincadeira com

regras fixas, ausente no universo da pura brincadeira. O jogo pode ser dividido

em jogos não competitivos e jogos competitivos.

O esporte incorpora elementos do jogo, mas vai além dele. O esporte é jogo

também, mas possui outras características que não encontramos no jogo,

como por exemplo: a organização em grande escala, o elemento da disputa

física e o da competição (HELAL, 1990 apud TEIXEIRA, 2001, p.93)

Diante dessa correlação entre brincadeira, jogo e esporte, o aluno ficará mais

consciente, mais preparado e em condições de escolher em qual atividade irá

participar.

Devido ao fato do futsal ser muito praticado no Brasil e ser bem aceito na

comunidade escolar, faremos um breve estudo sobre o mesmo.

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2.4. Futsal

2.4.1. Origem e evolução

Pelada – Palavra do vocabulário popular brasileiro, que denomina e qualifica o

futebol jogado em normas e regras adaptadas para uma variedade de locais

ruas, praias, quadras, campos de terra, etc.. As “peladas” constituem um

ambiente rico e fértil para o desenvolvimento e a evolução espontânea do

jogador de futebol e Futsal brasileiro.

É fundamental citar que “Ao buscar a origem de uma modalidade esportiva é

necessário distinguir sua parte prática e recreativa de sua parte organizacional

e administrativa” (TOLUSSI, 1982, p. ).

Falar de Brasil e Uruguai, na origem do Futsal, já é indicativo de versões

opostas. Relatos e publicações históricas não permitem saber, precisamente,

em qual desses dois países a modalidade foi gerada, revezando-se quanto ao

seu nascimento. (FONSECA, 2007, p.20).

É unânime, na história do Futsal, que a Associação Cristã de Moços-ACM

desempenhou um papel central na sua criação e no seu desenvolvimento, com

seus primeiros passos por meio do futebol de salão no início da década de

1930, na América do Sul, especificamente nas quadras do Brasil e do Uruguai.

Relatos favoreceram a paternidade uruguaia, após uma seqüência de

conquistas da seleção de futebol do Uruguai nas Olimpíadas de Paris (1924) e

Amsterdã (1928) e da vitória na 1ª Copa do Mundo de 1930, desenvolveu-se

pelo país uma fixação de jovens e crianças em jogar futebol.

É fundamental destacar que “O professor e secretário do Departamento de

Menores da Associação Cristã de Jovens de Montevidéu, Juan Carlos Ceriani

Gravies, redigiu as primeiras regras do que foi denominado indoor – football”

(TOLUSSI, 1982; SAMPEDRO, 1997 apud FONSECA, 2007, p.20)

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2.4.2. Fundamentos do Futsal

Fundamentos referem-se a particularidades do Futsal. São ações utilizadas

durante o jogo. O passe, o chute, o drible, o domínio, a proteção, a condução e

o controle de bola a marcação, a desmarcação (finta) e antecipação. Se não

fragmentarmos essas ações, perceberemos que são ações que ocorrem

simultaneamente durante um jogo. Durante um jogo, quanto menos “raciocinar”

para agir, melhor (SANTANA, 1996, p.85). Não há como fragmentar uma ação

na dinâmica de um jogo. O ideal é deixar a criança exercitar os fundamentos

com total liberdade, pois um fundamento é a seqüência do outro e com certeza

ela terá mais criatividade e mais prazer em executar os fundamentos. Vivenciar

os fundamentos de forma lúdica em sua totalidade é o essencial para a

iniciação. A atividade precisa ser prazerosa para que a criança participe com

motivação.

Quando a criança sente-se desmotivada e sem interesse pelas atividades, o

professor tem que rever os seus métodos de trabalho, com certeza está

havendo falta de criatividade e sensibilidade por parte do professor. O

professor não precisa se preocupar em criar equipes competitivas, mas sim em

introduzir a criança e o adolescente gradativamente no Futsal. O ideal é ir

proporcionando ao aluno atividades mais lúdicas sem cobrar com muita ênfase

as regras do jogo, deixar o aluno bem a vontade é o segredo, pois ele terá o

tempo certo para colocá-las em prática. Se porventura, algum aluno tiver

dificuldade em algum fundamento, o professor deverá procurar saber

(investigar), qual é a causa daquela deficiência e posteriormente trabalhar com

cautela e calma para sanar tal deficiência com educativos corretos para o caso.

Por exemplo: o aluno tem deficiência no fundamento chute: o aluno ao chutar,

bate sempre em baixo da bola, o que faz com que a mesma tenha uma

trajetória alta; e, ao chutar, não visualiza o gol, mantendo a cabeça baixa.

Levar o aluno a construir o conhecimento sobre dois fatores que devem ser

levados em consideração para um bom chute – nesse caso, bater no meio ou

em cima da bola, que determinará à bola uma trajetória meia-altura ou rasteira;

e visualizar o gol antes de executar o chute, influenciarão na sua ação e farão

com que obtenha êxito. O ideal, é que trabalhemos com a Metodologia da

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Participação, onde a participação no processo de ensino-aprendizagem é

coletiva, alunos, pais, comunidade e escola, para que obtenhamos sucesso em

nossas intervenções na escola e ofereçamos aos nossos alunos melhor

qualidade de vida. (SANTANA, 1996, p.137)

As atividades livres do aprender brincando é essencial para a criança avançar

no aprendizado. Segundo (Schiller apud KUNZ, 2003, p.98) “O ser humano

somente é humano quando brinca”. As atividades livres levam a criança a

participar, questionar, criar, respeitando assim suas individualidades, pois

ninguém é igual a ninguém. A metodologia nas atividades não deve ser

autoritária, para evitar a submissão, levando a criança exclusivamente a

obediência. A criança não deve ser submissa, ela deve se emancipar, para

poder participar com mais ênfase na sociedade. A metodologia recomendada é

a Metodologia da Participação, onde todos os envolvidos no processo ensino-

aprendizagem participam, a criança, os pais, a comunidade escolar e os

professores. (SANTANA, 1996, p.135).

2.5. Oportunizando condições de mudança por meio da implementação pedagógica na escola: programa de atividades no futsal

A reeducação da indisciplina escolar será adquirida a médio e ao longo prazo,

pois é um acontecimento que depende de um trabalho bem estruturado e bem

planejado por parte de vários segmentos da sociedade. Essa intervenção

pedagógica na escola foi feita com as 6ªs séries A e B do Colégio Estadual

Bento Mossurunga de Umuarama. Objetivou-se principalmente uma melhora

nas relações interpessoais.

A primeira ação foi a apresentação do Projeto de Intervenção Pedagógica e do

Material Didático à Direção e Equipe Pedagógica do Colégio, com uma

recepção excelente por parte de ambos, pois demonstraram bastante interesse

pelos mesmos. A Equipe Pedagógica enfatizou que essa pesquisa poderá

contribuir sobremaneira para reduzir a indisciplina escolar. Acho que esse

projeto bem monitorado pelo professor, equipe pedagógica e direção, tem tudo

a contribuir para que o aluno não fique na ociosidade, adquirindo assim, o

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senso de responsabilidade e disciplina, para que com essas virtudes, esse

aluno torne-se um cidadão de bem, podendo assim ser inserido na sociedade

com êxito.

Na segunda ação foi apresentado o projeto de intervenção e implementação do

programa estruturado a partir de um estudo do Material Didático para a direção

e equipe pedagógica do colégio procurando esclarecer tal proposta.

Na terceira ação foi planejado e definido o cronograma de implementação da

proposta, conjuntamente com a direção e coordenação pedagógica procurando

adequar as demais ações e sub-ações no calendário de aulas das 6ªs “A e B”

foco do programa.

Na quarta ação buscou-se socializar com o corpo docente do colégio os

resultados de meus estudos e apresentar as bases e o cronograma do

programa. Essa ação ocorreu durante uma reunião de planejamento e

replanejamento com todos os professores do colégio, inclusive os colegas de

Educação Física.

Na quinta ação procurei interagir com os demais professores e principalmente

com os meus pares da área de Educação Física, realizando discussões nas

horas atividades dos mesmos e encaminhando os textos que estavam sendo

utilizados no programa. Esta ação foi de extrema importância devido a

colaboração de meus pares, enriquecendo o desenvolvimento das atividades

propostas nas aulas realizadas às 2ª, 3ª e 4ª feiras no período de 15/04 a

03/06/09.

Na sexta ação apresentei o projeto de intervenção aos alunos das 6ªs séries

envolvidas na implementação do programa, procurando prepará-los para o

desenvolvimento do mesmo. Ação muito valorosa para o bom andamento das

atividades planejadas.

A sétima ação foi realizada no período de 15/04 a 03/06/09, sendo essa a

essência do estudo realizado, pois tratou da aplicação do programa de

conteúdos teóricos e atividades práticas planejados inicialmente em 18 aulas,

mas que na realidade foram utilizadas 20 aulas, Inicialmente fiz uma

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abordagem sobre o PDE, explicando o objetivo de sua implementação por

parte da SEED. Em seguida, enfatizei a importância de se resgatar certos

valores com referência a nossa educação praticada no cotidiano (dia a dia), no

caso atitudes de boas maneiras como por exemplo: Bom dia! Com licença!

Muito obrigado! Desculpe-me! Posso entrar?, etc...Atitudes essas para com os

seus colegas, seus professores e funcionários da escola, e por que não

também com os seus familiares e no ambiente externo da escola.

Posteriormente fizemos um estudo teórico, com debate e apresentação de

resumo de textos sobre: 1- Indisciplina, 2- Disciplina e Indisciplina Escolar, 3-

Esporte - Futsal enquanto prática esportiva e 4- Futsal – Atividades práticas.

Posteriormente foram ministradas as atividades de Futsal na prática , ou sejam,

os seus fundamentos de forma lúdica, propiciando aos alunos a oportunidade

de criarem novas situações de joguinhos , exercitando e assimilando os

fundamentos do futsal. A participação e o empenho dos alunos durante a

implementação foram surpreendentes, pois os mesmos participaram com

bastante entusiasmo e dedicação, atingindo assim os objetivos propostos, ou

sejam: 1- Identificar os conceitos relacionados à Indisciplina e ao Futsal, 2-

Difundir a prática do Futsal no ambiente escolar e 3- Praticar atitudes de

inclusão e solidariedade, amenizando e/ou reduzindo assim a Indisciplina. O

Material Didático produzido e as atividades teóricas ministradas pelo professor

e desenvolvidas pelos alunos, ficaram arquivados com a Equipe Pedagógica do

Colégio. Notamos na 6ª B, que no início da implementação era uma turma mais

indisciplinada, houve um progresso bem acentuado na questão disciplinar e

nas relações interpessoais para com os colegas e para com os professores

também.

2.5.1- Atividades propriamente ditas aplicadas na intervenção e implementação

1) Joguinhos relacionados à infância: bobinho, controle, linha, etc...

2) 2 a 2 um de frente para o outro, praticando o passe e tentando fazer o

gol no outro.

3) Jogos recreativos que envolvam cooperação e solidariedade.

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4) Plantar bananeira, com o objetivo de conhecer seu próprio corpo, ou

seja o seu limite.

5) Vivenciar várias formas de movimento como andar, correr, saltitar

com um dos pés, saltitar com os dois pés juntos, saltar, trepar, descer,

agachar, deitar e rolar.

6) Deslocamentos com a bola em qualquer direção, para treinar o

domínio de bola.

7) Exercícios de habilidade motora com bola de futebol - parado, de pé,

chutar a bola; - andando ou correndo, chutar a bola; - chutar a bola sobre um

obstáculo (banco, corda,etc...)ou em direção a um alvo (a baliza, a parede,

etc...). (LISELOTT DIEM, 1981, p.47).

8) Passe interno

- 2 a 2 com uma bola, correndo e passando com a parte lateral do

pé um para o outro (passe interno).

- Individual ir contornando os cones expostos em fileira na quadra,

passando do pé direito para o esquerdo e vice x versa.

- Em fila o professor passará a bola em direção ao aluno e este

chutará para o gol com a parte lateral interna do pé (passe interno).

- Para finalizar um joguinho, porém em duplas com 1 das mãos

amarradas a do companheiro. Executar com 4 duplas – 2 de cada lado.

Obs: um goleiro para cada equipe.

9) Jogos pré-desportivos

- Gol de placa: jogo em que os alunos em duas filas,disputam quem faz o gol

primeiro , fazendo assim um ponto para a sua fila;

- Passe e gol: idem ao gol de placa, porém em duplas;

- Mini-futsal: disputa de 3 contra 3, com o objetivo de fazer o gol.

- Linha.10) Rebatida: basicamente é um jogo de chutes ao gol, onde se pode

jogar individualmente contra outro adversário ou em grupos. O mais utilizado é

o jogo de duplas. Enquanto uma dupla chuta, a outra defende o gol, e há a

possibilidade de “rebatidas”, momentos em que pode haver dribles e disputas

corporais. (TEIXEIRA, 2001, p. 93).

11) Futsal recreativo

Material: quadra de esportes, traves e bola de futsal.

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Formação:

Alunos divididos em duas equipes, sentados nas riscas laterais da quadra.

Cada aluno receberá um número. Dois alunos, um de cada equipe, recebem o

mesmo número, posicionados no sentido inverso da quadra, em relação ao

círculo central. Um goleiro para cada equipe.

Desenvolvimento:

O professor diz um número e os alunos que correspondem a esse número

devem correr até o círculo central da quadra, dando início ao jogo. Se o goleiro

defender o chute, reinicia-se o jogo passando a bola para o aluno do seu time.

O aluno que fizer o gol marca um ponto para sua equipe. Se os alunos não

fizerem o gol, a bola volta para o círculo central e o professor chama outro(s)

número(s).

Variações:- Chamar dois números de cada vez, ficando o jogo dois contra dois.

- Chamar três números de cada vez, ficando o jogo três contra três.

12) Atividade com variações

Formação:

Dividir a turma em quatro equipes e colocam-se quatro gols, um em cada canto

da quadra, quadras ou em um amplo espaço físico.

Desenvolvimento:

Primeiro jogam as quatro equipes uma contra outra sem se importar se a bola

vai sair, e uma contra a outra de frente. Posteriormente, joga-se em diagonal

uma contra outra e sempre ao mesmo tempo. Depois pode-se fazer gol onde

quiser, porém sempre protegendo seu gol. Gradativamente, vai se aumentando

o número de bolas no jogo..

13) Jogo do oprimido x opressor

Formação:

Dois grandes grupos, um de um lado da quadra (oprimidos e opressores). Um

goleiro para cada equipe.

Objetivo:

Jogo de futsal.

Desenvolvimento:

1- A equipe dos opressores é quem determina as regras do jogo para a

equipe dos oprimidos, por exemplo: - só podem dar um toque na bola e passá-

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la; - só podem fazer gol fora da área; - só podem chutar com a perna esquerda;

- não podem pedir bola.

2- Depois de um tempo delimitado pelo professor, invertem-se os papéis,

os oprimidos passam a ser os opressores e vice versa, com um detalhe,

poderão mudar as regras do jogo ou acrescentar mais algumas, caso o

queiram.

14) Jogo livre, sem regras pré-estabelecidas, com o objetivo de deixar

criança livre para criar e principalmente sentir o prazer de jogar.

15) O fim da divisão entre titulares e reservas; todos são titulares para

valorizar todas as crianças do grupo. Fazer com que as mesmas participem na

mesma intensidade dos treinos e competições e possam, com essa

experiência, amadurecer, desenvolver seus potenciais; (SANTANA, 1996,

p.141).

16) O fim da supervalorização da vitória e da derrota a cada jogo, pois é

preciso perceber a importância de lidar com as diferenças. A criança que

aprende que só a vitória interessa, não saberá, na derrota, valorizar o seu

esforço, a ser solidária com o companheiro e sofrerá muito a cada derrota que

acontecer na sua vida. Ela tem que saber lidar com as nuanças. (SANTANA,

1996, p.141).

17) A valorização nas aulas, do componente lúdico, para haver uma

entrega total da criança se as atividades forem prazerosas. Por isso, o

professor deve criar um ambiente alegre, para que efetivamente a criança seja

ela mesma e, brincando, crie, construa, aprenda e improvise. (SANTANA,

1996, p. 142).

3. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos nesta ação pedagógica foram considerados satisfatórios,

pois, o programa de prática de futsal, aplicado nas 6ªs séries A e B, apresentou

uma boa aceitação por parte dos alunos, equipe pedagógica e direção do

colégio. Os alunos se envolveram de tal maneira que, após o término da

implementação, eles queriam continuar com as atividades desenvolvidas.

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Atividades essas, que foram de conteúdos teóricos e atividades práticas de

futsal.

Inicialmente, fizemos uma abordagem sobre o Programa de Desenvolvimento

Educacional, implantado pela Secretaria de Estado da Educação,

posteriormente enfatizamos a importância de resgatar valores referentes à

nossa educação. Finalmente, abordamos conteúdos teóricos com relação à

Disciplina, Indisciplina Escolar, Esporte, Futsal e Atividades práticas de Futsal.

As atividades práticas de Futsal foram ministradas de forma lúdica,

proporcionando aos alunos a liberdade de criarem jogos em forma coletiva, ou

seja, de comum acordo com seus pares. A participação foi surpreendente de

forma positiva, atingindo assim os objetivos propostos pelo programa: objetivo

geral que foi a melhoria das relações interpessoais no ambiente escolar,

amenizando o nível de indisciplina dos alunos. Os objetivos específicos

atingidos foram: identificaram os fundamentos teóricos e conceituais

relacionados à indisciplina e vivenciaram na prática atividades de futsal que

contribuíram para amenizar o quadro de indisciplina escolar

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