a importÂncia do farmacÊutico na dispensaÇÃo … · bernal e silva (2010), a automedicação...
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A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NA DISPENSAÇÃO DOS
MEDICAMENTOS.
Sérgio Alves Rezende - Graduando em Farmácia, Graduado em Enfermagem, Especialista em Atenção Básica em
Saúde da Família – Campus UNEC de Nanuque - [email protected]
Tamires Viana Nascimento –Graduanda em Farmacia, Graduada em Fisioterapia - Campus UNEC de Nanuque-
Rosangela Gomes do Carmo – Graduada em Farmácia-Bioquímica, Especialista em Citopatologia – Campus UNEC de Nanuque – [email protected]
Wanessa Soares Luiz Silva – Graduada em Enfermagem, Especialista em Saúde Mental no Contexto
Multiprofissional - Campus UNEC de Nanuque - [email protected]
Daniel Rodrigues Silva - Graduado em Farmácia – Bioquímica, Enfermagem, Biomedicina e Ciências Biológicas,
Mestre e Doutor em Ciências Farmacêuticas - Coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário de
Caratinga – Campus UNEC de Nanuque- [email protected]
Resumo: Atualmente os medicamentos sao vistos como mercadoria pelos consumidores e a cada dia mais
os consumos dos fármacos aumentam, para minimizar os possíveis riscos à saúde dos pacientes o
Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Medicamentos, elaborada em 1998, que institui o acesso
ao serviço de dispensação ao usuário realizado pelo farmacêutico, profissional capacitado para realizar este serviço orientado o paciente quanto a aquisição medicamentosa. Quanto à metodologia do presente
estudo, no que refere ao instrumento de pesquisa foi a partir de dados primários, secundários e
questionário semi- estruturado onde foram aplicados aos pacientes e farmacêuticos, quanto à natureza aplicada, abordagem quantitativa e aos meios a pesquisa de campo. A busca de material nas bases de
dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS e Scientific Eletronic
Library Online – SCIELO, Ministério da Saúde, SINITOX e teve por objetivo analisar a importância do farmacêutico na dispensação de medicamentos. Conclui- se que a dispensação dos medicamentos deverá
ser realizada pelos farmacêuticos pois, o mesmo irá munir de informação os pacientes, sobre a conduta
terapêutica, que incluem explanações sobre a duração do tratamento, modo de adminsitração, quantidade
e ainda informações sobre os possíeis eventos adversos e interações medicamentosas.
Palavras-Chave: Farmacêutico, medicamentos, auto- medicação, dispensação.
1. Introdução
Desde a antiguidade os medicamentos são usados para prevenir, curar ou aliviar os
sintomas, na época os mesmos eram consumidos como chás ou em seu formato original de
plantas, sementes e frutos, atualmente os medicamentos são produtos elaborados a partir de
grande rigor técnico atendendo as determinações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA. Para alcançar o efeito farmacológico é necessária a combinação de uma ou mais
substâncias ativas que possuam propriedade farmacêutica reconhecida cientificamente,
nomeadas como fármacos, drogas ou princípios ativos (ANVISA, 2008).
2
Contudo, para que os medicamentos estejam dispostos para consumo é necessário
obedecer a rigorosas normas e testes que vão desde a pesquisa, passando pelo desenvolvimento
para a produção até a comercialização. Para obter a finalidade desejada do medicamento o
mesmo deverá ser usado conforme orientação médica e farmacêutica (SÁ; BARROS, 2007).
Lefevre (1983) destaca que o medicamento é visto como mercadoria da saúde, sendo
necessário para manutenção da mesma, e que, na visão dos pacientes, a saúde é um estado
orgânico e o medicamento tem em si este estado: A sua visão é de que: “os medicamentos são
imitações da vida enquanto fato orgânico, pedaços de vida orgânica (sono, tranquilidade,
potência sexual, etc.) comprimidos num comprimido, ou numa gota, ou num xarope”.
Então desse modo à automedicação é perpetuado desde os tempos remotos, onde o mais
sábio indicava medicamentos às outras pessoas. Atualmente a faixa etária que mais consomem
medicamentos sem prescrição médica são os idosos. Definindo a automedicação pode dizer que:
é um ato da pessoa ou responsável de tomar uma medicação sem seguir orientação médica,
acreditando que o medicamento lhe trará cura ou que a dor momentânea acabe (COLLETE et al,
2010).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde e o Conselho Federal de Farmácia, os
farmacêuticos são os profissionais capacitados que garantem os princípios dos medicamentos,
podem aconselhas os pacientes em tratamento com patologias mais brandas e os pacientes
crônicos em terapia de manutenção, estes fazem o elo entre a prescrição e a venda dos
medicamentos, evitando possível conflito de interesse. Para tanto, o mesmo deve ser imparcial e
crítico, fornecendo aos pacientes informações precisas e verídicas, mostrando as principais
características dos fármacos e não da marca que o carrega, uma das possibilidades de promover
educação sanitária(BAUMAN, 2008).
Segundo os autores Pereira et al (2016), a dispensação de medicamentos deverá ser
realizado pelo farmacêutico devido os riscos que ocorrem neste momento, pois, o mesmo fará a
análise de risco de teratogenicidade de um fármaco, que por sua vez é feita com uma
classificação de risco que enquadra os medicamentos em cinco categorias A,B,C,D e X,
ttrazendo o manejo adequado para todos os tipos de medicamentos citados.
Desse modo, levando em consideração a definição de medicamento e o conhecimento
técnico científico de que o os medicamentos possuem reações adversas relevantes este estudo
tem como objetivo analisar a importância do farmacêutico na dispensação de medicamentos.
Apresentando como problema de pesquisa: Qual a importância do farmacêutico na dispensação
do medicamento? Desta forma justifica- se o presente estudo devido as altas taxas de
automedicação que ocorrem no Brasil, onde muitas vezes pode ocorrer devido a falta de
conhecimento da população, sendo o farmacêutico o profissional capacitado para realizar a
instrução do uso do medicamento, alertando ainda para as possíveis interações medicamentosas.
2. Referencial
2.1 Medicamentos
Os medicamentos atualmente são vistos como uma mercadoria de livre acesso nas
prateleiras de drogarias e farmácias, embora não deveriam ser vistos dessa maneira. Por isso
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estão passíveis de regras do livre mercado. Pesquisas mostram que o medicamento mais utilizado
para a prática da automedicação por idosos são os analgésicos, que são utilizados para aliviar a
dor. Marini (2015) analisou os riscos existentes ao comércio que não separam a eficiência e a
ética e que controlam a motivação humana, por esta razão defende que a economia deve ser
traçada com base na ética e visando o bem estar das pessoas.
As indústrias medicamentosas estão mais focadas em aumentar a vendagem do que com o
real propósito do uso real de medicamentos que é a prevenção, promoção ou cura de patologias,
dessa forma, divulgam os produtos por meio de publicidade enganosa e inadequada,
estabelecendo conflitos permanentes entre empresas, governo e sociedade. As consequências do
amplo uso de medicamentos têm impacto no âmbito clínico e econômico repercutindo na
segurança do paciente (BRASIL, 2006).
Nas pesquisas realizadas pelo SINITOX (2013), desde ano de 1994 até 2013 (disponíveis
no site), o medicamento é o agente tóxico que mais causa intoxicação em seres humanos, no ano
de 2013 foram notificados aproximadamente 9.500 casos, as principais classes medicamentosas
são benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos (as pessoas usam superdosagem para causar
suicídio), antiinflamatórios, sobre os motivos das intoxicações, 44% suicídio, 40% acidentes com
crianças menores de 5 anos 11% com demais faixas etárias.
O uso racional de medicamentos é um fator de preocupação para o Ministério da Saúde,
onde o mesmo define que o uso racional de medicamentos “é o processo que compreende a
prescrição apropriada; a disponibilidade oportuna e a preços acessíveis; a dispensação em
condições adequadas; e o consumo nas doses indicadas, nos intervalos definidos e no período de
tempo indicado de medicamentos eficazes, seguros e de qualidade (OMS, 2001)”.
Dessa forma o uso racional de medicamentos deve ter como base a eficácia, segurança e
custo, nos medicamentos essenciais disponíveis. Para realização dessas etapas é necessário
conhecimento da medicina e farmacodinâmica e farmacocinética, para boa prescrição e
assistência farmacêutica (MARINI, 2016). Para o uso correto e racional de medicamentos
aspectos importantes estão expostos e são preconizados por meio da Política Nacional de
Medicamentos, são eles:
Escolha terapêutica correta;
Indicação do medicamento tendo como base evidências clínicas;
Medicamento correto para o paciente que garanta eficácia, segurança e relação custo
benefício;
Dose correta, horário correto e duração do tratamento conforme orientação médica;
Paciente correto ao uso deste medicamento, onde é levado em consideração as possíveis
reações adversas e interações medicamentosas com o medicamento que o paciente toma
diariamente;
Dispensação na farmácia correta, onde são dadas informações sobre o uso dos
medicamentos;
Adesão do tratamento.
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Para garantir o uso racional de medicamentos é necessário que todos os profissionais
envolvidos estejam comprometidos com as políticas públicas, garantindo a expansão da saúde, o
desafio é grande cabem às três esferas de governo que compõe o SUS, federal, estadual e
municipal, mas também aos profissionais que desejam melhorar as condições de vida e saúde da
população brasileira (LEI 6.360).
2.2 Automedicação
A ANVISA (2008) (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) define automedicação
como o uso de medicamento sem a prescrição, orientação e ou o acompanhamento do médico.
A automedicação é um processo cultural que ultrapassa gerações, de acordo com Schmid,
Bernal e Silva (2010), a automedicação incide em fazer o uso de medicamento para o tratamento
de patologias com autodiagnósticos, gerando um grande problema de saúde pública colocando
em risco a população mundial e trazendo grandes discussões na comunidade médica-
farmacêutica.
O uso do medicamento para muitas pessoas traz à responsabilidade de poder mudar o
curso das patologias, deste modo à automedicação vem para tentar amenizar os agravos à saúde,
que gera irracionalidade no consumo exagerado bem como algumas consequências como
intoxicação e envenenamento. A grande exposição medicamentosa e o fácil acesso aos mesmos
fazem com que a população os adquira como se fossem produtos isentos de riscos, estimulando o
uso indiscriminado, com doses erradas, medicamento impróprio, período de consumo exagerado
ou insuficiente para determinada patologia, ou até mesmo as interações medicamentosas que
podem provocar graves reações (BARROS, 2009).
Em alguns estudos podem ser ressaltados que a automedicação acontece em grande parte
com pessoas que possuem maior grau de instrução educacional, onde por meio do acúmulo de
conhecimento se automedica, isto ocorre principalmente em estudos superiores voltados para a
área da saúde (SILVA, 2011; TELES et al, 2011).
De acordo com Teles et al (2011), aproximadamente 40% de todos os medicamentos que
são comercializados no Brasil são consumidos de maneira incorreta, contribuindo para que cerca
de 20 mil pessoas vieram a falecer, em função deste caso podemos ressaltar que a grande oferta
de medicamentos, a não obrigatoriedade da apresentação do receituário médico para qualquer
medicamento aliados a grande carência que a população justifica a grande preocupação sobre a
automedicação no Brasil.
As indústrias medicamentosas estão mais focadas em aumentar a vendagem do que com o
real propósito do uso real de medicamentos que é a prevenção, promoção ou cura de patologias,
dessa forma, divulgam os produtos por meio de publicidade enganosa e inadequada,
estabelecendo conflitos permanentes entre empresas, governo e sociedade. As consequências do
amplo uso de medicamentos têm impacto no âmbito clínico e econômico repercutindo na
segurança do paciente. E, a despeito dos efeitos dramáticos que as mudanças orgânicas
decorrentes do envelhecimento ocasionam na resposta aos medicamentos, a intervenção
farmacológica é, ainda, a mais utilizada para o cuidado à pessoa idosa (BRASIL, 2006).
5
Uma grande consequência no ato de se automedicar é a dependência do medicamento,
desse modo o grande autor Lapoujade (2002)
ressalta em seu estudo que “Pois a verdadeira
doença não é estar doente, mas na cura, possuir remédios que ainda pertencem à doença”.
Como visto anteriormente um grande problema da automedicação é a dependência dos
medicamentos, todavia, a indústria farmacêutica pratica diversos meios de promover os seus
medicamentos, sejam com os médicos, farmacêuticos, balconistas e consumidores em geral, por
meio dessa massa de propagandas ocorre falta de orientação sobre os riscos e efeitos colaterais
(AQUINO, 2010).
De acordo com uma Pesquisa realizada em 2014 pelo Instituto de Pesquisa e Pós
Graduação para Farmacêuticos (ICTQ), em doze capitais brasileiras sobre o uso de
medicamentos sobre indicação de família, amigos e/ou vizinhos 76,4%, declaram que consomem
o medicamento no “momento de necessidade”, como pode ser visto no gráfico 1 abaixo sete
capitais estão acima da média nacional para o uso da automedicação, mostrando o grave
problema a ser enfrentado no Brasil, nesta pesquisa ainda foi pontuado que 32% da população
aumenta por conta própria a dosagem medicamentosa para potencializar os efeitos esperados,
não se preocupando com os efeitos adversos que a superdosagem pode trazer.
Gráfico 1: Automedicação nos Estados do Brasil
Fonte: http://www.guiadafarmacia.com.br/edicao-258-uso-irracional-de-medicamentos/7952-a-pratica-da-
automedicacao
Nas pesquisas realizadas pelo SINITOX (2013), desde os ano de 1994 até 2013
(disponíveis no site), o medicamento é o agente tóxico que mais causa intoxicação em seres
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humanos, no ano de 2013 foram notificados aproximadamente 9.500 casos, as principais classes
medicamentosas são benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos (as pessoas usam
superdosagem para causar suicídio), antiinflamatórios, sobre os motivos das intoxicações, 44%
suicídio, 40% acidentes com crianças menores de 5 anos 11% com demais faixas etárias.
2.3 Dispensação de Medicamentos
A dispensação de medicamentos iniciou pela Lei nº 5.991 de 17 de dezembro de 1973, e
desde então há preocupação de regularizar o processo de dispensação de medicamentos na
farmácia e para que seja realizada de modo correto se faz necessário a atuação do farmacêutico.
A partir da Política Nacional de Medicamentos, elaborada em 1998, instituiu-se o acesso
ao serviço de dispensação ao usuário, orientando para a promoção do uso racional dos
medicamentos, e conceituando a dispensação como:
[...] o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais medicamentos a um
paciente, geralmente como resposta à apresentação de uma receita elaborada por um
profissional autorizado. Nesse ato, o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre o uso adequado do medicamento. São elementos importantes da orientação, a ênfase no
cumprimento da dosagem, a influência dos alimentos, a interação com outros
medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e as condições de
conservação dos produtos (BRASIL, 1998, p.26).
A dispensação de medicamentos é parte da atenção integral a saúde, onde integram – se
os farmacêuticos e todos os prescritores (GALATO, ALANO e TRAUTHMAN, 2008). De
acordo com a Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde o profissional
farmacêutico deve proporcionar um ou mais medicamentos ao paciente, a partir da apresentação
de receita elaborada por profissional habilitado a prescrição medicamentosa. Neste momento o
farmacêutico deverá orientar o paciente sobre o uso adequado do medicamento, bem como os
elementos que o compõem, ressaltando ainda as interações medicamentosas, efeitos adversos,
posologia, modo de conservação e armazenamento dos produtos.
Deste modo, de acordo com Escorel et al (2007), a atuação deste profissional, envolve
ainda problemas relacionados a utilização do medicamento e orientação adequada sobre a
utilização do mesmo, proporcionando ao paciente uma melhor utilização do medicamento.
Somente após a Política Nacional de Medicamentos no ano de 1998, teve o início da
reorientação da assistência farmacêutica, onde o principal objetivo seria a qualidade do serviço e
a promoção do acesso ao uso racional de medicamentos essenciais (VIEIRA, 2008).
E foi por este motivo que Soares (2013), defendeu em seu estudo que a dispensação de
medicamentos deveria ser integrado a todo processo de cuidado do paciente, iniciando do
acolhimento, criando um vínculo e responsabilização da gestão e sobre os aspectos clínico-
farmacêutico como seus componentes e o uso racional dos medicamentos como um propósito,
ainda de acordo com o mesmo autor o serviço de dispensação deve ser estruturado e
sistematizado para assegurar a integralidade dos serviços de saúde, favorecendo aos pacientes o
atendimento, relação direta do farmacêutico e usuário, para respeitar a individualidade e
privacidade.
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Quando a dispensação de medicamentos é dos psicofármacos, o farmacêutico deverá
averiguar algumas questões que estão dispostas na Portaria nº 344/98 referente a legibilidade,
legalidade, identificação do usuário, presença de assinatura e carimbo, bem como o nome do
médico de acordo com a Denominação Comum Brasileira, a quantidade, forma farmacêutica,
dose e posologia do medicamento são essenciais para a segurança do paciente ao ingerir o
fármaco, a partir de todas informações o farmacêutico poderá orientar o paciente sobre o uso
correto do medicamento (ZANELLA; AGUIAR; STORPIRTIS, 2015).
Deste modo, se faz necessário a orientação dos farmacêuticos para com os pacientes, uma
vez que a falta de informação ou a não compreensão do tratamento poderá acarretar algumas
consequências como: a não adesão ao tratamento e o insucesso terapêutico; retardo na
administração medicamentosa que agrava o quadro clínico do paciente; aumentos os efeitos
adversos que ocorrem por administração incorreta, com aumento de dosagens, dificuldades na
diferenciação entre os sinais e sintomas da patologia e os efeitos adversos da terapia
medicamentosa, incentivo a automedição bem como outras consequências que podem agravar a
saúde do paciente (OENNING; OLIVEIRA; BLATT, 2011).
3. Procedimentos Metodológicos
Este trabalho foi elaborado a partir da análise de questionário aplicado para cento e
cinquenta universitários de uma determinada Universidade na cidade de Nanuque- MG, o
período pesquisado foi de 11/04/2017 a 15/04/2017, os mesmos tem entre 18 a 38 anos, de
ambos os sexos, o questionário foi composto de sete questões fechadas e abertas a respeito da
importância do farmacêutico na dispensação de medicamentos, onde constatou a importância
destes na execução deste papel, uma vez que são profissionais habilitados a darem todas
informações a respeito das medicações, bem como as contra- indicações, duração de tratamento e
interações medicamentosas, auxiliando na adesão ao tratamento farmacoterapêutico.
Desse modo, pode ser ressaltada a metodologia do presente estudo, no que refere ao
instrumento de pesquisa foi a partir de dados primários, secundários e questionário semi-
estruturado, quanto à natureza aplicada, abordagem quantitativa e aos meios a pesquisa de
campo.
Utilizou – se como descritores: Farmacêutico, medicamentos, auto- medicação,
dispensação. Foram selecionados os periódicos de relevância, extraindo então as informações
para elaboração, análise, interpretação, discussão e conclusão do trabalho.
Como fonte de pesquisa bibliográfica foi coletado na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS),
nas bases de dados da literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS)
e no Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Foram analisados artigos publicados com
origem na língua portuguesa e livros científicos, por considerar mais acessíveis este tipo de
publicação para os profissionais de saúde. Os autores foram devidamente referenciados dentro
das normas reguladoras e os dados coletados foram utilizados apenas com objetivo científico.
4. Resultados e Discussões
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Para a discussão do presente estudo foi elaborado questionário semi- estruturado sobre a a
importância do farmacêutico na dispensação do medicamento, onde foi aplicada a estudantes
universitários de uma determinada universidade na Cidade de Nanuque – MG.
O questionário foi composto por sete questões abertas e fechadas, totalizando cento e
cinquenta pessoas, onde destas 92 sao mulheres e 58 são homens, com idades que variam de 18 a
38 anos, conforme gráfico 2, os mesmos concordaram em responder as perguntas após
esclarecimento sobre a pesquisa, onde foi firmado que não serão identificados e não apresentam
quaisquer custos ao mesmo.
Gráfico 2: Idade dos Entrevistados
42% 41%
14%
3%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
18-23 anos 24-29 anos 30-35 anos Acima de 36 anos
Idade dos Entrevistados
Idade dos Entrevistados
Fonte: Pesquisa de Campo
Sobre o uso de medicamento diário de medicamentos, as mulheres 78% disseram que
não utilizam e 22% utilizam medicamentos diariamente, e os homens 63% disseram que utilizam
medicamentos e 37% disseram que usam medicamentos diariamente.
Os medicamentos atualmente são vistos como uma mercadoria de livre acesso nas
prateleiras de drogarias e farmácias, embora não deveriam ser vistos dessa maneira. Por isso
estão passíveis de regras do livre mercado. Pesquisas mostram que o medicamento mais utilizado
para a prática da automedicação por idosos são os analgésicos, que são utilizados para aliviar a
dor. Colete et al (2010) analisou os riscos existentes ao comércio que não separam a eficiência e
a ética e que controlam a motivação humana, por esta razão defende que a economia deve ser
traçada com base na ética e visando o bem estar das pessoas.
As indústrias medicamentosas estão mais focadas em aumentar a vendagem do que com
o real propósito do uso real de medicamentos que é a prevenção, promoção ou cura de
patologias, dessa forma, divulgam os produtos por meio de publicidade enganosa e inadequada,
estabelecendo conflitos permanentes entre empresas, governo e sociedade. As consequências do
amplo uso de medicamentos têm impacto no âmbito clínico e econômico repercutindo na
segurança do paciente (BRASIL, 2006).
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Gráfico 3: Homens e Mulheres que utilizam medicação diariamente.
78%
63%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Feminino Masculino
Utilizam Medicação
Não Utilizam medicação
Fonte: Pesquisa de Campo
Sobre a aquisição de medicamentos sem orientação médica ou farmacêutica 72% dos
universitários afirmaram que fazem a aquisição e 28% não compram a medicação. A
automedicação é comumente associada ao gênero, todavia em um estudo realizado pela
Organização Mundial de Saúde (2006) nas drogarias do Brasil, foi confirmado que as mulheres
se automedicam mais que os homem. Em partes, o uso da automedicação pelas mulheres ocorre
pela grande exploração de medicamentos atribuídos a elas, onde por meio do papel de provedora
do lar estão expostas em propagandas medicamentosas, pela representação exagerada da mulher
e as tendências de estereótipos, induzindo ao pensamento de se tratar sempre a patologia a qual o
medicamento anunciado se propõe.
No Brasil de acordo com Batista (2009), aproximadamente 50% da população tem acesso
aos medicamentos, o consumo é exagerado em todas as faixas etárias, alcançando a quinta
colocação em todo o mundo, no que se refere à idade as propagandas medicamentosas trazem
pessoas jovens, saudáveis com boa aparência, para que desperte o desejo do consumidor de
possuir as características por meio do uso do medicamento anunciado.
Foi interrogado sobre os eventos adversos que os medicamentos causam, 62%
responderam que nunca tiveram qualquer ocorrência e 38% que tiveram, dentre elas, destacam-
se os medicamentos mais comumente comprados e utilizados por estes, como antialérgicos,
anticoncepcional, analgésico/ antitérmico e antibiótico, conforme gráfico 4.
Gráfico 4: Medicamentos que mais apresentam efeitos adversos
10
22%
27%
19%
32%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
Anticoncepcional Analgésico Antibiótico Antialérgicos
Medicamentos
Medicamentos
Fonte: Pesquisa de Campo
Em estudo realizado nas capitais brasileiras sobre os medicamentos mais utilizados no ato
da automedicação os analgésicos são os mais consumidos, sendo o ácido acetilsalicílico seguido
da dipirona os mais comprados, após vem à categoria dos antiinflamatórios com diclofenaco e
piroxicam, antibióticos e fármacos que atuem sobre o sistema cardiovascular. As pessoas estão
sendo cada dia mais, incentivadas ao consumismo, o sintoma capitalista abrange principalmente
a propaganda, marca e as mensagens passadas ao consumidor valem mais que o efeito
terapêutico da medicação (RODRIGUES, ,2015).
Sobre a dispensação dos medicamentos foi indagado se o farmacêutico presta
informações como dosagem, horário, tempo de tratamento e possíveis interações
medicamentosas, 100% dos pesquisados afirmaram que sim possuem essa informação, ainda
levantou o questionamento em relação a importância do profissional farmacêutico no momento
da compra, 100% dos entrevistados disseram que é importante, destacamos algumas falas:
Entrevistado 35[...] porque somente o farmacêutico ou o médico pode tirar dúvidas que
se têm sobre o medicamento adquirido.
Entrevistado 87 [...] porque ele é o profissional capacitado para explicar a ação, efeitos
adversos e toxicidade dos medicamentos.
Entrevistado 109 [...] porque além de fortalecer as explicações médicas vai sanar as
dúvidas do paciente.
5. Considerações finais
A partir do estudo pode ser verificado que atualmente os medicamentos estão sendo
utilizados de maneira indiscriminada, uma vez que ainda há pessoas que fazem tratamento
11
farmacoterapêutico sem orientação médica e/ ou farmacêutica, automedicação ocorre na
humanidade desde os primórdios envolvendo questões culturais, sociais e econômicas que
alcançam grandes proporções, levando a ser um grave problema de saúde pública, onde muitas
pessoas podem vir a ser intoxicadas ou ao óbito.
Para minizar as chaces da automedicação foi implantando no Brasil o Uso Racional de
Medicamentos que deve ser trabalhado em conjunto com médicos, farmacêuticos e com as
autoridades sanitárias, por meio de medidas preventivas para promoção da saúde da população,
onde, todo medicamento a ser vendido deverá vir acompanhado da orientação do farmacêutico,
uma vez que oé o profissional capacitado para realizar a dispensação dos medicamentos e munir
de informação o paciente, sobre a conduta terapêutica, que incluem explanações sobre a duração
do tratamento, modo de adminsitração, quantidade e ainda informações sobre os possíeis eventos
adversos e interações medicamentosas.
Para que haja a dispensação correta dos medicamentos se faz necessário que esse cenário
mude a partir da mudança de atitude do profissional farmacêutico que também está envolvido no
diagnóstico e tratamento do paciente desse modo, um maior número de pacientes se beneficiarão
dos recursos terapêuticos específicos para cada condição clínica.
6. Referências
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Colegiada. N° 96, de 17 de dezembro de 2008. Dispõe sobre a propaganda, publicidade,
informação e outras práticas cujo objetivo seja a divulgação ou promoção comercial de
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Assistência Farmacêutica na Atenção Básica: instruções técnicas para sua organização. Brasília:
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