a precarização e a resistência do trabalhador rural brasileiro o caso do município de montes...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
JOANICE DA SILVA
A PRECARIZAÇÃO E A RESISTÊNCIA DO TRABALHADOR
RURAL BRASILEIRO: O CASO DO MUNICÍPIO DE
MONTES CLAROS DE GOIÁS
IPORÁ
2011
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
JOANICE DA SILVA
A PRECARIZAÇÃO E A RESISTÊNCIA DO TRABALHADOR
RURAL BRASILEIRO: O CASO DO MUNICÍPIO DE
MONTES CLAROS DE GOIÁS
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como requisito parcial à
obtenção do grau de licenciado no curso
de Geografia da Universidade Estadual
de Goiás – Unidade Universitária de
Iporá.
Orientador: Prof. Ms. Julio César P.
Borges
IPORÁ
2011
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Dedico este meu trabalho a toda minha família e
amigos, em especial minha avó Benedita Maria
de Jesus por ter sido uma mulher forte que nunca
desistia de nada, agradeço todos os momentos
que tivemos juntas.
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AGRADECIMENTOS
À Deus, o que seria de mim sem a fé que tenho nele, sem o suporte que ele nos
proporciona a todo momento.
A minha família pelo estímulo e compreensão, nos momentos importantes que
deixei de estar com eles em especial meu esposo, Danúbio Borges da Silva que nos momentos
difíceis, estava ao meu lado, com incentivos e tranqüilidade para que eu não desistisse e
chegasse a essa etapa final. Obrigado a todos por serem tolerantes nos momentos críticos da
minha vida acadêmica.
Ao professor orientador Júlio César Pereira Borges, por seu apoio e inspiração no
amadurecimento dos conhecimentos e conceitos, que através de suas orientações,
proporcionou a execução e conclusão deste trabalho.
A todos os professores da Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária
de Iporá, que de alguma forma contribuiu, na minha vida acadêmica e no desenvolvimento
desse trabalho.
Aos amigos e colegas do Curso de Geografia.
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Nosso dia vai chegar, Teremos nossa vez.
Não é pedir demais:
Quero justiça, Quero trabalhar em paz.
Não é muito o que lhe peço –
Eu quero um trabalho honesto
Em vez de escravidão.
Deve haver algum lugar
Onde o mais forte não consegue escravizar
Quem não tem chance.
Musica: Legião Urbana (Fábrica)
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RESUMO
O Brasil possui uma estrutura agrária bastante desigual, fato desencadeado pela sua ocupação
territorial, baseada no sistema de concentração de terras na mão de aliados dos colonizadores
e exclusão dos povos nativos. Esse fato vem desde os primórdios da sua ocupação, ou seja, a
propriedade da terra sempre foi privilégio de uma minoria. Essa concentração de terra é
acompanhada de uma intensa exploração do trabalhador, desde a escravização de índios e
negros até a atual exploração do trabalho assalariado. Não pretendemos fazer nenhuma
revisão histórica, do modelo de produção excludente que temos hoje, somente esclarecer a
ocupação capitalista no território brasileiro e seus impactos no meio rural, que ganhou
proporção a partir de 1960, com a modernização da agricultura. A pesquisa trás uma breve
discussão sobre a questão fundiária do Brasil e a precarização do trabalhador rural, com
ênfase o município de Montes Claros de Goiás. O foco de alcance principal é centrado na
ação do STR como resistência ao processo capitalista desde 1997 até os dias atuais, e as
contribuições do órgão em melhorar a vida e as condições de trabalho do pequeno produtor e
do trabalhador da zona rural. A proposta metodológica foi pautada no estudo e compreensão
da ação sindical em prol dos trabalhadores rurais montesclarenrenses, onde utilizamos fontes
diretas tais como: leituras de atas, documentos e arquivos do Sindicato; entrevistas com
associados e o presidente Walter Moreira, que esclareceu dúvidas sobre o processo de
funcionamento na dinâmica socioeconômica dos associados; utilizamos também, fontes
indiretas como leituras de referências teóricas de autores como: Oliveira (1993), Moreira
(1990), Mendes (1996), dentre outros. É no contexto da precarização e da resistência do
trabalhador rural que a pesquisa proposta se direcionou, na qual se fez uma leitura da situação
do trabalhador rural e sua influência no espaço agrário no município de Montes Claros de
Goiás.
PALAVRAS-CHAVE: Modernização – Democracia política – socioeconômica - Sindicato
dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás
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LISTA DE ABREVIATURAS
CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura
CLT – Consolidação das Leis do Trabalho
CPT – Comissão Pastoral da Terra
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSS – Instituto Nacional de Seguro Social
MSTR – Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais
MST – Movimento dos Sem Terra
PCB – Partido Comunista Brasileiro
PT – Partido Trabalhista
STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais
STRM – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás
SIRUM – Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás
ULTAB – União dos Trabalhadores Agrícolas do Brasil
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Imagem 1- Mapa de localização do município de Montes Claros de Goiás.............................12
Imagem 2- Prédio do Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás (SIRUM)..........................23
Imagem 3- Prédio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás
(STRM).....................................................................................................................................24
Imagem 4- Meios tecnológicos oferecidos pelo (STRM) aos produtores associados..............25
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Trabalhadores que se Associaram no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Montes Claros de Goiás – desde sua fundação até os dias atuais............................................29
Gráfico 2 – Quantidade de Trabalhadores Inscritos no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Montes Claros de Goiás (de ano em ano).................................................................................30
Gráfico 3 – Situação Atual dos Associados no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes
Claros de Goiás.........................................................................................................................31
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................11
1. O TRABALHADOR RURAL NA HISTÓRIA DO BRASIL..............................................14
1.1. Modernização do Campo e a Exclusão do Sertanejo.........................................................19
1.2. Os Movimentos Sociais e o Sindicalismo em Goiás..........................................................21
2. O SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS EM MONTES CLAROS DE
GOIÁS......................................................................................................................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................33
REFERÊNCIAS........................................................................................................................35
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INTRODUÇÃO
A precarização do trabalhador rural no Brasil é resultado do processo histórico de
produção do território brasileiro, que desde o início teve como base o modelo excludente e
concentrador, fator determinante no sistema capitalista de produção. Alguns autores como
Oliveira (1993), Moreira (1990), dentre outros, consideram que a ação do capital na
apropriação do território se deu de forma conservadora, pois ao longo da história mudaram as
estratégias, mas conservaram a exploração do trabalhador do campo.
A intensificação da exploração do trabalhador rural se dá com a modernização do
campo brasileiro, a partir de 1960, pois além da exploração, este foi submetido à exclusão do
campo, engrossando a massa dos despossuídos que ocupam a periferia das cidades. No
entanto, a intensificação dessa exploração fez com que, movimentos de resistência se
organizassem em busca de melhores condições de existência, surgindo cooperativas,
sindicatos e o próprio MST (Movimento dos Sem Terra), mesmo que a mídia passa uma
imagem negativa da realização de suas ações, na atualidade, é um dos movimentos que é
reconhecido, e garantiu várias conquistas para o trabalhador rural brasileiro.
É no contexto da precarização e da resistência do trabalhador rural que a pesquisa
proposta está direcionada, na qual pretende-se fazer uma leitura da situação do trabalhador e
do pequeno produtor rural no município de Montes Claros de Goiás, localizado no Oeste
goiano. (imagem 1)
De acordo com os dados oficias da prefeitura de Montes Claros de Goiás, o
município começou a ser formado por algumas ocupações que se deu no inicio de 1956,
quando o advogado Afonso Borges doou oito alqueires de terras, da fazenda Salobinha, ao
senhor Neemias Lino de Oliveira, como pagamento do serviço de corretagem. O mesmo, ao
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receber os oito alqueires, dividiu as terras em lotes, doando os primeiros a três famílias que
lhe ajudaram muito, abrindo ruas estradas.
Na verdade, o verdadeiro interesse era atrair mão de obra para as atividades
agrícola e pecuária. Rumores começaram a ocorrer longe sobre oportunidades de serviços e
lotes “de graça”, assim, as pessoas vinham para trabalhar na região e acabavam fixando suas
famílias no povoado. Em 1958 devido à quantidade de pessoas na região, o povoado
Salobinha foi considerado distrito da cidade de Goiás. No entanto só se tornou município em
23 de outubro de 1963, pela Lei nº 4.717. Então, recebeu um novo nome: Montes Claros de
Goiás.
Imagem 1: Mapa de localização do município de Montes Claros de Goiás
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Para dar plausibilidade ao trabalho proposto, alguns estudiosos foram de grande
relevância, destacando Andrade (1991), Duarte Junior (2003), Fausto (2002), Guimarâes
(2004), Oliveira (2003), Stédile (1997), dentre outros. Os procedimentos metodológicos para
a realização da pesquisa teve como base uma diversidade de fontes, como as fontes
secundárias das instituições oficiais; as dissertações, que discutem sobre o assunto, alem da
fonte oral para entendermos a opinião dos associados. Buscou-se também investigar algumas
fontes quantitativas do próprio órgão sindical pesquisado.
O trabalho, esta dividido em dois capítulos, o primeiro, faz um levantamento
histórico da situação do trabalhador rural brasileiro, destacando as ações políticas de exclusão
do mesmo, assim como, a resistência ao modelo excludente, através das organizações de
trabalhadores, na busca pela inserção do mesmo, com mais oportunidades, no processo de
avanço do capital. No segundo, se trata da discussão da realidade do trabalhador e da ação do
Sindicato dos Trabalhadores Rurais, no município de Montes Claros, na busca de uma melhor
compreensão da realidade local.
Por fim, foi feito uma tentativa de entender a realidade do trabalhador e do
pequeno produtor de Montes Claros de Goiás, inserindo-o no contexto histórico do Brasil,
destacando o importante papel do Sindicato na busca por melhores condições de existência.
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1. O TRABALHADOR RURAL NA HISTÓRIA DO BRASIL
A ocupação capitalista do território brasileiro adotou um modelo de produção que
sempre vislumbrou atender as necessidades do mercado externo, com a intensa exploração do
trabalhador no campo. Segundo Marx, „„esta é umas das bases de acumulação capitalista, a
mais valia, que consiste na exploração da mão de obra‟‟, o que no caso do trabalhador rural
brasileiro foi intensa.
A exploração do trabalhador do campo, no Brasil, está atrelada à sua exclusão de
posse da terra, a qual, para garantir seu sustento, é obrigado a se submeter em condições
precárias de trabalho. De acordo com Andrade (1991), o problema da terra atravessou o
período colonial e escravocrata chegando até os nossos dias. Como naquela época, hoje uma
grande parte dos trabalhadores não tem acesso à terra. Pode-se dizer que a forma de
exploração do trabalhador foi e continua sendo um fator grave, sendo resultado do monopólio
capitalista da terra, cujos responsáveis em grande parte pelos problemas sociais no que diz
respeito às diferentes maneiras em que os trabalhadores rurais são tratados, se inserem na
sociedade.
O monopólio da terra dá início à Lei de Sesmarias, cuja a lei tinha como objetivo
estimular a produção agrícola e garantir a posse da terra na América portuguesa.
A Lei de Sesmaria visava a regulamentar o uso e a exploração das extensas terras
estatais e da Igreja. A Lei de Sesmarias deve ser entendida, portanto, dentro do quadro
geral de um sistema produtivo que o Estado pretendia organizar, a partir de uma forma
de domínio condicionado. (apud. Duarte Júnior, 2003, p. 7).
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Através dessa Lei, começou um sistema de repartição de terras, as quais eram
entregues para aqueles que vinham para a colônia brasileira e, para tornar esta divisão um
sistema fácil de controlar, o território brasileiro foi dividido em capitanias hereditárias, cujo
principal objetivo era proporcionar às regiões divididas, grandes posses produtoras
(MENDES, 1996). Os interesses desses homens que vinham para o território brasileiro eram
aumentar suas riquezas em Portugal. A Coroa proporcionava incentivos e benefícios aos
colonizadores porque era lucrativo investir na produção agrícola.
Mendes (1996), diz que as terras doadas para esses homens, não poderiam ser
vendidas a ninguém, pois as posses continuavam sendo do Rei de Portugal. Portanto os
sesmeiros não tinham direito à posse da terra e sim ao uso dela. Este direito, após a morte do
pai, era herdado pelos filhos, sob o comando do primogênito homem e assim sucessivamente,
como é retratado por Fausto (2002. p. 44).
Os donatários receberam uma doação da Coroa, pela qual se tornavam possuidores,
mas não proprietários da terra. Isso significa que ficava entre outras coisas, que não
podiam vender ou dividir a capitania, cabendo ao rei o direito de modificá-la ou
mesmo extingui-la (arrecadação de tributos) como na esfera administrativa.
Ao longo do período colonial e até as primeiras décadas do Império, esse sistema
permaneceu; a terra era um bem da coroa, que concedia a posse àqueles que considerassem
merecedores dela. Com o tempo e o aumento da população e principalmente, depois da
instalação da Corte portuguesa no Brasil, em 1808, a extensão das terras concedidas foram
diminuindo, mas mantinham-se ainda, as proporções gigantescas, se levarmos em conta os
parâmetros atuais de propriedade de terra. Em geral, os limites de propriedade eram definidos
obedecendo-se apenas a acidentes geográficos, usando-se a légua como medida básica.
(STÉDILE, 1997. P. 9).
Outro exemplo de controle estatal e de concentração da terra foi a Lei da Terra,
em 1850, que trazia uma discussão sobre a questão fundiária do Brasil no período Imperial,
que procurava ampliar uma política diferenciada, buscando vários objetivos como criar
setores agrícolas para os pequenos proprietários. Essa Lei acabaria com o sistema de posses e
cadastraria os trabalhadores num novo sistema, onde receberiam sua propriedade, incentivaria
e financiaria imigrações, oferecendo diversos tipos de oportunidades como garantias, sobre a
terra e empréstimos acessíveis e confiáveis. Silva (1996. P. 81,82).
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Silva (1996), argumenta que a Lei da Terra foi uma jogada de forças políticas
dominantes, onde grandes proprietários de terras tinham liberdade de aumentar suas posses. O
novo sistema pautado na Lei, trazia no discurso, a resolução dos problemas que os
movimentos sociais enfrentavam com os latifundiários, acabando com a posse e oferecendo
aos trabalhadores rurais o direito sobre um pedaço de terra através de um cadastramento. Na
prática, não foi realizado como a classe menos favorecida esperava e estava planejado. Ao
contrario, trouxe uma grande discriminação e expôs a fraqueza do Estado, que não conseguia
realizar o planejado, em detrimento dos interesses dos latifundiários.
A Lei da Terra rezava que as propriedades que não estavam registradas em
cartórios, pertenciam ao Estado brasileiro, dando condenação a qualquer forma de invasão,
levando os trabalhadores a pagar multas ou serem presos.
A análise de Stédile (1997, p.11) sobre as Leis de Terras é bastante esclarecedora
e trás uma reflexão sobre a questão agrária presente no Brasil.
Essa lei discriminou os pobres e impediu que os escravos libertos se tornassem
proprietários, pois nem uns nem outros possuíam recursos para adquirir parcelas da
terra da Coroa ou para legalizar as que possuíam. Por essa razão, após a libertação dos
escravos, a maior parte deles optou por migrar para as cidades como Rio de Janeiro,
Salvador e Recife, ao invés de permanecer nas fazendas ou nas pequenas vilas do
interior. Uma vez nas cidades, sem opção de moradia e de trabalho, formaram vilas
paupérrimas, sobrevivendo à custa do subemprego ou da mendicância. (Stédile, 1997,
p.11)
Esta realidade se perpetuou por anos e intensificou-se após 1950, quando inicia no
Brasil o processo de modernização do campo. Neste, o trabalhador continua sendo uma massa
de manobra do capitalismo. No entanto, inicia-se um processo de organização dos mesmos
contra a exclusão da terra e em prol de uma reforma agrária, além da defesa do trabalhador
rural que já havia sido negligenciado pela esfera trabalhista ao longo da história,
principalmente na reforma trabalhista do Governo Vargas, que cria a CLT (Consolidação das
Leis do Trabalho), que surgiu pelo Decreto-Lei nº 5.452, dando condições de melhoria ao
trabalhador urbano, mas nega o mesmo ao trabalhador rural.
A Organização dos trabalhadores rurais no Brasil intensificou na década de 1950,
onde muitos movimentos de camponeses começaram a ter grandes proporções em varias
regiões do Brasil, mas foi em 1955 que esses movimentos se tornaram mais organizados e
potentes para lutar em prol dos direitos dos trabalhadores rurais buscando também a proteção
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para os pequenos agricultores, que almejavam um reconhecimento no setor agrícola e preços
acessíveis no arrendamento de terra.
Em 1955 foi criada a primeira Liga Camponesa, no engenho da Galiléia, no
município de Vitória de Santo Antão, no Estado de Pernambuco que se juntou a ULTAB
(União de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil), juntos deram início a uma luta,
englobando todos os camponeses do Brasil, tendo como objetivo principal a reforma agrária.
(STÉDILE, 1997. P. 11-13)
Neste contexto, multiplicaram as Ligas Camponesas de Francisco Julião, com
necessidade pública; para buscar seus direitos aos senhores de terra, melhores condições e
menos exploração nos contratos anuais de alugueis; posteriormente, consegui sua posse de
terra, por meio de reivindicações à uma reforma no meio agrário. (Oliveira, 2003. p. 524)
Baseados neste princípio, surgiram também organizações sindicais que tinham o
propósito de atrair o pequeno produtor e o trabalhador rural, na busca por uma estrutura
melhor em seu campo de trabalho. Como é um movimento contra a desigualdade e
reivindicações de direitos no campo, as organizações das Ligas e Sindicatos sofreram
conseqüências como violência e repressão, por parte da oposição ao governo João Goulart.
O ano de 1963 foi marcado como o ano da regulamentação de muitos Sindicatos
de Trabalhadores Rurais. O governo Goulart proporcionava aos órgãos um processo de
organização pelos seus direitos e propósitos, com destaque à reforma agrária, na tentativa de
estruturar o país através da atividade agrária voltada para o mercado interno, o que
beneficiava a pequena produção e o trabalhador rural.
Em 20 de dezembro de 1963 nasce a Confederação Nacional dos Trabalhadores
Rurais na Agricultura (CONTAG), fundada pelas Ligas Camponesas e os Sindicatos dos
Trabalhadores Rurais (STR), tendo seu reconhecimento oficial em 31 de janeiro de 1964. Isso
se deu alguns meses antes do golpe militar de 64, o qual teve como principio desmobilizar as
organizações e movimentos sociais através de perseguições, exilamentos e massacres, por
meio de interventores militares. Apesar dessas intervenções, a CONTAG continuava sendo
representante dos movimentos sindicais atuante na resistência contra a ditadura militar no
Brasil.
De acordo com Oliveira (1993. p. 28), naquela época, aconteciam muitas
mudanças em toda parte do território brasileiro: de um lado ULTAB, sobre as orientações do
PCB (Partido Comunista Brasileiro); e de outro lado, as Ligas Camponesas sob lideranças de
Francisco Julião. Estes buscavam organizar as primeiras manifestações que continham
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grandes quantidades de pessoas lutando pelos mesmos propósitos, direitos e melhorias no
campo, na busca de inserção dos seus interesses no debate nacional sobre a questão agrária.
De acordo com Gonçalves Neto (1997), na década de 1960, o setor agrário
brasileiro se constitui em um ponto de debate da política econômica do Governo Nacional
preconizada pela necessidade de otimização do campo. Para tal, duas principais linhas de
análise apontavam ou para a aplicação de uma reforma agrária ou para a modernização das
relações de produção sem que, necessariamente, se promovesse uma intervenção sobre a
estrutura agrária do país.
A segunda opção prevaleceu, obedecendo à política militar que se instala no país a
partir de 1964, abrindo precedentes para a intensificação da intervenção estatal no setor
agrário. O investimento, nesse setor, faria ressonância com a necessidade de, a partir da
exportação de produtos primários, diminuírem o déficit orçamentário e gerar o equilíbrio das
contas. (Borges 2007).
Para Gonçalves Neto (1997), os governos militares assumiram essa tarefa, com a
modernização do campo como etapa do planejamento de organização do território brasileiro,
sem preocupação com os problemas sociais que afligiam o setor agrário na época, o que é
confirmado pelo modelo excludente e concentrador em que ocorreu esse processo, refletido
no descaso com a política de reforma agrária.
O período militar era muito violento e cheio de repressão, principalmente quando
se referia aos diversos tipos de movimentos que lutavam contra as contradições do
capitalismo no campo, tinham a visão de concentrar ainda mais a propriedade da terra no
Brasil, necessária para o projeto de modernização do campo no país.
De acordo com Oliveira (1993), o governo militar colocou, um ponto final em
qualquer esperança sobre o plano de reforma agrária, prendendo, assassinado e exilando os
lideres dos movimentos, deixando muitos trabalhadores silenciados e desmotivados.
A única opção para os trabalhadores rurais era esperar um novo plano de governo
surgir. Enquanto isso, eram forçados a trabalhar em serviços provisórios e de pouco valor ou
migrar para outras cidades. Essas eram as duas saídas sociais que o governo oferecia para
eles, porque os sonhos de ter um pedaço de terra haviam acabado.
No entanto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais, nesse período, não perdeu
seu foco sobre a reforma agrária. Apesar de seus líderes serem presos, exilados e
assassinados, eles se organizavam para encontrar uma nova forma de agir, pelos interesses da
classe trabalhadora.
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De acordo com Stédile (1997), durante um período de 1979 a 1984, o Movimento
dos Trabalhadores Rurais Sem Terra organizaram diversas lutas realizadas em 16 Estados,
principalmente no Centro-Sul do país, buscando construir um movimento de um caráter mais
sólido.
De acordo com Oliveira (2001), no decorrer dos anos, as lutas dos Trabalhadores
Rurais serviam para alicerçar e intensificar ainda mais seus objetivos e visar suas conquistas
no decorrer de sua trajetória.
Primeiro surgiram lemas tais como: “Terra de Deus, Terra de irmãos”, “Terra para que
quem nela trabalha” e particularmente “Terra não se ganha, terra se conquista” que se
constituiu numa espécie de marca registrada no surgimento do MST. (...) Já a primeira
metade de década de 90 as palavras de ordem mudaram novamente, revelando a
necessidade do MST intensificar a luta pela terra (...) “Reforma Agrária essa luta é
nossa”, “MST agora é pra valer” e aquele que se constitui na mais importante palavra
de ordem do MST na década de 90: “Ocupar, Resistir e Produzir”. (Oliveira, 2001,
p.87)
1.1 Modernização do Campo e a Exclusão do Sertanejo
Através da análise do processo histórico das difíceis conquistas obtidas pelos
sertanejos, vimos que os movimentos dos trabalhadores no campo ganharam incentivos e
força, a partir da década de 1950, quando se organizaram para lutar por um objetivo maior: a
reforma agrária.
Baseado nesses conflitos sociais que ocorreram no campo, sucedido na década de
1960, iniciou-se um novo sistema: o processo de modernização no campo. (Graziano Neto,
1985, p.27).
Conforme Graziano Neto (1985), a modernização ocorreu com o surgimento de
novos equipamentos e técnicas inovadoras que proporcionaram ao produtor a não utilização
em grandes quantidades da mão-de-obra humana devido à chegada de equipamentos e
métodos modernos como; tratores, fertilizantes e outros que substituíram os trabalhadores.
Com esse novo sistema, o grande produtor utilizaria uma maneira fácil e rápida de trabalhar,
coerente com seus interesses capitalistas e, como resultado, a exclusão do sertanejo de sua
área de trabalho - a terra.
20
De acordo com Graziano Neto (1985), o novo modelo da agricultura brasileira
tinha também objetivos e maneiras diferentes de procurar transformações agrícolas em outras
áreas que lhes favoreciam: agricultura e pecuária. Já na década de 1970, com o sistema de
modernização organizado, houve incentivo pelo governo com diversos tipos de
financiamentos para o grande produtor: o setor agrário em desenvolvimento com uma
expansão enorme na agricultura e a exclusão clara do trabalhador rural. Gonçalves Neto
(1997, p.78), faz uma análise real sobre essa situação:
A década de 70 assistirá a uma profunda mudança. Impulsionada por uma política de
créditos facilitados, a agricultura brasileira não apenas respondeu às demandas da
economia, como foi profundamente alterada em sua base produtiva. O maciço
crescimento do uso da tecnologia mecânica, de defensivos e adubos, a presença da
assistência técnica, o monumental êxodo rural, permite dizer que o Brasil mudou e o
campo também.
Nesta citação, Gonçalves Neto traz uma clareza sobre o período de modernização
ao apontar a exclusão do trabalhador rural que são forçados a irem para as cidades em busca
de uma nova oportunidade para recomeçar suas vidas, trazendo consigo conseqüências sociais
como: o desemprego, a falta de moradia e, alimentação. Devido a essas circunstâncias, os
trabalhadores se uniram formando um movimento organizado, os “sem terras”, que lutavam
para obter seus direitos trabalhistas e um pedaço de terra.
Stédile (1997, p.29) faz uma análise das conseqüências e contradições geradas
pela modernização no campo que ainda existe em nosso país. Os conflitos sociais da zona
rural são um exemplo claro. Cada ano que se passa vem ganhando grandes proporções com
essas controversas; de um lado o grande produtor, com suas enormes quantidades de terras
improdutivas, e do outro temos os trabalhadores que sabem lidar com a terra e precisam dela
para sobreviver, não tendo a oportunidade de fazê-lo.
Conforme Stédile (1997) a CPT (Comissão Pastoral da Terra), ligada a Igreja
Católica desde 1975, tem oferecido seu trabalho ao registrar os movimentos sociais que
envolvem os trabalhadores rurais, que há décadas lutam por uma reforma agrária verdadeira,
no meio rural brasileiro. A CPT ocupava um papel muito importante em parceria com a Igreja
transmitindo uma linguagem simples e social para a população que havia sido prejudicada
pela modernização, entendendo bem a busca pela qual os trabalhadores rurais lutavam. O
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propósito principal da CPT era trabalhar o social e não o agrário e, por este motivo, apoiava a
trajetória dos camponeses e suas organizações.
1.2 Os Movimentos Sociais e o Sindicalismo em Goiás
Como abordamos nas discussões anteriores, os anos de 1950 e 1960 foram
considerados anos de representações e organizações à classe dos trabalhadores rurais que
alicerçaram seus objetivos na busca dos direitos trabalhistas, oportunidades e melhorias no
campo, assim como a conquista de um pedaço de terra, onde teriam uma estrutura econômica
diferenciada dentro de uma reforma reposicionada no espaço agrário brasileiro.
De acordo com Guimarães (2004), em Goiás não foi diferente em relação às
experiências e estruturas intensificadas nas lutas sociais nos campos goianos, que foram
alicerçadas pelas organizações camponesas que lutavam contra o avanço do capitalismo no
âmbito rural do Brasil. Os confrontos sobre as conquistas de terras eram feitas de forma
organizada para que atingissem os setores políticos goianos, na tentativa de uma proteção
política para os trabalhadores rurais e pequenos produtores da região.
Guimarães (2004) diz que o PCB, a Igreja Católica e outras organizações foram
de grande importância para os objetivos definidos do Sindicato que estava surgindo na região
centro-norte de Goiás, com apoios e propostas benéficas aos trabalhadores rurais na luta por
suas posses e direitos no campo. Organizados pelos Sindicatos Rurais, PCB, ULTAB e outras
organizações, os conflitos na zona rural na região de Goiás ganharam grandes proporções.
Com a posse do regime militar sobre o território brasileiro em 1964, as Ligas
Camponesas, os Sindicatos e as organizações ativas, que apoiavam os trabalhadores, foram
bloqueadas e reprimidas, desmotivando e paralisando os trabalhadores goianos e de todo
Brasil a lutar pelos seus direitos. Implantado um sistema rígido, a sociedade e principalmente
a classe menos favorecida, tinham de se submeter aos setores dominantes, que usufruía de
novos mecanismos tecnológicos, dificultando aos camponeses o cumprimento de seus direitos
e a oportunidade de ter um pedaço de terra em Goiás.
Esses movimentos em território goiano foram intensamente combatido, tendo em
vista que esse território era estratégico para o avanço do capital no campo e por conseqüência
era a porta de entrada para o projeto capitalista agroexportador que, mais tarde, na década de
22
1990, consolida-se no Centro Oeste brasileiro.
Este resumo histórico, que se refere aos trabalhadores rurais e seus combates no
campo goiano, refletem o desejo de uma democracia agrária. No entanto, percebe-se também,
a artimanha do capital sobre o trabalho, ao atingir o trabalhador rural no seu espaço.
Mendonça (2002, p.8), diz que „„a novidade é perceber que as novas formas de
controle social do capital sobre o trabalho alteraram a estrutura interna do modo de vida dos
camponeses e trabalhadores da terra”. Cabe as organizações sindicais reestruturar a classe
trabalhadora da zona rural, à resistir as contradições do processo capitalista, e ao mesmo
tempo se inserir de uma forma socialista no sistema de reprodução capitalista no espaço
agrário.
Mendonça (2002, p.9), discute que a “Reforma Agrária necessita ser
reposicionada no debate político nacional, pois o conteúdo da relação cidade-campo se
modificou substancialmente”. Hoje não existe mais a visão de que o campo é o lugar de atraso
e a cidade lugar de avanço; um grande exemplo é a região goiana que com a chegada da
modernização na agricultura, expandiu os setores agrários e levou tecnologia às áreas
consideradas impróprias para o cultivo de grãos. Portanto, foi possível proporcionar um
intercâmbio social entre os órgãos superiores avançados e os Sindicatos ao inserir o
trabalhador rural e o pequeno produtor nos avanços tecnológico e culturais que a
modernização oferece.
A análise de Mendonça (2002) diz que no momento, a Reforma Agrária é um
meio de se fazer justiça social em prol dos trabalhadores e pequenos produtores da região
goiana e do Brasil, que luta pelos direitos no campo e o almejado pedaço de terra. Essa só
será possível com a união da classe trabalhadora em torno de organizações que legitime a sua
luta, como é o caso do Sindicalismo Rural.
23
2. O SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS EM MONTES
CLAROS DE GOIÁS.
No município de Montes Claros de Goiás, existem dois Sindicatos com objetivos
diferentes, o STRM (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás) e
SIRUM (Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás/Sindicato do Produtor). Ambos buscam
crescimento e melhorias no campo com interesses diferentes para seus associados e cada um
representa uma classe social: o SIRUM defende os mais favorecidos economicamente e o
STRM representa os menos favorecidos, agindo como resistência ao sistema capitalista.
Imagem 2: Prédio do Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás (SIRUM)
Sindicato Rural de Montes Claros de Goiás (SIRUM)
Fonte: Silva, Joanice. 2011
24
O SIRUM busca interesses dos grandes produtores da região, tem a visão de
melhorar as condições de lucro para seus associados, usa perfeitamente o sistema capitalista a
favor dessa classe dominante, não representa de forma alguma o trabalhador rural.
Imagem 3: Prédio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás
(STRM)
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás (STRM)
Fonte: Silva, Joanice. 2011
O STRM no entanto, tem um foco voltado para a classe menos favorecida da zona
rural, trabalhando com interesses diferenciados, como: proporcionar melhores condições de
trabalho; buscar oportunidades através dos projetos oferecidos pelo governo; e representar o
trabalhador rural e o pequeno produtor no espaço social e político do município. Ao qual
focaremos a pesquisa.
Segundo os documentos oficiais, Ata de criação e organização do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais em Montes Claros de Goiás, o órgão deu início em 1997, a partir de
uma pequena associação dos trabalhadores rurais que precisariam de apoio para cobrar seus
direitos. Em um primeiro momento esses trabalhadores tinham apoio do STR de Iporá, mas
devido a distância e a difícil relação com o mesmo, os trabalhadores foram se desvinculando.
25
Havia apenas 15 famílias no município e essas famílias teriam que ir diretamente na sede em
Goiânia a FETAEG (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás). Houve
então, a necessidade de criar um sindicato para adquirir os direitos desses trabalhadores e dos
outros que iriam surgir.
Em 25 de maio de 1997, nasce o sindicato dos trabalhadores em Montes Claros de
Goiás, com o foco de conseguir um pedaço de terra para os trabalhadores que soubessem usá-
la como deveria. Hoje o sindicato tem um intuito diferente: a agricultura familiar, a qual luta
em prol dos direitos trabalhistas e de novas tecnologias que os pequenos produtores colocam
em prática com a produção de alimentos e matérias-primas como: a produção de leite,
plantação de cana e mandioca entre outros, buscando reconhecimento e novas relações de
mercado no meio social do município.
Como hoje a tecnologia vem crescendo na área agrícola, o sindicato luta para que
esses trabalhadores também cresçam utilizando os meios tecnológicos como benefícios, tendo
acesso a ferramentas e métodos modernos, agilizando sua produção no campo, conforme a
imagem 4.
Imagem 4: Meios tecnológicos oferecidos pelo (STRM) aos produtores associados
Meios tecnológicos oferecidos pelo STRM ( tanque de leite e caminhonete )
Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011.
26
O estatuto do sindicato tem como papel primordial no município representar e dar
suporte a classe que vive na zona rural. De acordo com o presidente do sindicato Walter
Moreira, mais de 500 famílias precisam do sindicato para conseguir créditos e financiamentos
rápidos e acessíveis. Faz também uma ressalva: “o governo, quando recebe um projeto sobre
a agricultura familiar, os métodos a serem utilizados chegam mais rápido. Não é como o MST
que tem que esperar em torno de 5 anos para ter um parecer”.
Conforme os documentos oficiais do sindicato, para que essas famílias recebam
ajuda elas tem que se adequar a algumas regras para entrar no programa que o governo
oferece por meio do sindicato aos trabalhadores e pequenos produtores. Essas famílias têm
que se encaixar nos módulos existentes no projeto, indo de 0 ao 4º módulo, onde receberão
ajuda através de um sistema classificatório, o qual é aplicado no projeto da agricultura
familiar. O módulo fiscal analisa os bens dos pequenos produtores de uma forma geral
independente da quantidade de terras que eles tem, dando classificações que determina a
situação dos produtores dentro dos módulos, como: de 0 ao 2º módulo é considerado mini
produtor; do 2º ao 4º módulo é o médio produtor; e do 4º ao 15º ou mais módulos são
considerados grandes produtores. Cada módulo corresponde a 45 hectares, variando pelo
tamanho do município. Se passar do 4º modulo não entra no programa oferecido pelo
governo, pois é considerado um empregador. O programa oferece cursos e oportunidades na
compra de ferramentas para quem está no modulo 0, recebendo ajuda e facilitações do
governo para adquirir suas posses.
De acordo com as informações levantadas em fonte direta e documentos de
aposentadorias dentro STR de Montes Claros de Goiás, como todos STRs do país, o sindicato
do município estudado é responsável pelo FUNRURAL (Fundo Rural) - programa criado
pelo o governo federal - que beneficia trabalhadores da zona rural, orientando os STRs a
requerer seus direitos no INSS (Instituto Nacional de Seguro Social). Logo após sua fundação
no município de Montes Claros de Goiás, o Sindicato começou a praticar ações referentes à
previdência social e mediante essas ações, obteve também muitas vitórias para os
trabalhadores rurais, principalmente àqueles que haviam tido problemas em se aposentar.
Com a intervenção do STRM muitos dos trabalhadores injustiçados receberam seu benefício.
O Sr. Benedito Gomes de Oliveira, um dos beneficiados do programa
FUNRURAL, diz no seu depoimento que antes de se associar ao Sindicato, pensava que iria
se aposentar quando chegasse a hora certa. Como, não conhecia bem seus direitos, restava-lhe
apenas espera os 65 anos chegar. Ao se mudar para a região de Montes Claros de Goiás, em
27
2001, se associou no STRM por orientações do Presidente do Sindicato. E começou a
contribuir com o Fundo Rural. Como já tinha 53 anos e trabalhou a vida toda na zona rural,
poderia se aposentar com 60 anos e sua esposa com 55.
“Achei bom me filiar no Sindicato, porque é uma entidade que se preocupa e ajuda o
trabalhador. Hoje vejo que o Sindicato cresceu socialmente e financeiramente, os
trabalhadores têm mais assistência do que na minha época, eles estão bem
entendidos de seus direitos, e tem apoio do governo para melhorar de vida e ganhar
mais dinheiro com o que faz no campo. Não tenho o que reclamar da direção, eles
são como nós, precisamos de oportunidades e credibilidade para crescer, até hoje
continuo contribuindo com o Sindicato, pago as mensalidades direitinho, pois eles
precisam se manter para ajudar outros trabalhadores.”
Para ele o Sindicato foi algo muito importante, principalmente na área econômica,
pois já estava cansado e não tinha forças e nem saúde para trabalhar. Hoje ele e a esposa são
aposentados pelo FUNRURAL, moram na cidade e recebe os benefícios todo mês sem
precisar trabalhar.
A função do Sindicato é lutar contra um sistema capitalista esmagador, que não se
importa com a classe sertaneja. Esse, por sua vez ajuda a fazer a diferença econômica do
município de Montes Claros de Goiás. Não podemos esquecer que o sindicato combate o
trabalho escravo rural, não aquele da época colonial, onde se possuía pessoas (Andrade,1991).
O trabalho escravo rural de hoje, é aquele que mexe com a dignidade do
trabalhador, fazendo-os sentirem-se diminuídos, não proporcionando equipamentos
adequados, forçando-os a uma carga horária enorme e deixando de esclarecer os direitos que o
sertanejo tem para melhorar seu desempenho no serviço. Tudo isso faz com que os
trabalhadores, juntamente com suas famílias, paguem para trabalhar. Cabe porém, ao
sindicato levar clareza a esses trabalhadores para combater o sistema capitalista, oferecendo
ajuda para buscar seus direitos, os quais a maioria deles não tem acesso (documentos oficiais
do STRM).
Conversando com o Presidente do Sindicato do município de Montes Claros de
Goiás Walter Moreira, ele faz algumas colocações sobre o papel do sindicato dizendo:
“O Sindicato dos Trabalhadores Rurais, age como um despertador para os
trabalhadores no município, que se sentem anestesiados pelo sistema capitalista, dá
chance a eles de obter novas oportunidades no seu ramo de trabalho, no
cumprimento dos direitos e de lutar pela sonhada reforma agrária e aproveita as
28
tecnologias e projetos que são oferecidos a eles, para que possam crescer no campo.”
Como o Sindicato tem um foco voltado para agricultura familiar, ele acreditou no
cooperativismo entre os pequenos produtores rurais que se encaixam nos módulos de 0 a 4º.
Ele viu que os trabalhadores estavam tendo dificuldades, principalmente na parte econômica;
na hora de vender o leite, eles não estavam tendo o controle de sua renda. Então, houve a
necessidade de criar a cooperativa do leite. Segundo os dados oficiais, com o apoio do STR, a
cooperativa foi criada em 25 de agosto de 2009, cujo projeto dá incentivos oferecendo espaço
dentro da sede, assim como funcionários e outros benefícios. Esse projeto foi criado para os
pequenos produtores, os quais têm a oportunidade de estar acompanhando a venda do seu
produto.
O Sr. Welitom José Guimarães é o responsável pela organização do
funcionamento do projeto que vem melhorando a renda dos produtores que fazem parte da
cooperativa. Para que o projeto se mantenha é cobrado 0,2 centavos em cada litro de leite,
pois não recebe verba alguma do governo, e por isso tem somente o apoio do sindicato e dos
pequenos produtores rurais com essa taxa.
Conversando com o Sr Welitom, ele faz alguns relatos dizendo:
“Hoje os pequenos produtores têm o controle do seu produto, e ao mesmo tempo são
incentivados a produzir mais independente da quantidade que eles produzem e estão
vendo que o produto deles tem valor. Quando o projeto começou a ser executado o
valor do litro de leite era de 0,58 centavos e agora está a 0,88 centavos. Através
deste crescimento vimos que houve uma grande influência na economia do
município, porque o dinheiro ganho gira dentro da própria cidade”.
O Presidente Walter Moreira foi um dos fundadores do sindicato, o qual luta em
prol de melhorias para os trabalhadores rurais, assim como novos projetos que beneficiam a
classe rural que almeja ter um espaço econômico valorizado, e ampliações da sede para a
realização de reuniões, cursos disponíveis aos pequenos produtores e trabalhadores.
Apesar de ter uma estrutura física inadequada, bem diferente do que os
trabalhadores e lideranças desejam, o Sindicato conseguiu e está conseguindo prosseguir em
atividades importantes no meio social.
Como já foi discutido, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de
Goiás, iniciou suas atividades em prol dos trabalhadores e pequenos produtores no ano de
29
1997, com intuito de dar suporte e desenvolver uma consciência crítica, com uma proteção
política a favor dos trabalhadores da zona rural. O gráfico 1 apresenta o crescimento do novo
órgão, no espaço político e social do município.
Gráfico 1:
237
393493
634744
836910
10461125
12041273
1341 1385 1428 1465
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Trabalhadores Associados
ANOS
Trabalhadores que se Associaram no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás – desde sua
Fundação até os dias atuais
Fonte: Livro de Registro de Associados do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011
Org.: Silva, Danúbio Borges da. 2011
Diante dos dados podemos perceber que o STR de Montes Claros de Goiás teve
um aumento satisfatório nas ações sindicais, desde sua criação, tento em vista o crescimento
no número de associados. Sinal de um bom trabalho desenvolvido na busca de seus objetivos,
o que transmite confiança.
O gráfico 2 nos mostra o número de inscrições por ano, onde percebemos uma
oscilação, que por falta de fontes, não foi possível explicar claramente os motivos da mesma,
no entanto, após conversas informais, com membros e liderança do sindicato, algumas
hipóteses foram levantadas.
30
Gráfico 2:
0
237
156
100
141
11092
74
136
79 7969 68
44 43 37
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Trab
alh
ado
res
insc
rito
s
ANOS
Quantidade de Trabalhadores Inscritos no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes
Claros de Goiás ( de ano em ano)
Fonte: Livro de Registro de Associados do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011
Org.: Silva, Danúbio Borges da. 2011
A primeira se refere ao ano 1997, foi o ano que houve mais inscrições, por ser o
ano da implantação da entidade; segunda é que de 1998 a 2003 os números de inscritos caiu,
devido o município ser pequeno e o número de trabalhadores e pequenos produtores
interessados, já terem se inscritos antes, considerando assim, um fato normal; a terceira é que,
em 2004 o aumento no número de inscrições se deva a um novo foco do STR de Montes
Claros de Goiás, o projeto da agricultura familiar, no qual teriam mais incentivos por parte do
governo, principalmente quando o PT (Partido Trabalhista), tinha Lula como o novo
Presidente. Este, por ter enfrentado conflitos semelhantes aos deles, despertou o interesse dos
trabalhadores rurais do município e de outras regiões como Diorama, para se associarem a
uma entidade que lutasse por seus interesses, tendo uma autoridade política que os entendesse
bem; a quarta, é que, nos anos posteriores, o número de inscrições reduziu devido à condição
normal, semelhante à segunda hipótese.
Um fato concreto é que, em 2009, teve uma grande queda, com a implantação de
uma extensão do STR de Montes Claros de Goiás no município de Diorama, pois havia
31
muitos associados que precisavam de suporte devido à distância que dificultava suas
participações ativas na entidade.
Gráfico 3:
62,4%ATIVOS
TRANSFERIDOS
20%
INATIVOS
17,6%
SITUAÇÃO ATUAL DOS ASSOCIADOS NO SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS DE MONTES CLAROS DE GOIÁS
915 Pessoas (ATIVOS)
292 Pessoas (TRANSFERIDOS)
258 Pessoas (INATIVOS)
QUANTIDADES DEPESSOAS:
Fonte: Livro de Registro de Associados do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Montes Claros de Goiás, 2011
Org.: Silva, Danúbio Borges da. 2011
Através dos dados coletados temos a situação atual dos associados ativos no
Sindicato, atingindo uma maioria de 62,4%, que de alguma forma estão inseridos na entidade
em prol de seus interesses econômicos e de melhorias. 20% dos associados foram
transferidos; alguns se mudaram para outras cidades e outros continuaram no município,
adquiriram mais terras e se transferiram para outro Sindicato do Produtor que atende a
interesse do grande produtor.
É o caso do Sr. José, que resguardamos o sobrenome para a não exposição do
mesmo, o mesmo, nos relatou que até em 2004 era associado com o STRM, depois do projeto
da agricultura familiar não tinha como ele continuar, pois já estava no 5º modulo fiscal onde
foram analisados de uma forma geral todos os seus bens, o qual recebeu uma nova
classificação: grande produtor, havia se tornado um empregador precisava por tanto de uma
entidade que defendesse seus interesses e não de seus funcionários. Então, resolveu se
transferir para o Sindicato do Produtor, onde pagaria seus impostos sindicais.
32
As informações analisadas no gráfico 3, mostram em porcentagens que 17,6% dos
associados são inativos; alguns falecerem e a maioria são aposentados, os quais residem na
cidade, deixando suas posses como herança para os filhos, ou se desfez delas através de
vendas.
Diante dos dados coletados no Sindicato, temos o número de 915 associados
ativos, entre trabalhadores e pequenos produtores. É uma realidade que a sociedade
montesclarense desconhece, por não se importar com essa classe que influencia positivamente
o espaço social e econômico do município.
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A precarização do trabalhador rural no Brasil foi o resultado do processo histórico
de produção do território brasileiro, que desde o surgimento teve como base o modelo
excludente, concentrador e explorador, seja do trabalhador rural, ou qualquer outro meio no
qual o sistema capitalista se insere. Nesse caso, em especial, com o trabalhador e pequeno
produtor rural, foram explorados e submetidos. Com a modernização tecnológica do campo
brasileiro, a partir de 1960, pois além da exploração, começou-se a encadear a exclusão do
trabalhador e pequeno produtor do campo e em conseqüência, ao aumento da migração
urbana dos mesmos, aumentando a massa de despossuídos.
A pesquisa estava direcionada na resistência do trabalhador rural e pequenos
produtores, neste contexto de precarização, na qual pretendeu-se fazer uma leitura de situação
dos mesmos no Município de Montes Claros de Goiás. Analisando o desempenho do
Sindicato na busca de reconhecimento, a essa classe que, vem influenciando o espaço agrário
e econômico da região. Na maioria das vezes, enfrentam problemas socioeconômicos,
impedindo o desenvolvimento na sua área de trabalho: o campo.
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Montes Claros de Goiás, exerce
um grande papel em relação ao processo capitalista, buscando melhorias e oportunidades a
essa classe que precisa de apoio, ferramentas e métodos modernos para conseguir se adequar
aos meios de produção do sistema capitalista esmagador. Mesmo com os direitos e
oportunidades que lhes são oferecidos, ainda não é o suficiente para que eles tenham um
reconhecimento no espaço social e econômico no município, mesmo fazendo uma diferença
muito grande como: o combate ao trabalho escravo rural, ajudando as pessoas à receber o
benefício pelo FUNRURAL, aos quais estavam cansadas de trabalhar e esperar a
34
aposentadoria, dentre várias outras prestações de serviços á essa classe trabalhadora, em
especial, à rural.
O STRM usa o processo capitalista entrelaçado ao socialista, a favor dos
pequenos produtores e trabalhadores da zona rural do município estudado, fazendo com que
eles tenham acesso à modernização através de incentivos governamentais.
Pesquisar e estudar sobre os movimentos sociais, trajetória e as conquistas dos
trabalhadores rurais desde 1950 até os dias atuais foi uma oportunidade única, pois cada autor
proporcionou a formação de conhecimentos e idéias, na realização desse trabalho, no qual,
possa ajudar outros simpatizantes pela luta, conhecimento e entendimento de um sindicato,
seja de trabalhador rural, de professores, operários, dentre outros, que define como uma
associação de indivíduos da mesma classe ou profissão para a defesa e busca de seus
interesses.
Buscar esses conhecimentos profundos sobre o STRM foi importante na
elaboração deste trabalho devido à oportunidade de aprender sobre o funcionamento e as
ações sindicais, na qual a relevância pessoal foi um fator primordial na construção de idéias
para o projeto pesquisado. Com isso, foi construído um olhar diferente a respeito e orgulho
em relação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais, por representar uma classe muito grande
de trabalhadores que buscam um crescimento, e até para sobreviver, neste mundo capitalista
que a cada dia massacra-os.
35
REFERÊNCIAS
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36
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37
Atas:
ACESSO DE DOCUMENTOS ORIGINAIS. Processos de Aposentadoria dos associados no
Sindicato para receber o FUNRURAL.
DOCUMENTOSO OFICIAIS DO SINDICATO DOS TRALHADORES RURAIS DE
MONTES CLAROS DE GOIÁS. Sobre o projeto Agricultura Familiar.
DOCUMENTOSO OFICIAIS DO SINDICATO DOS TRALHADORES RURAIS DE
MONTES CLAROS DE GOIÁS. Sobre Cooperativa do Leite. Criada em 25/08/2009.
DOCUMENTOS OFICIAIS DA PREFEITUTA MUNICÍPIAL DE MONTES CLAROS DE
GOIÁS. Sobre a criação do município.
SINDICATO DOS TRALHADORES RURAIS DE MONTES CLAROS DE GOIÁS. Ata de
criação no dia 25/05/1997. Montes Claros de Goiás.
Entrevistas:
GUIMARÃES, Welitom José. Entrevista sobre a cooperativa do leite e o apoio do
Sindicato. Montes Claros de Goiás. 17/08/20011.
SANTOS FILHO, Walter Moreira dos. Entrevista sobre a criação e o foco do Sindicato em
pro dos trabalhadores rurais 22/06/2011.
OLIVEIRA, Benedito Gomes de. Entrevista sobre sua aposentadoria com ajuda do
Sindicato no FUNRURAL. Montes Claros de Goiás, 26/08/2011.
PERES, José Itácio. Entrevista sobre sua transferência para o Sindicato Rural (Sindicato
do Produtor Rural). Montes Claros de Goiás. 05/10/2011.