a produção hidroelétrica em portugal -...
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A Produção Hidroelétrica em Portugal 1/29
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
A Produção Hidroelétrica em Portugal
Como se desenvolverá o sistema hidroelétrico em
Portugal?
Projeto FEUP - 2016/2017 – Mestrado Integrado em Engenharia Civil
Equipa 11MC05_04:
Supervisor: Prof. Francisco Piqueiro Monitora: Ana Machado
Estudantes & Autores:
Ana P. Mendes [email protected] José P. Silva [email protected]
Diogo F. Parracho [email protected] Tiago M. Pessoa [email protected]
Francisco A. Restivo [email protected] Renan R. Silva [email protected]
A Produção Hidroelétrica em Portugal 2/29
Resumo
Este trabalho, realizado no âmbito da disciplina Projeto FEUP, tem, entre muitos
outros objetivos, a intenção de não só melhorar as aptidões individuais e de grupo dos
alunos como também demonstrar a importância do trabalho em grupo.
Portugal desde sempre foi um país com elevado potencial hidroelétrico e ao longo
dos anos esse potencial nunca foi aproveitado na sua totalidade. Com vista a
contrariar este ponto, o Governo Português, em 2007, aprovou o Plano Nacional de
Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH).
Após vários estudos, escolheram os locais com maior potencial para
posteriormente se construírem aproveitamentos hidroelétricos e assim surgiram 12
locais, colocados em concurso e que foram atribuídos a três empresas, EDP, Iberdrola
e Endesa, tendo estas de cumprir este plano até 2020.
Perante alguns percalços, recentemente, o Governo fez uma reavaliação do plano
excluindo alguns dos aproveitamentos inicialmente estudados com a intenção de
cumprir tanto as metas financeiras como energéticas traçadas inicialmente no plano
de 2007.
Palavras-Chave
Barragem; Açude; Produção Hidroelétrica; Energia Elétrica; Energia Hídrica;
Centro de Produção; Aproveitamento Hidroelétrico; Rios; Água
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Agradecimentos
Em nome de todo o grupo gostaríamos de agradecer ao Engenheiro Francisco
Piqueiro pela preciosa ajuda que deu quando foram enfrentadas sérias dificuldades
em recolher informação para o trabalho, uma vez que apenas se encontravam
informações sobre o passado da energia hidroelétrica portuguesa. Gostaríamos
também de agradecer aos funcionários da Secção de Hidráulica, Recursos Hídricos e
Ambiente do Departamento de Engenharia Civil pela ajuda prestada, e também à
monitora Ana Machado pela simpatia demonstrada para com os alunos.
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Índice
Lista de figuras…………………………………………………………………….……..5
1. Introdução……………………………………………………………………………..6
2. Energia hídrica……………………………...………………………………………...7
2.1. Tipos de barragens……………………………………………………………..9
2.2. Tipos de aproveitamentos hidroelétricos……………………………………11
2.3. Vantagens e desvantagens da energia hídrica……………………………..12
3. Produção hidroelétrica atual………………………………………………………..13
3.1. Centros de produção………………………………………………………….14
3.2. Centro de produção Cávado – Lima…………………..……………………..15
3.3. Centro de produção Douro………………………….………………………..16
3.4 Centro de produção Tejo – Mondego……………….………………………..17
4. Plano Nacional de Barragens………………………………...…………………….18
4.1. Barragens para demolir………………………………….……………………19
4.2. Reforços de potência……………………………………..…………………..20
4.3. Novas barragens………………………………………..…………………….21
5. Conclusão…………………………………………………..………………………..25
Anexos…………………………………………………………………………………..26
Bibliografia…………………………………….……………………………………… ..29
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Lista de figuras/tabelas
Figura 1: Açude e respetivo moinho de Segura, Idanha-a-Nova, no rio Erges…7
Figura 2: Esquema de um aproveitamento hidroelétrico…………………………8
Figura 3: Exemplo de barragem de gravidade - Barragem de Carrapatelo (Rio
Douro) ………………...……………………………………………………………...9
Figura 4: Exemplo de barragem em arco - Barragem de Alto Lindoso (Rio
Lima)………………………………………………………………………………...10
Figura 5: Exemplo de barragem de enrocamento – Barragem de Vila Nova –
Paradela (Rio Cávado)…………………………………………………………….10
Figura 6: Barragem de fio de água de Belver (Rio Tejo)………………………..11
Figura 7: Barragem de albufeira de Castelo do Bode (rio Zêzere)……………..11
Figura 8: Barragem de Miranda, albufeira (a norte) e central hidroelétrica (à
esquerda) (Rio Douro)…………………………………………………………….12
Figura 9: Produção de eletricidade por fonte em 2015 (Fonte: APREN)………13
Figura 10: Evolução da produção de eletricidade através da energia hídrica..13
Figura 11: Produtibilidade média atual em Portugal dividida por centros de
produção (Fonte: EDP)…………………………………………………………….14
Figura 12: Barragem de Alqueva (Rio Guadiana)……………………………….14
Figura 13: Informação do Cávado – Lima (Fonte: EDP)………………………..15
Figura 14: Informação do Douro (Fonte: EDP)…………………………………..16
Figura 15: Informação do Tejo – Mondego (Fonte: EDP)………………………17
Figura 16: Reforços de potência e respetivos dados (Fonte: EDP)……………20
Figura 17: Barragem de Salamonde (Rio Cavado), após o reforço de
potência……………………………………………………………………………..20
Figura 18: Barragem de Foz Tua (Rio Tua)……………………………………...22
Figura 19: Barragem de Ribeiradio (Rio Vouga)………………………………...22
Figura 20: Barragem Ermida (Rio Vouga)………………………………….……23
Figura 21: Aproveitamento de Baixo Sabor (Rio Sabor) – escalão de
montante…………………………………………………………………………….23
Figura 22: Aproveitamento de Baixo Sabor (Rio Sabor) – escalão de
jusante……………………………………………………………………………....24
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1. Introdução
No âmbito da unidade curricular Projeto FEUP foi-nos proposto que
desenvolvêssemos o tema ‘’A Produção Hidroelétrica em Portugal’’, incidindo
particularmente nas projeções futuras para o crescimento da mesma.
Neste relatório pretendemos expor a atual situação da produção de energia
elétrica a partir de energia hídrica, bem como caracterizar as linhas de
desenvolvimento dos aproveitamentos hidroelétricos a projetar e a implementar num
futuro próximo.
Para tal, identificamos os principais sistemas hidroelétricos em Portugal que
existem atualmente divididos em três grandes centros de produção, sendo eles o
Cávado – Lima, o Douro e o Tejo - Mondego. Por outro lado, debruçamo-nos sobre o
futuro da produção hidroelétrica tendo como base o Plano Nacional de Barragens de
Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH), aprovado pelo Governo em 2007, tendo
sido efetuada uma revisão ao mesmo no presente ano de 2016.
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2. Energia hídrica
A energia hídrica é
utilizada para gerar energia
em Portugal há centenas de
anos.
As civilizações antigas
aproveitavam o relevo dos
solos para utilizar a água na
rega e também para a
moagem dos cereais, através
do movimento de uma roda,
normalmente em madeira,
ligada a uma mó que
transformava os cereais em
farinha. Para a água chegar
ao moinho construíam-se
açudes que eram muros de
pedra, com o objetivo de
desviar e reter a água do rio
para posteriormente ser
utilizada no moinho.
A partir do final do séc. XIX, a energia hídrica foi, e é, utilizada para a produção de
energia elétrica, que resulta do movimento da água que vai em direção ao mar. Esse
movimento contém, assim, energia cinética e energia potencial que pode ser
aproveitada como fonte de energia.
Para a produção de energia elétrica, constroem-se barragens que alteram o curso
normal da água, acumulando-a num reservatório a que se chama albufeira. A água,
com a energia potencial criada pelo desnível da barragem (ou seja, o nível de água é
maior a montante da barragem e menor a jusante), será conduzida às turbinas
hidráulicas fazendo-as girar, isto é, a energia potencial é convertida em energia
mecânica. A partir do movimento de rotação das turbinas o alternador ligado a elas
transforma a energia mecânica em energia elétrica. No entanto, para que a energia
Figura 1: Açude e respetivo moinho de Segura, Idanha-a-Nova, no rio Erges
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elétrica seja transportada a longas distâncias, é utilizado um transformador que
aumenta a tensão elétrica e assim permite o seu transporte a grandes distâncias.
Todo este mecanismo de produção de energia elétrica ocorre nas centrais
hidroelétricas.
.
Figura 2: Esquema de um aproveitamento hidroelétrico
A Produção Hidroelétrica em Portugal 9/29
2.1. Tipos de barragens
A barragem, na produção de energia hidroelétrica, constitui uma peça fundamental
no processo, fazendo elevar o nível do rio a montante dela e criando um reservatório
de água.
A construção de uma barragem implica sempre quatro etapas essenciais: o
projeto, a construção, a exploração e a observação. Na fase de projeto é determinado
o tipo de barragem a construir, mediante vários parâmetros, entre eles o local onde
será feita e a rentabilidade da mesma. Assim, podemos dividi-las em dois grupos,
conforme o material empregue na obra: barragens rígidas, feitas de betão, e
barragens não rígidas, feitas de terra ou fragmentos de rochas.
As barragens em betão são construídas, normalmente, em vales apertados pois,
apesar de muito resistentes, são vulneráveis a certos tipos de situações. Este tipo de
barragens ainda está subdividido conforme a sua forma e funcionamento estrutural
em: gravidade ou arco.
Nas barragens de gravidade a sua estabilidade é garantida pelo seu próprio peso.
As barragens de arco, também conhecidas por barragens em abóbada, são
construídas em vales mais apertados e assim a altura pode ser maior que o
comprimento. O seu funcionamento estrutural é garantido pela transmissão dos
esforços dos encontros laterais, pelo funcionamento em arco.
Figura 3: Exemplo de barragem de gravidade - Barragem de Carrapatelo (Rio Douro)
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As barragens de aterro são barreiras de terra e/ou pedra que se dividem em três
tipos: de terra, de enrocamento e mistas.
As barragens de terra são formadas pela deposição de grandes quantidades de
terra sobre os cursos de água, sendo posteriormente compactada por equipamentos
mecânicos específicos.
Uma barragem de enrocamento é um maciço formado por fragmentos de rocha
compactados em camadas.
Figura 5: Exemplo de barragem de enrocamento – Barragem de Vila Nova – Paradela (Rio Cávado)
Por fim, uma barragem de terra-enrocamento é um aglomerado de terra e pedras
usadas para sustentação de uma barragem.
Figura 4: Exemplo de barragem em arco - Barragem de Alto Lindoso (Rio Lima)
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2.2. Tipos de aproveitamentos hidroelétricos
Dependendo do local onde estão construídas as barragens, definem-se diferentes
aproveitamentos dos cursos de água, de forma a conseguir a sua melhor
rentabilidade. Assim, existem dois tipos de aproveitamentos: fio de água e albufeira.
Os aproveitamentos
a fio de água são
direcionados para
cursos de água com
pouco declive e, como o
reservatório é menor,
não há qualquer
capacidade de
armazenar a água.
Nas barragens com albufeira, os cursos de água possuem maior declive, criando
um grande reservatório de água, que têm essencialmente duas funções: produção de
energia elétrica e ter um maior controlo do caudal dos rios.
Dentro deste tipo de aproveitamento existe outro: albufeira com bombagem. Este
aproveitamento permite
que nas horas de maior
consumo elétrico a água
que está no reservatório a
montante seja conduzida
até às turbinas onde há
produção de energia
elétrica e posteriormente é
retida numa albufeira a
jusante. Por outro lado, nas
horas de menor consumo,
a energia excedente na
rede pode ser utilizada para bombear a água que está a jusante para montante.
Constitui-se, assim, um real sistema de armazenamento e gestão de uma fonte de
energia renovável.
Figura 6: Barragem de fio de água de Belver (Rio Tejo)
Figura 7: Barragem de albufeira de Castelo do Bode (rio Zêzere)
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2.3. Vantagens e desvantagens da energia hídrica
A produção de energia com recurso a aproveitamentos hidroelétricos tem
inúmeras vantagens, entre elas: ser uma energia renovável, o seu custo de produção
ser baixo, não poluir o ambiente, poder proporcionar desenvolvimento local e permitir
uma forma de abastecimento para a população e regadios.
Em contrapartida este tipo de produção de energia ocupa grandes áreas, altera a
paisagem, pode prejudicar muitas espécies de seres vivos, causa erosão nos solos,
elevados custos de construção de barragens e centrais hidroelétricas.
Figura 8: Barragem de Miranda, albufeira (a norte) e central hidroelétrica (à esquerda) (Rio Douro)
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3. Produção Hidroelétrica Atual
Hoje em dia, uma parte substancial da energia elétrica utilizada em Portugal tem
origem nos recursos hídricos.
No ano de 2015 as fontes de energia renováveis contribuíram com 48,2% para a
satisfação do consumo em Portugal Continental, sendo os restantes 47,3% das fontes
de origem fóssil e 4,5% do saldo importação-exportação. A produção hídrica
apresentou uma contribuição global de 19,0% em que 17,4% resultou da grande
hídrica e 1,6% da pequena hídrica.
Figura 9: Produção de eletricidade por fonte em 2015 (Fonte: APREN)
Porém, quando comparado com outros anos verifica-se uma redução de
aproximadamente 40% em 2015 devido ao facto de esse ano ter sido o 2.º mais
quente desde 2000 e o 4.º mais seco também desde 2000. Este facto mostra que a
estratégia mundial e europeia está longe de ter impacto na reversão das alterações
climáticas.
ANO GRANDE HÍDRICA (GWH)
2013 13303
2014 14664
2015 8796
Figura 10: Evolução da produção de eletricidade através da energia hídrica
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3.1. Centros de Produção
A produção de energia hidroelétrica em Portugal está dividida por três grandes
centros de produção: Cávado-Lima, Douro e Tejo-Mondego, ou seja, regiões do norte
e centro do país, onde há um maior potencial hidroelétrico.
CENTRO DE PRODUÇÃO PRODUTIBILIDADE MÉDIA ANUAL (GWH)
CÁVADO – LIMA 2 618, 4
DOURO 5 897, 0
TEJO – MONDEGO 2 117, 0
TOTAL 10 632, 4
Figura 11: Produtibilidade média atual em Portugal dividida por centros de produção (Fonte: EDP)
Contudo, para além destes três principais centros de produção, existe no rio
Guadiana a maior reserva de água do país: o aproveitamento de Alqueva. A
capacidade instalada de produção de energia elétrica começou por ser de 260 MW,
tendo sido alvo de um reforço de potência que permitiu ampliar a capacidade do
empreendimento para 520 MW, ou seja, podendo produzir anualmente 381 GWh,
capaz de fornecer energia elétrica a todo o distrito de Beja.
Figura 12: Barragem de Alqueva (Rio Guadiana)
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3.1.1. Centro de produção Cávado – Lima
Figura 13: Informação do Cávado – Lima (Fonte: EDP)
Neste centro de produção há três barragens principais que têm uma
produtibilidade anual entre 340 e 950 GWh:
o a de Caniçada (1954), no rio Cávado, com 340 GWh;
o a de Vila Nova – Venda Nova (1951), no rio Rabagão, com 383 GWh;
o a barragem de Alto Lindoso (1992), no rio Lima, com 934 GWh.
SEDE Caniçada
RIOS Cávado, Lima, Ave, Coura, Ouro, Mestre, Rabagão, Homem
CENTRAIS 19
BARRAGENS 13
PRODUTIBILIDADE MÉDIA ANUAL 2 618, 4 GWh
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3.1.2. Centro de produção Douro
Figura 14: Informação do Douro (Fonte: EDP)
Neste centro de produção há quatro barragens principais que têm uma
produtibilidade anual entre 800 e 950 GWh, sendo todas elas no rio Douro:
o a barragem de Carrapatelo (1971), com 806 GWh;
o Picote (1958), com 868 GWh;
o a de Miranda (1960 e ampliação em 1995), com 897 GWh;
o Bemposta (1964), com 924 GWh.
SEDE Régua
RIOS Douro, Távora, Tâmega, Cabrum, Varosa
CENTRAIS 13
BARRAGENS 12
PRODUTIBILIDADE MÉDIA ANUAL 5 897, 0 GWh
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3.1.3. Centro de produção Tejo - Mondego
Figura 15: Informação do Tejo – Mondego (Fonte: EDP)
Neste centro de produção há cinco barragens principais que têm uma
produtibilidade anual entre 200 e 400 GWh:
o Aguieira (1981), no rio Mondego, com 209 GWh;
o Belver (1951), no Tejo, com 220 GWh;
o Cabril (1954), na Ribeira de Unhais, com 304 GWh;
o a de Fratel (1974), rio Tejo, com 357 GWh;
o a barragem de Castelo do Bode (1951), no rio Zêzere, com 396 GWh.
SEDE Castelo do Bode
RIOS Tejo, Côa, Vouga, Dinha, Carvalhinho, Mondego, Alva, Zêzere, Ocreza
RIBEIRAS Caldeirão, Lagoa, Covão do Urso, São João, Unhais, Nisa
CENTRAIS 27
BARRAGENS 18
PRODUTIBILIDADE MÉDIA ANUAL 2 117, 0 GWh
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4. Plano Nacional de Barragens
Em termos gerais, Portugal é um dos países da União Europeia com maior
potencial hídrico por explorar, estando este distribuído por todo o território nacional,
com maior concentração no norte e centro do país.
Assim, com vista a reduzir a dependência energética e as emissões de gases de
efeito de estufa, o Governo Português aprovou o Plano Nacional de Barragens de
Elevado Potencial Hidroelétrico em 2007, cuja meta, atingível até 2020, é fazer com
que o potencial hídrico por aproveitar diminua de 54% para 33%, ou seja, Portugal
tem atualmente apenas 46% de exploração do potencial hidroelétrico, enquanto que
países com Alemanha, França e Itália têm valores que rondam os 95/96%.
Foram 12 as centrais hidroelétricas pertencentes ao plano inicial apresentado em
2007: Almourol, Pinhosão, Padroselos, Fridão, Alto Tâmega, Foz Tua, Alvito,
Girabolhos, Ribeiradio, Baixo Sabor, Gouvães e Daivões.
Em abril deste ano (2016) o Ministério do Ambiente terminou a reavaliação do
Plano Nacional de Barragens. Com esta reavaliação chegaram à conclusão que
deveriam cancelar algumas das construções contidas neste plano (Alvito e
Girabolhos) e adiar outras (Fridão). Esta reavaliação teve quatro pilares na sua base:
aspetos jurídicos/contratuais, aspetos financeiros, expetativas dos municípios
abrangidos e metas das energias renováveis.
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4.1. Barragens para demolir
Por todo o território português podemos encontrar barragens que se começaram
a tornar obsoletas. Desta forma o governo criou um grupo de trabalho com o objetivo
de identificar as estruturas que devem ser demolidas e desta forma elaborar um plano
para o fazer.
Alguns dos vários aspetos que podem levar ao fim de vida destas estruturas tocam
o aspeto ambiental e social. Pelo lado do aspeto ambiental, a demolição tem como
objetivo permitir o escoamento natural da rede hidrográfica, reposição das
características naturais dos sistemas fluviais e dos habitats aquáticos e ribeirinhos,
entre outros. Já pelo lado social o desmantelamento destas estruturas tem como
finalidade libertar os terrenos ocupados por estas, tornando-os produtivos, por
exemplo, no ponto de vista agrónomo.
Outros dos aspetos que podem levar ao desmantelamento são a existência de
alternativas melhores, o não uso da barragem, redução de riscos ou os elevados
custos de exploração e/ou manutenção.
Alguns dos sistemas hidroelétricos abrangidos no plano de demolição português:
o Barragem da Misericórdia, em Beja;
o Barragem da Sardinha, em Serpa;
o Barragem do Paneireiro, em Bragança;
o Açude de Riba Côa, em Beira Alta;
o Açude de Foz do Sousa, em Gondomar;
o Açude de Sernada, em Aveiro;
o Açude de Pisões, em Viseu;
o Açude de Drizes, também em Viseu.
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Figura 17: Barragem de Salamonde (Rio Cavado), após o reforço de potência
4.2. Reforços de potência
Os reforços de potência são realizados em aproveitamentos que estão em serviço
ou em exploração com o objetivo de evitar o desperdício energético decorrente de
descarregamentos que são resultado da reduzida capacidade da albufeira e/ou da
reduzida potência instalada no aproveitamento.
Após o PNB (Plano Nacional de Barragens) de 2007 foram alvo de reforços de
potência os aproveitamentos hidroelétricos indicados na seguinte tabela.
Rio onde se
encontra Data de
Conclusão
Aumento de
Potência Potência
Produção Média Anual
Estado do Projeto
Picote II Douro 12/2011 125% 246 MW 244 GWh Concluído
Bemposta II Douro 12/2011 80% 191 MW 134 GWh Concluído
Venda Nova III
Rabagão 2016
(entrada em serviço)
n.disp. 781 MW 1441 GWh Em
Construção
Salamonde II Cávado 2015
(entrada em serviço)
5x anterior 220 MW 386 GWh Concluído
Paradela II Cávado Sem data prevista*
n.disp. 318 MW 616 GWh Em
anteprojeto
Alqueva II Guadiana 12/2012 2x anterior 480 MW ** 470 GWh Concluído
Figura 16: Reforços de potência e respetivos dados (Fonte: EDP)
* Quer para a entrada em serviço, quer para o início de construção.
** Potência das Turbinas: 2x130 MW + Potência das Bombas: 2x110 MW
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4.3. Novas barragens
O Plano Nacional de Barragens, lançado em 2007 e constituído por 12 barragens
sofreu, ao longo do tempo, inúmeros recuos e avanços:
o as barragens de Almourol, no rio Tejo, e de Pinhosão, no rio Vouga, foram
canceladas, devido a não conseguirem atrair investidores;
o a barragem de Padroselos, no rio Beça (afluente do Tâmega),
responsabilidade da Iberdrola, foi chumbada em 2010 por causa do
mexilhão do rio, espécie em via de extinção;
o a barragem de Daivões e a barragem de Alto Tâmega, ambas no rio
Tâmega, e a barragem de Gouvães, no rio Torno, responsabilidade da
Iberdrola, todas sem avanços até ao inicio do presente ano foram
reavaliadas e a decisão final foi avançar com as construções das três, cujos
aproveitamentos estarão todos concluídos até 2023. Estas três barragens
fazem parte do Projeto do Alto Tâmega que irá alcançar uma produção
anual de 1 800 GWh, ou seja, 4% do consumo elétrico do país;
o a barragem de Fridão, no rio Tâmega, obra da EDP, não tinha avançado
até à reavaliação de 2016 e foi suspensa por 3 anos, pois, tendo em conta
as metas com que Portugal se comprometeu em termos de produção
energética, torna-se necessário reavaliar a sua construção segundo
critérios de viabilidade económica e financeiros;
o a barragem de Alvito, no rio Ocreza, cujo responsável é a EDP, foi
autorizada a construir em 2010, mas foi suspensa um ano e meio depois
pela empresa, para ‘’encontrar soluções de otimização’’. Situação essa que
foi reavaliada em 2016 e a barragem foi cancelada;
o a barragem de Foz Tua, no rio Tua, da responsabilidade da EDP, iniciou as
obras em 2011, está pronta para entrar em serviço e terá uma
produtibilidade média anual de 667 GWh;
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o
o o empreendimento de Ribeiradio-Ermida, no rio Vouga, a cargo da EDP,
que possui duas barragens, a de Ribeiradio, mais a montante do rio e
Ermida, a jusante, começou a ser contruído em 2010, estando em 2015 as
duas já concluídas. Terão, no total, uma produção média anual de energia
elétrica de 139 GWh, capaz de satisfazer o consumo de 28.000 a 30.000
pessoas;
Figura 18: Barragem de Foz Tua (Rio Tua)
Figura 19: Barragem de Ribeiradio (Rio Vouga)
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o o aproveitamento de Baixo Sabor, no rio Sabor, projetada pela EDP,
também constituído por duas barragens começou a ser construído em 2008
e iniciou a sua exploração em 2016 com uma produção média anual
estimada de 460 GWh;
Figura 21: Aproveitamento de Baixo Sabor (Rio Sabor) – escalão de montante
Figura 20: Barragem Ermida (Rio Vouga)
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Figura 22: Aproveitamento de Baixo Sabor (Rio Sabor) – escalão de jusante
o a barragem de Girabolhos, no rio Mondego, responsabilidade da Endesa,
foi cancelada em 2016, devido à suspensão do pagamento da garantia de
potência em 2012, entretanto retomado, mas com valores menos
significativos.
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5. Conclusão
Portugal, tal como os restantes países europeus, tem vindo a apostar fortemente
nas energias renováveis, destacando-se principalmente a energia hídrica e a eólica,
que contribuem com cerca de 88% das fontes de energia renovável (dados 2014 – ver
anexo 1).
Portugal, apesar de ser dos países da União Europeia com maior potencial hídrico
para explorar, usa apenas 46% desse potencial, estando ainda longe dos 67% a que
se propôs a alcançar até 2020, segundo consta no Plano Nacional de Barragens
(2007).
No entanto, para se conseguir aumentar a produção hidroelétrica, há que fazer um
enorme investimento (na ordem das centenas de milhões de euros) para
nomeadamente construir novos aproveitamentos que trazem sempre consigo
opiniões distintas, quer da opinião pública devido aos grandes investimentos quer das
organizações ambientalistas que estão contra a alteração da fauna e flora locais.
Mas a energia hidroelétrica é uma energia renovável com um baixo custo de
produção e com fácil armazenamento e como operação complementar da produção
eólica, pela otimização da produção de energia; e, devemos apostar nela já que temos
um potencial enorme, principalmente no norte do país que, apenas na bacia
hidrográfica do Douro, produziu cerca de 56% (ver anexo 2 e 3) da energia hídrica em
Portugal no ano móvel de julho de 2015 a julho de 2016.
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Anexos
Anexo 1: Produção de energia elétrica em Países da União Europeia através de energias
renováveis (% TWh)
Anexo 2: Produção Hídrica por Bacia Hidrográfica (em TWh)
A Produção Hidroelétrica em Portugal 27/29
Anexo 3: Produção hídrica por bacia hidrográfica (GWh)
Anexo 4: Produção hídrica por tipo de aproveitamento (GWh)
A Produção Hidroelétrica em Portugal 28/29
Anexo 5: Produção anual de Energias Renováveis (TWh)
Anexo 6: Produção mensal de energia elétrica por bacia hidrográfica
A Produção Hidroelétrica em Portugal 29/29
Bibliografia
http://www.galpenergia.com/PT/ProdutosServicos/Eletricidade-Gas-Natural-Livre/Newsletters/PublishingImages/Informacao_sobre_Rotulagem_Energia_Eletrica_2015/Rotulagem_Energia_Eletrica_2015.pdf (acedido a 27 de setembro de 2016)
http://www.a-nossa-energia.edp.pt/centros_produtores/empreendimento_type.php?e_type=nb (acedido a 4 de outubro de 2016)
http://www.a-nossa-energia.edp.pt/centros_produtores/empreendimento_type.php?e_type=rp (acedido a 7 de outubro de 2016)
http://www.ordemengenheiros.pt/fotos/dossier_artigo/20120119_jvale_2_3772568774f1ec13e17718.pdf (acedido a 7 de outubro de 2016)
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