a pedagogia cristã completo
DESCRIPTION
DIDÁTICA, PEDAGOGIATRANSCRIPT
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J. M. Price
A PEDAGOGIA DE JESUS
O Mestre por Excelncia
5 edio
JUERP
Traduo autorizada do original em ingls
JESUS THE TEACHER (edio revista de 1954) feita pelo Rev. Waldemar W. Wey.
Anteriormente publicado sob o ttulo: Jesus, o Mestre por Excelncia.
268.6
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Pri-ped Price, J M
A pedagogia de Jesus; o mestre por excelncia. Trad. do Rev. Waldemar
W. Wey. 5 edio. Rio de Janeiro, JUERP, 1986. 162 pp.
Ttulo Original em ingls: Jesus the Teacher.
1. Pedagogia Religiosa. I. Ttulo. II. Jesus, o Mestre por Excelncia.
CDD268.6
Nmero de Cdigo para Pedido: 22.229
Junta de Educao Religiosa e Publicaes da Conveno Batista
Brasileira
Caixa Postal 320 - CEP 20.001
3.000/1986 Rua Silva Vale, 781 Cavalcanti CEP: 21.370 Rio de Janeiro, RJ. Brasil
Impresso em grficas prprias
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SUMRIO
Prefcio 4
1 . A Idoneidade de Jesus Para Ensinar 6
2. Caractersticas dos Discpulos de Jesus 30
3. O Objetivo do Ensino de Jesus 45
4. Princpios Subjacentes Obra de Jesus 63
5 . Como Jesus Usava Seu Material de Ensino 81 6. Sua Maneira de Dar Lies 99
7. Alguns Mtodos Usados por Jesus 115
8. Outros Mtodos de Que Jesus Lanou Mo 131
9. Resultados do Seu Labor 147
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PREFCIO
Este livro a resultante do trabalho de aulas dadas sobre educao religiosa no
Seminrio do Sudoeste e de palestras feitas para professores de Escolas Bblicas
Dominicais em igrejas, em reunies de congressos e de convenes regionais de Escolas
Bblicas Dominicais, e em cursos intensivos.
Esta obra no pretende ser uma apresentao exaustiva ou erudita de Jesus como
mestre. O objetivo deste volume extrair da vida e dos ensinos de Jesus aquelas
verdades que possam dar aos professores melhor viso e maior estmulo em sua gloriosa
tarefa.
Nosso estudo parte do sentimento de que os professores de Escola Bblica
Dominical so hoje efetivamente a maior fora para o ensino e a prtica do bem, de que
laboram sob dificuldades e desencorajamentos mui fortes e de que, para o bendito labor
em que esto empenhados, precisam muito e muito de inspirao e de maior preparo.
Agradecemos s vrias editoras que nos concederam a devida licena para as
citaes que fazemos, bem como os que leram o manuscrito e nos externaram sua crtica
construtiva e seu indispensvel incentivo. Que este livro seja uma bno para os
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professores e outros mais que esto vivamente empenhados na gloriosa obra de
educao religiosa de nossa gente1.
J. M. Price
1 As citaes do Novo Testamento so tiradas da Verso da Imprensa Bblica Brasileira, baseada na
Traduo cm Portugus de Joo Ferreira de Almeida, de acordo com os melhores textos em Hebraico e
Grego, 2 impresso.
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A IDONEIDADE DE JESUS PARA ENSI NAR
Ningum esteve mais bem preparado, e ningum se mostrou mais idneo para
ensinar do que Jesus. No que toca s qualificaes, bem como noutros mais respeitos,
Jesus foi o mestre ideal. Isto verdade tanto visto do ngulo divino como do humano.
No sentido mais profundo, Jesus foi um mestre vindo da parte de Deus. Muitos elementos contriburam para prepar-lo eficientemente para o magistrio. Alguns
elementos eram meramente humanos; outros, divinos; alguns lhe eram inerentes, e
outros, ele os desenvolveu. Quando os consideramos, nos sentimos estimulados e
inspirados para cumprir nossa tarefa de professor.
1. A Encarnao da Verdade
O elemento mais importante na qualificao de qualquer professor justamente
aquilo que ele em si. Todos reconhecemos que um s exemplo vale por cem ou mil
conselhos. Aquilo que voc troveja to alto que no posso ouvir o que voc diz. A melhor encadernao para os Evangelhos no o marroquim: , sim, a pele humana. Foi
este fato que levou o Presidente Garfield a dizer que, no seu entender, a universidade
ideal era uma tora de madeira, tendo John Hopkins numa extremidade e um estudante
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na outra. Foi esta verdade que levou Emerson a dizer que o que mais importa no o
que aprendemos, e, sim, com quem aprendemos. Foi ainda este fato que levou o notvel
superintendente Stephen Tyng a responder a um quesito do regimento interno de sua
Escola Bblica Dominical: Sinto muito, mas no posso concordar.
A verdade encarnada a nica verdade espiritual que consegue apelar de modo efetivo. Por isso, cada professor deve sentir bem fundo em seu corao que sua pessoa
a lio que mais apela ao corao do aluno2. Isto de fato assim, porque a verdade mais se apanha do que se ensina. A influncia inconsciente mais poderosa do que a
consciente. As palavras do professor s chegam at onde as projeta a fora propulsora duma vida piedosa3. o peso do machado que o faz penetrar mais fundo na rvore que se quer derrubar. Por isso o professor de Escola Bblica Dominical deve ser alguma
coisa para poder eficientemente dizer alguma coisa. A vida do professor a vida do seu ensino. Foi aquilo que eles foram que conseguiu dar ao mundo professores da estatura de Arnold, de Rugby; de Phelps, de Yale; de Broadus, do Seminrio do Sul; e
2 A. H. Mackinney, em The Sunday School Teacher at His Best, p. 20, Fleming H. Revell Co., New York,
1915. 3 Citado por Tidwell (J. B.), em The Sunday School Teacher Magnified, p. 17, Fleming H. Revell Co.,
New York, 1918.
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de Carroll, do Seminrio do Sudoeste.
Jesus foi a encarnao viva da verdade. Ele disse: Eu sou.., a verdade (Joo 14:6). Ele foi cem por cento aquilo que ensinou. Fosse qual fosse o assunto, ele o
encarnava e ensinava com transbordamento de toda a sua vida. S. D. Gordon disse:
Jesus tinha j feito antes de fazer, viveu aquilo que depois ensinou, viveu tudo antes de ensinar, e viveu tudo bem mais do que pde ensinar4. C. S. Beardslee assim se expressou sobre Jesus: Sua grande alma deu lugar bem grande para que o Esprito Santo o ungisse inteira e completamente. . . Olhando para os olhos dele, voc v a luz
em sua inteireza... Ele tinha ilimitadas reservas de verdade, de majestade, de
beneficncia, de entusiasmo, de pacincia, de persistncia, de longanimidade.. . Ele
mostrou aos que dependiam de outros como deviam confiar; aos servos, como servir;
aos governadores, como dirigir; aos vizinhos, como serem amigos; ao necessitado,
como orar; ao sofredor, como suportar; e a todos os homens, como morrer. . . Ele o
ensino modelar para todas as pocas5.
Esta encarnao da verdade proveio de duas coisas. Do fato de ele ser Deus e possuir
4 Quiet Talks on Home Ideals, p. 114, Fleming H. Revell Co., New York, 1909. 5 Teacher Training with the Master Teacher, p. 162 e seguintes, The Sunday School Times Co.,
Filadlfia, 1903.
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as perfeitas qualidades de Deus. Foi ele o nico ser perfeito. Ele difere de ns em
qualidade e tambm em grau. Por isso jamais poderemos nos aproximar de sua
perfeio. Tambm a sua encarnao da verdade proveio do fato de ele ter estudado e
experimentado a verdade, e feito dela parte de si mesmo. Jesus crescia em sabedoria (Lc. 2:52). Jesus aprendeu como filho e como irmo dentro de seu lar, pelo estudo e
freqncia sinagoga, e tambm com as experincias naturais da vida humana.
Experimentou tentaes que diziam respeito conservao de sua prpria vida,
considerao social e ambio do poder. O escritor da Carta aos Hebreus diz:
Convinha que ele (Deus)... fizesse dele, pelo sofrimento, o pioneiro da perfeita salvao deles (Hb. 2:10).
A encarnao da verdade pelo mestre afetava o seu ensino pelo menos de duas
maneiras. Em primeiro lugar, dava-Lhe um tom de autoridade que se no via nos
escribas e rabinos do seu tempo os professores oficiais dos dias de Jesus. A sabedoria destes era mais aquela vinda de fora, era matria de oitiva, ensinavam mais citando
autoridades e a tradio. A sabedoria de Jesus vinha de dentro e no precisava de
escoras ou de confirmao. Este mestre era diferente. No citava ningum, e apresentava sua prpria palavra como suficiente6. Portanto, ensinava com clareza
6 Bruce Barton, em The Man Nobody Knows, p. 22, The Bobbs-Merrill Co., New York, 1925.
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meridiana, com convico e poder. O povo se admirava do seu ensino, porque ele os ensinava como quem tinha autoridade, e no como os escribas (Mar. 1:22). O fato de viver aquilo que ensinava tambm inspirava confiana naquilo que dizia. O povo viu
corporificado no que ele praticava aquilo que ele queria que eles fizessem. Anotavam
como ele se comportava diante da tristeza, da critica, do desapontamento, da
perseguio. O seu modo de viver reforava e dava peso quilo que dizia. A maior coisa que seus discpulos aprenderam de seus ensinos no foi a doutrina, e, sim, sua
influncia. At a ltima hora de suas vidas, a maior coisa foi o terem eles estado com
Jesus7. Por isso, designou doze para estarem com ele (Mar. 3:14).
Como mestres humanos podemos demonstrar em nossa vida o delineamento do Cristo que mora em ns. Somente assim podemos estar na altura deste primeiro teste de habilitao ou idoneidade.
2. O Desejo de Servir
Um dos elementos essenciais para a qualificao de um professor o interesse que
7 John A. Marquis, em Learning to Teach from the Master Teacher, p. 68, The Westminster Press,
Filadlfia, 1918.
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deve ter pelo povo e o desejo de servi-lo bem, de ajud-lo. Sem esta qualidade, o mestre
ser como o metal que soa, ou como o cmbalo que refine, muito embora conhea bem a Bblia, o discpulo e os mtodos de ensino. Nada pode suprir a falta de interesse
pelo bem-estar de nossos semelhantes. Saber enfrentar uma grande classe, possuir boas
estatsticas, ou conhecer de sobejo os melhores mtodos de ensino no constituem
substituto apropriado para aquele profundo interesse que devemos ter pelo prximo.
Por outro lado, amando e desejando servir bem a nossos alunos, teremos suprido
em boa parte as deficincias de conhecimentos e de tcnica. Algumas personalidades
pouco prometedoras que conhecemos se tornaram timos professores de adolescentes (a
idade mais crtica); e isto se explica pelo fato de terem amado verdadeiramente os
alunos daquela idade. Mais cedo ou mais tarde, os discpulos compreendem esse amor e
interesse do professor, e a eles respondem. Todo o mundo ama aquele que ama.
Brilhou sempre no carter de Jesus esse interesse profundo pelo bemestar de todos. Jesus se interessava mais por pessoas do que por credos, cerimnias,
organizaes ou equipamento. Via o povo como ovelhas sem pastor (Mar. 6:34). Se Will Rogers podia dizer que nunca viu uma pessoa de quem no gostasse, o que no
poderamos dizer de Jesus a este respeito?! Quando os fariseus criticaram os discpulos
de Jesus por haverem colhido espigas no dia de sbado, ele os defendeu, dizendo: O sbado foi feito por causa do homem, e no o homem por causa do sbado (Mar. 2:27).
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Quando aquele jovem, avarento e egocentralizado, fez Jesus parar na estrada para lhe
perguntar qual o caminho que conduz vida, diz o evangelista que Jesus, contemplando-o, o amou (Mar. 10 :21). Na ocasio em que certo homem atacado de lepra suplicou a Jesus que o curasse, ele se sentiu todo tomado de profunda simpatia por
aquele sofredor, e estendendo a mo, tocou-o (Mar. 1:41). Seu corao encheu-se de afeio pelos escribas que viviam a critic-lo, pelos ciumentos fariseus, pelos
desprezados e odiados publicanos, pelos pecadores mal quistos, pelo cego, pelo surdo,
pelo coxo.
Ele sempre amou a todos e se interessava vivamente por seus problemas. Ele encarnou e revelou todo o amor de Deus, e se compadeceu dos homens por todos os
seus males e padecimentos8. O Mestre no s se interessou pelos problemas humanos, mas sempre buscou fazer alguma coisa para solucion-los. Revelou sempre genuno
esprito missionrio, e afirmava repetidamente que viera para servir, e no para ser
servido (Mat. 20:29). No se julgou to cansado que no pudesse conversar sobre a
gua da Vida com uma decada junto ao poo de Sicar. No achou que lhe seria
desdouro visitar em sua prpria casa um malquisto coletor de impostos. No deu
ouvidos critica dos lderes religiosos e se associou com pecadores, para tir-los do seu
8 C. S. Beardslee, em Teacher Training with the Master Teacher, p. 47, The Sunday School Times Co.,
Filadlfia, 1903.
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pecado. Nas parbolas da ovelha e da dracma perdidas e do filho prdigo, Jesus mostrou
que realmente estava interessado em tudo. Seu corao se derretia de simpatia por um
mundo necessitado, e suas mos secundavam e espalhavam essa simpatia por meio de
servio e ajuda.
Esta atitude foi a caracterstica de todos os grandes mestres que passaram por este
mundo. Foi a atitude de Pantenus, que fundou em Alexandria, ao lado duma
universidade pag, a primeira escola crist; de Benedito, quando organizou uma ordem
de mestres em Monte Cassino, ordem que grandemente influenciou a Europa por trs
sculos; de Geraldo Groote, ao fundar a sociedade dos Irmos da Vida Simples, que
ensinariam crianas pobres; de Loiola, ao constituir a ordem dos jesutas para ensinar os
jovens; e de Roberto Raikes ao inaugurar o glorioso movimento da Escola Dominical
que hoje se estende pelo mundo todo. O vivo desejo de servir indispensvel ao ensino
vitorioso.
3. A Crena no Ensino
Jesus viu no ensino a gloriosa oportunidade de formar os ideais, as atitudes e a
conduta do povo em geral. Ele no se distinguiu primeiramente como orador, como
reformador, nem como chefe, e, sim, como mestre. Vemos perfeitamente que ele no
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pertenceu classe dos escribas e rabinos que interpretavam minuciosamente a Lei. No.
Ele ensinou. De forma alguma se distinguiu ele como agitador da massa popular. No comprometeu sua Causa com apelos em reunies populares, com prticas ritualistas, ou
com manobras polticas, no. Ele confiou sua Causa aos prolongados e pacientes
processos de ensino e de treinamento. L. A. Weigle diz: Jesus lanou mo do mtodo educativo, e no do mtodo de fora poltica, ou de propaganda, ou do poder9. E J. A. Marquis acrescenta: A principal ocupao de Jesus foi o ensino. Algumas vezes ele agiu como curador, outras vezes operou milagres, pregou freqentemente; mas foi
sempre o Mestre. Ele no se ps a ensinar porque no tivesse outra coisa a fazer; mas,
quando no estava ensinando, estava fazendo qualquer outra coisa. Sim, ele fez do
ensino o agente principal da redeno10.
A nfase que Jesus deu ao ensino ressalta do fato de em geral ser ele reconhecido
como Mestre. luz dos Evangelhos, vemos que seus discpulos e contemporneos o tornavam como mestre11. Ele foi mesmo chamado Mestre, Professor ou Rabi; e tudo isto traz em seu bojo a mesma idia geral expressa por Nicodemos quando disse:: Rabi,
9 Jesus and the Educational Method, p. 19, The Abingdon Press, New York, 1939. 10 Learning to Teach front the Master Teacher pp. 76 e 77 The Westminster Press, Filadlfia, 1913. 11 W. C. Bower Christ and Christian Education, p. 18, Abingdon Cokesbury Press, Nashville, 1943.
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sabemos que s mestre vindo da parte de Deus (Joo 3 :2). Nos Evangelhos, Jesus chamado mestre nada menos de quarenta e cinco vezes, e nunca se fala nele como
pregador. L. J. Sherril diz que, somando-se todos os termos equivalentes a mestre,
temos o total de sessenta e um12. Norman Richardson anota que o vocbulo Mestre
usado sessenta e seis vezes na Verso King James; cinqenta e quatro vezes derivado
da palavra grega que significa professor ou mestre13. Fala-se em Jesus ensinando,
quarenta e cinco vezes; e onze apenas pregando, e, assim mesmo, pregando e ensinando,
como vemos em Mateus 4:23 ensinando em suas sinagogas e pregando o evangelho do reino. Chamavam-no mestre no apenas os doze, mas tambm outros mais discpulos seus14.
Outrossim, Jesus a si mesmo se chamava Mestre, dizendo: Vs me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou (Joo 13:13). Tambm dizia ser a luz, vocbulo que traz a idia de instruo. Nesta linha de pensamento, interessante notar que Joo Batista sempre foi mais chamado pregador que mestre15.
12 The Rise of Christian Education, p. 86, The Macmillan Co., NewYork, 1944. 13 The Christ of the Classroom, p. 11, The Macmillan Co., NewYork, 1931. 14 Veja Willians (C . B.), em The Function of Teaching in Christianity, Cap. 1, Baptist Sunday School
Board, Nashville, 1912. 15 H . C. Trumbull, cm Yale Lectures on the Sunday School, p. 33, John D. Wattles, Filadlfia, 1893.
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Outra indicao desta nfase sobre o ensino a terminologia empregada para
descrever os seguidores e a mensagem de Jesus. No so eles chamados sditos,
servidores ou camaradas. A palavra cristo empregada trs vezes em o Novo
Testamento para caracteriz-los e assim mesmo uma vez como zombaria. No entanto,
vemos a palavra discpulo, que significa aluno ou aprendiz, empregada 243 vezes, para
referir-se aos seguidores de Jesus. A mensagem de Jesus diz-se ser ensino (39 vezes), e
sabedoria (seis vezes), no dando tanto a idia de preleo ou sermo. A expresso
Sermo do Monte no usada pelos escritores do Novo Testamento. Mateus apenas diz
E ele se ps a ensin-los, dizendo. . . (Mat. 5 :2). Tal pea deve ser intitulada O Ensino do Monte, e no O Sermo do Monte.
Tambm se revela bem a nfase do Mestre em ensinar no modo entusiasta e at
agressivo pelo qual externou sua atividade educadora. Ele ensinava em qualquer lugar e
a toda hora no Templo, nas sinagogas, no monte, nas praias, na estrada, junto ao poo, nas casas, em reunies sociais, em pblico e em particular. Relutava mesmo em curar, preferindo aproveitar a oportunidade para apresentar sua mensagem16. Mateus diz Andava Jesus por toda a Galilia, ensinando nas sinagogas deles, e proclamando
16 W. A. Curtiss, em Jesus Christ the Teacher, p. 12, Oxford University Press, 1943.
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as boas novas do reino, e curando todas as doenas e enfermidades entre o povo (Mat. 4:23, traduo de Goodspeed). Toda a obra de Jesus estava envolta em atmosfera
didtica, e no tanto num ar de prelees ardentes, pois observamos que os ouvintes se
sentiam vontade para lhe fazer perguntas, e ele, por sua vez, lhes propunha questes e
problemas.
Ele preparou um grupo de mestres para que levassem avante sua obra. No decorrer dos ltimos dias de sua trabalhosa vida, ele se dedicou ao ensino e preparo do
pequeno grupo de discpulos que a ele se agregara17 E ele os enviou aos confins da terra para que fizessem discpulos (para que matriculassem na escola de Cristo), a
batiz-los (uma ordenana educadora) e a instru-los na observncia de todas as coisas
que lhes tinha mandado (Mat. 28:19,20). Jesus cria muito e muito no ensino, requisito
este indispensvel a qualquer professor. Ele se dedicou ao ensino e sempre dignificou
tal vocao. A maior glria da profisso do mestre est no fato de haver Jesus Cristo escolhido ser mestre, quando se viu face a face com aquilo que tinha a realizar na
vida18. George H. Palmer percebeu bem este esprito, quando assim se expressou
17 F. Charles Kent, em Great Teachers of Judaism and Christianity, p. 108, Eaton and Mains, New York,
1911. 18 N. E. Richardson, em The Christ on the Classroom, p. 93, The Macmillan Co., New York, 1931.
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Creio tanto no ensino que, se necessrio fosse, pagaria pelo privilgio de ser mestre em vez de receber algo por ensinar.
4 . O Conhecimento das Escrituras
Outra coisa essencial num professor o conhecimento das Escrituras, porque este
o primeiro material que vai usar. Jesus se mostrou perfeitamente qualificado neste
particular. Prova-o o episdio de sua tentao, quando enfrentou os esforos do diabo,
que pretendia confundi-lo com citaes das Escrituras (Mat. 4:1-11). Prova-o a conversa
na estrada de Emas, quando Jesus explicou os ensinos das Escrituras relativos sua
Pessoa (Lc. 24:27). No decorrer do seu ministrio, Jesus citou passagens de pelo menos
vinte livros do Velho Testamento e mostrou estar perfeitamente familiarizado com o
contedo dele. De fato, ele o conhecia to bem que chegou mesmo a contrastar sua
precariedade com a inteireza daquilo que ele ensinava (Mt. 5:17-48). Jesus no s
conhecia as Escrituras, como tambm as assimilou de tal modo que as podia aplicar
livre e perfeitamente s necessidades e ocorrncias do dia.
Sua maestria no provinha s de sua divindade, mas tambm de seus estudos.
Iniciara-os na infncia, dentro do lar judeu, onde se respirava atmosfera profundamente
religiosa e educativa. B. A. Hinsdale diz: At mesmo os deveres domsticos,
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cumpridos pela me de famlia, moldavam o carter dos filhos segundo a disciplina
nacional19.
E Haroldo Wilson quem afirma: Mesmo estando ele (o menino judeu) ainda nos
braos da me, seus olhos vem j muitos objetos cuja significao religiosa lhe ser
oportunamente explicada por ela20. Dentre tais hbitos figurava o de beijar os dedos que apanhariam os pergaminhos das Escrituras guardados por sobre a porta, ou os
filactrios usados no pulso ou na testa; j a criana judia via as orlas coloridas da veste
exterior de seu pai lembrando-lhes os mandamentos do Senhor; escutava as oraes e
aes de graas dirias, notadamente s refeies; aprendia a guardar o sbado,
admirando-se ao ver acender-se o fogo e a lmpada sabticos; tomava parte nas festas
anuais, como a da Pscoa e a dos Tabernculos; assistia a solene oferta a Deus do
primognito do rebanho e da manada. Assim, foi que Jesus aprendeu as Escrituras no
seu lar, e ali cresceu em sabedoria como em estatura. Nazar est presente duas vezes, ou mais, em tudo quanto Jesus disse.
Jesus tambm aprendeu na sinagoga, pois, nos dias dele, estava ela espalhada por
19 Jesus as a Teacher, p. 28 The Christian Publishing Co., St. Louis, 1895. 20 Jesus at School, p. 51, The National Sunday School Union, Londres.
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todos os lugares, e a freqncia a ela era hbito arraigado, quando no coisa obrigatria.
Lucas diz: No sbado Jesus entrou na sinagoga, como era seu costume (Lc. 4:16). \Vilson acha que Jesus ia sinagoga pelo menos uma vez em cada sbado, e isso por
vinte anos ou mais21. Nela havia exerccios religiosos aos sbados, nas segundas e
quintas-feiras, nos dias de festa e nos de jejum. A sinagoga era instituio puramente
educacional ou instrutora. L a Lei (os cinco primeiros livros da Bblia) era lido por
uma pessoa, um intrprete explicava um versculo de cada vez, aplicando a leitura
vida do povo em geral. Assim, se lia toda a Lei de trs em trs anos e meio, mais ou
menos como se d hoje com nossas lies uniformizadas. A segunda leitura do dia era
tirada dos profetas, sendo lidos e explicados trs versculos de cada vez. Desta natureza
foi a leitura que Jesus fez na sinagoga de Nazar, registrada em Lucas 4:17-19. Algumas
vezes faziam-se perguntas para que os assistentes respondessem. Ainda recitavam
tambm em unssono certas passagens escritursticas. Assim foi que Jesus aprendeu a
Lei e os profetas, habilitando-se para refutar os rabinos e perguntar-lhes: No lestes?
Ligada sinagoga havia rima escola elementar para meninos, que funcionava nos
dias da semana. Criava-se onde existissem vinte e cinco alunos, e era obrigatria a
freqncia. Na verdade no se admitia que um judeu ortodoxo vivesse em lugares sem
21 Jesus at School, p. 89, The National Sunday Union, Londres.
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escola; caso vivessem em lugares separados por um rio, ambas as localidades deviam ter
sua escola, a no ser que se vencesse o rio por unia ponte. O menino judeu comeava a
freqentar a escola aos seis anos, e estudava as Escrituras at os dez, comeando pelo
Levtico. Estudava a Lei, a histria, os profetas e a poesia, recebendo, assim, educao
religiosa e moral, e enfronhando-se dos ritos e cerimnias de sua gente. Dos dez aos
quinze anos, estudava as interpretaes orais da Lei, e aos treze tornava-se filho da Lei e membro responsvel da congregao da sinagoga. Percebe-se que Jesus conhecia de cor quase todas as Sagradas Escrituras no s pelas citaes diretas que
delas fazia, mas tambm pelas numerosas aluses que fez Lei, a Isaas, a Jeremias, a
Daniel, a Joel, a Osias, a Miquias, Zacarias e Malaquias, e principalmente os
Salmos, afirma o cnego Farrar22. Jesus mostrou seu preparo no s quando, aos doze anos, enfrentou os rabis no Templo, mas tambm nas crises mais apertadas, frente aos
mais severos crticos de todos os tempos.
5. Compreenso da Natureza Humana
Ao lado do conhecimento das Escrituras, coisa igualmente importante a
22 Citado per Hinsdale (B. A.), em sua obra Jesus as a Teacher, p . 38, The Christian Publishing Co., St .
Luis, 1895.
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compreenso da natureza humana. Na verdade, esta uma qualificao muitssimo
necessria ao professor, porque no se pode aplicar a Bblia vida a no ser que se
compreenda bem o aluno e suas necessidades. Todo aquele que lida com a natureza
humana deve conhecer alguma coisa a esse respeito. Assim como o mdico precisa
diagnosticar antes de receitar qualquer remdio tambm o professor precisa
compreender a vida humana e seus problemas, para depois aplicar o remdio
escriturstico. Em ltima anlise, estamos ensinando pessoas, e no a Bblia. As prprias
Escrituras foram dadas para ensinar, corrigir e disciplinar para que o homem de Deus seja completo (II Tim. 3:17). Importa, pois, e muito, que o mestre de religio compreenda as pessoas com quem vai lidar.
Jesus no s compreendeu a mente judia em geral, quanto as suas faces e seitas,
mas foi tambm um mestre na penetrao do corao e na compreenso daquilo que se
passava no ntimo de cada indivduo. A Bblia diz que ele bem sabia o que havia no homem (Joo 2 :25). Moffatt traduz assim: Bem sabia ele o que estava na natureza humana. certo que ningum jamais penetrar todo o contedo desta afirmativa. O Mestre, sem dvida, escafandrou a vida humana at suas maiores profundezas.
Certamente ele podia dizer se seus ouvintes eram bons ou maus, atentos ou desatentos,
amigos ou inimigos, interessados em seu ensino ou no, compreendendo-o ou
confundindo-o, concordando com ele ou discordando e o criticando. Se Jesus no
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possusse esse conhecimento, estaria inabilitado para os ensinar de modo eficiente como
o fez, e teria cado nas artimanhas preparadas tantas vezes por seus inimigos. Tendo tal
conhecimento, pde descobrir as habilidades de seus aprendizes, bem como suas
necessidades, atitudes e motivos, e ensin-los luz do que deles conhecia. Do ponto de vista pedaggico, a intuio de Jesus foi o elemento primordial de sua maravilhosa
eficincia como Mestre23. Pelo menos meia dzia de exemplos evidenciam que Jesus tinha acurada viso do
ntimo da natureza humana e mesmo do prprio pensamento do povo. Os escribas
pensavam l consigo que Jesus estava blasfemando, ao declarar ao paraltico que seus
pecados estavam perdoados, mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais mal em vossos coraes? (Mt. 9:4). Quando os discpulos lamentavam o haver Jesus dito que deveriam comer a sua carne e beber o seu sangue, para terem vida,
Jesus, sabendo por si mesmo que seus discpulos murmuravam das suas palavras, disse-lhes: ... Mas entre vs h alguns que no crem. Pois Jesus sabia desde o principio quais eram os que no criam, e quem o havia de trair (Joo 6:61, 64).
Quando os fariseus e os herodianos procuraram apanh-lo em alguma palavra,
Jesus, percebendo a hipocrisia deles, disse-lhes: Por que me experimentais? (Mar.
23 B. A. Hinsdale, em Jesus as a Teacher, p. 50, The Christian Publishing Co., St. Louis, 1895.
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12:1 5). Ao ver Natanael, disse: Eis um verdadeiro israelita em quem no h dolo! (Joo 1:47). Quanto samaritana, Jesus pediu que chamasse o marido, e ela lhe
respondeu que no tinha marido, Jesus lhe respondeu: Disseste bem que no tens marido; porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens no teu marido (Joo 4:17,18). Jesus conhecia as pessoas e ensinava para solucionar-lhes as suas necessidades
profundas e ocultas, no poucas vezes desconhecidas delas prprias.
6. Domnio da Arte
No afirmamos aqui que Jesus consciente e propositada-mente estudasse os
mtodos e processos de ensino, e deliberada-mente buscasse segui-los. possvel que
sim, mas provavelmente assim no fez. Admitimos que ele tinha urna soma de
conhecimentos que perfeitamente o habilitava para a tarefa de mestre. Intuitivamente,
ou por assimilao, foi um mestre, um tcnico, em mtodos de ensino. Ele no anunciou
propriamente nenhum princpio psicolgico especial, nenhuma teoria de educao,
nenhuma prtica pedaggica; no obstante, ele mostrou conhecer perfeitamente todos os
seus elementos principais e os usou de maneira mais que eficiente. Empregou mtodos
com perfeita liberdade e eficincia. Parece at que os descobria e aplicava de modo
natural. Com a inteireza de suas fontes e recursos, aproveitou bem todas as
oportunidades de ensinar, e empregou sempre, e para cada caso, o mtodo justo e
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adequado. Distinguiu-se e adiantou-se tanto dos mais mestres deste mundo que W. A.
Squires mui apropriadamente deu a uma obra sua este ttulo The Pedagogy of Jesus in the Twilight of Today24 (A Pedagogia de Jesus no Crepsculo de Nossa Era). Os maiores mestres de nossa era ainda no se puseram em dia com Jesus. Sempre temos
algo a aprender com ele.
Conclumos que Jesus foi consumado mestre na arte de ensinar, quando vemos que
ele praticamente empregou aqui e ali, pelo menos em embrio, os mtodos usados hoje
em dia perguntas, prelees, histrias, conversas, discusses, dramatizaes, lies objetivas, planejamentos e demonstraes. Pormenorizadamente estudaremos este
assunto no lugar prprio, noutro captulo. Vemos ainda que Jesus conhecia
perfeitamente a arte de ensinar pelos processos de que lanou mo, pois, quando
analisamos suas partes componentes, descobrimos que suas lies tinham exrdio,
desenvolvimento e concluso sempre muito apropriados. Tambm daremos maior
ateno a isto mais tarde. Ele tratava diretamente dos assuntos, com ilustraes mui
adequadas, aplicando sempre muito bem seu ensino a situao e ao momento. Na arte de
ensinar, foi mestre de mo cheia.
24 George H., Doran Co., New York, 1927.
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26
Buscando dominar bem esta difcil e gloriosa arte, bem andaremos se seguirmos o
exemplo que Jesus nos deixou. A dedicao, o entusiasmo e a fidelidade ao ensino no
ressarciro a falta de conhecimento dos mtodos de ensino, nem desculparo um ensino
fraco e precrio. Em regra, ningum nasce mestre. Os mestres se fazem. Pelo menos,
como j se disse, os mestres no nascem feitos. Necessrio se faz o estudo cuidadoso, e tambm prtica prolongada e pacienciosa. Esperamos que para este fim o presente
volume contribua de algum modo. verdade que devem ser compulsados e estudados
outros mais livros sobre este assunto, bem como livros que tratam dos alunos e das suas
necessidades. Do ponto de vista humano, sabemos que Deus Pode usar com muito
maior proveito um professor preparado cio que um que pouco ou nada sabe. Urge
procurarmos ser a nossos olhos, e aos olhos de nossos alunos, os melhores mestres que
se possa encontrar.
Quando olhamos para Jesus, e o vemos luz de sua perfeita personalidade, do seu
esprito de servir, de sua confiana no ensino, do seu conhecimento das Escrituras e da
humanidade, do seu domnio rios mtodos e processos de ensino, conclumos que ele foi
o mestre melhor qualificado que o mundo j conheceu. Ele foi de fato o Mestre dos mestres, ou o Mestre Magistral, como o caracterizou Horne no ttulo de sua obra. Ou, como bem o disse J. L. Corzine: Jesus mais do que o Mestre Mor. Ele o Mestre
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27
Incomparvel25.
Qualquer pedra de beira de estrada, qualquer tripea tomada por emprstimo a um tugrio, sentando-se Jesus a, transforma-se num trono de autoridade e sabedoria
universal, invejado por soberanos e pontfices26. Jesus o nosso modelo incomparvel, e sempre temos o que aprender com seus mtodos e mensagens. Como disse Marta: O Mestre est a (Joo 11: 28). Ao contrrio dos mestres religiosos do seu tempo, Jesus ensinou com Sua prpria autoridade. No ensinou como os escribas, que repetiam e
citavam dizeres de outros. Jesus falou movido pela consciente paixo da verdade que
fervilhava no seu ntimo27.
Sugestes Auxiliares para o Ensino deste Captulo
Esboo no Quadro-negro
25 Jesus Mais do que Mestre Mor, artigo de Seminar on Religious Education, p. 51, editado por W. Perry Crouch. 26 W. A Curtiss, em Jesus Christ the Teacher, p. 16, Oxford University Press, 1943. 27 G. B. Stevens, cm The Teaching of Jesus, p. 35, The Macmillan Co., New York, 1902
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1. Encarnao da Verdade
2. Desejo de Servir
3. Crena no Ensino
4 . Conhecimento das Escrituras
5 . Compreenso da Natureza humana
6 . Domnio ria Arte de Ensinar
Tpicos para Discusso
1 . Por que to importante viver aquilo que se ensina?
2. Vale alguma coisa o desejo de Servir, de ajudar?
3 . Por que Jesus se dedicou tanto ao ensino?
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4. Qual a instituio religiosa moderna mais parecida com a escola elementar anexa
sinagoga?
5. Ser mesmo mui importante conhecer e entender o aluno?
6. Como Jesus aprendeu a ensinar?
Perguntas para Reviso e Exame
1 . Como a encarnao da verdade realizada por Jesus afetou o ensino dele?
2 . Diga como foi Jesus reconhecido como mestre.
3 . Enumere algumas coisas que Jesus conhecia acerca da natureza humana.
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2
CARACTERSTICAS DOS DISCPULOS DE JESUS
Ilude-se quem pensa terem sido ideais e modelares as pessoas que Jesus ensinou,
mesmo incluindo-se os doze apstolos. Caracteres bblicos muitssimos distanciados de
ns; temos que conceb-los em nossa imaginao. Certo foram muito humanos como
ns, com essas imperfeies e fraquezas naturais criatura humana, pois que esta
sempre a mesma em todas as pocas. Embora mudem as condies ambientais, a
natureza humana em sua essncia sempre a mesma.
Isto verdade no que respeita a todos os sculos, climas e graus de cultura. Will
Rogers retratou perfeitamente isto, quando falando das conquistas da conferncia da paz
na Europa, assim se expressou: Resta apenas uma pequena coisa a ser trabalhada agora: o problema da natureza humana. E assim sempre. Examinando aqueles que Jesus ensinou, como mestres colheremos muita matria informativa e sugestiva, e
mesmo encorajadora. Jesus lidou com um grupo mais ntimo de seguidores, outro maior
de discpulos e outro, maior ainda, de crticos e indiferentes.
1. O Grupo de Imaturos
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Este grupo de pessoas com que Jesus lidou estava mui longe da perfeio, quando
Jesus iniciou sua obra junto deles. Mesmo ao contemplar sua obra, ainda eram
imperfeitos. Eram caracteres ideais apenas em embrio. Eram santos apenas em estgio
de fabricao. Preenchiam muito bem um dos trs requisitos que George A. Coe sugere
para o ensino a imaturidade. Assim tinham eles que caminhar muito e muito, com muita pacincia, para se tornarem cristos crescidos e maduros. Na longa estrada do
aprendizado, experimentariam muitas decepes e desnimos. Somente algum que
tivesse uma alentadora viso cio futuro, movido do infinito amor e pacincia, e de
persistente energia e perseverana, se aventuraria a tomar como alunos este grupo de
pessoas e fazer deles o que o Mestre Jesus fez.
No preciso vasculhar muito o Novo Testamento para se ver quo imaturos e
imperfeitos eram aqueles que Jesus tomou como discpulos. Joo, que depois se tornou
o discpulo amado, no sabia controlar seu gnio, e falhou muito quando se encolerizou
contra os descaridosos samaritanos, aos quais Jesus queria revelar seu amor e o amor de
seus discpulos. Simo, a quem se daria o nome de Pedro (pedra), no demonstrou
possuir aquela solidez e firmeza que tal nome sugeria, pois prometera a Jesus que
estaria firme a seu lado ainda que os mais desertassem, e dentro de poucas horas no s
negou a Jesus, jurando por trs vezes que nem o conhecia, mas o negou com uma
linguagem desusada e lamentvel.
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Tom mostrou-se to duro e obstinado em no acreditar na ressurreio de Jesus
que tal atitude exigiu esforos especiais do Mestre no sentido de lhe provar
satisfatoriamente esse glorioso acontecimento. Judas, aps vrios anos de
companheirismo e aprendizado com o Mestre, no progrediu tanto a ponto de sentir-se
preparado para resistir tentao de tra-lo por trinta moedas de prata! Os discpulos de
Jesus sofriam a enfermidade de desenvolvimento retardado, quando no de perversidade
progressiva.
Apanhar este pequeno grupo de indivduos sem preparo e que quase nada
prometiam, e form-los em pessoas bem desenvolvidas e preparadas, que constituam
gloriosa inspirao para o mundo, foi um verdadeiro milagre da arte de ensinar e
exercitar. Jesus jamais foi suplantado por qualquer outro mestre; foi e suprema
inspirao e encorajamento para os mestres cristos de todas as pocas. Ningum pode
avaliar devidamente as possibilidades latentes num moo ou numa moa aparentemente
inaproveitvel, nem o que se possa fazer com eles. O velho professor dos Irmos da
Vida Simples ao tirar seu chapu na presena de seus discpulos, e ao dizer-lhes que no
sabia se tinha ali sua frente algum que seria maior que o imperador, nem podia
imaginar que naquela sua classe estivesse entre seus alunos o menino que, homem feito,
iria abalar os fundamentos do mundo Martinho Lutero!
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E privilgio nosso, pelo ensino que transmitimos, mudar vidas hoje imaturas e
aparentemente insignificantes, e desenvolv-las em caracteres marcantes e notveis. Um
ferreiro aleijado apanhou nas ruas um grupo de quatro meninos aparentemente ociosos e
que nada prometiam, e passou a ensin-los pacientemente. Viveu o suficiente para ver
tornar-se um deles missionrio em terras estrangeiras, outro, membro do gabinete do
presidente de sua ptria; o terceiro secretrio particular tambm dum presidente; e o
quarto aquele que chegou a ocupar a presidncia dos Estados Unidos da Amrica do
Norte Warren G. Harding!
2 . Impulsivos ou Impetuosos
Os discpulos de Jesus no eram apenas imaturos. Pior que isso: haviam tido na
vida uni desenvolvimento errado e falho. Alguns deles eram mesmo gente governada s
por impulsos. Pedro era assim, e foi o campeo dos impetuosos. Era homem impulsivo e precipitado, qual regato que desce clere e desabaladamente montanha abaixo,
atirando-se de encontro s rochas da baixada. Reagia repentinamente. Falas a e agia,
para depois pensar28. Temos exemplo vivo disso, quando se lanou ao mar, em certa
28 Carlos B . Brown, em These Twelve, p . 4, The Century Co., New York, 1926.
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manh bem fria, e nadou at a praia para chegar perto de Jesus, quando poderia ter feito
isso com seu barco (Joo 21:7). Outro exemplo, temos quando pediu a Jesus que lhe
banhasse tambm as mos e o rosto, logo aps haver dito a Jesus que lhe no consentiria
lavar seus ps; e quando Jesus lhe disse que, nesse caso, Pedro no teria parte com ele,
submeteu-se (Joo 13 :9). E exemplo, mais vivo, ainda temos quando Pedro, com rpido
golpe de sua espada, decepou a orelha direita do servo do sumo sacerdote (Joo 18:10).
Joo tambm no se mostrou menos impetuoso. Tanto que Jesus o chamou filho do trovo. Diz Carlos R. Brown: Ele mostrou ser filho da tempestade. Houve ocasies em que teve exploses fortes e terrveis. Certas vezes, em sua ira ou entusiasmo, agia
qual redemoinho impetuoso, qual poderoso furaco. Mui longe de se revelar homem
calmo, paciente, sofredor e manso, era de carter violento29. Manifestou isso quando, com outros discpulos, entrou numa vila de samaritanos para arrumar pouso para o
Mestre; ante a recusa de hospedagem, ele se indignou tanto que disse a Jesus: Senhor, queres que mandemos descer fogo do cu para consumir esta gente? (Lc. 9:54). Caminhou muito este apstolo, at chegar a escrever em sua Primeira Carta, cap. 4,
versculo 8: Quem no ama, no conhece a Deus.
29 Idem. p. 49.
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Outros que no pertenciam ao crculo ntimo de Jesus mostravam-se igualmente
impulsivos. Simo, chamado Zelote, como este apelido indica, pertencia a uni partido
poltico muitssimo radical. Afirma Brown : Podia ele ser vantagem ou desvantagem. Era como o vapor em alta presso que pode levar de encontro aos arrecifes qualquer
barco sem piloto, ou queimar seus passageiros, causando-lhes a morte30. Fosse ele pessoalmente radical, ou no, o fato que pelo menos pertencia a um grupo
revolucionrio quando Jesus o chamou para segui-lo.
Joo Batista, por sua vez, era tambm homem de temperamento forte. No nos
parece de incio um moderado conservador, quando surge de seus jejuns e se movimenta
de c para l a pregar o evangelho do arrependimento a uma gerao m e perversa.
Apareceu ele com olhos flamejantes, e apresentar sua formidvel mensagem. De linguagem escaldante, despertava e abalava as conscincias mais empedernidas31.
Tinha ele o temperamento dos reformadores. O prprio Mateus no se mostrava
tambm muito conservador, no. Diz, no caso dele, T. R. Glover: O publicano do grupo era tambm do mesmo tipo; mostrava-se pronto a deixar seus afazeres e os
30 These Twelve, p. 167, idem. 31 Bruce Barton, em The Man Nobody Knows, p. 67, The Bobbs- Merril Co., Indianapolis, 1925.
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costumes de famlia revelando tambm natureza impulsiva e corao quente32.
Era to impetuoso o carter daqueles discpulos e doutros mais, que Jesus sempre lhes frisava que deviam pesar bem as coisas antes de agir. Eram neles traos to
salientes que, se algum os propusesse para o pastorado de alguma igreja importante de
nossos dias, esta se veria na necessidade de impor-lhes algumas condies. Lembremo-
nos, no entanto, de que dantes como agora, no so os conservadores, os intelectuais e
os calmos, e, sim, os agressivos, os aventureiros e os destemidos que fazem progredir
mais a obra do Reino de Deus. O aluno que nos d mais trabalho para conter e orientar,
e mesmo para disciplinar, pode ser justamente aquele que mais conseguir na vida.
Podemos agradecer a Deus pelos homens impulsivos, quando sabiamente orientados.
3. Pecadores
O Mestre no s teve que lidar com pessoas de carter subdesenvolvido e de fortes
impulsos, mas tambm de acentuadas tendncias para o pecado. Conquanto alguns deles
se tornassem depois cristos de elevado carter, nem sempre foram to anglicos como
os pinta a nossa imaginao ou alguns artistas da tela. Havia neles altos e baixos,
32 The Jesus of History, p. 77, Geo. H. Doran Co., New York, 1917.
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instintos e impulsos que, no controlados pelos ideais cristos, inevitavelmente os
teriam arrastado a grandes e irremediveis males. Assim aconteceu em parte, e vemos
que eles fizeram coisas que mais tarde provavelmente desejariam ver retiradas dos
registros.
Na verdade, alguns dos quais Jesus ensinou e cujas vidas foram transformadas por
ele, tinham vivido em graves pecados. Basta lembrar que um deles, conquanto viesse a
gozar por alguns anos da companhia de Jesus, tornando-se mesmo o tesoureiro do
colgio apostlico, por fim chegou a vender o Mestre por trinta moedas de prata.
Mas Judas no foi o nico, mesmo do crculo ntimo de Jesus, a ser arrastado por
tendncias pecaminosas, ao menos temporariamente. Pedro mentiu e jurou para ocultar
sua identidade e se escapar de situao embaraosa. Joo no s deu asas a seu
temperamento e preconceitos, mas tambm ao orgulho, e chegou a pleitear o privilgio
de assentar-se destra de Jesus. E Tiago se associou a ele, igualmente desejoso de
posio social e poltica. Houve atritos entre eles, pois eram homens de no pequenas ambies. Mesmo na ocasio da ltima Ceia, os coraes deles giravam ao redor de
tronos33 (Mar. 9:33; 10: 37; Lc. 22:24). De fato, o grupo todo de discpulos pensava
33 T.R. Glover, em The Jesus of History, p. 78, Geo. H. Doran Co., New York, 1917.
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mais em grandezas materiais.
Afora o crculo dos doze, vemos Zaqueu, o coletor de impostos, homem que tinha
grande amor pelo dinheiro e que cobrava mais do que era devido, roubando assim ao
povo necessitado. E tambm Maria Madalena, com sete demnios a seu crdito. E ainda
a mulher pecadora que lhe lavou os ps com suas lgrimas e os enxugou com seus
cabelos. E ainda a mulher de vida livre a quem ensinou beira do poo, a qual tivera um
rosrio de cinco maridos. E ainda aqueles acusadores da mulher adltera, os quais
desapareceram quando Jesus lhes disse que quem estivesse sem pecado fosse o primeiro
a comear a apedrej-la, conforme ordenava a lei. No; aqui vemos perfeitamente que a
classe de alunos ensinada por Jesus em nada apresentava aquelas condies ideais para
um mestre ideal. Ao contrrio, eram tais alunos gente das mesmas paixes nossas, e de
paixes que no poucas vezes os dominavam por completo. Orgulho, ambio e luxria
argamassavam a vida deles, e tudo aquilo desafiava os preceitos e a influncia de Jesus.
O que foi verdade ento, o ainda hoje. Nunca se sabe o que sero os nossos
alunos de hoje. Sabemos, no entanto, que instintos no controlados inevitavelmente
arrastam runa. Num rapaz de belo fsico podem estar aninhadas fortes tendncias para
o crime, foras que, no controladas, certamente o levaro para a penitenciria. E isso
tem sucedido inmeras vezes. Essa jovem culta e de modos gentis, que parece trazer no
rosto a marca legtima da inocncia, pode muito bem estar abrigando dentro de si certos
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ideais e paixes que, desenvolvidas, a arrastaro a uma vida vergonhosa. Isso temos
visto de contnuo na sociedade de que fazemos parte. Nenhum professor pode ler todos
os maus pensamentos e propsitos ocultos no corao de seus alunos. Muitos de ns
podemos dizer o que John Bradford disse de si prprio, ao ver passar por ele um
criminoso conduzido por agentes policiais: No fora a graa de Deus, ali estaria John Bradford. Urge aprendermos a esmagar sempre as tendncias pecaminosas e imprimir em nosso carter a semelhana de Cristo.
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4. Perplexos
As pessoas a quem Cristo ensinou viam-se muitas vezes desafiadas por inmeras
perplexidades e problemas, e assim procuravam a Cristo para que ele os resolvesse.
Certo que s vezes vinham a ele tangidos pela hipocrisia, pois queriam peg-lo
nalguma palavra. Jesus de imediato reconhecia isso, e, no entanto, lhes dava ateno,
levando-os a tirar por si mesmos a concluso certa. Traziam-lhe assuntos mui variados,
tratando quase todos de problemas da vida cotidiana. Respondendo-lhes, Cristo no s
ajudava a quantos ensinava pessoal-mente, mas a inmeros outros pelos sculos em
fora. O fato de Joo haver declarado que o mundo todo no poderia conter todos os
livros necessrios para o registro de todos os ensinos de Cristo nos leva a perceber que
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no conhecemos muitos assuntos ento levados considerao de Crsto.
Conhecemos, no obstante, bom nmero de problemas pessoais e ntimos, que
tratam de modo vital de muitas fases da vida humana. Temos, por exemplo, o pedido
feito por certo homem, para que Jesus tratasse da repartio da herana com o irmo
dele, uma demonstrao de legtima defesa. Tambm temos registrados vrios casos de
ambio e de prestgio social, apresentados pelos discpulos quando deram de querer
saber de Jesus qual deles era o maior. Alis, este um desejo mui natural e humano. O
moo rico desejava saber como poderia alcanar a vida eterna. Esse era o seu problema,
e, ao que parece, tambm de Nicodemos. Outros queriam saber se Cristo era Deus, se
deviam tolerar outros trabalhadores que no andavam com ele, quando e como deviam
prestar culto a Deus; queriam saber algo da ressurreio, dos maiores mandamentos,
algo sobre o jejum, de como poderiam expulsar demnios, e outras coisas mais.
Discutiam e lhe apresentavam tambm problemas pessoais, como o orgulho, a ira, a
luxria, a aflio, a cobia. Vemos que eram os mesmos problemas que hoje en-
frentamos no sculo das luzes.
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Tambm surgiram problemas de natureza social que diziam respeito s relaes de
uns para com os outros. Simo Pedro queria muito saber quantas vezes deveria perdoar
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a quem o houvesse ofendido: s sete vezes, ou deveria ir alm? (Mat. 18:21-35). Os
fariseus, maldosos, fizeram-lhe esta pergunta perigosa: lcito a um homem repudiar sua mulher por qualquer causa? (Mat. 19:3). Semelhantemente, os saduceus, sequiosos por demonstrar a impossibilidade da ressurreio, perguntaram a Jesus a quem
pertenceria no outro mundo a mulher que aqui houvesse desposado sete homens (Mat.
22:
23-33). Um doutor da lei, querendo justificar seu egosmo, levantou diante de Cristo
uma questo mais larga sobre o problema da boa vizinhana, perguntando-lhe Quem meu prximo?
Outro problema, muitssimo melindroso naqueles dias, dizia respeito deslealdade
para com o governo, quanto ao pagamento das taxas. Tal problema foi apresentado a
Jesus quando os escribas e principais sacerdotes lhe perguntaram se era lcito pagar
tributo a Csar (Luc. 20:22). Tambm surgiu a questo do sbado, quando os discpulos
de Jesus lanou mo da imaginao, e lhes falou duma ovelha cada num valo e dum rei
em caminho para a guerra. Outros problemas incluam dar e receber, o orar, o servio, o
esprito de crtica, a vingana.
luz dessas muitas perguntas e problemas, parece-nos que Jesus gastou grande
parte do seu tempo mais a resolver problemas pessoais do que mesmo a ensinar de
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modo geral. E parece que foi assim mesmo. Os problemas da vida humana quase
sempre so os mesmos; e, resolvendo aqueles dos homens do seu tempo, Jesus lanou
muita luz sobre os nossos problemas de hoje, mormente quando vemos que ele tratou
mais de princpios fundamentais que de remdios especficos. Assim, Jesus aparece
como conselheiro e como instrutor, justamente como devemos ser, caso queiramos
servir de maneira valiosa e vital queles de nossos alunos que hoje enfrentam problemas
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mui srios e complicados. Ningum jamais resolveu problemas e perplexidades como
Jesus, e ningum como ele apresentou princpios gerais de maior ajuda e valia. Ele se
revelou mestre consumado e divino, tanto no aconselhar como no ensinar.
5 . Ignorantes
Asseverar que os discpulos de Jesus tinham mente obscurecida e endurecida, bem
como esprito perplexo, parece quase que adicionar insulto injria. Mas v&se que no,
quando buscamos ter uma viso completa da situao em que Jesus se viu frente a eles.
Seus discpulos provinham em maior parte das baixas camadas sociais e no da classe
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alta, e por isso no tinham aquele fundo cultural que soem ter os de classe mais elevada.
Eram, assim, gente mui imperfeita. No estavam preparados para compreender muitas
coisas, dado que a mente deles no estava habilitada a apanhar toda a verdade.
Mas no era esta a nica dificuldade. Uma concepo materialista da vida e a idia
ritualista da religio muito os prejudicavam, visto que as verdades espirituais se
discernem espiritualmente. Tanto a ignorncia, como errados pontos de vista,
embaraavam bastante o trabalho do Mestre. coisa bem diflcil erradicar a confuso
mental e a rotina intelectual. E Jesus teve que enfrentar como nenhum outro mestre
essas duas coisas. Conquanto fosse ele verdadeiro especialista no aclarar a verdade,
registra-se que ele no foi bem compreendido por muitos ou foi mal interpretado por
muito tempo pelo povo em geral, pelos lderes religiosos, e mesmo por aqueles do seu
crculo Intimo. Ele escolheu um grupo pequeno, visando prepar-lo para a liderana, embora no pudessem eles entender, e muito menos explicar a outros, os princpios que
eram a pedra angular da f que deviam propagar.. . Nos trs anos
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que Jesus gastou a ensin4os, tais discpulos foram para ele constante decepo.7
Forte exemplo dessa incompreenso vemos no que respeita ao que Cristo lhcs
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ensinou sobre a natureza do Reino. Apesar de tudo quanto lhes ensinara sobre a
natureza pessoal, ntima e subjetiva do Reino, os discpulos continuaram a esperar um
reino temporal que se baseasse no poder material, como os demais remos da terra. E
isso era verdade mesmo em se tratando dos discpulos mais ntimos de Jesus, como
Tiago e Joo, que chegaram a pleitear uni lugar direita e outro esquerda primeiro-ministro e secretrio de estado.
V-se claro igualmente que Jesus no foi compreendido quanto ao que lhes
ensinou acerca da ressurreio, tanto sua como nossa. Conquanto lhes houvesse dito que
ressuscitaria ao terceiro dia, ningum csperou tal acontecimento. Pelo contrrio, ficaram
surpresos com a ressurreio de Jesus. Como vemos nos Evangelhos, um dos discpulos
de Jesus, Tom, exigiu provas cabais para se convencer. At mesmo o propsito de sua
morte no lhes ficara bem claro, pois que Paulo nos fala da cruz como pedra de tropeo
para os judeus. Mesmo as exigncias importantes e aparentemente simples para o disci-
pulado parece no terem ficado bem claras na mente do prprio Nicodemos, um dos
homens mais preparados do seu tempo!
A despeito da clareza do pensamento de Jesus e da vivacidade com que o
expressava, os seus discpulos mais brilhantes e mais interessados deixaram de apanhar
todo o seu sentido. Creio no ser exagero afirmar que, durante todo o seu ministrio,
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Jesus de contnuo se sentiu desapontado ante a inabilidade e a vagarosidade
demonstrada pelos discpulos em compreender as verdades que lhes ensinava. Se isso se
deu com Jesus, no devemos ficar admirados de que acontea tambm
7. John A. Marquis, cm Lcarning to Teach from tw Master Teacher, p. 53, The
Westminster Press. Filadlfia, 1913.
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conosco. E assim como ele jamais se sentiu desanimado por isso, tambm ns, como
mestres, nunca devemos nos desencorajar, mas avanar pacientemente como ele fez. O
que Jesus disse de Pedro devemos dizer tambm de cada aluno Tu s. . . tu sers.
6. Cheios de Preconceitos
Parece que tudo quanto j dissemos suficiente, mesmo para Jesus.
Eram seus discpulos imaturos, pecadores, intempestivos, de mente tardia e
apoucada. Mas no podemos parar aqui, visto que o quadro ainda no est completo. As
atitudes mentais deles em nada favoreciam a recepo das verdades apresentadas por
Jesus. Pelo menos o que depreendemos acerca deles, ou da mor parte deles, no que
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respeita a certas coisas.
Joo abrigava dentro de si tais preconceitos que no admitia que pessoa fora do
seu grupo expulsasse demnios e fizesse o bem (l\Iar. 9:38). Na verdade, o preconceito
subjazia raiz de muitos dos problemas j mencionados. Na Parbola do Semeador, a
primeira qualidade de solo descrita o que fica beira do caminho terra dura e impenetrvel, na qual a semente no entra muito facilmente (Mat. 13:3-23). Temos aqui
uma descrio perfeita da atitude assumida por indivduos cheios de preconceitos e de
mente fechada, os quais no querem nem pensar na verdade que lhes apresentada. Evi-
dentemente, Jesus teve que lidar com pessoas assim, quando disse essa parbola, visto haver ensinado como enfrentar as necessidades da vida. O professor de Escola Bblica
Dominical tem tambm que enfrentar situaes idnticas. Assim, trate-se de ensinar a
converso, o dzimo, a temperana ou qualquer outro assunto, o professor encontrar
nos seus alunos prticas e preconceitos tais que fortemente os impediro de encarar com
corao aberto tais assuntos. Dificilmente encontrar o professor um aluno
completamente despido de preconceitos. A intolerncia pior do que a ignorncia.
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Quando Jesus falou da ressurreio, encontrou a desdenhosa oposio dos
saduceus aristocratas e racionalistas, os quais, tentando levar Jesus ao ridculo,
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apresentaram a questo do futuro esposo da mulher que nesta vida se casara sete vezes.
Os saduceus eram os crticos intelectuais do tempo de Cristo. Quando Jesus buscou
mostrar o amor de Deus para com toda e qualquer criatura, ainda que pecadora, viu-se
diante das intelectuais adagas dos orgulhosos fariseus, que se julgavam muito bons para
se associarem com pecadores e publicanos. Assim, Jesus teve que forjar a Parbola do
Filho Prdigo, ou apresentar o contraste entre o fariseu e o publicano em orao diante
de Deus. Quando o jovem rico se ajoelhou a seus ps e humildemente lhe indagou como
alcanar a vida eterna, pareceu-lhe estar na presena de uma pessoa de corao aberto.
Mas, dizendo-lhe que vendesse tudo e desse aos pobres, e o seguisse, viu mudar-se o
rosto do moo e ele se foi triste, porque possua muitos bens (Mar. 10:22).
Jesus teve que lidar igualmente com alunos cheios de preconceitos. Queriam
muitos deles ter cheio seu estmago e ver curadas suas doenas, mas sem qualquer
interferncia em seus interesses e sem qualquer mudana em seus hbitos. E
o mundo age assim ainda hoje. Todos querem ser curados e libertos do castigo eterno.
l\las, quando se lhes fala em arrependimento, em servir a Cristo, em sacrifcio e na cruz,
perdem todo o interesse e se vo. coisa mui difcil convencer um homem e lev-lo a
negar-se a si mesmo. Os maiores obstculos encontrados por professores e mestres so
essas mentes fechadas e cheias de preconceitos.
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7. Instveis
Se os discpulos de Jesus se mostrassem dispostos a levar avante de modo fiel
aquilo que houvessem
entendido e recebessem tudo
com mente aberta, j seria
coisa mui mara39
vilhosa. Mas, assim no fizeram. A perversidade humana tamanha que a vontade, bem
como o intelecto e os afetos, se mostram depravados. Isto verdade quanto aos
discpulos daquele tempo, e tambm quanto aos de nossos dias. Muitos no tiveram
coragem de abandonar outros interesses e encarar corajosamente as durezas e decepes
naturais do caminho cristo. Assim, diminuiu o interesse de muitos, e at mesmo os
maiores amigos de Jesus hesitaram em avanar com ele. O quadro que Jesus nos pinta
do solo raso e fraco, onde a semente cresceu rpido, mas logo murchou ao sol
abrasador, tima descrio dessa instabilidade.
Ento, como agora, a tentao, a tribulao, a perseguio, mui logo dizimam as
fileiras. Marquis diz: Bom nmero de gente se apresentou para seguir o Mestre, mas logo esfriou seu entusiasmo e o deixou. Jesus no podia ret-los. Aps trs anos desse
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ensino o melhor que o mundo j conheceu tendo falado Jesus a milhares de pessoas, ficou apenas este nmero de 120, e muitos destes ainda precisaram de ser
reanimados pelo Seu ministrio ps-ressurreio.8 Que quadro do resultado de toda uma vida do maior professor que o mundo j viu! At cultos sem valor parecem ter
conseguido mais em nossos dias.
Bom exemplo de fraqueza o caso do jovem rico, a que nos referimos h pouco, o
qual, embora interessado e inteligente, no se sentiu com foras para abrir mo dos seus
bens e ir aps Cristo. Que estupenda oportunidade perdeu ele, de companheirismo com
Cristo, de servir a Deus, e mesmo de celebrizar-se como cristo! Outro caso j referido
o de Pedro que, aps prometer ser fiel at o fim ainda que os outros desertassem,
voltou as costas a Jesus e o negou com juramento, vendo-se rodeado por pessoas
estranhas.
8. Learning to Teach froin the Master Teacher, p. 57, idern,
1913.
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40
Em certa poca do seu ministrio, a debandada de discpulos foi tal que Jesus
pateticamente se voltou para os poucos que lhe ficaram fiis, e perguntou: No quereis vs tambm vos retirar? (Joo 6:67). Mesmo depois de sua crucificao, vemos que seus amigos mais leais voltaram ao seu primitivo ofcio, tendo dado a causa como
completamente perdida. Aqueles onze homens corriam de c para l, como ovelhas
assustadas, emboscando-se nas trevas, para fugir ao dedo indicador dos inimigos de
Cristo em Jerusalm.9
Se todas essas coisas se deram com Jesus, que esteve sempre muito alm daquilo
que podemos ser, e, se sua obra no tempo foi tida como decepo e derrota, em nada nos
devemos surpreender quando vemos que nossos esforos parecem no render coisa
alguma. Quando se faz muito mais fcil tomar uma classe do que conserv-la, e quando
no poucos alunos e alunas deixam as classes da Escola Bblica Dominical, mal chegam
juventude, urge lembrar do Grande Mestre, e tomarmos alento.
Se o leitor sentir que este captulo desencorajador, lembre-se de que, apesar de
todas aquelas dificuldades, e obstculos, Jesus avanou pacientemente e conseguiu fazer
daquele grupo o mais eficiente corpo de discpulos e mestres que o cristianismo j teve
em toda a sua histria. T. R. Glover diz: O maior milagre da histria parece ter sido
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este: a transformao que Cristo conseguiu operar naqueles homens.0 Fortalecidos por seus ensinos, pela sua ressurreio e pelo Esprito, saram a transformar o mundo, e dez
deles deram sua prpria vida para levar avante aquela divina cruzada. Assim iniciaram
eles a cristandade na obra da evangelizao rnun
9. Frank S. Mead, em The March of Eleven Men, p. 21, Grosset and Dunlap,
New York, 1913.
10. The Jesus of History, p. 85, Ceorge H. Doran Co., New York, 1917.
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dial. A julgar pelos resultados, Jesus lanou a maior gerao de mestres que o mundo conheceu doze homens, que mais tarde viraram o mundo de pernas para o ar. Como conseguiu Jesus formar neles esse carter invencvel o que iremos ver nos
captulos seguintes. At aqui procuramos ver nossos discpulos luz daqueles aos quais
Jesus ensinou, e compreender mais claramente a nossa tarefa de mestres, bem como
buscamos nimo e coragem para ensinar com fidelidade e pacincia.
Sugestes Auxiliares para o Ensino do Segundo Captulo
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Esboo no Quadro-negro
1. Imaturos
2. Impulsivos
3. Pecadores
4. Perplexos
5. Ignorantes
6. Cheios de Preconceitos
7. Instveis
Tpicos para Discusso
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1. Classifique os doze apstolos segundo o temperamento deles.
2. Apresente outros exemplos que provem que eles eram imaturos.
11. John A. Marquis, em Learntng to Teach from the Master Teacher, pp. 27 e 49,
The Sunday-School Times Co., Filadlfia, 1913.
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3. Quais as razes psicolgicas do pecado?
4. Contraste os problemas dos dias de Jesus com os de nossos dias.
5. Por que os discpulos de Jesus no podiam apanhar bem os ensinos dele?
6. Discuta as causas dos preconceitos.
7. D algumas razes que levaram muitos a perder seu interesse pela Causa de Cristo.
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Assuntos para Reviso e Exame
1. Discuta o carter impulsivo de Pedro e de Joo.
2. Apresente fatos que ilustrem tendncias pecaminosas nos discpulos.
3. Quais alguns dos problemas e ideologias que estavam desafiando os discpulos de
Jesus?
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3
O OBJETIVO DO ENSINO DE JESUS
Uma das coisas que mais ajudam no ensino o ter objetivos claros e especficos.
Muitos professores trabalham meses e meses sem objetivo definido, a no ser o de
apresentar o material que se lhes forneceu. Isto responde por muita incria, vacuidade e
falta de interesse. Sem um alvo certo e preciso, definha-se o ensino por falta de
perspectiva, de propsito e de objetividade. E tambm no se poder avaliar os
resultados do ensino, pois que no visa a coisa definida; e, assim, no sabemos para
onde ele se dirige e nem onde chegar.
Com Jesus, as coisas caminhavam de modo mui diferente. Ele nunca ensinava
somente pelo fato de ser chamado a ensinar. Ele sempre tinha um propsito e fins
definidos a atingir. Sabia muito bem o que queria, e caminhava nesse sentido. Sabia
para onde ia e de maneira firme caminhava para a consecuo do seu objetivo sem olhar
para oposies ou derrotas. Vim para que tenham vida (Joo 10:10). Buscou, assim,
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transformar as vidas de seus discpulos, e, por meio deles, transformar outras vidas e regenerar a sociedade humana. Muitas coisas esto includas neste seu objetivo geral.
1. Formar Ideais Justos
Os ideais so no mundo as foras impessoais mais poderosas para a construo do
carter. Eles so como a carta, o
1. D. R. Piper, em LIow Would Jesus Teach, p. 34, David
C. CookPub. Co.,Elgin, 1931.
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mapa, o guia para o curso da vida. Em grande parte controlam nossa conduta. Assim
que surtos instintivos so largamente dominados por eles. Um jovem pode recusar
tomar um gole de pinga, ou deixar de dar uma tragada, ou de danar, umcamente por
causa dum ideal que abraou. Certo jovem deixou de tomar parte numa noitada alegre
com seus amigos s pelo fato de lembrar que nenhum de seus parentes mais velhos
jamais fora culpado de tais prticas. W. 5. Athearn tem grande razo quando diz: Os ideais so as polias pelas quais elevamos nossa natureza a nveis mais altos. Eles determinam a eficcia de nossos anseios emocionais e pesam em nossas resolues.
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Os resultados dos compromissos de trs consagrados cristos de agirem como
mordomos de Deus, no que respeita a suas posses, podem ser inteiramente diversos,
muito embora os trs sejam igualmente sinceros. Um deles pode achar que deve dar
quando a isso se sentir inclinado, e s dar quando o pastor o mover a isso; o segundo
pode achar que deve pagar o dzimo nada mais, nada menos seja qual for a sua renda; j o terceiro pode achar que tudo pertence a Deus e que deve dar a Deus mais do
que nove dcimos. So os ideais que fazem a diferena nos resultados de suas
resolues. Assim, o conhecimento apropriado necessrio ao viver apropriado. No se
pode viver melhor do que aquilo que se conhece. A conduta reta ou certa tem sua raiz na
reta compreenso. Assim, aquilo que amolda os ideais do povo determina em larga
escala o seu destino.
Por isso, Jesus buscou formar ideais retos e justos. Sede perfeitos como perfeito o vosso Pai celestial (Mat. 5 :48). Ele procurou de modo especial dar a todos uma compreenso mais clara da natureza de Deus e de sua atitude para com a humanidade.
Jesus apresenta Deus mais como o Pai cheio de amor que se sente mal com os
pecados do homem, e no tanto como
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um monarca sem corao que no se interessa pela humanidade necessitada. As
parbolas da dracma perdida, da ovelha transx ioda e do filho prdigo revelam o
corao de Deus. Jesus nos apresenta o homem como transviado e necessitado da
influncia regencradora do Esprito de Deus, se quiser ele entrar no Reino de Deus. Isto
se v na conversa de Jesus com Nicodcmos (Joo 3:1-14). No Ensino do Monte,
especialmente nas Beatitudes, Jesus esboou as qualidades e prticas que devem
caracterizar os cidados do Reino, tanto na vida particular como em suas relaes
pblicas. Ele alertou a todos contra o orgulho, a cobia, a raiva para com outro irmo, e
contra o olhar para a mulher, cobiando-a. Ele props uma filosofia para guiar nossa
conduta, que, afinal a coisa mais importante na vida, como, alis, descobriu W. J.
McGlothlin, quando percebeu que um homem o seguia num parque noite e estava ele
mais interessado na filosofia da vida humana do que mesmo em saber se tal homem era
mais forte do que ele, se se tratava de um negro, ou se este trazia consigo uma garrucha.
O povo corria para Jesus, porque ele o alimentava com verdades que seu corao
desejava ansiosamente. Os professores de Escola Bblica Dominical devem aprender
bem a lio que este fato contm: nossos alunos afluiro, se os alimentarmos
regularmcnte. Assim como h pssaros que sistematicamente voltam s mesmas praas
de certas cidades da Europa central, porque certas pessoas em seu testamento deixaram
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importncias especiais para a alimentao regular deles ali, tambm nossos alunos viro
sempre s nossas aulas, se lhes dermos algo que valha a pena. Toda a responsabilidade
na sustentao duma Escola Bblica Dominical no descansa sobre os ombros dos
visitadores da Escola, no. A responsabilidade maior recai sobre o ensino que deve ser
enriquecido com a visitao. Deve haver um impulso que venha de dentro para fora
atravs da instruo, bem como um apelo que venha de fora para dentro, atravs da
persuaso. Nenhuma poro de
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entusiasmo, nenhum colorido anedtico, e nenhuma fluncia de elocuo poder
substituir o conhecimento que se transmite ao aluno.2
Nestes dias em que tanto se enfatiza no ensino a soluo de problemas e o
tratamento das situaes da vida, no esqueamos a necessidade de plantar verdades
divinas na mente de nossos alunos e de construir slidos ideais de vida. Ideais e
sentimentos mais elevados so necessrios para dar unidade vida, afirmam os
psiclogos. Assim como pensa em seu corao, assim o homem (Prov. 23:7).
2. Firmar Convices Fortes
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Jesus no ficou apenas a transmitir conhecimentos sobre assuntos morais e
espirituais. Foi mais adiante. Ele bem sabia que s o conhecimento ou a informao no
venceria os desejos instintivos e o mau ambiente. Pode-se conhecer bem os males
acarretados pela perverso sexual, o perigo das bebidas alcolicas e da jogatina, e no
obstante viver-se escravizado a um ou a todos esses vcios. Tm-se encontrado em casa
de m fama homens com folhetos religiosos e at Evangelhos em seus bolsos. Um pobre
vagabundo que surgiu certa vez num acampamento de colegiais leu o grego to fluente-
mente corno o ingls, que o grupo de estudantes acabou tirando-lhe o chapu e com ele
levantou uma coleta para que o infeliz pudesse comprar mais cachaa!
Pode-se dizer que resultou aquilo em mal maior, e, na verdade, algum diplomado
daquele colgio esteve ligado quela troa lamentvel. Mais de quinhentos
diplomados tm sido salvos nos cortios da cidade de New York, alguns dos quais l
tinham ido para realizar obra de soerguimento moral. O
2. John A. Marquis, opus cit., p. 11, The Westminster Press,
Filadlfia, l9~3.
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Mestre nunca se iludiu pensando que basta o conhecimento para curar o homem de seus
males. Quando ele disse: A verdade vos libertar (Joo 8:32), disse isso aos judeus que criam nele, e condicionou essa afirmativa permanncia deles cm sua palavra.
Assim, pois, o Mestre tanto buscou aprofundar as convices como implantar a
verdade. Noutras palavras: Ele reconhecia a necessidade de despertar o sentimento e
desenvolver atitudes. Seu alvo final era a vontade. Ele reconhecia, como nos tambm,
que a verdade deve possuir luz e tambm calor para ser eficaz. Deve desenvolver-se o
sentimento de obrigao, como afirma W. A. Squires: Ele tratou da vida em sua plenitude, e no meramente do processo mental de seus alunos. Ele nutriu a vida
emotiva, bem como a vida intelectual de seus discpulos.3 Com esse propsito, buscou despertar interesse por certos assuntos e tambm proporcionar informaes sobre eles.
Sempre estavam em seus lbios perguntas como estas: Que vos parece? (Mat. 18:12). Que pensais vs do Cristo? (Mat. 22:42). Assim, despertando meditaes posteriores sobre o assunto, despertava o interesse e aprofundava as convices. Tambm apelava
de contnuo ao amor, aos sentimentos de afeto. Belo exemplo de seu esforo, no sentido
de aprofundar a lealdade de Pedro, vemos na pergunta que lhe fez trs vezes: Amas-me mais do que estes? (Joo 21: 15-17).
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Semclhantcmente valeu-se do temor e do dio para firmar as convices, inclusive
o temor do inferno e o dio ao pecado. Tambm enfatizou recompensas e punies.
Falando sobre o juzo futuro, descreveu pessoas condenadas s trevas exteriores,
dizendo: ali haver choro e ranger de dentes (Mat. 25:30).
3. Th.e Ped~gogy of Jesus in thc Twiflght of Today, p. 137, George H. Doran Co.,
New York, 1927.
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luz dessa nfase, no podemos negar que os discpulos, ouvindo tais palavras,
ficassem profundamente emocionados com a importncia e a veracidade de suas
afirmativas. Jesus despertava, ento, atitudes pr ou contra esses assuntos apresentados.
Bem faremos ns em seguir o exemplo de Jesus, porque, se queremos que nosso ensino
alcance os resultados desejados, nossos alunos precisam sair de nossas aulas percebendo
bem o valor das verdades ali estudadas e debatidas, levando consigo a firme resoluo
de fazerem algo no sentido de praticar o que ouviram. Somente desta forma se dar s
verdades ensinadas aquela nfase precisa, coisa to necess~ ria nestes tempos em que
no se d grande valor a assuntos srios, chegando mesmo no poucos a troar e rir das
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verdades religiosas. O ensino deve fortalecer, e no enfraquecer as convices. A
juventude deve ser fortalecida no seu ntimo, e assim estar preparada para viver bem
num ambiente depravado. Quando Rudyard Kipling levou seu filho a um passeio de
barca e se lhe disse que o rapaz havia pulado ngua e morreria certamente caso o pai
no o acudisse, ele apenas disse: No; isso no acontecer, pois o rapaz sabe o que faz. Devemos desenvolver em nossos alunos convices to fortes para que eles se mantenham resolutos e invencveis.
3. Converter a Deus4
A principal tarefa do professor propriamente relacionar seu discpulo com Deus.
1~ este o ato religioso inicial do indivduo, e o mais importante. Dado que o aprender
no fica completo sem uma resposta da parte do aluno, assim tambm o ensino de
religio no se completa sem que o indivduo responda a Deus. Nunca estaremos
retamente relacionados co-
4. Para discusso maior deste assunto, veja, de J . M. Price, Personal Factors in
Character Building, p. 121 em diante, Baptist Sunday School Board, Nashvi!e, 1934.
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nosco ou com nossos semelhantes, enquanto no o estivermos com Deus. 12 esta a
nica base para se obter vida genuinamente integrada e unificada. Assim como a agulha
magntica oscila e no se firma enquanto no aponta para o norte, igualmente o
indivduo vagueia enquanto no se relaciona com Cristo. Josh Billings tem razo ao
afirmar que so teremos corridas de cavalos limpas e honestas quando tivermos uma raa humana honesta. A retido s aparece quando a gente se converte a Deus. 12 este o alicerce de todo o progresso moral.
Todas as atividades da vida devem ser dirigidas deste centro. 12 o maior
ajustamento da vida. A alma de toda cultura a cultura da alma. Esto certos os catlicos romanos ao afirmarem que problemas como o do sexo s se resolvem luz do
temor e do amor de Deus. Isto verdade tambm no que toca temperana e paz
mundial. Assim disse Cristo: Buscai primeiro o reino de Deus e sua justia, e todas estas coisas vos sero acrescentadas (Mat. 6:33). Ele disse tambm: Se no vos arrependerdes (mudardes vossa mente), todos de igual modo perecereis (Luc. 13 : 3). Ele disse ainda ao culto Nicodemos: Quem no nascer de novo (de cima) no pode ver o reino de Deus (Joo 3 : 3). Assim Cristo primeiro cuidou de levar o
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povo converso a Deus e essa tambm a nossa grande obra como professores.
A experincia da converso descrita como nascimento, ressurreio, iluminao,
novo corao, mudana de mente. Pode variar na forma conforme o temperamento, a
idade, a cultura e o grau de pecado; mas em todos os casos envolve a harmoniosa
relao da pessoa humana com a divina. Pode ser uma experincia sem alarde ou do tipo
revolucionrio; pode ser gradativa ou repentina; pode ser dominantemente intelectual,
emotiva, ou volitiva; pode ser mais viva libertao do pecado ou mais sensvel marcha
para a retido. Em cada caso, porm, h uma entrega a Deus e o transpor da linha
divisria para se entrar na vida crist.
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Da converso resultam novos motivos, novos interesses e novas atividades.
Amars o Senhor teu Deus de todo o teu corao, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e com todas as tuas foras (Mar. 12:30). 12 esta a experincia que transforma o mundo. O convertido hotentote da frica est mais perto do centro da vida do que o mais culto pago da Amrica.
A me do governador Joscph W. Folk dizia pura verdade ao afirmar que no se
orgulhara tanto de Joe no dia em que ele assumira as rdeas do governo como quando
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ele se filiara sua igreja (batista). Cada professor de Escola Bblica Dominical deve
ensinar, orar e agir para que cada aluno submeta sua vida a Deus o quanto mais cedo
possvel. Cada um de seus alunos deve ser levado a dizer como o filho prdigo:
Levantar-me-ei e irei ter com meu pai (Luc. 15:18).
4. Relacionar com os Outros
O viver cristo envolve relaes retas para com o homem, assim corno para com
Deus. Na verdade, ambas estas coisas acham-se envolvidas na mesma experincia.
Quando Jesus resumiu o primeiro mandamento, acrescentou isto nossa relao para
com Deus amars o teu prximo como a ti mesmo (Mar. 1 2 : 31). Ao enfatizar a doutrina das recompensas na eternidade, Jesus disse que tais recompensas se baseiam no
ter dado comida ao faminto, gua ao sedento, roupas ao nu, no tratar bem o estrangeiro,
o enfermo e os presos (Mat. 25:
35,36). Joo foi mais longe, dizendo: Se algum diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmo, mentiroso (1 Joo 4:20).
Isto significa que somos convertidos como seres sociais mais do que seres
independentes. Devemos estar em harmo. nia com os homens tanto quanto com Deus.
Henry C. King disse certa vez: A religio est serzida com todas as relaes,
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tendncias e esforos humanos, indeslindavelmente mesclada com todas elas. li
devemos compreender que sua glria est
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no num majesttico isolamento, e, sim, nessa capacidade de permear e dominar toda a
vida. Jesus buscou harmonizar uns com os outros, bem como convert-los a Deus. E ele espera que faamos o mesmo.
Vrias coisas so envolvidas nesta obra de levar os homens a manter boas relaes
entre si. Em primeiro lugar, Jesus enfatizou o evangelho do amor, como indica o
mandamento j referido. Jesus foi mais alm, e disse: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei (Joo 13:34). Ele sabia que o verdadeiro amor derrubaria todas as barreiras. Assim, alertou a todos contra o dio, recomen(lando: Orai por aqueles que vos perseguem (Mat. 5:44). No podem existir boas relaes quando reina o dio. Na verdade, o dio o primeiro passo para o homicdio. Jesus enfatizou tambm, e muito, a
necessidade do esprito pacifista, e disse: Bem-aventurados os pacificadores, porque sero chamados filhos de Deus (Mat. 5:9). Sobre a pureza sexual, disse: Qualquer que olha para uma mulher, cobiando-a, j em seu corao cometeu adultrio com ela (Mat. 5:28).
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A nfase que deu, e igualmente sua atitude, nos ajudam a pr de lado as bebidas
alcolicas, os preconceitos raciais, a resolver os problemas entre patres e empregados,
e a eliminar a guerra. Se relaes pacificas dominarem os setores todos, j elas se
estabelecero no por intermdio de diplomatas encola rinhados, a beber cocktails e inebriantes junto a mesas de conferncias internacionais, e, sim, por meio de Escolas B-
blicas Dominicais e doutros professores dum mundo construdo por uma juventude
sadia, que ento manter atitudes retas e justas para com pessoas de todos os climas,
cores, classes e credos.5
5. Para discusso mais extensa deste assunto, veja, de J. M. Price, Vital Problcnzs
in Christian Liv ing, Cap. 8, Baptist Sunday School Board, Nashville. 1942.
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5. Resolver os Problemas da Vida
Em todos os seus ensinos Jesus nunca se esqueceu dos problemas ntimos de seus
ouvintes, e sempre buscou resolv-los, para fazer deles discpulos felizes e unificados.
Seu ensino essencial e inteiramente ocasional.. . tirado de emergncias do dia e da
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hora, do contato com o povo, de conversas e incidentes.6 A nfase dada por Cristo era sobre a prpria vida e no sobre coisas materiais. Sem contar o Ensino do Monte, a
maior parte dos seus ensinos registrados era para ajudar indivduos a resolverem
problemas especficos que OS desafiavam. Ele no empregou termos gerais, como
religioso, espiritual, tico e consciente, mas acorooou virtudes particulares. At parece
que ele disse as bem-aventuranas por ver diante de si pessoas que estavam lutando com
problemas referentes ao orgulho, impureza, tristeza e a outros mais.
Certo velho professor de latim disse que no ensinava latim, e, sim, a alunos;
igualmente o Mestre no ensinava propriamente a verdade, e sim, a pessoas, e as
Escrituras e outros materiais eram apenas meios para esse flui. At mesmo o versculo
das Escrituras que enfatiza a inspirao diz que elas no so em si um fim, mas que so
teis para ensinar... para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente pre-
parado para toda boa obra (II Tim. 3:16,17). Jesus sempre visava a prpria vida, mais do que o intelecto.7
Podemos ver que ele de fato enfatizava isso quando estudamos todo o seu
ministrio. Ele citou vinte livros dos trinta e nove do Velho Testamento, em seus ensinos, e sempre em relao com algum problema ou situao que estava embaraando
seus discpulos. Ao lidar com a mulher junto ao poo,
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6. W. A. Curtis, em Jesus Christ the Teacher, p. 75, Oxford University Prcss,
1943.
7. A. W. Hitchock, em The Psychology of Jesu,s, p. 168, lhe Pilgrim Press,
Boston, 1907.
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se aprofundou na vida dela para lhe revelar sua necessidade. Conversando com
Nicodemos, colocou seu dedo justamente no ponto fraco do seu farisasmo formalista e
lhe ensinou a lio da necessidade e natureza da converso. Quando o buscou o jovem
rico e lhe perguntou o que devia fazer para herdar a vida eterna, Jesus fez perguntas at
que o moo descobrisse que suas posses constituam seu capital problema, e da lhe
aconselhou o que devia fazer de suas propriedades.
Provavelmente o exemplo mais frisante o daquele homem que quis que Jesus
induzisse seu irmo a dividir com ele a herana, e isto precisamente quando Jesus estava
falando sobre os cuidados e a providncia de Deus. Aquele pedido estava
completamente fora de ordem, em inteira desarmonia com a ocasio, e, assim, mui
natural seria que Jesus ignorasse aquela solicitao ou repreendesse o intruso, e
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prossguisse em sua mensagem. Mas o Mestre dos mestres no fez nada disso.
Percebendo a cobia que lavrava no corao daquele homem, desviou-se um bocado do
que vinha dizendo e lhe deu uma lio sobre o valor da vida humana, lio que tem sido
grande bno para todo o mundo. Disse, ento, a parbola do rico prspero e insensato
que construiu celeiros e tulhas mais vastas para recolher sua enorme colheita, e com tal
ilustrao levou aquele ganancioso a perceber sua lamentvel atitude de cobia (Luc.
12:13-21).
Se se deve hoje em dia em nossas Escolas Bblicas Dominicais enfatizar mais uma
coisa que outra, esta a verdade capital: ensinemos alunos, e no lies. O moto de
cada professor deve ser este: ensino que tem finalidade certa, para o aluno saber como viver, O professor de adultos que no permite que um aluno faa perguntas, alegando que o tempo escasso e que e preciso dar toda a lio, no descobri~ ainda qual a funo principal do mestre. Quando necessrio, devemos at nos desviar da lio do dia
para atender necessidade da classe. Muitos pregadores assim fazem em seus
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sermes. George XV. Truett nos conta que certa vez pregou um sermo inteiro para
beneficiar certo ouvinte dum grande auditrio. Mas, assim fazendo, beneficiou a muitos
do auditrio, bem como Jesus ajudou a humanidade de todos os sculos, desviandose
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de sua mensagem formal para satisfazer s necessidades de um indivduo cobioso. Se
nada aprendemos de todo neste estudo de Jesus como mestre, no esqueamos nunca
que ele ensinou para resolver as necessidades e problemas da vida.
6. Formar Caracteres Maduros
Jesus desejava no apenas obtcr uma resposta definida para seus ensinos, e nem s
resolver por meio deles problemas especficos da vida. Ele olhava ainda mais para