a importância dos jogos e brincadeiras na formação plena ... · no final do século 19,...
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A importância dos jogos e brincadeiras na formação plena dos alunos na
educação infantil
1. Conteúdos conceituais
Educar crianças não se restringe apenas a ensinar-lhes conhecimentos ou habilidades corporais, pois isso
os levará a atingirem objetivos limitados. A ideia de educar não consiste apenas em fazer, repetir, recitar,
aprender e ensinar o que já está pronto, até porque, a rigor, nosso conhecimento nunca estará acabado -
estamos sempre e até o final de nossos dias aprendendo.
No final do século 19, pensadores, como Henri Wallon (1879/1962), o biólogo suíço Jean Piaget
(1896/1980) e o bielorrusso Lev Vigotsky(1896/1934) já estavam estudando e desenvolvendo teorias
educacionais que se comprometiam não somente com a transmissão do conhecimento, mas com a forma
de se conceber o pensamento, a sua gênese e seu desenvolvimento e, por conseguinte, uma nova forma
de se ver a educação e as relações que a permeiam . Dentre tantos avanços educacionais por eles
propostos, está o de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o
individuo e seu meio, dando à educação o papel não apenas de transmitir conteúdos, mas favorecer a
atividade mental dos alunos, sendo importante não só assimilar conceitos, como também gerar
questionamentos para, assim, ampliar as ideias.
Maria Montessori já dizia que a educação é uma conquista da criança, cabendo ao professor estimulá-la a
se desenvolver e que aprender fazendo é uma necessidade vital para elas.
Trazendo essas questões para o universo infantil, para o processo de crescimento e desenvolvimento,
entendemos a importância e a riqueza dos jogos e brincadeiras, que, além das capacidades físico-
motoras-cognitivas intrínsecas a cada um, interfere na produção cultural através não só das relações
interpessoais por eles criados, mas também na estruturação do pensamento e de sua função social dentro
do grupo.
Além disso, estão incluídos, no tempo-espaço dedicados aos jogos e brincadeiras, elementos da cultura e
do dia a dia das crianças, sendo a ludicidade o meio pelo qual se desperta nelas o prazer em conhecer e
melhorar suas habilidades.
2. Conteúdos Procedimentais.
Existe uma intrínseca relação entre a versatilidade dos movimentos e a versatilidade da inteligência.
Como dizia o psiquiatra José Ângelo Gaiarça, quem nunca juntou e separou nada com as mãos não
conseguirá fazê-lo mentalmente. O movimento e a ação são um dos primeiros campos funcionais
cerebrais a se desenvolver, e servem de base para o desenvolvimento dos demais. Assim a ação corporal
assume enorme importância na construção dos processos cognitivos.
O uso de jogos e brincadeiras em uma atmosfera de paz, alegria e afeto exerce influência decisiva no
desenvolvimento motor e na capacidade de aprendizado do aluno, produzindo, dentro de sua ação,
situações–problema em que, para solucioná-las, o aluno terá que se apropriar de todo o seu potencial
neuromotor, fazendo-o refletir sobre suas possibilidades corporais e sua capacidade de resolução
cognitiva dos problemas.
Jogos e brincadeiras serão, então, o meio pelo qual se propiciará às crianças desenvolver as
competências e habilidades de que elas necessitam para viver e atuar como cidadãos, em um mundo
globalizado e complexo, intervindo nessa realidade de forma crítica, criativa e feliz; estarão também
capacitadas a resolver problemas e tomar decisões que possibilitem maior probabilidade de obtenção de
sucesso.
3. Conteúdos atitudinais.
Cabe ao educador elaborar um plano de aula que venha a propiciar aos alunos, dentro de cada ciclo
educacional, o maior número de vivências motoras e cognitivas, no imenso universo de jogos e
brincadeiras, sendo que, para o primeiro ciclo, daremos ênfase aos movimentos básicos, locomotores ou
não, como por exemplo:
- diferentes formas de saltar,
-reconhecimento espacial/ equilíbrio,
- jogos de arremesso,
-rolar/ rastejar,
-jogos de chutar,
-jogos de tempo-de-reação;
- motricidade geral;
-brincadeiras de manipulação;
-controle óculo/manual, óculo/pedal
-reconhecimento e entendimento de regras simples e comandos de voz;
- diferentes formas de correr/ deambular;
-controle motor amplo/específico.
Além disso, é de fundamental importância que os conteúdos ensinados sejam significativos para o aluno,
para que possam aplicá-los em seu cotidiano, aproveitando sempre as oportunidades oferecidas pelos
jogos e brincadeiras de ensinar-lhes a importância e o respeito aos valores ético/morais, às diferenças e
às regras e combinados.
4. Competências e habilidades
Competência de elevar o nível funcional das capacidades coordenativas
habilidade de correr e deambular com segurança;
habilidade de se locomover usando o corpo de várias formas;
habilidade de saltos de diferentes formas;
habilidade de se locomover em diferentes velocidades;
habilidade de manipulação e arremesso.
Competência de elevar o nível das funções cognitivas
habilidade de percepção e propriocepção;
habilidade de noção corporal e espacial.
Competência na melhoria da resistência geral
habilidade de ampliar o limiar aeróbico.
Competência na melhoria da velocidade de reação
habilidade de compreender e memorizar a informação, respondendo prontamente aos comandos;
habilidade de usar os sentidos.
Competência de compreensão
habilidade de análise da informação;
habilidade de analisar criticamente a informação;
habilidade de raciocinar logicamente;
habilidade de entendimento da linguagem não verbal (corporal).
Competência de relacionamento interpessoal
habilidade de reconhecer as necessidades e os direitos dos outros;
habilidade de respeitar as diferenças;
habilidade de compreender o mundo físico;
habilidade de desenvolver seus sentimentos naturais de amor e empatia aos outros seres e o
mundo a sua volta;
habilidade de desenvolver uma noção de responsabilidade afetiva em relação aos outros.
Competência do plano pessoal
habilidade de tomar decisões;
habilidade de antecipar e planejar ações;
habilidade de reconhecer erros e aprender com eles;
habilidade de quando convencido da justeza da ação, persistir nela mesmo em face às
adversidades.
Referências bibliográficas:
LA TAILLE, Yves de. 1992. Piaget, Vygotsjy, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São
Paulo:
DEVRIES, R.; ZAN, B. A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola. Porto
Alegre: Artmed, 1998.
DALAI-LAMA. O Caminho da Tranquilidade. Rio de Janeiro: Sextante, 2000
EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: A abordagem de Reggio
Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999.