a folha dos valentes

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03.alerta - Não tenhais MEDO! 06.sal da terra - Primeiro de MAIO 10.fd - Casamento e FAMÍLIA 12.memórias - P. e Luís CELATO 20.doses de saber - Explicação de SI 22.missãopress - João Paulo II MISSIONÁRIO 30.reflexo - João Paulo II MODELO 32.da fé - A RESSURREIÇÃO do Senhor 36 .novos mundos - NUVEM artificial 38 .cuidar de si - Enfarte de MIOCÁRDIO 42.da juventde - JD-Lisboa em FESTA 46.agenda - Encontro Nac. JD-ALFRAGIDE Não tenhais medo! Não tenhais medo! V al en es PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 404 Maio 2011 ANO XXXV a folha dos

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Maio de 2011

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Page 1: A folha dos Valentes

03.alerta-Não tenhais MEDO! 06.sal da terra-Primeiro de MAIO 10.fd-Casamento e FAMÍLIA12.memórias-P.e Luís CELATO 20.doses de saber-Explicação de SI 22.missãopress-João Paulo II MISSIONÁRIO30.reflexo-João Paulo II MODELO32.da fé-A RESSURREIÇÃO do Senhor36.novos mundos-NUVEM artificial38.cuidar de si-Enfarte de MIOCÁRDIO42.da juventde-JD-Lisboa em FESTA46.agenda-Encontro Nac. JD-ALFRAGIDE

Não tenhais medo!Não tenhais medo!

Valen esPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA404

Maio 2011ANO XXXV

a folha dos

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Page 2: A folha dos Valentes

03 > alerta! > Não tenhais medo!

04 > digo eu... > Dos nossos leitores

05 > recortes > Devaneios

06 > sal da terra > O Primeiro de Maio

07 > cantinho poético > Sou de mais alguém

http://www.dehonianos.org/valentes/index.html.http://www.dehonianos.org/juventude/http://www.facebook.com.http://valentes.hi5.com

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > missões dehonianas > Dehonianos no Mundo

10 > entre nós > Casamento e Família

11 > com dehon > Prioridades

12 > memórias > Recordando o padre Luís Celato

14 > comunidades > Casa do Sagrado Coração

dos conteúdos

15 > onde moras? > A mulher do SIM

16 > vinde e vereis > A conversão da inteligência

17 > palavra de vida > De coração ardente

18 > pedras vivas > Godim – leigos, sacerdotes do Mundo

20 > doses de saber > Conhecimento e explicação de si

22 > Pastoral > João Paulo II, Missionário

24 > espaço escola > Cultivar o bem-estar (II)

26 > leituras > O Eros e a beleza

28 > sobre a bíblia > O Evangelho de São Marcos

30 > reflexo > João Paulo II, modelo e intercessor

32 > sobre a fé > A ressurreição do Senhor

do mundo

34 > planeta jovem > Vamos fazer uma música?

35 > outro ângulo > “O que faz falta é animar a malta”

36 > novos mundos > Nuvem artificial

37 > nuances musicais > Ao Vivo ou em play-back?

do bem-estar

38 > cuidar de si > O conhecimento salva vidas

39 > dentro de ti > Tens de ser é perfeito!

da juventude

40 > antigos alunos > Momento mágico

41 > jd-açores > Lausperene e Via-Sacra

42 > jd-lisboa > A JD-Lisboa, em festa!

44 > jd-porto > A raiz de tudo no coração

46 > agenda > Vai acontecer em breve....

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > A reter...

da família dehoniana

sumário:

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo (cheque ou vale) para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

ou faça transferência bancária para:NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)

FICHA TÉCNICADirector: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Carlos Oliveira, Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Alcindo Sousa (Madagáscar), Nuno Pacheco (Lisboa), Pedro Coutinho (Índia).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, André Teixeira, António Augusto, Armando Baptista, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Moura, José Agostinho, José Armando Silva, José Eduardo Franco, Juan Noite, Madalena Rubalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Nélio Gouveia, Octávio Carmo, Olinda Silva, Paulo Alexandre, Paulo Rocha, Rui Moreira, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: João Chaves, Inês Pinto, Tony Neves, Pedro Ferreira, Fernando Fonseca, Jorge Robalinho, Rita Resende, Octávia Medeiros, Luís Cravo.

Fotografia: Nélio Gouveia, Paulo Vieira, Sónia Gonçalves, Inês Pinto.Capa: Estátua de João Paulo II em Cracóvia, foto de David Norte, Agosto de 2008.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress S. A. - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro DehonianoAv. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

35anosSEMPREno CORAÇÃOSEMPREJOVEM

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Page 3: A folha dos Valentes

alerta! – 03 da actualidade

Não tenhais medo!

VPaulo Vieira

“Não tenhais medo! Abri, melhor, escancarai as por-tas a Cristo! Ao Seu poder salvífico! Abri os confins dos Estados, os sistemas económicos como também os po-líticos, os vastos campos da cultura, da civilização e do desenvolvimento. Não tenhais medo!”

Estas palavras fazem parte da primeira celebração pú-blica do papa João Paulo II, no dia 22 de Outubro de 1978, seis dias depois de ter sido eleito papa. Quem as ouviu na altura e acompanhou todo o percurso de vida do grande homem de Deus que ele foi não pode não emocionar-se e dar graças a Deus pelo bom pastor que nos concedeu. Passaram seis anos da sua partida para a casa do Pai, ainda ecoam nos nossos ouvidos e nos nossos corações as suas palavras cheias de energia e de fé. Eis que a Igreja nos apresenta, agora, João Paulo II como modelo de fé e como intercessor: beato – bem-aventurado!Precisamos, agora como nunca, de responder ao seu pedido feito com humildade e confiança, como ele pró-prio disse. “Não tenhais medo!”Estas palavras aparecem várias vezes na presente edição de A Folha dos Valentes a propósito da beatificação do nosso querido papa João Paulo II, mas assentam bem também no contexto da alegria pascal de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte. O cristão não devia, de facto, ter medo, a não ser, como dizia o Padre Dehon, de pecar ou de se afastar de Deus. Mas mesmo aí deve rei-nar a confiança na misericórdia de Deus que incentive ao “regresso” pela conversão.Num tempo em que nos preocupam as incertezas em relação ao futuro, provocada pelos problemas do Mundo, pelos movimentos sociais extremistas, pela secularização feroz, pela indiferença apática, pela nega-ção dos valores, pela crise… tem de voltar a ressoar o “não tenhais medo”!Tem de voltar a ressoar um “não tenhais medo” que nos leve verdadeiramente a confiar em Deus e a buscar, com sabedoria e diligência, as soluções para os males que enfermam a nossa vida pessoal, familiar, comunitária, eclesial, social e humana!Não tenhais medo!

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Page 4: A folha dos Valentes

VPaulo Vieira

04 – digo eu... da actualidade

Dos nossos le itores

ATENÇÃO!Agradecemos aos nossos leitores as ofertas que nos têm enviado e de que a nossa publicação tanto necessita. Lembramos novamente de que não devem enviar dinheiro “vivo” em correspondência normal (é proibido por lei!). Na página 2 (no fundo, à esquerda), vai sempre a indicação de como nos podem ajudar: por vale, cheque (em nome de Centro Dehoniano), ou transferência para o NIB indicado! Obrigado!

Olá amigos Valentes,Venho por este meio enviar uma comparticipação (…).Nos dias que correm, são abundantes as notícias sobre a crise e as dificuldades que aí vêm e é nesta A Folha dos Valentes que podemos ir buscar algum conforto e esperança.Continuem a fazer um bom trabalho quer com a revista, quer com todas as obras dehonianas.Um bem-hajam! Saudações valentes!André Corte – Ribeira Brava

Boa tarde caros Amigos!Gostaria de congratular-vos pelo exce-lente trabalho que ao longo destes anos têm oferecido.Esta revista é excelente e ajuda-me a enfrentar as adversidades da vida, ape-sar de nem sempre ser fácil, mas a vossa dedicação, força e resistência são o meu alicerce para continuar.Aproveito para rectificar a minha morada (…) Informo que de igual modo deixei um “pequenino” contributo (…) na espe-rança de que, no decorrer do ano, mais possa contribuirBem-hajam!Raquel Cardoso – Vila Nova de Gaia

Bom dia caros Amigos!Junto envio foto e anexo do com-provativo de transferência bancária para ajudar a revista.Cada vez gosto mais da A Folha dos Valentes. Tem temas interessantes e divertidos.Um abraço.Luís Carvalhais

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Page 5: A folha dos Valentes

recortes do mundo – 05 da actualidade

O Mundo de hoje numa página

VLuís Cravo

Devaneios“Objectivos bem definidos, organização e trabalho”, é o lema de um homem bem-sucedido que ouvi há

meses. Eu preciso de me organizar, de ser orga-nizado todos os dias, desde o armário da roupa à agenda. E para isso terei de organizar o meu tempo. Não dizem verdade os que dizem que quem quer “arranja tempo”. Para arranjar tempo é preciso deixar de ver todo o Telejornal de, hoje em dia, quase 1 hora e meia, sem contar com as reportagens, de limitar as conversas a “OK! Então até amanhã. Tenho de me levantar cedo”, apro-veitar os minutos todos de todas as horas, da ho-ra de almoço para ver a agenda, verificar dados, planear a vida, em ver de os passar a ver e-mails sem graça nenhuma. Que se acumulem… Um dia feriado, de chuva, terei oportunidade de os ver. Em vez de ver as “insignificâncias” que os ou-tros colocam no Facebook. Confissão! Hoje ten-tava explicar à minha mãe o pecado da omissão: “Confesso a Deus todo-poderoso e a vós irmãos, que eu pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, actos e omissões…” Pecamos tanto por omissão! A não atenção para com o outro. O desviar a cara. O dizer: “Há associações para eles… que as procurem.” O dizer: “Desgraçado sou eu; quem precisa de atenção sou eu; para quê me preocupar com as vidinhas dos outros?” O dizer que não se tem tempo, que se está ocu-pado, que “Tenho de salvar o mundo e por isso não te posso acorrer…” Tenho de ter objectivos bem definidos: fumar menos, poupar, poupar, poupar, vou vencer a crise! Sport TV no café? Só quando o Porto vai jogar, diga-se ganhar, e têm sido tantas as vezes!!! Vai ser a festa da Taça da Europa e da Taça de Portugal e depois descansa-se até ao início do campeonato… Mas se o Zé Mourinho ganhar também, também se festejará. Usar o cérebro. Dizem que não o usamos a 50% e com razão. Sinto que o posso usar mais e melhor e desenvolver mais, e ser capaz de escrever um livro em 3 dias como o outro do filme, mas sem drogas. Será que tenho neurónios a hibernar há anos lá dentro? De certeza! O simples facto de abrir o portátil e não ligar logo a Internet, mas sim escrever, actualizar dados pessoais, contas, diários… WORD vs INTERNET!!! 65 fugitivos de uma prisão no Afeganistão. Escavaram um túnel enorme! E os Americanos não deram por nada…

Por que razão os Americanos se interessam tan-to pelo Crescente Fértil… e Norte de África? Há tantos ditadores no Centro da África, Ásia, Sul da América, Centro da América!!! E os Franceses e Ingleses (a Europa a rebentar pelas costuras, chamem-lhe PIIGS – sim a Itália também –, as costuras) fazem os que os Americanos querem. A Alemanha não entra??? Esquisito! Os Finlandeses, os que se matavam qual lemingues (os lemingues não se suicidam mas sim morrem na confusão de tantos empurrões).não gostam de nós. Dizem que não sabemos poupar. Se nós tivéssemos petróleo como eles… Já ninguém fala do Japão. Eles re-solvem com o seu espírito de sacrifício, trabalho, emprenho. Os Haitianos parece continuarem à espera de mais ajuda da Oprah. Os Japoneses constroem superestruturas antiterramoto, os Americanos continuam a construir casinhas de madeira, das da Dorothy do Feiticeiro de Oz, em zonas de tufões… O William vai casar com a Kate, depois com a Sarah, depois com a Laura, depois… e o Berlusconi (milhões de italianos emigraram para a América) juntou-se ao Sarkozy (milhões de franceses pilharam a Europa, a África, a América do Sul e do Norte) contra Schengen. São 8h30, tenho de trabalhar com afinco e empenho em tu-do, mesmo que receba mal e atrasado, empenho sempre… o barco ainda não foi ao fundo e não irá… se Deus quiser. Tenho de organizar os meus encontros com Deus. Ele não deve estar contente comigo por só me lembrar dele à noite, na cama, numa pequena oração… De certeza que quer conviver mais comigo. Preciso de falar com Ele sobre isso. As IPSSs da Igreja ajudam tanta gente que não precisa tanto. Tenho de começar a fazer os meus próprios cigarros…

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Page 6: A folha dos Valentes

06– sal da terrada actualidade

Primeiro de Maio

VPaulo Rocha

Porque o beato João Paulo II viveu assim!

A história do primeiro dia de Maio conta, a partir deste ano, com mais esse acontecimento global

que foi a beatificação do papa João Paulo II. Em to-das as latitudes e em cada ano, o dia 1 deste mês é referência de lutas operárias, de defesa dos direitos dos trabalhadores e de muitas manifestações que os querem colocar na linha da frente do debate social. Uma realidade que mereceu atenção alargada do agora beato João Paulo II, que desde cedo alertou para desacertos no mundo empresarial e económi-co com graves consequências para a humanidade. Afinal, os erros que agora estamos a sentir na pele!Foi também no dia 1 de Maio que João Paulo II reescreveu princípios da Doutrina Social da Igreja que se revelam cada vez mais urgentes quando se procuram soluções para ultrapassar anos de crise em que a sociedade global está mergulhada.Estávamos o ano de 1991. João Paulo II escrevia a sua terceira encíclica social, Centesimus annus, para assinalar o centenário do documento inaugurador da atenção da Igreja ao complexo mundo do traba-lho, das empresas, do desenvolvimento sustentável e da economia. Aconteceu com a encíclica Rerum novarum, de Lexão XIII, em 1891. Depois, muitos outros pontífices afirmaram a prioridade da pessoa diante de todas as propostas de desenvolvimento – afinal, esta a certeza essencial da doutrina social que a Igreja foi propondo às circunstâncias de cada tempo. Entre todas, merece destaque aquela em que se consagra uma afirmação cujo esquecimento se revê no deflagrar de sucessivos conflitos interna-cionais: “o desenvolvimento é o novo nome da paz!”. A frase é do papa Paulo VI e está escrita na encíclica Populorum progressio (de 1967).Há 20 anos, no dia 1 de Maio de 1991, todas estas certezas eram reafirmadas por João Paulo II na Centesimus annus. Deste documento, fixo uma afir-mação, onde se sustenta a defesa da dignidade da pessoa e a construção do bem comum como única via social possível:“É necessário esforçar-se por construir estilos de vida, nos quais a busca do verdadeiro, do belo e do bom, e a comunhão com os outros homens, em ordem ao crescimento comum, sejam os elementos que determinam as opções do consumo, da pou-pança e do investimento” (nº 36).Recordando o papa João Paulo II, procurando sinais de santidade, encontro-os sobretudo nestas afirma-ções. Porque o beato João Paulo II viveu assim!

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Page 7: A folha dos Valentes

Sou de mais alguém

Sou de mais alguémNeste mundo…E no além…Sinto-o cá no fundo.

Que sou eu tambémE liberto neste segundoUm beijo que contémEste amor doce e fecundo.

Para ti…Sou sentimento puroOu luz no meio do escuro!

Sou o que viviOu momentos e históriasSou todas as minhas memórias…

cantinho poético – 07 da actualidade

VJorge Robalinho

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Page 8: A folha dos Valentes

08 – recortes dehonianosda família dehoniana

VManuel Barbosa

Encontro da Europa SCJ Foi em Neustadt, Alemanha, que 35 superiores maiores da Europa e vários delegados estiveram

reunidos para reflectir sobre a espiritualidade dehoniana na Europa.

Vieram da Moldávia, Bielorrússia, Ucrânia, Croácia, Áustria, Alemanha, Polónia, Eslováquia, Finlândia, Suíça, Itália, Ilhas Britânicas, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Espanha e Portugal. Do nosso país, estiveram 4 representantes, incluindo uma leiga, a Eugénia Magalhães. O padre Manuel Barbosa partici-pou como secretário e coordenador da Europa. Foi um encontro para ver como se vive a nossa espiritu-alidade nos variados países da Europa, procurando-se igualmente perceber o que temos em comum e quais os aspectos centrais da espiritualidade dehoniana, tendo em conta as novas e diversas situações que se vivem na Europa.

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

Abril foi preenchido com duas semanas da Quaresma, Semana Santa e primeira semana do Tempo Pascal. Tempos para celebrar a essência da nossa fé cristã e tempos para bem prepa-

rar essas festas: os vários retiros com numerosa participação de leigos nos nossos centros de espiritualidade e seminários do Funchal, Ponta Delgada, Alfragide, Coimbra, Porto e Paredes foram momentos oportunos de renovação das nossas vidas cristãs. Neste mês, destaque ainda para quatro encontros.

Encontro de Sub-10 Importante encontro para os religiosos com menos de 10 anos de profissão perpétua. Sob a coorde-

nação do padre Saturino Gomes, estiveram reunidos em Aveiro no dia 18 de Abril, para reflectir sobre as problemáticas mais específicas nesta fase de formação. O Bispo de Aveiro, D. António Francisco, ajudou-os a reflectir sobre a sua vocação e missão na Igreja e na Congregação.

Encontro de Equipas Também em Aveiro, a 25 de Abril, de-

correu o encontro das Equipas Educadoras e Formadoras dos nossos seminários do Porto (Rio Tinto e Boavista), Funchal, Aveiro, Coimbra e Alfragide, assim como dos que trabalham no Colégio Infante (Funchal) e na pastoral vocacional. Antes da partilha, progra-mação, coordenação e perspectivação deste importante sector das nossas actividades, a irmã salesiana Rosa Maria, psicóloga, reflectiu connosco sobre o que deveria ser uma autên-tica comunidade formadora.

Encontro para Postulantes Foi em Fátima, de 8 a 10 de Abril, este encontro organizado pela Conferência dos Institutos Religiosos

de Portugal (CIRP), sobre a vocação nos Sinópticos. Estiveram presentes os nossos três postulantes, Tiago, Joaquim e Rodrigo, juntamente com o seu mestre padre Ricardo Freire, assim como dois candi-datos ao postulantado.

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Page 9: A folha dos Valentes

missões dehonianas – 09 da família dehoniana

Dehonianos no MundoNo fim de Dezembro de 2010 o total de dehonianos no Mundo era 2204

As Missões encon-tram na espiritua-

lidade do Padre Dehon fundamento e apoio. Quis ele que, em to-do o momento, a sua Congregação fosse mis-sionária de forma muito particular.Com a sua característica de “aproximar-se ao ou-tro”, de abrir-se ao diálo-go com outras culturas e de levar o anúncio da Boa Notícia de Jesus Cristo, as Missões são um elemento essencial no nosso ser e agir dehonianos.Somos 2 204 religiosos (pa-dres e irmãos) trabalhando em 38 países. Como con-gregação, estamos dividi-dos em Províncias, Regiões e Distritos, como formas de administração.

Áustria CroáciaÁfrica do Sul

ArgentinaBrasil Central

Britânico-IrlandesaBrasil do Sul

Brasil do NorteCanadá

ChileCamarões

CongoCúria Geral

Europa FrancófonaHolanda

AlemanhaEspanha

Itália do SulIndonésia

ÍndiaItália do Norte

PortugalMadagáscar

MoçambiqueFilipinasPolónia

Estados UnidosVenezuela

TOTAIS

LEGENDA relativa às PESSOAS:B – Bispos; P – Padres; D – Diáconos; Evp – Estudantes com votos perpétuos; Ivp – Irmãos com votos perpétuos; Evt – Estudantes com votos temporários; Ivt – Irmãos com votos temporários; T – TotaL; N – Noviços.PAÍSES/Províncias

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Page 10: A folha dos Valentes

10 – entre nósda família dehoniana

Casamento e família

Pensamentos do Padre Dehon sobre o casamento e a família

VAdérito Barbosa

. O casamento é instituído e abençoado por Deus. É um dos pontos capitais da constituição da sociedade humana. Nosso Senhor santificou-o

nas Bodas de Caná.

.O matrimónio cria novas relações e novos deve-res: deveres dos esposos entre eles, deveres dos esposos para com os filhos e para com aqueles

que os servem (…). O sacramento do matrimónio representa a união de Nosso Senhor Jesus Cristo com a Sua Igreja. (…) Vós sois os ministros deste sacramento. Os outros sacramentos têm como ministros ordinários ou o bispo ou padre, mas os ministros do sacramento do matrimónio são os próprios noivos. O matrimónio é formado pelo consentimento mútuo. Vós ides, portanto, ser os instrumentos do Espírito Santo. Vós ides ser os representantes de Nosso Senhor.

. O casamento é a união de duas almas em vista a uma amizade eterna. Palavras como aliança, união, sociedade, prometem dar força, alegria e

vantagens ao casamento cristão.

. A família, um dos reflexos da Trindade divina, o lar dos afectos fortes e puros, a vida naquilo que tem de mais suave. A família, um composto por

seres que se acarinham da forma mais legítima: o pai, a mãe e os filhos. Quem diz pátria diz um agrupamento de famílias, procedentes da mesma raça, animados pelos mesmos sentimentos, inspi-rados pela mesma fé, fazendo derivar dos mesmos sentimentos, tanto a coragem como a tristeza e caminhando juntos para os mesmos destinos.

. O pai cristão herda simultaneamente a autoridade e a bondade de Deus. Ele é tão amado quanto honrado. A esposa e a mãe

é verdadeiramente um ser sagrado, da mais viva ternura. Ela é a doce mediadora da paz, a apóstola da caridade.

.É Deus que é o autor do casamento. A união dos vossos corações será, daqui em diante, indissolúvel e a vossa fidelidade inviolável.

. O casamento é o fundamento da família, uma das instituições mais lindas e mais amáveis da Providência divina. A família é

um dos encantos do paraíso terrestre.

.O casamento é a união de duas almas, a amizade no que tem de mais forte, mais ter-no e mais sublime. Os frutos maravilhosos

desta amizade são: a permuta de pensamen-tos, as extravasões do afecto, a participação nas mesmas alegrias, a consolação recíproca na provação, o acordo nos mesmos empre-endimentos. O casamento cristão eleva ainda mais os nossos pensamentos.

.A família cristã é fervorosa e santa. A vossa casa será um lugar de paz e de união. Lá se há-de encontrar uma imagem da paz de

Nazaré e da alegria do céu.

O casamento é instituídoe abençoadopor Deus.

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Page 11: A folha dos Valentes

CRONOLOGIADEHONIANA

história dacongregação

2003 07|Outubro

O P.e Stanislaw Nagy (Polónia) é nomeado arcebispo “ad personam” por João Paulo II. É consagrado bispoa 13-10-2003.

2004 17|Fevereiro

Início da actividade missionária SCJ no Vietname.

2004 12|Agosto

O nome da Província Argentina-Uruguaia é mudado para Província da Argentina.

2004 12|Agosto

Erecção canónica do Distrito do Uruguai, dependente da Província da Argentina.

2005 19|Fevereiro

O P.e Virginio Bressanelli é nomeado bispo de Comodoro Rivadavia. É ordenado Bispo a 13 de Maio.

2005 24|Abril

Era a data da beatificação do Padre Dehon, mas foi adidada pelo falecimento do papa João Paulo II,a 02-04-2005.

À semelhança de Dehon, a sintonia com Deus

com dehon – 11 da família dehoniana

VRui Moreira

ehon, que nos legou a sua espiritualidade e o seu exemplo de vida, almejava a unidade per-

feita com Cristo, pois era essencialmente isso que lhe dava a força necessária para lutar em todos os dias da sua intensa vida.Para Dehon, a sagrada Eucaristia constituía uma verdadeira prioridade. Sentia-a como um verda-deiro acto divino de culto… o mais importante do dia! Não vivia esse momento de forma mecânica ou instintiva. Ao invés, celebrava-o imbuído de um espírito de plenitude, entregando-se por comple-to. Nada o distraía. O momento de acção de graças era vivido com dedicação. Eram longos minutos de sintonia.Por sua vez, os momentos de Adoração Eucarística extasiavam-no. Neles sentia-se unido a Cristo, em perfeita simbiose.Como bem sabemos, Dehon sempre deu uma grande importância às obras, agindo proactiva-mente em prol da sua comunidade e, porque não dizê-lo, do mundo, dada a proliferação das suas missões. Porém, sempre privilegiou a adoração do Santíssimo Sacramento, pois via nela um momen-to de reparação ao Coração de Cristo. Afirmava, até que nenhum trabalho a podia substituir.Ora, o enfoque na acção e na contemplação resu-me bem a espiritualidade que o Fundador deixou a esta grande família, à qual todos nós pertence-mos.Nos dias de hoje, em que a azáfama do trabalho nos absorve, quantas vezes paramos para contem-plar e agradecer? Este mês lançamos o desafio da contemplação, verdadeira prioridade. Almejemos, à semelhança de Dehon, a sintonia com Deus, pois, assim, sere-mos melhores e estaremos mais atentos aos desa-fios que Ele nos lança. Vivamos a Eucaristia como um acto verdadeiro de entrega e contemplemos Deus nos outros e no mundo!

“Enquanto comiam, tomou Jesus o pão e, depois de pronunciar a bênção, partiu-o e deu-o aos Seus discípulos, dizendo: Tomai, comei. Isto é o Meu corpo.”

(Mateus, 26)

O casamento é instituídoe abençoadopor Deus.

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Page 12: A folha dos Valentes

12 – memóriasda família dehoniana

Figura emblemática, homem de criatividade, entusiasmo e capacidades práticas

Recordando o Padre Luís Celato

Nem tudo, nos primórdios da presença dehoniana em Portugal, foi fácil e linear,

não só a nível de obras, mas também de per-sonalidades. É natural que nem todos os reli-giosos enviados da Itália para a obra nascente tivessem um mesmo sentir, parecer e reagir. O voto e virtude da obediência religiosa não excluem a singularidade temperamental e um certo sofrimento, que pode levar ou ao regresso à pátria ou, mesmo, ao abandono da comunidade e seus projectos. É uma si-tuação real, que, numa análise histórica, há que encarar com naturalidade. Daí que, evo-cando as origens, não se deva excluir um dos pioneiros, que acabou por sentir dificuldades de integração, mas, não querendo regressar à Itália nem abandonar a Congregação nem, muito menos, a vida religiosa, pôs-se, durante dez anos, ao serviço da Igreja na diocese do Algarve: o padre Luís Celato.Fez parte, com o padre Miguel Corradini, da, que podemos considerar, terceira leva envia-da da Itália, nos fins de Setembro de 1948, para reforçar a obra em Portugal. O padre Miguel ficou em Lisboa e o padre Celato se-guiu para a Madeira.O Padre Luís Celato era friulano, natural de Collalto, Údine, onde nascera a 12 de Setembro de 1921. Entrou, aos 12 anos, na Casa do Sagrado Coração de Trento, onde uma nota de comportamento já o define como sendo de “carácter vivaz, directo, brin-calhão por vezes em excesso, de inteligência suficiente mas não cultivada, e de uma pie-dade boa”. Ordenado a 27 de Junho de 1948, Portugal seria o seu primeiro campo de tra-balho. Tinha 26 anos de idade quando deixou a Itália, trazendo, na sua bagagem, muito en-tusiasmo, criatividade e capacidades práticas que hão-de fazer dele uma figura emblemá-tica de operosidade e originalidade, mas, por outro lado, de não fácil enquadramento. No parecer dos superiores do Escolasticado para a admissão às Ordens, já emerge, de facto, a agudeza de engenho e um sentido prático muito evoluído, uma grande jovialidade, alia-

da porém a uma certa dificuldade de submissão.O padre Celato revelar-se-á, nos anos que passará entre nós, um homem de grande engenho e de sen-tido prático. Para além de zeloso pastor, colaborando nas tarefas ministeriais que a comunidade lhe con-fiava, era um excelente mecânico. Conseguirá pôr a funcionar o velho automóvel que o bispo da diocese oferecera ao Colégio Missionário e que se tornaria numa relíquia e peça de museu dessa casa-mãe, que as primeiras gerações de seminaristas ainda recordam. Armou também presépios monumentais na capela de São Luís, junto do Largo do Município, presépios que se tornaram célebres em toda a Ilha, contribuindo para publicitar a presença e capacida-de dehonianas.

O Pe. Luís Celato, excelente mecânico, conseguiu pôr a funcionar o velho automóvel que o bispo ofereceu ao Colégio Missionário.

P.e Luís Celato1921-1969

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memórias – 13 da família dehoniana

VJoão Chaves

Em 1952, o padre Celato acom-panhou a Coimbra o primeiro grupo de alunos do Colégio Missionário, que daria início ao Instituto Missionário Sagrado Coração, passando a fazer par-te dessa nova comunidade, na qualidade de vice-reitor, mas sobretudo de ecónomo. A Obra dehoniana em Portugal estava em franca expansão, sentindo-se logo a necessidade de abrir um seminário menor também no Continente. Aveiro foi a cidade e diocese escolhidas, e foi ao padre Celato que se con-fiou o encargo dessa nova fundação: a Casa Sagrado Coração, em Esgueira, aberta em Outubro de 1953. As suas capacidades práticas e de gestão faziam dele a pessoa indicada para esses inícios certa-mente difíceis. Mas foi precisamente nesse árduo trabalho de arro-teamento, que a personalidade do Padre Celato viria a confrontar-se com outras linhas e sensibilidades dos Superiores, nomeadamente em campo administrativo, levando-o ao desencanto e a uma saída da estrutura congregacional para se dedicar à da Igreja diocesana, sem nunca porém abandonar o Instituto em que professara, havia 14 anos. Tinha então 6 anos de sacerdócio.Foi o D. Francisco Rendeiro, então Bispo Coadjutor de Faro e que era natural de Aveiro, a abrir-lhe as portas, convidando-o inicialmente para substituir o pároco de Loulé, momentaneamente ausente, e acabando por confiar-lhe sucessivamente o “Vigário Ajudador” do pároco de São Sebastião de Loulé, uma ficção jurídica de título, que se ajustava à sua condição de não pertença ao clero da diocese, mas que, para os demais efeitos, o equiparava à de pároco dessa paróquia louletana, a que pertencia o Santuário da Mãe Soberana.Os Superiores da Congregação acabaram por aceitar a situação. Não estando integrado nas obras do Instituto, o padre Celato nunca deixará, porém, de manter contactos, inclusive epistolares, com os seus Superiores religiosos, continuando a mandar-lhes regularmente a relação mensal das contas pessoais, zelosamente conservadas no Arquivo Provincial.Debilitado na saúde e desgostoso por algumas situações proble-máticas criadas na paróquia, achou por bem regressar à comu-nidade religiosa, já manifestando essa vontade em carta de 7 de Setembro de 1964 ao Superior Provincial. A destinação de Fanhões – trocar a situação de pároco de cidade pela de coadjutor num ambiente rural no vale de Loures – não o entusiasmou, pelo que só concretizaria o seu regresso, já no governo pastoral de D. Júlio Rebimbas, nos inícios de 1967, quando já fora nomeado pároco de Fanhões e Santo Antão do Tojal. O seu fraco estado de saúde leva-ram o Superior Regional de então a apressar o seu regresso. Trabalharia no novo campo pastoral, plenamente reintegrado no Instituto, por pouco tempo. Faleceria, de facto, a 7 de Maio de 1968, na Casa de Santa Maria do Tojal, Loures, vítima de várias enfermida-des, sendo-lhe fatal uma repetida crise cardíaca.

Morria na idade 47 anos, quando se podia esperar que pudesse tra-balhar ainda tanto na Obra, pela qual deixara a pátria, familiares, colegas e amigos. Seria o primei-ro religioso da dita Obra a falecer. A 3 de Agosto de 1959, havia falecido um postulante, regres-sando de férias a bordo do navio Moçambique e, um ano depois, a 17 de Julho de 1969, faleceria tragicamente na ria de Aveiro, o noviço José Mendonça Belim.A história da Província Dehoniana de Portugal também tem estas páginas, que é justo evocar. Entusiasmos e sofrimentos a fe-cundaram, como a cruz fecunda a vida. O padre Celato foi um exem-plo de como se pode enfrentar problemas sem chegar a soluções extremas. Apesar de momenta-neamente ausente, a Região, que passaria a Província pouco depois do seu regresso, sempre o consi-derou um dos seus, a quem reco-nhece méritos e deve sucessos.

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14 – comunidadesda família dehoniana

O Noviciado Dehoniano em Aveiro

VFernando Fonseca

Casa do Sagrado CoraçãoEm 1953, abriu-se, em Aveiro, a Casa Sagrado Coração de Jesus. Apesar de velha e abandonada, a casa tornou-se habitável, graças ao entusiasmo e dinamismo do Pe Luís Celato. A casa funcionou durante meia dúzia de anos como seminário menor. Os nossos primeiros estudantes faziam o noviciado e os estudos filosófico-teológicos em Itália. Em 1959, iniciou-se o primeiro curso de no-viciado, em Aveiro, na Casa Sagrado Coração de Jesus, sob a orientação do Pe. António Colombi.Nos anos oitenta o velho edifício foi demolido, dando lugar a uma nova construção mais ade-quada aos objectivos do noviciado. É nesta casa onde, sob a orientação do Mestre de Noviços os jovens se preparam para fazerem a consagração da sua vida a Deus. Aí foram formadas suces-sivas gerações de dehonianos portugueses, dezenas de religiosos e sacerdotes, durante mais de cinquenta anos.

Que é o Noviciado? É um tempo privilegiado e in-substituível no itinerário formativo de um religio-so. Trata-se de um período de prova e de formação em que o noviço, ainda que juridicamente não seja religioso, consagrado a Deus, é convidado a procurar viver como tal. É, pois, uma verdadeira iniciação à vida consagrada, realizada através de um caminho experiencial, sob a orientação de um mestre, com o apoio e a inserção na comunidade. Como caminho experiencial, o processo formativo do noviciado envolve toda a pessoa do noviço, uma pessoa concreta oriunda de um ambiente de-

terminado, de um contexto familiar e sociocultural específico, com características e carências pró-prias, chamada, por desígnio especial de Deus, a uma vocação especial, a vida religiosa. É, pois, uma formação personalizada. A partir da sua realidade, o jovem é convidado a construir a própria identi-dade de religioso de acordo com as características do carisma do Fundador e da espiritualidade do Instituto, para bem da Igreja.

É esta a finalidade da Casa do Sagrado Coração de Jesus, em Aveiro, a bela cidade da Ria e do sal.

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VFátima Pires

onde moras – 15dos conteúdos

A mulher do SIM

A Anunciação: “Maria não temas, pois achaste graça diante de Deus. Hás-de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus” (Lc 1, 30--31). Maria escuta, no mais íntimo do seu coração, o apelo de Deus que a chama a ser a mãe de Jesus, ela é a mulher do SIM, ela não duvida, acredita que Deus quer o seu bem e o bem de toda a Humanidade. Que bela missão! O sim dado por Maria permitiu o nascimento de Jesus, ela está atenta aos apelos de Deus, é mulher de oração.A Visitação: “Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha”. Vai apressadamente ao encontro de Santa Isabel, ela sabe que sua prima está preci-sando de ajuda. Ali permanece o tempo necessário. O Nascimento: Chegado o momento, Maria não encontra lugar, ninguém a recebe, assim, Jesus nasce numa pobre gruta de animais, momento muito difícil! Mas ela não vacila na fé, acolhe a vontade de Deus, que se manifesta deste modo.O acompanhamento: Ao longo da vida de Jesus, Maria foi acompanhando o Seu crescimento. Um dia o Mestre foi convi-dado para umas bodas e com Ele foi sua mãe. No meio da agitação e da festa, quando todos comem e bebem, Maria está atenta e preocupa-se com esta famí-lia, pois o vinho está a faltar. Então “a mãe de Jesus disse-lhe ‘não têm vinho!’ ” (Jo 2, 3) e disse aos serventes “fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo. 2, 5). Deu-se o milagre, a água foi transformada em vinho de boa qualidade. Junto à Cruz: Que dor a desta mulher que vê Jesus ser maltratado, morto, cru-cificado entre dois ladrões. Toda a vida de Maria foi uma entrega contínua a Deus e ao Seu Reino. Que ela nos ensine um pouco do seu modo de ser e estar! Que a minha e a tua vida sejam vividas de acor-do com os valores do Evangelho.

Um SIM que marca todos os passos da sua vida

Neste mês de Maio, que dedicamos a Nossa Senhora, convido-te a reflectir sobre alguns passos da Sua vida. Ela viveu numa época e numa cultura muito concretas, era uma jovem diferente, Maria é a cheia de graça!

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16 – vinde e vereisdos conteúdos

VFernando Ribeiro

A conversão da inteligênciaReencontrar Cristo e entregar-se-Lhe

Desculpa a confidência, mas passo já dos setenta e posso dizer que a vida me tem ensinado muita coisa. O mesmo se passa, estou certo, com toda a gente. A vida ensina-nos, assim queiramos apren-

der. Ensina-nos de muitos modos, “também com as lambadas que nos dá” – dizia-me há tempos uma pessoa também já entrada na idade e, por conseguinte, também ela ensinada pela vida.Tenho aprendido muito, não só com as “lambadas”, mas também com os testemunhos. Eles são muitos. Mas desta feita, gostaria de partilhar contigo este que li há pouco e me permito transcrever. Ele enqua-dra-se no contexto do “Vinde e vereis” e naquela dimensão vocacional da nossa existência que, como sabes, de uma forma ou de outra, constitui o tema sempre presente nestas linhas.Natanael – assim se chama o autor do depoimento que se segue – assim intitula o texto que redigiu e transcrevo: “A conversão da inteligência”.

“O meu empenho no caminho do sacerdócio – escreve – deu-se por etapas. O falecimento do meu pai, há 13 anos, desempenhou, sem dúvida, um papel importante. Coincidiu em todo o caso com o despertar da minha vida espiritual que tinha adormecido na adolescência. Nesta provação reencontrei Cristo vivo, Deus que Se interessa por mim, que me ama. A leitura das Confissões de Santo Agostinho, aí pelos 17 anos, marcou-me profundamente. Este homem, levando uma vida desordenada que decidiu abandonar de um dia para o outro para se consagrar totalmente a Deus…, suscitou em mim o mesmo desejo.Sentia esta vontade radical de me oferecer a Cristo, de Lhe dar a minha vida como Ele me tinha dado a d’Ele. Tardiamente come-cei a ajudar à Missa. Experimentei então a alegria da proximida-de da Eucaristia. E compreendi que era para isso que Deus me chamava.Aos 18 anos a minha escolha era clara. O meu pároco aconse-lhou-me a continuar os estudos, antes de me comprometer. Durante os meus três anos de Filosofia, a questão tornou-se en-tão menos evidente. Foi durante um tempo de oração que voltei a sentir a inquietação interior: “Que é que me impede de entrar no Seminário no próximo ano?”. Durante uma semana, fiz o in-ventário das possíveis razões. As barreiras que tinha levantado – designadamente fazer o mestrado e concluir o meu ciclo de estudos – vieram ao de cima. Não encontro nenhum obstáculo sério. Claro, sete anos de seminário podem parecer difíceis. Mas que é isso perante a grandeza e a beleza do sacerdócio? Para isso há etapas que não se podem queimar. Porque a conversão da inteligência é mais demorada que a do coração. No que me diz respeito, foi na oração, constatando que era feliz cada dia junto de Cristo, que amadureci a minha escolha. Uma escolha que hoje me aparece como uma evidência.”

(Natanael Garric – 28 anos)

Testemunhos como este são eloquentes e ensi-nam. Queira Deus que te aproveite a lição! E que a saibas aprender na escola d’Aquela a quem este mês é particularmente dedicado.

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palavra de vida – 17 dos conteúdos

VJosé Agostinho Sousa

De coração ardenteA alegria de reencontar o Mestre

O mês de Maio é muito rico em eventos e comemorações. Tem dias nacionais, internacionais e mun-diais para todos os gostos e feitios. Para nós, Cristãos, é o mês da grande festa, porque nele se

prolonga a celebração da Páscoa, a celebração dos grandes mistérios da nossa fé e da nossa redenção. Sendo Maio também o mês do coração, talvez valha a pena olharmos para o evangelho do terceiro Domingo da Páscoa (Lc 24, 13-35) e pegarmos na feliz expressão dos discípulos de Emaús “Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24, 32)De coração perdidoConhecemos muito bem este texto do evangelho de Lucas. Os dois discípulos caminham de coração perdido, de mal com a vida, desiludidos com tudo o que acabara de acontecer no Calvário. Era a pesada derrota, era a enorme desilusão que preenchia o seu coração. Viravam as costas a Jerusalém, queriam colocar uma pedra sobre o passado recente, não queriam recordar-se da má aposta que tinha sido colo-car toda a esperança no Mestre e toda a confiança no projecto do Reino que Ele lhes havia proposto. Não é difícil adivinhar que estes homens caminham por caminhar, rumo a uma terra com nome, é ver-dade, mas sem grande sentido para as suas vidas. Como acontecera tal coisa ao Mestre? Parecia tudo tão promissor, tudo em conformidade com as promessas de Deus e as profecias e, de repente, tudo se esfumou, tudo acabou numa cruz, na mais maldita das mortes. Era o fim e eles estavam perdidos e confusos!De coração ardenteA presença de Jesus altera, a pouco e pouco, o estado de espírito destes homens e torna diferentes os seus corações. Uns corações até há pouco cheios de nada, dominados pela desilusão, pela derrota e pelo medo do futuro, vão-se abrindo paulatinamente a Deus, convertidos pela Palavra de Jesus. Aqueles homens tristes sentem de novo a força da Palavra que brota do Coração de Jesus para preen-cher de ardor e de alegria os seus corações. Aqueles homens feridos pela dor e pela morte voltam agora a ser discípulos, a escutar o Mestre, a querer ficar com Ele, a reconhecê-lo ao partir do pão. Os corações vazios enchem-se e transbordam de vida e de entusiasmo.De coração abertoA alegria de reencontrar o Mestre não pode ficar ali contida, fechada a sete chaves. Aqueles homens acabavam de viver talvez a mais intensa experiência de vida e sentiram a necessidade de ir partilhá-la. Correm para Jerusalém, querem rapidamente contar tudo o que de bom lhes tinha acontecido.Este é o nosso caminho pascal: às vezes caminhamos pela vida vergados pelo peso das dificuldades, das dúvidas, das desilusões. Mas Jesus continua a fazer-se companheiro da nossa viagem, continua a querer partilhar connosco a Palavra e o Pão e espera de nós a disponibilidade para O acolhermos e o entusiasmo de O testemunharmos.

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18 – pedras vivasdos conteúdos

Godim – leigos, sacerdotes do MundoTodo um povo; os Escuteiros; os Jovens Sem Fronteiras

Uma beleza de Deus

De 2 a 10 de Abril, andei por terras do Alto Douro, do “nosso” Alto Douro Vinhateiro.

E “nosso”, assim entre aspas, porque, e muito justamente, é Património da Humanidade. Aquilo é uma beleza de Deus, em que o Homem pôs também a sua mão, na feitura de todos aqueles socalcos, que dão à paisagem aquela sedutora ondulação. A quem não co-nheça, recomendo: Vá até à Régua, passeie naquela maravilhosa marginal, suba depois a Loureiro e debruce-se sobre aquelas “varandas do Douro”. Desça depois com calma, deixan-do-se surpreender em cada curva pela beleza de cada recorte da paisagem. E, por favor, não deixe de ir ao monte de S. Leonardo, ainda na margem direita do Douro. Por fim, qual cereja sobre o bolo, atravesse para a outra margem, siga em direcção a Armamar e suba ao Monte de S. Domingos. Garanto que, se tiver olhos de ver, se extasiará na contemplação daquela deslumbrante visão... Há pouco como aquilo em Portugal e no mundo inteiro. De regresso à Régua, não deixe de saborear uns rebuçados que por lá fazem, ainda de mo-do artesanal, e que umas senhoras que dão pelo nome de rebuçadeiras, lhe apresentam um pouco por todo o lado. Isso e um bom cálice de Porto, serão garantia de que per-manecerá em si um gosto doce que jamais se extinguirá quando pensar, falar ou ouvir falar desta região.

Missão em Godim Não fui à Régua como turista, mas como missionário para a Paróquia de Godim, con-fiada aos Missionários do Espírito Santo, que em tempos ali tiveram um seminário, numa Semana Missionária em que participámos 9 missionários e 9 missionárias. Foi organizada pelos Padres da Região Douro I, que abran-ge o arciprestado da Régua, com Mesão Frio e Santa Marta de Penaguião, sob o lema: “Leigos, Sacerdotes do Mundo. A alegria de ser cristão”. Tive, portanto, a sorte de trabalhar numa Paróquia em que a dimensão missioná-

ria é bem visível. Desde logo pela presença dos Missionários do Espírito Santo, que a servem, e em cuja casa fui tão fraternalmente acolhido, que nem me pareceu ter saído da minha. Fiz missão com a Irmã Emília, das Franciscanas Missionárias de Maria, que veio do Algarve, on-de colabora numa região serrana, na Paróquia de Martinlongo. Lá, devido à grande carência de clero, há religiosas (freiras) que vão assu-mindo diversos serviços paroquiais. O Pároco só lá vai ao domingo e as Irmãs vão-se encar-regando de tudo o resto, nomeadamente a oração comunitária à semana, a Celebração da Palavra e, até, a presidência aos ritos dos funerais… Ali, naquele Arciprestado, onde já houve muito clero, que agora escasseia, a sua experiência em terras algarvias foi muito útil. Os Leigos, Sacerdotes do Mundo, começaram a entender que não podem ficar à espera que as coisas aconteçam, têm que ser protagonistas da missão, pedras vivas dum templo sempre em construção.

Muitas Pedras VivasNas diversas acções da Semana, encontrei muitas Pedras Vivas, tanto na linda Igreja Paroquial de S. José de Godim, como na nova e linda Capela de São Sebastião do Vale, e no “barracão”, feio e desconfortável, que indigna-mente tem servido de capela a um grupo de entusiasmados cristãos que ali se congrega, reza e celebra a fé, enquanto não se restaurar a sua linda Capela de Cederma, em tal estado de degradação, que se torna imprudente perma-necer no seu interior. Mesmo assim, quis en-trar. E valeu a pena: É uma pérola, de belíssima talha dourada. E, no entanto, ali, a apodrecer! Que pena tenho do meu país, que é capaz de tamanhas barbaridades! E o povo, pobre e impotente para a restaurar, vai lamentando e pagando impostos para megalómanos TGVs, aeroportos, palácios, casas de música, estádios de futebol, e carrões de políticos e prémios de gestão de empresas públicas. É neste mundo que têm de entrar os tais Leigos, Sacerdotes do Mundo, para lhe darem a volta e o tornarem humanizado.

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pedras vivas – 19dos conteúdos

VAntónio Augusto

pen

sar E o povo, pobre e impotente para a

restaurar, vai lamentando e pagan-do impostos para megalómanos TGVs, aeroportos, palácios, casas de música, estádios de futebol, e car-rões de políticos e prémios de gestão de empresas públicas.

Todo um povoSei que os meus leitores querem Pedras com nome. Mas às vezes é assim: É todo um povo. Aqui, mesmo correndo o risco de ser tremen-damente injusto, apresento-te dois grupos: o Agrupamento dos Escuteiros e os Jovens Sem Fronteiras.

Os EscuteirosDizem que os Escuteiros já foram muitos mais, mas ainda andam pela meia centena. Empenhados, querem renovação e pediram mais acção de rua. Sem deixar de estar na comunidade cristã, na sua acção maior, que é a Eucaristia Dominical, querem experimentar novos métodos e novos meios. Querem ir para a rua mostrar a alegria de serem cristãos.

Jovens Sem FornteirasOs JSF (Jovens Sem Fronteiras), são o laicado juvenil dos Missionários do Espírito Santo. Não são muitos e os estudos (universidade) e o em-prego leva-os para longe. Mas os poucos que estão, estão bem motivados para a Missão. E, se me fosse pedido que escolhesse um rosto que ilustrasse a Semana e o seu lema, apre-sentar-te-ia o rosto sorridente da Ana, jovem que naquela semana defendeu a sua tese na universidade e que, mesmo assim, foi estando presente.

O sorriso da Ana A ela, que me perguntou o que deveria fazer para chamar mais jovens para a Igreja, respon-di: “Isso! Sorri sempre assim, com esse amor que te vai no coração a Jesus Cristo e à Sua Igreja e não tenhas medo de dizer que essa felicidade te vem do gosto de seres católica praticante, do teu amor a Jesus Cristo e ao Seu Reino. E pelo seu sorriso entendi que ela en-tendeu. E outros, muitos outros, mais novos e mais velhos, o terão entendido também. Obrigado, Régua, pela tua doçura e pelo teu vinho, sinais do Reino. E obrigado a todos os “escuteiros” que saíram e querem continuar a sair para a rua a gritarem a sua fé, e a todas as Anas, pelos sorrisos de alegria de serem cristãos.

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20 – meias-doses de saberdos conteúdos

Uma obcessão contemporânea

O conhecimento e a explicação de si

Abundam hoje nas estantes das livrarias os livros de auto-ajuda e de autoconhecimento. É um dos negócios livreiros

mais lucrativos. Parece que o homem e a mulher contemporâ-neos carregam uma insatisfação, uma angústia que procuram compensar pelo conhecimento sempre inacabado do seu carác-ter, dos seus comportamentos, das manifestações da sua alma. Quem sou, como sou, porque assim sou? A procura obsessiva de uma sobredeterminação do que somos pode-nos desresponsa-bilizar. Se somos assim na medida em que fomos modelados por factores que nos transcendem, explicando-nos através de várias propostas tipológicas, onde nos procuramos encaixar, como que para nos descansar, podemos, por este expediente, justificar muita da nossa passividade e o pouco esforço que investimos em nos aperfeiçoarmos.

Deste fundo que brota de uma consciência pré-cristã que, em última análise, pode indu-zir na demissão da vontade para nos edificarmos quotidianamente como seres humanos chamados a uma maior perfeição, pelo uso da nossa liberdade. Aqui se inscreve o sucesso revivescente da procura do mercado da astrologia e de outras explicações mais ou menos ocultistas; ou ainda a importância que estão a adquirir instrumentos de conhecimento muito antigos, como é o caso do Eneagrama, recuperados e adaptados ao estudo das per-sonalidades, propondo os chamados nove tipos de personalidade (perfeccionista, altruísta, batedor, artista, observador, leal, epicurista, chefe e mediador), conhecimento que tem sido, e muito bem, orientado para o crescimento espiritual em perspectiva cristã.

A procura obsessivade uma sobredeterminaçãodo que somos pode-nos desresponsabilizar.

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meias-doses de saber – 21dos conteúdos

VEduardo Franco

Não quer isto dizer que as tentativas de entendermo-nos através dos recursos a categorizações e tipologias não tenha a sua perti-nência e utilidade até certo ponto, se não forem absolutizadas e não forem factor de anulação da individualidade única de cada ser humano. Até num plano mais científico, o grande psicólogo Carl Jung, seguido de muitos outros, tentou em 1921 convencionar uma tipologia de caracteres psicológicos ainda hoje usada para o estudo das personalidades. Apesar da sua proposta, Jung duvidava das ver-dades estatísticas que advinham destes estudos que, poderiam ser um contributo para a aproximação à verdade de cada pessoa, mas nunca um instrumento total, pois cada individualidade era um uni-verso único que só poderia ser dito pelo próprio e conhecido tendo em conta os dinamismos da sua liberdade que nunca poderiam ser enquadráveis em modelos fechados.Nada de novo, na verdade. Já na Idade Média, quando estava em voga o ensino da astrologia mesmo no interior da Igreja, quer judici-ário (isto é, preditiva), quer caracterológica, verificou-se um intenso debate que envolveu intelectuais cristãos sobre a admissibilidade do ensino do saber astrológico em sociedades cristãs, questionan-do-se a sua validade. Um dos maiores intelectuais de sempre do Cristianismo, São Tomás de Aquino, que ombreou em importância e influência com outro génio maior que foi Santo Agostinho, acabou por intervir de forma muito inteligente neste debate com esta conclusão lapidar: “A as-trologia não determina, mas inclina”. Com efeito, o problema que o antiquíssimo saber astrológico le-vantava era o que todos os saberes deterministas colocavam ao Cristianismo: qual o espaço deixado para a liberdade humana na construção do destino de cada pessoa? Se tudo estivesse determi-nado por factores exteriores a cada homem e cada mulher, nada estaria ao seu alcance para decidir que caminhos escolher para aperfeiçoar-se à luz dos valores em que acreditaria!

Aqui reside o problema de todos os determinismos: anulam a ideia de indivi-dualidade e a originalidade única de cada ser humano, demitindo-o de inves-tir em realizar uma caminhada criativa, única sobre a terra. Isto não significa que os saberes que estabelecem tipologias para o aprofun-damento do conhecimento das diferentes maneiras de ser e de estar dos seres humanos deixem de ser considerados. Todos os saberes humanos acrescen-tam dados importantes para o conhecimento global do homem e do mun-do, mas o risco surge quando são absolutizados. As disciplinas e os saberes, quando se querem tornar o único caminho para o conhecimento do homem, idolatrizam-se e caem num dogmatismo que deturpa a verdade de cada ser humano. A astrologia, como o eneagrama, como outros saberes apaixonantes, identifi-ca traços que podem ser dominantes e tendências marcadas, abrindo espaço, com esse conhecimento não para uma estagnação, para um entrincheiramen-to no quadro invariável da personalidade, mas para uma conversão maior em ordem a um aperfeiçoamento, onde, para o Cristianismo, a santidade é o ho-rizonte e a meta.

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22 – pastoraldos conteúdos

João Paulo II, MissionárioVoou ao encontro de povos e culturas

Veio de longe“Veio de longe”, do outro la-do do Muro de Berlim, da sua Polónia natal, onde a Igreja era perseguida, a liberdade redu-zida a palavra de dicionário e os direitos humanos constan-temente espezinhados. A sua Missão exigia, neste contexto, uma coragem à prova da Fé. E ele teve-a, pagando caro por tal ousadia. Mais tarde, como Papa, a partir de Roma, deu um tal empurrão que o Muro caiu.

Viagens ApostólicasAbriu o Vaticano ao mundo, voando ao encontro de povos e culturas, dando diversas vol-tas à Terra nas suas “Viagens Apostólicas” para proclamar bem alto o Evangelho, confir-mando a caminhada de fé das comunidades. Proclamou bem alto os valores humanos grava-dos nas páginas dos Evangelhos e denunciou todos os atenta-dos à dignidade e aos direitos humanos, sobretudo dos mais pobres.

Veio de longe, Viagens Apostólicas, Redemptoris Missio, Sínodos, JMJ, Assis, “Não tenham medo!”. Estas são as

imagens de marca das opções missionárias de João Paulo II. Não se assustem com as siglas nem com o latim.

A 1 de Maio, Karol Wojtyla sobiu aos altares, apontado pela Igreja como testemu-nha credível da vida cristã para o nosso tempo. Ele foi um Papa escritor e, sobre

ele, muito se escreveu e escreve. Gostava, contudo, de fazer uma focagem nas suas intervenções onde a dimensão missionária veio ao de cima.

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Page 23: A folha dos Valentes

pastoral – 23dos conteúdos

VTony Neves

Redemptoris MissioPublicou a Redemptoris Missio, a encícli-ca missionária por excelência, onde está escrito que todos os Cristãos são chama-dos à santidade e à Missão. Lá se apre-senta o Espírito Santo como protagonista da Missão e se chama a atenção para os novos areópagos dos tempos modernos que são chamados pelos próprios nomes: o mundo das comunicações, o empe-nhamento pela paz, o desenvolvimento e a libertação dos povos, a promoção da mulher e da criança, a protecção da natu-reza, e o mundo da cultura, da pesquisa científica e das relações internacionais.

SínodosLançou os “Sínodos dos Bispos” para cada um dos Continentes, reconhecendo a riqueza da diversidade, mas apelando à comunhão de todas as comunidades. Defendeu uma Igreja que está presente nos quatro cantos da terra, com histórias e formas de ser diferentes.

P.e Tony Neves, missionário espiritano

Jornadas Mundiais da JuventudeConvocou, em 1985, os jovens do mundo inteiro a Roma para se encontrar com eles, rezar e fazer fes-ta, dizendo-lhes que confiava neles, pois a Igreja só será jovem quando os jovens forem Igreja. Madrid acolhe neste Verão a 26.ª edição das “Jornadas Mundiais da Juventude” (JMJ), um espaço de Missão no “Planeta Jovem”.

Assis“Assis” fica para a História como a terra onde nas-ceu S. Francisco, o símbolo da paz e da fraternida-de universal. Foi lá que João Paulo II, em 1986, se encontrou com os líderes das principais Religiões do mundo para um tempo de Reflexão e Oração pela Paz. O “espírito de Assis” mantém-se vivo e Bento XVI lá irá para marcar os 25 anos deste mo-mento histórico e para carimbar a importância do Ecumenismo e do Diálogo Inter-Religioso.

Não tenham medoGritou, da janela do Vaticano, um “não tenham medo” que todo o mundo ouviu e guardou no coração. Com a sua vida e Missão marcou a Igreja e a Humanidade. Merece o altar.

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24 – espaço escolados conteúdos

Para que os alunos mais desfavorecidos se sintam bem, é necessário e suficiente que a

escola ignore, no conteúdo do ensino transmiti-do, nos métodos e nas técnicas de transmissão e, também, nos critérios de avaliação, as desigual-dades culturais entre as crianças e os jovens. Por outras palavras, ao tratar de todos os alunos, por muito desiguais que sejam de facto, mas iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a sancionar, as desigualdades iniciais face à cultura. Poder-se-ia lançar uma tripla dúvida em relação às dinâmicas da escola: insucesso do aluno ou insu-cesso da escola ou, tenhamos a ousadia de o dizer, insucesso do professor? Li, em tempos idos, um testemunho de dedicação ímpar de uma professo-ra para com os alunos, todos eles difíceis. Era uma turma de jovens do ensino secundário que o siste-

ma quase desistira de educar. Como estratégia ini-cial, a professora foi-lhes inspirando esperança e autoconfiança, e de tal modo os ajudou que todos conseguiram terminar o curso com êxito. Salvar aqueles garotos seria, e foi, uma vitória duríssima de alcançar. Não desanimou, mesmo quando o orientador do curso a alertou, por mais de uma vez, para as dificuldades, vaticinando um rotundo insucesso. A professora reagiu, não se deixou ame-

Vinte e sete adolescentes com problemassurpreenderam não só a direção da escola, como também a si próprios e os pais.

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VManuel Mendes

espaço escola – 25dos conteúdos

Cultivar o bem-estar (II)

• Promove o bem-estar na tua escola.

• Luta pela felicidade nas aulas e fora delas.

• Colabora com os colegas e os professores.

Com os colegas

Na escola, um ambiente de bem-estar facilita o desenvolvimento

(Texto escrito conforme o Acordo Ortográfico)

PENSAR

drontar e, lutando contra a “fé” do seu orientador, mostrou que, realmente, tinha vocação para o ensi-no e estava disposta a salvar os seus alu-nos! À medida que o ano escolar avança-va, continuava, com denodo, a cumprir o objetivo de dar a mesma atenção a todos os alunos, raparigas ou rapa-zes. Durante algum tempo notou o êxito dos alunos, o que era compensador, apesar de algumas dificulda-des, logicamente! Ao longo do tempo, teve a sensação de que uma das alunas co-meçara a desanimar. Desdobrou-se em esforços e conseguiu

levá-la ao bom caminho, muito graças aos cole-gas. O bem-estar do grupo ia melhorando cada vez mais e a turma brilhava! A professora apostou e ganhou! Eram vinte e sete adolescentes com problemas, que surpreenderam não só a direção da escola, como também a si próprios e os pais, ao conseguirem notas que lhes permitiram obter o diploma. Nas escolas tradicionais, a maioria das crianças está feliz em parte do tempo. Entretanto, uma boa maioria sente-se, muitas vezes, assusta-da ou entediada. Outros e outras sentem-se “mal” quase o tempo todo. Tudo isso deve e pode ser banido. Quando as crianças, nas escolas, preferem os “benditos” feriados, geralmente é porque elas têm a oportunidade de conhecer melhor os seus amigos de todos os dias. Isso supera a disciplina imposta e a ausência de oportunidade de decidir

por si mesmo o que fazer. Às vezes, as crianças, com aulas particulares ou professores particula-res acham que o tempo de estudo é demasiado, sendo incomum que tenham de estudar nos dias e horas de descanso. As crianças e jovens que frequentam as escolas têm direito a ser felizes todo o tempo! Ninguém é feliz num mundo onde se pode sofrer de pobreza, de doença, de ruptura parental ou problemas com as amizades. Mas es-tas são as inevitáveis dificuldades agravadas pelas regras mesquinhas, o fracasso e a humilhação de trabalhos que não oferecem nenhum interesse nem fim. Cabe à Escola ensinar os bons caminhos do saber, da amizade, da solidariedade. Só assim as crianças e os jovens poderão colher os frutos da educação e usufruir de bem-estar. “Os dias que nos deixam felizes fazem-nos sábios.”

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26 – leiturasdos conteúdos

O Eros e a belezaA fonte do desejo de nos amarmos uns aos outros

Dionísio

Para Shopenhauer, pouco se escreveu na história sobre o amor. Divinizou-se o Eros e viu-se nele o responsável pela ordem do mundo, pela contem-plação e pelo bem.Sócrates afirma que o Eros é uma espécie de amor aquisitivo e possessivo. Quem é acometido pelo Eros é impelido por um espírito e por uma força a que os gregos chamavam daimon. Antes do nascimento de Sócrates, celebravam já festivais em honra do deus grego Dionísio, como representação mística das misteriosas e incon-troláveis marés das paixões humanas. Segundo a mitologia grega, foi Dionísio que incentivou os Gregos a entregarem-se aos seus impulsos irracio-nais com total abandono. As primeiras sociedades gregas postulavam que o equilíbrio ideal pode ajudar-nos a tornarmo-nos mais adeptos da descoberta, da contemplação, da criação da beleza, nas suas formas mais elevadas.Pode levar-nos ao desenvolvimento de impulsos racionais, construtivos e criativos que nos permi-tem cultivar talentos que possam ser um contribu-to para a sociedade.

Mito

O mito Eros foi criado pelos Gregos. Eros partilha uma posição igual com os outros deuses presen-tes no nascimento do mundo. Como os deuses Caos (ar) e Gaia (terra), também Eros emergiu da escuridão e juntou-se a eles como imortais. Eros era a força por trás do nascimento de todas as coisas do universo. Acabaria por se opor a Eris, a deusa da discórdia. Enquanto Eros procurava dar à luz todas as entidades que iriam preencher o universo, Eris desfazia todas as criações dele. Eros passou de divindade primordial a divindade com traços marcados: o mais belo e o mais sedu-tor dos deuses. Passou a ser o deus da luxúria, da paixão, do desejo, da sensualidade. Eros deixou de ser um deus original para passar a ser um dos deuses do amor. Eros torna-se filho de Afrodite a deusa grega da beleza, do amor e do desejo. O desejo é uma força dinâmica nas nos-sas vidas. Pode levar-nos ao desvio ou lançar-nos para o contacto com o divino.Eros é encantador e belo, manipulador e, por vezes, enganador. Consegue provocar os mais sensatos a cometer actos insensatos.A pedido de Afrodite, que tinha ciúmes de uma bela mortal chamada Psique, Eros disparou uma seta no coração da Psique, levando-a a apaixo-nar-se pelo homem mais feio da terra. Mas Eros, atingido também pela própria seta, ficou extasia-do com a beleza da Psique e cheio de desejo.Levou Psique para um esconderijo antes que al-go lhe sucedesse. Depois de um romance, Zeus, o governante dos deuses e dos homens, autori-zou-os a se casarem e a própria Psique tornou-se deusa.

Eros é a fonte do desejo de nos amarmos uns aos outros. No entanto, cabe aos humanos de-terminar como agir a partir dessa fonte. Eros não controlava a vontade humana capaz de perverter por capricho. Cada um de nós pode optar por viver a vida, saciando o Eros de maneira sórdida ou acalentá-lo, de modo a conduzir a formas mais elevadas do bem pessoal e social.Sócrates dizia que a coisa mais bela que se pode amar é a sabedoria. Esse amor demonstra-se no esforço para nos tornarmos sábios.

Eros e Afrodite

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VAdérito Barbosa

leituras – 27dos conteúdos

O Eros e a beleza

sugestões:

A verdadeira virtude

Sócrates dizia que se o homem tivesse olhos para a verdadeira beleza, só nessa comunhão será ca-paz de produzir não só imagens da beleza, mas realidades para alimentar a verdadeira virtude. É que se cultivarmos a capacidade de ver a verda-deira beleza com os olhos da mente, começamos a desejar produzir essa beleza, através das nossas obras e através das nossas acções.A virtude é então a aspiração para nos tornarmos pessoas de excelência, alguém com respeito pela integridade da vida, cientes de que a realização da harmonia não existe num único aspecto da vida, mas na totalidade da vida.Para os Gregos, esta integridade era ordem e harmonia entre o eu e a sociedade, em que cada acto empreendido por um membro da cidadania comportava uma consciência do seu impacto nos demais, assim como o reconhecimento de que ninguém pode alcançar uma excelência pessoal maior, sem permitir também que todos os outros membros da sociedade possam alcançá-la.

> Lê este artigo, substituindo a palavra Eros por eu ou pelo teu nome.

> Lê três vezes esta frase: O amor é o fogo que arde sem se ver. É a mística combustão da substância humana.

> Consulta: Lancelin, A. e Lemonnier, M. (2010). Os filósofos e o amor. Lisboa: Tinta da China.

Escada

Eros usado adequadamente, poderia levar o ho-mem a subir uma escada da percepção e do amor até encontrar o amor nas suas variadas formas. O processo de percepcionar e amar tem de ser um processo de beleza. Deve implicar um método e uma ética de descoberta que nos ensina a percep-cionar e a amar aquilo que é belo, quer no con-creto, quer no abstracto. Sem isto, a progressão da nossa capacidade permanece longe.À medida que subimos a escada, somos mais ca-pazes de ver a beleza universal e particular.Subindo a escada do Eros, equivale ao desenvolvi-mento da capacidade de ver a beleza abstracta em objectos concretos, assim como ver esse objecto como manifestação do Eros. O Eros está associado à xenia (amor aos estranhos), à filia (amizade), à ágape (amor incondicional).O verdadeiro Eros é um contínuo aperfeiçoamen-to da nossa capacidade de percepcionar, criar e ter consciência de formas de beleza sempre novas e divinas.

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28 – sobre a bíbliados conteúdos

Evangelho segundo São Marcos: o Filho e os seus discípulosÉ assumido pela exegese moderna como o mais antigo dos evangelhos

O segundo evangelho que a simbologia cristã representou com um leão, em alu-são a Mc 1,13 que representa as tentações de Jesus, no deserto, entre as feras, é assumido pela exegese moderna como o mais antigo dos evangelhos. Mas, para lá da simbologia, será possível fazer um percurso onde a história e a teologia dialo-guem? É o que tentamos fazer.

Quem é Marcos, o autor do segundo evangelho?Em Act 12, 25, temos notícia de que um certo João Marcos é integrado na missão de Paulo e de Barnabé; mais tarde (15, 37-41), por desacordos entre Paulo e Barnabé, o mes-mo João Marcos teria ficado da parte de Barnabé, partin-do com ele para Chipre.Apenas no séc. II, Papias, um autor eclesiástico, fala do segundo evangelho fazendo-o depender de Marcos, que estaria intimamente ligado à pregação de Pedro, e portanto à Igreja de Roma. Esta afirmação que carece de confirmação histórica, na mais moderna acepção, poderá ser tida como verdadeira, uma vez que não se trata de uma testemunha ocular do ministério de Jesus, ao menos referido nos evangelhos; neste sentido, poderia depender daquilo que fora ouvindo a Pedro sobre Jesus. Para mais, esta afirmação poderia basear-se em 1Pd 5, 13, onde se fala de “Marcos, meu filho predilecto”.

A data e o lugar da composição do Evangelho de MarcosEm relação à data de composição deste texto, assume-se, hipote-ticamente, uma data posterior ao ano 70 d. C., sobretudo devido à redacção do capítulo 13, onde se alude à destruição de Jerusalém e à destruição do templo de Herodes pelas Legiões Romanas, lide-radas por Tito. Tal acontecimento dá-se no ano 70 d.C., e Jesus ter-se-ia referido a ela em Mc 13, 2: “Vês estas grandiosas construções? Não ficará delas pedra sobre pedra; tudo será destruído”.Quanto ao lugar de composição, de acordo com a Tradição, teria sido escrito em Roma, a capital do Império e o lugar onde, segundo a mesma Tradição, Pedro terá sido martirizado. Poderemos assumir que se trata, efectivamente, de um texto escrito para cristãos he-lenistas, sobretudo pela grande preocupação de São Marcos em explicar as tradições judaicas e em traduzir as expressões aramaicas (a título de exemplo, recorde-se o “Talitha qûm” da ressuscitação da filha de Jairo, em Mc 5, 41, que o autor tem a preocupação de traduzir como “levanta-te”).

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Dois elementos teológicos de MarcosUm elemento que parece ter uma importância signi-ficativa em Marcos é a questão de Jesus como Filho de Deus. De facto, numa grande inclusão (técnica que poderá indicar os limites da primeira redacção deste evangelho, porque retoma a mesma expres-são no ponto de partida e de chegada), Marcos en-cabeça o seu evangelho com a seguinte expressão: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1, 1); terminá-lo-á com a confissão de fé do centurião romano que, admirado com a forma como Jesus expira, ao morrer, exclama: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!” (15, 39). Se acei-tamos esta inclusão, poderemos dizer que todo o corpo de texto envolvido pelas expressões “Filho de Deus” poderá levar o leitor a chegar a essa mesma conclusão, ou seja à filiação divina de Jesus. Nesse sentido, citamos aqui dois exemplos: o da transfigu-ração, em que uma voz celeste afirma que Jesus é o “meu Filho muito amado” (Mc 9, 7); o dos anúncios da paixão, morte e ressurreição de Jesus, em que o próprio Jesus instrui os discípulos que o Filho do Homem há-de padecer, morrer e ressuscitar (cf. Mc 8, 31; 9, 30).Outra preocupação de Marcos é a de mostrar um caminho dos discípulos deste Filho de Deus. Em bre-ves palavras, poderemos resumir o caminho discipu-lar do seguinte modo: os discípulos são chamados a seguir Jesus (como se demonstra no chamamento dos primeiros, nas margens do mar da Galileia, em 1, 18); os discípulos são os que são convidados a estar com Jesus (3, 14: “estabeleceu doze para estarem com ele”) e em nome de cuja intimidade, Jesus expli-ca aquilo que às multidões ensina em parábolas (4, 34: “mas explicava tudo aos discípulos, em privado”), aqueles a quem o “segredo” é revelado em primeiro lugar (8, 30: “Ordenou-lhes que não dissessem isto a ninguém”). Sobre a intimidade de Jesus com os discípulos, poderemos sublinhar apenas que nos três dias que antecedem a paixão, em Mc 11, 11, o autor tem o cuidado de mostrar que os “Doze”, como grupo, fazem parte da comunidade de Jesus (“saiu para Betânia com os Doze”), avançando mesmo que Jesus e os Doze formam um só sujeito colectivo, co-mo se verifica no versículo seguinte, em que o sujei-to passa ao plural, para se referir a Jesus juntamente com os discípulos (“ao deixarem Betânia”).

sobre a bíblia – 29dos conteúdos

Evangelho segundo São Marcos: o Filho e os seus discípulos

VRicardo Freire

Marcos começa o seu evangelho com expressão: “Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (1, 1) e termina-o com a confissão de fé do centurião romano que ex-clama: “Verdadeiramente este homem era Filho de Deus!” (15, 39).

ConclusãoA nossa conclusão só nos pode levar ao título do artigo: Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus, aquele que foi sujeito à morte depois de todos os emissários do Pai (Mc 12, 6-8); o Pai bem esperava que o respei-tassem, mas certo é que o ma-taram. Dessa história de amor desmesurado quis Jesus que fizessem parte alguns mais ínti-mos, “os Doze”, que fazem com ele uma caminhada de discipu-lado-seguimento. Ora, tudo isto ficou gravado para nós leitores de gerações futuras, para que possamos também nós fazer o caminho de discípulos de Jesus, porque, afinal, “o caminho de Jesus é o nosso caminho”.

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Page 30: A folha dos Valentes

30 – reflexodos conteúdos

João Paulo II, modelo e intercessorCom a vossa fé mudareis a face da Terra

Sabias que:

João Paulo II foi beatificado no dia 1 de Maio, no Vaticano, numa cerimónia presidida por

Bento XVI.A beatificação, que antecede a canonização, declaração de santidade, é a celebração atra-vés da qual a Igreja Católica propõe uma pes-soa como modelo de vida e intercessor junto de Deus, ao mesmo tempo que autoriza o seu culto público.João Paulo II foi um homem simples, nasceu num povo sacrificado, privado da sua liber-dade e que via na Igreja um elo de união e de esperança. Foi um papa que mudou o rumo da História, um ser humano sempre feliz e pronto a ajudar o próximo, esteve sempre junto de todos os povos, como que levando a liberdade e esperança por uma vida melhor. Este homem vigoroso, praticante de des-porto, foi amado por Deus e principalmente pelo povo. No fim da vida, acompanhámos a sua fragilidade, mas sempre com a mesma serenidade e paz. Quando ele faleceu, ficou o sentimento de que o “nosso” Papa tinha par-tido, mas nunca se iria esquecer este grande homem por tudo o que fez e por tudo o que nos deixou como herança espiritual e huma-na. Hoje, recordamos com saudade o homem que teve a coragem de mudar a mentalidade dos diferentes povos, culturas e religiões.João Paulo II marcou-nos a todos, incluindo aqueles que não são católicos. Um homem extraordinário! Percorreu o mundo. Foi um peregrino da paz! O maior segredo de João Paulo II foi certa-mente o de alguém que muitas vezes “viu e tocou a Deus”, na sua grande e misericordiosa bondade. Ele tinha um grande carinho por Portugal, viveu intensamente as suas visitas ao nosso país, em especial a Fátima. Estamos a viver momentos muito difíceis... Que a exemplo de

João Paulo II saibamos transformar o medo em fé e aceitar os desafios defendendo sempre os valores do Evangelho! Procuremos recordá-lo e peçamos-lhe que nos ajude a ser fortes para superar as dificuldades. Na História ficará para sempre recordado como um dos maiores homens do séc XX. Foi um pri-vilégio ter a oportunidade de viver e crescer na era de João Paulo II. O Homem que ensinou a minha geração a dar testemunho de grandeza na fé, humildade no perdão, sacrifício pelos que sofrem, derrubando fronteiras, fazendo cair muros, quebrando silêncios, esmagando os ódios, percorrendo caminhos no mundo em busca e promovendo a paz e a concórdia. Há muitos aspectos que poderia recordar a poucos dias da sua beatificação, mas vou lembrar duas frases suas que sempre me acompanham. Quando visitou a Polónia pela primeira vez como sucessor de Pedro, perante uma imensa multidão de fiéis, citou a passa-gem do Evangelho que diz “(...) com a vossa Fé mudareis a face da Terra”. Fez uma pausa e re-petiu: “... com a vossa Fé mudareis a face desta Terra”. Outra expressão significativa que mais frequentemente recordo: “Não tenhais medo!” especialmente quando se dirigia aos jovens. Acreditava na força da fé, e sabia que o medo impede de concretizar tantos sonhos.No meio desta crise que o mundo vive deverí-amos reflectir no exemplo deste homem, nos seus ideais. Um mundo onde ele se deu com amor: porque dar a vida não é somente morrer por alguém. Dar a vida é usar todos os momen-tos da nossa vida no caminho de Deus e no ca-minho dos irmãos. Dar a vida é saber perdoar e dar a outra face; dar a vida é estar atento aos outros e às suas necessidades... Dar a vida é dar-se por e com amor! Ele soube dar-se e manter a coerência do amor a Deus que se espelha no amor aos irmãos, ele soube abrir o seu coração à inspiração do Espírito Santo.

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Page 31: A folha dos Valentes

Este mês inicia com a cerimónia da beatificação de João Paulo II. É o mês dedicado a Maria. Procura uma acção concreta de serviço àqueles que mais precisam. Já sabes que não te é proposto fazeres algo que esteja para além das tuas possibilidades. Mas importa que faças algo e, a exemplo de João Paulo II, não esqueças que “com a vossa Fé mudareis a face da terra”. Importa é não ter medo de ir mais além.

Tenho de:

reflexo – 31dos conteúdos

VFeliciano Garcês

A Palavra de Deus diz:

Faz silêncio e reza:

Jo 14, 1-12. Jesus afirma que percorreu um caminho difícil e acrescenta que os Seus discípulos deviam conhecer muito bem esse caminho, porque Ele falou dele muitas vezes. Trata-se do caminho para a Páscoa, um caminho difícil, caminho que exige a entrega total. Os discípulos nunca entenderam porque, sempre que Jesus falava dele, eles pensavam nou-tras coisas. Mas é o caminho que leva à casa do Pai e não há outro. O dom de si concretiza-se nos outros.

Procura um local sossegado. Procura uma imagem de João Paulo II, uma foto. Recorda alguns

momentos da sua vida, de que te lembras? Pensa nos caminhos que ele percorreu... Os países que visitou... Os gestos que tinha com to-dos...

Lê o texto de S. João (Jo 14, 1-12). Podemos ter muitos caminhos na vida, mas só um nos leva à casa do Pai. Há diversos ministérios na Igreja, são o caminho. Há muitos lugares para ocupar nas comunidades cristãs, neste mundo que cada vez precisa mais de todos nós. Todo o cristão deve ser activo, deixar a comodidade e a passividade. O melhor caminho e o melhor lugar é aquele em que se pode servir o irmão mais e melhor.

Faz uma oração a Deus.

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Page 32: A folha dos Valentes

32 – sobre a fédos conteúdos

Obra de Deus testemunhada pelos homens

A ressurreição do SenhorO Senhor ressuscitou, está vivo e actuante na Igrejae, através de nós, no mundo.

O Tempo Pascal, que com eclesial alegria se celebra, situa-nos no

coração da fé cristã: o Mistério Pascal de Cristo. A ressurreição de Jesus está no centro do Cristianismo, do mesmo modo que a Paixão e a Cruz. A ressurreição de Cristo – afirma o Catecismo da Igreja Católica - é objec-to de fé, na medida em que é uma in-tervenção transcendente do próprio Deus na Criação e na História (Cf. n.º 651). No acontecimento pascal as três Pessoas divinas agem em conjunto e manifestam a sua originalidade pró-pria. E como é que isso se manifesta? A ressurreição de Jesus dá-se pelo poder do Pai, que ao ressuscitar o seu Filho introduz, de modo perfeito, a Sua humanidade (com o Seu corpo) no próprio mistério trinitário. Mediante esta acção divina, o Pai glorifica Jesus, que é divinamente revelado como o Filho de Deus, o Cristo. Mas, a mani-festação deste poder de Deus con-cretiza-se por obra do Espírito Santo, que vivifica a humanidade morta de Jesus e a chama ao estado glorioso de Senhor. Portanto, a ressurreição de Jesus é essencial para a fé cristã, tal como nos atesta o apóstolo Paulo: “Se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é vã e também é vã a nossa fé” (1Cor 15, 14). Mas, o Senhor ressuscitou, está vivo e actuante na Igreja e, através de nós, no mundo.

Para os textos bíblicos do Novo Testamento, a ressurreição não é apenas a comprovação da divindade de Jesus ou a confirmação de tudo quanto Cristo em pessoa fez e ensi-nou, mas é, também, a realização das promessas do Antigo Testamento.

Para compreendermos a ressurreição do Senhor é neces-sário, não só termos em conta o facto em si (a ressurrei-ção), mas também os seus “sinais”, as “aparições”, isto é, os encontros com os discípulos, bem como os seus testemu-nhos de fé, colocados, depois, por escrito e transmitidos ininterruptamente de geração em geração. Na perspectiva de alguns textos da Escritura e também da reflexão teológica, a ressurreição e as aparições são factos distintos, como que a dizer-nos que a ressurreição não se esgota nas aparições. As aparições não são a ressurreição, mas unicamente o seu reflexo. Nestes encontros com o ressuscitado, Jesus “deu-Se a ver”, “mostrou-Se” aos seus, que vivem pessoal e comunitariamente a Sua presença. Ou seja, depois da Sua ressurreição, Jesus pertence a uma realidade que, normalmente, se subtrai aos nossos senti-dos. Ele já não pertence ao mundo perceptível pelos sen-tidos, mas ao mundo de Deus. Por conseguinte, só poderá vê-lo aquele a quem Ele o conceda. E nesse modo de ver estão envolvidos também o coração, o espírito, a pureza interior do homem.

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Page 33: A folha dos Valentes

sobre a fé – 33dos conteúdos

VNélio Gouveia

Neste sentido, a ressurreição é um acontecimento dentro da História, que, todavia, rompe o âmbito da História e a ultrapassa, inaugurando uma nova dimensão. Assim, a ressurreição não é um acontecimento histórico do mesmo género que o nascimento ou a crucifixão de Jesus. É algo novo, um género novo de acontecimento. O essencial – afirma o papa Bento XVI no seu último livro – é o dado de que, com a ressurreição de Jesus, não foi revitalizado um indivíduo qualquer, morto num determinado momento, “mas se verificou um salto ontológico que toca o ser enquanto tal, foi inaugurada uma nova dimensão que nos interessa a todos e que criou, para todos nós, um novo âmbito da vida: o estar com Deus” (Jesus de Nazaré, 223). Mas, a ressurreição de Jesus não está simplesmente fora ou acima da história. É um evento que ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história. E isso é atestado por testemunhas concretas, como um acontecimento de uma qualidade completamente nova. Esse testemu-nho é-nos comunicado pelo anúncio entusiástico e audaz dos Apóstolos, que é inconcebível se não tivesse existido anteriormente um contacto real das testemunhas com o fenómeno totalmente novo e inesperado que as tocou extremamente e que consistiu na manifestação e na fala de Cristo ressuscitado. Só um acontecimento real de uma qualidade radicalmente nova, que não se pode explicar através de especulações ou experiências interiores, místicas, é que é capaz de tornar possível o anúncio apostólico e o crescimento da Igreja. Numa palavra, a fé na ressurreição tem por objecto um acontecimento, ao mesmo tempo historicamente testemunhado pelos discípulos (que realmente encontraram o Ressuscitado) e misteriosamente transcendente, enquanto entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus.

Tendo em conta o que se disse e a concluir estas notas dispersas sobre um tema tão com-plexo, mas tão determinante, recordo as palavras do papa Bento XVI, proferidas, há um ano atrás, aquando da visita o nosso país: “é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acon-tecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano. A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja. Portanto, a nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós. Assim, há um vasto esforço capilar a fazer para que cada cristão se transforme em testemunha capaz de dar conta a todos e sempre da esperança que o anima (Cf. 1Pe 3, 15): só Cristo pode satisfazer plenamente os anseios profundos de cada coração humano e responder às suas questões mais inquietantes acerca do sofrimento, da injustiça e do mal, sobre a morte e a vida do Além” (Cf. Homilia do Papa Bento XVI, Lisboa). Esta foi, também, a fé e o testemunho eloquente que o novo beato João Paulo II nos deixou e que entusiasticamente recordamos neste mês da sua beatificação.

É preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimen-to da morte e ressurreição de Cristo, coração do Cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano. A ressurreição de Cristo assegura-nos que nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja.

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Page 34: A folha dos Valentes

34 – planeta jovemdo mundo

Cantar é rezar duas vezes

Vamos fazer uma música?

VPedro Ferreira

o processo de criaçãode uma música é semelhanteao percurso que Deus escolheu para a nossa vida…

Este ano, temos como sempre, o encontro Nacional da Juventude Dehoniana. Seguindo o preceito de anos

anteriores, de alternância entre o festival de encenações e da canção, este ano será o festival da canção…E aí está um bom ponto de partida… VAMOS FAZER UMA MÚSICA? Como se faz isso?À partida começamos por escrever um texto, normalmen-te um poema. Depois vemos que palavras soam melhor ou pior, pois a verdade é que por muito bonita e pomposa que seja a palavra ESTERNOCLEIDOMASTOIDEO, musical-mente deixa algo a desejar… E este é um processo que pode demorar o seu tempo pois a língua portuguesa é complicada e peculiar, pelo que, muitas vezes, em vez de se dizer o que queremos, temos de optar por dizer uma expressão que tenha um significado semelhante… Não é a mesma coisa, mas a verdade é que por vezes acabamos por optar pelo que soa melhor. E verdade seja dita… O resultado é bom!Por isso, depois do texto feito há que fazer as palavras dançar de forma a que todas fiquem no seu sítio… E de-pois a música?... Não é fácil consegui-la, tem de se com-binar talento, musicalidade, engenho e arte… Mas tudo é possível!!!Ou então podemos tentar ao contrário… Começar por ter uma música… Encontrar uma sequência de acordes e uma velocidade de os tocar que soe bem… E depois descobrir as palavras certas para que caibam nos acordes e nos tempos devidos… O que não é nada fácil… De novo há que ter talento, musicalidade, engenho e arte…Mas porquê eu dizer isto tudo? Porque é que eu entrei nestas divagações?Poderia responder com o óbvio: Cantar é rezar duas ve-zes… O que é verdade, mas não foi para chegar a essa resposta que eu comecei esta minha divagação…

Para mim, o processo de criação de uma música é um pouco semelhante ao percur-so que Deus Nosso Senhor escolheu para a nossa vida... Porque não há só uma forma de fazer as coisas… Podemos começar por escrever a nossa letra… Ou escolher que música queremos “dançar”… Porque te-mos a liberdade de escolher o nosso cami-nho, depois dos ensinamentos de grandes exemplos, como o Padre Dehon.Devemos empenhar-nos, esforçarmo-nos e fazer valer todo o nosso talento… Porque temos a certeza de que temos sempre um grande amigo a acompanhar-nos…E, depois de um caminho mais ou menos longo, o resultado é sempre algo de muito musical… E com a ajuda de Cristo, sempre BELO!

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“O que faz falta é animar a malta”

outro ângulo – 35do mundo

VAlícia Teixeira

O que é que o trecho desta música, do nosso Zeca Afonso, tem a ver com o mundo do trabalho?

Não digo tudo, mas muito!Hoje, felizmente “eu tenho um trabalho”, como dizia o outro numa novela, não sei até quando… Mas isso é outra conversa! A verdade é que gosto muito do que faço, no momento, quanto mais não seja porque defendo a causa (Emprego e Formação/Qualificação Profissional) e tenho ótimos colegas em que acre-ditamos que “uma mão lava a outra”! Atenção, os conflitos existem e considero que é saudável que aconteçam! Daí não me incomodar muito por não estar a exercer diretamente “a minha área” – outra conversa – de por vezes trabalhar depois da hora, usar o meu carro, os meus recursos, fazer sábados e domingos desde que alguém me peça ou consi-derarmos importante… Afinal, mesmo com funções diferentes, estamos para o mesmo.

Trabalho desde os meus 14 anos (pois, ainda nem tinha idade legal para iniciar actividade laboral) mas sempre defendi/acreditei: “antes um emprego com salário mais baixo, do que com um péssimo ambiente de trabalho”. Tendo em conta a crise e o fraco poder de compra, esta opinião poderá chocar muitos de vocês, mas acredito que neste momento alguns devem estar a abanar a cabeça afir-mativamente. É ou não é?O pior sentimento que se pode sentir ao dirigirmo-nos para o nosso local de trabalho é a frustração. Frustração com o nosso desempenho ou de não sermos reconhecidos, a ansiedade de não sabermos o dia de amanhã e ainda por cima para darmos de caras com aquele/aquela colega que é in-suportável! Só de pensar nisso... Sem dúvida alguma que uma das causas da queda de eficiência e produtivida-de de uma empresa está na má admi-nistração dos conflitos existentes.Por acaso, o meu namorado tem uma filosofia muito simples e para mim genial: “Se eu não prestar um bom serviço, quem perde é o meu patrão, logo perco eu também”, por outro la-do a entidade patronal onde está de-fende “Se os meus colaboradores não se sentirem bem, poderão prestar um mau serviço, logo perdemos”. E agora, o título faz sentido? Dirigentes e colaboradores, não vale a pena entrarmos a mal, animem-se malta (tirurititi…!)

O pior que se pode sentir ao dirigirmo-nos para o trabalho é a frustração

(Texto escrito conformeo Acordo Ortográfico)

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36 – novos mundosdo mundo

VAndré Teixeira

Um dia de sol escaldante... e sombra no estádio...

Nuvem artificialNum mês recheado de da-

tas comemorativas, o Dia Internacional do Sol e o Dia Internacional da Energia leva-ram-me a escrever este artigo. Por gostar imenso de futebol, e por este desporto ser conhe-cido mundialmente, encontrei algo que conjuga estes dois temas… Imagina aqueles dias de sol, em pleno Verão, a ba-ter num estádio de futebol… Agora imagina que estás a praticar algum desporto nesse recinto… Calor seria a palavra de ordem. Mas, já há solução à vista!Já para o Mundial de Futebol de 2022 a realizar-se no Catar, e após a FIFA mostrar grande preocupação em deixar os atletas neste tipo de clima (poderá chegar rapidamente aos 48˚), cientistas da Universidade do Catar apre-sentaram um projecto de um aparelho a que deram o nome de: Nuvem Artificial.Pois é, o mundo está em tama-nha evolução que já é possível que um aparelho simule o “trabalho” de uma nuvem. Este dispositivo será construído a partir de uma liga de carbono leve e resistente e flutuará com a ajuda de gás hélio, sendo toda a sua energia proveniente do sol, através de painéis solares instalados no topo do aparelho e será movido a… Controlo remoto!Este aparelho também estará programado para mu-dar de posição de acordo com o movimento do sol. É claro que este tipo de engenharia é de elevado custo, mas ambientalistas prevêem que, caso se realize e te-nha os resultados previstos, seja também uma forma de combater as típicas abrasaduras solares caracte-rísticas do Verão. A ideia não é inédita, uma vez que num episódio sobre efeitos solares, na série de ani-mação americana Simpsons, já o “Mr. Burns” tratou de fazer algo semelhante. Aproxima-se o Verão, tem atenção às “nuvens” que percorrem os céus…Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br

Aproxima-se o Verão,tem atenção às “nuvens”que percorrem os céus…

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nuances musicais – 37do mundo

Ao Vivo ou em play-back?

VFlorentino Franco

Muitas músicas são usadas fora dos contextos para que foram criadas

O play-backé sempre necessário,no entanto, deve ser usadosó em casos extremos.

Apresentar um espectáculo de qualidade ao vi-vo requer uma logística, que nem sempre está

dentro dos orçamentos previstos na perspectiva do produtor. Então, a melhor forma é cortar em meios e ao mesmo tempo não arriscar na perda de qualidade auditiva. Certamente já nos apercebemos que noventa por cento dos programas, nomeadamente talk-shows e até festivais, apresentam os artistas a fingir que tocam, e muitas vezes também a fingir que can-tam. Um dos motivos para tal acontecer é precisa-mente a redução de meios e consequentemente de despesas. Fazer testes de som para vários artistas num mes-mo programa e enquadrá-los para que o som saia perfeito é tarefa complicada, que exige muito tempo e minúcia. A maneira mais simples e eficaz é colocar o instrumental (play-back) parcial ou total e, é claro, apelar a que o artista finja conve-nientemente, acompanhando a música. Por vezes essa situação pode encaixar num mau momento do artista, em que a voz esteja deteriorada, o que vai ser bastante benéfico, ou também quiçá, res-guardá-lo da tarefa de cantar ao vivo. Relativamente a festivais, será que devemos dar o desconto pelos excessivos meios necessários e consequentes despesas? Talvez.... No entanto apraz-me referir, como músico, que por vezes é explorada a cenografia ao máximo, enaltecendo os aspectos visuais, em detrimento do aspecto musical. Este desabafo já foi proferido por vários músicos, que até tiveram a coragem de o fazer en-quanto estavam na mesa de júri num conhecido festival.O play-back é sempre necessário, no entanto, de-ve ser usado só em casos extremos, em que haja a impossibilidade da montagem adequada de ins-trumentos, ou então para efectuar uma actividade paralela ou coreográfica em que o artista principal não seja o que finge tocar ou cantar. Há artistas, nomeadamente portugueses, que se recusam a ir a certos programas pela impossibi-lidade que lhe põem de cantar ou tocar ao vivo. Certamente não serão os que mais vendem, mas são sem dúvida os mais coerentes.

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38 – cuidar de sido bem-estar

O conhecimento salva vidas

VJoão Moura

Enfarte Agudo do Miocárdio

Por isso qualquer patologia que interfira na sua nutrição é lesiva. As consequências são diversas,

podendo desde pouco interferir no funcionamento normal do corpo até a morte súbita da pessoa.De todas as doenças, é do Enfarte Agudo do Miocárdio (EAM) que mais se ouve falar, e é aquela que nos pode suscitar mais dúvidas ou receios.O EAM resulta da morte de parte do músculo car-díaco por falta de aporte adequado de nutrientes e oxigénio. É causado pela redução do fluxo sanguí-neo coronário de magnitude e duração suficiente para não ser compensado pelas reservas orgânicas. A causa habitual da morte celular é uma isquemia (deficiência de oxigénio) no músculo cardíaco, por oclusão de uma artéria coronária, decorrente de um coágulo, trombo ou processo ateroesclerótico.O diagnóstico definitivo de um enfarte depende da demonstração da morte celular. Este diagnósti-co é feito de maneira indirecta, por sintomas que a pessoa sente tais como a dor no peito (de início insidioso e gradual; de localização atrás do externo e com extensão ao braço esquerdo e mandíbula); sensação de falta de ar, suor frio, palidez e debili-dade generalizada importante; por alterações num eletrocardiograma e por alterações de certas subs-tâncias, marcadores de lesão miocárdica, tais como a Troponina e a CK-MB no sangue.O tratamento procura diminuir o tamanho do en-farte e reduzir as complicações pós-enfarte.

Envolve cuidados gerais como repouso, moni-torização intensiva da evolução da doença, uso de medicações e procedimentos chamados in-vasivos, como angioplastia coronária e cirurgia cardíaca. O tratamento é diferente conforme o caso, pois a localização e magnitude do enfarte são variáveis, bem como a resposta do indivíduo.O prognóstico, será tanto mais favorável quanto menor a área de enfarte e mais precoce o seu tra-tamento. Desta forma urge conhecer as caracte-rísticas da Prevenção e da Actuação face ao EAM. Existem dois grandes grupos de factores de risco, os major e minor, consoante a frequência com que se associam ao EAM e são eles respec-tivamente:

1. Major: Idade (aumento progressi-vo a partir dos 35 anos); sexo (6H:1M); hipercolesterolemia (Colesterol total acima 200mm/dl); hipertensão arte-rial (TA>15/9); tabagismo.2. Minor: Obesidade: Diabetes melli-tus; personalidade temperamental ou ansiosa; antecedentes familiares; uso de anticonceptivos orais; consu-mo excessivo de café.

Perante a suspeita de um eventual EAM, os pas-sos a tomar são:

1. Chamar o 112 descrevendo a situ-ação e a localização o mais detalha-damente possível2. Se tiver havido paragem cardíaca ou respiratória, iniciar reanimação cárdio-respiratória 3. Se a pessoa estiver consciente, tranquilizar, confortar e dar 500 mg de ácido acetilsalicilico pedindo-lhe que a mastigue

O conhecimento salva vidas... E todos nós um dia podemos ser chamados a ser Heróis... Bastam 3 passos...

Além do mês de Nossa Senhora, Maio é também o mês dedicado ao coração.Órgão nobre e primordial, é responsável pela circulação do sangue por todo o corpo. Por se tratar de um músculo em contínua actividade, as suas exigências metabólicas também são elevadas.

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dentro de ti – 39do bem-estar

Tens de ser é perfeito!

VCosta Jorge

Será o perfeccionismo uma virtude?

A ideia de perfeição faz parte do nosso imaginário e corres-ponde a um desejo que nos deixa sempre insatisfeitos e nos move numa dinâmica do sempre mais. No entanto, a perfeição tem de ser entendida como uma energia moti-vadora e nunca como uma regra objectiva.

A Leonor queria um homem perfeito, um emprego perfeito e uma casa per-feita. Aos quarenta anos, continuava

solteira, desempregada e a viver numa casa alugada. A sua busca de perfeição tornava praticamente impossível que ela se sentisse satisfeita com aquilo que o mundo real ti-nha para lhe oferecer.

Os perfeccionistas são irrealistas. Poucas coi-sas e nenhuma pessoa são perfeitas. Esperar a perfeição em nós próprios ou nos outros serve apenas para criar padrões impossíveis e pode levar a um espiral descendente de pensamen-tos negativos, que conduz à auto-crítica, à insa-tisfação constante, ao ressentimento, ao stress, à ansiedade e ao esgotamento. Quando alguém afirma orgulhosamente que é um perfeccionista, recebe, com surpresa, uma resposta: “Lamentamos por isso. Os nossos sen-timentos”.Se viver sempre preocupado por atingir a per-feição poderá chegar à conclusão de que os seus esforços são contraproducentes.As crianças perfeccionistas têm problemas de auto-estima. A sua inflexibilidade pode cons-tituir um sinal relevante de baixa auto-estima. Ser-se perfeito nunca foi sinal de sanidade mental, antes pelo contrário. Ter a coragem de se ser imperfeito é mais um sinal de auto-esti-ma do que fingir que se faz tudo bem.O perfeccionismo não raras vezes encoraja uma competição doentia, podendo promover comportamentos pouco éticos, como: copiar nos exames, receber louros pelo trabalho de outrem ou inventar falsas qualificações profis-sionais.Esforçar-se por ser competente, por executar tarefas de forma óptima mesmo que não seja perfeita, por perceber que existem dias em que

nos sentimos mais em baixo, em que estamos preocupados com um problema pessoal, é muito importante para o nosso equilíbrio mental.É importante perceber que se as nossas ex-pectativas de perfeição forem demasiado altas, podemos não chegar à meta. E se não conseguir atingir um padrão ou objectivo perfeito não significa que tenha fracassado. Por último, o padrão que Jesus coloca para os seus seguidores “sede perfeitos como é per-feito o vosso Pai celeste” (Mt 5,48) pode trazer alguma perturbação. Mas é preciso notar que o perfeito significa também maduro. Embora saiba que nunca virei a ser perfeito, acredito que posso continuar a crescer. A maturidade não é a ausência de imperfeições, mas é ter consciência da força presente em nós que nos faz crescer e nos dá a capacidade de amar e receber amor, não tanto por aquilo que faço mas por aquilo que sou. É isto que as pessoas com uma auto-estima saudável sentem em relação a si próprias e aos outros.

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Momento mágico de reencontro!

40 – smpdantigos alunos

VGarrido Mendes

Encontro anual de Antigos Alunos do Seminário Padre Dehon

VOctávia Medeiros

Os mais apressados começaram a chegar pelas 10h30… Pelas 11h00 já se ouviam, por todos

os cantos, gargalhadas, gritos de alegria, ruidosos abraços… e histórias de um tempo que se foi, mas que aqui parecia tão perto! Pelo meio dia, veio a Eucaristia, presidida pelo P.e Joaquim Garrido, Superior do Seminário. No início foram lidos os nomes daqueles que já partiram para junto do Pai, mas que deixaram memória nas nossas vidas. A partir do episódio da ressurreição de Lázaro (o Evangelho do dia), o presidente da celebração convidou-nos a “acreditar” (isto é, a aderir) a Jesus para ter vida… Na verdade, foi isto mesmo que, há muitos anos, nós aprendemos neste Seminário com esses padres que nos falaram de Jesus e da sua proposta de vida. No final, foi lida uma bonita oração, preparada pelo Hugo Freitas, agradecen-do ao Coração de Jesus a oportunidade que nos deu ao trazer-nos até esta casa, e pedindo-lhe que nos ajudasse a sermos testemunhas fiéis de tudo o que aqui aprendemos e descobrimos.Depois da fotografia oficial do grupo, veio o almo-ço. No centro estava, naturalmente, a já mais que famosa feijoada do Armindo; mas não faltaram ou-tros famosos petiscos, que acrescentaram alguns centímetros mais a algumas barrigas já suficiente-mente volumosas. À volta da mesa, fizemos uma bonita experiência de comunhão, de fraternidade e de estreitamento dos laços que unem esta nossa família do Seminário Padre Dehon.

À tarde houve a apresentação, na sala de teatro, dos antigos alunos presentes; e foi sugerido que, quem estivesse interessa-do, se ligasse a esta “família” através do Facebook (procurar, através do motor de busca, “ex-aluno dehoniano”).Depois, houve o tradicional jogo de futebol. Apesar do peso e da dimensão das barrigas, ainda se viram alguns interessantes mala-barismos e golos artísticos – o que indica que, há muitos, muitos anos, esta gente era boa a jogar à bola. Antes de partir, alguns ainda tiveram tempo para acabar com as sobras do almoço.Até ao ano, se Deus quiser.

No dia 10 de Abril, realizou-se o Encontro Anual dos Antigos Alunos do Seminário Missionário Padre Dehon. Foi, como de costume, um mo-mento mágico de reencontro com um passado que mar-cou muitas vidas e que dei-xou memórias (boas e más) inesquecíveis.

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da juventude

Lausperene

VMaria Oliveira

Quaresma na paróquia do Livramento

jd-Açores – 41

Nos passados dias 19 e 20 de Março, foi celebrado o Lausperene no Livramento. Todos os grupos da

paróquia tiveram o seu momento de Adoração e os grupos de jovens participaram com uma hora cada.Neste momento especial o grupo de Jovens Soldados de Cristo quer partilhar um pouco do que foi a sua ex-periência em grupo e em comunidade. No início da preparação o grupo sentiu-se um pouco inseguro sem saber como ocupar esta hora da melhor forma. Mas no decorrer da Adoração tudo começou a correr bem. Fizemos questão de integrar os membros da comunidade que estavam presentes. Foi um mo-mento de partilha muito bonito. Sentimos que todos ficaram cheios da presença de Cristo no seu coração, o que nos dá alento e força para enfrentar as dificul-dades diárias. Foi um momento não só nosso mas de todos…

VOctávia Medeiros

Via-Sacra das criançasNo dia 2 de Abril, os grupos de catequese

da nossa paróquia (Livramento) prepara-ram uma estação da Via-Sacra a apresentar na igreja. A mesma encheu-se de crianças e pais para reflectirem o quanto o Senhor sofreu por nós e como devemos agradecer o quanto Ele nos ama. Com a azáfama da vida nem sempre paramos para estar um pouco na Sua presença amiga… De seguida foi a segunda parte da Liturgia Eucarística, dado que a primeira foi a da Palavra com a Via-Sacra encenada pelos cate-quizandos…Cristo vive para sempre em nós!

Após terminar a nossa hora de oração a Ele que nos é tudo, senti que o grupo cresceu mais um pouco na sua caminhada de Fé, que há muito ainda a caminhar para O conhecer e dar a conhecer.

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42 – jd- Lisboada juventude

JD-Lisboaem festa!

Como vem sendo habitual, desde há uns anos a esta parte, realizou-se no dia 10 de Abril, no

salão da igreja paroquial de Carnaxide, o Festival Regional da Canção da Juventude Dehoniana do centro de Lisboa. Este encontro, que foi preparado com tanto entusiasmo e dedicação pelo secreta-riado desde o mês de Janeiro, contou com a parti-cipação de sete grupos de jovens – Rio de Mouro, Outurela, Carnaxide, Boavista, Póvoa de Santa Iria e Buraca – tendo no total nove músicas.Atendendo ao pedido do Superior Provincial, que nos exortou a que dinamizássemos a pastoral ju-venil trazendo novas dinâmicas e actividades para os nossos encontros, a equipa do secretariado pôs mãos à obra e o resultado foi um festival jovem, divertido e bem executado por parte de todos os grupos. De salientar também a presença dos fami-liares dos membros dos grupos que participaram no festival; ao todo estiveram presentes perto de 300 pessoas. O encontro começou por volta das 15h00, e ter-minou, sensivelmente, cerca das 17h30. Foram 2 horas de autêntica partilha e vivência de comu-nhão eclesial – tema deste ano – entre todos os presentes, onde foi possível apreciar a arte de cada jovem que subiu ao palco. De facto, cada música, cada interpretação e cada presença em palco es-tiveram mesmo muito bem, e isso traduziu-se em alegria, que era visível nos rostos de quem cantava e de quem escutava, e nos inúmeros aplausos que vieram da plateia.Durante o intervalo, tempo em que o júri, forma-do por pessoas que andam no “mundo da música”, um grupo de dois religiosos paulistas apresenta-ram em primeira mão o novo Catecismo da Igreja Católica para os jovens chamado YouCat, que teve lançamento mundial no dia 13 de Abril. Durante este tempo de intervalo, foi também possível con-viver à volta de uma fatia de bolo e de um sumo ou café.

Festival JD-Lisboa

Após a entrega de um “passaporte” para o festival nacional, a realizar entre 6 e 8 de Maio, no seminário de Alfragide, deu-se um prémio de participação a todos os concorrentes e, de-pois, um outro às três canções que irão repre-sentar Lisboa nesse festival nacional. O grupo de jovens de Rio de Mouro recebeu o prémio

Grupo de Rio de Mouro(Canção Vencedora do Festival)

Grupo da Póvoa de Santa Iria(Canção apurada)

Grupo de Carnaxide(Canção apurada)

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jd-Lisboa – 43da juventude

VNuno Pacheco

“Passaportes” para o Festivaldo Encontro Nacional

Grupo de Carnaxide(Canção apurada)

Grupo da Boavista

Grupo de Carnaxide Júnior

de canção vencedora e os jovens de Carnaxide e Póvoa de Santa Iria, o prémio de canções apu-radas. Mas nesta verdadeira comunhão eclesial, os grandes vencedores foram mesmo todos aqueles que participaram, pois deram um bom testemunho do que é viver em comunhão e ser Igreja.

Via-SacraNa paróquia de Carnaxide, no dia 16 de Abril de 2011, os jovens dessa paróquia orga-nizaram uma Via-Sacra com encenação ao longo do jardim situado em frente à Igreja. Esta Via-Sacra foi destinada, essencialmente, para as crianças da catequese, embora tenham aparecido muitos pais e outros paroquianos. Foi um testemunho bonito e uma colaboração preciosa que estes jovens deram a toda a sua comunidade paroquial. Como não podia deixar de ser, repetiram o feito em dia de Sexta-Feira Santa.

Grupo de Outurela

Grupo da Buraca – Piquenos

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44 – jd-Portoda juventude

A raiz de tudo no coração

Retiro de Quaresma e compromisso

Foi no dia 10 de Abril que a Juventude Dehoniana do Porto se reuniu, novamente em Betânia, desta vez para um retiro de Quaresma e ainda para a celebração do compromisso.

O acolhimento foi-se dando por volta das 09h30, seguido das habituais apresentações e a posterior oração da manhã.O retiro prolongou-se pela parte matinal do dia entre momentos de reflexão e oração pessoal que eram motivados pelas belas e profundas palavras do P.e Gouveia que nos guiou numa introspectiva através do tema: “A raiz de tudo no coração”.Fomos confrontados com questões pessoais que nos interrogavam se sabíamos donde vinha a vontade de fazermos o que fazíamos, o que valorizava essa vontade: se era o fazer ou o espírito com que se fazia. Se valia a pena fazer muito mas não fazer bem, ou se estaríamos suficientemente presentes em nós mesmos para reflectir um pouco todos os dias no nosso es-pírito. Perguntas cujas respostas cada um procurou dentro de si, por entre as suas reflexões.

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jd-Porto – 45da juventude

VRita Resende

Já ao romper da tarde, procedeu-se à adoração e em seguida ao tradicional almoço partilhado. Depois, dividi-mo-nos em grupos, preparámos a missa, e deu-se início à celebração dos compromissos, onde a jovem Olinda Silva, membro do secretariado JD – Porto, se compro-meteu a assumir as atitudes dehonianas.Seguiram-se momentos finais de convívio, e chegou-se à meta de mais um retiro, desta vez relembrando o le-ma das JMJ – Madrid 2011: “Enraizados e edificados em Cristo, firmes na fé”.

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DEHUMOR

» JD — NacionalMaio06-08 − XIV Encontro Nacional - Alfragide.

» JD — LisboaMaio15 − Encontro de preparação para as JMJ. Junho15 − Encontro de preparação para as JMJ.

» JD — MadeiraJunho05 − 2.º Dia Diocesano da Juventude.

» JD — PortoMaio01 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso. 21-22 − CFA - BÍBLIA − Gatão (Amarante).Junho05 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso. 10 − Caminhada para as FM.

14 de Junho – Retiro dos Leigos – Alfragide18 de Junho – Vigília do Coração de Jesus19 de Junho – Festa do Coração de Jesus

(Padre Dehon)“O amor faz suportar

tudo com alegria.”

46 – agendada juventude

VPaulo Vieira

Este ano há

FESTIVALda CANÇÃO

SEMPRE -1.ª quinta-feira do mês!21h00 - Seminário P.e DehonPorto

SEMPRE -3.ª quarta-feira do mês!21h00 - Colégio MissionárioFunchal

e MUITAS

NOVIDADES!

PROGR AMA

Sexta-feira - 6 Maio19h00 – Chegada19h30 – Jantar (até às 21h00)22h00 – Animação23h00 – Surpresa!00h00 – Oração Noite(c/ luz/fogo-de-artifício...) > Apresentação Centros > Apresentação do Hino > Cristoteca - Convívio01h30 – DeitarSábado - 7 Maio08h00 – Pequeno-almoço09h00 – Oração da manhã10h00 às 13h30: 15 Workshops

13h30 – Almoço15h30 – “A Igreja somos nós!”16h00 – Flashtables17h30 – Com o Bispo20h00 – Jantar22h00 – Saída para…00h00 – DeitarDomingo - 8 Maio08h00 – Pequeno-almoço09h00 – Introdução à oração pessoal > Oração pessoal10h45 – Saída para as 5 paróquias13h30 – Almoço14h30 – Festival da canção17h00 – Despedida

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Page 47: A folha dos Valentes

passatempos – 47tempo livre

tem piada curiosidades

VPaulo Cruz

Soluções de AbrilFiguras dos séculos XV-XVI: 1a, 2c, 3c, 4a, 5b, 6c, 7c.

elas têm sempre razãoA minha namorada acabou tudo comigo. Diz que foi porque eu estou sempre a corrigi-la. Ela foi a minha casa e disse:– João, precisamos de falar.– O meu nome é Luís – respondi.– Estás a ver? Para ti eu nunca digo nada certo – afir-mou ela.

más notíciasTelefonando a um paciente, o médico diz:– Tenho más e péssimas notícias. Tem vinte e quatro horas de vida.– Isso é que são más notícias – responde o paciente. – O que poderá ser pior?– Estou a tentar ligar-lhe desde ontem – responde o médico.

A mais antiga celebração do Dia das Mães é mitológica. Na Grécia Antiga, a entrada da Primavera era festejada em honra de Rhea, a Mãe dos Deuses. O próximo registro está no início do século XVII, quando a Inglaterra começou a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar em casa com as mães. Era chamado de “Mothering Day”, fato que deu origem ao “mothering cake”, um bolo para as mães que tornaria o dia ainda mais festi-vo. No Brasil, em 1932, o então presidente Getúlio Vargas

dia da mãe

quebra-cabeças

1. Padre jesuíta, morreu na Baía (Brasil) em 1697, com 89 anos. Autor do “Sermão de Santo António aos Peixes”. a) Padre António Vieira b) Frei Amador Arrais c) Frei Manuel das Chagas2. Mulher de letras de rara erudição, foi uma figura marcante da cultura portuguesa do século XVIII e dos princípios do século XIX. a) Natália Correia b) Marquesa de Alorna c) D. Luísa de Gusmão3. Escritor oitocentista, é o autor do Amor de Perdição. a) Júlio Dinis b) Eça de Queirós c) Camilo Castelo Branco4. Cantora lírica, grande figura da história da música em Portugal, nasceu em Setúbal em 1753. Trata-se de: a) Luísa Todi b) Guilhermina Suggia c) Helena Sá e Costa5. Escritor oitocentista, é autor do romance O Crime do Padre Amaro. a) Camilo Castelo Branco b) Fialho de Almeida c) Eça de Queirós6. Com o título Verdadeiro Método de Estudar, fez publicar anonima-mente no século XVIII uma obra de pensamento arrojado. a) Luís António Verney b) António Ribeiro Sanches c) Manuel Álvares7. Compositor, nasceu em Lisboa em 1762. Lo Spazzacamino é o título de uma das suas óperas. a) Marcos Portugal b) João de Sousa Carvalho c) André da Silva Gomes8. Médico e escritor, deixou-nos A Morgadinha dos Canaviais e As Pupilas do Senhor Reitor. O seu pseudónimo literário é: a) Fradique Mendes b) Miguel Torga c) Júlio Dinis9. Filóloga de origem alemã, deu grandes contributos ao estudo da cultura e da língua portuguesas. a) Luciana Stegagno Picchio b) Cleonice Berardinelli c) Carolina Michaëlis de Vasconcelos

figuras dos Séculos XVII-XIX

respostas directas– Jovem, onde é que trabalha? – perguntou o juiz ao réu.– Aqui e ali – disse o homem.– O que é que faz?– Isto e aquilo.– Levem-no – disse o juiz.– Espere aí! Quando é que saio? – perguntou o ho-mem.– Mais cedo ou mais tarde – respondeu o juiz.

cliente deprimidoO cliente do alfaiate parecia deprimido.– Anime-se. Conheci uma pessoa que devia 5000

oficializou a data no segun-do domingo de Maio. Em 1947, Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro, determi-nou que essa data fizesse parte também no calendário oficial da Igreja Católica.Em Portugal, o Dia da Mãe é celebrado no primeiro do-mingo de Maio.

euros e não podia pagar. Levou o seu veículo para a borda de um precipício e ficou sentada mais de uma hora. Um grupo de cidadãos preocupados ouviram falar do proble-ma e pediram o dinheiro entre eles. Aliviado, o

homem recuou do precipício – disse o alfaiate.– Quem foram essas pessoas generosas? – interro-gou o cliente.– Os passageiros do autocarro – respondeu o alfaia-te.

a missa e os relógios– Se alguém olha para o relógio durante o sermão, não me importo – disse o padre.– O que me abor-rece é quando o tiram e abanam para ver se está a funcionar.

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