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A PTIC IPACAo DA IR MATH ILDE N INA CONSTRUCAo HISTORICA DAABEn THE PARTIC IPATION OF S ISTER MATH ILDE N INA IN THE H ISTORICAL CONSTRUCTION OF THE BRAZILIAN ASSOCIAT ION OF NURS ING (ABEn) LA PART I C IPACION DE LAHERMANAMATH ILDE N INAEN LA CONSTRUCCI ON HISTORICA DE LAABEn Maria Reg ina Marques Bezerra f RESUMO: Estudo de cunho hist6rico-social, cujo objeto e a paic ipa ao da Irma Mathilde N ina no processo hist6rico da Associa ao Br asileira de Enfermagem (ABEn), como representante da Companhia das F ilhas da Caridade. Objetivo: d iscutir 0 advento da inserao dess a Irm a n a Associaao Brasileira de Enfermagem como uma forma de difus ao d a influncia cat6lica . Recorte temporal: 1939 a 1950. Fontes prim ari as: documentos escritos e depo imento de pessoas que tenham convivido com Mathilde N ina . 0 metodo e dialetico, e a discuss ao dos achados fundamenta-se no pensamento de Pierre Bourdieu. As Irmas da Caridade fizeram, no Brasil , um movimento de inserao n a educa ao formal. Tal evento foi consequ encia do Decreto 20.1 09/31 . Como primeira representante da Co mpanhia a se diplomar, a Irma Nin a possufa um capital que a legit imava nas v ari as inst anci as da enfermagem; sua inserao na ABEn e mais uma das formas de difusao da ideologia cat6l ica. PALAVRAS-CHAVE: ensino rel ig ioso, h ist6ria da enfermagem, ens ino de enfermagem, ABEn CONSIDECOES INI CIAIS Trata-se de um estudo de cunho hist6rico social cujo objeto e a partic ipay ao da Irm a Mathilde Nina no processo hist6rico da Associay ao Br asileira de Enfermagem (ABE n), como representante da Companhia das Filhas da Caridade. Seu objetivo e discutir 0 advento da inseryao dess a Irm a n a Associay ao Br asileira de Enfermagem como uma forma de difus ao d a influencia cat6lica. A motivay ao p ara realizar este trabalho e cons equ encia d e um longo processo de convivencia academica no espayo social da Faculdade de Enfermagem Luiza de Marillac (FELM). Esse processo diz respeito a um contato iniciado em 1983, quando era aluna de graduay ao e fiz amizade com a Irm a Ercfli a de Jesus Bendine. Foi atrav es d ela que obtive as primeiras informayoes a respeit o da Companhia. Ao ser convidada para trabalhar na FELM, em 1986, passei a conviver no locus hist6rico onde as Irm as puder am consolidar a sua insery ao n a educay ao form al. Nesse sentido, um dos resultados concretos deste artigo e forn ecer informayoes a respeito do pioneiriso da Irm a M athilde Nina que, al em d e ter sido a primeira religiosa a se inserir na educay ao form al e enfermagem no Brasil, foi a prieira a fazer parte da Associay ao Brasileira de Enfermeiras Diplomadas (ABED). A realizay ao deste trabalho me parece oportuna, tamb em, por p ermitir conhecer melhor eSsa mulher que viveu em um moment a polit ico-social em que as Irm as d a Companhia das Filhas da Caridade, que prestavam assistencia hospitalar d esde 0 seculo XIX no Brasil, p erderam 1 Pfessora A uxiliar da Faculdade de Enfermagem L uiza de Ma n/lac, mestranda da EEAN / UFR memb do Ncleo de Pesquisa de Histoa da Enfermagem Braslleira/EEA N/UFRJ (Nuphebsj. R Bras. Enferm., Brasil ia, v. 53, nA , p. 261-267 , abr./jun . 2001 261

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A PARTICIPACAo DA IRMA MATHILDE NINA NA CONSTRUCAo HISTORICA DAABEn

TH E PARTIC IPAT ION OF S I STER MATH I LDE N I NA I N THE H I STORICAL CONSTRUCTION OF THE B RAZI LIAN ASSOCIAT ION OF N U RS I NG (ABEn)

LA PART I C I PAC I O N D E LA H ERMANA MATH I L D E N I NA E N LA CONSTRUCCI O N H I STORICA DE LAABEn

Maria Regina Marques Bezerra f

RESUMO: Estudo de cunho h ist6rico-socia l , cujo objeto e a partic ipa<;:ao da I rma Math i lde N ina no p rocesso h i st6r i co d a Assoc ia<;:ao B ra s i l e i ra de E nfe rmagem (AB E n ) , como rep resenta nte da Companh ia das F i l has da Car idade. Objetivo : d iscutir 0 advento da i nser<;:ao dessa I rma na Associa<;:ao B ras i l e i ra de E nfermagem como uma forma de d ifusao da i nf lu€lnc ia cat6 l ica . Recorte te mpora l : 1 939 a 1 950. Fontes primarias : documentos escritos e depoimento d e pessoas q u e tenham convivido com Math i lde N ina . 0 metodo e d ia letico , e a d iscussao dos achados fundamenta-se no pensamento de P ierre Bourd ieu . As I rmas da Caridade fizera m , no Brasi l , um movimento de inser<;:ao na educa<;:ao forma l . Ta l evento foi consequencia do Decreto 20 . 1 09/3 1 . Como prime i ra representante da Companh ia a se d ip lomar, a I rma N ina possu fa um capital que a legit imava nas varias i nstancias da enfermagem ; sua i nser<;:ao na ABEn e mais uma das formas de d ifusao da ideolog ia cat6 l ica .

PALAVRAS-CHAVE: ensino re l ig ioso , h ist6ria da enfermagem , ens ino de enfermagem , ABEn

CONSIDERACOES INICIAIS

Trata-se de um estudo de cunho h ist6rico soc ia l cujo objeto e a part ic i payao da I rma Math i l de N i na no processo h ist6rico da Associayao B ras i l e i ra de Enfermagem (AB E n ) , como representante da Companh i a das F i l has da Car idade . Seu objetivo e d i scut i r 0 advento da inseryao dessa I rma na Associayao Bras i le i ra de Enfermagem como u ma forma de d ifusao da i nfl uenc ia cat6 l ica .

A motivayao para rea l izar este tra ba l ho e conseq uenc ia de u m longo processo de convivencia academica no espayo socia l da Faculdade de Enfermagem Luiza de Mari l lac (FELM) . Esse processo d iz respe i to a u m contato i n ic iado em 1 983 , q uando era a l una de g rad u ayao e fiz a m izad e com a I rma E rc f l i a de Jesus Bend i ne . Fo i atraves de la q u e obt ive as pr ime iras i nformayoes a respeito da Compa n h i a . Ao ser convidada para traba l ha r na F E L M , em 1 986 , passe i a conviver no locus h ist6r ico onde as I rmas pud eram conso l i da r a sua inseryao na ed ucayao forma l .

Nesse sent ido , um dos resu ltados concretos deste artigo e fornecer informayoes a respeito do p ione i ri srno da I rma Math i l de N i n a q u e , a l em de ter s ido a pr ime i ra re l i g iosa a se i nser i r na ed ucayao forma l ern enfermagem no Bras i l , foi a pr irneira a fazer parte da Associayao B ras i le i ra de E nfermeiras D ip lomadas (ABED) .

A rea l izayao deste traba lho me parece oportu n a , tambem, po r permit i r con hecer me lhor eSsa m u l her que v iveu em um momenta po l it ico-soc ia l em que as I rmas d a Companh i a das F i l has da Car idade, que prestavam assistencia hospita la r desde 0 secu lo XIX no Bras i l , perderam

1 Prafessora Auxiliar da Faculdade de Enfermagem Luiza de Man/lac, mestranda da EEAN / UFRJ, membra do NtJcleo de Pesquisa de Historia da Enfermagem Braslleira/EEA N/UFRJ (Nuphebrasj.

R Bras. Enferm. , B ras i l i a , v. 53 , n A , p . 26 1 -267 , abr. /j un . 200 1 2 6 1

A part ic ipar;:ao da irma Math i lde N ina . . .

esse d i reito , por forc;a de le i . Ou sej a , a pub l icac;ao do Decreto n O 20 . 1 09/3 1 , entre outras prov idenc ias , passou a regu l a r 0 exercic io de enfermagem no B ras i l , obr igando aqueles que atuavam ou desejassem atua r p rofiss iona lmente em espac;os hospi ta l a res a obter a formac;ao academica .

Sabe-se que a decada de 30 e con hecida , tambem, como u m momenta de retomada da a l i anc;a entre 0 Estado e a I g reja . E nesse contexte que Getu l io Vargas ass ina , e m 1 0 de marc;o de 1 932, 0 decreto nO 2 1 . 1 4 1 , "conferindo as I rmas da Caridade d i reitos igua is aos das enfermeiras " padrao Ana Ner i " (Baptista; Barreira, 1 997 , p. 35 ) .

A despeito do Decreto ba ixado pe lo Pres idente da Repub l ica , Math i l de N ina , desejando se empenhar na criac;ao de uma institu ic;ao capaz de oferecer as I rmas e cat6 1 icas uma formac;ao q u e a l i asse a construc;ao do conhecimento c ient ffico de Enfermagem aos hab itos re l i g iosos , buscou cumpr ir a exigenc ia do refer ido decreto .

Para da r conta de examinar 0 objeto de estudo , optei por u m a a bordagem de cunho h ist6rico-soc ia l e ut i l izei 0 metodo d ia letico , que poss ib i l ita a instru mental izac;ao do pesqu isador no sent ido de faze-Io ver "que 0 objeto das c iencias e comp lexo , contrad it6r io , inacabado, e em permanente transformac;ao" (Minayo, 1 993 , p . 22) .

o recorte tempora l compreende 0 periodo de 1 939 a 1 950. 0 marco i n ic ia l e a participac;ao da I rma Math i lde N i na , pel a prime i ra vez, na Associac;ao Bras i le i ra de E nfermeiras D ip lomadas e 0 marco fi na l corresponde a sua u lt ima atuac;ao na Associac;ao Bras i le i ra de E nfermagem (ABEn ) .

Sao consideradas fontes pr imarias neste a rt igo documentos pertencentes ao Arq u ivo da Companh ia das F i l has da Car idade , da Facu ldade de Enfermagem Lu iza de Mar i l lac , do Acervo da Escola de Enfermagem da U F MG e depoimentos de duas I rmas que viveram nesse periodo .

As I rmas entrevistadas conviveram com Math i l de N ina e p resenc iaram sua trajet6r ia como enfermeira atuante em d iversas at iv id ades l igadas a c lasse. Para poder rea l izar a coleta de dados , pa ute i -me na tecn ica de entrevista semi-estrutu rada ; forma d e levantamento d e dados q u e possib i l ita a o entrevistador fazer a s necessadas adaptar;6es. As entrevistas foram g ravadas e , em segu i da , tra nscritas ( Ludke; Andre, 1 986 , p . 34) .

B usca ndo u m a me lhor ana l ise das fontes pr imar ias se lec ionadas ate 0 momento , re lac ione i -as com as fontes secu ndar ias , 0 que poss ib i l i tou 0 entend imento dos d iversos contextos engendrados na h ist6r ia . No q u e diz respe ito as fontes secu ndar ias , a l i teratura se lec ionada eng loba as areas da h ist6ria da enfermagem , da educac;ao e re l ig iao no pa is e da trajet6ria da ABE n . Buscando entender a relac;ao d a s re l ig iosas com a construc;ao h ist6rica da A B E n , e a s d iversas s i tuac;oes envolv idas nesse processo, pautei 0 meu estudo no pensamento de P ierre Bourd ieu .

AATUACAO DAASSOCIACAo sAo VICENTE DE PAULO NO BRASIL

Ap6s 0 surg i mento e a estruturac;ao da AssociaC;ao Sao Vicente d e Pau lo (ASVP) , na Franc;a , no secu lo XVI I , a forma de assistencia aos doentes pobres sofreu g randes mod ificac;oes , e os desva l idos , que antes nao t i nham a quem recorrer para receber atend imento , passaram a ter u m modelo de hospi ta l e ass istenc ia . Esse modele de traba lho se d ifund iu aos poucos pe lo mundo , ate que , no seculo XVI I I , ou sej a , em 1 8 1 9 , viera m para o Bras i l o s pr imeiros padres provenientes da Provincia Portuguesa ( Castro, 1 936 , p . 4 1 8 ) .

O s confl itos existentes na Eu ropa , decorrentes da Revo l uc;ao F ra ncesa , l i m ita ram demas iadamente a ac;ao dos re l ig iosos dessa Ordem. AAssociac;ao encontrou "entao na v inda para 0 Bras i l uma sol uc;ao para esse prob lema" . Essa sol uc;ao fo i d espertada pe la " ide ia da ' m issao ' ' ' , com vistas a conti n u idade do exerc ic io das at iv idades para a q u a l fora m ordenados ( Nunes, 1 997 , p . 492 ) .

262 R Bras. Enferm. , Brasi l i a , v . 54 , n . 2 , p . 26 1 -267 , abr. /j un . 2001

BEZERRA, M . R M .

E m 1 7 de novembro de 1 852 , 0 I mperador v igente , D o m Pedro I I , so l ic ita ao d i retor dos miss ionarios , Padre Vic;oso , atraves do M i n i stro de Estado , a fundac;ao da Santa Casa de M iser ic6rd i a . Com esse i ntento , sao enviadas tri nta I rmas da Casa Mae da Companh i a das F i l has da Car idade , loca l izada em Par is , para 0 Rio de J a ne i ro . 0 hosp i ta l ja era ad m i n istrado por pessoal servente ; com a chegada das I rmas , a ac;ao ass istenc ia l e admin istrativa do serv ic;o hosp i ta la r logo fo i sent ida pe la comun idade , conforme reg istra Castro ( 1 936 , p . 424 ) .

Ate 1 933 , as I rmas ja haviam a berto 67 casas para a prestac;ao de assistencia a enfermos . Somente em 05 de setem bro de 1 939 fo i cr i ado 0 pr ime i ro centro de formac;ao de enferme i ras rel ig iosas no Bras i l , que recebeu 0 nome de Esco la de Enfermeiras Lu iza de Mar i l i ac , equ iparado a esco la padrao pelo Decreto nO 9 1 00 , de 24 de marc;o de 1 942 , ass inado por Getu l i o Vargas e por Gustavo Capanema , M i n istro da Educac;ao e Saude Pub l ica . Esta fo i uma conqu ista da Companh i a , tendo na fig u ra de Math i l de N i na s u a ma io r rep resenta nte , l evando-se em conta que foi seu traba lho que propic iou a d ifusao e a consol idac;ao das I rmas da Car idade d ip lomadas nos espac;os educac iona is e hosp ita l a res .

A MULHER MATHILDE NINA

Com a criac;ao da Escola Profiss iona l de Enfermeiros e Enfermeiras do Hosp icio Naciona l de Al ienados , em 1 890 , a Cruz Vermel h a , em 1 9 1 6 , e a Esco la de Enfermagem Anna Nery, em 1 922 , 0 cenar io da formac;ao dos prestadores d e ass istenc ia se mod if ica . Sendo la icas , ta is i nst i tu ic;6es se afastavam , em mu ito , do modelo cons iderado necessar io a formac;ao das I rmas da Caridade . Alem d isso , i nexist ia uma leg is lac;ao que ofic ia l izasse e organ izasse a prat ica de enfermagem, 0 que possib i l itava a permanencia das I rmas no trabalho hospita lar como enfermeiras , mesmo sem t i tu l ac;ao forma l (Bapt ista ; Barre i ra , 1 997 , p . 29-30 ) . Isso , porem , sera mod ificado pois

H ( . . . ) por forc;a do Decreto nO 20 . 1 09 , de 1 5 de j u l ho de 1 93 1 , que passou a regu l a r 0 exercfc io da enfermagem no pa is e deu outras providenc ias . Dentre estas , reconheceu a Esco l a de Enfermagem Anna N e ry como ofi c i a l padrao para efe ito d e cr iac;ao e reconhec imento de outras esco las d e enfermagem bras i l e i ra e a part i r desse momenta f icou determinado q u e s6 poder ia exercer a profissao quem obtivesse a t i tu lac;ao forma l de enfermagem" (Bezerra; Baptista, 200 1 , p . 7 - a rt igo em fase de pub l i cac;ao) .

A part i r desse momento , a Companh i a d a s F i l has d a Car idade , pertencente a ASVP, busca meios para se i nser i r na educac;ao forma l . Para ta nto , procura aque la q u e me l hor representar ia os anse ios da comun idade rel ig iosa . Segundo I rma F i usa2 (depoente nO 2) : " H a necess idade [de as I rmas se mantere m no a mb iente hosp ita la rj , porq ue 0 motivo re l i g ioso era mu ito ma ior q u e as le i s , da s i tuac;ao de trad ic;ao , era u ma seg uranc;a para 0 Estado . Estamos na ass istenc ia desde que eu me entendo por gente, desde 0 secu lo XVI I , e no Bras i l desde 0 secu lo X IX . Sempre fo i a gente que prestou ass istenc ia " .

Q u e m ser ia a I rma m a i s ind i cad a nessa s i tuac;ao? E m 25 de outu bro de 1 899 , nasce na c idade de Sao Lu iz do Maranhao Edmar Arl ie N ina , fi l ha de Alm i r N i na , med ico, e de Maria Arl i e Parga . (Arqu ivo da Companh ia das F i l has da Car idade) . Na vida fam i l iar, recebeu a pr imeira formac;ao rel i g iosa , habitus -especie de conhecimento adqu ir ido , uma d isposic;ao i ncorporada na re lac;ao fa m i l i a r e soc ia l ( Bourdieu, 1 989) - que se m istu rava com a visao que tinha da atuac;ao do pai na assistencia . Estudou e d i p lomou-se como normal ista . E m depo imento conced ido com f ins de pesq u isa , a I rma F i usa (depoente nO 2 ) comenta q u e N i na foi s u a professora , na escola pr imar ia I macu lada da Conceic;ao, em Forta leza , pertencente

2 Depoimento concedido em 17/ 0.8 / 20.0.0.

R. Bras Enferm , Brasi l ia , v. 53 , n A , p . 26 1 -26 7 , abr./j un . 2001 2 6 3

A part ic ipayao da irma Math i lde N i na . .

a Companh ia das F i l has da Car idade . Ma is tarde , tornaram-se co legas d e postu lante , de 1 5 de j u n ho de 1 922 e 7 de abr i l de 1 923 , em Sao Joao De l Re i . Em 27 de j unho de 1 927 , ap6s 0 noviciado , retorna a Forta leza , para receber os votos .

Com sua entrada na v ida re l i g iosa , atraves da aqu i s igao dos votos , qua ndo t i nha v inte e o ito anos , Edmar Arl ie N i na passou a chamar-se Math i l de N i n a . 0 cap i ta l cu l tura l por e la acumulado anteriormente deu- Ihe cond igoes para atuar i ntensamente , re l ig iosa e pol i t icamente , na nova pos igao que ocu pava . Ass i m chegou a ser uma das pr inc ipa is mentoras da i ntrodugao da formagao academica destinada ao gru po cat6 1 ico no Rio de Janeiro . Sua agao nesse sent ido poss i b i l i tou a perma nenc ia das I rmas da Car i dade nos espagos hosp i ta l a res por e las adm in istrados , onde prestava m ass istenc ia aos doentes .

A cr iagao da Esco la de E nfermagem Carlos Chagas , em 1 933 , nas dependenc ias do Hosp i ta l Sao Vicente de Pau lo ofereceu as cond igoes para que as pr imei ras I rmas pudessem se formar, pois permit iu a l i a r a v ida re l i g iosa a academica , a lem de ter, na d i regao La is Netto dos Reys , cata/ica convicta, formada na pr ime i ra turma da Escola de E nfermagem Anna Nery ( E EAN ) , considerada padrao a epoca ( Teixeira et ai , 1 998 , p . 53 ) . Fez parte da pr imeira turma da nova i nst itu igao , a p ione i ra I rma Math i lde N i n a , formada em 1 936 . Em 1 938 , outras d uas I rmas da Companh ia se formar iam na mesma Esco la , L id ia de Pa iva Luna e Catari na Cand ido F i uza , que ma is ta rde part ic ipar ia m d a cr iagao d a pr ime i ra esco la cat6 1 i ca de n ivel su perior no R io de Ja ne i ro , com a I rma N i n a .

A part i r desse momento , essas re l i g iosas comega m sua cam in hada na enfermagem , marcando profu nda mente a presenga da Companh i a das F i l has da Car idade no cenar io da enfermagem naciona l .

A lem d a Car los Chagas , que atende a ideo log ia cat6 l i ca , sao cr iadas no Bras i l d uas esco las cat61 icas de enfermagem. A pr i me i ra fo i a " Esco la de Enferme i ras do Hosp i ta l de sao Pau lo/SP ( 1 938 ) , d i ri g ida pelas Franc isca nas M iss ionar ias de Maria , e a seg u nda fo i a Escola Lu iza de Mari l i aclD F ( 1 939)" (Baptista; Barreira, 1 997 , p. 36 ) . A cr iagao desta u l t ima fo i conseq uencia da conqu ista do capi ta l cu l tura l adqu ir ido pe la I rma Math i lde N i na , pois , uma vez formad a , acabou por " responder aos anse ios da Associagao e i n ic iou 0 processo de criagao, no Rio de Jane i ro , de uma escola de enfermagem que [a l iou] a formagao academico-cientifica aos ' hab i tus ' re l i g iosos" (Bezerra; Baptista, 200 1 , p. 7 - a rt igo em fase de pub l i cagao) .

Esse evento colocou no cenario nac iona l as re l i g iosas enfermeiras com formagao academica , capazes de atuar na nova profissao , d ifund i ndo a doutri na cat6 l ica .

Para que a atu agao d a I g reja fosse d e fa to marcante , os re l i g iosos , ou seja , as i rmas enferme i ras , como suas representantes leg it i mas , buscara m penetra r em todas as esferas e irrad iar a i nfl uenc ia cat6 l ica .

MATHILDE NINA E SUAATUACAo NA TRAJETORIA HISTORICA DAABEn

As d ip lomadas da pr i me i ra turma da E EAN , em 1 925 , t ivera m 0 desejo de formar uma associagao que oferecesse as ex-a lunas uma mane i ra de promover in tercambio cu ltura l . Essa i n ic iat iva s6 sera poss ive l , no entanto , com a renovagao do contrato de Ethel Parsons3 , em 1 926 , que prop ic io u , j untamente com Ed ith Maga lhaes Fraenke l , cond igoes para a retomada dessa d i scussao , propondo a org a n izagao d e uma associagao com 0 objetivo mais amp/o, que permitisse admitirem seus quadros enFermeiras Formadas em outras esco/as. Esse desejo , que tem or igem em uma reun iao d a Associagao do Governo I nterno das Alunas , em 061

J Enfermeira norte-americana enviada ao Brasi/, em 1921, pela Funda(:80 Rockefeller; com a Missao Tecn ica de Cooperayao para 0 Desenvolv imento da Enfermagem. Ap6s ajudar na implanta(:80 do Departamento Nacional de SatJde PtJblica (DNSP), atuou no processo de cria(:80 de uma escola voltada para a forma(:80 de enfermeiras pautado no sistema Nathingeliano (Carval ho, 1976, p. 2 1).

264 R. Bras. Enferm. , Bras i l i a , v. 54 , n. 2, p. 261 -267 , abr. /j un . 200 1

BEZERRA, M . R . M .

08/ 1 926 , prop ic ia a cr iayao d a Associayao Bras i l e i ra de Enfermeiras D i p lomadas (AB E D ) ( Carvalho, 1 976 , p . 22 ) . A i n d a essa a utora re lata que uma vez aprovada a i de i a , fo i formad a imediatamente uma d i retoria provis6ri a , que durou apenas um ano . Essa comissao providenciou o primeiro estatuto , aprovado em reun iao de 1 2/08/1 926 . Dessa forma foi fundada a Associayao .

Em 03/1 1 / 1 938 fo i e le ita para pres idente da ABED H i lda Anna Krisc h , cargo q u e d ever ia ocu par ate 26/09/1 94 1 , 0 que de ixa de ocorrer por ter se l icenc iado no perfodo de 1 5/09/ 1 939 a 1 51031 1 940 . N esse i nter i m , assume 0 seu cargo a v ice-pres idente Edme ia Cabra l Vel ho , q u e i nd ica a I rma N i n a para s e r mem bro honora rio d a ABED . 0 convite nessa categor ia ocorreu porq ue s6 poder ia se tornar s6cio efetivo quem tivesse 0 d i p loma reconhec ido , docu mento q u e Math i lde N i n a nao t inha , pois a Escola de Enfermagem Carlos Chagas estava a inda em processo de equ i paraya04 .

Em 23107/ 1 948 , ocorre outra e le iyao para compor a com issao q u e i r ia da r cont i n u idade aos traba lhos da ABED . Ap6s as e le iyoes , toma posse a enfermeira Ed ith Maga lhaes Fraenke l , de cuja eq u ipe faz parte a I rma Math i l de N ina , assumindo cargo de Conselhe i ra F isca l ( Carvalho, 1 976 , p . 5 1 ) .

A gestao , q u e term i nar ia e m 08/1 2/1 950 , apresenta uma mod if icayao n a composiyao d a comissao admin istrativa e , em 02/ 1 2/49 , a I rma N i na s e torna vice-pres idente . Dura nte a gestao dessa eq u i pe , podem ser destacados a l guns acontec imentos i mportantes :

- pe la pr ime i ra vez, e reg istrada , e m ata , a posse de uma d i retori a ; - rea l i za-se uma reu n iao em S a o P a u l o para formar a Federayao I nternac iona l d e

Enfermagem ; - a d i retor ia traba lha para a provayao da le i nO 775/49 ( Carvalho, 1 976 , p . 52 ) . Segundo a (depoente n01 ) I r. Ceci l ia5 , a I rma Math i lde N ina foi uma "grande empreendedora" . E m 08/1 2/ 1 95 0 , ocorrem novas e le iyoes para a pr6x ima d i retor ia d a AB E D , q u a ndo

Waleska Pa ixao , cat6 l i ca , que fo i a segunda d i retora da Escola de Enfermagem Carlos Chagas , e e le i ta pres idente . N essa gestao , a I rma N i na ocu pa 0 cargo de vice-pres idente , q u e ser ia exerc ido ate 26/07/ 1 952 ; em 1 7/ 1 1 / 1 95 1 , pore m , ha su bst itu iyao d e mem bros da eq u ipe , e a enferme i ra Mar ia Rosa S . P i nhe i ro assume a v ice-pres idEmc ia da Associayao , em l ugar d e Math i l de N i na ( Carvalho, 1 976 , p . 52) .

N esse periodo , Math i l de N i na e tra nsfer ida da Escola de E nfermagem Lu iza de Mar i l l ac para a Escola de Enfermagem de Goian ia , segu indo ordens superiores. No Arquivo da Companh ia das F i l has da Car idade , ha reg istro de que part i u para Go ian ia em 1 952 , de ixando de exercer entao a d i reyao da Esco la no R io de Jane i ro .

A s at iv idades desenvolv idas d u ra nte a gestao de Waleska Pa ixao , para aprovar a L e i nO 775/49 , se concretiza m . Entre outros i tens , essa lei reg u l a menta a s ituayao dos profi ss iona is de n ivel med io no pa i s . Esse evento acaba por i n fl uenc iar a mod if icayao da nome nclatura Associayao e sua composiyao ; esta passa a denominar-se Associayao Bras i le i ra de Enfermagem (AB E n ) . Ta i s mod if icayoes ocorrem para que a ent idade possa se aj ustar a nova rea l idade , passa ndo a receber como s6cios os profiss iona is de n ivel med io . ( Carvalho, 1 976 , p . 54 )

A ABEn E AS EN TIDADES RELIGIOSAS

E m 1 955 , u m g ru po de enferme i ras rel ig iosas , s6cias da A B E n , sugere a fi l iayao d a enti dade ao Com ite I nternac io n a l Cat6 1 i co de E nferme i ras e Ass i stenc ia Med ico-Soc ia i s

4 Sua equiparayao ocorreu em 2410311942, data em que 0 Pres/dente GettJlio Vargas assinou o Decreto n° 9. 102, tomando essa instituiyao "Padrao Anna Nery': Em 2810211968, passou a se denominar Escola de Enfermagem da Univers/dade Federal da Minas GeraislEEUFMG (Nascimento et a I . , 1999, p. 75).

5 Depoimento conced/do em 13 1 06 1 2000.

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A part ic ipac;:ao da i rma Math i lde N i na . . .

(C IC IAMS) . o CIC IAMS nasceu em 1 928 , de um encontro rea l izado na su r�a , por d iversas enfermeiras

cat6 l icas , que t i nham como um de seus objetivos "est i mu lar, em todos os pa rses , a cr ia�ao e 0 desenvolvimento de associac;6es profissionais cat6l icas a tim de assegurar apoio moral e espiritua l as enfermeiras e ass istentes medico-socia is cat6l icas , bem como seu aperfe i�oamento tecn ico . " ( Carvalho, 1 976 , p . 4 1 6)

Essa ent idade rea l iza seu primeiro congresso em 1 933 . Ap6s a Segunda G uerra M u nd ia l , em 1 946, 0 C IC IAMS recome�ou as suas atividades e , a part i r de entao , os congressos passaram a ser rea l izados em u m i nterva lo de quadro a nos .

No Bras i l , tambem, houve um movimento por parte das enfermeiras cat6 l icas , para formar uma ent idade q u e as congregasse . Ass i m , foram criadas a U n iao das Re l ig iosas E nfermeiras do Bras i l ( U RE B ) , em 1 944 , e a U n iao Cat6 1 ica das E nfermeiras do Bras i l ( U C E B ) , em 1 948 e , em 1 94 7 , ocorre em S a o P a u l o , 0 I Congresso Nac iona l de E nferme i ras Re l ig iosas . N esse encontro recomenda-se a cr ia�ao de duas esco las de ens ino de enfermagem , para atender as rel ig iosas : uma de "padrao med io" e outra superior, "que deveria funcionar na Pontifrcia U niversidade Cat6 1 ica de S. Pau lo" ( Carvalho, 1 976 , p. 4 1 7 ) .

E m 1 94 7 , com a rea l i za�ao do I Congresso N ac iona l de Enfermagem, org a n izado pe l a ABEn , os membros da U RE B part ic i pam at ivamente , tendo como destaques a I rma Math i l de N ina e Madre Maria Domineuc , esta u lt ima foi a responsavel pe la cr ia�ao da pr ime i ra esco la de enfermagem no Bras i l , em Sao Pau lo , conforme a nteriormente c i tado .

A part ic i pa�ao da I rma N ina d u ra nte os pr i me i ros a nos de existenc ia da U n iao das Rel ig iosas E nferme i ras do B ras i l fo i de grande destaq ue . N a sua op in iao , "nao dever ia haver separa�ao entre as enferme i ras le igas e as re l i g iosas" ( Carvalho, 1 976 , p. 4 1 8 ) . Poster iormente , a U R E B e a U C E B se fi l i a rao ao Com ite I nternac iona l d e E nfermeiras e Ass istentes Med ico-Soc ia i s .

CONSIDERACOES FINAlS

Com a evo l u�ao da enfermagem e 0 avan�o da c ienc i a , a l i ados a nova leg is la�ao , 0 Decreto nO 20 . 1 09/3 1 , as I rmas da Car idade sent iram necess idade de proporc ionar meios para que as rel ig iosas tivessem acesso ao conhecimento cientffico , com vistas a aqu is i�ao de suporte para 0 desenvo lv imento das a�6es ass istenc ia is e sua manuten�ao nos espa�os hosp ita la res . Ta l fato s6 poder ia se concret izar se as I rmas pudessem se i nser i r na educa�ao forma l .

A conqu ista d a ed uca�ao forma l e a cr ia�ao d e u m a i nst i tu i�ao de ens ino su per ior que a l i a a v i da re l ig iosa a academica sao a penas do i s exemplos das rea l iza�6es de Math i l de N i na . A atua�ao desta m u l her se reve la em var ios ca mpos da Enfermagem. Sua part ic ipa�ao no movimento pela regu lamenta�ao da Lei nO 775/49 e notavel . Ta l leg is la�ao acaba por i nfl uenc iar a mudan�a d a estrutura da ABED , fazendo-a ampl iar seu pape l , tornando-se entao ABE n . Alem d isso , a I rm a N i n a fo i membro at ivo da U RE B ate os a nos 40 .

ABSTRACT: T h e present work is a study of socia l -h istorica l nature . I t h a s a s its objective u nderstand ing the part icipation of S ister M ath i lde N ina , as a representative of the Companh ia das F i lhas da Caridade ( Daughters of Charity Company) , i n the h istory of the Brazi l i an Associat ion of N u rs ing (AB En ) . I t d iscusses the association of th is s ister to ABEn as a way of spread ing the cathol ic ideology. The study covers a period of time between 1 939 and 1 950 . The pr imary data was col lected through written documents and reports of people who were close to Math i lde N ina . The d ia lectic method was adopted and the discussion of the find ings is based on Pierre Bourd ieu 's thoughts. As a consequence of the edict 20 . 1 09/3 1 , the S isters of Charity made the ir i nsert ion in the formal education in B raz i l . As the fi rst

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BEZERRA, M . R. M .

representative of t h e Company t o graduate, s ister N i na cou ld perform i n d ifferent instances of the nurs ing profession . Her part ic i pation i n ABEn was a way of spread ing the cathol ic ideology i n nu rs ing .

Keywords: the h istory of nu rs ing , education of nu rs ing , ABEn , rel ig ious education

RESU M E N : Estud io h i storico-socia l , que busca enseiiar la part ic i pacion de la Hermana Math i lde N i na en el proceso h istor ico de la Asociaci6n Bras i leiia de Enfermeria (ABEn) , como representante de la Compania de las H ijas de Caridad . Objetivo : d iscuti r la labor de la Hermana en la ABEn como forma de difusi6n de la i nfluencia cat6 l ica . Perfodo investigado: de 1 939 a 1 950 . Fuentes pr imar ias: documentaci6n escrita y relatos de personas que con e l la conviv iero n . E I metodo es d ia lect ico y la d iscusi6n sobre el materia l reun ido se fundamenta en las ideas de P ierre Bourd ieu . Las hermanas de Car i dad rea l i za ro n , en B ras i l , un mov i m i e nto de i nserc i 6 n e n l a e d u cac i6n fo rm a l , co mo consecuencia de l Decreto 20 . 1 09/3 1 . Como pr imera representante de la Compan ia a g raduarse , Hermana N i n a poseia un cap i ta l que la leg i t imaba en las var ias i nstanc ias de la enfermeria . Su entrada en la ABEn represent6 una de las formas de d ifusi6n de la ideolog ia cat6 l ica .

PALABRAS CLAVE: ensenanza re l ig iosa , h istoria de la enfermeria , ensenanza de e rifermeria , ABEn

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