a importÂncia da orientaÇÃo educacional … · orientador: prof. dr. vilson sÉrgio de carvalho...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA
EDUCAÇÃO INFANTIL: CONTRIBUIÇÕES
PSICOPEDAGÓGICAS
MANUELA SILVEIRA
ORIENTADOR: PROF. DR. VILSON SÉRGIO DE CARVALHO
BRASÍLIA
2014
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA
EDUCAÇÃO INFANTIL: CONTRIBUIÇÕES
PSICOPEDAGÓGICAS
MANUELA SILVEIRA
BRASÍLIA
2014
Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Orientação Educacional.
Orientador: Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .........................................................................................
CAPÍTULO I – ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UM OLHAR
PRIVILEGIADO SOBRE A CRIANÇA. ......................................................
1.1/ Orientação Educacional na Educação Infantil: surgimento e
necessidade de permanência desse profissional. ....................................
CAPÍTULO II – CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL. ..................
2.1/ O processo evolutivo da psicopedagogia. .........................................
CAPÍTULO III – COMPREENDENDO O UNIVERSO DE ZERO A SEIS
ANOS: A SINGULARIDADE DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO
INFANTIL. .................................................................................................
3.1/ Contribuições da Psicopedagogia no trabalho da Orientação
Educacional na Educação Infantil. ............................................................
CONCLUSÃO ...........................................................................................
BIBLIOGRAFIA .........................................................................................
p. 13
p. 16
p. 17
p. 23
p. 24
p. 30
p. 31
p. 38
p. 41
RESUMO
Neste trabalho apresentaram-se algumas questões relevantes sobre a
Orientação Educacional na Educação Infantil. Procurou-se demonstrar a
importância da atuação desse profissional nessa rica e curiosa fase do
desenvolvimento infantil, como também, a relevante contribuição da
Psicopedagogia na jornada de construção e formação da criança de zero a seis
anos, visando a atuação do futuro cidadão atuante em nossa sociedade.
Buscou-se mostrar a origem da Orientação Educacional no contexto histórico-
educacional mundial e sua influencia nos acompanhamentos dos processos de
ensino-aprendizagem das crianças. Mais adiante, foi demonstrada a evolução
da Orientação Educacional no Brasil e sua influencia proveniente dos Estados
Unidos e da psicologia. Como uma área do saber que deve ser complexo e
contínuo, mostrou-se, não obstante, a luta pela permanência desse profissional
de sua permanência nos três segmentos da educação básica brasileira. O
presente trabalho monográfico objetivou demonstrar a influencia da
Psicopedagogia na atuação da Orientação Educacional voltada para a
Educação Infantil, como forma de potencializar o trabalho dessa área do
conhecimento, considerando as fases do desenvolvimento infantil e não a
cronologia. Por fim, procurou-se mostrar que o trabalho da Orientação
Educacional, por ser um profissional que lida com a subjetividade merece mais
atenção por parte das autoridades brasileiras.
METODOLOGIA
A pesquisa será realizada seguindo a abordagem qualitativa. Segundo
Rampazzo (2002), a pesquisa qualitativa em educação questiona e põe em
dúvida o valor da generalização, e com isso, diferencia-se da pesquisa comum
feita em ciência, que é quantitativa e tem como alvo chegar a princípios
explicativos e a generalizações.
A abordagem qualitativa busca uma compreensão particular daquilo
que estuda: no que é específico, individual, sempre buscando uma
compreensão e não uma explicação dos fenômenos estudados. Ou seja, a
abordagem qualitativa não privilegia nem o sujeito, nem o objeto da pesquisa,
mas a relação entre ambos.
Sob a luz de Goldenberg (2001), a pesquisa qualitativa valoriza o ser
humano, que não pode ser reduzido à quantidade, a número, a esquema
generalizado.
Percebe-se que o processo da pesquisa qualitativa começa com o que
se denomina fase exploratória, isto é, tempo dedicado às interrogações sobre
objetos, os pressupostos, as teorias pertinentes, a metodologia apropriada e as
questões operacionais para a realização do trabalho de campo.
O trabalho de campo, segundo Rampazzo (2002), consiste elaborar uma
combinação entre entrevistas, observações, levantamentos de material
documental, bibliográfico, institucional. É um momento que relaciona a
importância exploratória, confirmação ou refutação de hipóteses e construção
de teorias.
Observa-se que, em uma pesquisa qualitativa, o ciclo desse processo
não termina, pois toda pesquisa qualitativa provoca mais questões para
aprofundamento posterior.
Esta pesquisa qualitativa foi dividida e realizada em seis partes distintas,
começando no mês de maio de 2013, com término em março de 2014.
- A primeira fase, que ocorreu no mês de maio do ano de 2013, consistiu
na escolha do tema e na busca bibliográfica em livros, sites e revistas. Com
isso, definiu-se o tema “A importância da Orientação Educacional na Educação
Infantil – contribuições psicopedagógicas”.
- A segunda fase ateve-se à elaboração do projeto de pesquisa nos
meses de junho e julho de 2013.
- A terceira fase referiu-se à construção do referencial teórico da
monografia, nos meses de novembro e dezembro de 2013.
- A quarta fase constituiu na elaboração e aplicação do questionário, no
mês de fevereiro de 2014.
- A quinta fase se destinou à organização, análise e discussão dos
dados obtidos nos meses de fevereiro e março de 2014.
- A sexta fase, que ocorreu no mês de março de 2014, se referiu à
construção das considerações finais.
A pesquisa foi realizada em uma escola da rede particular de ensino do
Distrito Federal, localizada no Plano Piloto.
Utilizando a análise das respostas, pretendeu-se compreender a importância
da presença e atuação da Orientação Educacional na Educação Infantil. A
escola contém 650 alunos (compreendendo o maternal ao terceiro ano do
ensino médio) e, por isso, é considerada uma escola de médio porte. Sabe-se
que a escola onde foi realizada a observação e a pesquisa, existe uma
Orientadora Educacional para atender toda a demanda escolar.
As professoras do turno matutino da Educação Infantil da escola
analisada– quatro professoras no total – e a Orientadora Educacional, fizeram
parte da pesquisa, contribuindo com suas impressões acerca da Orientação
Educacional com enfoque Psicopedagógico na Educação Infantil.
A escola tem como objetivo educar cidadãos conscientes de seus
direitos e deveres, atuantes da história e da cidadania. Essa instituição trabalha
com projetos, realizando-os dentro e fora do ambiente escolar, contando com a
ajuda da comunidade escolar.
Os sujeitos da pesquisa foram quatro professoras da Educação Infantil e
a Orientadora Educacional. As professoras da Educação Infantil foram
escolhidas uma de cada nível de ensino deste segmento educacional,
envolvendo, portanto, desde o Maternal ao Segundo Período, da escola
pesquisada.
Foram observadas as respostas de todas as profissionais que se
realizaram por meio de um questionário.
O instrumento escolhido para esta pesquisa foi o questionário. O
procedimento ocorreu seguindo a técnica de observação direta, tendo o
questionário como principal ferramenta para coleta de dados. Foram enviados
cinco questionários, sendo quatro às professoras da Educação Infantil. O
mesmo questionário foi enviado à Orientadora Educacional, com o objetivo de
comparar e compreender as perspectivas de cada profissional, atuando em
diferentes funções, sobre a Orientação Educacional com enfoque
Psicopedagógico.
A pesquisa foi realizada com quatro professoras da Educação Infantil,
com idades entre 35 e 45 anos, além da Orientadora Educacional da escola,
sendo que a Orientadora Educacional atende toda a demanda escolar. Todas
são formadas em Pedagogia. Foi observado que o tempo de magistério variou
entre 15 e 20 anos de docência. A Orientadora Educacional é Psicopedagoga,
mas não atua clinicamente na área. Como Orientadora Educacional, atua há
dezessete anos.
A partir dos estudos realizados sobre a importância da Orientação
Educacional na Educação Infantil, durante o referido processo realizou-se um
questionário, sendo divida em cinco categorias de análise.
As categorias de análise são as seguintes:
1) Concepção da psicopedagogia e Orientação Educacional;
2) A importância da Orientação Educacional para este segmento;
3) A importância do auxílio da Psicopedagogia na Orientação Educacional;
4) Ação da Orientação Educacional no momento de transição entre a Educação
Infantil e o Ensino Fundamental I;
5) A importância do acompanhamento feito pela Orientação Educacional às
crianças da Educação Infantil.
A organização, análises e discussão dos dados coletados nessa
pesquisa foram realizadas considerando as categorias mencionadas acima. A
discussão dos dados, de acordo com cada categoria, oferece uma leitura dos
mesmos, estando diretamente ligados aos objetivos e ao referencial teórico da
pesquisa.
Os resultados serão mostrados a seguir, de acordo com os temas que
definiram as perguntas do questionário.
1) Concepção da psicopedagogia e Orientação Educacional;
Professora 1: “O Orientador Educacional é um elo entre alunos, pais e
professores. É um mediador que ajudará nas dificuldades, principalmente as de
aprendizagem. O psicopedagogo é o profissional que por entender bem dessas
dificuldades auxiliará na atuação do Orientador Educacional.”
Professora 2: “Para mim, a psicopedagogia está voltada para atender crianças
com dificuldades de aprendizagem dentro de um contexto clínico. Essa atuação
não condiz com a do Orientador Educacional.”
Professora 3: “Acho que a Psicopedagogia ajuda muito na atuação do
Orientador Educacional. Um complementa o trabalho do outro.”
Professora 4: “Na minha opinião todo Orientador Educacional deveria ter em
sua formação a Psicopedagogia. É preciso dominar essas duas áreas para se
fazer um trabalho eficiente com as crianças.”
Orientadora Educacional: “Sou psicopedagoga também. Por isso, posso
afirmar que a Psicopedagogia me proporciona um olhar mais detalhado da
criança. Por estar, às vezes, em atendimento individual com um aluno, percebo
o quanto a Psicopedagogia se torna uma poderosa ferramenta no auxílio das
dificuldades de aprendizagem que os alunos apresentam, como
comportamentais, também. É uma pena não poder realizar esse trabalho com
mais frequência, pois, em algumas épocas do ano fico muito sobrecarregada,
pois sou apenas uma para cuidar de 650 alunos.”.
As respostas acima foram bastante parecidas. Ou seja, a maioria
entendeu as concepções de Psicopedagogia e Orientação Educacional. A
maioria demonstrou saber as diferenças e semelhanças entre esses
profissionais. A professora número 2, inclusive, deixa bem claro que um atua
em escolas e outro, em um espaço clínico. O que será avaliado, no próximo
item, a veracidade dessa informação.
2) A importância da Orientação Educacional para este segmento
Professora 1: “As duas áreas de atuação não se desvinculam. O professor
“encontra” o problema e o Orientador ajuda a solucioná-lo. Um profissional
depende do outro, não podendo ser o Psicopedagogo ou o Orientador
substituídos. Por isso, na Educação Infantil, onde há um desenvolvimento
significativo da criança, a Orientação Educacional é importante para aconselhar
pais e professores durante esse processo.”
Professora 2: “Embora a Psicopedagogia esteja voltada para o processo de
aprendizagem formal e seus problemas, pode contribuir no trabalho da
Orientação Educacional na Educação Infantil. Não percebo nada desvinculado
entre as duas práticas, podendo ajudar, e muito, professores e pais no
processo de desenvolvimento da criança.”
Professora 3: “A Orientação Educacional na Educação Infantil é importante
para acompanhar e detectar possíveis problemas de aprendizagem,
contribuindo para o desenvolvimento das crianças.”
Professora 4: “O Orientador precisa sempre orientar e ficar atento aos alunos
e queixas dos pais e professores para poder ajuda-los. Por isso, acho
fundamental a presença e atuação da Orientação Educacional na Educação
Infantil.”
Orientadora Educacional: “A Orientação Educacional voltada para a
Educação Infantil é muito importante. Entendo que essa faixa etária é muito
rica em desenvolvimento, por isso, é importante estar atenta para orientar
professores, às vezes até a coordenação pedagógica, inclusive, sobre como
lidar com determinados alunos. Em minha opinião, somente a Orientação
Educacional possui esse olhar diferenciado sobre o corpo discente. O trabalho
da Orientação Educacional não deveria se extinguir. Ao contrário, deveria se
multiplicar e dividir nas escolas que possuem muitos alunos. É um profissional
que tem muito a contribuir com a comunidade escolar, auxiliando e trabalhando
junto às famílias, valorizando a questão de todos estarem em comprometidos
com a educação. Por isso, é fundamental que exista a divisão desse setor
escolar. A Educação Infantil merece muita atenção, são detalhes no
desenvolvimento infantil que farão a diferença no futuro”
Neste item, as professoras e a Orientadora Educacional foram unânimes
em afirmar sobre a importância da Orientação Educacional voltada para a
Educação Infantil. Citam que a Psicopedagogia poderia contribuir com este
trabalho, o que foi avaliado no próximo item. A Orientadora Educacional
defende, ainda, que a Orientação Educacional não deveria se extinguir, pois o
trabalho realizado por esse profissional é de unir a todos em prol do bom
desempenho do aluno, nos âmbitos, sociais, afetivos e cognitivos. A
Orientadora defende, ainda, a divisão desse profissional voltado para a
Educação Infantil, que ficará atento aos detalhes do desenvolvimento que se
apresentam nessa faixa etária.
3) A importância do auxílio da Psicopedagogia na Orientação Educacional;
Professora 1: “O Psicopedagogo busca alternativas para solucionar problemas
de aprendizagem e o Orientador Educacional melhora a relação
professor/aluno. A psicopedagogia auxilia na intervenção assistencial ou
educacional, utilizando como veículo de análise os aspectos psicológicos e
educacionais.”
Professora 2: “A Educação Infantil é a fase em que a criança tem seu primeiro
contato com a escola. A Psicopedagogia pode auxiliar a Orientação
Educacional no sentido de obter diversas informações, observar o convívio com
outras crianças e também, analisar o período onde está sendo estruturada sua
personalidade. Esta é uma fase de muitas descobertas e atenção por parte de
todos, seja dos profissionais da escola, como dos familiares.”
Professora 3: “Muito importante! Não vejo separação entre as duas práticas.
Detectar problemas, auxiliar os pais e demais profissionais envolvidos no
processo. É muita responsabilidade!”
Professora 4: “Esses profissionais precisam caminhar juntos. A
psicopedagogia mostrará ao Orientador Educacional como proceder com
algumas dificuldades de aprendizagem e, o primeiro, fará o acompanhamento
junto com os professores, para que, todos que estejam envolvidos, possam
contribuir para o desenvolvimento do aluno.”
Orientadora Educacional: “Como já citei anteriormente, sou psicopedagoga
também. Acredito que a Psicopedagogia só vem a acrescentar o trabalho da
Orientação Educacional, principalmente na Educação Infantil. Isso porque, é na
Educação Infantil que se detecta as dificuldades de aprendizagem,
possibilitando um diagnóstico mais rápido, e, por conseguinte, o estímulo
apropriada aquela determinada criança. Observa-se a motricidade, o desenho,
a linguagem, a sociabilidade, a afetividade. Enfim, fases marcantes do
desenvolvimento infantil.”
Todos os profissionais envolvidos concordaram sobre a importância da
contribuição da Psicopedagogia no trabalho do Orientador Educacional voltado
para Educação Infantil. A professora número 2, que anteriormente, havia
afirmado que as duas áreas do conhecimento eram distintas, percebeu a
importância da contribuição da Psicopedagoga no trabalho da Orientação
Educacional. Os profissionais perceberam que uma prática complementa a
outra, tornando-se indispensáveis as orientações dessas duas áreas do
conhecimento.
4) Ação da Orientação Educacional no momento de transição entre a
Educação Infantil e o Ensino Fundamental I
Professora 1: “A criança, ao ser inserida no ambiente escolar, passa por
diversas dificuldades, sendo superadas no decorrer do tempo, até chegar na
fase da alfabetização. E a Psicopedagogia torna-se um mediador para com a
capacidade desses alunos, já que este profissional auxilia os educandos com
métodos estratégicos nas dificuldades de aprendizagem.”
Professora 2: “Pode orientar as atividades de coordenação motora fina e
ampla. Verificar possíveis dificuldades que as crianças da Educação Infantil
mais apresentam durante todo o processo de alfabetização.”
Professora 3: “ Todos os envolvidos no processo de desenvolvimento da
criança devem estar atentos sobre como as crianças passaram por todos eles.
Desde o nascimento, as crianças passam por fases que serão importantes para
a alfabetização. Rolar, sentar, engatinhar, ficar em pé e andar, são alguns
exemplos que precisam ser observados. Eu acredito que a Orientação
Educacional fazendo um trabalho de conhecimento e acompanhamento das
crianças, deve fazer uma avaliação para saber se as crianças passaram por
todas essas fases. Além disso, poderá propor exercícios que podem ser
desenvolvidos em sala de aula.”
Professora 4: “Se a Orientação Educacional está acompanhando seus alunos,
poderá saber das dificuldades de cada um. Por isso, esse profissional poderá
propor estratégias que poderão estimular não só a coordenação motora grossa
e fina, mas aspectos espaciais, temporais e visomotoras, preparando a criança
para uma boa alfabetização.”
Orientadora Educacional: “Se os alunos forem observados cuidadosamente –
é importante observar os aspectos motores, cognitivos, a linguagem,
coordenação motora, afetividade – já deu tempo suficiente para que fossem
observados durante o primeiro semestre letivo. Portanto, o segundo semestre,
cuidaremos da transição entre esses dois segmentos, realizando atividades de
convivência com a professora e alunos do próximo segmento, para que essa
transição não seja tão traumática.”
Todos os profissionais observaram que a Orientação Educacional ajuda
no processo de transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental.
Eles acreditam no trabalho realizado pela Orientação Educacional junto aos
professores no acompanhamento desde os primeiros momentos que a crianças
se encontravam na escola até chegar na alfabetização. Os profissionais
valorizaram a importância que esse profissional tem ao observar o
desenvolvimento das crianças de perto e com atenção. Quando a Orientação
Educacional trabalha junto aos professores nesse aspecto, vislumbrando o
sucesso de cada aluno, essa transição não será traumática, pois vários
trabalhos foram feitos para que cada criança atinja seu sucesso.
5) A importância do acompanhamento feito pela Orientação Educacional
às crianças da Educação Infantil.
Professora 1: “A Orientação Educacional, além de acompanhar o
desenvolvimento das crianças, na Educação Infantil, depara-se, também, com
a preparação para a alfabetização. Ao ajudar a planejar atividades com os
professores para serem realizadas com os alunos, estará acompanhando de
fato, bem de perto, o desenvolvimento de cada um. Por isso, é um trabalho
imprescindível na Educação Infantil.”
Professora 2: “É importante verificar o desenvolvimento das crianças nesta
faixa etária, porque é possível detectar diferentes comportamentos ligados a
aprendizagem. O Orientador busca a formação integral dos educandos. É um
sistema que se dá por meio da relação de ajuda entre o Orientador
Educacional, o aluno e demais segmentos da escola, resulta na integração de
todos, voltados para o bom desempenho da criança.”
Professora 3: “Principalmente no trabalho com a inclusão. Acho muito
importante a presença deste profissional, porque quando o professor conta
com sua parceria, é possível minimizar alguns problemas que antes parecia
muito difícil de se resolver. Acho que o Orientador Educacional é, entre outras
coisas, um estudioso do processo de desenvolvimento. Por isso, suas
observações e parceria com os professores resultam na busca pelo caminho a
ser percorrido pelos alunos.”
Professora 4: A Orientação Educacional, presente e atuante na Educação
Infantil, pode ajudar na compreensão das fases do desenvolvimento das
crianças, colaborando na montagem de atividades que colaborarão com o
desenvolvimento integral dos alunos.”
Orientadora Educacional: “Acompanhar as crianças da Educação Infantil
significa zelar pelo seu desenvolvimento. Significa comprometer-se com uma
fase do desenvolvimento em que muitos aspectos serão decididos e
construídos. Por isso, significa, também, estar atenta para orientar sobre os
melhores estímulos que cada turma deve receber, assim como aquela criança
com dificuldade, para que ela possa se desenvolver sem mistérios. É uma pena
a maioria das escolas não dividir, quando a escola é grande, o serviço de
Orientação Educacional em dois segmentos, pelo menos. Um que cuidasse da
primeira infância e outro, da adolescência, que também é uma fase que precisa
de muita atenção. Eu acredito que, dessa forma, a Orientação Educacional
seria mais eficiente, pois estaria dando maior assistência a essas duas fases
tão distintas e igualmente importantes do desenvolvimento humano.”
Os profissionais responderam que consideram muito importante a
observação e o acompanhamento de perto da Orientação Educacional na
Educação Infantil. Eles afirmaram que quando a Orientação Educacional está
voltada para esse acompanhamento auxilia muito o trabalho do professor em
sala de aula. Por conseguinte, a articulação entre escola e família fica mais
natural, porque todos se envolvem e se responsabilizam pela educação. A
Orientadora Educacional, mais uma vez, levanta a questão de se dividir esse
profissional por segmentos, devido a importância dos detalhes sobre o
desenvolvimento infantil que ocorre nessa faixa etária.
13
INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa mostrar a relevância de uma Orientação
Educacional atuante na Educação Infantil. Por meio de uma abordagem
psicopedagógica, o texto apontará que a Orientação Educacional, tendo a
psicopedagogia como uma importante aliada na construção do conhecimento
e, por sua vez do sujeito, conduzirá o desenvolvimento infantil para a
realização de um fazer pedagógico significativo. Respeitando, de fato, as
crianças de zero a seis anos e seus respectivos fatores responsáveis, segundo
Piaget (apud PALANGANA, 2001), pela psicogênese do intelecto infantil – o
fator biológico, o exercício e a experiência física, as interações e transmissões
sociais e o fator de equilibração das ações – faz com que haja um olhar crítico
e justo sobre a construção e progressão do conhecimento, considerando a
história evolucionária do indivíduo (ontogenia).
Percebe-se que, tanto na evolução da história social, e, portanto, na
história da educação, a criança demorou a conquistar seu espaço na
sociedade. Sabe-se que, ainda hoje, elas não são respeitadas ou valorizadas
como deveriam ser. A escola, como reflexo da sociedade, acaba reforçando
essa questão, quando dispensa um profissional tão importante na educação,
como é o Orientador Educacional.
Sabe-se que a fase do desenvolvimento infantil, especificamente falando
das idades de zero a seis anos, refere-se a descobertas variadas, como a
capacidade que a criança adquire de se adaptar à realidade, por meio de suas
experiências. Isto, portanto, torna-se um convite a pensar na relevância de se
ampliar essa realidade, estimulando a habilidade infantil de organização
interna, observando-a experimentar o que foi aprendido no momento presente,
percebendo a utilização desse aprendizado no seu cotidiano. É pertinente
ressaltar que nos primeiros dois anos de vida, a criança perceba que é o sujeito
de suas próprias ações sensório-motoras e que isso contribuirá para a
construção do símbolo, ponto chave da fase seguinte do desenvolvimento. Dos
dois aos seis anos, a criança começa a lidar com suas representações,
combinando as imagens/lembrança com as palavras.
Por isso, é importante oferecer desde a tenra idade, estímulos mais
variados possíveis para que se possa observar com cuidado e atenção o
desenvolvimento das crianças. Entende-se que, o quanto antes, escola e
14
família oferecerem estímulos referentes à afetividade, à sociabilidade, às áreas
específicas das funções superiores mentais – linguagem, atenção, memória,
sensação, percepção, emoção e pensamento – a consequência será um bom
desenvolvimento global e harmonioso da criança.
Quando a criança chega à escola, muitas vezes é a instituição que
apontará as necessidades de se fazer avaliações com outros profissionais,
para que juntos possam realizar um trabalho de estimulação necessário para o
bom desempenho da criança. Adota-se, então, uma educação de caráter
preventivo, que só a Orientação Educacional, voltada para a Educação Infantil,
poderá oferecer.
A Psicopedagogia poderá ajudar a Orientação Educacional durante essa
fase do desenvolvimento infantil, orientando a respeito de jogos e brincadeiras,
também. Isso fará com que as crianças tenham motivação para aprender,
observando o que está ao seu redor e despertando o interesse pela sua própria
identidade.
A Orientação Educacional, atendendo crianças de zero a seis anos,
auxiliará os professores e monitores presentes na Educação Infantil,
oferecendo-lhes materiais e programas voltados para o desenvolvimento
infantil e a inserção da criança no ambiente escolar. Por isso, além de orientar
quanto às atividades que envolvam o desenvolvimento global, ligadas às
funções mentais superiores – como citadas anteriormente – deve-se prestar à
atenção às atividades que promovam o desenvolvimento da atenção e
concentração nas crianças.
Pretende-se demonstrar que, para a construção de uma educação
consistente, cujas crianças sejam capazes de desenvolver o pensamento
crítico, valorizando suas produções, respeitando as diferenças e sabendo
conviver com elas, é necessário que se invista na Educação Infantil. Para isso,
é fundamental a presença da Orientação Educacional, que auxiliará sua equipe
de professores e pais de alunos a se conscientizarem da riqueza e
complexidade do desenvolvimento das crianças de zero a seis anos.
Segundo Feltran (1990), o orientador educacional é o profissional de
competência para mobilizar esta investigação empírica, com vistas à
elaboração de propostas pedagógicas adequadas.
15
A psicopedagogia auxiliará a Orientação Educacional na realização
desse importante trabalho, montando atividades com professores e familiares,
que estimulem os aspectos sensoriais, a descoberta de si e do outro,
interferindo positivamente na construção da cidadania.
Portanto, é de extrema importância que a Orientação Educacional exista
na educação infantil, e que esse profissional seja conhecedor desse rico
período do desenvolvimento humano, buscando subsídios na psicopedagogia
para um trabalho eficaz e significativo voltado para essa faixa etária.
16
CAPÍTULO I – ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: UM OLHAR PRIVILEGIADO
SOBRE A CRIANÇA DE ZERO A SEIS ANOS.
Nunca se falou tanto sobre a importância de se respeitar a
individualidade de cada ser. O contexto mundial clama por pessoas que saibam
se expressar, mas que também compreendam a maneira dos demais se
expressarem. A palavra de ordem é tolerância. Para que se construa esse novo
paradigma é necessário que as famílias estejam atentas e presentes nas vidas
dos filhos. Estar vigilante significa informar-se a respeito do que seja educação
e que esta realidade será uma constante nos núcleos familiares, para que se
formem verdadeiros cidadãos, atuantes no mundo.
Partindo desta micro sociedade, esse mesmo olhar deve se perpetuar
na escola. Acompanhar o desenvolvimento da criança, desde a tenra idade,
interessar-se pelos sinais que os pequenos mostram a cada fase do
desenvolvimento é primordial para a saúde emocional, social e cognitiva desse
pequeno ser.
Sabendo disso, a Orientação Educacional desenvolve um importante e
também fundamental papel na Educação Infantil. Orientar os pais para que
fiquem alertas sobre o processo de desenvolvimento dos filhos é estabelecer
vínculo, parceria, na trajetória do desenvolvimento infantil, que será um adulto
atuante na sociedade, mais adiante.
Portanto, é fundamental a permanência da Orientação Educacional
atuante na Educação Infantil. A história desse profissional nos mostra o quão
difícil foi para formação, concepção e consolidação da Orientação Educacional
no Brasil. Houve inúmeras dificuldades, entre elas a implantação e
reconhecimento dessa função dentro do ambiente escolar. Muitos estudiosos
entenderam – e ainda entendem – que a Orientação Educacional deve ser
aplicada por psicólogos, demonstrando, assim, a não compreensão do que seja
um Orientador Educacional e que, definitivamente, não é a área de atuação da
psicologia. Deve-se reconhecer a valiosa contribuição da psicologia na
educação, porém, deve-se ter igual cautela para não “psicologizá-la”.
Para isso, é importante compreender e conhecer o processo pelo qual a
Orientação Educacional passou para se entender sua atual situação.
17
1.1. ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
SURGIMENTO E NECESSIDADE DE PERMANÊNCIA DESSE
PROFISSIONAL.
Pode-se afirmar que dentre os vários acontecimentos importantes que
contribuíram para formar uma nova maneira de se conduzir a educação formal,
a Revolução Industrial também trouxe relevantes modificações acerca do
ensino. Tendo seu início no século XVIII, esse evento trouxe a necessidade da
retirada dos adultos de seus lares para trabalharem nas indústrias, fazendo
com que muitos trabalhadores deixassem os cuidados pessoais para com seus
filhos serem realizados por terceiros.
Segundo Giacaglia e Penteado (2010), outro movimento importante que
ocorreu nos EUA, a partir de 1890 e que foi se intensificando naquele país até
a década de 1930, foi a implantação da educação compulsória para todas as
crianças. As autoras afirmam que as causas para o início desse movimento,
seria a intensa imigração pela qual aquele país passou, bem como a inserção
das crianças na vida urbana, culminando na necessidade de proteção da
população infantil. Giacagila e Penteado (2010) explicam que a preocupação
com as crianças resultou na “promulgação de leis sobre o trabalho infantil e a
inserção obrigatória das crianças na educação formal” (p. 4), originando,
segundo as autoras, um novo ramo da Psicologia, a Psicologia da Criança.
Giacaglia e Penteado (2010) relatam sobre as consequências que
surgiram ao longo do processo de educação compulsória. Uma delas foi a
concentração do grande número de alunos, contribuindo para o aumento das
instalações como a necessidade, também, de se contratar mais professores e
demais funcionários para atuarem nas instituições de ensino. Com isso,
segundo essas autoras, começou-se a perceber a necessidade de se contratar
especialistas para trabalhar com os professores e na assistência com os
alunos.
Começaria, então, a surgir, já no início do século XX, o Orientador
Educacional nas escolas, como um educador especializado, cuja
responsabilidade seria levantar dados a respeito de alunos que aparentemente
apresentassem problemas psicológicos a serem encaminhados para os
psicólogos. O Orientador Educacional também trabalharia, segundo essas
autoras, “em diferentes aspectos da vida escolar do estudante, como os
18
relacionamentos entre alunos e destes com a escola, com os professores e
demais funcionários, trataria ainda com os pais dos alunos, exercendo várias
outras funções” (Giacaglia e Penteado, 2010).
Giacaglia e Penteado (2010) explicam, também, que essa modificação
no ensino, provocada pela Revolução Industrial, culminou na necessidade da
formação de mão de obra especializada. O profissional encarregado pela
formação dos futuros trabalhadores era o Orientador Educacional que, segundo
essas autoras, consequentemente, contribuiu para o surgimento da Orientação
Profissional e a Orientação Vocacional no âmbito escolar, já que, passou a ser
responsabilidade da escola, prover trabalhadores. Acarretaria, então, na
inclusão de crianças de diferentes origens sociais. Porém, essas autoras
explicam que essa inclusão não era de cunho ideológico, mas para atender ao
número de alunos que estavam fora do ambiente escolar.
Segundo essas autoras, desde o início do século XX, a Orientação
Educacional passou por três momentos de mudanças. O primeiro momento
refere-se ao caráter totalmente pragmático, fazendo com que a Orientação
Educacional se confundisse com a Orientação Vocacional. O segundo
momento, as autoras explicam a assunção da Orientação Educacional como
terapêutica e corretiva, devido às escolas terem sido obrigadas a abrir suas
portas a todo e qualquer tipo de aluno. Nesse momento, passou ser de
responsabilidade do Orientador Educacional o tratamento desses alunos,
visando, segundo as autoras, adaptá-los ao novo ambiente escolar. Giacaglia e
Penteado (2010) destacam, ainda, um terceiro momento, onde explicam que a
Orientação Educacional assumiu um caráter preventivo. Essas autoras
explicam que, nesse momento, “percebeu-se a necessidade de prevenir
comportamentos indesejáveis do que esperar que se manifestassem para,
depois, corrigi-los.” (p. 11).
Sabe-se que, desde o princípio, a Orientação Educacional sofreu
influencia da Psicologia. Giacaglia e Penteado (2010) afirmam que desde 1951,
“na reunião anual da influente Sociedade Americana de Psicologia (American
Psychological Association), foi proposta a designação “Counseling
Psychology”, isto é, Psicologia do Aconselhamento, com a intenção de atribuir
aos formados em Psicologia uma prática que vinha, até então, sendo
desenvolvida no campo da Pedagogia.” As autoras explicam que a Orientação
19
Educacional é exercida no ambiente escolar, sendo, portanto, vedado seu
exercício a psicólogos que não disponham da formação em pedagogia e
habilitação em Orientação Educacional.
Por isso, com as transformações ocorridas na sociedade e, por
consequência, na instituição escolar, atualmente, a Orientação Educacional,
visa o desenvolvimento do aluno e sua felicidade. O interesse no aprendente
passa ser individual com perspectivas de ações sociais, como se partisse do
micro para o macro. As autoras explicam que: “quando a sociedade e a escola
passaram a ver o aluno como um ser em desenvolvimento, com características
próprias, com direitos, e não mais como mera mão de obra, a corrente de
Psicologia privilegiada para fundamentar o trabalho do orientador educacional
também passou a ser outra; não mais aquela interessada pelas diferenças,
mas uma Psicologia que estuda o desenvolvimento humano para tornar o ser
humano mais adaptado e feliz, isto é, a Psicologia do Desenvolvimento.” (p.
13).
Por lidar com pessoas, a Orientação Educacional necessita assentar sua
fundamentação na Psicologia, assim como a Psicopedagogia. Giacaglia e
Penteado (2010) esclarecem que cabe à Orientação Educacional adaptar
alunos que apresentam problemas, tanto de aprendizagem como de
comportamento, formas de atuações que possibilitem ao educando o
aproveitamento escolar, proporcionando, paralelamente, o bem-estar de todos
os alunos.
A vinda da Orientação Educacional para o Brasil surge, segundo as
autoras, por influência estrangeira, principalmente dos Estados Unidos.
Segundo Giacaglia e Penteado (2010), essa implantação foi bastante artificial,
acarretando problemas que se fazem presentes atualmente.
Essas autoras afirmam que a Lei nº 5692/71, tratava-se da
obrigatoriedade da existência do Orientador Educacional nas escolas públicas
brasileiras, porém, essa obrigatoriedade não foi cumprida. Na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, a Lei 9394/96, não se encontra a
obrigatoriedade da existência do Orientador Educacional nas escolas.
Atualmente, Giacaglia e Penteado (2010) explicam que “no que
concerne às escolas destinadas a pré-escolares, não se encontram na
legislação indícios de que tenha havido, em algum momento, preocupação com
20
a Orientação Educacional para essa faixa etária de alunos. A falta de tal
cogitação se deve, muito provavelmente, à observação do funcionamento
dessas escolas e também a razões de ordem econômica.” (p. 89).
Segundo essas autoras, isso ocorre em nossos, como um resquício de
épocas anteriores, cujas escolas que atendiam essa faixa etária, eram menos
numerosas. As crianças permaneciam em casa até os sete anos de idade. Nas
poucas escolas que atendiam as crianças da primeira infância, as próprias
professoras e diretoras exerciam a função de Orientadoras Educacionais,
concomitantemente às suas funções em sala de aula.
Giacaglia e Penteado (2010) comentam que o contato com os pais das
crianças eram exercido pelas professoras, constantemente. Isso fez com que a
atuação da Orientação Educacional na Educação Infantil se tornasse menos
visível e sua importância, reduzida. As autoras lembram que por esses motivos,
“não se cogitou, mesmo no auge do entusiasmo pela Orientação Educacional,
de prover as escolas de educação infantil com um Orientador Educacional,
motivo pelo qual, também, os legisladores que trataram da Orientação
Educacional não se preocuparam com esse nível de ensino.” (p. 89).
O que se percebe atualmente, é que na mesma instituição de ensino,
onde são ofertadas as modalidades “educação infantil” e “ensino fundamental”,
a Orientação Educacional, que está voltada para o ensino fundamental,
estende sua atuação para o atendimento dos alunos da Educação Infantil. O
que soa, em minha opinião, que a etapa de construção do conhecimento, das
descobertas, da construção da autonomia, como segundo plano, não
merecendo a devida atenção tão necessária que demanda essa faixa etária.
Essas autoras elucidam que a Orientação Educacional atuando na
Educação Infantil, poderia “ajudar ou orientar as professoras, por ocasião do
primeiro contato dos alunos com a escola, o que pode ocorrer com crianças de
diferentes idades, a recepciona-los, contribuindo para a facilitação da
adaptação deles, tornando-a menos traumática, bem como confortar as mães,
normalmente apreensivas nessa ocasião. Poderia programar uma recepção
para os pais, incluindo a realização de palestras nas quais eles seriam
informados sobre a escola, sua filosofia, seus objetivos, regras, horários,
facilidades, comunicação com a família da criança, condução, segurança,
21
eventual atendimento médico, lanches, mesadas, cantinas e outras dúvidas
levantadas pelos pais.” (pp. 89 e 90).
A Orientação Educacional, segundo essas autoras, poderia, ainda,
ajudar na transição da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, fazendo
com que essa adaptação ao novo nível de ensino, fosse menos traumática.
Por motivos de ordem econômica e política, ou até mesmo,
desconhecimento as escolas atribuem a outros funcionários que fazem parte
da equipe diretiva da instituição, trabalhos que seriam da competência do
Orientador Educacional. O que torna o trabalho da escola arcaico, onde os
alunos precisam obedecer a uma ordem, se enquadrar em um modelo, e os
professores e demais profissionais da escola, por sua vez, só aprenderam a
atender a uma clientela de estudantes que são modelos a serem seguidos. Os
estudantes não apresentam qualquer dificuldade, relacionam-se bem com
todos na instituição de ensino, obedecem aos modelos impostos pelo sistema
de ensino.
As autoras esclarecem que a Orientação Educacional encontra-se,
atualmente, na tarefa de levar o aluno a “um processo sistemático, contínuo,
complexo; é uma assistência profissional realizada através de métodos e
técnicas pedagógicas e psicológicas, que levam o educando ao conhecimento
de suas características pessoais e das características do ambiente
sociocultural, a fim de que possa tomar decisões às perspectivas maiores de
seu desenvolvimento pessoal e social.” (pp. 54 e 55).
A Orientação Educacional, para essas autoras, deve ser um processo
complexo e contínuo. Complexa, porque a própria educação, da qual a
Orientação Educacional está a serviço, tende a se tornar cada vez mais
complexa. É um trabalho contínuo, porque a luta pela permanência deste
profissional nas instituições escolares é um processo que nem pela Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional é totalmente reconhecida ou
assegurada.
Giacaglia e Penteado (2010) mostram que o planejamento a Orientação
Educacional deve ser flexível para acomodar modificações que se façam
necessárias no decorrer do ano letivo. Mas, as autoras alertam sobre a
importância da existência de um planejamento, para que o trabalho da
Orientação Educacional não se restrinja às emergências. Esse profissional
22
deve atuar de forma preventiva. Por isso, a Orientação Educacional deve ser
realizada, segundo as autoras, através de métodos pedagógicos e
psicológicos.
Percebe-se, nesse momento, a importância da Orientação Educacional
não ser trabalhada por pessoas que não tenham a habilitação e formação
necessária para esta atuação profissional. Infelizmente, é comum encontrar
escolas, cujo trabalho do Orientador Educacional, é realizado pelo
Coordenador Pedagógico ou professores mais experientes. Este trabalho fica
muito prejudicado, pois, como já foi explanado, existe uma formação e técnicas
que a Orientação Educacional deverá conhecer para emprega-la de forma
efetiva na escola.
A personalidade do Orientador Educacional vem de um perfil
assistencialista. Segundo as autoras, esse profissional “tem seu trabalho
principalmente para o bem estar e a felicidade dos alunos matriculados na
escola onde desempenha suas funções. Ele se interessa pelo aluno como um
todo, não apenas como um ser que deva ser adequadamente ensinado e que
deva aprender.”(p. 60).
Apesar de toda a complexidade do trabalho da Orientação Educacional
ter sido elucidada nesse capítulo, ainda encontram-se escolas que não
possuem esse valioso profissional. Por acreditarem, erroneamente, que
qualquer outro profissional da área possa realizar esta função, a escola perde
em qualidade no atendimento e apoio na observação, de um olhar mais
estratégico, que possa ajudar os alunos, os professores e a comunidade
escolar a caminhar juntos, de maneira responsável, alcançando uma educação
de qualidade. Prescindir de um Orientador Educacional é abrir mão de um
profissional que respeita valores, atitudes, emoções e sentimentos, tanto dos
profissionais que atuam nas instituições de ensino, quanto dos alunos. Será
este profissional que estará atento ao desenvolvimento de nossas crianças,
chamando a atenção dos educadores e familiares sobre a importância da
observação diária no cotidiano infantil. Será o Orientador Educacional que
estará atento a programas que envolvam a comunidade escolar, mostrando a
necessidade do envolvimento de todos para uma educação verdadeira.
23
CAPÍTULO II – CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NA ORIENTAÇAO
EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Atualmente, por causa da crise educacional brasileira, a falta de
informação e formação continuada por parte da equipe pedagógica, deve-se
mais do que nunca, contar com a presença e atuação da Orientação
Educacional. Esse profissional é fundamental em qualquer segmento escolar,
seja na Educação Infantil – onde as crianças sempre acabam de prejudicando
com sua ausência – como nas demais modalidades da educação básica.
É sabido que a função da Orientação Educacional não é a mesma do
psicólogo escolar. Este último exerce uma função terapêutica de atendimento,
enquanto que a Orientação Educacional, cujo cargo compõe a equipe de
gestão escolar, trabalha diretamente com o corpo discente, auxiliando no
desenvolvimento pessoal deste grupo. A Orientação Educacional atua, por
consequência, diretamente e paralelamente com os professores, buscando
compreender o aluno, lançando um olhar mais amplo sobre este indivíduo.
Na Educação Infantil, então, este olhar deve ser minucioso. Muitas
dificuldades de aprendizagem são detectadas na primeira infância. Para isso, é
preciso que a equipe pedagógica esteja afinada e em harmonia com um
objetivo comum: estimular o desenvolvimento infantil, encarando-o como forma
preventiva de futuras dificuldades que possam surgir no decorrer do processo
ensino – aprendizagem.
Para isso, o apoio psicopedagógico é fundamental na Orientação
Educacional. Com conhecimentos psicopedagógicos, a Orientação Educacional
conhecerá melhor aquele ser em construção, em desenvolvimento, prestando à
atenção nos aspectos emocionais, cognitivos, sociais e motores manifestados
no decorrer do processo. Isso fará com que o professor, sujeito que atua
diretamente com o aluno, possa conhecer melhor o sujeito aprendente e,
assim, entender as especificidades de como a aprendizagem deverá acontecer
para cada um.
O resultado será um trabalho mais efetivo e significativo para, inclusive,
o processo de autoconhecimento da criança. Para isso, é preciso compreender
a evolução histórica da psicopedagogia no Brasil e sua importante contribuição
para a educação.
24
2.1. O PROCESSO EVOLUTIVO DA PSICOPEDAGOGIA
Sabe-se que o desenvolvimento de uma criança depende de muitos
fatores. Cunha (2005) afirma que o desenvolvimento integral da criança
compreende também aspectos referentes a fatores emocionais, sociais e
intelectuais dos quais dependerá a qualidade de vida que terá.
Essa autora ressalta que a saúde integral, “aquela que abrange a saúde
emocional e intelectual, precisa ser bem cultivada desde a primeira infância
para que o jovem e o adulto nos quais a criança irá se transformar cheguem a
ser cidadãos felizes e equilibrados.” (p. 17).
O Psicopedagogo poderá influenciar positivamente o Orientador Educacional.
Segundo Bossa (2011), “a função do psicopedagogo na área educativa é
cooperar para diminuir o fracasso escolar, seja este da instituição, seja do
sujeito ou, o que é mais frequente, de ambos.” (p. 65).
Essa autora afirma que a Psicopedagogia “trabalha com uma concepção
de aprendizagem segundo a qual participa desse processo um equipamento
biológico com disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de
relação do sujeito com o meio, sendo que essas disposições influenciam e são
influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio.” (p. 34).
Para entender melhor sobre a importância de um olhar psicopedagógico
na Orientação Educacional da Educação Infantil é necessário entender o
processo evolutivo e histórico pelo qual a Psicopedagogia foi submetida.
A Psicopedagogia, segundo Bossa (2011), teve sua origem na Europa,
no século XIX. Para Ariés (1981 apud BOSSA, 2011), os educadores do século
XVII se preocupavam em compreender a criança para transformá-la em um ser
racional e cristão, devido ao moralismo da sociedade à época. No século XVIII,
a criança já inserida em um discurso social, predominava o conceito da
disciplina, a racionalidade dos costumes e com a higiene e a saúde física. Já o
século XIX, apresentava uma sociedade mais tecnicista, onde os indivíduos
para sobreviverem economicamente, eram forçados a atualizações constantes,
devido aos progressos técnicos e científicos.
Essa autora afirma que no mundo moderno, “a relação entre dominar o
saber e ter um lugar nesse ciclo de produção surge como uma promessa de
sucesso.” (p. 56) A escola, reproduzindo o modelo imposto pela sociedade,
mostrará diferenças no tratamento entre as pessoas dentro de uma instituição
25
escolar, sejam nas relações entre professor-aluno, professor-professor, aluno-
aluno. Bossa afirma que “quanto mais raro o saber, mais ele vale”, referindo-se
ao modernismo atual. Sabe-se que algumas escolas são completamente
excludentes. A elite estuda nas escolas de altíssimo nível cultural e intelectual,
que prometem carros para os que passarem no vestibular, enquanto outras
crianças enfrentam escolas despreparadas, com péssima qualidade de ensino.
Bourdieu (1987), afirma que o trabalho pedagógico desenvolvido pela escola
torna-se claro quando relacionado ao sistema de relações entre as classes
sociais. Então, na perspectiva de Bourdieu a escola legitima a dominação
exercida pelas classes dominantes.
Continuando a apresentação da evolução histórica da Psicopedagogia
no Brasil, sabe-se que esse movimento está ligado ao processo histórico da
construção do pensamento argentino sobre a Psicopedagogia, que, por sua
vez, recebeu forte influencia da França.
Janine Mery (1985 apud BOSSA, 2011) aponta o século XIX como o
início do interesse por compreender e atender portadores de deficiências
sensoriais, debilidade mental e outros problemas que comprometessem a
aprendizagem. Bossa (2011) explica que em 1898, “Edouard Claparède,
professor de psicologia, juntamente com o neurologista François Neville,
introduziu na escola pública as “classes especiais”, destinadas à educação de
crianças com retardo mental”. (p. 59). Entre 1904 e 1908, iniciam-se as
primeiras consultas médico-pedagógicas, segundo Bossa (2011).
No final do século XIX, Maria Montessori, psiquiatra italiana, criou um
método de aprendizagem destinado inicialmente às crianças com retardo
mental. Outro psiquiatra que, segundo Bossa (2011) também se preocupou
com a educação infantil, foi o Ovidir Decroly. Esse teórico criou os “centros de
interesses” utilizados ainda hoje em algumas escolas. Bossa (2011, p. 59)
afirma que na segunda década do século XX, cresce nos Estados Unidos e na
Europa o número de escolas particulares e individualizados para crianças
consideradas de aprendizagem lenta. Mery (1985 apud BOSSA, 2011), explica
que por volta de 1930, surge na França os primeiros centros de orientação
educacional infantil, “com equipes formadas por médicos, psicólogos,
educadores e assistentes sociais.”
26
Conforme Mery (1985 apud BOSSA, 2011), em 1946 “foram fundados e
chefiados por J. Boutonier e George Mauco os primeiros centros
psicopedagógicos, nos quais se buscava unir conhecimento da Psicologia, da
Psicanálise e da Pedagogia para tratar comportamentos socialmente
inadequados de crianças, tanto na escola como no lar, objetivando sua
readaptação.” (pp. 59 e 60). Em 1948, a Pedagogia Curativa introduzida no
Centro de Psicopedagogia de Estrasburgo, França, era conduzida
individualmente ou em grupo. Esse método pretendia auxiliar o sujeito a
adquirir conhecimentos e desenvolver sua personalidade.
Na Argentina, modelo psicopedagógico que exerce grande influencia
sobre o brasileiro, a formação do psicopedagogo passou por três momentos
distintos, devido, segundo Bossa (2011), a alterações nos planos de estudos. O
primeiro, de acordo com essa autora, correspondeu aos planos de estudo de
1956, 1958 e 1961. Nesse momento, a Psicpedagogia orienta o processo
educativo, oferecendo conhecimentos mais profundos “dos processos de
desenvolvimento, maturidade e aprendizagem humanos.” (p. 63).
No segundo momento a Psicopedagogia na Argentina é constituída, no
entendimento de Bossa (2011) pelos planos de 1963, 1964 e 1969. Nesse
período, torna-se evidente a influencia da Psicologia Experimental na formação
do psicopedagogo. Em 1978, configurando-se o terceiro momento do curso de
Psicopedagogia, objetiva valorizar o papel do psicopedagogo enquanto
terapeuta.
Segundo Bossa (2011), “na década de 70 criaram-se em Buenos Aires
os Centros de Saúde Mental, onde atuavam equipes de psicopedagogos que
faziam diagnóstico e tratamento. (p. 64). A partir de então, os psicopedagogos
começaram a incluir, no entendimento de Bossa (2011), o olhar e a escuta
clínica da Psicanálise, resultando no atual perfil do psicopedagogo argentino.
O percurso da Psicopedagogia no Brasil, na década de 70, havia uma
perspectiva patologizante dos problemas de aprendizagem. Afirmava-se que
problemas de aprendizagem teriam como causa uma disfunção neurológica
não detectável em exame clínico, chamada de disfunção cerebral mínima
(DCM). Porém, como bem afirma Bossa (2011), “o rótulo DCM foi apenas um
dentre os vários diagnósticos empregados para camuflar problemas
sociopedagógicos traduzidos ideologicamente em termos de psicologia
27
individual.” (p. 77). Segundo Dorneles (1986 apud BOSSA, 2011), tal ação
“dissimulava a verdadeira natureza do problema e, ao mesmo tempo,
legitimava as situações de desigualdades de oportunidades educacionais e
seletividade escolar.” (p. 77).
No início da década de 80, começa a configurar uma teoria sociopolítica
a respeito do fracasso escolar. Afirmava-se que os fatores sociopolíticos
deveriam ser melhor analisados e levados em consideração porque diziam
respeito à manutenção das más condições de vida da maioria da população
escolar brasileira. Bossa (2011) aponta que nessa década, precisamente no
ano de 1984, foi um marco decisivo na história da Psicopedagogia, em São
Paulo. Foi realizado, na ocasião, o 1º Encontro de Psicopedagogos, onde
profissionais da área apresentaram trabalhos sobre as atividades dos
psicopedagogos em Porto Alegre.
Essa autora explica que a partir do 2º Encontro de Psicopedagogos em
São Paulo é que se pensou em uma formação da Associação de
Psicopedagogos. O que se tinha antes da Associação era chamado de Grupo
Livre de Estudos em Psicopedagogia. Como curiosidade, a autora lembra que
em setembro de 1984, foi organizado pelos integrantes do Grupo de Estudos
em Psicopedagogia, juntamente com o Centro de Estudos Médico e
Psicopedagógico de Porto Alegre, o 1º Seminário de Estudos em
Psicopedagogia.
Bossa (2011) afirma que essa nova abordagem que estava sendo
estudada, refletiu na mudança de concepção sobre o fracasso escolar.
Começa, também segundo essa autora, uma busca pela identidade do
profissional brasileiro que “amplia seu compromisso assumindo a
responsabilidade com a diminuição dos problemas de aprendizagem nas
escolas e, consequentemente, com a redução dos altos índices de fracasso
escolar.” (p.86).
Na década de 90, os cursos de especialização em Psicopedagogia lato
sensu, multiplicaram-se, segundo Bossa (2011). Por um lado, essa grande
procura comprova o interesse da Psicopedagogia no crescimento do
profissional da educação. No entanto, explica Bossa (2011), é preocupante o
fato de que possam proliferar cursos que ofereçam formações precárias,
repetindo a história da educação brasileira das últimas décadas.
28
A partir desse breve histórico percebe-se a importância da
Psicopedagogia no compromisso de contribuir para a compreensão do
processo de aprendizagem e identificação “dos fatores facilitadores e
comprometedores” (Bossa, p. 87) no processo da aprendizagem. Para Paín
(1986 apud BOSSA, 2011) “o objetivo do tratamento psicopedagógico é o
desaparecimento do sintoma e a possibilidade do sujeito aprender
normalmente em condições melhores, enfatizando a relação que ele possa ter
com a aprendizagem, ou seja, que o sujeito seja o agente da sua própria
aprendizagem e que se aproprie do conhecimento.” (p. 61).
Scoz (1992 apud BOSSA, 2011) define a Psicopedagogia como “área
que estuda e lida com o processo de aprendizagem e suas dificuldades e que,
em uma ação profissional, deve englobar vários campos do conhecimento,
integrando-os e sistematizando-os.” (p. 61).
Bossa (2011) explica que avaliando as dificuldades impostas pela
complexidade do próprio objeto de estudo da Psicopedagogia, “a sua recente
existência enquanto área de estudos, as suas origens teóricas e a questão da
formação no Brasil,” (p. 89), torna-se importante destacar alguns pontos
comuns na história da Psicopedagogia no Brasil e na Argentina. É importante
mencionar a Argentina como forte influenciadora das práticas
psicopedagógicas brasileiras. Comparando as evoluções históricas da
Psicopedagogia nos dois países, a autora esclarece que:
“1) A atividade prática iniciou-se antes da criação dos cursos nos dois países.
2) Em ambos os países, a prática urgiu da necessidade de contribuir na
questão do “fracasso escolar”.
3) Inicialmente, o exercício psicopedagógico apresentava um caráter reeducativo,
assumindo ao longo do tempo um enfoque terapêutico.
4) A Psicopedagogia nasce com o objetivo de um trabalho na clínica e vai
ampliando a sua área de atuação até a instituição escolar, ou seja, vai da
prioridade curativa à preventiva.
5) Encontra terreno fértil nesses dois países, em função da demanda que lhe
originou.” (p. 89).
Por isso, por ser tão importante, tanto como prevenção, como para
práxis terapêutica, a Psicopedagogia aplicada à Orientação Educacional,
auxiliará este profissional a olhar de uma forma contextualizada para todos os
29
integrantes de uma escola. Da comunidade escolar que compõe uma
instituição de ensino, passando pelos profissionais de base, alunos,
professores e equipe diretiva, a Psicopedagogia com sua base enraizada em
vários campos do conhecimento, pode atuar nas alterações de aprendizagem,
buscando sistematizar a forma como a Orientação Educacional poderá agir
diante da identificação de um diagnóstico trazido por um aluno, por exemplo.
Poderá atuar, também, como auxiliador dos pais e professores orientando a
respeito da maneira como estão conduzindo aquela criança e formas de ensino
que deveriam ser adaptadas a cada criança, evitando, dessa forma, os
problemas sociopedagógicos e de ensinagem.
Concordando com Bossa (2011), quando essa autora explica que a
“Psicopedagogia trabalha com uma concepção de aprendizagem segundo a
qual participa desse processo um equipamento biológico com disposições
afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o
meio, sendo que essas disposições influenciam e são influenciadas pelas
condições socioculturais do sujeito e do seu meio.” (p. 34).
Segundo Bossa (2011) a instituição escolar cumpre uma importante
função social: a de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o
desenvolvimento cognitivo e a construção de regras de conduta, dentro de um
projeto social mais amplo. Marina Müller afirma que “mediante a aprendizagem,
cada indivíduo se incorpora a esse mundo com uma participação ativa, ao se
apropriar de conhecimentos e técnicas, construindo em seu interior o universo
de representações simbólicas.” (1987 apud BOSSA, 2011).
30
CAPÍTULO III – COMPREENDENDO O UNIVERSO DE ZERO A SEIS ANOS:
A SINGULARIDADE DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
A psicopedagogia contribui valorosamente na Orientação Educacional,
porque fornece subsídios fundamentais para o conhecimento de cada aluno.
Considerando que a escola recebe crianças de diferentes jeitos e
realidades, chega-se a conclusão de que todos somos diferentes e isso precisa
ser respeitado. Cada pessoa tem sua história. Portanto, são várias esferas que
compõem o ser humano, dentro as quais é importante destacar a social,
cultural, física e emocional.
Por isso, todos devem ter as mesmas oportunidades para aprender.
Estabelecer um modelo de aprendizagem e de aluno a ser multiplicado é
desconsiderar a democracia. É desrespeitar o jeito de cada um ser e agir no
mundo.
A psicopedagogia dentro da Orientação Educacional oferece uma
estrutura de aprendizagem para que, na medida do possível, esta seja
significativa, contemplando a todos. A psicopedagogia ficará atenta sobre como
as crianças aprendem, intervindo e orientando pais e professores sobre a
melhor maneira de se construir o conhecimento do aluno, respeitando sua
individualidade.
Entendendo a Educação Infantil como a primeira etapa da educação
básica e que tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança, pode-se
estabelecer estratégias de ensino que favoreçam a aprendizagem de todos.
Pensando que crianças aprendem de diferentes maneiras e que são resultados
do que elas vivenciam, é possível compreender e propor atividades que as
contemplem como um todo, um ser global.
Isso é considerar o que os próprios PCNs oferecem para o
desenvolvimento integral da criança. Sendo assim, deve-se favorecer o
estímulo da identidade e autonomia, o movimento, as artes visuais, a música, a
linguagem oral e escrita, a natureza e sociedade e o pensamento lógico-
matemático.
31
3.1. CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA NO TRABALHO DA
ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Pelo capítulo anterior pode-se concluir que a Psicopedagogia, na
instituição escolar, pode ajudar a Orientação Educacional a analisar o
desenvolvimento da criança, nos aspectos metodológicos, socioculturais e
afetivos, abrangendo a participação de todos que estão inseridos nesse
processo: professores, alunos e família.
Convivendo com diferentes pessoas dentro de um mesmo ambiente de
aprendizagem, percebe-se como as crianças, principalmente da primeira e
segunda infância, sabendo que há tantos fatores que influenciam no processo
de desenvolvimento infantil, é preciso contar com o olhar cuidadoso do
Orientador Educacional para ajudar as famílias, professores e as crianças
nessa jornada, não como detentor do conhecimento, mas como um construtor,
um auxiliador nessa tarefa complexa que é lidar com a diversidade do ser
humano e suas inúmeras possiblidades de se desenvolver.
A Psicopedagogia exerce uma função dentro da Orientação Educacional
como mediadora de informações, conectando o sujeito e seu desenvolvimento.
Para que isso ocorra é preciso considerar os fatores não só cognitivos, mas
também, os afetivos e sociais presentes no processo de aprendizagem.
Considerando a maneira como cada criança aprende, observa-se a construção
de seus pensamentos e a administração de novas aprendizagens no decorrer
do processo cognitivo.
A Orientação Educacional, contribuindo para um aprendizado
significativo, precisa planejar e, constantemente, analisar suas propostas de
ações e avaliações que deverão ser feitas com as crianças, auxiliando-as no
processo de construção do conhecimento.
Tanto a Orientação Educacional quanto a Psicopedagogia exercem um
papel preventivo na Educação Infantil. Segundo Solé (2001) a orientação é
uma função estruturadora da intervenção psicopedagógica, um recurso
disponível às instituições educacionais em seu conjunto e de seus diversos
subsistemas. A finalidade da Orientação Educacional, para essa autora, é a de
contribuir para prevenir possíveis disfunções ou dificuldades, corrigindo
aquelas que tenham surgido, visando a potencialização e enriquecimento do
32
desenvolvimento dos indivíduos. Esse movimento refletirá nos sistemas que
integram a instituição educacional, sua organização e seu funcionamento.
Como já foi citado anteriormente, no histórico da Psicopedagogia,
percebe-se como uma área que trabalha com alunos que apresentam
dificuldades de aprendizagem, emocionais e afetivas, interferindo nas relações
sociais das crianças. Na Educação Infantil, a Psicopedagogia norteará o
trabalho da Orientação Educacional acerca dos estímulos necessários para
cada estágio do desenvolvimento infantil.
Neste caso, a Psicopedagogia, segundo Solé (2001), encontra na
Orientação Educacional uma forte aliada que contextualizará os conhecimentos
e estímulos necessários para as crianças de 0 a 6 anos, dentro e fora do
ambiente escolar, orientando pais, promovendo uma conscientização a respeito
de valores e atitudes. O resultado será um despertar dos educadores e dos
pais para a necessidade e estar sempre presente nos momentos da vida da
criança.
Na Educação Infantil, a Orientação Educacional poderá sugerir
programas de ação integrada entre pais e professores, fortalecendo a
responsabilidade de todos na educação da criança. Além disso, a Orientação
Educacional na Educação Infantil, segundo Cabral e Pimenta (2013) pode
realizar trabalhos de cunho individual ou coletivo, ressaltando sempre a
importância de se acompanhar os alunos de 0 a 6 anos, analisando o processo
de desenvolvimento e adaptando a cada diferente realidade encontrada.
Cabral e Pimenta (2013) apontam também para a preocupação com o
desenvolvimento psicomotor na preparação para alfabetização e socialização
das crianças, compreendida entre a 1ª e 2ª infância. Essas autoras ressaltam
sobre a relevância que a Orientação Educacional exerce na Educação Infantil
de auxiliar o aluno a construir o seu conhecimento, oferecendo condições para
a aquisição significativa do mesmo, além de promover interações entre todos
os sujeitos comprometidos com a educação.
A Orientação Educacional com o olhar Psicopedagógico na Educação
Infantil atua na prevenção de futuros problemas de aprendizagem, oferecendo
meios para que seja mais bem trabalhado o desenvolvimento infantil,
apontando direções para o planejamento de atividades a serem realizadas com
as crianças.
33
Para se fazer um planejamento em Orientação Educacional voltado para
a necessidade que exige a Educação Infantil, é preciso analisar o estudo sobre
o desenvolvimento infantil elaborado por Jean Piaget. De acordo com a
concepção piagetiana, o desenvolvimento cognitivo compreende quatro níveis,
a saber:
• Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos);
• Pré-operacinal (dos 2 aos 7 anos);
• Operações Concretas (dos 7 aos 12 anos);
• Operações Formais (dos 12 anos em diante).
A seguir, seguem as explicações sobre o desenvolvimento cognitivo das
crianças, segundo Piaget, com ênfase no nível sensório-motor e pré-
operacional, porque dizem respeito às faixas etárias correspondentes a esse
estudo.
Piaget e Inhelder (2011) chamam de nível sensório-motor às idades
compreendidas entre o nascimento aos dois anos. Segundo esses autores,
nesse nível de desenvolvimento, o bebê ainda não apresenta pensamento,
nem afetividade ligada a representações que permitam evocar pessoas ou
objetos na ausência deles. Os autores acrescentam que a inteligência existente
nesse nível de desenvolvimento é essencialmente prática, isto é, “tendente a
resultados favoráveis e não ao enunciado de verdades, essa inteligência nem
por isso deixa de resolver, finalmente, um conjunto de problemas de ação”. (p.
12).
Piaget e Inhelder (2011) explicam que a falta de linguagem e de função
simbólica, “tais construções se efetuam exclusivamente apoiadas em
percepções e movimentos, ou seja, através de uma coordenação sensório-
motora das ações, sem que intervenha a representação ou pensamento”. (p.
12).
De acordo com Palangana (2001). “Piaget destaca que a principal
conquista desse período é o desenvolvimento da noção de permanência do
objeto. É nele também que a criança elabora o conjunto das subestruturas
cognitivas que deverão orientar as construções perceptivas e intelectuais
posteriores”. (p. 24). Segundo essa autora, ao longo do nível sensório-motor, a
criança diferencia o que é dela do que é do mundo, “adquire noção de
causalidade, espaço e tempo, interage com o meio demonstrando uma
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inteligência fundamentalmente prática caracterizada por uma intencionalidade e
certa plasticidade. Ainda que essa conduta inteligente seja essencialmente
prática, é ela que organiza e constrói as grandes categorias de ação que vão
servir de base para todas as futuras construções cognitivas que a criança
empreenderá”. (pp. 24 e 25).
Sendo o nível sensório-motor apresentado por Piaget como uma
preparação para os níveis posteriores, fica entendido que a “inteligência
procede da ação em seu conjunto, na medida em que transforma os objetos e
o real, e que o conhecimento é essencialmente assimilação ativa e operatória”.
(Piaget e Inhelder, p. 33).
Segundo Palangana (2001), Piaget define o segundo nível do
desenvolvimento cognitivo como pré-operatório, enfatizando que o principal
progresso desse nível em relação ao sensório-motor é o desenvolvimento da
capacidade simbólica presente na linguagem, no jogo simbólico e imitação
postergada.
Piaget e Inhelder (2011) elucidam sobre esse nível de desenvolvimento
afirmando que a função simbólica e a imitação, o jogo simbólico, o desenho, as
imagens mentais, a memória e a estrutura das lembranças – imagens e a
linguagem presentes nesse nível de desenvolvimento representa a
independência que apresentava no nível anterior, limitada às sensações e
movimentos.
Palangana (2001), fundamentada em Piaget, esclarece que no nível pré-
operacional a criança dispõe de esquemas de ações interiorizadas, facilitando
a distinção de um significado (imagem, palavra ou símbolo) daquilo que ele
significa (o objeto ausente). Porém, essa autora mostra que, sob a luz de
Piaget, mesmo a criança dispondo nesse nível de desenvolvimento, esquemas
internalizados, nessa fase ela ainda não dispõe da reversibilidade do
pensamento, ou seja, não consegue desfazer o raciocínio retornando ao ponto
inicial.
Outra característica presente no nível pré-operacional apontada por
Palangana (2001) é a conduta egocêntrica, isto é, a criança vê o mundo a partir
de sua própria perspectiva, não entendendo que há outros pontos de vista
possíveis. Essa autora aponta que uma das principais tarefas a serem
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cumpridas neste estágio é a descentração, o que significa sair da perspectiva
do “eu” como único sistema de referência.
Palangana (2001) baseando-se em Piaget cita outras estruturas típicas
dessa fase. São elas: o raciocínio transdutivo ou intuitivo “de caráter pré-logico,
se fundamenta exclusivamente na percepção (...) o pensamento artificialista
presente nas atribuições de atos humanos e fenômenos naturais; o
antropomorfismo ou atribuições de características humanas a objetos e
animais. O animismo, que implica em atribuir vida a seres inanimados e o
realismo intelectual ou predominância do modelo interiorizado, em detrimento
da perspectiva visual”. (p. 26).
Considerando que as crianças passam por esses níveis de
desenvolvimento tão rico em construção do conhecimento é possível entender,
então, suas necessidades com relação ao aprendizado. Realizando uma
avaliação psicopedagógica das crianças na Educação Infantil, a Orientação
Educacional perceberá essas necessidades elencando e priorizando com
alunos, professores e famílias, os estímulos mais importantes para o
desenvolvimento das crianças que se encontram na Educação Infantil.
Para que essa avaliação ocorra, a Orientação Educacional deverá
considerar aspectos relevantes sobre como as crianças aprendem e
manifestam esse aprendizado em seu cotidiano. É preciso observar, avaliando
a brincadeira, o desenho e o pensamento (em substituição do desejo
alucinatório, Oliveira (2009)). Por meio dessas estratégias, é possível também,
investigar a correlação entre “os mecanismos cerebrais implicados na atividade
consciente do homem” (Antunha, 2009), o diálogo entre o corpo e o ambiente,
com uma perspectiva psicomotora e a linguagem, diferenciando significado de
significante. Entende-se por significado o objeto, acontecimento. (E, por
significante, a função semiótica, a imagem mental, o gesto).
Iniciando a avaliação de uma criança, por meio do desenho e da
brincadeira é possível perceber, segundo Oliveira (2009) a estruturação mental,
o nível de seu desenvolvimento cognitivo e afetivo-emocional. “O enfoca na
avaliação lúdica e gráfica é um dos muitos caminhos que nos possibilita ver
como a criança inicia seu processo de adaptação à realidade através de uma
conquista física, prática, funcional, aprendendo a lidar de forma cada vez mais
coordenada, flexível e intencional com seu corpo, situando-o e organizando-o
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num contexto espácio-temporal que lhe é reconhecível, que começa a fazer
sentido para a sua memória pessoal”. (Oliveira, 2009, pp. 23 e 24).
Antunha (2009) chama a atenção para o desenvolvimento
neuropsicológico das crianças de 0 a 6 anos, quando observa problemas que
ocorrem com elas, pois, “devido à progressiva maturação do sistema nervoso,
há necessidade de uma consideração específica sobre a fase do
desenvolvimento de cada faixa etária”. (p. 89).
De acordo com Gomes (2009) o desenvolvimento infantil somente ocorre
influencias mútuas entre o cognitivo, emocional e corporal. Essa autora reforça
que o ser humano é formado pela inteligência, afetividade e pela motricidade.
Segundo Gomes (2009) é através da atividade tônica que a criança entra em
relação com o mundo das pessoas. A função tônica está ligada, portanto a
todas manifestações de ordem afetiva. O controle das reações tônico-
emocionais para Gomes (2009) é elemento fundamental de um comportamento
equilibrado.
Para Limongi (2009) deve-se orientar a família e escola quanto a
compreensão da construção da linguagem a partir da ação da criança. Primeiro
ela será expressa a partir da ação e do gesto. Essa autora explica que, por sua
vez, a expressão oral (fruto da construção da linguagem interna), o processo
de externalização da linguagem, trata-se de um processo dinâmico e de mútua
influencia. Limongi (2009) explica que a criança somente estará pronta à
expressão oral quando sua expressão motora estiver efetivada. Portanto, essa
autora chama a atenção do “significado de comunicar-se, de como fazê-lo
oralmente, de como será sua construção e de sua relação com todo o
desenvolvimento da criança”. (p. 181).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96)
determina que a Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica. Isso
significa que as escolas precisam se organizar em “uma ação integrada que
incorpore às atividades educativas os cuidados essenciais das crianças,
contribuindo para um desenvolvimento integral, propiciando o acesso e a
ampliação dos conhecimentos da realidade social e cultural”.
Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil, a sociedade está mais consciente da importância das experiências na
primeira infância. O atendimento destas crianças está reconhecido também
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pela Constituição Federal de 1988, afirmando que a Educação Infantil passou a
ser um dever do Estado e um direito da criança (artigo 208, inciso IV). Além
disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, ressalta o direito da
Criança a esse atendimento.
Toda a preocupação com a Educação Infantil tem fundamento. Como já
foi explicitado anteriormente, é importante que a escola compreenda e respeite
esse período tão rico do desenvolvimento humano. Por isso, a Orientação
Educacional é indispensável na Educação Infantil, ainda que não haja uma
legislação que estabeleça a obrigatoriedade desse profissional nos
estabelecimentos de ensino infantil. Se há um reconhecimento da relevância
desse período do desenvolvimento infantil por parte da legislação, por quê não
garantir que profissionais que conheçam a fundo o processo de
desenvolvimento que as crianças passam estejam presentes nesse processo
minucioso e refinado do conhecimento.
Pessoalmente, afirmo que respeitar a criança é compreendê-la em sua
totalidade. Ter a Orientação Educacional na Educação Infantil é respeitar a
criança e seu direito à educação, no sentido mais profundo desta palavra.
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CONCLUSÃO
Neste trabalho monográfico constatou-se que a importância do trabalho
da Orientação Educacional na Educação Infantil se faz urgente. Tal afirmação é
devido à necessidade de uma educação de qualidade e, por consequência, a
construção de uma sociedade composta por cidadãos conscientes dos bons
valores, tão esquecidos atualmente.
A Orientação Educacional pode ajudar na construção desse novo
paradigma, porque esse profissional, dentro da escola, auxilia alunos,
professores, equipe diretiva, a pensar, refletir, analisar, tendo como ponto de
partida a comunidade em que atua e levando essa reflexão para uma forma
ampliada, atingindo a sociedade na formação de multiplicadores de boas ideias
e ações.
Para isso, é preciso investir nesse profissional que permitirá – em uma
proposta conjunta com professores, além se ser uma maneira de auxiliá-los,
também – ir além, buscar novos conhecimentos, observar sua realidade, o que
cerca as crianças que compreendem a faixa etária de 0 a 6 anos.
Possibilitarão, também, que construam pensamentos, raciocínios e
observações a partir do ponto de vista dessas crianças. A Orientação
Educacional pode promover esse respeito a criança – sobre o que ela pensa, o
tempo que cada uma leva a aprender, como ela constrói conceitos – porque
pode orientar pais, professores, equipe diretiva, a respeito desse pensamento,
valorizando nossas crianças e, consequentemente, o futuro do nosso país.
Não é uma tarefa fácil auxiliar uma criança a construir pensamentos,
refletir, levando esses conhecimentos para prática, aprimorando saberes que
lhes são conhecidos, utilizando-os em seu cotidiano. Mas, é essencial que esse
novo olhar aconteça o quanto antes, pois mudanças estão presentes
acontecem a cada dia e com elas, novos pensamentos e posturas são
construídos, diariamente.
Sabe-se que atualmente, a Orientação Educacional não tem como
objetivo principal o trabalho com alunos antes rotulados como “problemas”.
Agora, o foco do trabalho é preventivo, demandando da Orientação
Educacional um olhar vigilante, atento e acolhedor para o trabalho com as
crianças que vivem o atual momento.
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Por isso, a Psicopedagogia se faz uma importante aliada nesse
processo. Com o olhar psicopedagógico é possível entender as importantes
fases do desenvolvimento infantil e por meio desse conhecimento,
compreender e descobrir as crianças, respeitando-as como elas são e suas
peculiaridades. Essa área do conhecimento contribuirá com uma educação
mais abrangente, que se preocupa com a formação do ser humano, antes da
formação acadêmica.
A Psicopedagogia contribui com o trabalho da Orientação Educacional
na Educação Infantil, porque entende que o conhecimento se constrói não de
forma fragmentada, mas simultânea e interdisciplinar com as descobertas
realizadas pelas crianças. Isso orientará o trabalho com os professores, que
atuam diretamente com as crianças na construção diária do saber. Entende-se
que o conhecimento não se adquire apenas na escola, mas em todo lugar. Por
isso, é importante trabalhar com a comunidade para que ela se conscientize
dos direitos e deveres, limites, que as crianças deverão aprender para atuarem
em uma sociedade justa e harmônica.
Pode parecer um pensamento utópico, mas não é. A Orientação
Educacional deve pensar em nível macrossocial, porque a responsabilidade
que essa área do conhecimento possui em suas mãos, é igualmente grande.
Essa responsabilidade aumenta quando se trata da Educação Infantil, porque
estamos lidando com a formação do caráter, na construção de cidadãos
imbuídos de valores como inclusão, solidariedade e amor ao próximo.
A Orientação Educacional ajuda no desenvolvimento de ações de uma
educação voltada para prática social, porque auxilia na construção desse
sujeito. Por meio de um projeto político-pedagógico condizente com as
expectativas que serão desenvolvidas pela escola, a Orientação Educacional
poderá desenvolver estratégias que visam a promoção da cidadania e o
desenvolvimento das potencialidades das crianças.
Junto com a Orientação Educacional, a Psicopedagogia poderá auxiliar
no trabalho da Educação Infantil, orientando professores no desenvolvimento
da autonomia, hábitos, atitudes e solidariedade para com grupo que compõe a
escola, estendendo essas ações para casa e comunidade onde vivem.
Por ser um profissional que trabalha com a subjetividade, formação de
valores, ética, cultura, identidade, inclusão e participação social, a Orientação
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Educacional merece todo nosso respeito e valorização do seu trabalho. É um
profissional que precisa permanecer nos ambientes escolares devido à
magnitude de sua importância na escola e comunidade. Prescindir da
Orientação Educacional na Educação Infantil é prescindir da construção da
cidadania, do respeito pelas crianças, futuros cidadãos atuantes do nosso país.
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