a folha dos valentes

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V a l en t es PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 402 a folha dos MARÇO 2011 ANO XXXV Educação – liberdade e responsabilidade Educação – liberdade e responsabilidade 06.sal da terra - LIBERDADE de ensino 07.poema - Ser FELIZ 10.entre nós - O Padre Dehon e a FAMÍLIA 12.memórias - Recordando o P. e Baptista Carrara 20.doses de saber - FRANÇA, país de extremos 22.educação - Casa de pais, escola de FILHOS 27.patoral - Repensar a MISSÃO 38.cuidar de si - O Vírus do PAPILOMA Humano 44.jd-porto - Ser MAIS no Candal QUARESMA, caminho para a VIDA! QUARESMA, caminho para a VIDA! Sou da geração sem remuneraçãoSou da geração sem remuneração

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Março 2011

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Page 1: A folha dos Valentes

ValentesPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA402

a folha dos

MARÇO 2011 ANO XXXV

Educação – liberdade e responsabilidade Educação – liberdade e responsabilidade

06.sal da terra-LIBERDADE de ensino07.poema-Ser FELIZ10.entre nós-O Padre Dehon e a FAMÍLIA12.memórias-Recordando o P.e Baptista Carrara20.doses de saber-FRANÇA, país de extremos22.educação-Casa de pais, escola de FILHOS27.patoral-Repensar a MISSÃO38.cuidar de si-O Vírus do PAPILOMA Humano44.jd-porto-Ser MAIS no Candal

QUARESMA, caminho para a VIDA!QUARESMA, caminho para a VIDA!

“Sou da geração sem remuneração”“Sou da geração sem remuneração”

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Page 2: A folha dos Valentes

03 > alerta! > Caminho para a Vida

04 > digo eu... > Palavras dos amigos leitores

05 > recortes > A Igreja no mundo...

06 > sal da terra > Liberdade de ensino

07 > cantinho poético > Ser feliz

http://valentes.blogspot.com.http://www.dehonianos.org.http://www.facebook.com.http://valentes.hi5.com

FICHA TÉCNICADirector: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Carlos Oliveira, Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Alcindo Sousa (Madagáscar), Nuno Pacheco (Lisboa), Pedro Coutinho (Índia).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Armando Baptista, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Moura, José Agostinho, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Madalena Rubalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Nélio Gouveia, Octávio Carmo, Olinda Silva, Paulo Alexandre, Paulo Rocha, Rui Moreira, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: João Chaves, Cláudia Pinto, Catarina Ferreira, Isildo Silva, Luís Cravo.

Fotografia: Nélio Gouveia, Paulo Vieira, Margarida Rocha, Romy Ferreira, Graciela Vieira, Marco Costa, Adrião.

Capa: Igreja de Santa Maria de Sobretâmega, Fevereiro de 2011, foto AFV.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > missões dehonianas > Angola: Casa Padre Dehon

10 > entre nós > O padre Dehon e a família

11 > com dehon > Sentimento quaresmal

12 > memórias > Recordando o padre João Baptista Carrara

14 > comunidades > Comunidade do Loreto

dos conteúdos

15 > onde moras? > Fazer crescer a semente

16 > vinde e vereis > Vem e vê

17 > palavra de vida > Encontros de Vida Nova

18 > pedras vivas > Maria da Graça, Gracinha!

20 > doses de saber > França, país de extremos

22 > educação > Casa de pais, escola de filhos

24 > espaço escola > Conhecer: Novo Estatuto do aluno (I)

26 > leituras > Xenía – amor ao desconhecido

27 > pastoral > Repensar a Missão

28 > sobre a bíblia > S. Paulo e a Igreja – edifício espiritual

30 > reflexo > Caridade, perdão, construção da paz

32 > pai-nosso > Fala, Senhor, que o teu servo escuta

do mundo

33 > outro ângulo > “Sou da geração sem remuneração”

34 > opinião > Igreja, não sejas indolente no zelo

35 > mundo nas mãos > O mexilhão e o ambiente

36 > novos mundos > Os dois lados da nossa estrela

37 > nuances musicais > Música e religião

do bem-estar

38 > cuidar de si > O Vírus do Papiloma Humano

39 > dentro de ti > Carnaval

40 > mão amiga > O sonho é meu!

da juventude

41 > jd-açores > Bem-aventurados

42 > jd-lisboa > Um dom de Deus

43 > jd-madeira > Romagens a São Jorge

44 > jd-porto > Dinâmicas para ser +

46 > agenda > Próximas actividades JD e FD

46 > dehumor > Humor dehoniano

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > Interacção: fotos “premiadas”

da família dehoniana

sumário:

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)

35anosSEMPREno CORAÇÃOSEMPREJOVEM

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Page 3: A folha dos Valentes

alerta! – 03 da actualidade

Caminho para a Vida

VPaulo Vieira

A Quaresma leva-nos à festa anual mais importante: a Páscoa.

Precisamente por ser a nossa celebração central, precisa de ser devidamente preparada. Se a nossa vida tem necessidade de tempo para festa, de tempo para esperar, de tempo para a tran-quilidade e de tempo para penitência… Somos convidados a pre-parar a celebração da Páscoa com um longo tempo de penitência e conversão.

Conversão é mudança. Basta olharmos à nossa volta, que não nos faltarão motivos para preocupação e inquietação! Revoltas e con-vulsões sociais, guerras, fome, injustiças flagrantes, perseguições religiosas, imposição de anti-valores por minorias, miséria, crise económica. Certamente temos ganas de mudar tudo isso! Mas não iremos muito longe, se nem em nós somos capazes de mudar pequenos aspectos que nos impedem de viver “ressuscitados”.

O papa Bento XVI, como tema da sua mensagem para esta Quaresma usa a expressão de São Paulo: “Sepultados com Cristo no Baptismo, também com Ele fostes ressuscitados” (cf. Col 2, 12), para lembrar-nos a dimensão baptismal do caminho quaresmal. Sugere-nos que todos repercorramos as etapas do caminho da iniciação cristã com um verdadeiro espírito de conversão, ou seja: que saibamos morrer para o “passado” para, com Cristo, “nascer-mos de novo”.

Neste caminho para a vida somos convidados a deixarmo-nos conduzir pela Palavra, que devemos escutar com mais atenção e abertura de coração. Pelo jejum podemos manifestar o desapego das coisas e a con-fiança em Deus e, transformando o jejum em esmola, concretiza-mos o nosso amor a Deus no amor do próximo.A oração, sobretudo a partir da Palavra de Deus, faz-nos entrar na comunhão íntima com Ele e alimenta o caminho de fé que iniciá-mos no dia do Baptismo, para o reavivar!

Uma santa Quaresma para todos, como caminho para a Vida!

ATENÇÃO!Agradecemos aos nosso leitores as ofertas que nos têm enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente que não devem enviar dinheiro “vivo” em correspondência normal (é proibido por lei!). Na página anterior (no fundo à esquerda), vai a sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque, ou transferência para o NIB indicado!

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Page 4: A folha dos Valentes

VCláudia Pinto

04 – digo eu... da actualidade

A Igreja no mundo...Cartas, postais ou e-mails recebidos

CarnavalNa Rua do CarnavalHá muita alegria e bom pessoal...Acaba o desfile, Vão para o arraial.Brincam, saltam sempre sem parar…Papelinhos e serpentinas andam pelo ar.

Na Avenida da AlegriaTodos têm uma linda fantasia.Gente com cor e com imaginaçãoE uma bonita canção.

No Largo da Gargalhada Há muita asneirada, Mas com muitas piadas!E, como é Carnaval,Ninguém leva a mal!

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Page 5: A folha dos Valentes

recortes do mundo – 05 da actualidade

A Igreja no mundo...

VCarlos Oliveira

Teólogos católicos subscrevem petição pedindo reformasMais de 140 teólogos católicos de universidades alemãs, suíças e

austríacas subscreveram uma petição a pedir uma reforma de fundo da Igreja, abordando, entre outros, o fim do celibato obrigatório pa-ra os padres. A petição tem como título “Igreja 2011: uma renovação indispensável” e inclui ainda um apelo em favor da ordenação sacer-dotal de mulheres e da aceitação de uniões entre homossexuais.ce

libat

o

Católicos planeiam construção de hospital e universidadeUma diocese católica do Norte do Iraque está a planear a construção de uma universidade

e de um hospital, como “símbolos de esperança” num país dilacerado pela guerra. As estruturas estão previstas para Ankawa, um subúrbio da capital curda de Erbil, tendo o governo regional dado a garantia de cedência de duas parcelas de terreno para a construção.Ira

que

Feriados cristãos de volta à agenda escolar da Comissão EuropeiaA Comissão Europeia admitiu ter errado no caso da “Agenda Europa”, destinada às comuni-

dades escolares, ao omitir “comemorações e feriados religiosos que fazem parte do património europeu”. Em particular, a Comissão confirma a ausência de “uma referência explícita ao Natal e à sua importância na religião cristã” na publicação destinada ao actual ano lectivo. A Agenda Europa é uma ferramenta pedagógica concebida para os alunos do ensino secundário da União Europeia, distribuída gratuitamente em todos os Estados-Membros.Eu

ropa

Papa nomeia delegado sem funções diplomáticasBento XVI nomeou o novo núncio na Eslovénia, arcebispo Juliusz Janusz, como delegado

apostólico no Kosovo, uma missão que não implica o desempenho de funções oficiais diplomá-ticas. Em comunicado, a sala de imprensa da Santa Sé precisa que a nomeação de um delegado apostólico se insere nas “funções de organização da estrutura da Igreja Católica”, sendo distinta de “considerações relativas a situações jurídicas e territoriais”.Ko

sovo

Missionário salesiano assassinado por fundamentalistasO padre Marek Rybinski, missionário polaco de 33 anos, foi assassinado na Tunísia, no últi-

mo dia 18, revelou a agência de notícias dos salesianos, congregação religiosa a que pertencia. O sacerdote católico foi encontrado morto na escola salesiana de Manouba, num acto atribuído pelas autoridades locais a um “grupo de terroristas extremistas”. Lahham Marun Elias, bispo de Tunis, disse à Rádio Vaticano que os salesianos tinham recebido uma carta “assinada com uma suástica” que os considerava judeus e exigia dinheiro.Tu

nísi

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Ataque contra três igrejas cristãsUm grupo de muçulmanos incendiou duas igrejas e pilhou uma terceira, em confrontos com

a polícia, na Indonésia, tendo ainda danificado um orfanato e um centro sanitário. O grupo pro-testava contra a condenação a cinco anos de prisão de Antonius Richmond Bawengan, acusado de ter blasfemado contra o Islão. Os factos aconteceram em Java, principal ilha da Indonésia, onde se situa a capital do país, Jacarta, com os manifestantes a exigirem a pena de morte para o cristão. Bawengan tinha sido preso em Outubro de 2010, sob a acusação de ter distribuído material missionário ofensivo para os símbolos islâmicos.In

doné

sia

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Page 6: A folha dos Valentes

06– sal da terrada actualidade

Liberdade de ensino

VPaulo Rocha

Mais do que privado ou público, é fundamental optar por modelos de educação

Parece contradizer a democracia: não existe possibilidade de escolha na educação em

Portugal. O tema será complexo, são variadas as teorias que se conjugam sobre o problema e as variáveis apontadas nem sempre se revestem da clareza necessária em ordem a opiniões conclusivas. Sabe-se, no entanto, que a escolaridade mínima apenas é garantida, de forma grátis, pela proposta única do Estado. E só quando o Estado não conse-gue é que pede ajuda a algumas escolas privadas. Mas na vez do Estado.É aqui que surgem as escolas com contrato de associação: o Estado associa-as à rede pública nos locais onde não existe uma escola do Estado. E, co-mo garante o dinheiro necessário às “suas” escolas para abrirem portas e ensinarem os alunos que as frequentem, também o faz em relação às escolas privadas.A meio de um ano lectivo, alteram-se as regras do jogo e provoca-se um debate muito condicionado pela agitação pública que gera.

Porque a seriedade do problema é inegável, justifi-cam-se as tomadas de posição e compreendem-se as manifestações.A tentativa de resolver este problema não deverá, no entanto, impedir que se atenda ao essencial da questão: é necessário lutar pela liberdade na edu-cação em Portugal.No debate sobre este tema recordo sempre o pro-vérbio que diz: “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.Contrariando a sabedoria de gerações, em Portu-gal não apenas se rejeita o contributo de toda a “aldeia” na nobre tarefa de ensinar, como quer ser o Estado a educar todas as crianças. E não apenas garantindo escolas para transmitir os conheci-mentos de português, matemática, etc. É que pelas salas de aula passam também perspectivas para a vida pessoal, familiar e da sociedade (muito duvidáveis, quando não mesmo já “falidas” pelo historial dos últimos tempos).Mais do que escolher o ensino privado ou público é fundamental poder optar por modelos de educa-ção. Tem de ser possível eleger projectos pedagó-gicos, sobretudo quando são um claro contributo à descoberta vocacional desde tenras idades.Este debate nunca pode ser retirado de todas as agendas: a política, a educativa, a social. Sobretudo a familiar. Porque tem de ser possível que estes assuntos se venham a decidir no compromisso activo de cada família.

A meio de um ano lectivo,alteram-se as regras do jogoe provoca-se um debatemuito condicionadopela agitação pública que gera.

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Page 7: A folha dos Valentes

cantinho poético – 07 da actualidade

VMadalena Rubalinho

Ser feliz

Quando a felicidade nos bate à portaE gentilmente a abrimos,Uma frescura preenche cada canto do nosso ser,Inunda os lugares mais sombrios e húmidos,E uma brisa de bem-estar preenche o coração.

Quando a alegria nos surge por momentos,Como o raio de sol que desponta o dia,E a aceitamos com toda a disponibilidade,Somos acatados pela paz e tranquilidadeE tudo à nossa volta se transforma e transfigura.

Quando a vida surge de repenteE temos a coragem de a respeitar,Cada pedra é um tesouro,Cada chuvada uma rega refrescante,E cada dia uma surpresa agradável e prazenteira.

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Page 8: A folha dos Valentes

08 – recortes dehonianosda família dehoniana

VManuel Barbosa

Oração de Taizé no Seminário do Porto Trata-se de uma iniciativa mensal no Seminário Missionário

Padre Dehon, aberta a outras pessoas que queiram partici-par. Os seminaristas deram a ideia e envolveram-se na pre-paração da oração, dos espaços e do desenrolar da mesma. Alguém fazia eco deste momento, dizendo: “anda bem que vós organizais estas orações”. A primeira Oração de Taizé foi a 3 de Fevereiro, segue-se outra a 3 de Fevereiro.

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

Semana da Leitura no Colégio Infante Iniciativa do nosso Colégio Infante D. Henrique, no Funchal, promovida pelos professores da disci-

plina de Português, que contou com a presença do Secretário Regional de Educação. O interesse dos alunos manifestou-se, sobretudo, nas questões levantadas e nas respostas dadas, no agradável diálogo que o Secretário manteve com eles.

Novos membros para a comunidade de Alfragide A Comunidade de Alfragide acolheu três novos membros: dois confrades vindos dos Camarões, o

Daniel e o Mathias, e um vindo de Madagáscar, o Randriamandimby. Numa primeira fase, vão aprender português, para depois fazerem o curso de Teologia na Universidade Católica. A comunidade conta agora com 15 religiosos estudantes.

Dia do Consagrado em Coimbra Na diocese de Coimbra, a celebração da Semana do Consagrado foi especialmente assinalada nos

dias 5 e 6 de Fevereiro com a actividade “DIA COM...”, que consistia no acolhimento, durante um dia, de alguns jovens numa comunidade religiosa, para verem e experimentarem como vivem os consagrados. O “DIA COM...” começou sábado de manhã com várias actividades realizadas pela cidade, e em cuja organização esteve envolvido o Pe. Humberto e os seminaristas do Instituto Missionário.Os participantes nesta actividade iam, depois, almoçar numa das comunidades dos consagrados que aderiram à iniciativa. Cá no Instituto recebemos 2 jovens que passaram o fim-de-semana connosco.No sábado (dia 5), à noite, participámos na Vigília pelos Consagrados na Capela do Carmelo de Santa Teresa. A celebração foi presidida pelo Sr. Bispo da Diocese, D. Albino Cleto.No Domingo, depois do almoço, todos os jovens que aderiram à iniciativa convergiram para o Instituto Missionário, onde se fez a avaliação da actividade. Pelas 16h00 celebrámos a Missa pe-los consagrados, presidida por D. Albino Cleto. Seguiu-se um lanche partilhado que foi o corolá-rio das comemorações do Semana do Consagrado na diocese de Coimbra.

Depois de ter falado sobre a importância da lei-tura e de ter respondido às perguntas e “grandes” questões dos alunos, o Secretário visitou a Feira do Livro, o Cantinho dos Escritores Madeirenses e o Cantinho dos Leitores. Agradado com o que viu, prometeu enriquecer a biblioteca dos alunos do 2.º e 3.º Ciclos com algumas das suas obras lite-rárias..

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Page 9: A folha dos Valentes

missões dehonianas – 09 da família dehoniana

Angola: Casa Padre Dehon em festaSete novos seminaristas no arranque de um novo ano lectivo

VIgor Barbosa

No dia 30 de Janeiro, chegaram à Casa Padre Dehon, em Viana (Angola), os 7 novos

seminaristas que, após um caminho de discer-nimento vocacional, aceitaram o desafio de

deixar a sua casa e a sua família para fazerem uma experiência de seminário. Desta feita, este

ano os seminaristas serão 9. Uns que frequen-tarão o ensino médio (11.º e 12.º anos) e outros que frequentarão a Faculdade para o início dos

seus estudos filosófico-teológicos.A primeira semana foi marcada pela formação: humana, intelectual, religiosa, cívica, tendo em

conta as diferentes caminhadas pessoais de cada um dos seminaristas.

No decorrer desta mesma semana, a co-munidade religiosa comemorou o Dia do

Consagrado, a 2 de Fevereiro, com os restantes religiosos da Diocese de Viana. Este evento

aconteceu aqui na Paróquia de Nossa Senhora do Rosário, a nós confiada. Houve uma refle-

xão preparada e apresentada por um sacerdo-te da Ordem dos Pregadores (OP), seguida de

missa, presidida pelo Sr. D. Joaquim Ferreira, Bispo de Viana. O almoço foi partilhado nas

instalações das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Para ajudar à digestão, reali-zámos alguns jogos e partilhámos momentos lúdicos. Este dia fica marcado pela boa dispo-sição e entusiasmo de todos os consagrados

que participaram neste encontro.Mas porque a vida não é só trabalho, no dia 4 de Fevereiro, a comunidade da Casa Padre

Dehon realizou o seu primeiro passeio comu-nitário à praia de Sangano, lugar calmo e com vistas maravilhosas. Alegria, partilha, convívio,

espírito de grupo, foram o“motor” deste passeio.

Foi deste modo que demos início a um novo ano lectivo onde se dará primazia ao caminhar em comunidade partindo dos valores por nós

herdados do Fundador.

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Page 10: A folha dos Valentes

10 – entre nósda família dehoniana

O Padre Dehon e a famíliaA família contava muito para o Padre Dehon

A FAMÍLIA DEHONA família contava muito para o Padre Dehon. Escreveu muitas cartas e de uma forma afectuosa à sua família. Tinha uma relação muito próxima com o seu irmão Henrique a quem designava de Mentor ou Rafael.A família Dehon era uma família típica do seu tempo e da sua classe social. Vivia basicamente os valores cristãos.É um tempo em que as mulheres e as crianças é que tinham prática religiosa. Nesse sentido, o Padre Dehon fez um grande esforço para trazer à prática da missa dominical o irmão Henrique e o seu pai.A educação religiosa estava reservada à mãe, Estefânia Vandelet, que lhe transmitiu a espiritualidade do Coração de Jesus. Já o seu pai tinha grandes projectos para ele. Por isso, nunca compreendeu a sua vocação ao sacerdócio.

VAdérito Barbosa

No segundo Encontro Nacional da Família Dehoniana, realizado em Alfragide, Janeiro de 2011, o Conselheiro Geral SCJ para a Família Dehoniana, P.e Cláudio Weber, proferiu uma conferência sobre o Padre Dehon e a Família Dehoniana cujos traços gerais passamos a apontar.

FAMÍLIA E SOCIEDADEO Padre Dehon sempre insistiu na defesa da fa-mília, nos seus direitos e na promoção dos seus valores na sociedade.Nesta altura, em 1880, o papa Leão XIII vai publicar a primeira encíclica da Igreja dedicada à família: Arcanum Divina Sapientiae.Segundo o P.e Cláudio Weber, o Padre Dehon tem textos muito interessantes sobre a família. Refere o Padre Dehon que o filho pertence à família e tem necessidade do seu pai e da sua mãe durante toda a sua formação. O pai tem o sagrado dever de escolher os educadores para os seus filhos.

FAMÍLIA E ESPIRITUALIDADEO P.e Cláudio Weber sublinha dois pontos aponta-dos no Padre Dehon sobre a família: a família de Nazaré e a Trindade.A Família de NazaréO Padre Dehon acentua o papel de Maria e de José na educação do Menino. A relação entre S. José, Maria e o menino é uma relação de comunhão fra-terna, de oração e de contemplação dos mistérios do amor de Deus e de abertura à vontade Deus no dia-a-dia.Família e TrindadeDeus não está longe. Está em nós e vive em nós como Pai, Filho e Espírito Santo. É um círculo de amor.

O PADRE DEHON HOJEO Padre Dehon diria hoje às famílias o que João Paulo II proclamou: “família torna-te aquilo que és”. Bento XVI referiu sobre a família: “família torna-te comunhão de pessoas, entra na comunhão em Deus, ajuda a construir comunhão”.Para a Família Dehoniana, o fundamento é o Coração de Cristo, um coração em comunhão de amor com o Pai e com o Espírito. A Família Dehoniana é marcada por um carácter oblativo e missionário. É a dinâmica do dom. É o “pirilampo” da espiritualidade do Coração de Jesus.

O P.e Cláudio Weber

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Page 11: A folha dos Valentes

CRONOLOGIADEHONIANA

história dacongregação

2001 11|Março

Primeira beatificação dum membro da congregação: Beato Juan María de La Cruz Garcia Méndez.

Sentimento quaresmal

2001 24|Abril

O P.e Gaetano Di Pierro é eleito Bispo de Ambatondrazakaem Madagáscar. É consagrado a 05-08-2001.

2001 27|Dezembro

O Superior Geral convoca o XXI Capítulo Geral para os meses de Maio e Junho de 2003.

2002 14|Fevereiro

O Superior Geral, P.e Virginio Bressanelli, procede à abertura do Ano Dehoniano – de 14-02-2002 a 28-06-2003.

2002 07|Junho

Erecção da Região Canadiana, por abolição da Canadiana Francesa e da Província Canadiana Inglesa.

2002 07|Junho

Erecção canónica do Distrito da Bielorrússia dependente da Província Polaca.

Urge preparar o coração

com dehon – 11 da família dehoniana

VRui Moreira

Eis-nos chegados a Março, mês no qual daremos início a mais uma caminhada quaresmal.

Qual o significado, para Dehon, deste período de quarenta dias que nos leva até à grande festa da ressurreição? Como vivia o Fundador estes dias de preparação?A Páscoa é, sob o prisma do Cristianismo, a vitória da luz sobre as trevas e a força da vida sobre a morte. Para vivenciar tal realidade, em toda a sua dimensão, urge, acima de tudo, preparar o coração.O “très bon père” sabia melhor do que ninguém a importância do tempo quaresmal para se perceber e sentir o milagre pascal em todo o seu esplendor. Desta sorte, sempre se preocupou em ensinar aos seus discípulos, e contemporâneos, o seu verdadeiro significado. A actualidade dos pensamentos de Dehon é, sem sombra de dúvida, razão inapelável de reflexão.O Fundador falava da Quaresma como um tempo de graças. Usando, com mestria, a metáfora, Dehon invocava a preocupação de um marinheiro, em vésperas de uma longa viagem, para ilustrar a caminhada quaresmal, sendo esse sentimento similar ao que deve ter um cristão em momento pregresso ao grande dia. Em que actos se poderá traduzir essa preocupa-ção? Para o Fundador, mais do que a austeridade com o corpo, o importante é aquilo a que chama de mortificação interior, ou seja a purificação do espírito e do coração.Na verdade, como poderemos entender tão grandioso acontecimento se o nosso coração continuar a pulsar ao mesmo ritmo, sentindo os infindáveis apelos do mundo?A Quaresma é um tempo para respirar, reflectir, expurgar, construir e preparar… É tempo de atentar naquilo que nunca vemos, de sentir o que sempre nos passou despercebido, de ajudar aqueles para quem nunca olhamos, de encontrar em nós próprios o que está escondido e de abrir o coração… para podermos receber Jesus Ressuscitado.À semelhança de Dehon, procuremos a perfeição e construamos o nosso caminho rumo à magna cerimónia cristã, a fim de estarmos unidos, como um só povo, e recebermos a maior dádiva de Deus: a vida.

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Page 12: A folha dos Valentes

12 – memóriasda família dehoniana

A sua mais-valia era a capacidade de relação: o “coeur”

Depois dos Padres Ângelo Colombo e Gastão Canova, é a vez de evocar um outro pioneiro da presença dehoniana em

Portugal: o Padre João Baptista Carrara. A sequência não é só de protagonismo, mas é também cronológica, pois, com os Padres Lino Franchini e Luís Gasperetti, fez parte do segundo grupo en-viado para reforçar a Obra nascente em Portugal: ele e o Padre Frranchini iriam para o Colégio Missionário, na Madeira; o Padre Gasperetti ficaria em Lisboa a servir de apoio estável aos missioná-rios de passagem para a Missão da Zambézia, em Moçambique.Tinha o Padre Carrara 25 anos de idade e 4 meses de sacerdócio, quando, a 10 de Novembro de 1947 – um mês depois da aber-tura oficial do Colégio Missionário – chegou à Madeira. Mesmo desconhecendo a língua, ao bom estilo da fé e obediência do Padre Colombo, começou por dedicar-se à tarefa do ensino e da formação, para depois se entregar ao que lhe era mais congenial: a animação dos grupos missionários criados na ilha para apoiar, também economicamente, o seminário que crescia em alunos e estruturas e as Missões.A mais-valia do Padre Baptista Carrara era, precisamente, a sua capacidade de relação, o seu entusiasmo e a típica bonomia ber-gamasca, que o Papa João XXIII viria revelar. O Padre Júlio Gritti, ao referir-se nas suas Memórias, a este seu confrade, recorda o seu gosto de repetir frequentemente a palavra “coeur” – termo francês e bergamasco – com que sublinhava a importância do coração, dentro e fora da comunidade. Se o Padre Canova brilhou pela ra-zão e o Padre Colombo pela vontade, o Padre Carrara brilhou pelo coração. Foi o homem enviado pela Providência para angariar os apoios – amigos e benfeitores – necessários para a realização dos grandes projectos que se ideavam.

Poupado à frequente mudança de comunidade, praticamente só esteve em duas: Colégio Missionário, na Madeira, e Igreja do Loreto, em Lisboa. Mas, nessa aparente imobilidade, quanta actividade e dinamismo revelou e quanta importância teve no pujante crescimento da Obra dehoniana em Portugal, a ponto de justamente ser consi-derado um dos seus pilares. Foi Superior do Colégio Missionário de 1951 a 1958, passando de-pois a Superior Regional, cargo que exerceu até Julho de 1964. Passaria os últimos 15 anos da sua estadia em Portugal (1958-1973) em Lisboa, na igreja do Loreto, de que também foi di-nâmico Reitor.

P.e João Baptista Carrara1922 - 2001

Recordando o Padre João Baptista Carrara

O P.e João Baptista Carrara (à esquerda),com o P.e Ângelo Camninati, no pórtico do Colégio Missionário, em Outubro de 1957.

Muito se deve ao Padre Baptista Carrara na organização e dinami-zação dos referidos grupos mis-sionários da Madeira, com as suas periódicas “romagens” ao Colégio Missionário. Foram como que o embrião das actuais peregrinação e família dehonianas. E, depois, as famosas “Festas da Boa-Vontade”, que ele organizou, sempre na Madeira, para angariar fundos com que levar por diante a cons-trução da que é considerada a casa-mãe da Província Portuguesa dos Dehonianos: o Colégio Missionário. Nessas Festas, reali-zadas na Quinta Vigia, chegaram a actuar o célebre Max e a diva do fa-do, Amália Rodrigues, convidados por ele, com a bênção do Bispo da Diocese, outro grande amigo da Obra: “mais de dez mil pessoas – Lê-se nas Memórias do próprio – entraram nos jardins da Quinta Vigia, em cada uma das três noi-tes, para ouvir a Amália cantar”. Era o canto que se ouvia, os proventos que se recolhiam e também o nome do Colégio Missionário e da Congregação que se publicitava!

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memórias – 13 da família dehoniana

VJoão Chaves

Mas não eram só iniciativas de mas-sa, que o Padre Carrara conseguia promover. Tinha ele também o dom de criar e manter amizades com per-sonalidades, que muito contribui-riam para o financiamento da obra. Esse seu modo de cativar ajudou-o a obter comparticipações do Governo, conseguindo trazer o então Ministro das Obras Públicas, Eng. Arantes de Oliveiras, à inauguração do Colégio Missionário, a 20 de Fevereiro de 1958. Uma insigne benfeitora que, graças sobretudo a ele, se ligaria pro-fundamente ao Colégio Missionário, foi a D. Amélia Zino, que ele tratava familiarmente por “Mãe Milly”, alu-dindo aos milhares com que ela, no mais rigoroso anonimato, financiava em grande parte a sua construção. Um outro insigne benfeitor, amigo do Padre Baptista Carrara, e que, precisamente por esse jeito de o “convencer” a ajudar, o apelidaria de “Bandido de Deus”, foi o industrial inglês Julien Leacok, que, descendo, uma tarde, o Caminho do Monte, entrou fortuitamente na capela do Colégio Missionário, atrás da salmo-dia de Vésperas que os seminaristas cantavam; quis visitar a obra e fez questão de pagar a construção do refeitório em memória de um filho aviador que “os italianos – o seminá-rio era obra de Padres italianos – ti-nham matado na guerra em África”! E esse Leacok passaria a ser grande amigo do Padre Carrara: de protes-tante passaria a agnóstico e de ag-nóstico a fervoroso católico. Seria ele a oferecer à Congregação a creche de uma fábrica de têxteis que tinha no Porto, na Rua Azevedo Coutinho à Boavista, onde se abriria o Seminário Missionário Padre Dehon e hoje tem sede a paróquia da Boavista. E seria ainda esse simpatizante da nossa Obra a pôr-nos à disposição a Quinta da Abelheira, nos arredores de Loures, para aí se abrir um novo Seminário Menor, que não teve con-tinuidade. A Quinta não nos foi doa-da por o Senhor Leacok não ser seu único proprietário.

Não era só porém o granjear benfeitores que caracterizava a acção do Padre Baptista Carrara. O dinamismo revelado na já referida animação dos grupos missionários e Festas da Boa-Vontade, teria outras aplicações, sobretudo nos anos que foi Reitor da Igreja do Loreto. Foi um grande impulsionador da pastoral entre os italianos residentes em Lisboa e arredores, promovendo a catequese e a preparação e celebração dos sacramentos nomeadamente o Crisma, pregações quaresmais, peregrinações a Fátima, sendo assim um grande dinamizador e elemento congregante da comunidade. Como capelão da Fiat portuguesa, também aí se empenhou, ficando célebres as anu-ais peregrinações de operários a Fátima e a Lurdes, de camio-neta, comboio e mesmo de avião. Chegava a levar a Fátima, de uma vez, de 15 a 16 autocarros. Dedicou-se de alma e coração a outros campos de apostolado, como as Equipas de Casais e apoiou os Focolarinos, estabelecendo também aí conhecimen-tos e amizades que se revelariam úteis para o desenvolvimento da Obra. Um outro seu favorito campo de apostolado seriam os Cursilhos de Cristandade, de que se tornou um dos sacerdotes impulsionadores no Patriarcado, alargando-os depois à Itália, com o então Pe. Francisco Santana, depois Bispo do Funchal. Quem na segunda parte dos anos 60 e inícios da década de 70 não conhecia, no Patriarcado e mais longe, o Padre Battista Carrara!?Adoentado – quantas vezes se vira obrigado a parar, a subme-ter-se a internamentos hospitalares e a delicadas intervenções cirúrgicas, chegando a receber duas vezes a Santa Unção, em 1949 e em 1955 – regressou à Itália no fim de 1973. Ia para re-cuperar forças, e por lá ficou, sempre saudoso de Portugal, que fora a sua segunda pátria. Faleceu a 18 de Setembro de 2001. O seu coração físico cedia, mas a lembrança do seu grande “coeur” continuou e continuará viva entre nós.

O P.e João Baptista Carrara com o Max, quando este partia para Lisboa, depois de ter participado nas “Festas da Boa-Vontade, em Novembro de 1957.

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14 – comunidadesda família dehoniana

Igreja de N.ª Sr.ª do Loreto - comunidade dehoniana no coração de Lisboa

VIsildo Silva

LocalizaçãoCentrada no coração de Lisboa, precisamente junto ao Chiado, encontra-se a Igreja de Nossa Senhora do Loreto. Está encaixada num ângulo, quando se encontram a R. da Misericórdia e o Lg. do Chiado, mesmo em frente à Praça Camões; no outro la-do do largo, encontra-se a Igreja da Encarnação, pertencente à paróquia do mesmo nome. Muito perto, temos outras três igrejas: Igreja de S. Roque, pertencente à Misericórdia; Igreja dos Mártires, pertencente à paróquia do mesmo nome; Igreja do Santíssimo Sacramento, pertença da paróquia com o mesmo nome. A igreja do Loreto encon-tra-se integrada no espaço territorial desta última.

Breve HistóriaA actual igreja do Loreto, ou também conhecida por igreja dos italianos, em Lisboa, vai buscar as suas origens aos princípios do século XVI.Pretendia a colónia de italianos a residir em Lisboa possuir um espaço próprio para as celebrações litúrgicas na sua língua materna. O pedido foi solicitado ao Governo Português e foi-lhe conce-dido mas com a exigência de que a mesma fosse edificada fora das muralhas da cidade. Assim sendo, ela foi construída mesmo junto à muralha afonsina, no local onde havia um nicho dedicado a St.º António. O decreto de erecção como paróquia destinada a dar apoio à comunidade italiana tem a data de 1518. Em 1551, passou a ser mesmo pa-róquia territorial.Em 1651, a igreja é destruída por um incêndio. A sua restauração prolonga-se por um prazo de mais de vinte anos; na realidade, a inauguração da reconstrução dá-se em 1676.Em 1755 dá-se o grande terramoto que abalou Lisboa. No entanto, o que provocou estragos de vulto na igreja do Loreto não foi propriamente o terramoto mas o incêndio que se lhe seguiu; esse, sim, provocou a destruição da igreja.Foi, uma vez mais, a colónia de italianos residente em Lisboa que, a expensas próprias, procedeu à restauração do referido edifício, que se prolongou até 1785, data da sua inauguração.

A Presença dos DehonianosA igreja do Loreto foi confiada à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus a 1 de Dezembro de 1951 mas a sua actividade só se iniciou, na rea-lidade, a 19 de Agosto de 1953.Os primeiros dehonianos que iniciaram a acti-vidade na referida igreja foram os padres Luís Gasperetti e Ângelo Fávero. O primeiro foi nome-ado reitor. O segundo, passados estes anos todos, apesar dos seus 95 anos de idade, continua ainda a prestar serviço nesta mesma comunidade.Durante alguns anos, esta comunidade deu um apoio muito precioso aos missionários italianos que vinham aprender português para, logo de seguida, seguirem para Moçambique; esta mesma casa, durante vários anos, foi, igualmente, residên-cia oficial do superior regional e, mais tarde, do superior provincial.A missão da comunidade, além da razão de ser da sua existência, que consiste em dar apoio aos emigrantes italianos, tem como actividade mais importante o ministério da reconciliação.

Comunidade do LoretoA comunidade dehoniana da Igreja de Nossa Senhora do Loreto, na Rua da Misericórdia, ao Chiado, é composta pelos padres Francesco Temporin, Angelo Favero, Isildo Gomes da Silva e Paolo Riolfo.

Sacristia da igreja do Loreto

Igreja do Loreto

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VFátima Pires

onde moras – 15dos conteúdos

Fazer crescer a sementeO crescimento do Reino depende do acolhimento que lhe damos

Aproxima-se a Primavera. É uma estação do ano em que a natureza floresce. Não sei se já fizeste a experiência de lançar

sementes à terra. Quando isso acontece, passado algum tempo essa pequena semente dá origem a uma nova vida, que necessita de cuidados. Se tratares da planta e lhe deitares fortificante, em qualidade e quantidade suficientes ela irá crescer e florescer. Ao chegar a primavera podes deliciar-te a olhar para ela e dar graças a Deus pelas maravilhas da criação. Assim acontece com a vocação cristã e também com a vocação à vida sacerdotal e consagrada. É bonito olhar a Igreja e ver tantas vocações diferentes, ver tanta gente que se sente feliz em ajudar os outros. Esta Igreja necessita muito de jovens generosos que possam continuar a trabalhar pelo Reino de Deus. Queres ser um deles? Há em cada um de nós uma semente vocacional. Que fazes para que cresça essa semente que Deus lança no teu coração? Acontece como com a parábola da semente. O crescimento do Reino depende do acolhimento que lhe damos, assim como do tipo de terra que temos, neste caso a terra é todo o teu ser. A semente vocacional para crescer e desabrochar necessita de um coração livre e disponível, idêntico ao de Maria que prontamente aceitou ser a mãe de Jesus, com todas as consequências que daí resultaram. Esta terra pode ser vista do ponto de vista dos valores, tanto naturais como cristãos. Podemos perguntar-nos; quem é Deus para mim? Vale a pena escutar a sua voz? Sinto-me motivado a aprofundar a minha fé? Que imagem transmito de Jesus Cristo? Vale a pena segui-Lo? Que lugar tem a oração na minha vida? A vida espiritual é o meio mais eficaz para discernirmos e nos fazer perceber por onde Deus nos quer levar. Tu que és jovem, cuida do jardim por excelência que é o teu coração, aí mora o Mestre. Dá a prioridade na tua vida aos valores cristãos, aqueles que te conduzem ao fim para o qual foste criado. Deus tem para ti um lugar especial no mundo, onde poderás ser feliz e ao mesmo tempo contribuir para a felicidade dos outros. Pais ajudai os vossos filhos e filhas a interiorizar os verdadeiros valores, aqueles pelos quais vale a pena lutar. Sois os principais colaboradores de Deus no seu desenvolvimento vocacional. Educadores, catequistas, orientadores de grupos de jovens, ajudai as crianças e jovens que vos estão confiadas a ser o que Deus espera de cada uma.

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16 – vinde e vereisdos conteúdos

VFernando Ribeiro

“Vem e vê”O convite será só “para os outros”? E tu? E eu?

Eram dois os que O interpelavam. “Vinde”, foi a resposta. Mas tu és tu. És um só. Então, em vez

de “Vinde”, “Vem!” Ninguém está excluído deste convite. Porque Aquele que o faz veio para todos. Para todos e para cada um. Então, por que não vais? Não te apercebes do convite, de tão discreto e subtil que ele é? Ou pensas que ele é para os outros? Ou só para alguns? Porventura para os “bonzinhos”, para os que nunca pecaram? Para os que se presume que já nasceram talhados para “ir”. Para os que não têm defeitos e possuem caracte-rísticas que não reconheces em ti?Afinal, por que não vais? É óbvio que para ir pre-cisas de sair de onde estás. Deves deixar, cortar amarras, fazer rupturas, renunciar; deixar o certo pelo incerto. Se não queres perder uma segurança quiçá mais ilusória do que real, onde está o teu es-pírito de aventura? Se estás apegado seja ao que for (aos teus bens, às tuas qualidades, aos teus projectos, às tuas certezas, ao teu comodismo…), onde está a tua liberdade?Ou temes o risco? Entretanto, és capaz de dizer que “quem não arrisca não petisca”. Temes o des-conhecido? Tens medo do escuro, como criança insegura que vê fantasmas por todo o lado? Tens medo de ti? Ou d’Aquele que te convida ou receias que o faça? De quê, afinal?Naturalmente que seria desejável encontrar res-postas para todas estas perguntas. Respostas ver-dadeiras, honestas, inteligentes. Achas que não és capaz? Ora, experimenta. Ou pensas que não vale a pena? Mas não vale a pena porquê? Porque não te apetece? Porque não queres mesmo? Então, se não queres, que espécie de jovem és tu? Que cristão?Mas, se és cristão e sabes o que isso significa, por Aquele que te convida, pelo amor que Lhe tens, pelo amor que Ele te tem, aceita o convite e vai. Vai ter com Ele na escuta da Sua Palavra, no diá-logo íntimo e confiante que se chama oração, no encontro com o sacramento da Sua presença real (sacramento celebrado, recebido, adorado). Vai como amigo que confia e não ficarás desiludido. Porque Ele é Deus, um Deus fiel que não esquece as Suas promessas. E uma delas sabes bem qual é: “Verás!”.E bem preciso é que vejas, para que a tua vida te-nha sentido e valha a pena. Para que sejas feliz de verdade. Ele quer. E tu também.

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palavra de vida – 17 dos conteúdos

VJosé Agostinho Sousa

Encontros de Vida NovaQuaresma, tempo de caminho e de encontro

O anúncio da Boa Nova do Reino é fei-to de encontros, umas vezes com as

multidões, outras com o grupo restrito dos discípulos e apóstolos, outras vezes de encontros pessoais. A passagem de Jesus não deixa ninguém indiferente e Jesus também não passa indiferente na vida das pessoas. Jesus não segue tranquilamente o seu caminho, não passa adiante, não vira as costas, não faz de conta que não é nada com Ele. Pelo contrário, pára, interpela, escuta, deixa palavras de esperança, tem gestos de cura e de acolhimento.A Quaresma é um tempo de caminho e de encontro. Jesus faz questão de fazer caminho connosco, de ser companheiro próximo e atento, partilhando connosco a sua Palavra de Vida e o seu projecto de amor e de salvação. Por isso, os textos do Evangelho deste tempo da Quaresma propõem-nos a vivência deste encon-tro com Jesus; um encontro que muda, transforma, converte, dá vida. O Evan-gelho do 3.º Domingo (Jo 4, 5-42) é disso exemplo, apresentando-nos o extraordi-nário encontro e diálogo que Jesus tem com a mulher samaritana.Dá-me de beber!A mulher cumpria o ritual quotidiano de sobrevivência: buscar a água impres-cindível para continuar a viver. Era uma tarefa de todos os dias, a que poucos ou ninguém daria especial importân-cia. Mas Jesus repara naquela mulher, vai ao seu encontro, interpela-a, “perde tempo” com ela. A mulher começa por não entender os gestos e as palavras de Jesus… Mas, a pouco e pouco, a mulher descobre em Jesus uma fonte inesgo-tável, uma água completamente nova, uma água capaz de saciar plenamente a sede de viver e de encher de sentido a caminhada de vida.As palavras de Jesus levam a mulher mais longe, àquilo que realmente interessa, que é o sentido mais profundo para a vida e o caminho que leva a uma relação íntima e filial com Deus.

A água vivaA mulher samaritana descobre quem é Jesus, compreende que Ele é o Messias enviado e que só n’Ele pode encontrar vida abundante, fonte de água viva a jorrar para sempre. Ao deixar-se guiar por Jesus e ao acolher as suas palavras de vida, de salvação e de libertação, a mulher encontra essa água viva, a única capaz de saciar a sua ânsia de vida e de plenitude. Jesus continua a parar junto dos nossos poços, está atento às nossas sedes e aos nossos anseios, quer “perder tempo” connosco. Deixemos que Ele pare ao nosso lado e que encha com a água abun-dante da sua Palavra os nossos corações sedentos de plenitude e de sentido de vida.Santa Quaresma a todos!

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18 – pedras vivasdos conteúdos

Maria da Graça, Gracinha!Está sempre por trás de tudo, faz aparecer os outros

Omês de Março marca o fim do Inverno e o início do Primavera. É nele que se celebra o

Dia Mundial da Mulher, a 8, como sabem todos os meus estimados leitores. Também é o princípio da Quaresma… A Pedra Viva deste mês tem mesmo que ser MULHER. Já aqui a referi, mas não para falar dela directa-mente. Desta vez é que é ela a Pedra Viva, saben-do embora que corro o risco de quase a ofender, porque não me parece que goste de se ver metida “nestas andanças”. Mas não será pelo facto de não gostar, que ela deixa de ser uma grande Pedra Viva e, por isso, quanto menos alguém goste de assim ser visto, como será o caso desta circunstância, mais merece que se lhe dedique este espaço. Estou há perto de 3 meses a dar apoio pastoral à paróquia de Maureles, porque o pároco foi atrope-lado e não tem podido fazer todo o serviço. Maureles é uma paróquia pequenina do Marco de Canaveses, de gente boa, que se habituou a ser dinâmica, para que, em sintonia perfeita com o pároco, sempre que é possível ele estar presente, ou sem ele, mas em perfeita comunhão com ele, quando não é possível a sua presença.

Quando o pároco não está ou não pode, por do-ença, ou, como agora, há gente que se chega à frente, e “toca a andar”, que a Igreja é Povo de Deus em marcha. Entre essas pessoas há por lá uma boa meia dúzia de Homens e de Mulheres que vêem o que há a fazer e logo deitam mãos ao arado… Foi assim com as obras da residência paroquial, adaptada para ser usada para a catequese, e ou-tras actividades, e a seguir com as obras da igreja, que ficou um brinquinho… Foi assim que, mal se soube que o pároco, que todos estimam e respeitam, tinha sido atropelado, se organizaram, para que tudo continuasse a fun-cionar dentro da normalidade. Foi Advento, e a seguir Natal. Dois homens fizeram o presépio, mais lindo que sempre, e fotografou-se para que o Pároco, que não podia deslocar-se à igreja, também o pudesse ver... Foi a Festa da Palavra, a primeira das festas da ca-tequese, e houve uma boa preparação, a igreja foi enfeitada a rigor. Também houve confissões… E a Festa da Palavra foi um encanto, com as crianças todas a participarem, de acordo com as aptidões de cada uma, para que ficasse memorável, só por boas razões. Houve marcação atempada e houve baptizados… E também houve funerais. Tudo se fez com sereni-dade e elevação espiritual. E quem é que esteve sempre presente? Quem é que procurou documentação e preparou as pes-soas? Quem é que se preocupou para que tudo estivesse sempre bem? Quem marcou as missas e os baptizados? Quem pensou na Festa da Palavra? Quem preparou as coisas para os funerais? Quem foi buscar os avisos paroquiais, as hóstias, as Bíblias? Se estivesse a fazer estas perguntas em Maureles, não duvido que já teria ouvido a resposta em coro, em alto e bom som: – A Graciiiiiiinha! Pois foi. Foi a Maria da Graça (lá é Gracinha, com todo o carinho), que também é da fabriqueira e Ministra Extraordinária da Comunhão e Catequista e Zeladora do altar dos Sagrados Corações de Jesus e de Maria e “secretária” paroquial e tantas, tantas outras coisas, como dar as injecções à vizinhança que delas precise, que os centros de saúde e as

Igreja de Santa Maria de Maureles – Marcode Canaveses

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pedras vivas – 19dos conteúdos

VAntónio Augusto

pen

sar A Maria da Graça tem pouca saúde,

pouco dinheiro, poucas forças… Mas dá-se, empenha-se e faz. Mais uma vez se confirma que nin-guém é tão pobre que não tenha nada para dar.

farmácias são longe… E sendo soltei-ra, e vivendo sozinha, também tem de pensar na sua casa, quintal e jardim. E ainda faz uns bordados porque tam-bém tem de ganhar o seu pão de cada dia. E, porque é bastante doente, tem de perder tempo em médicos e dinheiro em fármacos… Toda esta valentia numa mulher frágil, já acima da chamada meia-idade, que tem que lutar diariamente pela sua sobrevivên-cia, mas que tem vontade de servir e de fazer bem a todos. Ela está sempre por trás de tudo, por-que faz aparecer outros, mas todos por lá sabem que é ela que está “à frente” de tudo. Até eu o sei, porque a conheço há mais de 25 anos, quando lhe confiei a presidência do Grupo Missionário, que o ano passado cele-brou as suas Bodas Prata e que tem e sempre teve mais animadoras/es, mas quando ela falha, as coisas emperram. Claro que há lá muitas mais pessoas a trabalhar, a dar o corpo ao manifesto, a darem-se à comunidade. Mas ela é diferente. Todos o dizem. E a brin-car a brincar, ainda num dos últimos Domingos ouvi consolado esta afir-mação: – Nós quase não tivemos falta de pa-dre, porque além do Sr. Padre cá vir, a Gracinha, fez que tudo andasse… Ela tem sido a “pároca” substituta! O pároco deposita nela (e bem o po-de!) a maior confiança. Ela é colabora-dora, fiel e sempre disponível, não é concorrente. Mas se houvesse “páro-cas”, ela bem o poderia ter sido neste interregno.

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20 – meias-doses de saberdos conteúdos

A França com a sua grande cultura tem sido um dos países mais influentes da chamada civili-

zação ocidental. Por isso, tornou-se para muitos o país-referência em muitos planos. Sobre a França muito se tem escrito. Raro é o homem de cultura ou de espiritualidade que não se tenha referido de algum modo a este país riquíssimo de arte, de pensamento, de criação de beleza. Detentor de um território situado no coração da Europa Ocidental em forma quase hexagonal, a França é um país rico em agricultura e com uma paisagem favorecida pelos belos conjuntos de flo-ra que lhe dão graça e uma diversidade equilibrada pela boa organização humanizante do território. A história da presença humana naquele país re-monta à Pré-História com vagas de povos que ali encontraram solo fecundo para fundar povoações desde o tempo do paleolítico. Depois os Galos e os Francos do tempo da História Antiga pré-romana e romana deram-lhe a primeira identidade com raízes reconhecidas ainda hoje. A romanização modelou o primeiro berço coerente de uma co-munidade que iria adquirir um sentido para além da lógica circular tribal. O Cristianismo anunciado através da rede do Império Romano deixou cedo raízes entre as elites urbanas, permitindo criar aquela que é considerada uma das primeiras na-ções cristãs da Europa. Realmente hoje a França é conhecida como o país laico e secularizado por excelência em virtude da deriva de autonomização crescente do temporal em relação ao poder espiritual, a partir da céle-bre Revolução Francesa ocorrida no século das Luzes (1789), e da proclamação dos três valores-pilares que fundaram a utopia de uma sociedade nova, a sociedade liberal: Igualdade, Liberdade e Fraternidade.

A França, com as invasões napoleónicas, cujos duzentos anos se comemoraram nos últimos três anos, espalhou por toda a Europa, que, por sua vez, semeou pelo mundo os ideais de uma revolu-ção francesa que abalou os fundamentos do cha-mado Antigo Regime, o regime assente no poder absoluto do Rei, e lançou as bases das sociedades democráticas contemporâneas. De facto, a França é um país-berço de ideias novas que revolucionaram aquela nação que se tornou modelo de transformação sociopolítica para mui-tas outras nações. Muitos dos acontecimentos que historicamente se têm passado na França acaba-ram por influenciar o resto do mundo. Lembre-se, apenas, a proclamação dos Direitos do Homem e do Cidadão, a criação do regime republicano, o Maio de 68… Por isso, a França tem sido um país--fonte, um país-inspirador e um país-motor. A sua capital, apelidada de Cidade das Luzes, aludindo à importância da afirmação da razão e da ciência pelos pensadores que ali forjaram ideias novas, ainda hoje se nos apresenta como um espécie de museu vivo, o testemunho de um passado glorio-so que ainda nos esmaga de espanto. França foi o país dos grandes projectos e também das grandes tragédias. Tudo na França parece ter sido concebido em grande. Basta calcorrear Paris e contemplar os seus monumentos, os seus edifí-cios públicos para se concluir que muita razão há naquele adágio que se usa recorrentemente para caracterizar grandes empreendimentos: “À grande

A França influenciou e influencia o Mundo

França, país de extremos

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meias-doses de saber – 21dos conteúdos

VEduardo Franco

e à francesa…” O Museu do Louvre, a Torre Eiffel, o Arco do Triunfo, os Campos Elísios…Acima de tudo, vejo a França como um país de extremos, pois a sua histórica permite-nos carac-terizar esta nação como nação-paradoxo. De facto, se a França se considerou durante muitos séculos a si própria como um reino cristianíssimo, o mais cristão e mais católico do mundo, também hoje se considera o país do laicismo por excelência, o país mais laico do mundo. E ainda hoje se pode observar em Paris esse convívio entre dois ideários antagonizados: a prática fervorosa do Catolicismo e o Laicismo extremo.De facto, França tanto foi o país promotor das Cruzadas, o palco da Guerra dos Cem Anos como foi o proclamador dos Direitos do Homem e do Cidadão.

Foi tanto sede de massacres e de regimes de poder absolutíssimo, como o de Luís XIV e de Robespierre, com uso indiscriminado da punição capital pela guilhotina, como foi o berço da ideia de liberdade e da autonomia do homem frente a todas as escravidões. A França é um país de extremos também na re-lação com o transcendente. Se hoje a França é mais conhecida culturalmente por ser uma nação laica, onde se afirmaram os mais activos filósofos e cientistas ateus, materialistas e antireligiosos, não há dúvida que a França foi um grande país de fé militante. À Igreja a França deu grandes santos e teólogos. Desde Santo Irineu, a Santo Hilário de Poitiers (cognominado o Atanásio do Ocidente), passando por Bernardo de Claraval até aos mais diversos santos e santas fundadores de ordens religiosas. França é de facto um dos países onde mais ordens e congregações religiosas se funda-ram ou tiveram ali terreno fecundo de expansão. Basta lembrar a importância da rede de mosteiros com berço em Cluny, ou o magnífico esplendor da reforma beneditina chamada cisterciense, pois partiu de Cister e do impulso decisivo de São Bernardo. A ideia avançada de universidade teve, por impulso da Igreja, na França uma das suas fun-dações mais influentes com a criação da célebre Sorbonne, alforge de grandes teólogos, professo-res, filósofos, juristas e cientistas.Poderíamos passar pela Modernidade e lembrar que os Jesuítas foram fundados por Inácio de Loiola em Paris, ou que os Vicentinos, os Espiritanos, os Maristas, os Lassalistas, e tantas congregações mais contemporâneas tiveram o seu berço neste país de homens e mulheres que levavam a sério e com radicalidade o ideal de Cristo. Deste espírito de entrega a Cristo é exemplo o Padre Dehon, fun-dador dos Dehonianos, no tempo em que a França deu tantos santos à igreja, sendo a mais célebre a influente Santa Teresinha do Menino Jesus. Ainda hoje em dia na linha mais avançada da experiência recriada de consagração na Igreja, as chamadas comunidades novas, com o seu ideal não de fuga mundi mas de regresso ao coração do mundo para experimentar a vida quotidiana do homem contemporâneo no burburinho das socie-dades hiper-urbanizadas, têm tido viveiro fecundo também na França. Basta lembrar a comunidade Emanuel e o Abbé Pierre, entre outras. Na verdade, a França laica continua a manter vivo o seu espírito de demanda de maior intimidade com Deus e a fazer e a propor caminhos que acabam por constituir modelo inspirador para o homem de hoje, desorientado por muitas propostas vãs de felicidade.

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centrados em si, com poucas regras e nenhum respeito pelos outros.As crianças desde cedo absorvem e sentem o pulsar do ambiente familiar em que estão inseri-das, aprendem e registam com grande facilidade quase tudo o que se passa em seu redor, a sua percepção assemelha-se ao mecanismo de uma câmara de filmar que capta mais do que muitos pais acreditam. Estes momentos vão ficando registados na memória dos seus filhos, que gravam principal-mente os factos que se prendem com as dinâ-micas familiares, nomeadamente com as que se passam ao nível dos afectos, da segurança, do respeito e da compreensão que se estabelecem dentro da sua família.Encontram-se frequentemente pais que ficam apreensivos pelo facto de os filhos não respeita-rem plenamente as suas directrizes e conselhos e de não fazerem o que lhes pedem para fazer. Na verdade, isto acontece porque os filhos, aos poucos, foram absorvendo e registando os mo-delos, os comportamentos e atitudes reinantes no meio familiar, em que foram educados, mo-delos esses que ao serem adquiridos, mais tarde ou mais cedo, acabam por ser reproduzidos. Daí se compreender o porquê de muitas crian-ças imitarem o padrão que conhecem, e em vez de fazerem o que os pais lhes dizem para fazer seguem os modelos que absorveram, em suma, fazem o que vêem e viram fazer.

22 – educaçãodos conteúdos

Casa de pais, escola de filhos... A importância do não no momento certo

A educação de uma criança começa no momento do seu nas-cimento e deve manter-se à medida que cresce e atravessa

as sucessivas fases do seu desenvolvimento, físico, psíquico e emocional.Os pais são as pessoas mais importantes na vida dos filhos, são eles que devem tentar fornecer informações adequadas à satisfação das suas curiosidades, funcionando como a sua primeira escola. Para que o desenvolvimento da sua personalidade se faça da me-lhor forma possível, a criança necessita de um ambiente estável e de pais contentores e compreensivos que lhes estabeleçam regras claras e limites firmes, ao mesmo tempo que lhe proporcionem oportunidades de crescimento.A ausência de limites, por parte de muitos pais que confundem auto-ridade com autoritarismo, também permite que os filhos cresçam muito

Há pais que se culpabilizam desnecessariamente ao sentirem-se responsáveis por tudo o que não corre bem na vida dos filhos, outros, pelo contrário, estão convencidos de que nada do que sucede na vida dos filhos é reflexo da sua atitude, e para esses pais a culpa é sempre projectada em terceiros, nomea-damente na escola, nos amigos, na televisão, etc.É verdade que o papel dos pais é a trave mestra da vida dos filhos, e que a sua atenta actuação tem uma importância decisiva na vida deles. Mas não existem pais perfeitos, nem os filhos precisam de pais perfeitos para nada… Precisam sim, de pais atentos, disponíveis e afectuosos, que nas alturas certas estejam ao seu lado, para lhes corrigirem as suas atitudes, os incentivarem e apoiarem a seguir em frente, dando-lhes ânimo e coragem para alcan-çarem os objectivos a que se propuseram, ou para impedirem que levem por diante, algo que os possa vir a prejudicar. Não existem ou ainda não têm grande expressão as escolas de pais e ninguém poderá ensinar os pais a serem infalíveis. Os pais, para tornarem os seus filhos crianças felizes, não têm de agir sempre bem, para que possam ter uma boa ou excelente relação com eles, têm é de ser genuínos, autênticos, têm de saber cuidar deles e em vez de darem, devem sem-pre que possível, darem-se.Todas as atitudes parentais que contribuem para reforçar a auto-estima dos filhos são adequadas e preparam-nos para enfrentar com tranquilidade as dificuldades com que se irão deparar ao longo

Manuel Coutinho,Psicólogo Clínico,Docente do Ensino Superior,Coordenador do SOS Criançae Secretário-Geral do Instituto de Apoio à Criança.

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educação – 23dos conteúdos

“De tal ninho, tal passarinho…”(Provérbio Popular)

>>

do seu desenvolvimento. No entanto, é preciso não esquecer que por vezes existem obstáculos difíceis de transpor, que existem complexidades que para serem vencidas precisam de muito em-penho, trabalho e dedicaçãoAs crianças devem ser preparadas para as difi-culdades, para as contrariedades e só assim con-seguem vencer as frustrações que as impedem de atingir determinada meta ou patamar, que se propõem alcançar.Para ajudar uma criança a crescer de forma equi-librada, durante o processo educativo tem de se ter em conta que existem muitos comportamen-tos que devem ser corrigidos e aperfeiçoados. Afinal, todos sabemos que os adultos já foram crianças e as crianças nunca foram adultos. As crianças ainda têm uma caminhada pela frente, por isso, recomendo aos pais que devem fazer incidir as suas críticas ou comentários so-bre os comportamentos inadequados de modo a não ferir a imagem da criança, devemos dizer: “filho não sabes que isso não se faz” , em vez de dizermos , “filho és um idiota, não sabes que isso não se faz”.As palavras de ordem que mais valorizam a auto-imagem dos filhos são frequentemente aquelas que os incentivam a continuar, palavras de ânimo, que devem incidir sobre a criança, de-vendo os pais dizer aos filhos: “ Tu és capaz; vais conseguir; enfrenta os obstáculos; não desis-tas...” e com estas atitudes os filhos sentem a sua auto-estima reforçada, sentem-se reenergizados e com coragem para não desistirem, para parti-ciparem e levarem por diante e com sucesso as “batalhas” que se propõem travar. É através dos limites firmes, do “não”, no momen-to certo, que significa NÃO, de palavras apoiadas em acções, que devem ser cumpridas, de exi-gência, de obediência e de responsabilidade, das regras e da organização que podemos falar tendencialmente de famílias ditas funcionais. Nas famílias funcionais os papéis estão muito bem definidos, a família organiza-se em função desses papéis que cada elemento desempenha, e das regras familiares que sempre que possível devem ser negociadas. É primordial que as crianças saibam discernir o que é permitido e proibido. Uma família é con-siderada saudável quando nessas regras estão expressas recompensas e castigos, mas de uma forma consistente. É de notar que uma família

saudável também tem crises de crescimento e pas-sa por momentos difíceis, mas tenta ultrapassá-los sozinha ou pede ajuda. Quando falamos de recompensas não nos estamos a referir as recompensas materiais mas de estímulos positivos. Quem não cumpre tem de ser penaliza-do. Todo o castigo tem de ser adaptado à idade da criança, e se assim não for, é um mau trato.Nas famílias disfuncionais, as regras e os limites são frouxos, o “não”, quer dizer SIM, e as normas não têm de ser cumpridas, há falta de responsabilidade. No fundo, todas as famílias têm problemas, o que muda é a maneira de lidar com eles. Nas ditas saudá-veis todos os assuntos podem vir à baila, enquanto nas famílias disfuncionais, há tabus que envenenam as relações, e os problemas não se discutem nem os sentimentos se expressam livremente. Na família funcional, os problemas são chamados e discutidos no momento certo, com a pessoa certa, na hora certa, e as emoções e os sentimentos expressam-se, falam cara a cara, olhos nos olhos, de forma clara.

Nas famílias disfuncionais, os pais têm como lema de educação: “faz o que digo, não faças o que eu faço”. Este tipo de família não sabe que os filhos apren-dem mais com os olhos do que com os ouvidos. Podemos ainda falar das ditas famílias saudáveis e das rígidas. As saudáveis devem ser um modelo de educação. A criança deve seguir o que o adulto diz e faz. A autoridade é fundamental para as crianças não se sentirem confusas. Quando se fala em autori-dade é preciso ter em linha de conta a importância da flexibilidade em determinadas circunstâncias.

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24 – espaço escolados conteúdos

Conhecer o novo Estatuto do Aluno (II)O Estatuto contribuirá para o bom ambiente escolar

Continuando a falar da nova versão do Estatuto do Aluno, cingir-me-ei a relembrar alguns

considerandos que, desde longínquos anos, os professores conhecem e sempre desejaram co-

VManuel Coutinho

>>Casa de pais, escola de filhos...

As famílias rígidas mantêm as mesmas regras desde que a criança nasce até que saia de ca-sa. Exemplo disso é o do menino que tem a regra de se deitar às oito da noite aos cinco anos e aos dez tem de a manter sem a ques-tionar. Estas famílias mantêm-se espartanas sem darem margem a novos comportamen-tos. As famílias devem ser flexíveis e as regras têm de ser adaptadas ao desenvolvimento, ao crescimento e ao ciclo vital da família.Existem ainda no lado oposto as famílias caóticas onde ninguém respeita ninguém e muito menos as regras que balizam os com-portamentos. As fronteiras entre pais e filhos são muito ténues se não mesmo invertidas, onde os direitos e deveres são erradamente iguais entre pais e filhos, quando não devem ser. São estas dificuldades que levam muitas famílias a pedirem apoio psicológico.Há três estilos de educação parentais: auto-crático, permissivo e negociável. Nas famílias autocráticas ganham os pais, nas permissi-vas ganham os filhos e nas negociáveis não há vitórias nem derrotas. Todos ganham. É positivo e saudável que filhos e pais ganhem umas vezes e percam outras. Mas, uma coisa é fundamental: o “poder” tem de estar do lado dos pais, pode ser negociado com os filhos, mas a última palavra tem de ser dos pais.Não existem formas mágicas para educar uma criança, mas se a família estiver atenta, se os pais, ou seus substitutos, perceberem que lhes cabe naturalmente uma grande dose de paciência, compreensão e respon-sabilidade, certamente darão um forte con-tributo para o desenvolvimento harmonioso da personalidade dos filhos.Os pais nunca se devem esquecer do seu papel e nunca se podem demitir das suas funções, de principais defensores dos filhos e se souberem desde cedo serem os seus in-térpretes, com o mundo que os rodeia, é pro-vável que lhes proporcionem um ambiente estável, securizante e acolhedor, no qual as necessidades emergentes dos seus filhos, sejam elas físicas, psíquicas ou emocionais, possam ser satisfeitas e asseguradas.Um bom pai e uma boa mãe são aqueles que nunca desistem, são aqueles que não cortam “o cordão umbilical”, mas que respeitando o ritmo dos filhos, deixam que ele caia por si na altura própria.

mo pano de fundo para o bom êxito do seu trabalho didático, sempre árduo e constante. O Novo Estatuto do Aluno proposto é explíci-to e contribuirá para o bom ambiente escolar, assim seja ele cumprido por todos quantos estão empenhados nesta bela tarefa da educa-ção. O Estatuto resulta de lei aprovada pela Assembleia da República, e aplica-se aos alunos dos ensinos básico e secundário, incluindo os alunos que frequentam mo-dalidades especiais. Esta lei tem como objectivo definir com clareza os direitos e os deveres dos alunos, a fim de criar condições para garantir a segurança, a tranquilidade e a disciplina indispensáveis ao ensino, à aprendi-zagem e ao bom clima de trabalho e respeito na escola. O aluno tem direito a uma educação de qualidade, ou seja, a usufruir de todas as aulas e actividades previstas no currículo do ano que frequenta, de acordo com horários definidos pela escola: usufruir de um ambiente seguro, tranquilo e equilibrado que facilite a aprendizagem e pro-picie o pleno desenvolvimento físico, intelectual, moral, cultural e cívico de todos os estudantes. Na escola, os alunos têm direito de ser tratados com respeito e correcção por todos os membros da comunidade onde estão inseridos e de beneficiar dos serviços de Acção Social Escolar de acordo com as regras em vigor.

O aluno tem direitoa uma educação de qualidade,

a usufruir de um ambiente seguro,tranquilo e equilibrado

que facilite a aprendizagem.

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VManuel Mendes

espaço escola – 25dos conteúdos

Conhecer o novo Estatuto do Aluno (II)

• Informar-se sobre o Estatuto do Aluno.• Respeitar as normas propostas.• Dialogar com o Director de Turma sobre o Estatuto.• Penas e castigos devem ser abolidos?

O Estatuto contribuirá para o bom ambiente escolar

pensar

Ao mesmo tempo, não podem esquecer-se de tra-tar os iguais e superiores, jovens ou adultos como eles e pessoas que devem orientá-los no dia-a-dia, com o devido respeito. Os jovens merecem a pro-

teção dos professores e funcionários e esperam que eles os ajudem e compreendam. As dificulda-des surgem naturalmente e naturalmente devem ser resolvidas. Os alunos esperam que os profes-sores, e sobretudo o diretor de turma, os apoiem sempre que as suas lacunas de aprendizagem o justificarem. Na escola, também devem ser assisti-dos em caso de acidente ou doença súbita, sendo socorridos e alertando a família. Todos os alunos devem participar nas actividades organizadas pe-los órgãos da escola ou turmas. Nos termos da lei e do regulamento interno de cada estabelecimento de ensino, os delegados de turma elegem os seus delegados e subdelegados. Os alunos têm o de-ver de estudar, empenhando-se na sua formação integral; frequentar todas as aulas e actividades previstas no seu horário, sendo assíduos e pontu-ais; seguir as orientações dos professores no pro-cesso de aprendizagem; agir correctamente a fim de contribuírem para a manutenção do ambiente seguro, tranquilo e equilibrado indispensável ao bom funcionamento da escola; ser solidários com os colegas, prestando-lhes auxílio directo ou re-correndo ao apoio de professores ou pessoal não

docente sempre que se encontrar em risco; contri-buir para a conservação e o asseio das instalações, utilizando corretamente espaços, equipamentos e materiais e alertando os responsáveis, caso ve-rifiquem existir riscos de estragos; permanecer na escola durante o horário, salvo se tiverem au-torização escrita do encarregado de educação ou da direcção da escola para sair; não transportar, possuir ou consumir substâncias proibidas pela lei ou pelo regulamento interno da escola; não trans-portar instrumentos ou equipamentos proibidos pela lei ou pelo regulamento interno da escola; respeitar o Estatuto do Aluno e o Regulamento Interno da escola. Há faltas que dão “chumbo” e regressa a distinção lógica entre faltas justificadas e injustificadas. Ultrapassados os limites destas últimas, o aluno é sujeito a um plano individual de trabalho. Em caso de insucesso, o director ainda pode propor um percurso escolar individual de trabalho alternativo, mas, se continuarem as faltas injustificadas, fica logicamente retido. Será exigida uma maior responsabilização, quando é atingida a metade do limite de faltas injustificadas. Os pais ou encarregados de educação serão chamados a colaborar numa solução que permita garantir o cumprimento do dever de assiduidade. Se tal for impraticável, a escola deve alertar a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens. Impulsionará uma disciplina mais célere que poderá ir desde a sim-ples advertência, feita também para ser aplicada também pelo pessoal não docente; a transferência de escola está prevista e a suspensão preventiva passa de um máximo de cinco para dez dias. Em casos excepcionais, o diretor pode suspender o aluno por um dia antes da abertura do processo. Deseja-se que o diretor de turma anime os seus educandos a falar com os pais sobre o Estatuto do Aluno e intervir nas ações organizadas na escola para esse efeito.

(Ortografia segundo o Novo Acordo)

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26 – leiturasdos conteúdos

Xenía, amor ao desconhecidoSaber que se vai encontrar sempre hospitalidade ao fim do dia

VAdérito Barbosa

A xenía é o amor aos desconhecidos e aos convidados, caracterizado por uma grande

cordialidade solícita, hospitalidade e compaixão por aqueles com quem não temos habitualmente uma familiaridade próxima.Xenía era uma antiga prática comum entre os Gregos. Cultivavam a xenía, porque acreditavam que assim agradavam aos deuses. Estavam con-vencidos de que, se não o fizessem, podiam incor-rer na ira de Zeus, o pai dos deuses gregos, que exigia a prática da xenía entre os mortais. Praticavam então a xenía por uma convicção e pai-xão genuínas, bem como por razões pragmáticas. Ao agirem como anfitriões, atentos em relação a desconhecidos que lhe batiam à porta, tinham a certeza de que iriam receber a mesma hospitali-dade quando eles próprios tivessem de viajar para longe do seu lar. Como a prática da xenía era comum nas socieda-des helénicas e dóricas, sabiam que encontrariam sempre hospitalidade ao final do dia.

A xenía (ξενία) é uma palavra grega que significa hospitalidade ou gene-rosidade mostradas aos estranhos.A xenía contém algumas regras básicas: uma delas é o respeito do anfitrião ao hóspede. O anfitrião deve ser hospitaleiro para com os hóspedes e fornecer-lhes comida e bebida e um banho, se for neces-

O Levítico, livro da Bíblia, diz-nos para amarmos os desconhecidos como a nós mesmos.Quando um hóspede nos bate à porta, não custa nada dar-lhe hospitalidade. Há sempre espaço para mais um à mesa. Há sempre uma cadeira vazia para se sentar. Assim, o estranho, o desco-nhecido passa a ser um vizinho.

sário. Não é educado fazer perguntas até que o convidado exprima as suas necessidades. O hós-pede deve ser cortês com a família que o acolhe e não deve ser um fardo. Por fim, o presente de despedida (xenion, ξεινήιον) consiste no anfitrião sentir honra por ter recebido o convidado. A Ilíada e a Odisseia de Homero retratam bastante bem esta questão da xenía. A Ilíada refere que as cerimónias entre hóspede e anfitrião, hóspede amigo, hóspede suplicante, eram de extrema im-portância. Ulisses, herói da batalha de Tróia, teve a ideia de enviar um cavalo como oferta aos cidadãos de Tróia, uma espécie de xenía ao contrário. Tróia pagou caro pelo facto de um dos seus cidadãos ter violado as convenções da xenía. A guerra co-meçou quando o príncipe troiano, Páris violou a sua relação de hóspede-anfitrião com Menelau ao raptar Helena, antiga rainha, assim como todos os seus bens. O rei Príamo, pai de Páris, teve de acei-tar na sua casa Helena. No entanto, quer os Aqueus quer os Troianos, incluindo no seu código social hóspede-amigo, hóspede-anfitrião, desaprovam o acto praticado por Paris.

A xenía é uma palavra grega que significa hospitali-dade ou generosidade mostradas aos estranhos.

Construção do Cavalo de Tróia Giovanni Domenico Tiepolo, 1760

Assim, a relação com Helena, vítima de Paris, exige que os Troianos o protejam, porque é amigo e porque Helena é hós-pede. Tróia tem de proteger Páris, mesmo que isso signifi-que o descalabro para os seus cidadãos.Mas Agamenão reconhece a necessidade de Helena ser de-volvida a Menelau de Esparta para que a ordem possa ser estabelecida.

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Antes de mais, eles poderão ajudar a devolver à nossa Igreja a capacidade de ser missionária, de se situar nas fronteiras, que hoje não são geográficas nem estão longe, mas cruzam a nossa sociedade nas correntes do pensamento laico, da cultura desinteressada de Deus, na vida das pessoas que perderam as referências religiosas, nos povos e re-ligiões que para nós migraram. O missionário está certamente no coração da igreja local, no sentido que faz dela preciosa parte. Mas o missionário vive essa identidade nas fronteiras da Igreja, abraçan-do as dinâmicas do encontro com os outros – po-vos, culturas, religiões. Esta capacidade de viver na fronteira e de assumir a tensão para mediar o encontro do Evangelho com as pessoas, com to-dos, é vital para o futuro da igreja, e é um dom que os missionários podem e devem renovar na nossa igreja.Em segundo lugar, o sentido de “Igreja-comunhão, comunidade de comunidades”. Ao convocar pes-soas para um caminho em igreja, os missionários cunharam tradições de vida eclesial marcadas pe-la comunhão e pelo pluralismo de ministérios. Os nossos bispos guardam silêncio sobre o futuro, mas é evidente que, dentro de menos de uma geração e pelo envelhecimento do clero, o modelo de igre-ja à volta do sacerdote, como o conhecemos, não é sustentável. Os missionários só poderão ajudar a criatividade que se impõe para promovermos uma eclesiologia de comunhão que valorize os di-namismos novos que grupos e movimentos estão a trazer à missão cristã no mundo de hoje.Por fim, a capacidade de unir a fé à vida com um renovado empenho nos processos de transforma-ção social. A missão cristã sempre se interessou pelas condições de vida dos povos, pelo seu desen-volvimento humano integral. Os missionários só podem potenciar a capacidade da nossa igreja se envolver na transformação da sociedade segundo os valores do Evangelho. Em muitos lugares eles foram o rosto de uma igreja profética: é esse rosto de proximidade, profético e belo, que os missioná-rios têm que ajudar a dar à nossa igreja, no meio da crise que vivemos e para além dela.

pastoral – 27dos conteúdos

VManuel Ferreira, mccj

Repensar a MissãoDizer aos nossos bispos que podem contar connosco

Os bispos portugueses confiaram-nos uma im-portante tarefa: a de repensarmos a pastoral

da Igreja em Portugal. O desafio foi-nos lançado, já no ano passado, com o texto do Instrumento de Trabalho “Repensar Juntos a Pastoral da Igreja em Portugal”. Se o desafio é grande, o objectivo é ainda mais aliciante: “encontrar uma compreensão comum dos caminhos da missão e enunciar prio-ridades e dinâmicas de acção”. Desafio e objectivo só possíveis num contexto, que os nossos bispos também sugerem, de “caminho sinodal”; isto é, numa dinâmica de comunhão e colaboração entre todas as realidades – dioceses, institutos, grupos, movimentos – que constituem o tecido vivo das igrejas locais. Em resposta a esse apelo, as revistas missionárias agrupadas na Missão Press sentem que devem levar aos seus leitores este desafio. Tanto mais que o assunto não mereceu a atenção da comunica-ção social, absorvida com a crise económica e o momento político que vivemos. Nesta tarefa de motivar os leitores, alicia-nos também o facto de os bispos verem esta tarefa como um exercício de “formação para a Missão, de formação na Missão”. A expressão é significativa e para nós familiar, já que procuramos “informar para formar” a uma vivência mais comprometida da vida cristã e da cidadania.Por isso, a primeira palavra a dizer é lembrar aos nossos leitores, aos institutos missionários, aos grupos e movimentos missionários, aos leigos e jovens activos na missão cristã, que este mês de Março de 2011 é o tempo para fazer chegar à Conferência Episcopal Portuguesa as sugestões e propostas que resultaram deste caminho de dis-cernimento. E, sobretudo, é tempo para dizermos aos nossos bispos que nesta procura de uma “com-preensão comum da missão da Igreja” podem con-tar connosco, com os valores e as dinâmicas que as nossas tradições missionárias consagraram em vidas de dedicação à missão da Igreja, em Portugal e no Mundo.Nesta linha, gostaríamos de evidenciar o contri-buto que missionários e missionárias poderão dar neste processo para definir uma compreensão partilhada da missão cristã hoje, contributo já evi-denciado na carta pastoral “Como Eu vos fiz fazei vós também: para um rosto missionário da Igreja em Portugal”, que esperamos seja integrado no documento final que sairá deste caminho sinodal.

Artigo da Missão Press

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28 – sobre a bíbliados conteúdos

São Paulo e a Igreja como edifício espiritualÉ fundamental para os Cristãos a descoberta da sua identidade

Neste número, continuamos a nossa re-flexão sobre a maneira como São Paulo definia a Igreja para os cristãos do seu tempo, na medida em que esta questão é essencial para a vivência do Cristianismo, ainda hoje: é importante saber quem so-mos neste mundo.

Mesmo se se trata de um texto que fica de fora do epistolá-

rio paulino – e que lhe é mesmo posterior – poderá ser de interes-se para esta nossa reflexão partir da 1.ª Carta de Pedro, que afirma: “Aproximando-vos de Jesus, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus, também vós – como pedras vivas – entrais na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pd 2, 4-5). Trata-se de um texto que conhecemos bem, por quanto o cantamos várias vezes, afirmando que “nós somos as pedras vivas do templo do Senhor”.Se trouxemos este texto à dis-cussão, é porque poderá trazer consigo essa tal dimensão apenas sociológica de agregado de pesso-as que, juntas, constituem esse tal templo, mesmo se a referência ao “Senhor” está aí presente. Ora, o texto de Pedro – como veremos –, fiel à tradição que lhe vem já desde Paulo, mostra que a menção dos cristãos como “pedras vivas” salta da referência a uma pedra espe-cial, pedra viva, também ela: Jesus Cristo. É Ele que é a “pedra viva, re-jeitada pelos homens” (numa clara referência ao Sl 117, 21), de quem nós nos aproximamos. E é esse contacto que faz de nós “pedras vivas” como Ele o foi.

Na 1.ª Carta aos Coríntios, Paulo refere-se aos cristãos como terre-no de cultivo de Deus e seu edifício. Isto acontece na resolução de um problema concreto da Igreja de Corinto. Várias problemáticas podem estar em jogo, mas aquela a que Paulo se refere é a da divi-são da comunidade: uns que se dizem de Apolo, outros de Pedro, outros de Paulo… Infelizmente, não se trata de nada que não veja-mos hoje nas nossas comunidades cristãs! A resolução de Paulo é quase perfeita: é verdade que todos estes acima mencionados ti-veram lugar na edificação da comunidade de Corinto, mas o rumo do edifício não pode ser outro diferente daquele que lhe foi dado por Cristo: a comunidade de Corinto deve ter-se como “terreno de cultivo de Deus” e “edifício de Deus” (1Cor 3, 9). Paulo não nega o

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sobre a bíblia – 29dos conteúdos

São Paulo e a Igreja como edifício espiritual

VRicardo Freire

lugar social dos personagens re-feridos: na imagem agrícola do terreno, Paulo plantou e Apolo regou; mas somente Deus é que faz crescer (1Cor 3, 7). No nosso ponto de vista, a re-ferência última da comunidade cristã há-de ser a Deus e a Jesus Cristo se, com Paulo, tomarmos a imagem do edifício, onde Cristo é – não a pedra viva rejeitada, como era no passo da 1.ª Carta de Pedro antes citado – mas “ali-cerce” (1Cor 3, 11). Ora, também aqui entram na construção des-te edifício vários personagens, o que parece ser lícito: aliás, o próprio Paulo se considera “sábio arquitecto”. A imagem do alicerce parece-nos forte, por quanto se trata daquele espaço onde assenta toda a casa, por onde se começa a construção: trata-se daquilo que não se po-de modificar, sob sério risco de ruir o edifício inteiro!Seguindo a sua reflexão, Paulo mostra que o cristão é, ele mes-

mo, “templo de Deus”, especifi-cando: “o Espírito de Deus habita em vós” (1Cor 3, 16). Neste senti-do, exorta os cristãos de Corinto a velarem para que esse templo não seja destruído. Esta questão faz todo o sentido, se tivermos em conta o que significa o tem-plo no Judaísmo, donde brota o Cristianismo: o templo é o lugar onde habita a presença de Deus (dita no judaísmo, shekhinah). É o lugar sagrado do encontro do homem com Deus. Ora, o próprio Jesus dissera que o seu corpo era o templo que, destruí-do, seria reedificado em três dias (cf. Jo 2, 19-21) e, em resposta à samaritana, falava de um culto “em espírito e em verdade” (Jo 4, 24), por oposição à controvér-sia sobre o lugar onde adorar a Deus, se em Jerusalém ou na Samaria. Deste modo, Paulo está em linha com o ensinamento de Jesus, de um culto que deve partir da própria pessoa, onde o crente se revê como morada da presença de Deus, com uma única condição: a de amar Deus e cumprir Sua Palavra (cf. Jo 14,

23). E, assim, voltamos ao texto donde partimos nesta reflexão: somos pedras vivas para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus (cf. 1Pd 2, 5). Não se trata já dos sacrifícios do templo de Jerusalém, entretanto destruído, colocando o próprio Judaísmo em crise; trata-se do templo que existe em cada um de nós, salvaguardada, porém, a refe-rência constante a Jesus Cristo, o tal alicerce da construção, e que faz deste culto novo um culto comunitário, o de todos aqueles que acreditam em Cristo, qual nova família. Para ulteriores desenvolvimentos, neste senti-do, recomenda-se vivamente a Carta de São Paulo aos Efésios (especialmente o final do ca-pítulo 2), de reflexão posterior, que mostra de novo a constru-ção, em que entram todos os cristãos, provenientes tanto do Judaísmo como do Paganismo; onde ninguém é estrangeiro ou forasteiro, mas todos são conci-dadãos (a dizer o laço familiar) dos santos: um templo feito de massa dos profetas e dos após-tolos, mas sempre fundado em Jesus Cristo, o elo de união de todos aqueles que entram na construção bem ajustada da Igreja de que fazemos parte.

A comunidade de cristãdeve ter-se como“terreno de cultivo de Deus” e “edifício de Deus”.(Cf. 1Cor 3, 9)

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30 – reflexodos conteúdos

Caridade, perdão, construção da pazTimor, 3 anos depois do atentado ao Presidente e ao Primeiro-Ministro

Sabias que:

No dia 11 de Fevereiro de 2008 todos ficámos perplexos com os atentados aos mais altos re-presentantes do Estado timorense, respectivamente o Dr. José Ramos Horta, Presidente da

República e a Xanana Gusmão, Primeiro-Ministro. É verdade que desde a independência o cami-nho da nação timorense não estava a ser nada fácil. A liberdade e a acção da Nações Unidas não trouxeram o que o povo mais desejava, e a sua vida em vez de melhorar estava a caminhar em sentido inverso. O descontentamento crescia, faltava o arroz e as pessoas estavam desiludidas. A verdade é que não se forma um país e um estado a funcionar plenamente de um dia para o outro. Os antigos combatentes manifestavam-se, guerras antigas apareceram e a unidade nacional era posta em causa. Apesar de tudo isto, ninguém poderia imaginar que naquela manhã de 11 de Fevereiro, de forma consertada, fossem atacados o Presidente da República e o Primeiro-Ministro. Penso que é um caso inédito no mundo. Do ataque resultou que o Presidente da República ficou gravemente ferido e foi transferido para a Austrália, enquanto o Primeiro-ministro escapou ileso. Passam hoje três anos desse ataque e por coincidência passei o dia junto do Presidente da República de Timor, Dr. José Ramos Horta, primeiro numa sessão oficial no Palácio da República e depois num jantar que ele me ofereceu em sua casa. Já tinha sido convidado há algum tempo por ele, mas só estando cá me apercebi da coincidência da data.Foi um privilégio estar com ele neste dia. Olhando para traz ainda não se entende o que se pre-tendia com este atentado. O Dr. José Ramos Horta, homem de paz, de reconciliação olha para este acontecimento e não encontra motivos para fugir ou desistir de lutar por aquilo que sempre acreditou: a paz, a liberdade, a união nacional, o progresso e o desenvolvimento dos povos. Como disse em alguns discursos, olha para tudo e: “Foi desígnio de Deus, que tudo pode, que eu esteja hoje aqui entre amigos (…). O povo de Timor-Leste ficou perplexo, profundamente inquieto, re-voltado com esse acto contra o seu Presidente da República. E se Timor-Leste não resvalou para uma guerra civil foi porque o povo está decidido a alcançar a paz. A Paz requer o reforço dos laços de solidariedade e o conhecimento e a lembrança permanente do nosso lugar no mundo e dos motivos e razões que nos unem e congregam. Sempre estivemos contra a guerra e a opressão (…) E a mais importante tarefa do nosso jovem Estado, a promoção do desenvolvimento económico, com criação de empregos e alívio da pobreza, tem ainda de ser realizada. A melhoria das condições de vida em todo o território é um imperativo ético e é, simultaneamente, uma exigência de coesão nacional. Mas este desígnio nacional necessita da contribuição de todos, governantes e governa-dos, Governo e Oposição. E, aqui, teremos de ser inovadores para encontrar formas de produção de consensos e de valorização das forças políticas representativas no sistema democrático. Timor vive um paradoxo: se por um lado Timor-Leste vê o tesouro enriquecido com a subida do preço do petróleo, esta mesma subida do preço do petróleo (mais a depreciação do dólar norte-americano, moeda oficial timorense), torna o custo de vida cada vez mais oneroso para os Timorenses e empo-brece ainda mais aqueles que já pouco tinham”.Foi muito bom escutá-lo sobre o que pensa para este país que pouco a pouco vai encontrando o seu caminho e o seu lugar no mundo. Toda a sua vida está dedicada a Timor. Durante muito tempo era a voz do povo que não se podia manifestar. Com muito engenho, criatividade e sabedoria foi fazendo com que as mais altas instân-cias internacionais não esquecessem das suas agendas políticas o caso de Timor. Andou por todo o mundo à procura de apoios para esta causa. Hoje, sente uma profunda gratidão por todos os que o ouviram e acreditaram que um Timor in-dependente era possível e que continuam a ajudar o povo timorense para tenha de comer, onde estudar, onde se curar.

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Sabemos que Jesus nos deu a missão de sermos suas testemunhas no mundo. Há tantos lugares a precisar de anunciadores da paz, do amor, do bem e da partilha. Aproxima-se o tempo da Quaresma, tempo de conversão. Procura algo que possas fazer para que alguns conflitos desapareçam e as pessoas possam viver em paz. Procura ser fonte de reconciliação entre alguém que sabes que não se podem ver, que não se falam.

Tenho de:

1 Cor 13, 1-13: Independentemente do que somos e temos devemos viver em caridade. Este hino de S. Paulo interpela-nos a viver sempre em caridade. Sabemos que os valores do mundo de hoje arrastam-nos e seduzem-nos para o “salve-se quem puder”. Nós não devemos ser assim. A caridade reine em nossos corações. O mandamento novo que Jesus nos deixou consiste em amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos.

Procura um local sossegado.

Olha o mundo e vê quantos conflitos: guerras, desigualdades, invejas, injustiças, atentados.

Se todos somos irmãos, se todos queremos a felicidade, a paz, o bem-estar pessoal e comunitário, porquê tantos conflitos? Porquê tanto mal? E eu? Acredito no amor, na caridade?

Faz uma oração a Deus.

reflexo – 31dos conteúdos

VFeliciano Garcês

A Palavra de Deus diz:

Faz silêncio e reza:

O P.e Feliciano com o Presidente da República de Timor, Ramos Horta, em Outubro de 2010.

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32 – pai-nossodos conteúdos

VInês Pinto

Fala, Senhor, que o teu servo escuta

Senhor, a vida só faz sentido conTigo.Só faz sentido quando a vivemos no Amor Pleno,Quando olhamos à nossa voltaE vemos o Teu rosto no olhar de cada Irmão.

Faz sentido quando deixamos a nossa mala de lado, Estendemos-Te a mão e seguimos a Teu lado,Com a reconfortante certezaDe que Tu caminhas connosco.

Faz sentido quando nessa viagem, À qual chamamos vida,Cada paço dado, cada gesto feito,Cada sorriso traçadoE ternura partilhadaÉ reflexo da Tua vontade,É testemunha do Teu Amor.

Senhor, quero que a minha vidaTenha sentido,Diz-me qual o caminhoQue tens para mim,“Fala, Senhor,Que o teu servo escuta”.

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outro ângulo – 33do mundo

“Sou da geração sem remuneração”

VAlícia Teixeira

Estamos desesperados e sem perspectivas de nada!

No mês de Janeiro falei-vos da importância do volun-tariado, de darmos mais um pouco do que temos aos

outros e de que como essa questão reverte para o aumen-to da produtividade. Contudo, por uma questão de “con-tenção de pensamento e sentimento” e para “não ferir sus-ceptibilidades” (frase muito usual que indirectamente diz: “não queremos arranjar problemas e termos de nos justifi-car posteriormente”), omiti um aspecto que me preocupa. Surge então a música Que parva que eu sou, dos Deolinda, que inesperadamente, se torna canção de intervenção pa-ra a condição social, económica e profissional em que se encontram milhares de jovens licenciados. Cada palavra, cada verso, a interpretação de Ana Bacalhau (revoltada e de cabeça baixa), o próprio andamento da música e sua melodia, despertou os jovens não só de Portugal, mas também da Espanha. Aí pensei: “Que parva que eu sou!!! Que passividade é esta?!”Agora é moda ter licenciados a trabalhar sem remunera-ção na sua área, aparentemente em regime de voluntaria-do. Ao que parece consiste numa mais-valia para “adquirir experiência”… e possivelmente “garantir o lugar”. A sério?! Das entrevistas de emprego que eu fui perguntaram-me: “tem disponibilidade imediata (até aqui tudo bem)?”; “há possibilidade de trabalhar sem remuneração?”. Dizem que é para testar o interesse do candidato…mas não se trata de interesse…ESTAMOS DESESPERADOS E SEM PERSPECTIVAS DE NADA! Gostava de perguntar aos responsáveis das entidades patronais que têm esta política de funcionamento o seguinte: Imaginem (imaginem só!) que um dos vossos filhos chega à casa e vos diz: “mãe/pai, sustentem-me mais 5 anos porque na entrevista que fui hoje disseram-me que se quisesse “garantir o lugar” terei que trabalhar sem rece-ber pelo menos 6 meses. E quando começar a receber será por recibos verdes”. Já está? Agora imaginem-se que são um pai e/ou uma mãe com mais de 50 anos e um deles está em situação de desemprego e outro aufere do salário mínimo?Não bastaram os anos em que estudámos, e pagámos, honestamente, cêntimo por cêntimo (para não falar da qualidade de ensino a que temos acesso)? Agora temos de mostrar o que valemos “de borla”?! “Quem mundo tão parvo onde para ser escravo é preciso estudar”.Sendo então o ano Europeu do Voluntariado, peço que re-flictam este fenómeno: definir concretamente o conceito de voluntariado e o seu limite! A diferença entre volunta-riado e emprego não remunerado. Tenham dó, não abusem da nossa condição… E PARVOS NÃO SOMOS! Deolinda

Foto original de Adrião

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34 – opiniãodo mundo

Transformar a Escritura em vivência

Eu não sou um praticante a 100%. Eu não colaboro com a pas-toral da Igreja. Eu não me sinto dentro do “sistema católico”.

Amo a Igreja, mas sinto que não faço grande coisa para que ela cresça.A Igreja precisa de crescer, de ter mais influência, de mostrar o seu poder, sem vergonha. E para isso acontecer, a Igreja terá de ganhar coragem e de deixar de temer o “livro facial”, os meios de comunicação social, o poder da Internet, e outros meios que a atemorizam, como a política... A Igreja terá de ganhar coragem e de aprender a usar e a traba-lhar com esses meios.Mas nada se vê. Eu vejo, ouço, sinto, respiro, perscruto e nada acontece. Ou seja, sinto que a Igreja continua fechada no seu medo. O Papa a pedir perdão constantemente, os Bispos fecha-dos e aconchegados nos seus paços, com medo do que lá fora se passa, os Padres transformados em obreiros das missas, per-correndo paróquias até mais não, sem deixarem de dar aulas de moral para se auto-sustentarem, os jovens em busca do prazer de se encontrarem juntos quando deveriam procurar o prazer do encontro, as crianças serem quase “chicoteadas” para irem à catequese, os católicos apáticos…. Muitos catequistas, durante a semana, trabalham muito e fazem das tripas coração para agradarem ao patrão, para serem compe-tentes, para mostrarem saber, espírito de iniciativa, preocupação pela empresa, trabalho.

Muitos catequistas, quando pre-param uma aula de catequese, sentem-se cansadas, e limitam-se a despejar o que a lição do Catecismo diz perante crianças desejosas de histórias, filmes, acção, aprendizagem através de actividades manuais, interacção do catecismo com as engenhocas electrónicas que elas sabem usar à exaustão…Os jovens, fartos de estarem jun-tos durante a semana na escola, encaram o encontro como uma brincadeira: uma palestra para aturar, um jogo que se faz de “per-na às costas” (não é um exame), uma missa cheia de cânticos e olhares gozosos e depois o es-perado convívio, e, pronto, está feito! Sentem-se Igreja e vão para casa com a consciência tranquila e mais de meia dúzia de novos contactos no telemóvel, pois isso é o que interessa.Se lhes pedem um artigo para uma revista, fazem-no de modo despreocupado. Vão à Internet, a fonte de toda a preguiça, e trans-formam um texto “às três panca-das”. É para a Igreja, não precisa de empenho. Se fosse para a escola ou para o meu trabalho, eu inves-

“Seja a vossa caridade sem fingimento. Detestai o mal e aderi ao bem. Amai-vos uns aos outros com amor fraterno. Rivalizai uns com os outros na estima recíproca. Não sejais indolentes no zelo, mas fervorosos no espírito. Dedicai-vos ao serviço do Senhor. Sede alegres na esperança, pacien-tes na tribulação, perseverantes na oração.”

Rom 12, 9-12

Igreja, não sejas indolente no zelo!

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Page 35: A folha dos Valentes

tigaria, esforçar-me-ia, pensaria bastante, imaginaria muito e conseguiria criar algo de novo, mas como é para a Igreja, qual-quer coisa vale. Os padres sentem-se cansados de tanto trabalharem em tantas paróquias ao mesmo tempo e não têm tempo para prepararem as missas de domingo, os sermões, a liturgia. As pessoas, adultos, jovens e crianças, querem ouvir coisas que as cativem, mas chega a homilia – o motor de arranque para uma missa bem concelebrada – e todos “são ataca-dos pelo sono” com o tom monocórdico do padre que projecta frases sobre o Evangelho, o amor, o dar-se, o estar aten-to aos outros, o “segundo a última encí-clica”… O grupo coral é uma espécie de muleta para os cristãos, que se sentem bem não cantando... Se houvesse um Grupo Missal que os substituisse na pre-sença na igreja... Eles não sabem o que o povo diz? Eles não investigam, não estão atentos? O povo diz: “Aquele padre fala bem!” E por que razão o povo diz isso? Porque o padre lhe chega ao coração. Fala dos problemas que lhe diz respeito. Pega na Sagrada Escritura e transforma-a em vivência… Há quem tenha o dom. Há quem não o tenha, mas não se prepara. Vale a pena ouvir um padre que lê toda a homilia – pode não ter o dom da palavra –, mas que nos abraça com a vivência

opinião – 35do mundo

VLuís Cravo

Transformar a Escritura em vivência

O povo diz: “Aquele padre fala bem!”E por que razão o povo diz isso?Porque o padre lhe chega ao coração. Fala dos problemas que lhe diz respeito. Pega na Sagrada Escriturae transforma-a em vivência….

quotidiana, porque se preparou. Por que razão não pode um padre ensinar a poupar se o próprio São Paulo, que todos gostam de citar, aconselhava os seus a beberem vi-nho para “arrebitarem”?! É preciso trabalho, preparação, investigação, imaginação, pensar, puxar pela cabeça, preocupar-se, não ser indolente… Os cristãos não são um simples rebanho. Os cristãos não são um simples rebanho nem são “ovelhas”!Os bispos acolhem políticos. Os políticos falam e os bis-pos aconchegam-se no paço. Terão eles medo dos meios de comunicação social? “Bem! Tu vens cá, cumprimentas-me, eu cumprimento-te, tu dizes que és muito católico, mas eu também quero dizer qualquer coisa à TV, Rádio, Jornais, OK?” Mas não! Ninguém ouve as palavras do bis-po! Há um ou outro, um cativa pelo dom de falar, outro pelas palavras meio reaccionárias, a quem a comunicação social dá “trela”… Quanto aos outros, bispos e patriarcas, ninguém lhes dá “importância”... Mas o mal, para a minha querida Igreja, é eu (E MUITOS) sentir que os bispos e patriarca se sentem bem com a falta de atenção que têm por parte dos meios de comunicação social…O que me desagrada verdadeiramente é a falta de gosto pela política (diga-se gosto pelos cidadãos) dos nossos clérigos “maiores”.Igreja! Não sejas indolente no zelo! Acorda! Está na hora de sair do quentinho dos lençóis polares e de ir à luta…Abraço a todos.Eu vou tentar ser melhor Igreja no pouco que sei e posso, com esta indolência e egoísmo que a todos nos ataca…

Igreja, não sejas indolente no zelo!

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36 – novos mundosdo mundo

VAndré Teixeira

Um grande momento para a Física Solar

Usando duas sondas espaciais, posiciona-das atrás e à frente do Sol, em relação à

órbita da Terra, a NASA finalmente conseguiu fazer imagens simultâneas dos dois lados da nossa estrela.“Pela primeira vez podemos observar a actividade solar em toda a sua glória em 3 dimensões”, comemorou Angelos Vourlidas, um membro da equipa científica da missão STEREO.Como as duas sondas ficam separadas por pouco menos de 180º, elas na verdade “per-dem” uma pequena fatia do Sol, que foi inter-polada para simular a visão completa de 360 graus.Mas essa diferença deverá diminuir, e a qua-

Os dois ladosda nossa estrela

lidade da imagem do lado dis-tante do Sol deverá melhorar nas próximas semanas, con-forme os engenheiros alinham melhor as sondas e capturam mais imagens, melhorando os dados para a interpolação.“Este é um grande momento para a física solar”, diz Vourlidas. “As sondas STEREO revelaram o Sol como ele realmente é – uma esfera de plasma quente e cam-pos magnéticos tecidos numa malha intrincada.”Cada uma das sondas STEREO fotografa metade da estrela e envia as imagens para a Terra. Os cientistas então combinam as duas imagens para criar uma esfera.

Mas as fotografias não são apenas imagens comuns. Os telescópios da missão STEREO são ajustados para capturar quatro com-primentos de onda da radiação ultravioleta extrema, seleccionados para rastrear os prin-cipais aspectos da actividade solar, tais como erupções, tsunamis solares e filamentos mag-néticos.

Fonte: www.inovacaotecnologica.com.br

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nuances musicais – 37do mundo

Música e Religião

VFlorentino Franco

Todas as religiões usam esta arte nos seus cultos

Para além da prática cultural, ou da edu-cação proveniente de antepassados, a

religião integra factores artísticos, que, ao longo dos tempos são um sinal inequívoco da necessidade de louvar através da beleza.A sempre conveniente frase “Cantar é rezar duas vezes”, atribuída a Santo Agostinho, expressa bem a espiritualidade existente na forma de orar cantando. Todas as religiões utilizam esta vertente ar-tística nas práticas de culto, sendo que, ao longo dos anos a adaptação à realidade quo-tidiana, em paralelismo com a música profa-na, levou a que se criassem distanciamentos relativamente à “clássica” música sacra.A tradição que argumenta uma profundida-de, pureza e realidade transcendente, está presente no canto gregoriano criado pelo papa S. Gregório Magno (590 a 604), que foi durante séculos a fórmula perfeita de orar cantando, aplicada em todos os rituais e acolhida em várias religiões. É imperativo relembrar também a herança da música instrumental barroca, paralelamente com os corais, que são uma extraordinária referência da composição com vista à prática do culto religioso. O período clássico é igualmente rico em obras como as de Beethoven, Berlioz e Mozart. Na actualidade, tal como outrora, o canto religioso é adaptado a várias situações e factores culturais que deformam por vezes as raízes da criação musical clássica, e num ponto mais radical ocultam a oportunidade litúrgica das peças. A filantropia está cada vez mais presente como argumento de lou-vor a Deus, muito necessária para abraçar a sociedade em prol da religião.A introdução de instrumentos improváveis nas composições, a criação de gestos e co-reografias a acompanhar as músicas durante os actos religiosos, são um sinal de que, o que é agradável aos homens, é agradável a Deus, sempre que seja criado com sabedo-ria, aplicado com dignidade num exercício de louvor e comunhão. Resta-nos esperar que haja sempre a abertura das autoridades morais para que a religião, neste caso a cató-lica, continue a acompanhar e a agregar to-da a beleza artística que floresce nos artistas actuais.

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Page 38: A folha dos Valentes

38 – cuidar de sido bem-estar

O Vírus do Papiloma Humano

VJoão Moura

O vírus responsável pelo cancro que mata mais mulheres jovens

No mês de Março, em que se celebra o Dia Mundial da Mulher, deixo-vos um pequeno artigo de revisão sobre o vírus responsável pelo

cancro que mata mais mulheres em idades jovens.O Vírus do Papiloma Humano (HPV) é transmitido por contacto sexual podendo infectar qualquer tipo de pessoa.As infecções por HPV são muito comuns, mas a maioria dos indivíduos afectados não apresenta sintomas, no entanto, a presença de papilomas ou de verrugas genitais sugere infecção por HPV não oncogénicos.O HPV pertence à família dos Papovavírus, tendo sido encontrados mais de 120 tipos. Apenas as estirpes de HPV de alto risco/oncogénicas (tipo 16, 18, 31, 33) podem causar lesões capazes de induzir o desenvolvi-mento do carcinoma do colo do útero. Geralmente uma infecção por HPV não leva ao desenvolvimento de cancro. No entanto, 99% das mu-lheres que têm cancro do colo uterino estão infectadas por estirpes de HPV de alto risco. O HPV é facilmente transmitido por contacto sexual e por via materno fetal.Apesar de nada se saber acerca da viabilidade do vírus fora do organis-mo, considera-se a transmissão por via não sexual apenas viável durante curtos períodos de tempo. O período de incubação, desde a infecção até ao desenvolvimento de doença, não é muito bem conhecido, embora estudos sugiram uma média de 3 meses, desde que existam as con-dições propícias para o seu desenvolvimento. Na maioria das vezes o desenvolvimento está relacionado com a competência imunológica de cada indivíduo e a carga viral no local da infecção.Normalmente uma infecção por HPV é assintomática, podendo surgir apenas comichão, algum ardor ou corrimento anormal. As infecções por HPV podem-se manifestar de três formas distintas, latente, subclínica e clínica, dependendo de quão desenvolvida e específica é a sintomato-logia.O tratamento das infecções por HPV depende de diversos factores como a idade, o local e o número de lesões e o estado de saúde geral da mu-lher. É feito com recurso a terapêutica cirúrgica ou medicamentosa e é muito importante o acompanhamento médico e uma vigilância assídua mesmo no pós-tratamento.No caso de estar perante um carcinoma do colo do útero, o acompanha-mento médico é especialmente importante, uma vez que os tratamen-tos aplicados são mais específicos e rigorosos. No tratamento desta neo-plasia estão indicadas terapias multidisciplinares envolvendo a Cirurgia, a Radioterapia e a Quimioterapia. A prevenção faz-se com atitudes, como higiene cuidada, visitas regula-res ao médico e hábitos sexuais salutares. Existem ainda os co-factores de risco que convém evitar, como os hábitos tabágicos, uso de contra-ceptivos orais, presença de doenças venéreas, deficiências nutricionais.A vacinação, incluida no PNV desde Setembro de 2008, está indicada para todas as jovens com idades entre os 10 e os 13 anos. Já o rastreio, vulgo Papanicolau, é aconselhado a todas as mulheres entre os 25 e os 64 anos. Trata-se de um simples exame ginecológico que pode ser realizado, gratuitamente, anual ao início, passando a trianual após dois resultados negativos consecutivos.Vale a pena estar atento, vacinar-se e passar a palavra. Pode fazer toda a diferença!

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Page 39: A folha dos Valentes

dentro de ti – 39do bem-estar

O divertimento

VCosta Jorge

Faz bem e é uma válvula de escape indispensável

“contra-indicações”do divertimento

O conceito de divertimento assume significados diversos, conforme as pessoas. Umas diver-

tem-se ouvindo música, outras vendo um filme; umas indo ao futebol, outras lendo um livro. O que há de comum em todas as formas de divertimento é quebrar a monotonia ou a rotina da vida. Faz bem e é uma válvula de escape indispensável.Divertir-se significa, inserir-se numa dimensão que tem algo de extraordinário, de irrepetível, de sem-pre diferente, de misterioso, de novo.O ser humano é constituído por um sistema ner-voso e por um cérebro, que estão sujeitos ao fenó-meno da saturação. Para que sintamos prazer em alguma coisa, é preciso que essa coisa ou aconte-cimento, evoque, inconscientemente, algum traço positivo, em geral ligado à recordação de um jogo, que ficou gravado na nossa mente desde a infân-cia. Uma criança que fez a experiência do jogo, do divertimento, do riso, torna-se, em geral, um adul-to capaz de se divertir. Mas uma criança que tenha jogado pouco, terá maiores dificuldades, quando atingir a idade adulta.

1. A procura obsessiva do divertimento é sintoma de algo que não está bem na perso-nalidade. Talvez seja uma fuga às responsabi-lidades ou um modo de escapar ao sofrimento que a vida do dia nos inflige.2. A total passividade com que é vivido o divertimento. O exemplo mais flagrante é o dos jovens e adolescentes que passam horas diante do computador ou do televisor a vive-rem situações virtuais, abstractas e às vezes doentias.3. A idealização de que está revestida a gran-de parte dos divertimentos levam a um mun-do irreal e a realidade aparece cada vez mais frustrante.4. O excesso da competição no divertimento pode ser negativo e terminar, por vezes na violência.

Apesar de tudo, divirtam-se e lembrem-se que o divertimento é terapêutico, liberta e dá saúde!

O saber sorrir, saber divertir-se, torna-se para o adulto uma capacidade, uma arma, com que po-derá enfrentar melhor as dificuldades e vicissitu-des da vida. O divertimento é uma actividade im-portante e benéfica, tanto para o aspecto físico da pessoa como para o aspecto psíquico, porque dá a possibilidade de descarregar as tensões acumu-ladas durante o dia, as frustrações, as desilusões sofridas.

No entanto, e como tudo, o divertimento também apresenta algumas “contra-indicações”:

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Page 40: A folha dos Valentes

O sonho é meu!

40 – mão amigado bem-estar

VEduardo Maia

À descobreta do verdadeiro sonho de uma criança

Eu, Adérito Gomes Barbosa, presidente da ALVD, e Eduardo Maia, voluntário ALVD, recebemos na paróquia da Boavista, no Porto, um senhor de uma conceituada marca de automóveis deste país. Este, além de mostrar disponibilidade para colaborar com a ALVD, contou-nos a seguinte história escrita pelo voluntário.

O Pedro é casado com a Mariana constituindo um casal feliz, ambos com empregos perfei-

tamente estáveis e completamente integrados no meio onde se movem.A Mariana dá catequese na paróquia e o Pedro tem uma rede social muito activa e participativa em algumas causas de carácter humanitário.Na procura quotidiana da felicidade e na impossi-bilidade de terem filhos, inscreveram-se num pro-cesso de adopção, para assim darem ainda mais alegria ao seu coração e poderem partilhar o seu amor com uma criança.Todos os anos têm procurado partilhar a sua dis-ponibilidade com uma Associação diferente, a última das quais foi a APPC, uma instituição que se dedica a apoiar crianças em estado terminal ou com problemas extremamente graves.A APPC escolhe uma criança que o casal apoia em várias actividades. Procura-se que, com esse apoio, ela seja mais feliz; que o pouco tempo que muitas vezes lhe resta de vida seja melhor, mais bonito e principalmente que a criança possa realizar o seu sonho.Assim, a este casal foi concedida a oportunidade de apoiar uma criança, o João, cujo passado era carregado de algumas fatalidades como ser filho de uma prostituta e de um alcoólico, desde muito novo ser obrigado a tomar conta de irmãos mais novos e por último ter-lhe sido diagnosticado um tumor no sistema linfático.Visitar a Euro Disney era o grande sonho do João, sonho este que o Pedro e a Mariana, quando sou-beram, acharam tão vulgar e normal para uma criança daquela idade que não se resignaram simplesmente a realizar o óbvio e fácil para eles, ou seja levar o João à Euro Disney. O casal partiu à descoberta do verdadeiro sonho desta criança que poderia ser ainda mais simples de concretizar mas que lhe daria uma felicidade e uma realização maior e assim tentaram de variadas formas sondar e descobrir qual era o seu profundo desejo.O passado desta criança inibia-a e dificultava bastante a relação com o próximo. Mas como era extraordinariamente inteligente, interessado na

aprendizagem e gostava da escola, o casal tentou que a professora a ajudasse na descoberta do seu verdadeiro sonho.A professora mostrou-se disposta a colaborar e montou uma estratégia para descobrir o tal sonho que calava bem fundo através de redacções sobre vários temas. No dia em que a professora pediu aos alunos que elaborassem uma redacção sobre o sonho de cada um e passado algum tempo da aula ter começado, foi surpreendida com a inter-pelação do menino da nossa história que se levan-tou e disse: “Deixe-me em paz, o sonho é meu…” Entretanto o casal foi conversando e interagindo com o João e um dia, após várias visitas, percebeu que ele tinha um gosto especial por tacos de gol-fe. Quando se apercebeu disso, o Pedro comprou uns tacos e uma bolas de uma marca conceituada, aprendeu a jogar minigolfe para ensinar o João e assim descobriu que o verdadeiro sonho dele era jogar minigolfe.Às vezes um desejo tão simples, tantas vezes re-primido, leva-nos a desconfiar dos outros e impe-de-nos de partilhar os nossos anseios e os nossos sonhos…

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da juventude

Bem-aventurados

VCatarina Ferreira

Reconhecemos Jesus naqueles doentesjd-Açores – 41

No dia 30 de Janeiro, em seguimento do Evangelho das Bem Aventuranças, nós em

grupo quisermos estar em contacto com o projec-to de felicidade que Jesus nos apresentava durante as missas daquele fim de semana. Bem aventura-do é aquele que deposita toda a sua confiança em Deus e age conforme o Espírito lhe fala. Pois bem, nada melhor que nos juntarmos para fazer outros mais felizes. Decidimos passar uma tarde com doentes de foro mental na Casa de Saúde de São Miguel, ou, melhor dizendo, na Casa de São João de Deus. Levámos na bagagem muito para partilhar, bolos, salgadinhos e até a as malassadas tao propícias desta altura do ano não faltaram, e “cigarrinhos” que era como os senhores nos pediam. Foi bonita ver toda a vontade de se deliciarem com

os “docinhos”, mas principalmente deliciarem-se com a vontade de conviver com caras novas e di-ferentes. Cantámos, dançámos, demos de comer, demos as mãos, demos abraços mas acima de tu-do demos o nosso coração. Foi bonito reconhecer Jesus naqueles doentes, foi ver o olhar de Jesus naqueles olhares ternurentos, foi sentir o toque da mão de Deus naquelas mãos que nos apertavam.Naquele domingo sentiu-se que se subia à monta-nha e simplesmente se estava com Deus!Quem diz que eles são os que não são normais?Nós é que não somos normais quando não valori-zamos os afectos, quando não valorizamos aquilo que temos diante dos que tão pouco têm, nós é que não somos normais quando trocamos a ale-gria de partilharmos o que temos e somos por um domingo deitados no sofá a ver televisão... Ainda

bem que nos conseguimos aperceber de que um Cristo é aquele que age de modo diferente!Até podemos dizer que Deus se basta a Si mesmo e é plenamente verdade, mas, apesar de Ele se bastar a Si pró-prio, prefere contar comigo e contigo!Ele conta muito connosco! Vamos viver não pelo que temos, mas pelo que somos e vivamos por Cristo, com Cristo e em Cristo!Vamos tentar ser normais...

Naquele domingo,sentiu-se que se

subia à montanhae simplesmente

se estava com Deus!

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42 – jd- Lisboada juventude

Sintonizados

VNuno Pacheco

Um dom de DeusRecomeçar de actividades

Com o terminar do mês passado, em que se celebrou o dia da amizade, entrámos

agora num outro em que se celebra um outro grande dom: a mulher. É interessante ver como no relato da criação, que nos aparece no livro do Génesis, a obra mais perfeita da criação, o ser humano, só está completada quando Deus cria a mulher. A mulher foi um dom de Deus para a vida do homem e este tem como primeira responsabilidade amá-la e acolhê-la sob a sua protecção.Este dia internacional da mulher vem lembrar a todos a importância que ela tem no mundo, papel que nem sempre lhe é reconhecido. A mulher, pela sua fragilidade, muitas vezes é usada e abusada por gente que vê nela um simples meio para alcançar certos fins egoístas. Todos nós nascemos de uma mulher e chamamos a uma por mãe. Toda a vida de uma mulher pode ser traduzida pelas palavras “entrega” e “amor”, e elas mais do que ninguém vivem a radicalidade que tais con-ceitos implicam. Na entrega, muitas vezes silenciosa, ao seu trabalho, cuidar da casa, do marido, dos filhos…, manifestam de forma bem visível a grandeza do seu amor. Este mês traz uma boa oportunidade para darmos um pouco mais de atenção às mulheres que estão ao nosso lado e de lhes mostrarmos o quanto somos gratos pela sua existência. Não precisamos ir muito longe para o fazer: um gesto simpático para com a nossa mãe, uma palavra carinhosa a uma amiga, uma maior atenção à sua presença no meio dos nossos grupos de jovens.

Agenda: neste mês de Março a JD Lisboa rea-liza uma série de actividades com e para os jo-vens. Entre os dias 4 e 6, realiza-se em Alfragide o Encontro dos Secretariados da JD, onde se irá tratar, entre outros assuntos, da programa-ção do Festival Nacional. Para o dia 13, temos marcada uma Tarde Dehoniana, em Alfragide, e para o dia 20, o I Retiro da Quaresma para lei-gos, orientado pelo Superior da Comunidade, P.e Manuel Barbosa.

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jd-Madeira – 43da juventude

Romagens a São Jorge

VAndré Teixeira

A JD - Porto e A Folha dos Valentes, todo mês de Janeiro

A JD Madeira foi convidada, em semelhança a anos anteriores, a participar nas Romagens

em São Jorge, pela ocasião da Festa de S. Antão e Santo Amaro. Uma vez mais levamos as músicas usadas no Cantar dos Reis para participar numa grande festa característica daquele lugar. Após a Romagem pela Igreja, simbolizando também a forma como os Reis chegaram perto de Jesus pela primeira vez, fomos recebidos pelo Pe. Abraão e pela já sua conhecida simpatia, que nos deu o Jesus Menino a beijar e entregou uma pequena lembrança do dia. Mas, para quem pensa que a festa acabava por aqui muito se engana… Lá

fora estava um grande “banquete” e ao estilo da JD Madeira lá fomos alguns dos impulsionadores daquela que foi uma grande festa, com música, animação, comes e bebes, e a já tradicional pon-cha madeirense. Foi óptimo sentir toda aquela alegria em torno de toda uma festa onde a nossa presença é já conhecida pela comunidade: “Olha, aqueles são os jovens Dehonianos …”.“Rumámos” a casa já com a cabeça no Festival Regional da Canção que está em preparação e na participação no Encontro Nacional. Sabemos que, na Camacha e em São Gonçalo já se preparam canções, agora é esperar até ao dia!

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Page 44: A folha dos Valentes

44 – jd-Portoda juventude

Dinâmicas para ser +Formação com 80 participantes no Candal

Sónia Galinha e António Mateusna orientação de um workshop

A palavra dinâmica vem do grego dynamis que significa força, energia, acção. E sendo esta uma formação para animadores como, catequistas, orientadores de grupos de jo-vens etc., foi exactamente através disso que se pretendeu, numa dinâmica de grupos, desinibir as capacidades de comunicação de modo a criar novas relações, bem como o aprender através da troca de opiniões e ex-periências, para atingir então uma dinâmica de grupo através da partilha de dinâmicas pessoais. Apreendemos então que, para dinamizar temos de ser dinâmicos, ter auto-conheci-mento, capacidade de liderança, e temos de nos sentir bem connosco mesmos e sermos os primeiros a ter consciência dos nossos defeitos e das nossas virtudes.A seguir à missa dominical, prosseguiu-se a segunda parte da formação, onde obti-vemos um aprofundamento do sentido de dinâmica e da forma como esta deveria ser aplicada nas diferentes áreas de animação.

Foi no passado dia 20 de Fevereiro que a Jd-Porto se reuniu para mais uma formação, desta vez na igreja paroquial do Candal e com o tema “Dinâmicas para ser +” (mais).

A “dinâmica” iniciou-se logo com um misturar de grupos que vieram desde a Torreira – Aveiro, pas-sando por Lordelo, Gandra, Melres, Amarante e Canidelo até ao acolhimento por parte do grupo do Candal a quem desde já agradecemos a amabi-lidade e o carinho com que nos receberam.“É importante escrever, temos de escrever” foram as palavras iniciais do Dr. Jacinto Jardim, orienta-dor do curso, e que sustentariam toda a base da formação ainda que fosse difícil captar tudo a tem-po de escrever. Mas as ideias iam-se alinhando nos papéis e cada vez mais na nossa cabeça.

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jd-Porto – 45da juventude

VRita Resende

A tarde, por sua vez, desenrolou-se por entre o almoço partilhado, a animação tradicional Dehoniana e os cânticos do costume. Deu-se a prática de algumas dinâmicas, entre as quais fomos desafiados a praticar uma dinâmica tran-quila, porque como nos foi ensinado, para ser dinâmico e ter uma vida dinâmica, é preciso por vezes parar, descansar, reflectir, para depois voltar a dinamizar. E assim, fomos convidados a fechar os olhos e a meditar por uns instan-tes… porque como alguém disse, por vezes, as perguntas são mais importantes do que as respostas.

A formação encerrou-se não com o lanche, mas com uma dinâmica in-trospectiva acerca de nós mesmos, e é curioso dizer-vos que começamos com a construção de um barco que foi perdendo a proa, o leme e a haste, para se tornar numa camisola que nos motiva, de alguma maneira e a todos nós de maneira diferente, a ser +.

Desenho de Ricardo Jordão, do Grupo Catequese de Jo-vens Fermento, de Lordelo, feito como avaliação do CFA Ser +.

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DEHUMOR

» JD — NacionalMarço04-06 − Encontro Nacional de Secretariados, em Alfragide.

» JD — MadeiraMarço12-13 − Retiro de Compromissos.

» JD — LisboaMarço13 − Tarde Dehoniana, em Alfragide.20 − Retiro para Leigos, em Alfragide.

» JD — PortoMarço06 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso08 − Passeio de Carnaval.13 − Família Dehoniana do Porto, no ABC.Abril02 − Festival JD-Porto, no Seminário Pe Dehon.03 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso 10 − Retiro de Compromissos.

O Padre Dehon dizia que a cruz é que dá

beleza à vida...

14 de Junho – Retiro dos Leigos – Alfragide18 de Junho – Vigília do Coração de Jesus19 de Junho – Festa do Coração de Jesus

(Padre Dehon)“A cruz é a nossa vida.”

46 – agendada juventude

VPaulo Vieira

toma nota e participa!

Família Dehoniana – Porto

Encontro no ABC(R. Ernesto Fonseca, 232 – Rio Tinto)

Todos estais convidados: Leitores da AFV; Ex-alunos; Ex-SCJ; Religiosos SCJ; Juventude Dehoniana; Companhia

Mnissionária, Grupos Missionários; ALVD; Benfeitores; MAMCJ; Casais e Famílias; Amigos...

Está a chegar a hora

do FESTIVAL jd INFORMA-TE no teu Centro e

PARTICIPA!O tema do ano é o mote! »

Cantando se crescee se evangeliza!

SEMPRE -1.ª quinta-feira do mês!21h00 - Seminário P.e Dehon

13 de Marçodia de partilha e de convívio

11h00 – Chegada, acolhimento... 11h30 – Eucaristia 12h30 – Almoço patilhado (levar farnel). – Tarde lúdicaPara informaçõesou confirmação da presença:

Centro Dehoniano – 226 174 765 [email protected]

toma nota e participa!

Porto

SEMPRE -3.ª quarta-feira do mês!21h00 - Colégio MissionárioFunchal

De facto a cruz dehoniana é muito

bonita!Arranjas-me uma?

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passatempos – 47tempo livre

tem piada curiosidades

VPaulo Cruz

Soluções de Fevereiro1. Coelhos e galinhas: São 9 coelhos e 17 galinhas. 2. Caçadores: 13x12=156 caçadores.

os fios do papagaioNuma loja de animais, um homem vê um papagaio com um fio vermelho atado à pata esquerda e um fio verde atado à pata direita. Pergunta ao dono da loja o significado dos fios.– Este é um bicho muito bem treinado – explica o dono. – Se puxar o fio vermelho, ele fala francês; se puxar o fio verde, fala espanhol.– E o que é que acontece se eu puxar os dois ao mes-mo tempo? – pergunta o sujeito, curioso.– Caio do poleiro, palerma! – guincha o papagaio.

nascer no AlentejoUm turista de visita ao Alentejo pergunta a um alen-tejano:

– 15% das aves canoras modificam a sua forma de cantar quando habitam nas cidades, revela um estu-do elaborado na Universidade de Leiden, Holanda.Em comparação com os espécimes que vivem na flo-resta, as aves “citadinas” cantam temas mais curtos, acelerados e fazem-no numa frequência mais alta.A rápida urbanização da paisagem e o subsequente aumento do ruído ambiente revelaram-se proble-máticos para animais que usam o som como forma de comunicação. Isto é especialmente importante

canto das aves

quebra-cabeças

1. Ao longo dos séculos, muitos foram os poetas que imor-talizaram esta figura, depois da trágica história de amor vivida com o Infante D. Pedro. De quem se trata? a) D. Inês de Castro b) D. Isabel de Aragão c) D. Constança2. Rei-poeta, subiu ao trono em 1279. Foi o fundador da Universidade em Portugal, criando-a em Lisboa em 1290. Trata-se de: a) D. Afonso Henriques b) D. Dinis c) D. Sebastião3. Regente de Portugal, viu voltar-se contra si a ira do povo, durante a revolução de 1383. Trata-se de: a) D. Maria I b) D. Teresa c) D. Leonor Teles4. Foi o fundador e o primeiro rei de Portugal. Falamos de: a) D. Afonso Henriques b) D. João I c) D. Duarte5. Frade franciscano e santo dos mais populares em Portugal, nasceu em Lisboa no primeiro século da nossa nacionalidade, mas foi em Pádua (Itália) que morreu. De quem falamos? a) São Vicente b) São Francisco c) Santo António6. Esposa do rei D. Dinis, a tradição associa o seu nome ao “milagre das rosas”. De quem se trata? a) D. Isabel de Aragão b) D. Inês de Castro c) D. Leonor Teles

figuras dos Séculos XII-XIV

ir para o CéuUm padre vai a um bar e pergunta ao primeiro homem que encontra:

para os pássaros já que o ruído das grandes urbes pode sobrepor-se à troca vital de informações que permite aos machos atrair as fêmeas.Para além de utilizar um vasto espectro de frequências, podendo ajustar o seu canto ao ambiente circundante, o chapim-real tem ainda a capacidade de “apanhar” novas canções dos “vizinhos” quando se muda para novas paragens.

mafioso– Pai, chamaram-me “ma-fioso” na escola.– Não te preocupes, filho. Amanhã já trato disso.– Está bem, pai. Mas faz com que pareça um aci-dente.

– Ó amigo, já nasceu aqui algum grande homem?Intrigado, o alentejano res-ponde-lhe:– Nã, senhori, aqui só nas-cem crianças!

– Queres ir para o céu? O homem responde afirmati-vamente. – Então, põe-te deste lado, meu filho. O padre faz a mesma pergun-ta a outro homem: – Queres ir para o céu?– Claro – responde o segundo homem, que se junta ao pri-

meiro. O padre aproxima-se de um terceiro homem e per-gunta-lhe:– Queres ir para o céu?– Não, padre.– Queres dizer que, quando morreres, não queres ir para o céu?– Ah! Quando morrer! – exclama o homem. – Pensei que estava a arranjar um grupo para partir já.

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“Tantas vezes o Homem faz da sua vida um naufrágio, com a bóia mesmo ao seu alcance”

Foto de Marco Costa

“Tantas vezes o Homem faz da sua vida um naufrágio, com a bóia mesmo ao seu alcance”

Foto de Marco Costa

“Matilde em acção”.Foto de Graciela Vieira

Ubuntu – Afinal havia outra “versão”: Vinho! O P.e Adérito Barbosa, que escreve-ra, em Janeiro, um artigo sobre o Ubuntu sul-africano, recebe, do casal Maia, uma garrafa de vinho do Douro com o mesmo nome.

Foto AFV.

“Estacionamento de longa duração” numa rua do Porto.Foto de Ângelo Pereira

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