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Luciana Genro mostra porque é referência do Partido Socialismo e Liberdade no Rio Grande do Sul ao dar uma aula sobre política em entrevista a alunos de Jornalismo

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ENTREVISTA - 28/05A gacha da oposioLuciana Genro mostra porque referncia do Partido Socialismo e Liberdade no Rio Grande do Sul ao dar uma aula sobre poltica em entrevista aalunos de Jornalismopor Maria PoloLuciana Genro umadaquelasmulheres. Do tipo que pode passar despercebida na rua, mas no momento em que comea a falar tem sua total ateno. Determinada e inteligente e forte: foi me aos 17 anos , uma das personagens mais famosas da poltica do Rio Grande do Sul. Por ser filha do governador Tarso? Talvez no comeo de sua carreira, afirma a prpria, contudo, fcil observar que a sua trajetria consistente at o PSOL, Partido Socialismo e Liberdade, o qual formouaps ser expulsa do Partido dos Trabalhadores (PT), pde construir um nome para si.Na ltima segunda-feira (28), Luciana concedeu uma entrevista aos alunos de jornalismo da PUCRS, a convite do professor e jornalista Juremir Machado da Silva. O primeiro tema abordado foram os recentes avanos da Comisso da Verdade e a melhor maneira de lidar com os envolvidos na ditadura militar de 64. A ex-deputada federal, que teve o pai exilado do Brasil quando tinha 13 meses, lanou esse ano o livroDireitos Humanos O Brasil no Banco dos Rus, que fala exatamente sobre o tema.Eu acho que deve haver punies para os torturadores, e esse no um problema exclusivo do nosso passado, a tortura continua existindo nas prises, nas delegacias, as execues sumrias continuam acontecendo. Agora ela atinge principalmente os pobres. E at hoje, continua sendo um tabu processar policiais por tortura, ela ainda tida como algo aceito no Brasil, afirma. A poltica no acredita que algum dia haver, de fato, punio concreta aos transgressores, pois a busca por justia ainda restrita apenas aos familiares das vtimas e a uma pequena camada da sociedade brasileira, porm, positiva ao pensar que a comisso pode trazer a tona fatos que so desconhecidos pela populao, principalmente, queles que no vivenciaram a ditadura, e que germine um sentimento de justia no resto da populao.Luciana Genro esteve, recentemente, na Grcia, onde pde observar de perto a crise no pas: A situao muito grave em toda a Europa, e a Grcia o ponto mais crtico. impressionante o nmero de pessoas que enxergamos na rua pedindo esmola, algo que no comum l. Houve diminuies nos salrios, nas aposentadorias, cortes de pessoas em cargos pblicos, destaca. Em tom irnico, relembra que prejudicadas mesmo so as pessoas, os credores continuam recebendo normalmente, fato acobertado pelas frentes de esquerda e direita que adotaram as mesmas polticas para atender o capital financeiro; e que, por isso, a seu ver, ainda no se tornou um problema to citado na grande mdia. O pas sofre com uma das maiores taxas de desemprego de sua histria, Luciana acredita que esse tipo de crise brutal abre as portas para uma alternativa pela extrema esquerda, e espera que no Brasil, no necessite de fortes adversidades para um crescimento esquerdista. Aponta ainda, que ser radical no significa ser intransigente, e sim, buscar resolver os problemas pela raiz. A recm-formada advogada critica a mdia brasileira, afirmando que ela nunca fala sobre o fato de o Brasil tambm ter um srio problema de dvida pblica, mais de 60% do arrecadamento de impostos usado para pagar os juros da dvida.Ao ser questionada sobre a realidade do socialismo no Brasil atualmente, Luciana explica: O PSOL um partido que no se filia a nenhuma dessas tradies mais conhecidas do socialismo, que na minha opinio, j se deformou. Fizemos questo de botar o nome do partido de Socialismo e Liberdade, para mostrar que ns no acreditamos nessa tradio que ocorreu na Unio Sovitica, por exemplo, e que ocorre na China, que se diz socialista, mas uma ditadura, capitalismo de estado. Essa afirmao extremamente importante para compreender onde entra a esquerda, que parece, muitas vezes, com ideais to antiquados e irreais nos diasde hoje, principalmente no Brasil, que vive uma democracia capitalista, ainda que no perfeita, muito firme. Ainda falta um pouco para o PSOL conseguir chegar ao poder executivo e promover essas transformaes, fala a ex-candidata a prefeitura de PortoAlegre, em 2008, quando teve apenas 8% dos votos. Luciana tem conscincia de que mesmo se o partido conseguir ganhar as prefeituras que tem mais chance, como as de Belm e do Rio de Janeiro, no ser possvel implantar um socialismo, pode-se promover mudanas, entretanto, no podero mudar o sistema econmico do pas.Surgiram, ao longo da entrevista, muitas perguntas sobre assuntos polmicos e atuais, as quais Luciana foi, apesar de um tanto categrica, foi coerente a seus ideais e favorvel liberdade, como no poderia ser diferente. Sobre o casamento homossexual? A favor. O aborto? Liberdade de escolha para as mulheres. O cdigo florestal? Veto completo.Luciana at hoje, foi da oposio em todos os governos, mesmo no governo Lula, quando ainda era filiada ao Partido dos Trabalhadores, o que acabou resultando em sua expulso do partido e a criao do PSOL. Ela no conseguiu ganhar a prefeitura de Porto Alegre, na qual pretendia mostrar que no pode apenas criticar, porm, pode tambm atuar. Atualmente, no exerce nenhum cargo poltico, por seu pai ser governador do estado, o que a impede de se candidatar a vereadora pela leicriada para no permitir a manuteno de oligarquias familiares. A lei probe que parentes de at segundo grau de ocupantes de cargosdo Executivo concorram a cargos eletivos. Ela pretende revogar essa lei no tribunal eleitoral, pelo menos at onde no afete seu partido. O futuro poltico, por enquanto, incerto para Luciana Genro, porm, fica claro perceber que o seu engajamento no vai mudar to facilmente.