a pesquisa atravÉs da documentaÇÃo histÓrica ... · vale destacar que faremos uma breve...

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A PESQUISA ATRAVÉS DA DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA: INSTRUMENTOS QUE NOS REVELAM ASPECTOS DA EDUCAÇÃO FEMININA NO SÉCULO XIX Autora: Gillyane Dantas dos Santos Graduanda de Pedagogia UFRN/CERES [email protected] Co-autora: Tânia Cristina Meira Garcia Professora Doutora do Departamento de Educação UFRN/CERES [email protected] RESUMO Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma descrição sobre a utilização de documentos históricos como instrumentos para o desenvolvimento metodológico da pesquisa histórica, descrevendo, ainda, os achados históricos sobre a educação feminina no Seridó oitocentista. Nessa perspectiva, o presente estudo desenvolveu-se através de duas abordagens fundamentais: a pesquisa de caráter bibliográfico e a pesquisa documental, de modo que a primeira serviu para levantarmos as leituras indispensáveis para o desenvolvimento teórico do trabalho e, a segunda para coleta de informações relativas ao objeto de estudo a educação da mulher oitocentista. Dessa forma, de modo a construir o suporte teórico do estudo, utilizamos, principalmente as produções de: Marconi e Lakatos (1982) e Vieira; Peixoto e Khoury (1989), para evidenciar aspectos importantes da pesquisa científica, histórica e da utilização de documentos históricos. Além desses, na perspectiva da história da educação e história regional, destacamos as contribuições de Macêdo (2005; 2015), Mattos (1985), Medeiros (1887), Medeiros Neta (2001), que nos apresentaram aspectos do surgimento do território hoje conhecido por Seridó, além de nos mostrar elementos influenciadores da organização social e educacional dessa região no final do século XIX. Além desses, os autores que nos deram suporte para sobre a educação da a mulher, foram: Assis (2001), Del Priore (2006; 2009; 2011), D’incao (2011), Falci (2009) e Perrot (2007). Por fim, e não menos importante, para entender a composição da própria fonte para coletas dos dados empíricos (os documentos históricos, inventários e testamentos) utilizamos dos estudos de Berwanger (2008), Furtado (2009), Vogot e Radunz (2013). Nessa estreita, enfatizamos a utilização de documentos históricos como inventários e testamentos, como instrumentos para a realização de uma pesquisa histórica, destacando os elementos presentes na organização estrutural destes, que nos permitem entender a organização social, econômica, familiar e educacional vivenciada na realidade estudada. Assim, a partir dos dados bibliográficos e empíricos, tivemos a oportunidade de entender que a educação da mulher sertaneja oitocentista estava diretamente ligada aos aprendizados espirituais e morais, o que a tornava numa mulher voltada prioritariamente para o lar, baseada fundamentalmente no aprendizado da Doutrina Cristã e dos “bons costumes”. Palavras-Chave: Pesquisa histórica. Seridó. Educação feminina. INTRODUÇÃO Para o desenvolvimento integral de toda e qualquer pesquisa, é necessário estabelecer uma metodologia específica que possibilite a escolha de instrumentos e análises pertinentes para a busca por respostas e elucidações de fatos, conforme podemos perceber quando Marconi e Lakatos (1982) destaca o significado do termo pesquisa:

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A PESQUISA ATRAVÉS DA DOCUMENTAÇÃO HISTÓRICA:

INSTRUMENTOS QUE NOS REVELAM ASPECTOS DA EDUCAÇÃO

FEMININA NO SÉCULO XIX

Autora: Gillyane Dantas dos Santos

Graduanda de Pedagogia UFRN/CERES

[email protected]

Co-autora: Tânia Cristina Meira Garcia

Professora Doutora do Departamento de Educação UFRN/CERES

[email protected]

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma descrição sobre a utilização de

documentos históricos como instrumentos para o desenvolvimento metodológico da

pesquisa histórica, descrevendo, ainda, os achados históricos sobre a educação feminina no

Seridó oitocentista. Nessa perspectiva, o presente estudo desenvolveu-se através de duas

abordagens fundamentais: a pesquisa de caráter bibliográfico e a pesquisa documental, de

modo que a primeira serviu para levantarmos as leituras indispensáveis para o

desenvolvimento teórico do trabalho e, a segunda para coleta de informações relativas ao

objeto de estudo – a educação da mulher oitocentista. Dessa forma, de modo a construir o

suporte teórico do estudo, utilizamos, principalmente as produções de: Marconi e Lakatos

(1982) e Vieira; Peixoto e Khoury (1989), para evidenciar aspectos importantes da pesquisa

científica, histórica e da utilização de documentos históricos. Além desses, na perspectiva

da história da educação e história regional, destacamos as contribuições de Macêdo (2005;

2015), Mattos (1985), Medeiros (1887), Medeiros Neta (2001), que nos apresentaram

aspectos do surgimento do território hoje conhecido por Seridó, além de nos mostrar

elementos influenciadores da organização social e educacional dessa região no final do

século XIX. Além desses, os autores que nos deram suporte para sobre a educação da a

mulher, foram: Assis (2001), Del Priore (2006; 2009; 2011), D’incao (2011), Falci (2009) e

Perrot (2007). Por fim, e não menos importante, para entender a composição da própria fonte

para coletas dos dados empíricos (os documentos históricos, inventários e testamentos)

utilizamos dos estudos de Berwanger (2008), Furtado (2009), Vogot e Radunz (2013). Nessa

estreita, enfatizamos a utilização de documentos históricos como inventários e testamentos,

como instrumentos para a realização de uma pesquisa histórica, destacando os elementos

presentes na organização estrutural destes, que nos permitem entender a organização social,

econômica, familiar e educacional vivenciada na realidade estudada. Assim, a partir dos

dados bibliográficos e empíricos, tivemos a oportunidade de entender que a educação da

mulher sertaneja oitocentista estava diretamente ligada aos aprendizados espirituais e

morais, o que a tornava numa mulher voltada prioritariamente para o lar, baseada

fundamentalmente no aprendizado da Doutrina Cristã e dos “bons costumes”.

Palavras-Chave: Pesquisa histórica. Seridó. Educação feminina.

INTRODUÇÃO

Para o desenvolvimento integral de toda e qualquer pesquisa, é necessário estabelecer

uma metodologia específica que possibilite a escolha de instrumentos e análises pertinentes

para a busca por respostas e elucidações de fatos, conforme podemos perceber quando

Marconi e Lakatos (1982) destaca o significado do termo pesquisa:

De acordo com o Webster’s International Dictionary, a pequisa é uma

indagação minuciosa ou exame crítico e exaustivo na procura de fatos e

princípios uma diligente busca para averiguar algo. Pesquisa não é apenas

procurar a verdade; é encontrar respostas para questões propostas,

utilizando métodos científicos. (MARCONI; LAKATOS, 1982, p. 15,

grifo dos autores)

Nessa esfera entre desvendar a partir de inquietações do estudioso e buscar meios

para a comprovação dos fatos, o pesquisador necessita estreitar as relações com a

metodologia científica de modo a dar suporte as suas conclusões e observações.

Nesse contexto, é indispensável que se defina qual o tipo de pesquisa a ser

desenvolvido, facilitando as escolhas dos instrumentos a serem utilizados

metodologicamente. No estudo que hora apresentamos a definição metodológica se deu a

partir da pesquisa bibliográfica e documental como tipologias norteadoras do

desenvolvimento do trabalho.

Caracterizando a pesquisa bibliográfica, que segundo Marconi e Lakatos (1982, p.

57), se caracteriza por “tratar-se do levantamento de toda bibliografia já publicada e que

tenha relação com o tema em estudo”, ou seja, é quando o pesquisador em seu discorrer

intelectual, utiliza informações pertinentes ao seu trabalho que já foi estudado e escrito por

outra pessoa, definindo os elementos fundamentais para a ancoragem teórica de da sua

produção.

Por sua vez a pesquisa documental, segundo Best (1972), citado por Maconi e

Lakatos (1982, p. 19), é uma tipologia que descreve fatos e elementos do que já passou, ou

seja, como o nome já alude: aspectos históricos, os quais se encontram registrados em

documentos reconhecidos publicamente. Nessa estreita, a pesquisa histórica tem como

característica particular descrever e refletir sobre fatos passados, embora nem sempre seja

necessário fazer a correlação entre passado, presente e futuro. A pesquisa histórica, como

é sabido, pode ser descritiva de modo a evidenciar o que aconteceu em determinado período

sem que haja a necessidade de estabelecer um paralelo com a realidade vivenciada no

presente e em uma conjectura do futuro.

Uma vez que toda pesquisa, independente da tipologia, necessita de um objeto de

investigação, dessa forma, necessariamente definimos para nosso estudo a utilização de

documentos que permitiram ao pesquisador um olhar mais apurado do seu objeto.

Documentos sejam eles legais, como legislações; formais, como documentos redigidos sob

a luz judicial; informais, elementos produzidos que tornaram-se de indispensável relação

com a pesquisa, possibilitando uma reflexão pessoal do investigador acerca do objeto.

A gama de documentos e elementos que se apresentam como meios que permitem ao

pesquisador evidenciar, em sua completude, elementos tipificadores da sua pesquisa é vasta,

como já se sabe. E, nesse sentido, cabe seguir os instrumentos de acordo com a necessidade

de cada estudo.

Face a isto, de modo a contemplar os objetivos principais que perseguimos, qual seja,

o de evidenciar aspectos inerentes a educação feminina no século XIX, utilizamos a leitura

de documentos históricos, de modo que esses contemplaram de maneira ampla a discussão

e delataram o olhar sobre a realidade estudada.

O documento histórico como um instrumento de pesquisa escrito por alguém em um

determinado tempo e contexto, apresenta-se, dependendo da sua conservação, sempre de

maneira estável, oferecendo as mesmas informações, porém “a mutabilidade do documento

tem relação com o sentido que o presente confete a tais personagens ou fatos.” (PINSKY;

LUCA, 2009, p. 13). Ou seja, o objetivo e o olhar do pesquisador é que transformam aqueles

escritos estáveis em novas e relevantes informações.

Assim,

A relação do historiador com o documento também se modifica. O

documento já não fala por si mesmo mas necessita de perguntas adequadas.

A intencionalidade já passa a ser alvo de preocupação por parte do

historiador, num duplo sentindo: a intenção do agente histórico presente no

documento e a intenção do pesquisador ao se acercar desse documento.

(VIEIRA; PEIXOTO; KHOURY, 1989, p. 15).

Nesse contexto, o olhar do pesquisador, motivado por uma inquietação, é o elemento

definidor do que será filtrado de um documento histórico composto por ricas informações

acerca de um tempo e contexto social, econômico e educacional.

Vale destacar que faremos uma breve descrição da importância da utilização de

documentos históricos como instrumentos que nos possibilitaram comprovar frente a

pesquisa histórica, qual era o perfil educacional seguido pela mulher oitocentista do Seridó.

METODOLOGIA

Conforme já mencionado, para o desenvolvimento desse trabalho inicialmente

fizemos uso da pesquisa bibliográfica, onde ampliamos o leque teórico que serviu de base

sustentadora dos estudos e observações.

Nessa estreita, utilizamos diversas leituras para contemplar a inquietação da pesquisa

em seus aspectos teóricos. Dessa forma, elencamos como aportes indispensáveis para esse

estudo no que diz respeito a elucidação dos aspectos da pesquisa científica e histórica,

ampliando o olhar para quais sejam os objetivos dessas produções, de modo que utilizamos

as produções de: Marconi e Lakatos (1982), bem como, Vieira; Peixoto e Khoury (1989).

Afunilando ainda mais os aspectos metodológicos, estabelecendo as leituras para a

compreensão dos documentos históricos utilizados para coleta de dados, adentramos os

escritos de: Furtado (2009), Berwagner e Leal (2008), Vogot e Radunz (2013).

No que se refere aos estudos feitos a partir da realidade do recorte espaço-temporal

da pesquisa, o Seridó desde o seu surgimento até o século XIX, destacamos a produção

escrita de Macêdo (2005;2015), Mattos (1985), Medeiros (1887), Medeiros Neta (2001).

Paralelo a essas leituras, também selecionamos Assis (2001), Del Priore (2006; 2009; 2011),

D’incao (2011), Falci (2009) e Perrot (2007) que nos apresentaram de maneira detalhada as

características do ser mulher na época em que esse estudo se debruça. Esses autores, além

de outros, foram de fundamental importância para o desenvolvimento teórico do trabalho.

Paralelo a pesquisa bibliográfica, desenvolvemos, como suporte de base empírica, a

pesquisa histórica na perspectiva da investigação documental exploratória. Nesse contexto,

destacando que “documentos são todos os materiais escritos que podem servir como fonte

de informação para a pesquisa científica” (MARCONI; LAKATOS, 1982, p. 56). A partir

dessa caracterização, estreitando o entendimento e aproximando dos documentos

pesquisados, os autores ainda destacam a característica dos documentos de fonte primária

como sendo “aqueles de primeira mão.” (Ibidem, p. 56).

Sendo assim, utilizamos, no presente estudo, fontes históricas, que estão sob a

custódia do Laboratório de Documentação Histórica (LABORDOC) do Centro de Ensino

Superior do Seridó (CERES/UFRN, Caicó), constituídas de inventários post-mortem e

testamentos. Disponíveis em 110 (cento e dez) volumes referentes ao período de 1870-1880,

recorte temporal da pesquisa.

Estes documentos apresentam-se como ricas fontes de dados, os quais nos permitem

entender como era a organização social, política, econômica e cultural da região e época. Tal

documentação, que diz respeito a pessoas que viveram na Ribeira do Seridó, faz parte do

Fundo da Comarca de Caicó e grupo do 1º Cartório Judiciário.

Embora sejam documentos que nos permitam adentrar o interior das nuances

familiares e sociais, eles apresentam uma distinção entre si, como podemos perceber:

[...] pode-se dizer que o testamento é produzido nos momentos que

antecedem a morte e nele fica registrada a última vontade do testador

relativa ao que ele deseja que seja feito com seus bens. Já o inventário é

feito após a morte, também chamados inventários post mortem, e por ele

os bens do morto são distribuídos conforme as disposições legais e sua

última vontade, no caso de haver testamento. (FURTADO, 2009, p. 93,

grifo da autora).

Dessa forma, entendemos a distinção entre estes documentos, mas percebemos como

se complementam. Não é regra que todo inventário venha acompanhado de um testamento,

isso dependia das condições familiares, dos aspectos financeiros e do desejo pessoal de cada um.

Face a isto, prioritariamente o presente estudo desenvolveu-se a partir da pesquisa

bibliográfica, onde foram levantados os dados de base teórica, a medida que efetivou-se a

pesquisa histórica documental, que deu condições para que fosse feito o levantamento de

dados empíricos necessários para a comprovação dos estudos bibliográfico.

PROBLEMÁTICA E APROFUNDAMENTO DO TEMA

Tendo como objetivos norteadores evidenciar a educação da mulher sertaneja no

século XIX, mais precisamente no período que vai de 1870 a 1880, e enfatizar a utilização

da pesquisa histórica documental, por meio da exploração de documentos históricos como

metodologia rica em informação, esse estudo partiu da seguinte problemática: Como os

documentos históricos de base primária contribuem para o estudo histórico a respeito de uma

região e população em seus aspectos sócio educacionais?

Partindo dessa premissa, os documentos utilizados na pesquisa documental, já

citados anteriormente, compuseram um vasto acervo exemplificador da realidade local da

região e época em estudo. Vez que os inventários “são documentos processuais que tratam,

fundamentalmente, do arrolamento da acumulação da fortuna de todo o ciclo de vida de um

indivíduo [...], o que fundamenta a partilha de seu patrimônio entre outros herdeiros.”

(SAMARA; TUPY, 2010, p. 91), estes se convertem em importante fonte de informação.

A organização desses documentos segue uma determinada ordem de acordo com as

exigências e prioridades judiciais de cada região. No que se refere aos documentos

elaborados na Cidade do Príncipe1, seguiam, geralmente, a seguinte ordem: folha de

1 Quanto às nomenclaturas que a região sertaneja passou a receber até alcançar a denominação de cidade,

podemos evidenciar as datas que caracterizam essa transição, segundo Macêdo (2005, p. 67; 75): em 1735 a

região sertaneja passa a ser povoação, 1788 passa a ser Vila Nova do Príncipe; em 1868 começa a ser conhecida

como Cidade do Príncipe; em 1890 recebeu o nome de Cidade do Seridó e, posteriormente, ainda em 1890,

oficialmente contemplou-se com o nome de Cidade de Caicó.

apresentação, onde são elencadas as informações principais do conteúdo do documento, bem

como, algumas informações do inventariado, como o local de morada; após segue a

descrição detalhada dos herdeiros2 do inventariado, destacando, na maioria dos casos,

nomes, idades, estado civil e logradouro.

Sequencialmente, aparecem as descrições dos bens, onde através da observação dos

avaliadores estabelecidos pelo Juiz, eram descritos todos os espólios pertencentes aquele

falecido, assim como também os valores de cada elemento. Como podemos ver, a título de

exemplo, apresentamos a imagem a seguir, que apresenta uma parte do arrolamento dos bens

de José de Sá Barroso (1876), para que possamos perceber a sutileza e o cuidado detalhado

nas descrições:

Figura 1 - Descrição de bens

“Moveis // Declarou haver ú jogo de caixas grande [ilegível] avaliada em vinte e quatro mil reis_24//000 //

Assim mais ú jogo digo uã cama velha quebrada avaliada em mil reis_1//000 // Assim mais uã tranqueira velha

avaliada em dois mil reis_2//000 // Assim mais uã mesa velha sem gavetas avaliada em oito mil reis_8//000 //

Assim mais ú banco [ilegível], avaliado em dois mil dusentos e oitenta digo dois mil_2//000 [...] (sic)”.

Inventário-Inventariado: José de Sá Barroso (1876). LABORDOC-UFRN/CERES. Crédito da imagem:

Gillyane Dantas.

Conforme podemos ver na imagem anterior, os bens arrolados de cada inventário, é

detalhadamente descrito, enfatizando também a condição física de cada item, bem como os

2 A extensão de herdeiros variava da quantidade dos filhos, uma vez que encontra-se como herdeiro além da

prole, os irmãos, sobrinhos, sogros, sogras, pais, ou seja, outros parentes do inventariado.

valores destinados a cada um, o que nos oferece uma visão ampla das condições econômicas

e sociais da família e, consequentemente, da sociedade, vista a quantidade de inventários

estudados.

Ainda a respeito da estrutura dos inventários, após o arrolamento dos bens, os

herdeiros que sabem escrever assinam, e os que não sabem, ou o escrivão ou até mesmo os

outros herdeiros assina a seu “rogo”, como descreve algumas expressões vistas nessas partes:

“assigno a rogo de [...] por não saber ler nem escrever (sic)”. Esse é um elemento que quando

observado com cuidado nos apresenta uma visão ampla da realidade de instrução da região,

pois ao, minunciosamente, observar essas passagens percebemos que em sua grande maioria

destina-se essa expressão às mulheres, o que significa que no contexto da época, estas eram

as pessoas quem mais tinham essa necessidade de ter alguém para assinar a seu rogo, visto

o seu grau de instrução ser muito baixo, se quer, em alguns casos, chegava a existir, veremos

mais sobre essa questão adiante.

Sequencialmente, são feitos os autos de juramento, para que o inventariante jure de

acordo com os “Santos Evangelhos3”, se comprometendo dessa forma, de acordo com a

moral espiritual e civil qual é o seu papel, além de declarar honestidade frente a sua função.

Esses juramentos podem ser encontrados em diferentes partes do documento, evidenciando

a forte relação que a religião exercia na sociedade, uma vez que é indiscutível a preocupação

judicial de trazer a moral religiosa a rigor na redação e na subjetividade dos documentos.

Após isso, é descrita a partilha, onde o são elencados os bens destinados a cada

herdeiro e o valor final de sua herança. Novamente os herdeiros são levados a assinar, e se

caso na lista de herdeiros tiver menores, é feito o termo de tutela, onde o tutor escolhido

judicialmente (geralmente, homem, seja pai, tio, avô, irmão, a depender do caso) faz também

os juramentos perante o juiz e declara estar ciente da sua função enquanto administrador dos

bens e pessoas dos órfãos.

Em alguns casos, podemos encontrar uma seção inventarial chamada Auto de Contas,

em que o tutor, periodicamente, a cada três anos em média, deve prestar contas ao juiz de

como está sendo gasto os bens e finanças do seu tutelado, como também, declarar como está

sendo sua vida, idade, como está de saúde, em companhia de quem permanece, por fim,

declarar aspectos sobre a educação e instrução do mesmo.

Em suma, os inventários seguem essa lógica estrutural descrita, podendo variar em

mais ou menos documentos, a depender de cada caso. Mas, em todos, indiscutivelmente,

3 Expressões retiradas dos autos presentes nos inventários

teremos acesso a relação de herdeiros e, principalmente, aos bens, informações necessárias

para a compreensão da realidade local em seus demasiados aspectos.

Nessa conjuntura, através da pesquisa bibliográfica, pudemos compreender o

surgimento do Seridó, como uma realidade contemplada por invasões e regada por disputas

de interesses, a ocupação do sertão não foi pacífica, como podemos ver:

A conquista do sertão não foi pacífica. Vendo invadido seu território, os

índios se levantaram, com a mais legítima determinação guerreira, contra

os primeiros assentamentos de fazendas no interior na Capitania do Rio

Grande do Norte. (MACÊDO, 2005, p. 35).

Assim, foi através da busca por terras propícias ao criatório de gado que por volta do

século XVII, que donos de animais mandaram seus vaqueiros seguirem por caminhos e

buscassem por esses espaços, e seguindo os leitos dos rios esses trabalhadores percorreram

longos pedaços de chão e encontraram o sertão. .

Nesse contexto, por longos períodos, a pecuária foi a principal fonte de renda do povo

sertanejo, sendo característica das famílias abastadas o acumulo de riquezas através da

obtenção de animais, terras e propriedades. Conforme podemos perceber nos documentos

estudados, que em sua grande maioria apresentavam bens que mostravam o perfil econômico

da sociedade em estudo, um exemplo a ser mostrado apresenta-se nas descrições de bens do

inventário de Joana Maria da Conceição (1880), moradora do Sítio Riacho do Ferreiro:

Ouro _nada

Gado Vaccum

Declarou o inventariante haver quinse vaccas paridas, avaliadas, sem as

crias, cada uã em quarenta e dois mil reis, e todas a seis centos etrinta mil

reis_630//000

Assim mais dose beserras, avaliada cauã a dose mil reis, e todas cento e

quarenta e quatro mil reis_144//000

Assim mais três beserros, em seovalor de doze mil reis cada u e todos trinta

e seis mil reis_36//000

Assim cinco vaccas solteiras avaliada cada uã em quarenta e cinco mil reis,

todas duzentos e vinte e cinco mil reis_225//000

Cavallar

Declarou haver u Cavallo castrado pedres avaliado em sessenta mil

reis_60//000

Assim mais dois cavalos inferiores sendo ambos pedreses, avaliados cada

u em quarenta mil reis e ambos oitenta mil reis_80//000

Assim mais uã besta nova que foi avaliada em quarenta mil reis_40//000

[...] (sic) (grifo nosso).

.

Uma vez que o arrolamento de bens nos permite adentrar mais fielmente a realidade

estudada, principalmente nos aspectos econômicos, podemos ter uma visão mais ampla dessa

estrutura, que se dava basicamente a partir de móveis, bens de raiz – terra e propriedades –

animais, e em alguns casos, escravos. Fundamentalmente, a tríade que sustentava os bens

das famílias sertanejas mais recursadas eram animais, bens de raiz e móveis.

Nessa esfera, socialmente a região hoje conhecida por Seridó, organizava-se através

dos donos de terras com suas respectivas famílias, esposas e filhos. Em segundo plano, seus

homens de confiança, que se encarregavam de ajudar-lhes nas fazendas – os vaqueiros – e

uns poucos escravos que se dividiam entre o trabalho doméstico e o trabalho mais pesado no

campo. Na tabela a seguir, é possível perceber os dados demográficos da população no

período de 1872, dando-nos uma noção do povoamento existente neste espaço na segunda

metade do século XIX:

Tabela 1 – Dados demográficos da população da Cidade do Príncipe

na segunda metade do século XIX

CONDIÇÃO SEXOS QUANTIDADE

LIVRES

HOMEM 4.714

MULHER 4.391

TOTAL 9.105

ESCRAVOS

HOMEM 377

MULHER 365

TOTAL 742

TOTAL GERAL 9.847

Fonte: Censo Demográfico de 1872 – Parochia de Sant’Anna do Principe.

Pelos números apresentados na tabela, percebemos que a quantidade de pessoas na

condição social de escravos é, consideravelmente, inferior ao total de pessoas livres, o que

pode significar que as famílias não apresentavam em suas posses quantidades grandes de

pessoas escravizadas e, de acordo com os inventários pesquisados (1870-1880), o número

desses trabalhadores por família variava entre um ou no máximo doze, conforme pudemos

perceber nos registros descritos nos inventários.

No Seridó, assim como no Brasil, a organização social era estabelecida tendo como

base a diferença entre os papeis sociais masculinos e femininos. Vivia-se sob uma estreita

relação de submissão entre os homens e as mulheres. Estas jamais poderiam vir a

desobedecer-lhes ou se desviarem do seu papel de submissa.

Seguindo esse padrão social, nos oitocentos, no Seridó, o homem precedia a mulher

e estava sempre em primeiro lugar. Nada mais comum aos olhos da época, que encontrar a

mulher apenas na Igreja, ou na cozinha de suas casas. Quanto à educação, a realidade era a

mesma, também existiam diferenças e restrições entre os aprendizados masculinos e

femininos (SILVA, 2014; D’INCAO, 2009; FALCI, 2009).

Na época em estudo existia um número considerável de analfabetos, como podemos

conferir na tabela a seguir:

Tabela 2 – Dados sobre instrução na Cidade do Príncipe no ano de 1872

CONDIÇÃO SEXO SABEM LER ANALFABETOS

LIVRES HOMEM 1.376 3.338

MULHER 928 3.463

ESCRAVOS HOMEM - 377

MULHER - 365

TOTAL 2.304 7.543

Fonte: Censo Demográfico de 1872 – Parochia de Sant’Anna do Principe.

Os analfabetos totalizavam-se em 76,60% (7.543 pessoas) de toda população da

Paróquia de Santana do Príncipe que inteiravam um total de 9.847 (nove mil oitocentos e

quarenta e sete) habitantes, sendo possível observar que mais da metade dessa população

desenvolvia suas atividades sem a necessidade da instrução em suas vidas. O fato de ser

analfabeto para a sociedade da época não impossibilitava o crescimento econômico e o

reconhecimento social daqueles.

Nessa época, grande parte da população, principalmente as mulheres, eram

analfabetas. Sua educação era voltada aos aprendizados domésticos, sendo preparadas para

assumir apenas as atividades do lar. Somente no final do século XIX é que aparecem indícios

de um ensino destinado ao sexo feminino, não gratuito, apenas particular e em cidades mais

desenvolvidas economicamente.

Essas são informações que também podem ser comprovadas nos documentos

estudados, uma vez que, como já mencionado, nas partes inventariais destinadas as

assinaturas dos herdeiros, em sua grande maioria, não encontrava-se assinaturas femininas,

o que nos revela, diante dos estudos, que essas mulheres, em alguns casos, não recebiam a

instrução, tendo sua educação restrita aos aprendizados da Doutrina Cristã e dos “bons

costumes”.

Como podemos perceber no inventário de Antônia Leocádia da Coceição (1870) que

residia no Sítio Pedra do Navio, onde o então viúvo e inventariante, Sr. João Garcia do

Amaral declarou a impossibilidade da sua filha assumir um casamento, pela falta de

educação da mesma em função da sua condição psicológica:

Diz João Garcia di Amaral, Viuvo, residente no Sitio Pedra do Navio, [...],

que achando se aparentemente doente de uma paralização geral, q lhe tem

tirado toda a acção e movimento, como se vê nos documentos juntos, [...],

pelos meios que as leis lhe [ilegível] selar sobre a vida de sua filha Antonia,

reconhecidamente desacisada, como mencionados documentos, a qual

acaba de sair de casa paterna em companhia de João Baptista, mas de

péssimos costumes, inteiramente incapaz de dar conta dos pezados do

casamento [...]. É ella incapaz de chefiar uma família, sem regras, [...],

e precisa mesmo um curador que se encarregue da regência e administração

dos bens de sua filha [...] (sic) (grifo nosso).

A partir desse texto, é possível perceber a preocupação do pai com a condição que

sua filha vivia, não apresentando meios para chefiar uma família, devido sua condição

psicológica. Esse, pois, poderia ser um dos motivos que levou à solteirice de algumas

mulheres encontradas nos inventários.

Os preceitos da Doutrina Cristã apresentavam-se como protagonistas na pedagogia

que educa as mulheres oitocentistas do Seridó. Aprender, antes de tudo, que o modelo de

mulher a ser seguido está perante a imagem e exemplo de Maria Virgem Mãe, era o primeiro

ensinamento dado a uma mulher, preparando-a sempre para o seu “destino final de esposa e

mãe.” (HABNER, 2012, p. 57). A Doutrina Cristã era a cartilha mestra dos ensinamentos

femininos. De acordo com o Catolicismo, a mulher deveria sempre estar a serviço do seu lar

e da sua família, mantendo-se como pilar da organização familiar.

Conforme os dogmas religiosos, uma mulher bem educada deveria permanecer

calada, no interior de suas casas, ocupada com a criação da prole e a disposição das ordens

conjugais. Com o olhar manso, aparência serena e sempre piedosa, essa mulher estava

educada de acordo as exigências da época.

Devoção, oração e súplica pelos pecados que carregam em si, ainda advindos do

pecado original cometido por Eva no paraíso bíblico, eram aprendizagens desenvolvidas

pelas mulheres desde cedo. O apreço pela religião, trazendo esta como regedora de suas

casas, era realidade na vida das mulheres. Era essencial aprender a rezar, temer e suplicar, e

tais conhecimentos lhes permitiam viver conforme a Lei de Deus.

Além desses, outros aprendizados eram fundamentais para completar a educação da

mulher, entre eles, o conhecimento dos “bons costumes”. Estes, também influenciados pela

religião, moldavam ainda mais o modelo marital perpetuado e reproduzido por muitas dessas

mulheres.

Nesses “bons costumes”, inserem-se os aprendizados quanto ao comportamento

feminino que deveriam ser ensinados, o toque sutil, o bom comportamento submisso,

cabisbaixa, olhar acolhedor, serena como Maria, roupas compostas, mantendo a higiene com

o corpo, com a família e com o lar, o comportamento perante as visitas, a maneira de agir

enquanto mulher, esposa, mãe e filha, conforme enfatiza Del Priore: “Descrição, delicadeza,

amabilidade e tais princípios ditavam a vida da mulher em sociedade. Centralizavam-se o

imaginário feminino na questão do pudor.” (DEL PRIORE, 2006, p. 222).

O desenvolvimento do trabalho manual como rendar e cozer deveriam ser ensinados

desde cedo à mulher. Acima de tudo, era um passatempo para seus longos dias de

confinamento em suas casas.

Esses, entre outros comportamentos e maneiras, deveriam ser aprendidos por uma

mulher considerada bem educada de acordo com os bons costumes da sociedade e da época

em questão. A educação estava mais em foco do que a instrução feminina, como podemos

perceber:

É preciso, pois, educar as meninas, e não exatamente instruí-las. Ou instruí-

las apenas no que é necessário para torna-las agradáveis e úteis: um saber

social em suma. Formá-las para seus papéis futuros de mulher, de dona-

de-casa, de esposa e mãe. Inculcar-lhes bons hábitos de economia e de

higiene, valores morais de pudor, obediência, polidez, renúncia,

sacrifício... que tecem a coroa das virtudes femininas. (PERROT, 2007, p.

93).

Desde muito pequena, as meninas acompanhavam suas mães em todas as tarefas que

esta desenvolvia. A função da mãe estava em conservar a reprodução desses ensinamentos.

Aprender a cozinhar, rendar, cuidar do lar e da família eram competências fundamentais para

caracterizar uma mulher educada aos olhos da época. Mais importante do que aprender a ler

e escrever era aprender a dosar os temperos da comida, ou saber a quantidade de tecido

necessário para uma renda. Esses saberes caracterizavam uma mulher prendada.

A instrução nessa época fazia-se quase que nula, tanto pela falta de oferta quanto pelo

pouco interesse feminino. Poucas mulheres tinham acesso a essa realidade, como também

algumas se quer tinham interesse, uma vez que continuavam tendo seu padrão social

mantido, mesmo não sabendo ler, escrever ou calcular. Não era uma característica no perfil

da mulher seridoense desenvolver mais o aprendizado da leitura e da escrita em detrimento

do desenvolvimento das ações domésticas.

Nesse constante fluxo de aprender para ensinar, era essencial que a mulher soubesse

o necessário para educar com bons modos seus filhos, permitindo-lhes conhecer e viver de

acordo com os preceitos cristãos e que esses tivessem uma boa conduta social.

Embora tendo como palavras de ordem a submissão e o servir, tal circunstância não

anula o poder de sua influência no ambiente familiar e social. Mesmo confinada no seu lar,

cuidando da casa e da sua família, a mulher atuava nas coxias do espetáculo social como

mãe educadora de seus filhos. Educação esta, que deveria ser muito bem introduzida nos

pequeninos desde a tenra idade, o que iria refletir futuramente nas suas ações e,

consequentemente, na sociedade. Ser bem educada possibilitava à mulher e futura mãe ter

condições suficientes para tão bem educar seus filhos, influenciando de maneira direta a

organização social que estava a se formar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenvolvimento de uma pesquisa histórica ao longo do século XIX, a respeito da

educação feminina no Seridó, trouxe à tona um instrumento com ricas informações e amplas

possibilidades de exploração: o documento histórico, mais precisamente os inventários e

testamento.

Tais fontes de dados apresentaram-se como peças fundamentais para o

desenvolvimento desse trabalho, evidenciando que mesmo com o passar dos anos e a

mudança na escrita, as informações manuscritas presentes nas laudas que complementam os

mesmos mostraram-se como um leque de oportunidades que nos permitiram percorrer por

entre aquela sociedade, conhecendo e reconhecendo os mais minuciosos detalhes que a

constituíam.

Ao descrever elementos familiares, econômicos, sociais e educacionais tão

particulares, fizeram-nos viajar casa a casa daquela comunidade moradora do sertão, nos

fazendo sentir tão íntimos e ao mesmo tempo, atentando para que nessa intimidade

documental pudéssemos perceber através das (entre)linhas aspectos particulares que

desvendaram consideráveis informações a respeito do nosso objeto.

Asseveramos que os documentos pesquisados em sua amplitude, ainda apresentam

imensuráveis informações possibilitando ao pesquisador com um olhar atento e cuidadoso

dirigido a esse tipo de fonte possa descrever elementos históricos, sociais e culturais do

sertão seridoense.

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