a espiritualidade juvenil como horizonte da pÓs … · ... a abordagem que esses autores discutem...

23
1 A ESPIRITUALIDADE JUVENIL COMO HORIZONTE DA PÓS-MODERNIDADE Hiago Baltazar Saraiva * RESUMO O presente estudo aborda a dinâmica das juventudes a partir do conceito de espiritualidade e pós-modernidade. Para tal, elaborou-se um referencial teórico que apresenta a espiritualidade juvenil como um horizonte na pós-modernidade, tendo como fio condutor da espiritualidade juvenil as ideias de autores como João Batista Libanio, Leonardo Boff, Jean-François Lyotard entre outros. O objetivo é reconhecer a espiritualidade juvenil como eco e horizonte da mudança de época para a contemporânea. Na primeira parte elabora-se um conceito de pós-modernidade e de espiritualidade. Em seguida, desenvolve-se o conceito de juventude, e conclui-se que a espiritualidade é uns dos elementos centrais na vida dos jovens contemporâneos. Palavras-chave: Juventude, Pós-Modernidade, Espiritualidade. INTRODUÇÃO Creio que os reflexos da globalização e da pós-modernidade transcorrem por muitos âmbitos da sociedade. A ocidentalização do mundo juntamente com a entrada maciça dos símbolos midiáticos nas mais distintas sociedades espalhadas pelo globo atingem diretamente seu status quo, e os lançam nos turbilhões fluídos das incertezas contemporâneas. Todavia, a pós-modernidade não mostra caminhos, ela os desconstrói, não firma metanarrativas, mas adora destrocá-las, e, assim, o homem moderno calcado em princípios seculares de verdades absolutas fica sem chão, sem bases sustentáveis de afirmações plausíveis; a única verdade que surge é essa: “não existe verdade absoluta.” A globalização da economia mundial juntamente com a ascensão dos meios de comunicação de massa e as desconstruções levantadas por filósofos, sociólogos e historiadores descortinam um novo momento histórico, momento esse que tende a * Graduando do Curso Superior de Teologia do Centro Universitário La Salle Unilasalle Canoas-RS, matriculado na disciplina de Trabalho de Conclusão do Curso II sob orientação do Prof. Dr. Renato Ferreira Machado. E-mail do graduando: [email protected]

Upload: doduong

Post on 08-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

A ESPIRITUALIDADE JUVENIL COMO HORIZONTE DA

PÓS-MODERNIDADE

Hiago Baltazar Saraiva*

RESUMO

O presente estudo aborda a dinâmica das juventudes a partir do conceito de

espiritualidade e pós-modernidade. Para tal, elaborou-se um referencial teórico que

apresenta a espiritualidade juvenil como um horizonte na pós-modernidade, tendo como

fio condutor da espiritualidade juvenil as ideias de autores como João Batista Libanio,

Leonardo Boff, Jean-François Lyotard entre outros. O objetivo é reconhecer a

espiritualidade juvenil como eco e horizonte da mudança de época para a

contemporânea. Na primeira parte elabora-se um conceito de pós-modernidade e de

espiritualidade. Em seguida, desenvolve-se o conceito de juventude, e conclui-se que a

espiritualidade é uns dos elementos centrais na vida dos jovens contemporâneos.

Palavras-chave: Juventude, Pós-Modernidade, Espiritualidade.

INTRODUÇÃO

Creio que os reflexos da globalização e da pós-modernidade transcorrem por

muitos âmbitos da sociedade. A ocidentalização do mundo juntamente com a entrada

maciça dos símbolos midiáticos nas mais distintas sociedades espalhadas pelo globo

atingem diretamente seu status quo, e os lançam nos turbilhões fluídos das incertezas

contemporâneas. Todavia, a pós-modernidade não mostra caminhos, ela os desconstrói,

não firma metanarrativas, mas adora destrocá-las, e, assim, o homem moderno calcado

em princípios seculares de verdades absolutas fica sem chão, sem bases sustentáveis de

afirmações plausíveis; a única verdade que surge é essa: “não existe verdade absoluta.”

A globalização da economia mundial juntamente com a ascensão dos meios de

comunicação de massa e as desconstruções levantadas por filósofos, sociólogos e

historiadores descortinam um novo momento histórico, momento esse que tende a

* Graduando do Curso Superior de Teologia do Centro Universitário La Salle – Unilasalle

Canoas-RS, matriculado na disciplina de Trabalho de Conclusão do Curso II sob orientação do Prof. Dr. Renato Ferreira Machado. E-mail do graduando: [email protected]

2

romper provisória ou completamente os paradigmas que sobreviveram íntegros por

séculos.

Tais paradigmas segundo esses teóricos eram os que nortearam a humanidade

por longo tempo, alguns milenares, como a religião e outros mais recentes, como a

ciência. A esse momento histórico alguns pensadores, como Bauman (1998), Morin

(1993), Lyotard (1924-1998) denominaram de Pós-modernidade; Giddens (1991), por

exemplo, caracteriza-o como Modernidade Tardia. Os nomes mudam de acordo com

cada autor, no entanto, a abordagem que esses autores discutem gira em torno da crise

dos referenciais de verdade e a ruptura com as grandes narrativas, entre elas a

metafísica.

Não há duvidas de que pensar a dinamicidade da juventude em nossos dias, em

que toda a sociedade está fortemente marcada pela fragmentação social e fluidez das

instituições: família, relacionamentos, religiões... “Todas assumem caráter flexível na

vida de nossos coetâneos, que relativizam tudo o que, no passado, se considerava

estável e fundamental” (PE. ALEXANDER, 2014, p. 43).

As relações interpessoais tendem a ser, o mais possível, horizontais, frágeis e

abertas. Nossa civilização atual está fortemente marcada pela “... incapacidade

endêmicas de nossa sociedade, e de qualquer parte dela, de manter a sua forma por

algum período de tempo” (BAUMAN, 2007. P. 29).

O que caracteriza os tempos pós-modernos em que vivemos, segundo o filósofo

Lyotard, é a falta de respostas para a questão do sentido da existência.

Segundo Frei Beto (2013, p. 66):

A crise da modernidade favorece espiritualidades adaptadas às necessidades psicossociais de evasão, da falta de sentido, de fuga da realidade conflitiva.

Espiritualidades de tradições religiosas egocêntricas, ou seja, centradas no eu,

e não no outro, capazes de livrar o indivíduo da conflituosidade e da

responsabilidade sociais.

O que está em emergência são os novos modelos de ser Igreja que escapam às

antigas formas de organização eclesial. Para (PE. ALEXANDER 2014, p. 52) o que

começa a emergir não é mais uma organização eclesial monolítica, sem diferenças, mas

os muitos grupos que, embora identitários, independentes e autônomos, começam a

trabalhar com objetivos comuns, estão começando a se interligar em redes.

3

Não é mais possível uma organização uniforme e uniformizadora, como ocorreu

nas décadas anteriores no século XX. Mesmo as tentativas de alguns movimentos em

se tornarem únicos, como se pudessem substituir a antiga organização hegemônica,

frustraram-se.

Segundo Libanio (2012,p. 17):

Parte da juventude da década 60 viveu momento de enorme entusiasmo em

direção ao futuro. Nos EUA, os jovens desencadearam uma batalha simbólica

contra a guerra do Vietnã e romperam com muitas das estruturas do sistema

capitalista em grito de protesto. Na França, a movimentação culminou em

maio de 1968. Na América Latina, apesar da repressão e, em partes, por

causa dela, muita se lançaram na aventura de construir uma sociedade

socialista com diversos coloridos. O futuro os movia a agir.

Diante desse fator Libanio nos adverte que hoje, as Juventudes ficaram em um

comodismo. Todavia, a pós-modernidade desloca o acento para o presente. Os jovens

buscam experimentar o momento.

Boff quando situa o tema espiritualidade, ele situa em um contexto dramático e

perigoso em que se encontra atualmente a humanidade:

Em momentos assim dramáticos, o ser humano mergulha na profundidade do

Ser e se coloca questões básicas: o que estamos fazendo neste mundo? Qual é

o nosso lugar no conjunto dos seres? Como agir para garantirmos um futuro

que traga esperança para todos os seres humanos e para o planeta? E o que

poderemos esperar para além dessa vida? (BOFF 2006. p. 10.)

Para Boff, a “espiritualidade é uma das fontes primordiais, embora não seja a

única, de inspiração do novo, de esperança alvissareira, de geração do ser humano.” A

espiritualidade é algo inerente ao ser humano, sempre ele busca na espiritualidade um

sentido de vida, ou seja, é uma das fontes principais que o ser humano bebe, para dar

um sentido a sua vida.

A maioria dos jovens busca na espiritualidade respostas para as questões

existenciais. Ou seja, a fé ajuda o jovem a procurar e talvez encontrar um significado

para a própria existência. Busca-se algo, uma dimensão da vida que está distante da

banalidade cotidiana. Nesse sentido, a espiritualidade é algo inerente ao ser humano,

uma dimensão fundamental da vida.

4

2. PÓS-MOERNIDADE

Estamos vivendo em uma época da história da humanidade de profunda

mudança em todo o segmento da sociedade. É lançado um novo olhar para a geração

atual, um novo jeito de encarar a realidade e celebrar a vida. E essas mudanças

ocorridas de formas rápidas e transacionais em nossa sociedade é dominada “Pós-

modernidade”.

O momento hodierno tem sido compreendido e, consequentemente, denominado

de maneiras distintas: modernidade tardia ou alta modernidade, para Giddens (1991);

hipermodernidade para Lipovetsky (1944); pós-modernidade para Lyotard (1924-1998),

Fedric Jameson (1934), Beatriz Sarlo (1942), Hall (2006), entre outros. Assim, o

contexto atual e seus desdobramentos tornam-se temáticas relevantes de inúmeros

estudos e teóricos, acirrando os debates a respeito da sociedade e da cultura.

Consequentemente, esse contexto aponta tais características sociais, políticas,

econômicas, tecnológicas e culturais peculiares. Que produz comportamentos, práticas

de consumo, identifica e classifica as pessoas e, forma identidades, em fim, institui

modos de viver e ser das pessoas, ou melhor, de “estar no mundo”. A partir de distintas

compreensões desse contexto, procura-se explicá-lo, por meios das profundas

transformações ocorridas na sociedade, a partir da segunda metade do século XX e as

respectivas consequências nas relações sociais e práticas culturais do mundo presente.

2.1 Pós-modernidade mudança de época

Segundo Sandrini “existem épocas de mudanças e mudanças de épocas. Na

história da humanidade, é consenso que houve poucas mudanças de épocas. Mudança de

época supõe uma mudança de paradigma”.

Para Boff:

[..] está nascendo um novo tipo de percepção da realidade, com novos

valores, novos sonhos, nova forma de organizar arquitetonicamente os

conhecimentos, novo tipo de relação social, nova forma de dialogar com a

natureza, novo modo de experimentar a última realidade e nova maneira de

entendermo-nos a nós mesmos e definir nosso lugar no conjunto de seres

(BOFF, 2005, p. 27-28).

A partir da segunda metade do século XX iniciou-se um processo sem

precedentes de alterações na história do pensamento e da técnica. Junto com a

5

aceleração avassaladora nas tecnologias de comunicação, das artes, de materiais e de

genética, aconteceram também mudanças nos padrões e nos modos de se pensar a

sociedade e suas instituições, com isso começa a se firmar uma nova identidade cultural.

Nossa era é marcada por intensas e profundas mudanças. Depois de uma

longa “época de mudanças”, nós nos deparamos com uma “mudança de

época” que enfraquece e altera muitos dos paradigmas tradicionais que sustentavam certas visões de mundo. Raras são as sociedades imunes a esse

processo. Vivemos em um mundo globalizado, em que todos são afetados por

tudo o que acontece em qualquer lugar (CF 2013, n.5).

As clássicas maneiras de compreender o mundo e a maneira de viver que

serviram de alicerce para as pessoas por muitos séculos, já não são aceitas pelas novas

gerações. Destarte, a tradição cultural se fragmentou e deu lugar a uma diversidade de

visões do mundo e da vida de estruturações sociais, de relações com o sagrado e de

modelos antropológicos: “Vivemos uma mudança de época, e seu nível mais profundo é

cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser humano, sua relação com o mundo e

com Deus” (DA, 2007, nº 44).

As mudanças se verificam em todos os campos de atividade humana, atingem

economia, a política, as ciências, a educação, o esporte, as artes e a religião, que constituem os elementos da cultura das sociedades humanas. A religião,

uma das bases fundamentais de toda a cultura, sofre um impacto ainda maior

do que as outras áreas. Além disso, os aspectos humanos da sociedade –

economia, saúde, política, artes – aceitam olhar a questão da mudança de

modo unilateral, isto é, do ponto de vista exclusivo de seus interesses, que

são fragmentados. [..] (CF, 2013, n°8).

Destarte, onde outrora existiam valores e critérios que definiam dada realidade

ou modo de proceder, agora há uma diversidade de propostas aceitas como válidas, num

contexto de abertura a experimentação.

Nesse cenário de “mudança de época”, nos confrontamos com mais uma palavra

muito importante neste contexto atual, isto é, a “globalização”, Segundo BAUMAN

(1925, p.7). a “globalização está na ordem do dia; uma palavra da moda que se

transforma rapidamente em um lema, uma encantação mágica, uma senha capaz de abrir

as portas de todos os mistérios presente e futuro”.

6

2.2 Característica da Pós-modernidade segundo alguns pensadores.

A característica da pós-modernidade é vaga, não é apresentada uma definição

geral para si dentre os diversos teóricos que se debruçam sobre ela. É justamente por

isso que o termo se desdobra dentre tantos outros.

Na obra titulada A condição Pós-moderna (1986), de Jean –François Lyotard

aborda o conceito de pós-modernidade. Lyotard procura demonstrar que o entendimento

desse conceito está relacionado à abolição da ideia de verdade, que durante muitos anos

foi uma das principais armas de poder.

Aceitamos a decisão de que os dados do problema da legitimação do saber

estão hoje suficientemente esclarecidos para o nosso propósito. O recurso às grandes narrativas está excluído; não se pode portanto recorrer nem à

dialéctica do Espírito nem mesmo à emancipação da humanidade para a

validação do discurso científico pós-moderno. Mas, como acabamos de ver, a

<<pequena narrativa>> continua a ser a forma por excelências assumidas

pela invenção imaginativa e, antes de mais, na ciência (LYOTARD, 1986. p.

121).

Para Lyotard, a pós-modernidade se caracteriza por uma incredulidade perante o

metadiscurso filosófico metafísico, que possui pretensões atemporais e universalizantes.

Este cenário composto por uma essencialidade cibernética, informatizada e

informacional. O saber seria legitimado pela ciência, pelo virtual e pelo artificial. A

verdade seria o resultado da vitória do discurso mais sedutor ou daquele mais forte para

impor o seu discurso.

A transmissão de saberes já não surge destinada a forma uma elite capaz de

guiar a nação na sua emancipação, antes fornece ao sistema os jogadores

capazes de assegurar convenientemente o seu papel nos lugares pragmáticos

de que as instituições necessitam (LYOTARD, 1986. p. 99).

Também a complexidade abarcada pela pós-modernidade é exposta por

Esperandio (2007) quando a autora afirma que:

Não há como buscar uma verdade que se chama pós-modernidade. Mas há,

sim, como colocar em evidência a construção de sentido sobre um processo de recomposição de diversos elementos (políticos econômicos, culturais,

religiosos etc.), que leva à emergência do que se tem chamado hoje de pós-

modernidade. (ESPERANDIO, 2007, p. 9, grifo da autora)

7

Apesar de toda a confusão que o termo pós-modernidade pode causar, algumas

caracterizações de teóricos como Fredric Jameson e Michel Maffesoli dão conta de

constatar algumas similaridades entre visões distintas. Exemplo disso é o fato de que

ambos encaram a pós-modernidade como um fenômeno cultural. Featherstone afirma

que em seus estudos Jameson “fala em pós-modernismo como uma lógica cultural, ou

dominante cultural, que conduz à transformação da esfera cultural da sociedade

contemporânea”. (FEATHERSTONE, 1995, p. 26). Para Jameson (1993), a função do

termo pós-modernidade seria:

[...] correlacionar a emergência de novos aspectos formais da cultura com a

emergência de um novo tipo de vida social e com uma nova ordem

econômica - aquilo que muitas vezes se chama, eufemisticamente, de

modernização, sociedade pós-industrial ou de consumo, sociedade da mídia

ou dos espetáculos, capitalismo multinacional. (JAMESON, 1993, p. 27)

Maffesoli (1999), citado por Esperandio (2007), apresenta uma visão parecida

quando afirma que “associar pós-modernidade e neoliberalismo é uma bobagem, pois o

fundamento da pós-modernidade não é econômico” (ESPERANDIO, 2007, p. 6),

destacando o imaginário social como um fato mais marcante para a construção de uma

identidade ‘pós-moderna’.

Coelho vai ainda mais fundo no caráter generalista que o conceito de pós-

modernidade recebeu no decorrer de sua trajetória. O autor destaca a complexidade do

processo de transformação cultural que o termo carrega em si ao explicar que:

Neste final de século que, já um pouco mais facilmente, é possível rotular de

pós-moderno, tanto a tradicional concepção antropológica de cultura quanto

categorias mais recentes como cultura superior, média (midcult), e de massa

(masscult) – discutidas no começo dos anos 60 por Dwight MacDonald, na

esteira dos escritos da escola de Frankfurt, e em seguida vastamente

popularizadas por Umberto Eco, entre outros –, sem esquecer conceitos

similares do tipo cultura popular, cultura hegemônica, cultura dominada,

cultura nacional-popular, não mais dão mais conta, sozinhos, da

complexidade e diversidade da dinâmica cultural. (COELHO, 2005, p. 172,

grifos do autor)

Para Anderson, a chave para a compreensão do que é a pós-modernidade é a

instantaneidade. De acordo com o autor, o termo pós-moderno “é sempre em princípio o

que se deve chamar um presente absoluto. [...] Ele cria uma dificuldade peculiar para a

definição de qualquer período posterior, que o converteria num passado relativo”

(ANDERSON, 1999, p. 20). É dessa maneira que se pode destacar como uma das

8

características mais proeminentes da pós-modernidade a relação peculiar que este tem

com o tempo, que pela primeira vez se desprende das amarras do espaço para se tornar

uma unidade independente.

Pontes (2003, p. 50) afirma que essa característica de relativização do tempo está

presente tanto nas obras de Maffesoli, que a chama de ‘presenteísmo’, quanto de

Jameson, que utiliza o termo ‘presente perpétuo’. Bauman também destaca o caráter

relativo e cada vez mais subjetivo do tempo na pós-modernidade, a qual ele chama de

‘modernidade líquida’. De acordo com o autor, já no começo da era moderna se

observava uma emancipação do tempo em relação ao espaço, na qual “a relação entre

tempo e espaço deveria ser de agora em diante processual, mutável e dinâmica, não

predeterminada e estagnada” (BAUMAN, 2001, p. 131).

É dessa maneira que a instantaneidade se sobrepõe como valor positivo em lugar

do fixo e durável, ou, como o próprio Bauman coloca, há uma “despreocupação com a

eterna duração em favor do carpe diem” (BAUMAN, 2001, p. 144, grifo do autor). O

que resulta dessa nova maneira de se relacionar com o tempo é a quebra da sensação de

limites:

A instantaneidade (anulação da resistência do espaço e liquefação na

materialidade dos objetos) faz com que cada momento pareça ter capacidade

infinita; e a capacidade infinita significa que não há limites ao que se pode

ser extraído de qualquer momento – por mais breve e “fugaz” que seja.

(BAUMAN, 2001, p.145)

A desconstrução das barreiras entre o pessoal e o público também pode ser

encarada como uma característica própria da pós-modernidade.

Bauman destaca que a quebra dos limites entre o privado e o público pode ser

encarada de maneiras diversas na pós-modernidade. Enquanto que pensadores como

Habermas entendem tal fenômeno como uma ‘invasão’ do privado pelo público,

Bauman rebate tal ponto de vista ao afirmar que:

O que parece estar em jogo é uma redefinição da esfera pública como um

palco em que dramas privados são encenados, publicamente expostos e

publicamente assistidos. A definição decorrente de “interesse público”,

promovida pela mídia e amplamente aceita por quase todos os setores da sociedade, é o dever de encenar tais dramas em público e o direito do público

de assistir à encenação. (BAUMAN, 2001, p. 83)

Para Hall (2005, p. 12), o sujeito pós-moderno possui uma identidade

fragmentada e não permanente, refletindo-se aí na quebra de barreiras outras além das

9

de público e privado. O autor também frisa que esse sujeito não é mais definido

biologicamente como em épocas anteriores, mas sim historicamente. De acordo com

Hall (2005):

[a] identidade torna-se uma "celebração móvel": formada transformada

continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou

interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (HALL, 1987). E

definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades

diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao

redor de um "eu" coerente. (HALL, 2005, p. 12-13)

A quebra das fronteiras entre tempo e espaço, entre público e privado e de

paradigmas. Partindo dessas características primordiais, a seção seguinte busca as

relações entre a pós-modernidade e a espiritualidade juvenil pós-moderna.

3. ESPIRITUALIDADE

Neste início do século XXI, o ser humano está perante um desafio fundamental:

a retomada de uma dinâmica que tem traços específicos e que pode ser caracterizada

como espiritualidade.

Nas nossas circunstâncias presente de incertezas e insegurança, a

espiritualidade poderia ser vista como mais uma forma de escape. Embora

isso possa ser verdade em certos casos, parece-me que, de um modo geral, a

nova busca por espiritualidade, é sincera e genuína. Eis um dos sinais dos

tempos.

O sinal, porém, não é o número de pessoas que encontrou uma forma

satisfatória de espiritualidade pela qual possam reger sua vida. Algumas

encontram-na, mais o sinal é, antes de tudo a fome generalizada de

espiritualidade, a busca de espiritualidade, a necessidade de espiritualidade

sentida pelas pessoas. Poder-se-ia argumentar que todos os seres humanos precisam, e sempre precisaram de espiritualidade (NOLAN, 2013.p. 30-31).

O que hoje está acontecendo é que muito mais pessoas estão tomando profunda

consciência da sua necessidade de espiritualidade.

Para Nolan, essa necessidade ou fome por espiritualidade é experimentada de

diversas formas:

Alguns experimentam-na como necessidade de alguma coisa que lhes

transmitam força interior para aguentar a vida, ou paz de espírito e libertação

dos sentimentos de medo e ansiedade. Outros experimentam-na quando se

sentem ir abaixo e necessitado de alguma coisa maior do que eles que os mantenha de pé. Há, ainda, o sentimento de estar ferido, magoado, alquebrado

e com necessidade de cura. Muitos, ao que parece, sentem-se separados e

10

isolados das outras pessoas e da natureza. Anseio por ligação e harmonia. São

cada vez mais as pessoas, sobre tudo os jovens, que sentem essa necessidade de

entrar em contato com o mistério para além daquilo que se vê, ouve, cheira,

saboreia, toca ou pensa, para além das restrições do materialismo mecanicista.

Alguns sentem, muito simplesmente, fome de espiritualidade como um anseio

por Deus (NOLAN, 2013. p.31).

Creio que a espiritualidade no sentido amplo do termo, como experiência de algo

ou de alguém, uma força interior ou não, que transcende a pessoa.

Todos falam de espiritualidade, e ela é um tema recorrente em nossa cultura, não

só âmbito das religiões, mas também nos das buscas humanas, como aqui nesta seção

iremos tratá-la pelo viéis das juventudes no contexto pós-moderno.

3.1 Espiritualidade Pós-moderna

Creio que o cenário histórico da espiritualidade passou por três grandes fases: a

primeira, a fase das explicações sagradas, mediante as quais a natureza, o homem e a

sociedade eram interpretados sob a ótica religiosa. A segunda fase substitui as

explicações religiosas pelas explicações racionais - dilaceramento do sagrado. É

decretada a morte de Deus. Nela, apenas o argumento racional tem legitimidade. É a

terceira fase é ressacralização da sociedade na pós-modernidade.

Num momento de queda e de troca de paradigma e modelo, após a

humanidade ter acabado de entrar milênio, nota-se na sociedade de hoje uma

compreensão do homem que vai deferindo da concepção moderna,

estritamente regida pela autonomia. O novo sujeito que emerge em meio à

assim chamada Pós-Modernidade revela-se um ser relacional e aberto a uma

autonomia heterônoma, ou seja, uma autonomia regida pela alteridade. Essa

alteridade mostra um rosto transcendente, estranho à concretude racional da Modernidade. [...] (LUCCHETTI, 2013, p. 367).

Na visão de Boff, a espiritualidade pode ser entendida como a experiência de

contato com algo que transcende as realidades cotidianas da vida. Percebo que a

espiritualidade contemporânea ela não se da, mas, em meios institucionais como a

própria religião, mas se da por meios, de vivencias grupais.

Neste momento histórico de grandes mudanças, impactos e descobertas e as

novidade, encontramos uma geração diversificadas, essas por sua vez, se expressam o

seu modo de ser e vivem sua espiritualidade, de modos diferentes daqueles que foram

vistos nas gerações passadas.

11

Creio que também essa espiritualidade pós-moderna é vivenciada pelas redes

sociais, pois neste ambiente os jovens vivem comunitariamente e conectados.

E a redes é uma maneira inovadora e incontrolável de se relacionar. Gostos,

sentimentos, ideias se encontram, entrecuzam-se, criam e recriam mundos

fora do controle institucional, mundos em redes. A utilização dos celulares é

também um fator indicativo da necessidade de o jovem estar sempre

conectado. Uma recente pesquisa realizada por uma empresa da are de

telefones celulares indica que 85% dos jovens apontam o celular como o

dispositivo móvel mais importante da vida. O celular dá a sensação de nunca

estar sozinho, de nunca ser mais um na massa, de ser o único e estar sempre

ligado, “plugado”, conectado à tribo e poder partilha o que deseja. (CF 2013,

n° 90)

Percebe-se que o jovem contemporâneo, sempre sente a necessidade de estar no

grupo qual ele se identifica, seja por meio das redes sociais ou por presença física. Creio

que a espiritualidade pós-moderna, ela se da num contexto onde os novos paradigmas e

requer uma atenção maior. Pois estes paradigmas que hoje são um desafio para uma

vivência de espiritualidade mais eficaz.

3.2 Vivencia da espiritualidade Juvenil Pós-moderna

A espiritualidade não é algo que herdamos no nascimento nem algo que

incorporamos com uma investidura. Mas um determinado modo de ser que construímos.

A juventude é vida que está começando ser, com autonomia – assim como

Deus o fez. Podemos dizer que a juventude é o presente – futuro. A juventude não está feita ela está-se fazendo. Carrega em si a dimensão da criatividade e

de uma criação que não está pronta. Ela é a encarnação da criação

acontecendo na humanidade (DICK, 2009, p. 32-33).

Segundo Dick, “a juventude – mais e diferente de outra idade – busca sua

identidade”. De acordo com alguns autores, hoje, vivemos em uma época que a

sociedade está fragmentada, os valores tidos como bússola para vida de gerações

anteriores já não são vistos, mas como nos séculos passados. O jovem pós-moderno, em

busca de sua identidade, ele frequenta diversos lugares, onde se identifica e vivencia a

sua espiritualidade no grupo.

Os jovens e a Igreja em que vivem são influenciados pelos impactos da

modernidade e da pós-modernidade. Alguns elementos deste momento

histórico exercem grande influência na mentalidade, nos valores e no

comportamento de todas as pessoas. (CNBB 2007, n°14)

12

Não há dúvidas de que cada vez mais os jovens se distanciam mais das

instituições, pois os paradigmas referenciais de gerações anteriores não são mais tidos

como referenciais.

Você acredita em Deus? O instituto de Estudos da Religião (Iser) fez essa

pergunta a 800 brasileiros, com idade entre 15 e 24 anos, e 98% deles

responderam sim. Trata-se de uma maioria acachapante, capaz de desarma

qualquer ceticismo em relação à religiosidade dessa geração. Talvez o correto

seja dizer “espiritualidade” , pois a fé é hoje muito mais uma questão de

escolha pessoal do que era nos tempos do vovô, quando a garotada ia à Igreja

por imposição familiar e social. Os jovens hoje elegem a própria fé. “Como

decisão é deles, a religiosidade dessa geração tende ser muito mais forte que nas décadas passadas”, diz a antropóloga Regina Novaes, do Iser. Entre os

que seguem alguma religião, 33% escolheram por decisão pessoal,

independentemente da preferência familiar. Tanto é assim que dois em cada

dez mudaram de religião ao menos uma vez. (CF 2013, p. 438)

Percebe-se que a vivencia da espiritualidade juvenil pós-moderna, se dar por

meios de sociabilidade e por adesão pessoal a um determinado grupo ou tribos, no

entanto, é um novo paradigma de se vivenciar a espiritualidade na sociedade

contemporânea.

3.3 Espiritualidade como Referência Juvenil

Na sociedade contemporânea, a espiritualidade é um dos referenciais primordiais

para as juventudes, mas vivenciar essa espiritualidade hoje é um desafio, segundo o

documento 85 da Conferência Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB), “a rapidez das

mudanças, os atrativos de diferentes níveis e a agitação do cotidiano desafiam a

vivência de uma verdadeira espiritualidade. Muitos jovens não vivem em um contexto

cristão, numa família cristã, não foram iniciados na fé”.

No Brasil há 125 milhões de pessoas que se declaram católicas, isto é, cerca

de 75% da população brasileira. Conforme o censo de 2000, no país há

53.370.011 jovens entre 18 e 29 anos. Dentre os cinco valores que a

juventude entre 15 e 24 anos considera mais importante para uma sociedade

ideal, o mais mencionado é “o temor de Deus” (ROCCA, 2013, p. 68).

Percebe-se o lugar de Deus na vida do jovem contemporâneo, em consonância

com Rocca, O temor a Deus está entre os valores mais importantes para a vida dos

jovens.

13

Segundo o Documento de Puebla 1979, n°1184.

Os jovens devem sentir que são Igreja, experimentando-a como lugar de

comunhão e participação. Por isso, a Igreja aceita suas críticas, por

reconhecer-se limitada em seus membros, e os quer gradualmente responsáveis na sua construção até que os envie como testemunhas e

missionários, especialmente à grande massa juvenil. Nela, os jovens sentem-

se povo novo, o povo das bem-aventuranças, sem outra segurança que a de

Cristo; um povo dotado de coração de pobre, contemplativo, em atitude de

escutar e discernir evangelicamente, construtor de paz, portador de alegria e

de um projeto libertador integral em favor, sobretudo, de seus irmãos jovens.

[...].

Atualmente os jovens se encontram em vários espaços de agregação e de

sociabilidade, tanto nas cidades como na zona rural. Creio que em meio à experiências

religiosas, surgem também atividades caritativas, de lazer e música, por vez essas

atividades tendem a contribuir para uma vivencia espiritual mais consistente dos jovens.

Estamos convictos de que os adolescentes e os jovens permanecem em

nossos ambientes e contribuem com a missão, se encontram espaços, pessoas

e situações adequadas que os auxiliem em sua busca existencial, no

desenvolvimento de seus dons e na formação religiosa. Com grande alegria

constatamos a presença de uma multidão de jovens convivendo e

participando da vida de nossas comunidades: “em nossas Igrejas há uma

presença significativa de jovens em vários os setores da vida eclesial: nas comunidades eclesiais de base e nas paróquias, participando das equipes de

liturgia e de canto, atuando como catequista, em diversas pastorais”. Apesar

disso, duas realidades nos questionam: aquela parcela considerável de

juventude que resume sua presença eclesial em participar de missas

dominicais e aqueles muitos grupos de jovens que não se identificam com

nenhuma expressão associativa atual, mas permanecem em nossos ambientes.

(CF 2013, n° 82)

Percebe-se que atualmente há grandes participações de jovens em iniciativas

solidárias, que são propostas por diversos meios religiosos, creio que quando bem

preparadas e motivadas essas propostas que atraem diversos jovens, a viver

apaixonadamente as suas convicções de fé pela sua opção de expressão religiosa. O

exemplo disso, a Igreja Católica tem criado e organizado grandes momentos com o Dia

Mundial da Juventude, Jornada Mundial da Juventude e encontros no final de semana.

4. JUVENTUDE

Muitos distinguem entre adolescência e juventude. Os critérios não são

universais e são muitos discutíveis. Aqui não se fará tal distinção. Portanto, aqui neste

capítulo trataremos especificamente a juventude.

14

O conceito de juventude não se limita a períodos etários simplesmente, mas

perpassa o âmbito biológico, social, histórico, cultural e religioso.

Segundo Libanio, (2012. p. 05):

Ao falar de juventude no singular, arriscamos perder-nos em afirmações

vagas. Cabem diversas tipologias, ao distinguirmos classes sociais, faixa

etária, origem familiar, gênero, nível de escolaridade, tradição cultural, étnica

e religiosa, certas condições físicas e socioeconômicas e diversos outros

aspectos importantes. A etimologia das diferentes palavras, que povoam o

mundo jovem, acena-nos para a complexidade.

O fato de delimitar a faixa juvenil traz problemas. Creio que há um certo

consenso em defini-la entre 15 e 29 anos, sabendo, porém, que existem situações que

forçam entrada precoce ou prolongam a saída.

Acredito que toda análise supõem um olhar. Pois varia conforme essa mirada.

Se os jovens descrevessem as próprias tendências, diriam coisas bem diferentes

daquelas que o adulto percebe.

4.1 A juventude já é pós-moderna?

Creio que a juventude pós-moderna surge fragmentada. Já não se define como

agrupamento único. Divide-se em constelações que se desintegram em grupos e

individualidades, cada uma com uma síntese, com inquietações e buscas próprias.

Segundo Libanio, (2012. p.18):

A pós-modernidade desloca o acento para o presente. Os jovens buscam

experimentar o momento. Sugam o mel do favo diante dos olhos. Correm o

risco de parar na fase das experiências sem tomar decisões, sem compromisso

com a vir. O presente torna-se – lhes uma sequência de tenções e emoções

fortes, cuja resposta se dá na simples descarga emocional. Tem dificuldade

de gerir as emoções e de sustentar atitudes permanentes. Rejeitam as

obrigações e qualquer autoridade que se lhes imponham de fora.

Segundo Pe. Alexsander, “Os jovens hoje apresentam-se fortemente marcados

pelo desencanto com o programa de progresso.” Prenunciado pelas luzes da razão, que

terminou por produzir Auschwits, Hiroshima, Nagazaki, Vietnã, o 11 de Setembro, o

massacre da Candelária, Carandiru, a violência nas grandes cidades entre outros...

Desencantaram-se também com uniformizações eclesiásticas que geraram situações de

fechamento para a novidade que o Evangelho proporciona ao se encontrar com as

diversas e plurais realidades culturais.

15

Assistimos a emergência de algo novo na sociedade e na Igreja. A “ordem e o

Progresso” dos estados positivistas ruíram em sociedade que parecem

caóticas. Nada mais há de uniforme em nossa sociedade contemporânea.

Tudo é fluido, é líquido ... Os jovens nem se quer questionam as instituições.

Eles simplesmente as ignoram. De um lado, a escola, os governos, as ONGs e

Igrejas olham perplexas e cheias de preconceitos a apatia dos “menores

deliquentes”. Por outro lado, os jovens subvertem e sorrateiramente

organizam-se em redes, em comunidades virtuais, em tribos urbanas,

independentemente do mundo. E aos poucos vão formando uma multidão organizada no caos (PE. ALEXSANDER, 2014. p. 50).

O sociólogo MAFFESOLI diz que essa é grande marca da contemporaneidade, o

individualismo moderno acabou. E a moda – grande marca das tribos urbanas – é um

testemunho disso. Queremos estar com o outro e nos identificar com ele. Poucos jovens

em nossos dias querem estar totalmente isolados. Todos querem se conectar-se em rede.

MAFFESOLI (2009) diz:

Eu acho que o individualismo acabou. É difícil dizer isso. Significa que a

grande ideia de liberdade não é mais um valor atual. Sempre queremos estar

em contato com o outro, de fazer como o outro. Aí está a viscosidade. (...) Se

tomarmos a ideia da tribo, só existimos pelo e através do olhar do outro. Não

se trata mais de uma questão de liberdade, trata-se de uma dependência.

Todos temos vícios. Pode ser a droga, o álcool, roupas, sexualidade, religião.

Essas coisas são muito viciosas. Desde o momento em que existe a

prevalência da moda, nos tornamos prisioneiros do outro em suas

características. Temos aí uma inversão de polaridade, uma verdadeira

mudança, e não podemos julgar isso com os critérios modernos. Quando vemos um grupo de jovens vestidos, se comportando e falando da mesma

maneira, podemos dizer que são fashion victims, mas também que se trata de

um laço comunitário. É uma questão de laços. Estamos ligados.

Roqueiros, Hippies, Punk, Gótico, Manos/Rapper etc. estas são algumas das

expressões da configuração em tribos do meio juvenil pós-moderno. Para Pe.

ALEXSANDER “as rede de relacionamento virtual criaram as “comunidade” – que se

organizam conforme interesses em assuntos comuns aos membros. É interessante o uso

da palavra “comunidade” para definir esse ponto virtual de encontro”. Mesmo na

fluidez dos relacionamentos, os jovens encontram meios de se associar e se organizar,

às margens das instituições oficiais.

Creio que a juventude pós-moderna constitui-se em um momento determinado,

mas não se reduz a uma passagem para a fase adulta. Nela o indivíduo vai se

descobrindo, descortinando as possibilidades em todas as instâncias da vida social,

16

desde a afetiva até a profissional. Buscar perceber como os jovens constroem o seu

próprio modo de ser é um passo para compreender suas experiências, necessidades e

expectativas. Vejo que as identidades juvenis se constituem em espaços-tempos de

sociabilidades e práticas coletivas, colocam em jogo interesses comuns que dão sentido

ao “estar junto” e ao “ser parte” dos grupos também constitui o “nós” que se diferencia

dos “outros”. Não podemos tomar nossa própria experiência para estabelecer quadros

comparativos com “os jovens de hoje”. São os que vivem a juventude hoje que sabem e

sentem o que é ser jovem. O jovem hoje tem acesso a várias tecnologias digitais como a

internet através de computadores, celulares ou tablets que é bem mais comum. As redes

sociais viraram como uma “pandemia” entre os jovens. As tecnologias digitais são, pois,

um elemento importante na construção da cultura juvenil. Os jovens de hoje são

“nativos digitais”. Os jovens pós-moderno, são desafiados a fazer uso seguro e crítico

das novas tecnologias na perspectiva de dominar os instrumentos do conhecimento e

não ser dominados por elas.

Já vivemos em clima de pós-modernidade. De acordo com Libanio, “cabe pensar

as características desse jovem e pensar uma proposta pastoral para ele. Há um jovem

que une a sensação de triunfo da modernidade avançada e o desejo de fruição da vida”.

O jovem pós-moderno vê o mundo como um gigantesco vídeo game colorido.

4.2 Panorama das juventudes no Brasil

A juventude é um tema cada vez mais presente em nossa sociedade

contemporânea, tanto nos espaços religiosos, acadêmicos de discussões e investigação

como nas agendas para o desenvolvimento de políticas públicas.

Segundo o DOCUMENTO 85 da CNBB: (2007, n° 29):

[...]. A juventude brasileira é marcada por uma extrema diversidade e

manifestada as diferenças e as desigualdades sociais que caracterizam nossa

sociedade. Trata-se de um contingente populacional bastante significativo,

em idade produtiva, que se constitui em uma importante força a ser

mobilizada no processo de desenvolvimento de nosso país.

De acordo com documento 85 da CNB, “para caracterizar a juventude, as

estatísticas brasileiras geralmente seguem os parâmetros de organismo internacionais,

considerando o grupo etário de 15 a 24 anos.”

Segundo a socióloga Solange dos Santos Rodrigues: (2011, p. 72)

17

A juventude representa 26% da população brasileira atual, um contingente de

mais de 50 milhões de pessoas, com demandas especificas e potencialidades.

As relações que os jovens estabelecem com a sociedade mais ampla são

marcadas por uma déiasneia: ao mesmo tempo em que a juventude se torna

um valor na sociedade de mercado (ideal desejado de vitalidade, beleza,

alegria, explorado pela propaganda), ela condensa medos sociais, na medida

em que é associada a problemas derivados do envolvimento com a violência,

drogadição, e outros comportamentos que colocam em risco sua integridade

física e saúde. Por outro lado, existem muitas dificuldades de inserção social

para agrandes parcelas da juventude, que têm limitadas as suas possibilidades

de acesso a educação e postos de trabalhos de qualidade, à formação profissional à fruição cultural, ao lazer, à participação. [..].

Creio que as condições de vida oferecida aos jovens são desiguais. Situações

socioeconômicas, como a renda e o nível de desenvolvimento do local onde vivem,

práticas discriminatórias e preconceitos ainda vigentes tem marcado a vida de milhões

de jovens.

Com base na renda de Salário Mínimo (SM) per capta das famílias a que os

jovens pertencem, temos estes dados: 30,6% estão em famílias de até SM,,

15,7%, naquelas com SM superior a dois, e 53,7% às de renda entre meio e

dois SMs. Os jovens pobres são em sua maioria não são brancos (70,9%,

enquanto os jovens brancos são 53,9% dos não pobres – embora a distribuição dos jovens brasileiros entre os grupos, brancos e não brancos,

seja de 47,1% e 52,9% respectivamente. (CF, 2013, n°96)

A população juvenil está concentrada nas áreas urbanas. A maior parte vive em

cidades pequenas e médias, e um terço em áreas metropolitana. As condições de vida

são muito diferentes nestes contextos, e diferente bastante do meio rural.

Os jovens estão maciçamente presentes no meio urbano,representam 84,35%

do total, restando apenas 15,2% no campo. Os jovens urbanos, notadamente

nas periferias, convivem com rotinas de altas taxas de desemprego e de

violência, crescente segregação espacial e qualidade de vida deteriorada.

Cerca de 48,7% dos jovens urbanos vivem em moradias inadequadas

fisicamente, dois milhões de jovens entre 15 e 29 anos vivem em famílias que

recebem até meio SM per capta. (CF, 2013,n°97)

Dentro deste panorama juvenil, é assustador o número de adolescentes e jovens

fora das escolas.

No Brasil, é assustador o número de adolescentes e jovens que permanecem

fora da escola. Agrava o problema educacional a desproporção idade/serie

nesta faixa etária: menos da metade dos alunos entre 14 e 17 anos, está no

ensino médio. Com relação às universidades, há também em nosso país o problema da histórica desigualdade do acesso, pois o ensino superior, com

raras exceções, é destinado aos jovens das classes mais abastadas, o que está

18

sendo amenizado por meio de programas governamentais e pela instituição

de cotas. A taxa de jovens negros analfabetos, entre 15 e 29 anos, é quase

duas vezes maior que a de jovens brancos. No ensino médio, entre 15 e 17

anos, os brancos têm uma frequência de 58,7%, contra 39,3% dos negros; no

ensino superior, na faixa estaria de 18 a 24 anos, a taxa dos brancos é de

19,8%, enquanto a dos negros é de 6,9%. Os jovens negros são os que mais

aparecem entre aqueles que não estudam. (CF, 20013, n°98)

Consta também neste panorama, que “a educação e o trabalho estão no centro

dos interesses da juventude e são elementos fundamentais no seu processo de

construção de autonomia e independência”(SOLANGE, 2011, p. 73-74).

A inserção no mundo do trabalho é outro desafio para a juventude nestes

tempos de transformação nas formas de produção econômica, na gestão de

mão – de – obra de políticas macroeconômicas neoliberais que restringe a

criação de postos de trabalho, em especial para jovens sem experiência laboral anterior ou para quem vive condições especiais, como portadores de

deficiência ou de HIV. Isso faz com que um contingente expressivo de jovens

se veja submetido à situação de desemprego e de emprego precário, ou

procure oportunidades em outras cidades ou regiões, justamente em uma

etapa do ciclo de vida em que aumentam as pressões por consumo e se

acelera a busca por autonomia em relação à família.[..]. (SOLANGE, 2011, p.

75-76)

Conforme Solange, “a incerteza em relação ao ingresso e permanência no

mundo do trabalho tem sido apontada como uma das marcas geracionais da juventude

brasileira neste inicio de século, [..]”.

vejo que outra marca assinalada é a convivência com violência. Os índices são

alarmantes.

A violência tem afetado jovens em nosso país em índices alarmantes, semelhantes ou superiores ou encontrados em países que se encontram em

guerra. Entre 2003 e 2005 foram registrado cerca de 60 mil óbitos de homens

jovens por ano, a grande maioria (78%) devidos a homicídios e acidentes de

transporte. Trata-se de uma violência que atinge de maneira particular jovens

do sexo masculino e negro. Uma parte significativa dessas mortes está

relacionada à disputa por território entre facções para o tráfico de substâncias

psicoativas, com o uso de armamento pesado, e aos confrontos de jovens

enredados neste comércio com as forças policiais. Esta é uma realidade

presente no cotidiano de muitas cidades brasileiras de diferentes portes.

(SOLANGE,2011,p. 77)

Somos desafiados e provocados a refletir essas questões que afetam de maneira

devastadora, grande parte da sociedade brasileira, em especial as juventudes, que se

sente vulneráveis diante da estrutura social de desigualdade e exclusão, geradora de

violência contra as pessoas.

19

4.3 Juventude Pós-moderna Diante do Religioso

Ao meu redor/ Procuro entender/ O que virá/ bem longe eu vou esta/ diante

de Ti/ Eu entreguei os meus caminhos/ Pra Te sentir/ E nunca mais chorar

sozinho/ Mas cansado estou/ e fraco a esperar/ que Tua doce voz venha o meu sono despertar/ Manda teu espírito e vem me abraçar/ Pra eu não chorar/

preciso de Te aqui/ Pra m consolar (...)/ Só você faz o mar se acalmar/ E traz

paz iluminando o meu olhar/ Sabes ouvir as dores do silêncio/ E persistir em

esquecer os meus lamentos/ Sei que em você/ Encontro meu alento/ Estendo

as minhas mãos/Entrego os meus sentimentos. (FARO, 2007, faixa 12)

A banda católica “Rosa de Saron”, autora do trecho da canção citada a cima, foi

formada em Campinas no ano de 1988 e tem conquistado grande sucesso nos últimos

anos no meio juvenil, principalmente no meio católico. Suas canções são executadas

não apenas em meios religiosos, mas em outros meios midiáticos.

As letras das canções dessa banda, bem como de outras muito ouvidas pelos

jovens, são profundamente marcadas pelas expressões de sentimentos de angústias e

frustração diante da sociedade atual. O refúgio seguro não é mais a instituição religiosa,

mas a experiência pessoal com Deus, o único que se pode confiar, conforme a letra da

canção citada acima.

Os tempos atuais são profundamente marcados pela fluidez e pela

fragmentação. As relações interpessoais tendem a ser horizontais e abertas. É

cada vez mais difícil encontrar uniformidade nas nossas instituições, que se

fragmentam em pequenos grupos que se instituem por gosto semelhantes e

ideias parecidas. (CFC, 2013, n° 71)

Alguns anos percebe-se o afastamento paulatino das estruturas eclesiais adultas

do meio juvenil Católico. Em 2007, a CNBB chegou afirma:

Chama atenção a ausência de padres que abracem um trabalho de

acompanhamento sistemático dos jovens. Os religiosos e leigos também estão

distantes [...] Há, no entanto, necessidade de resgatar no coração de todos a

paixão pela juventude. (CNBB 85, 2007, n° 205).

Os jovens, mais do quaisquer outros grupos de nossa sociedade, expressam seu

modo de ser. Não mais se rebelam em massas contra grandes estruturas de poder, mas

se organizam em pequenos grupos, distintos pelas suas relações sociais, econômicas,

midiáticas, culturais.

Atualmente, contudo, os jovens consideram a Igreja de diversas maneiras:

uns a amam espontaneamente como ela é, sacramento de Cristo; outros a

questionam para que seja autêntica; e não faltam os que procuram um Cristo

vivo separado do seu corpo que é a Igreja. Há uma massa indiferente,

passivamente acomodada à civilização de consumo ou outros sucedâneos,

desinteressada da exigência evangélica. (PUEBLA, 1979, n° 1179)

20

Em busca de uma aproximação mais eficaz com a juventude, a Conferência

Nacional dos Bispos Brasileiros (CNBB) em 2007, publica mais um documento

intitulado de: “Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais”, neste

mesmo documento afirmam que:

A busca de unidade de nossas forças eclesiais em vista de um trabalho mais

eficiente encontra neste documento as suas linhas gerais e motivações. A

diversidade de carismas, espiritualidade e pedagogia de trabalho juvenil é

para nós uma riqueza na Igreja de Jesus Cristo. Quanto mais estivermos

convencidos do valor da “unidade na diversidade” mais os nossos jovens se

beneficiarão, as nossas comunidades se fortalecerão e a nossa sociedade

sentirá a força positiva de uma juventude convicta e entusiasmada pelos

verdadeiros valores pregados por Jesus Cristo. (CNBB, 2007, p.6).

Percebo que os jovens atuais estão causando brechas nas instituições eclesiais de

qual fazem parte, criando e recriando suas formas de ser Igreja, E, indiretamente, e por

vez diretamente, pedem acolhida. Portanto, os jovens contemporâneos querem ser Igreja

sem deixar de ser quem são.

5. Considerações finais

Verificou-se no decorrer deste estudo, diante da realidade complexa e

desafiadora da juventude, a espiritualidade é a uma das motivações centrais e a bússola

para orientar a vida do jovem contemporâneo.

Neste estudo também, buscou-se contextualizar a juventude na pós-

modernidade, como mudança de época. Percebe-se que o contexto onde as juventudes

transitam, surgem fragmentadas, os valores tidos como fundamentais as gerações

anteriores, já nessa geração atual esses mesmo valores perdem suas forças de

orientação.

Conforme Dick, quando falamos que o jovem é o “sacramento da novidade não

afirmamos, simplesmente uma frase de efeito”. Alguém que estar na faixa etária

considerada “jovem” significa mais do que viver um estado biológico.

Perceber a juventude como um sacramento que anuncia novidades. É perceber o

novo alvorecer juvenil que se configura em nossa sociedade, que sempre estar presente

e sempre busca uma ligação com o transcendente, isto é, buscar vivenciar uma

espiritualidade eficaz e que gere sentido a sua vida.

21

A idade juvenil fascina pelo tremendo paradoxo da vulnerabilidade e da

potencialidade. Na fragilidade da idade que deixa para trás a serenidade e a segurança

da infância, mas ainda não atingiu a solidez da idade adulta, existe estupenda

potencialidade. Precisamente porque ainda não aterrissou na maturidade, dispõe do

infinito do céu para voar.

A espiritualidade como um horizonte na pós-modernidade, é um processo de

reconfiguração de um novo viver de uma nova forma de expressar seus sentimentos

com o transcendente, portanto, cabe a nós teólogos de acolher esse novo alvorecer

juvenil, como diz Sandrini, 2009, p.15: “um jovem excluído é um profeta que grita, não

com palavras, mas com a sua vida, que Deus é o contrário da injustiça (ética), da

exploração (economia), da opressão (política) e do pecado (teologia). Ele fala sem falar

e grita sem gritar. Ele é a linguagem”.

RESÚMEN

Este estudio trata de la dinámica de las juventudes a partir del concepto de espiritualidad y

posmodernidad.. Para tanto, se elaboró un referencial teórico que presenta la espiritualidad juvenil como

un horizonte en la posmodernidad, tendo como hilo conductor de la espiritualidad juvenil las ideas de

João Batista Libanio, Leonardo Boff, Jean-François Lyotard y otros. El objectivo es reconocer la

espiritualidad juvenil como eco y horizonte de los cambios de epoca para la contemporánea. En la

primera parte se elabora un concepto de posmodernidad y la espiritualidad. Luego, se desarolla el

concepto de juventud, y se concluye que la espiritualidad es un de los elementos centrales en la vida de

los jóvenes contemporáneos.

Palabras-llave: Espiritualidad, Juventude, Posmodernidad.

REFERÊNCIAS:

ANDERSON, Perry. As origens da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,

1999. BALBINOT, Rodinei. Educação e evangelização: pastoral escolar e escola em

pastoral. Informativa educacional- Revista ANEC n° 28 p. 42, 44. Junho 2014.

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalência. Rio de Janeiro: Zahar [Trad. de

Marcus Penchel]

________. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

________. Globalização as cosequências humanas. Rio de Janeiro: Zahar [Trad. de

Marcus Penchel, 1999].

22

BETTO, Frei. Fome de Deus: fé e espiritualidade no mundo atual. São Paulo:

Paralela, 2013.

BOFF, Leonardo. Tempo de transcendência: o ser humano como um projeto

infinito. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

______. Espiritualidade: um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante,

2001.

III CELAM. Puebla: A evangelização no presente e no futuro da América Latina. 7 ed.

Petrópolis, RJ: Vozes, 1987.

COELHO, Teixeira. Moderno pós-moderno: modos e versões. São Paulo: Iluminuras,

2005.

CNBB. Campanha da fraternidade 2013: Manual. Brasília, Edições CNBB. 2012.

______. Evangelização da Juventude: Desafios pastorais e perspectivas pastorais. São

Paulo: Paulinas. 2007.

______. Documento de Aparecida: Texto conclusivo da V Conferência Geral do

Episcopado Latino-Americano e do Caribe. São Paulo, Paulus, 2008. DALAI-LAMA. Uma ética para o Novo Milénio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.

DICK, Hilário. O divino no jovem: elementos teologais para a evangelização da

cultura juvenil. Porto Alegre: Instituto de Pastora de Juventude: Rede Brasileira de

Centros e Institutos de Juventude, 2004.

ESPERANDIO, Mary Rute Gomes. Para entender pós-modernidade. São Leopoldo:

Sinodal, 2007.

ESTATUTO DA JUVENTUDE. Disponivel em

http://juventude.gov.br/estatuto#.VkJiwtKrRMQ > Acesado em 10 de outubro 2015 .

FARO, E. Muitos Choram [Rosa de Saron]: CD // Muitos Choram. São Paulo:

Codimuc, 2007.

FEATHERSTONE, Mike. Cultura de consumo e pós-modernismo. São Paulo: Studio

Nobel, 1995.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DPA&A,

2001.

HARVEY, David. Condição Pós-moderna. Edições Loyola, São Paulo, 1993. [Trad.

Adail Ubirajara Sobral e Maria Estela Gonçalves].

IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Pesquisa de opinião púbilca;

Agenda juventude Brasil 2013. Disponível em:

http://www.ipea.gov.br/participacao/images/pdfs/participacao/pesquisa%20perfil%20da

%20juventude%20snj.pdf > Acesso em 10 de novembro de 2015.

LIBANIO, João B. A religião no início do milênio. São Paulo: Edições Loyola, 2002.

________. Jovens em tempo de pós-modernidade considerações pastorais. São

Paulo: Edições Loyola, 2004.

________. Para onde vai a juventude?. São Paulo: Edições Paulus, 2012.

LYOTARD, Jean-François. A condição pós-moderna. Lisboa: Edições Gradiva, 1989.

MAFFESOLI, M. “Maffesoli e a feminização do mundo” [Entrevista em 27/06/2009]:

Disponível em < http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2009/06/maffesoli-e-a-feminizacao-

do-mundo-2559403.html> . Acessado em 20 de outubro de 2015.

NOLAN, Albert. Jesus hoje: Uma espiritualidade de liberdade radical. São Paulo:

Paulinas, 2013.

SANDRINI, Marcos. Religiosidade e educação no contexto da pós-modernidade.

Petrópolis: Vozes, 2009.

23

PONTES, Pedro. Linguagem dos videoclipes e as questões do indivíduo na

pósmodernidade. In: Sessões do imaginário, n. 10. 2003. p. 47-51.

ROCCA, María Susana. Resiliência, Espiritualidade e Juventude. São Leopoldo:

Sinodal/EST, 2013.

TRANSFERRETI, José e GONÇALVES, L. S. Paulo. Teologia na Pós-Modernidade:

Abordagens epistemológica. Sistemática e teórico – prática. São Paulo: Paulinas 2003.