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A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM ARACAJU :
DIAGNÓSTICO
Autores:
Prof. Dr. José Daltro Filho (UFS) - Coordenação
Enga. MSc. Arilmara Abade Bandeira (SENAI/CETICC)
Eco. MSc. Ismeralda Mª Castelo Branco do N. Barreto (SEMA)
Enga. MSc. Leonilde Gomes da Silva Agra (EMSURB/PMA)
Estagiários:
Eng. Civil – UFSAriclenes Bruno de J. NascimentoGustavo Henrique S. DantasMichella Graziela S. Silva
Engª Ambiental – UNITCleber Marinho Brito de PinhoThiago Carlindo Ferreira Soares
Os resíduos gerados pela cadeia produtiva da construção civil constituem-se num dos maiores ônus para uma administração pública, visto que seu gerenciamento adequado acarreta custos elevados. A quantidade de resíduos gerados e a falta de áreas de deposição adequadas, próximas e disponíveis são alguns dos aspectos operacionais envolvidos nessa questão.
O PROBLEMA
O volume de resíduos sólidos gerados atualmente é um dos principais problemas que afeta a qualidade de vida e o meio ambiente nos grandes centros urbanos.
OBJETIVOS
Conhecer a situação atual da geração e destinação final
dos resíduos de construção civil na cidade de Aracaju,
para fins de elaboração do diagnóstico sobre a
problemática do entulho na cidade e assim subsidiar o
Plano Integrado de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil, que deve incorporar, o Programa
Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção
Civil e o Projeto de Gerenciamento de Resíduos da
Construção Civil
METODOLOGIA
Número de Amostras
O número de amostras foi definido em função das áreas de coleta dos resíduos sólidos urbanos (onde haja grande incidência de focos de entulhos e/ou depósitos irregulares) e em função do número de geradores oficiais (construtoras).
Para o caso das áreas de coleta, foram amostradas segundo os segmentos sociais (alta, média, baixa). Para as construtoras considerou-se as de grande, médio e pequeno porte, segundo a escala de classificação do SEBRAE.
O universo de escolha das construtoras foi o correspondente ao cadastro dessas empresas no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Sergipe -CREA/SE e as que são filiadas ao SINDUSCON-SE.
Em qualquer situação, o número mínimo de amostras foi de 6 (seis), assim discriminadas:
1ª Amostra: Amostra de foco de entulho de área de coleta de Classe Alta, aqui designada de Área 1;
2ª Amostra: Amostra de foco de entulho de área de coleta de Classe Média, sendo denominada de área 2;
3ª Amostra: Amostra de foco de entulho de área de coleta de Classe Baixa, como sendo área 3;
4ª Amostra: Amostra resultante de gerador (de duas construtoras), de Grande Porte;
5ª Amostra: Amostra resultante de gerador (de duas construtoras), de Médio Porte;
6ª Amostra: Amostra resultante de gerador (de duas construtoras), de Pequeno Porte;
Tamanho da Amostra
A quantidade de entulho por amostra foi de pelo menos, 10%
da quantidade gerada diariamente na área de estudo,
conforme CARNEIRO et al (2001). Para o caso do estudo,
utilizou-se amostra com 7m3.
A amostra foi quarteada até que se chegasse a quantidade
mínima de 1m3. Com este valor, partiu-se para o conhecimento
dos componentes da amostra, em peso, através de sua
caracterização conforme recomendação da Norma ABNT NBR
10.007, da Resolução CONAMA n.º 307/2002 e de Cassa et al
(2001).
Quantificação dos resíduos
Para a estimativa da quantidade de resíduos da construção pode-se adotar dois caminhos. Um levando-se em consideração a coleta atual de resíduos gerados em obras e realizada por transportadora, mais a coleta de resíduos em deposições irregulares, realizada pela EMSURB. O outro caminho, foi a determinação da quantidade, levando-se em consideração a área construída no ano, de acordo com as obras licenciadas pela EMURB, mais a quantidade decorrente de deposições irregulares. Para este caso, fez-se uso do modelo de Pinto (2005).
Na estimativa da quantidade, considerou-se que a geração de resíduos em um mês correspondia a de 26 (vinte e seis) dias e a produção de resíduos por metro quadrado, como sendo de 150 Kg ou 0,15 ton, conforme recomendado por Pinto(2005).
Determinação da massa específica aparente
Para determinação da massa específica aparente dos
resíduos da construção civil (RCC), levou-se em
consideração o volume de cada amostra e a massa da
mesma. Com a massa específica de cada amostra
determinou-se o valor médio deste parâmetro.
A realidade atual sobre os resíduos da construção civil de Aracaju
Visão do setor produtivo da construção civil
51,221Sem Previsão
7,303Não Pretende
41,517BrevePrevisão de implantação PGRCC
9341NÃO
0703SIMExiste PGRCC
4319NÃO
5725SIMConhece a 307
%QuantidadeVariável
a) Sobre a resolução 307 do CONAMA.
Avaliação sobre a resolução CONAMA N°307
Controle do local de destinação final 8638Não
1406Sim
0904Terreno próprio
7533Desconhece
1607Terra DuraExiste PGRCC
7533Terceirizado
2511Próprio geradorResponsável pela coleta
%QuantidadeVariável
b) Sobre a coleta e destinação final
Avaliação sobre a coleta e destinação dos RCC pelas construtoras
Quantificação dos depósitos irregulares
Identificou-se em Aracaju 295 depósitos irregulares e 1307 pontos decorrentes de pequenos reparos/reformas distribuídos pelos diversos bairros da cidade .
Distrito*
100295Total
11,86356º
13,22395º
17,29514º
16,27483º
26,78792º
14,58431º
%Quantidade
S E P LA NP re fe itu ra M un ic ip a l de A rac a ju
E S C A LA :
T E M A :
D A TA : P R O JE T O / L E V A N TA M E NTO :
TÍT UL O : D IG IT A L IZ AÇ Ã O :P R A N CH A :
S ecre ta ria M un ic ipa l de P lan e ja m en toA raca ju
M A P A D E A R A C A JU - N O V A LE I D E BA IR R O S
G R Á F IC A
B A IR R O S E D IS T R IT O S U R B A N O S
M A IO /2 0 05
0 1A R IEL C AR D O SO
JU A N C . G . C O R D O V EZ
U m a C idade para todos
9 00 x 1 90 0 m m
/01
0 2 4
QU ILÔME TROS
D ISTR ITO 1
D ISTR ITO 5 D ISTR ITO 6
LEGENDA
D ISTR ITOS U RBANOS
BA IR ROS
D IS TR ITO 2
D ISTR ITO 3
D IS TR ITO 4
FOCOS DE EN TULHOSNOS BA IR ROS
Bota fora situado ao lado do Terminal Rodoviário
Bota – fora situado entre os bairros Santos Dumont e Soledade
Foco de entulhos em área de mangue no Conjunto Orlando Dantas.
Bota – fora situado no bairro Jardins
Exemplo de um micro foco resultante de pequeno reparo .
Foco na via pública, Av. Augusto Franco com a rua de Laranjeiras.
Foco espalhado na via pública, bairro Ponto Novo (Areias).
Bota – fora situado nos Jardins.
Bota – fora situado por traz da CODISE .
Bota – fora situado na estrada da Luzia, bairro Luzia.
Uso de entulhos para aterro em áreas de invasão, exemplo de ocupação de mangue no Coqueiral
Bota – fora situado na Av. Marechal Rondon, no fundo do Terminal Rodoviário.
Aterro com entulhos no bairro Sta Maria.
Bota-fora situado na região do Conj. Augusto Franco.
Foco situado no conjunto Orlando Dantas e ao lado do mangue.
Foco temporário acumulado na calçada.
Composição média dos RCC de Aracaju.
0,010,03Plástico Duro
0,161,80Plástico Mole
2,0423,27Pedra
0,283,17Papelão
0,465,23Papel
0,060,68Metal
0,445,05Mármore
1,2814,63Madeira
0,040,40Lata de Tinta e Derivados
3,3938,75Gesso
5,3761,32Cerâmica Branca
9,05103,43Cerâmica Vermelha
0,354,00Concreto
0,232,63Brita
36,00411,25Argamassa
%Peso( Kg)Componente
Continuação
Total
Vidro
Solo/Areia
Restos
Restos de telhas e amianto
PVC
100,001142,26
0,040,52
19,96228,00
19,85226,72
0,829,38
0,172,00
Composição Média dos RCC de AracajuArgamassa– 36%
Brita– 0,23%
Concreto– 0,35%
Cerâmica Vermelha– 9,05%
Cerâmica Branca– 5,37%
Gesso– 3,39%
Lata de Tinta e Derivados– 0,04%
Madeira– 1,28%
Mármore– 0,44%
Metal– 0,06%
Papel– 0,46%
Papelão– 0,28%
Pedra– 2,04%
Plástico Mole– 0,16%
Plástico Duro– 0,01%
PVC– 0,17%
Restos de telhas e amianto– 0,82%
Restos – 19,85%
Solo/Areia– 19,96%
Vidro– 0,04%
Composição média dos RCC de Aracaju, segundo a Resolução 307
0,860,04Latas de tinta e
derivadosD
Restos de telhas de cimento amianto
0,82
100100TOTAL
19,85Restos23,24
3,39GessoC
0,04Vidro
0,34Plásticos
0,28Papelão
0,46Papel
0,06Metal2,46
1,28Madeira
B
19,96Solo/Areia
2,04Pedra
0,44Mármore
14,42Cerâmicos
0,35Concreto
0,23Brita
73,44
36Argamassa
A
% por classe(%)ComponenteClassificação
Composição Média dos RCC de Aracaju, segundo a
classificação da resolução No. 307/CONAMA.
Classes
A73,44%
D0,86%C
23,24%
B2,46%
A B
C D
Massa Específica aparente do RCC.
Amostra Massa Específica aparente (Kg/m3)
Área 1 1377
Área 2 1505
Área 3 1200
Construtora de Grande Porte 1090
Construtora de Médio Porte 843
Construtora de Pequeno Porte 1395
Massa Específica Média 1235
Quantidade aparente de RCC.
Segundo informes da quantidade coletada pela EMSURB e Transportadores.
a) Quantidade média aparente mensal coletada.
Instituição Quantidade média (ton/mês)
EMSURB 8.195
Transportadores 4.940
Total 13.135
b) Quantidade média aparente mensal depositada no aterro do bairro Santa Maria.
Instituição Quantidade(ton/mês)
EMSURB 8.195
Transportadoras e/ou avulsos 1.346
Total 9.541
Verifica-se que 3.594 ton/mês não tem destinação regular.
c) Quantidade média aparente, possivelmente originária de obras e depósitos irregulares .
Instituição responsável pelo transporte
Quantidade (ton/dia) Total(ton/dia)
Obras Depósitos
EMSURB - 315 315
Transportadoras 27 163 190
Total 27 478 505
Segundo a quantidade de obras licenciadas(novas e reformas/demolições)
Origem Quantidade (Ton/dia) %
Construção nova 275(1) 35
Reformas 43 (2) 5
Depósitos Irregulares 478(3) 60
Total 796 100
(1) Refere-se às obras novas mais quantitativo de RCC de obras coletadas pelas transportadoras a tabela.
(2) Diz respeito aos RCC devido às reformas, segundo cadastro da EMURB.
(3) Representa a quantidade de RCC decorrente de depósitos irregulares
Em se tratando de real este levantamento, existe uma diferença de 291 ton/dia sem ser contabilizada e que está indo possivelmente para depósitos irregulares.
Estimativa da produção per capita.
a) Segundo dados de coleta da EMSURB e de transportadores.
0,32491.898 157.560 505
Produção per capita (ton/hab ano)
População (hab)
Total anual (ton)
Quantidade(ton/dia)
1) Área média anual de obras licenciadas pela EMURB 2003 e 2004 (novas e reformas).
2) Quantidade obtida multiplicando-se 0.15 ton/m2 ao item (1) dividido pelo número de dias de produção de R.C.C em um ano (12 x 26) mais a quantidade referente aos R.C.C de obras coletadas pelas transportadoras.
3) Referente aos depósitos irregulares.
4) =(2)+(3).
5) =(4) x número de dias no ano (12x26) de produção de R.C.C.6) População estimada para 2004, dado fornecido pelo IBGE.
7) =(5)/(6).
b) Segundo a quantidade de obras licenciadas.
Área média anual de obras licenciadas(m2) (1)
Quantidade relativa àárea (ton/dia) (2)
Quantidade relativa aos depósitos irregulares (ton/dia) (3)
Quantidade total(ton/dia) (4)
Total anual(ton) (5)
População (hab) (6)
Per capita
(ton/anohab) (7)
604.940 318 478 796 248352 491.898 0.50
Impactos resultantes da falta de gerenciamento dos RCC
a) Ambientais e de Saúde Pública
DIRETOS
INDIRETOS
• Passivos decorrentes à retirada de matéria prima de jazidas.
b) No orçamento municipal, para a coleta do resíduos em depósitos clandestinos
• Para o caso específico de Aracaju, a estimativa de custo per capita éde R$6,05/ano hab.
• Impacto estético ou visuais;
• Assoreamento de córregos e o entupimento de sistemas de galerias;
•Infestação de vetores.•I. inundações
Estimativa de custos para a coleta dos RCC pelos geradores , através de transportadores.
Custounitário (R$/ton)
Quantidadediária (ton)
Custo diário (R$)
Custo anual (R$)
População (hab)
Custo per capita(R$/ano.hab)
8,35(*) 505 4216,75 1.315.626,00 491.898 2,67
(*) Segundo informações de transportadoras, em 13/05/05.
Para as 796 ton/dia o custo per capita chega a R$4,22
CONCLUSÕES
Os resultados expostos neste trabalho podem refletir uma imagem momentânea do problema de manejo dos resíduos da construção civil, que poderá perdurar por muito tempo e se transformar num problema crônico para a cidade, e portanto de difícil solução.Tais resultados além de oferecerem uma fotografia atualizada da produção e destinação desses resíduos,podem servir como elementos básicos na tomada de decisões quanto à implantação de programas de gestão individual ou coletivo, com o fim maior de contribuir para a redução dos impactos gerados e, por conseguinte, para a melhoria do bem estar da população aracajuana.
Agradecimentos
Os autores agradecem em especial:
Ao Sr. José Roberto Gomes do Carmo– Gerente de Limpeza Urbana/EMSURB;
Ao Sr. Fábio Almeida Santos – Fiscal de Limpeza Urbana/EMSURB;
Ao Eng°. Juan Carlos G. Cordovez – SEPLAN/PMA;
Ao Prof. Vandenberg Salvador de Oliveira - UFS;
Aos Srs. George, Luiz, Lázaro e “Galego” – Agentes de Limpeza(EMSURB/TORRE).
E a todos que, contribuíram de algum modo, para tornar real esta laboriosa empreitada.