a escola austríaca de economia

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www.ubirataniorio.org Mises.org.br * Economia e liberdade: A Escola Austríaca de Economia Prof. Ubiratan Iorio

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**Economia e liberdade:A Escola Austraca de Economia

Prof. Ubiratan Ioriowww.ubirataniorio.orgMises.org.br**Observao(a) O material desta apresentao utilizado na disciplina Tpicos Especiais em Teoria Econmica, sob minha responsabilidade, do Departamento de Anlise Econmica da Faculdade de Cincias Econmicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro FCE/UERJ.

(b) Reproduo e utilizao permitidas para fins didticos, desde que citados o autor e a fonte.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Contedo do curso1 . Liberdade, lei e ordemRacionalismo crtico vs arrogncia utpicaOrdem espontnea vs construtivismo racionalistaAo humana, incerteza e tempo realUma viso geral da teoria econmica subjetivista A concepo dinmica do tempo3. Teoria do capital4. O mercado como um processo5. Moeda, capital, inflao e ciclos econmicos6. A macroeconomia da estrutura de capital7. Tpicos avanados em capital, moeda e ciclos econmicos8. Moeda, tempo e macroeconomia 9. O pensamento de Friedrich Hayek 10. Socialismo e comunismo

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*BibliografiaLivro texto: IORIO, Ubiratan J., Economia e Liberdade: a Escola Austraca e a Economia Brasileira, Forense, RJ, 1997 (2 ed.)ObservaoEspera-se que o curso tenha um alto grau de participao e incentiva-se os alunos a no deixarem de fazer perguntas em sala de aula. No tenha medo de vir a dizer alguma bobagem: o Prof. Ludwig von Mises, um dos maiores economistas de todos os tempos e expoente da Escola Austraca, costumava dizer que todos os grandes economistas j disseram e escreveram bobagens. Muitos, at, continuam a faz-lo permanentemente...www.ubirataniorio.orgMises.org.br*1. Liberdade, lei e ordemwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Racionalismo crtico vs arrogncia utpica: Bases filosficas do pensamento liberal Racionalismo evolutivo (crtico) e racionalismo construtivista (ingnuo);

Filsofos gregos fenmenos naturais vs fenmenos produzidos pelo homem;

Bernard de Mandeville (1728) David Hume, Adam Smith, Edmond Burke Escola Histrica Alem Savigny Carl Menger Ludwig von Mises Friedrich Hayek ordens espontneas e racionalismo crtico.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Ren Descartes J. Jacques Rousseau Condorcet Voltaire Thomas Hobbes as instituies humanas seriam frutos deliberadamente criados pela razo consciente (instituies planejadas).

Plato Descartes Hegel Marx construtivismo. Racionalismo crtico vs arrogncia utpica: Bases filosficas do pensamento liberal www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A questo do conhecimento *Escola Austraca de Economia: o conhecimento humano apresenta componentes de indeterminao e de impossibilidade incerteza erros consequncias involuntrias.

Limite capacidade da mente humana compreenso parcial dos fenmenos sociais e econmicos.

Hayek: analogia com o teorema de Gdel (que diz ser impossvel demonstrar-se a consistncia de um sistema formal quando se vive dentro dele) os sistemas formais possuem regras de funcionamento e de conduta que no podem ser previamente determinadas ou, mesmo, estabelecidas conscientemente sabemos mais do que aquilo que falamos ou pensamos saber impossvel quantificar ou estabelecer todo o nosso conhecimento. www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Os mercados so processos de descoberta, de articulao de um conhecimento que no mundo real se apresenta encoberto e desarticulado.

Posturas sobre o conhecimento:

Liberal: falsificacionismo (negatividade), humildade

Anti-liberal: justificacionismo (positividade), arrogncia*A questo do conhecimento www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Traos da teoria liberal do conhecimento

limites razo;

repdio possibilidade de justificao das teorias como verdades (justificacionismo) e adoo do falsificacionismo, isto , o reconhecimento da existncia e da importncia da incerteza e da ignorncia, que induzem ao erro;

(c) disperso e fragmentao do conhecimento (cada indivduo detm apenas uma pequena frao do estoque de conhecimento total existente na sociedade);

(d) negao da previsibilidade histrica, que exigiria algo fora de nosso alcance, que seria a prpria capacidade de antever a evoluo futura de nosso conhecimento.

*www.ubirataniorio.orgMises.org.br**Mtodo dedutivo do falsificacionismo-negativismo (livrarmo-nos dos erros e das falsas hipteses);

primazia da negatividade: da epistemologia para a poltica, o direito, a economia e a sociologia.

Conceitos liberais de liberdade, lei, justia, estado, ordem social, etc.

Traos da teoria liberal do conhecimento

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Liberdade positiva e liberdade negativa

Negativa: liberdade de (falsificacionismo)Positiva: liberdade para (justificacionismo)

Liberdade negativa significa ausncia de coero proteo social contra a coero leis = normas de justa conduta. Se o conhecimento fosse pleno (oniscincia), a liberdade perderia valor enquanto fundamento da evoluo das sociedades humanas. Liberdade responsabilidade individual.*www.ubirataniorio.orgMises.org.br**Liberdade positiva e liberdade negativa

Lei: IUS (o que justo, do latim iustum). Dik e dikaiosne expressavam para os gregos a idia moral, mas no legal de justia (diferem de iustum). Com o passar do tempo, a antiga palavra usada para designar o direito passou tambm a designar justia (right, diritto, derecho, droit, etc).

IUS tanto o legal como o justo, o que significa que o direito no foi concebido meramente como um conjunto de regras postas em vigor por um soberano (IUSSUM), mas sim como regras que devem expressar e encarnar o sentido de justia da comunidade (IUSTUM).

www.ubirataniorio.orgMises.org.br**Concepo negativa de lei: salvaguardar direitos de terceiros. NOMOS (por conveno).

Concepo positiva de lei: viso da jurisprudncia analtica de John Austin e do positivismo jurdico de Kelsen, que representam uma abordagem meramente formal do direito (direito=legislao). THESIS (por deciso deliberada)

Liberdade positiva e liberdade negativa

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A necessidade de conteno dos poderes do estado

Democracia como um meio (liberais)

Democracia como um fim (Rousseau)

*www.ubirataniorio.orgMises.org.br* A sociedade produzida por nossas carncias; o governo, por nossa perversidade. A primeira promove positivamente nossa felicidade, unindo nossos afetos. O segundo, negativamente, restringindo nossos vcios. A primeira estimula a interao, o outro cria distines. A primeira protege, o segundo pune. A sociedade, em qualquer de seus estgios, uma bno, ao passo que o governo, mesmo em sua melhor forma, no passa de um mal necessrio; e, na sua pior verso, de um mal intolervel.

Thomas Paine *A necessidade de conteno dos poderes do estado

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Ordem Espontnea vs Construtivismo Racionalista: Dois casos polares de organizao social, poltica e econmica Crtica de Hayek ao construtivismo (engenharia social): Como o nosso conhecimento dos fenmenos sociais sempre incompleto devemos rejeitar a crena de que as instituies sociais e a prpria civilizao uma vez que foram criadas pelo homem podem ser alteradas ao seu arbtrio, de modo a satisfazer suas aspiraes, vontades, desejos e caprichos.

*www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Por qu? Resposta: porque existe um processo evolutivo social espontneo ( la Darwin, mas anterior ao evolucionismo biolgico darwiniano).

O evolucionismo social anterior a Charles Darwin, que aplicou biologia o conceito de evoluo usado no estudo das instituies pelos filsofos morais do sculo XVIII (especialmente os que estudaram as leis e a linguagem sob o ponto de vista histrico). Ele no deve ser confundido com o darwinismo social do sculo XIX, uma tentativa fracassada no sentido oposto, isto , de levar o evolucionismo biolgico para as cincias sociais.

*Ordem espontnea vs construtivismo racionalistawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Os processos de seleo que ocorrem na transmisso cultural e que geram e alteram as instituies sociais so diferentes dos processos de seleo biolgicos, que se transmitem hereditariamente nas cincias sociais.

No correto falar-se em leis de evoluo, pois no existem sequncias ou fases definidas pelas quais deveriam passar os processos; isto impede a construo de modelos de previso das trajetrias futuras dos fenmenos que caracterizam o processo social.

*Ordem espontnea vs construtivismo racionalistawww.ubirataniorio.orgMises.org.br**Por isso, as concepes historicistas, bem como a abordagem holstica de Comte, Hegel e Marx isto , o determinismo histrico no passam de uma crena mstica de que a evoluo das sociedades deve seguir um curso predeterminado. A evoluo social pode ser vista como um processo de tentativas e erros de milhes de indivduos que sequer se conhecem, ou seja, como ordens espontneas. Exemplos: a moeda, a linguagem, etc.

Ordem espontnea vs construtivismo racionalistawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Os dois casos antitticos de organizao social:(a) sociedades de homens livres: NOMOS - COSMOS

(b) sociedades totalitrias: THESIS - TAXISwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Quanto s normas de conduta: Nomos x Thesis.

Quanto organizao social : Cosmos (ordens espontneas) x Taxis (ordens planejadas).

Em (a) o sujeito da liberdade o indivduo.

Em (b), o sujeito a coletividade, como no caso das sociedades de insetos gregrios (abelhas, formigas, cupins).

Altrusmo natural (biolgico) x altrusmo forado.

Os dois casos antitticos de organizao social:www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Tertium non datur

Nomos-Taxis (social democracia) e Thesis-Cosmos so sistemas contraditrios. Nomos-Cosmos e Thesis-Taxis no o so. www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A impossibilidade de clculo nas economias planificadas:

Mises demonstrou, em 1922 (!), que no regime econmico taxis o clculo econmico impossvel. Sntese de seu argumento: propriedade privada economia de mercado economia de mercado formao de preo

formao de preos clculo econmicowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Logo, se no existe liberdade econmica (propriedade privada), no existe clculo econmico. O sistema thesis-taxis, embora consistente internamente, um sistema que se guia s cegas, pois no opera com preos, mas com pseudopreos, sem qualquer significado econmico.

Para Hayek, os sistemas intervencionistas diferem do socialismo em grau, mas no em essncia.

A impossibilidade de clculo nas economias planificadas:

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O papel do estadoAs instituies liberais devem ser tais que contenham o poder excessivo do estado.

Quando thesis prevalece sobre nomos concentrao de poder Hayek (Caminho da Servido).vida em sociedade normas de conduta estado proteo aos direitos individuais www.ubirataniorio.orgMises.org.br --- Amounts (Billions)--- Limit Current===========================================================Total $12,798.14 $4,169.71----------------------------------------------------------- Federal Reserve Total $7,765.64 $1,678.71 Primary Credit Discount $110.74 $61.31 Secondary Credit $0.19 $1.00 Primary dealer and others $147.00 $20.18 ABCP Liquidity $152.11 $6.85 AIG Credit $60.00 $43.19 Net Portfolio CP Funding $1,800.00 $241.31 Maiden Lane (Bear Stearns) $29.50 $28.82 Maiden Lane II (AIG) $22.50 $18.54 Maiden Lane III (AIG) $30.00 $24.04 Term Securities Lending $250.00 $88.55 Term Auction Facility $900.00 $468.59 Securities lending overnight $10.00 $4.41 Term Asset-Backed Loan Facility $900.00 $4.71 Currency Swaps/Other Assets $606.00 $377.87 MMIFF $540.00 $0.00 GSE Debt Purchases $600.00 $50.39 GSE Mortgage-Backed Securities $1,000.00 $236.16 Citigroup Bailout Fed Portion $220.40 $0.00 Bank of America Bailout $87.20 $0.00 Commitment to Buy Treasuries $300.00 $7.50----------------------------------------------------------- FDIC Total $2,038.50 $357.50 Public-Private Investment* $500.00 0.00 FDIC Liquidity Guarantees $1,400.00 $316.50 GE $126.00 $41.00 Citigroup Bailout FDIC $10.00 $0.00 Bank of America Bailout FDIC $2.50 $0.00----------------------------------------------------------- Treasury Total $2,694.00 $1,833.50 TARP $700.00 $599.50 Tax Break for Banks $29.00 $29.00 Stimulus Package (Bush) $168.00 $168.00 Stimulus II (Obama) $787.00 $787.00 Treasury Exchange Stabilization $50.00 $50.00 Student Loan Purchases $60.00 $0.00 Support for Fannie/Freddie $400.00 $200.00 Line of Credit for FDIC* $500.00 $0.00-----------------------------------------------------------HUD Total $300.00 $300.00 Hope for Homeowners FHA $300.00 $300.00-----------------------------------------------------------*A atividade econmica(no mundo real):

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*2. Ao Humana!!!www.ubirataniorio.orgMises.org.br*ao longo do tempo!www.ubirataniorio.orgMises.org.br*sob condies de incerteza genuna!

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Uma viso geral da teoria econmica subjetivista (introduo)Para muitos economistas, subjetivismo significa quase que exclusivamente a teoria subjetiva do valor ou a ideia de que as teorias cientficas seriam pessoais e, portanto, no sujeitas a testes; isto falso.

De fato, o subjetivismo refere-se pressuposio de que o contedo da mente humana e, portanto, os processos de tomadas de deciso no so determinados rigidamente por eventos externos.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O subjetivismo d espao para a criatividade e a autonomia das escolhas individuais. Assim, est ligado ao individualismo metodolgico, que a viso de que os resultados do mercado como um todo devem ser explicados em termos dos atos de escolha individuais.

Portanto, para os austracos e para os subjetivistas em geral, a teoria econmica deve lidar, antes de mais nada, com os ensinamentos que explicam as escolhas e no com as interaes entre magnitudes objetivas.

Uma viso geral da teoria econmica subjetivista (introduo)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Tempo e ignorncia

*Autonomia relativa das escolhas individuais imperfeio das previses sobre as consequncias futuras das escolhas.

Quando um indivduo escolhe um determinado curso de ao, as conseqncias iro depender em parte dos cursos de ao (humana) que outros escolherem, estiverem escolhendo ou ainda iro escolher.

Em um mundo com decises autnomas, o futuro no apenas desconhecido (unknown), mas desconhecvel (unknowable).

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*No h nada no presente estado do mundo que nos possa capacitar a prever o estado futuro, pois este determinado por aquele; isto no impede o analista de, uma vez chegado o futuro, tentar explic-lo ex-post.

Subjetivismo e ao humana sob condies de incerteza so ideias inseparveis!

H duas maneiras complementares de conceituar esse desconhecimento do futuro: A concepo dinmica do tempo (tempo real, subjetivo ou histrico); A noo de ignorncia e seu corolrio, a de incerteza genuna ou radical.

Tempo e ignorncia

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O tempo realA teoria neoclssica, nos ltimos 60 anos, mudou pouco nesse aspecto; as inovaes tericas nada mais tm feito do que estender o aparato dos mtodos de maximizao esttica maximizao dinmica.

Por que as aspas? Resposta: porque o tempo trabalhado em termos estticos, isto , admite-se a analogia newtoniana entre tempo e espao; assim como um indivduo pode alocar pores de espao (terra) para certos propsitos, ele poderia tambm alocar pores de tempo para certas atividades. Assim, em princpio, tempo (esttico) e perfeita previsibilidade so ideias compatveis.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O tempo dinmico visto como um fluxo de eventos, que contm implicitamente a ideia de novidade, de aprendizado, de surpresa, de descoberta.

Conforme o estoque de experincias cresce, as perspectivas individuais mudam e, assim, tanto o presente como o futuro vo sendo permanentemente afetados pelos fluxos contnuos de eventos, o que faz com que cada novo instante seja, por si s, uma nova perspectiva individual isto torna impossvel a previsibilidade perfeita.

O tempo realwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Como todos os indivduos so afetados similarmente e como as consequncias de um curso de ao individual dependem do que outros indivduos faro, esta concepo dinmica do tempo altera os processos de tomada de decises.

As escolhas no tempo real sempre so, portanto, feitas sem um conhecimento perfeito (determinstico ou estocstico) das suas consequncias, o que explica no nvel social o desenvolvimento das instituies como ordens espontneas.

O tempo realwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A ignornciaNa tradio neoclssica antiga, conhecimento e previso eram considerados perfeitos (preos atuais e futuros, p. ex.); o mesmo ocorre na teoria neoclssica moderna, porm sob o ponto de vista estocstico (distribuio de preos correntes e estrutura que gerar os preos futuros).

Mesmo quando se admite que no se conhece a distribuio completa de probabilidades, admite-se que ela existe de forma objetiva, e que pode ser aprendida gradualmente.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A ignornciaPara os austracos, a ignorncia no pode ser totalmente evitada, ignorada, ou eliminada; no um estado de imperfeio de conhecimento que possa ser assintoticamente eliminado por algum processo: vivemos em um mundo no qual o tempo real e, logo, as mudanas so imprevisveis, e a ignorncia e os erros so inevitveis.

A ignorncia no deve ser transformada em uma variante do conhecimento, mediante expedientes analticos.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Sntese da crtica austracaThe neoclassical method of modeling uncertainty essentially denies the fundamental tenet of subjectivism: the autonomy of individual choice. To portray the uncertain future as an objective probability distribution defined over an exhaustive set of events is to make the claim that the future is merely unknown.

Thus it is in principle knowable because the future exists out there independently of the autonomous choices of individuals. Or, to put it another way, the neoclassical modeling techniques abolish the autonomy of the human mind. This is the central problem inherent in most formulations of rational expectations equilibria.

The movement toward a subjectivist theory of probability in some areas of economics has no doubt been an improvement from our perspective. Yet most of this literature neglects a fundamental aspect of ignorance: the (perceived) unlistability of all possible outcomes. It is not merely that we do not know which possibility out of a given set will occur, but the set itself is unbounded. Subjective probability thus reflects subjectivism in its static form, while unbounded possibility sets reflect the essentially dynamic aspect of subjectivism. Real time and ignorance belong together.

(Mario Rizzo & Gerald ODriscoll, Jr)

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A importncia do tempo e da ignornciaO subjetivismo tem implicaes importantes para a teoria e as aplicaes:

Processos de equilbrio (e no mais estados de equilbrio);

A teoria econmica deve preocupar-se com as foras determinantes do erro e da descoordenao, e estas podem tanto ser variaes exgenas nos dados ou mudanas endgenas.

O processo de mercado no tem fim; no h equilbrios estveis, nem trajetrias de crescimento estveis.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A teoria deve afastar-se dos modelos de maximizao matemtica.

A interao dos cursos de ao individuais o processo de mercado uma espcie de procedimento de descobertas (discovery procedure).

O planejamento e as polticas industriais tm o efeito de privar a sociedade do conhecimento que ela acabaria obtendo atravs do processo de mercado, bem como da habilidade de vencer as limitaes do conhecimento individual a ignorncia aumenta.A importncia do tempo e da ignornciawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A concepo dinmica do tempowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A concepo dinmica do tempoA teoria econmica convencional precria no tratamento dispensado ao fator tempo.

No mundo real, os preos so gerados pelos processos de trocas; nos modelos de equilbrio, a formao de preos precede o processo de trocas.

Os modelos de equilbrio intertemporal, que adotam a hiptese da existncia simultnea de todos os mercados intertemporais e contingenciais, trazem os estados futuros para o presente, o que acaba literalmente anulando o tempo.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Nesses modelos, como o de Arrow-Debreu, todas as decises relevantes so tomadas em um instante inicial T0 ; assim, o futuro, nesses modelos, como o simples desenrolar de um tapete j pronto.

H dois conceitos de tempo:

Tempo Newtoniano Tempo Real homogeneidade heterogeneidadecontinuidade matemtica continuidade dinmicainrcia causal eficcia causal

A concepo dinmica do tempowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Tempo newtoniano (esttico)a) homogeneidade: cada ponto exatamente igual a todos os demais, a no ser por sua posio espacial: com isso, cada ponto representativo do tempo vazio por construo, o que torna o tempo independente do seu contedo. O tempo passa sem que nada acontea: uma categoria esttica.t0t1t2www.ubirataniorio.orgMises.org.br*b) continuidade matemtica: divisibilidade contnua. Cada instante do tempo isolado dos demais. Se isso ocorresse no mundo real, os ajustamentos que caracterizam o processo de mercado deveriam se processar a velocidades infinitas e a mobilidade dos recursos deveria ser infinitamente alta, para que todo o processo ocorresse em um nico instante. Por isso, a teoria convencional adota o expediente de considerar cada mudana como sendo exgena.

c) inrcia causal: o estado inicial do sistema deve conter tudo o que for necessrio para produzir as mudanas; o tempo no acrescenta, literalmente, nada. Se todas as causas das mudanas estivessem presentes no instante seminal T0, ento para que esperar pelos resultados at T1, T2, etc? Tempo newtoniano (esttico)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Tempo real (dinmico)No tempo real (dinmico), o tempo deixa de ser algo meramente espacializado e passa a ser considerado um fluxo contnuo e dinmico de novas experincias, fluxo esse que no est no tempo, mas o prprio tempo.

a) heterogeneidade: cada ponto do tempo novo porque, por meio da memria, est ligado a pontos anteriores. A memria, alm de ligar o passado ao presente, torna cada instante diferente dos demais. Mesmo quando um certo fenmeno ocorre exatamente como foi previsto, ele no ser experimentado ou vivido exatamente como se imaginou, pois, quando foi feita a previso, o ponto de vista era diferente do relevante ao ocorrer o fenmeno, porque a memria, ao incorporar a previso, mudou a perspectiva do agente.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Tempo real (dinmico)

b) continuidade dinmica: analogia com a msica. Estrutura dinmica do tempo: memria e antecipao (expectativa). Memria e expectativa geram a continuidade dinmica, em que cada instante do tempo no independente nem pode ser isolado dos demais. Essa continuidade dinmica a prpria essncia do processo de mercado.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*c) eficcia causal: decorre da heterogeneidade. O simples passar do tempo uma fonte permanente de novidades; j que a memria vai alterando as expectativas, o tempo passa a ser criativo e os mercados a serem vistos como processos de descoberta.

Esse crescimento do conhecimento que se processa mediante as descobertas a fora endgena que propulsa o sistema continuamente.

Tempo real (dinmico)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*H dois efeitos da adoo desse conceito de tempo:

ele irreversvel: ao nos movermos de um ponto para outro em uma curva de oferta ou demanda, no h volta possvel.

O processo de evoluo criativa, de mudanas imprevistas.Tempo real (dinmico)ao humana (no tempo) novas experinciasnovos conhecimentosO estado natural da economia no tempo movimento e no repouso, j que, com as alteraes do conhecimento, a prpria economia se altera.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*3. A teoria do capitalwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Senior : abstinence

Marshall e Cassell : waiting

Bhm-Bawerk : roundaboutness

Barone e Wicksell: time

Processo de produo capitalista ou roundabout: aquele que sacrifica alguma geleia hoje para ter mais geleia amanh.

A produo aumenta porque ocorre um switch intertemporal no produto.

A teoria do capital esforo resultadoswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A essncia da viso austraca do capital que ele no fixo, mas destrudo no processo de criao do produto. Assim, definimos capital como um estoque de fatores no-permanentes de produo, que gera um fluxo de renda durante um perodo finito de tempo.

A teoria do capitalwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*As dimenses do capitalW. Stanley Jevons foi quem primeiro introduziu explicitamente o fator tempo na teoria da produo. Os investimentos podem ser feitos de duas maneiras:

Com os recursos sendo empregados em um ponto do tempo, e os seus retornos obtidos em perodos de tempo e,

Com os recursos sendo empregados ao longo de um perodo de tempo, e com os retornos obtidos em um ponto do tempo.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Point input / continuous output (corte de uma rvore);

Continuous input / point output (armas de fogo);

H bens hbridos em diversos graus (continuous input / continuous output);

Roundaboutness: vem tanto do tempo gasto para produzir capital como da durabilidade do capital.

As dimenses do capitalwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Roundaboutness: tempo de produo (tempo gasto para produzir capital).

Sejam y0 a receita da venda de todos os bens finais no momento atual t=0; a o valor dos inputs usados entre t=p e t=0; p o ponto do tempo no passado em que os inputs comearam a ser usados e, r a taxa de juros. Ento,

y0 = a ert dt = a/r (erp-1)

Roundaboutness: durabilidade do capital fixo.

As dimenses do capitalp0www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Nesta definio de capital, o tempo necessrio no para produzir o capital, mas para utiliz-lo. Agora, o perodo relevante a expectativa de vida operacional do capital. O novo investimento mantido enquanto o valor presente da receita lquida esperada da venda futura dos bens finais for maior do que o valor do capital. Logo, sendo x0 o valor do capital no perodo t=0; b o valor da receita lquida anual contnua da venda dos bens finais; f o ponto do tempo no futuro em que a receita lquida desaparecer e r, como sempre, a taxa de juros, o novo investimento cessar quando:

x0 = b e-rt dt = b/r(1-e-rf)

As dimenses do capitalf0www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Roundaboutness: combinao do perodo de produo com a durabilidade.

Os dois conceitos no so mutuamente exclusivos: o primeiro requer a hiptese de que o tempo usado para produzir uma mquina que, ento, gera um produto instantaneamente; o segundo requer a hiptese de que as mquinas so adquiridas instantaneamente e que os retornosdas vendas so acumulados durante um n de perodos futuros (durabilidade). Claramente, tratam-se de casos especiais que, em geral, podem ser mesclados.

As dimenses do capitalwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Numa situao em que a acumulao e a estrutura de capital so timas, esse equilbrio se reflete na igualdade entre o valor presente agregado dos inputs passados e o valor presente agregado lquido dos inputs futuros. Igualando as duas equaes e rearranjando, vem:

b/a = (ert-1) / (1e-rf)

e, para o caso especial em que p = f = T,

b/a = erT

As dimenses do capitalwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Intensidade do capital

Definimos roundaboutness em termos de tempo seja o perodo de produo e seu equivalente, o perodo no qual se torna necessria a proviso de working capital , ou seja em termos de durabilidade (ou como uma combinao de ambos). Bhm-Bawerk introduziu um conceito semelhante, o de intensidade do capital, relacionado ao tempo gasto para produzir capital (ou para utilizar working capital): o conceito de perodo mdio de produo.

A intensidade do capital calculada pela soma agregada dos perodos de investimento, em que os inputs so aplicados a uma taxa constante e uniforme, dividida pelo n total de inputs.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Por exemplo, para um perodo de produo de 3 anos, em que so aplicados a inputs em cada ano, o perodo mdio de produo, m, dado por:

m = (3+2+1)/3 = 2 , o que significa que os inputs permanecem no processo de produo, em mdia, por 2 anos. O papel da taxa de juros, r, nessa definio de intensidade de capital pode ser visto se observarmos que a equao anterior pode ser derivada de:

a(1+3r) + a(1+2r) + a(1+r) = 3a(1+mr)

Intensidade do capital

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Resolvendo para m, a varivel r desaparece porque aplicada a uma taxa simples. Para uma taxa composta, vem:a(1+r)3 + a (1+2r)2 + a(1+r) = 3a (1+r)m

Que foi a definio de intensidade do capital sugerida por Wicksell. Por exemplo, para r=0,07, m=2,01. Para o caso contnuo, m determinado por:

a(er3 - 1)/r = 3aerm

Observemos que, neste caso, para r=0,07, m= 1,53.

Intensidade do capital

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Intensidade de capital: combinao do perodo de produo com a durabilidadeA contrapartida desta ltima equao no contexto de roundabout definido em termos de durabilidade do capital :

b(1-e-rf)/r = f.b.e-rm

Da condio de equilbrio, em que y0 = x0 , vem:

p.a.erm = f.b.e-rm ,

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Em que a o valor do input anual contnuo, b o valor da receita lquida anual contnua, p o limite de tempo em que os inputos foram aplicados, f o limite de tempo quando as receitas desaparecero, m o perodo mdio de produo definido em termos de inputs, m o perodo mdio de produo definido em termos de durabilidade, e r a taxa de juros. Aps algum algebrismo, chega-se a:

(m + m) = ln(bf/ap) / r

A ltima equao nos mostra como a intensidade do capital bidimensional m+m leva em conta as magnitudes dos inputs a e dos outputs b, o perodo de gestao p, a durabilidade do capital f, e a taxa de juros r.

Intensidade de capital: combinao do perodo de produo com a durabilidadewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Uma simulaoA ttulo de exemplo, consideremos p=f=5, r=0,05 e b=10. Assim, como b/a=erT , calcula-se a=7,79. Inputs de 7,79 unidades por perodo so aplicados durante 5 anos consecutivos e, sendo r=5%, o valor do capital alcanado depois de 5 anos atinge o valor mximo de 44,24 unidades (isto , y0=x0=44,24). Uma receita lquida de 10 unidades b ser ganha em cada um dos prximos 5 anos e ir reduzindo o valor do capital:Simulao do valor do capital para um projeto de 10 anos com p=f=5

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Podemos desenvolver mais a simulao admitindo uma srie de 10 esquemas idnticos se desenrolando em paralelo, com um lag de 1 perodo entre os estgios sucessivos de cada esquema.

Isto produz um equilbrio de steady state: a operao como um todo tem um valor agregado do capital constante, igual soma horizontal da segunda linha da tabela anterior (=230,04), uma corrente constante de inputs (=38,94 unidades, que 5x7,79) e uma corrente constante de outputs (=50 unidades, que 5x10). Estes dados e suas taxas associadas so indicados na primeira linha da tabela seguinte.

Uma simulaowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Valores simulados para uma srie de projetos de 10 anos, com p=f=5

Uma simulaowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Como sugere nossa simulao, os efeitos de um aumento na taxa de juros so o de aumentar a relao capital/trabalho e o de diminuir a relao capital/produto (ver 2 e 3 linhas). Qualquer argumento no sentido de que esses resultados so opostos aos da teoria neoclssica do capital (em que, quando r aumenta, L substitui K) deve ser refutado, porque tal substituio ocorre com um aumento no preo relativo do capital.

O mundo neoclssico, atemporal e meramente terico, variaes na taxa de juros so irrelevantes para os preos relativos dos fatores, qualquer que seja o capital existente.

Vemos, tambm, que aumentos em r reduzem as unidades de trabalho. Em outras palavras, um aumento em r diminui tanto o valor atual dos rendimentos futuros como (consequentemente) o nmero de unidades de trabalho.

Uma simulaowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*No mundo prtico dos negcios, a funo dos gastos em investimentos a de prover o capital necessrio para aumentar a oferta de bens de consumo no futuro.

No entanto, Keynes, desconhecendo a Teoria Austraca do Capital, enfocou o investimento como um componente da demanda agregada, que deveria ser usado para gerar empregos direta ou indiretamente, via efeito multiplicador.

Por isso, ao deixar de lado o verdadeiro propsito funcional do investimento para montar modelos curto prazo para explicar o emprego e a renda agregados, a macroeconomia negligencia um aspecto enormemente importante da teoria econmica, que o estudo dos determinantes das mudanas nos nveis e na composio da produo atravs do tempo.

Teoria do capital e macroeconmicawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Hayek acreditava que a estratgia keynesiana de seguir polticas monetrias expansionistas para atingir o pleno emprego podia ser atribuda ignorncia de Keynes com respeito Teoria Austraca do Capital, pois apenas isto explicaria a ideia de que o determinante principal do investimento seria a demanda de bens de consumo. Ele utilizou a analogia com um rio para explicar as relaes entre investimento, bens finais e emprego.

Teoria do capital e macroeconmicawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Analogia de Hayek:

O rio o fluxo contnuo de produo capitalista, que pode variar independentemente do nvel da mar (vendas de bens finais) na sua foz. Na sua cabeceira, o volume de gua afetado pelos fluxos dos afluentes (mudanas nos investimentos, novos e de reposio), que so por sua vez determinados pelos preos relativos dos fatores, pelas mudanas tecnolgicas e pela taxa de juros. Em nenhum ponto do tempo existe uma correspondncia entre mudanas no volume de gua da cabeceira e a venda de bens finais, nem entre a venda de bens finais e o nvel de emprego. Mais ainda, provvel que, em uma recesso, o revival do consumo final seja mais um efeito do que uma causa de um revival no volume da cabeceira do rio (estgios de ordens mais elevadas).

Teoria do capital e macroeconmicawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Quando os recursos esto plenamente empregados, existe um trade off bvio entre a proviso de bens para consumo corrente e a proviso de bens para consumo futuro. O crescimento econmico s pode ocorrer se houver um sacrifcio no presente. Qualquer tentativa de forar o crescimento atravs da expanso monetria trar implicaes inflacionrias.

Teoria do capital e macroeconmicawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*4. O mercado como um processowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Formao de preos e processo de mercadoValor e formao de preos:

S. Toms de Aquino (sc. XII): utilitas, raritas

Adam Smith (1776): doutrina do valor-trabalho

W. S. Jevons, L. Walras e Carl Menger (1870): doutrina da utilidade marginal.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Consideremos uma economia simples, com 3 estgios de produo: a fazenda que produz o trigo, o moinho que processa a farinha, e a padaria que fabrica o po e o vende ao consumidor.

Custos determinam preos ou preos determinam custos?Formao de preos e processo de mercadowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Podemos aproximar o desenho acima por um tringulo, em que comeamos a nos mover da esquerda para a direita e de baixo para cima (sentido da produo) ou da direita para a esquerda e de cima para baixo (sentido do consumo).

Formao de preos e processo de mercadowww.ubirataniorio.orgMises.org.br* medida que caminhamos da esquerda para a direita, as alturas dos retngulos aumentam porque vai sendo adicionado valor produo. Por isso, o bem de 1 ordem (po) mais caro do que o de 2 ordem (farinha), o qual, por sua vez, deve ser mais caro do que o trigo (bem de 3 ordem).

Entretanto, se no houvesse consumidores dispostos a comprar po, os preos da farinha e do trigo seriam nulos (supondo que tanto um como o outro s pudessem ser utilizados para fabricar po). O valor gerado pela utilidade marginal e, portanto, so os preos que determinam os custos. Estes ltimos, na verdade, tambm so preos.

Formao de preos e processo de mercadowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*vetor de demandavetor de ofertatempovalorFormao de preos e processo de mercadowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Formas de mercado:

Concorrncia perfeitaOligoplioCompetio monopolistaMonoplio

A teoria econmica costuma estudar esses mercados sob uma perspectiva de equilbrio, mas, na realidade, de acordo com a boa tradio dos economistas da Escola Austraca, devemos considerar o equilbrio apenas como uma construo imaginria de cunho terico. Na realidade, os mercados devem ser vistos como processos dinmicos, que tendem para o equilbrio, sem contudo atingi-lo.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Curvas de demanda e de oferta e equilbrio de mercadopqq0p0pp1q1qA BDemandawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Ligando todos os pontos tais como A e B (ver grfico no prximo slide), obtemos a curva de demanda, que representa o lugar geomtrico dos preos mximos que o consumidor dispe-se a pagar por cada quantidade.

Curvas de demanda e de oferta e equilbrio de mercadowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Curvas de demanda e de oferta e equilbrio de mercadopqCurva de demandawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Unindo todos os pontos como C e D obtemos a curva de oferta, que representa o lugar geomtrico dos preos mnimos que o vendedor deseja obter por cada quantidade.

pP0 q0qpp1q1CDCurvas de demanda e de oferta e equilbrio de mercadoqOfertawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*OfertapqSCurva de Ofertawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*O equilbrio de mercadoppeqeqSDEwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Efeitos dos controles de (quaisquer) preosppfpeSSDDS1S2D1D2Aqp atualgioqewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*O mercado como um processoConhecimento (limitado e disperso)Incerteza genuna (no probabilstica)Ao humana Tempo real (no newtoniano)Erros e tentativasExplorao de oportunidadesRejeio ao equilbrio como possibilidade efetivaO conjunto dessas caractersticas da ao humana faz com que os mercados sejam melhor estudados como processos que tendem ao equilbrio.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Os cones austracostjtmtsppppqqqqSDDStuSDSDNota: credito a ideia deste grfico ao economista Reszo Divenyi, ex-aluno da FCE/UERJ.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Falhas de mercado vs falhas de governoBens pblicos, monoplios naturais, externalidadesO mercado funciona sempre e atico (I. Kirzner)Provises vs prerrogativas (Ralf Dahrendorf)

mercadoinstituiesliberaisintervencionistaswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*5. Moeda, capital, inflao e ciclos econmicos(Austrian Business Cycle Theory)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACEA Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos (TACE) foi esboada por Ludwig von Mises em 1912, em seu famoso Theorie des Geldes und der Umlaufsmittel (Teoria da Moeda e do Crdito), em que o extraordinrio economista austraco desenvolveu os princpios seminais delineados pelo fundador da Escola, Menger, em seu Principles (1871).

Posteriormente, em sua monumental obra Ao Humana (1948), Mises reafirmou o que j escrevera anteriormente, ao descrever os efeitos das variaes no crdito e na oferta de moeda sobre o sistema econmico.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACEHayek, que nos anos 20 j escrevera alguns artigos sobre teoria monetria, ao ser convidado por Keynes para lecionar na London School of Economics, apresentou alguns seminrios com o contedo de trs papers, dos quais o mais famoso ficou sendo Prices and Production (1931).

Na ocasio, Hayek surpreendeu uma plateia em que despontavam, entre outros, Keynes, Kaldor e Joan Robinson com uma srie de tringulos, em que mostrava, combinando elementos de Mises, da Teoria do Capital de Bhm-Bawerk, do ingls William Stanley Jevons e do sueco Knut Wicksell, de que forma variaes no crdito alteravam os preos relativos.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACEVivia-se a Grande Depresso e as explicaes proporcionadas pelos tais tringulos para a mesma eram inteiramente diferentes das que Keynes comeava a preconizar, enquanto escrevia a sua Teoria Geral. Para Keynes, o problema fora causado por poupana demais e investimentos de menos; para Hayek, justamente o oposto que provocara a Grande Depresso: poupana de menos e investimentos demais. Ningum no mundo acadmico da poca entendeu a profundidade da anlise de Hayek.

Keynes ganhou infelizmente o debate, pois suas recomendaes para os governos tirarem a economia da Grande Depresso eram bem mais palatveis politicamente.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACECom o advento do keynesianismo as importantes contribuies dos economistas austracos para a Teoria Econmica foram esquecidas. Todos, ou quase todos, passaram a ser keynesianos. Todos passaram a supervalorizar a macroeconomia. Todos passaram a negligenciar a teoria do capital. E quase todos passaram a defensores do intervencionismo do estado na atividade econmica.

Essa situao perdurou at 1974, quando Hayek foi contemplado com o Nobel de Economia, pelo conjunto de sua fantstica obra e, tambm, pelo fato de que ocorrera o que sua teoria dos tringulos tinha logrado prever quatro dcadas antes.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACECom efeito, Hayek escrevera ainda nos anos 30 que a aplicao das ideias sugeridas por Keynes de que os governos deveriam utilizar as polticas fiscal e monetria para promoverem o pleno emprego, levaria, no longo prazo, a um desastre chamado estagflao, isto , combinao de recesso com inflao!

Nos anos 70, chegara, afinal, o tal longo prazo e, como nem todos os que creram em Keynes estavam mortos, o mundo comeou a dar valor s ideias de Hayek.

Mas o estrago j estava feito e era irremedivel. A Escola Austraca ressuscitou, mas quarenta anos de pesquisas foram perdidos!www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACENa Amrica Latina, sempre avessa s ideias liberais (e, por isso mesmo, sempre pobre), h alguns centros em que se ensina e se procura disseminar a Escola Austraca.

No Brasil para variar so poucas as tradues das obras desses economistas, quase todas editadas pelos institutos liberais.

Nosso modesto livro, Economia & Liberdade: A Escola Austraca e a Economia Brasileira (Forense, 2 ed., 1997), com prefcio de um austraco famoso Roberto Campos foi o primeiro a apresentar uma abordagem sistemtica da Austrian Economics. Que venham outros! www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A teoria hayekiana da moeda,do capital, da inflao e dos ciclos econmicos(a) a teoria hayekiana do conhecimento(b) o processo de mercado(c) a doutrina da poupana forada (d) o papel de coordenao intertemporal da taxa de juros(e) o efeito Ricardo (f) a 4 proposio fundamental de J.S. Mill(g) a estrutura mengeriana de produo

Elementos da teoriawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Os tringulos de Hayek1234ntempoincio da produo do bembem em elaboraovalorbem de consumo finalwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*VOA (Vetor de Oferta Agregada)manufaturasatacadovarejotvVOAVOA = f (lucrativ., tecnologia)matrias-primaswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Como a demanda final est no ltimo estgio de produo de bens de 1 ordem (consumo final) a moeda comea a mover-se a partir da para baixo.tvVDA(VDA) Vetor de Demanda AgregadaVDA=f(prefs. intertemporais)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Equilbrio entre VOA e VDAEm uma economia uniformemente circular, VOA e VDA no apenas so paralelos, mas necessariamente coincidem.

tvVDAVOAwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Se D > S em um ponto qualquer da cadeia produtiva, os produtores nesse estgio tero lucros excedentes em relao aos produtores de outros estgios, o que, se admitirmos mobilidade de fatores, atrair recursos para o estgio mais lucrativo, fazendo com que sua lucratividade caia, at que seja igual dos demais estgios.

Se S > D, ocorrer o oposto: os recursos sairo desse estgio para outros e a sua lucratividade aumentar. A taxa de juros o elemento coordenador entre VOA e VDA: The rate of interest is the key coordinating link that allocates capital resources with intertemporal consumer demands (Roger Garrison).

Equilbrio entre VOA e VDAwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos (TACE)Como uma variao em M afeta a estrutura de produo?rrnrSpIpMI, SSSIABwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos (TACE)VP = R/(1+r) + R/ (1+r)2 + R/(1+r)3 + . . . . . . . . . .+ R/(1+r)n, em que VP o valor presente sobre os projetos de investimentos, R a renda futura do ativo de capital, r a taxa de juros , e n o nmero de anos.

Logo, variaes em r afetam muito mais o componente relativo s rendas futuras do que a renda presente.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A dinmica dos ciclos 1 fase: boom nas indstrias de bens de capital sob inflao. C(pK/pC)CAABwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*2 fase: efeitos-rendaOs recursos migram para os estgios mais lucrativos (de bens de capital), o que gera rendas mais elevadas nesses setores. Conforme o tempo passa, a renda gerada pelo boom de investimentos vai sendo gasta na forma de mais consumo (C/S aumenta).

tvVOAVDAA dinmica dos ciclos www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Quando C/S cresce, temos uma indicao de que VDA passa a se mover em uma direo diferente de VOA. Deixam de ser paralelos, o que rompe a condio para o equilbrio macroeconmico.

Se o aumento na renda fosse suficiente para comprar o agora maior volume de bens e servios que esto sendo produzidos, haveria inflao, porm, sem desequilbrios entre produo e consumo, conforme sustentavam os monetaristas.

Mas por que ocorre o desequilbrio? Resposta: porque a expanso monetria introduziu uma divergncia entre as preferncias individuais intertemporais e a estrutura de produo.

A dinmica dos ciclos www.ubirataniorio.orgMises.org.br*3 fase: o aperto de crdito (credit crunch)O aumento no consumo cria um cabo-de-guerra entre as indstrias de bens de capital (ainda em expanso) e as indstrias de bens de consumo (agora em expanso), o que eleva a taxa de juros e os preos nesses setores. Como suas rendas em termos de incrementos superam as rendas dos estgios produtores de bens de consumo, surgir uma escassez nesses ltimos, fazendo com que a curva de rendimentos (yield curve) se inverta. Trata-se do efeito Ricardo la Hayek. A dinmica dos ciclos prazoyield curve invertidarwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*prazoyield curve invertidarA dinmica dos ciclos www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACEO boom inicial transforma-se em bust: a expanso artificial transforma-se em contrao. Projetos so abandonados, ordens de compras so canceladas, trabalhadores so demitidos, mquinas velhas so usadas (widening) e no so compradas novas (no deepening). Crescem os estoques e caem preos e rendas nos setores de bens de capital.

A recesso ou depresso no simplesmente um caso de desemprego generalizado crescente, como a macroeconomia convencional sugeriu, mas sim de desemprego principalmente nos estgios de bens de capital e nos mercados a eles relacionados.4a fase: recessowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACE - recesso 4 3 2 1 4 3 2 1www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Teoria macroeconmicaPySSDPySDDestagflao (supply shock) deflao com recesso (def. de demanda)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Teoria Austracaestagflaodeflao com recessovtvtwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACE

5 fase: retomada e estabilidade

A fase final chega quando os preos das indstrias de bens de capital param de cair e essas indstrias entram em colapso, ao mesmo tempo em que o consumo diminui, em resposta queda nas rendas setoriais. Isto vai ocorrer at que VOA e VDA voltem a coincidir, embora certamente em uma posio diferente da que se verificava antes da deflagrao do ciclo (ver grfico na prxima pgina).

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACE

ABCCAwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*TACEEm termos de PIB:PIBwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*ABCCAABCCTACEExpectativas racionais Inflao no antecipadawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A no-neutralidade da moedaA TQM falha ao no reconhecer que os fatores monetrios afetam no apenas o volume da produo, mas tambm a sua direo.

Nenhuma explicao para os ciclos adequada, se no levar em conta o fato de que a produo de bens de capital flutua bem mais do que a de bens de ordens mais baixas.

A macroeconomia, por enfatizar agregados como P, y, L, r, etc, ignora os mecanismos precisos de transmisso que a inflao provoca na economia, prendendo-se apenas aos seus efeitos finais.

Em suma, o desemprego resultado da inflao, que , tal como no monetarismo, um fenmeno monetrio. Mas M no neutra.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A no-neutralidade da moedaM0M1A (45 )Mmoeda neutraM0M1MBMAmoeda no-neutraMA = MBwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Tringulos de Hayek e curva de PhillipsAABCC21uunCPLPRTSu* = 1* = 2www.ubirataniorio.orgMises.org.br*6. A macroeconomia da estrutura de capital(Roger Garrison)Clique e veja tambm apresentao animada no mises.org.br.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Macroeconomia da estrutura do capitalA macroeconomia convencional lida com desequilbrios e abstrai-se de variaes no estoque de capital. As teorias modernas do crescimento lidam com variaes no estoque de capital e abstraem-se dos desequilbrios da economia.

A realidade da economia um mix desses dois issues. A macroeconomia da estrutura de produo (Capital-based macroeconomics - CBM) procura incorporar esse mix, considerando que a habilidade dos mercados para alocar recursos ao longo do tempo est relacionada com a estrutura de capital da economia.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Os elementos da CBMAs ferramentas da CBM so 3 grficos elementares:

o mercado de loanable funds

(2) a fronteira de possibilidades de produo

(3) a estrutura intertemporal (de capital) da produo

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O mercado de loanable fundsPoupar, em uma CBM, significa acumular poder de compra para ser exercido no futuro.

rr eqS = IS, ISIwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A fronteira de possibilidades de produo (FPP)A taxa marginal de substituio tcnica decrescente: para produzir unidades adicionais (iguais) de bens de capital ser necessrio renunciar produo de quantidades crescentes de bens de consumo. crescimento: +I e -C

CIwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Os elementos da CBM

O investimento medido em termos brutos (manuteno em expanso de K). Em algum ponto da FPP, I Bruto ser igual ao montante para cobrir a depreciao, sem I Lq., isto , temos uma economia estacionria (no-growth). direita do ponto de no-growth: expanso da FPP esquerda do ponto de no-growth: contrao da FPP

CCCII contrao estacionaridade expansoIwww.ubirataniorio.orgMises.org.brEstados UnidosJapo ps-guerraCCIIwww.ubirataniorio.orgMises.org.brvalortempoconsumo no instantneo (continuous input/ cont. output)(Jevons)tempoconsumo no tempowww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A macroeconomia da estrutura de capitalestgiosCDSS = Ir eqrwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A macroeconomia da estrutura de capitalpoint-input/point-outputrA inclinao da estrutura deproduo reflete a taxa de jurosinput outputSe a economia estiver sobre a FPP ter-se- pleno emprego ou, mais modernamente, nvel natural de desemprego.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A macroeconomia da estrutura de capitalNo grfico, temos uma economia no nvel natural; os investimentos so apenas suficientes para compensar a depreciao do capital, no havendo I lquido. O consumo mantm-se no nvel da FPP, e a poupana possui um montante necessrio para financiar o investimento bruto.

A taxa de juros reflete as preferncias intertemporais dos agentes do mercado.

Essas interpretaes de steady state equivalem evenly rotating economy de Mises e permitem analisar o crescimento secular (sustentado) e as flutuaes cclicas.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Pontos de contraste com a macroeconomia usual(a) os grficos no incluem o mercado monetrio explicitamente, pois, para os austracos a moeda uma loose joint. Na verdade, M est em todos os eixos do diagrama e, alm disso, a no incluso explcita de M no significa que estamos ignorando as consideraes monetrias. A Teoria Austraca dos Ciclos Econmicos a despeito de explicitar apenas S, I, C e o tempo de produo uma teoria monetria dos ciclos.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*(b) Os grficos no incluem variaes no nvel de preos, o que no significa negar as verdades da Teoria Quantitativa da Moeda, mas sim frisar que a alocao intertemporal de capital no governada por variaes no nvel de preos, mas sim por variaes nos preos relativos dentro da estrutura de capital.

Keynes e clssicos efeito-riqueza (efeito-Pigou) Austracos efeito-riqueza e efeito realocao de capital

Pontos de contraste com a macroeconomia usualwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*(c) Os grficos no incluem o mercado de trabalho, pois a CBM no enfatiza apenas o mercado de trabalho. As variaes na taxa de juros afetam diferentemente a demanda de trabalho em cada estgio. Alm disso, pode-se fazer diagramas auxiliares, um para cada estgio, incorporando o mercado de trabalho.

Pontos de contraste com a macroeconomia usualwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A macroeconomia do crescimento secularestgiosDSS = Ir eqrICS, Iwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*O crescimento secular ocorre sem ser provocado por polticas, avanos tecnolgicos ou variaes nas preferncias intertemporais. Nele, os investimentos brutos aumentam de modo suficiente para manter o estoque de capital e para acumular capital. Com o aumento das rendas, a poupana aumenta e o investimento bruto tambm. A taxa de juros mantm-se constante.A macroeconomia do crescimento secularwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Historicamente, aumentos na riqueza provocam queda nas preferncias intertemporais (aumento da poupana), o que reduz a taxa de juros. Mas nosso tratamento abstrai-se desse efeito.

Se r fica constante, as hipotenusas dos tringulos de Hayek so paralelas, isto , r aloca recursos entre os estgios de modo a alterar o tamanho, mas no os profits intertemporais da estrutura de capital.

A macroeconomia do crescimento secularwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*E o que dizer sobre M e P?Se MV=PY, dados M e V, como C e I aumentam (C+I=Y), isso significa que P cai (deflao secular).

Em uma economia em crescimento, o equilbrio na direo de preos e salrios mais baixos; esses ajustamentos nos preos e salrios se do nos mercados particulares em que o crescimento em si ocorre e o resultado que a mdia dos preos cai.

necessrio identificar como o processo de mercado funciona, para distinguir entre: health economic growth (saving induced, sustainable)X artificial booms (policy-induced, unsustainable)

A macroeconomia do crescimento secularwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*7. Tpicos avanados em capital, moeda e ciclos econmicos

Crescimento sustentadoeCrescimento no-sustentado

(Roger Garrison)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A FPP desloca-se para cima (possivelmente, sua forma tambm muda, dependendo da natureza especfica da mudana tecnolgica). D desloca-se para a direita (ver grfico), na medida em que as empresas do-se conta de que podem beneficiar-se com a nova tecnologia. As rendas maiores resultantes deslocam S tambm para a direita. O efeito sobre a taxa de juros indeterminado, pois depende das magnitudes dos deslocamentos em S e D. O progresso tecnolgico aumenta o potencial dos recursos investveis. Na terminologia antiga dos clssicos, aumenta o fundo de subsistncia.

Progresso tecnolgico e maior dotao de recursoswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Progresso tecnolgico e maior dotao de recursosestgiosDSS = Ir eqrCtechnology induced growthestgiosrIS, Iwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*No grfico anterior, o progresso tecnolgico neutro em relao a r.

H dois casos possveis:

(1) o progresso tecnolgico afeta todos os estgios de produo direta e proporcionalmente, no havendo, neste caso, realocao de recursos entre os estgios.

Progresso tecnolgico e maior dotao de recursoswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*(2) O progresso tecnolgico (PT) surge ou utilizvel em um ou em alguns estgios. Neste caso, a demanda de investimentos aumenta medida que os produtores tentam obter vantagens da nova tecnologia que afeta diretamente um estgio inicial. A taxa de juros aumenta e, como o PT ocorreu em um estgio inicial de produo, o consumo no aumenta imediatamente (ocorre um bias inicial: I aumenta, C fica constante).

Mas o aumento em r faz com que os recursos no envolvidos diretamente na implementao da nova tecnologia sejam realocados em direo aos estgios mais avanados, o que faz o consumo aumentar. medida que as rendas aumentam (devido ao aumento em I), ento a poupana tambm aumenta e r volta ao nvel inicial.

Progresso tecnolgico e maior dotao de recursoswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Nos dois casos, o growth path da economia aumenta e permanece no novo nvel: o crescimento sustentado. A mudana tecnolgica isto , nas realidades econmicas altera a trajetria de crescimento e o processo de mercado transforma o progresso tecnolgico em uma nova trajetria de crescimento. E no h nada na natureza do processo de mercado que altere de novo a trajetria.

Progresso tecnolgico e maior dotao de recursoswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Obs1: Se a poupana subir pouco (por exemplo, no caso dos preos dos bens de consumo subirem muito, exigindo uma poro maior das rendas), a estrutura de produo ser puxada de volta e, em termos lquidos, r aumentar.

Obs2: Se o PT ocorrer prximo ao consumo, este ficar satisfeito, S aumentar e r cair.

Obs3: Os efeitos de um aumento na dotao de recursos so similares.

Progresso tecnolgico e maior dotao de recursoswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Mudanas nas preferncias intertemporaisestgiosDSS = Ir eqrsavings-induced capital restructuringCSuponhamos que aumente a frugalidade.S, Iwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Na LBM, Ch e Cf so complementaresNa CBM, Ch e Cf so substitutos (SUFS saving-up-for something)

Se as preferncias intertemporais aumentarem a poupana, o que far o processo de mercado? Se seguirmos Keynes, Ch cair, logo Cf tambm cair e teremos falhas de coordenao no processo de mercado. Keynes estava errado, de acordo com a CBM!

Mudanas nas preferncias intertemporaiswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A poupana se desloca para a direita, logo, r cai. Na FPP,os recursos liberados pela queda no consumo vo aumentar o investimento. No h efeitos-renda significantes na oferta de loanable funds.

Se C casse sem I aumentar, ento as rendas cairiam e a poupana se deslocaria para a esquerda, o que poderia anular o crescimento.

Mudanas nas preferncias intertemporaiswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*O paradoxo da poupana de Keynes estaria correto: um aumento na poupana aumentaria a taxa de crescimento, mas a queda nas rendas reduziria os gastos, o que geraria pessimismo e reduziria I.Em nossa CBM, o processo de mercado funciona, desde que prestemos a devida ateno estrutura intertemporal de produo:Se r cai, ento

Mudanas nas preferncias intertemporaiswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Reestruturao de capital (com ajustamentos auxiliares no mercado de trabalho)estgiosDSr eqrCwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Reestruturao de capital (com ajustamentos auxiliares no mercado de trabalho)O aumento na poupana produz dois efeitos separados sobre a demanda de trabalho, considerando-se os dois conceitos bsicos de demanda derivada e de desconto no tempo:(a) a demanda de trabalho uma demanda derivada; logo, quando C cai, ela tambm cai proporcionalmente nos setores que produzem os bens de consumo;(b) o trabalho valorado a uma taxa de desconto; logo, quando r cai, o desconto tambm cai, o que aumenta o valor do trabalho nos setores que produzem os bens de capital.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Reestruturao de capital (com ajustamentos auxiliares no mercado de trabalho)Os dois efeitos operam em sentidos opostos e, conjuntamente, mudam a forma do tringulo de Hayek. A interseo das duas hipotenusas representa o ponto em que os dois efeitos se contrabalanam. Nos estgios direita, cai a demanda de trabalho, o que diminui os salrios. O efeito-Ricardo reduz a oferta de trabalho, o que eleva os salrios at o nvel inicial. Nos estgios esquerda, sobe a demanda de trabalho, o que eleva os salrios. Como esses setores esto em expanso, o efeito-Ricardo aumentar a oferta de trabalho, fazendo com que o salrio caia at o nvel inicial.

Em um estgio recentemente criado (bem esquerda), antes, a oferta e a demanda de trabalho se interceptavam a um nvel de emprego negativo, mas agora algum emprego ofertado e demandado.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Reestruturao de capital (com ajustamentos auxiliares no mercado de trabalho)O fator trabalho, na anlise, tratado como no-especfico, isto , sua oferta de curto prazo crescente e sua oferta de longo prazo inelstica.

Duas qualificaes:as habilidades que tornam o trabalho especfico so classificadas como capital humano e integram a estrutura de capital propriamente dito (essa mo de obra fixa, pois seus salrios sobem ou caem dependendo do estgio);

(2) os grficos auxiliares representando os movimentos do trabalho no-especfico podem tambm representar os movimentos do capital no-especfico.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Reestruturao de capital (com ajustamentos auxiliares no mercado de trabalho)Em geral, para qualquer dado estgio de produo, os fatores especficos obedecem a ajustamentos via preos e os no- especficos a ajustamentos via quantidades.

Por convenincia, a anlise grfica considera apenas o trabalho no-especfico.

Quando r cai, aumentam os preos dos fatores empregados nos estgios iniciais e esse aumento permanente para os fatores especficos e transitrio para os no-especficos.

So importantes nesta anlise o efeito-Ricardoe a 4 proposio fundamental de J. S. Mill: variaes na taxa de juros afetam a composio do emprego, mas no a sua magnitude.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A macroeconomia dos booms e bustsA CBM identifica as diferenas essenciais entre crescimento genuno e boom artificial, que derivam dos papis diferentes desempenhados pelos poupadores e pelas autoridades monetrias.

Por que as consideraes monetrias? Respostas:

As variaes de preos relativos que iniciam o boom derivam da expanso monetria; o foco no a variao em M ou as conseqentes variaes em P, mas o ponto de entrada da moeda nova;

A moeda uma loose joint.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Desde Ragnar Frisch (1933), considera-se que os ciclos tm duas caractersticas: impulso e propagao. Na TACE, o impulso a moeda, via variaes nos preos relativos afetando a estrutura de produo, e provocado pela caracterstica de looseness inerente s trocas indiretas.

A macroeconomia dos booms e bustswww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Boom e bust (desequilbrio intertemporal induzido pela poltica monetria)DSS = IrNrCribustover-consumptionM = Mc + Mhexpanso nos entesouramentosBAestgios boom(malinvestments)over-consumptionforced savingsexpanso de crditoyield implcita no estgio mais afastadoS + Mcwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Boom e bust (desequilbrio intertemporal induzido pela poltica monetria)Obs: As variaes na demanda de moeda no so importantes na TACE. A oferta de loanable funds inclui a oferta de poupana criada pelo Banco Central. Os 3 instrumentos clssicos da poltica monetria tm uma caracterstica comum: so simples meios de aumentar o crdito.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Comentrios sobre o grfico anterior:Existe agora um conflito entre S e I, pois os dois movem-se em sentidos opostos: a expanso do crdito reduziu r, o que reduziu S e aumentou I, levando para o leste da FPP. E, na FPP, a queda em S significa que C aumentou, levando para o norte da FPP.

Logo, C e I aumentaram, o que significa overproduction de ambas as categorias de bens.

O gap entre S e I no mercado de loanable funds transfere para a FPP um cabo-de-guerra (com a corda curta) entre consumidores e investidores. Quem ganha? No incio, so os investidores, pois eles tm mais o que puxar, que a r menor.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Comentrios sobre o grfico anterior:Este cabo-de-guerra empurra o tringulo de Hayek para dois sentidos: I aumenta e C aumenta. Isto se d s expensas dos setores do meio da estrutura de produo, o que um sinal da insustentabilidade do boom. Os vetores VDA e VOA se desequilibram.

A linha pontilhada direita mostra que a reestruturao no pode ser completada: a escassez de recursos e um contnuo aumento nas demandas dos bens de consumo transformam o boom em bust!

As expectativas, que so endgenas por excelncia, mudam.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Comentrios sobre o grfico anterior:Quando r aumenta, muitos projetos de longo prazo so abandonados ou parcialmente cortados, o que gera desemprego nesses setores, tanto de trabalho quanto de capital. Isto reduz as rendas, o que por sua vez reduz os gastos, levando a economia de volta, em direo FPP. A economia cruza a FPP e chega a um ponto em que I maior, e C menor em relao ao mix original.

Se os investidores ganhassem o cabo-de-guerra, a economia iria para o ponto B, refletindo o aumento nos loanable funds. O componente vertical desse movimento ao longo da FPP representa o limite superior da poupana forada: recursos indo para os estgios mais afastados. O componente horizontal representa o sobreinvestimento que corresponde a esse nvel de poupana forada.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Comentrios sobre o grfico anterior:Se os consumidores ganhassem o cabo-de-guerra, a economia iria, ao longo de FPP, para uma trajetria contrria ao movimento dos ponteiros do relgio, refletindo integralmente o decrscimo em S induzido pela poltica. O componente vertical desse movimento ao longo da FPP representa o limite superior do sobreconsumo correspondente.

A atual poupana forada e o atual sobreinvestimento, ambos gerados pela expanso monetria, so menores do que a poupana genuna e o investimento sustentado associados com uma reduo nas preferncias intertemporais.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Comentrios sobre o grfico anterior:No h nada que possa prevenir a espiral decrescente depois que a trajetria de ajustamento cruza a FPP: as rendas e os gastos caem, o que leva a economia para dentro da FPP.

Isto ainda se agravar se a oferta e a demanda de fundos se deslocarem para a esquerda, o que pode acontecer se os poupadores desejarem ficar mais lquidos e os investidores perderem a confiana na economia. Esse aumento na preferncia pela liquidez no psicolgico: trata-se simples averso ao risco.

Hayek chamou a essa spiraling downward de deflao secundria, pois o primeiro problema o bsico foi a m alocao intertemporal de recursos, que Mises chamava de malinvestment.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Generalizao da teoriaCtransfer expansioncredit-and-transfer (neutral) expansioncredit expansionIwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Generalizao da teoriaNas transferncias para os consumidores feitas pelo governo (transfer expansion), h um vis pr-consumo: os recursos vo dos estgios afastados para os mais prximos do consumo final, mas esse movimento limitado pelas especificidades do capital. Ento, a demanda de fundos cresce para expandir as atividades nos estgios de consumo, o que faz C e I subirem, com C subindo mais do que I.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Generalizao da teoriaA economia volta-se para a esquerda, para alm da FPP e r sobe artificialmente, provocando uma recesso, mas com uma diferena: os investimentos nos estgios de ordens menores so liquidados mais facilmente do que os iniciados em estgios de ordens mais elevadas.

Por isso, uma expanso via transferncias menos grave nos seus efeitos finais do que uma expanso via crdito.

Em uma expanso neutra, a gravidade ainda menor, j que no h descoordenao intertemporal sistemtica.

O caso mais importante, no mundo real, o da expanso via crdito.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Elasticidade das expectativas e lags structureO mercado funciona, mas no instantaneamente!

Duas hipteses:

preos, salrios e juros comunicam informaes sobre as realidades da economia;

os participantes no tm informaes suficientes sobre essas realidades, a ponto de tornar irrelevante a comunicao das informaes pelos preos, salrios e pela taxa de juros.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Qual o efeito de uma variao de preo (ou salrio, ou juros) sobre as expectativas em relao a esse preo? Hicks (1939) nos deu a terminologia: por exemplo, se r cair (via aumento em S ou em M), ela permanecer no novo nvel, cair mais ainda ou voltar ao nvel inicial? A elasticidade das expectativas ser 1, maior do que 1 ou menor do que 1, respectivamente?

A resposta depende das percepes dos entrepreneurs e do mercado em geral sobre a natureza da queda em r.

Elasticidade das expectativas e lags structurewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Para que o mercado no seja enganado pela queda em r provocada pela expanso monetria, a elasticidade das expectativas em relao taxa de juros deve ser zero.

A ideia de que o Banco Central no pode, mesmo no curto prazo, reduzir r to implausvel quanto a de que ele pode iludir completamente a economia de forma permanente. Tal como o problema da extrao do sinal da Teoria de Expectativas Racionais (as variaes no preo so locais ou globais?), na Teoria Austraca, os participantes dos mercados no podem identificar na hora se a queda em r definitiva (induzida por maior frugalidade) ou temporria (induzida pelo aumento em M).

Elasticidade das expectativas e lags structurewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*H um paralelo entre Lucas e Hayek: as elasticidades das expectativas so maiores do que zero para ambas as escolas (em paralelo Curva de Oferta de Lucas, pode-se imaginar uma Curva de Demanda de Hayekpara inputs nos estgios mais afastados do consumo final.

Portanto, os participantes podem ser enganados (temporariamente) pelo Banco Central e as expectativas sobre a taxa de juros so bastante misturadas e mal formadas. As nicas questes abertas para discusso so: como os agentes so enganados? Em que extenso? E por quanto tempo?

Elasticidade das expectativas e lags structurewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*As expectativas sobre r misturadas e confusas na hora em que r cai mudaro com as experincias cumulativas dos mercados, que surgiro certamente como resultado da queda em r. Elas so endgenas.

Quanto tempo as novas realidades da economia levaro para serem inteiramente refletidas nas expectativas?

Elasticidade das expectativas e lags structurewww.ubirataniorio.orgMises.org.br* Se o lag curto, ento os booms artificiais e as crises subsequentes so de pequena importncia e todas as redues prolongadas em r so vistas como reais e geram maior taxa de crescimento.

Se o lag longo, ento a distino entre boom genuno e artificial , ela prpria, artificial.

O problema central de uma teoria dos ciclos econmicos o de assegurar um lag intermedirio que seja longo o suficiente para permitir um boom e curto o suficiente para impedir que ele mature em crescimento real. Tal como as expectativas, os lags no so, na Teoria Austraca, exgenos: so endgenos. Espelham-se na estrutura de produo.

Elasticidade das expectativas e lags structurewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A TACE no uma teoria de sobreinvestimento; de maus investimentos! E so esses maus investimentos que transformam o boom em bust. E o processo de mercado muito mais do que hipteses sobre expectativas e elasticidades existentes no incio dos booms que importa!

O tringulo de Hayek abstrai-se de complexidades existentes na estrutura de capital, que o tornam no mundo real no-linear: feedback loops, mltiplas alternativas para os inputs e mltiplos usos para os outputs. Essas complexidades so a regra, no a exceo.

Elasticidade das expectativas e lags structurewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A alocao intertemporal de recursos requer:

um conhecimento das informaes disponveis e das relaes de cada agente com o resto da economia;

um acompanhamento permanente do mercado, para verificar acertos ou erros e ajustar as expectativas.

Assim, o processo de mercado que transforma uma mudana nas preferncias intertemporais em crescimento sustentado, e um distrbio monetrio em uma crise e ciclo. O lag que Hicks e outros tanto procuraram no nada mais nada menos do que o reconhecimento de que o processo de mercado se d ao longo do tempo, no sendo, portanto, instantneo.

Elasticidade das expectativas e lags structurewww.ubirataniorio.orgMises.org.br*8. Moeda, tempo e macroeconomiawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*IntroduoPodemos ancorar as proposies macroeconmicas no binmio tempo/moeda. As doenas macroeconmicas originam-se nas formas especiais de interao (em uma economia de mercado) entre esses dois elementos, que constituem-se na universalidade ou denominadores comuns da teoria macroeconmica.

O reconhecimento explcito desse universo proporciona uma comparao interessante entre keynesianos e monetaristas: os primeiros negam a possibilidade de solues de mercado para as doenas macroeconmicas, enquanto que os segundos tendem a negar as prprias doenas. A Teoria Austraca situa-se entre esses dois extremos.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O universo da teorizao macroeconmicaExiste um mercado de tempo e um mercado de moeda. Esses dois mercados tanto isolados conceitualmente como interagindo no mundo real do origem a todos os fenmenos que se convencionou chamar de macroeconmicos.

A Escola Austraca a que reconhece explicitamente a natureza universal do tempo na teoria econmica. Todas as escolhas so feitas com um olho no futuro e todas as aes no tempo.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O universo da teorizao macroeconmicaAnalisar uma economia de mercado nada mais do que identificar aes individuais que originam os fenmenos de mercado, mas sabendo que o tempo, literalmente, o meio atravs do qual essas aes transpiram.

A prtica comum na microeconomia particularmente nas teorias walrasianas de equilbrio geral de limitar os problemas a casos de economias de trocas, no passa de uma tentativa de abstrao do elemento tempo.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O sabor macroeconmico distingue-se da anlise de equilbrio geral pela ateno que procura dispensar ao fator tempo, associando-o com decises de produo. Essas consideraes com respeito ao tempo so feitas, a) na tradio Chicago-UCLA, por meio dos conceitos de custos de informao, b) na tradio keynesiana, por meio dos conceitos de viscosidade e de rigidez e, c) na boa tradio austraca iniciada por Carl Menger, pelo conceito de estrutura de capital.

As teorias macroeconmicas alternativas, cada uma sua maneira, consistem em tentativas de explicao do comportamento dos indivduos em seus intuitos de, como o prprio Keynes escreveu, defeat the dark forces of time and ignorance which envelope our future.

O universo da teorizao macroeconmicawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Tal como no tratamento do fator tempo, a forma como a moeda introduzida nas diferentes teorias seja como um ativo financeiro, seja como um hedge contra taxas de juros que tendem a subir, seja como um meio de troca explica boa parte das principais diferenas entre as teorias alternativas.

Tempo meio de ao; moeda meio de troca. Os dois, em conjunto, servem para definir a anlise macroeconmica. Se as trocas intertemporais e interpessoais pudessem ser isoladas em uma economia de mercado, a macroeconomia convencional seria fortemente redundante. O universo da teorizao macroeconmicawww.ubirataniorio.orgMises.org.br*O universo da teorizao macroeconmica

A Teoria do Capital de Cambridge (que se abstrai das trocas interpessoais) e a Teoria do Equilbrio Geral walrasiana (que se abstrai das trocas intertemporais), resolveriam adequadamente os principais problemas. E precisamente essa interseo dos mercados de tempo e de moeda que se constitui na principal questo macroeconmica.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Capital e tempoWilliam Stanley Jevons j afirmava que uma das maneiras de se concretizar a noo de mercado de tempo consiste em reconhecer o aspecto temporal essencial dos mercados de bens de capital em sua concepo mais ampla. Menger, como sabemos, introduziu a ideia de bens de vrias ordens, onde ordem denota uma relao temporal entre um bem de capital e o eventual bem de consumo que esse bem de capital contribui para produzir.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Capital e tempoSeria bem interessante se pudssemos comparar a noo de capital da Escola Austraca com alguma viso alternativa formulada por Keynes, mas isto no possvel, porque, apesar de haver repudiado a contribuio de Bhm-Bawerk, Keynes no a substituiu por nenhuma outra. Assim, o keynesianismo representa uma emancipao do pensamento macroeconmico das importantes questes relacionadas com a teoria do capital e representa tambm, infelizmente, o abandono direto das abordagens que tm o objetivo de lidar com o fator tempo.

claro que sua teoria requer algum tipo de especulao com relao ao futuro, mas, quando o esprito animal dos investidores keynesianos colocado diante das foras obscuras do tempo e da ignorncia, estas parecem vencer sempre.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Capital e tempoEsta caracterstica da teoria keynesiana (e da macroeconomia, em geral), deriva diretamente do abandono da teoria do capital utilizada antes de Keynes para incorporar o mercado de tempo.

Vejamos agora o papel da moeda para os austracos, os keynesianos e os monetaristas (novos clssicos).

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A moeda como uma junta frouxa (loose joint)As foras intertemporais de mercado encontram sua expresso mais direta e concreta nos mercados de bens de capital. Se estes bens fossem trocados diretamente por bens de consumo ou por outros bens de capital, a natureza da macroeconomia seria substancialmente diferente. Mas o fato de que os bens de capital e os bens correspondentes de consumo so trocados indiretamente via moeda que adiciona a outra dimenso essencial.

A teoria macroeconmica, ento, deve analisar as implicaes das trocas indiretas no contexto de uma economia que utiliza capital.

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Em sua The Pure Theory of Capital, o Prof. Hayek concebe a moeda como uma junta frouxa dentro de um sistema de mercado que se auto-equilibra. A moeda a junta que liga a capacidade de demanda com o desejo de produzir, o que d margem para o entendimento correto da Lei de Say.

Dizer que a moeda uma junta frouxa em uma economia que utiliza capital, nos lembra que existe um lapso de tempo entre a oferta de um dado sortimento de bens de capital e a demanda subseqente de bens de consumo. E esse lag que provoca os problemas macroeconmicos mais comuns, tais como o conhecido como sobreinvestimento, que os austracos chamam de maus investimentos.

A moeda como uma junta frouxa (loose joint)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Essa imagem de Hayek nos permite testar a adequao das diversas teorias em que a moeda desempenha um papel importante. A concepo da moeda como uma junta frouxa sugere que devemos evitar duas construes tericas polares.

Introduzir a moeda como uma junta apertada (tight joint) negar o problema da coordenao intertemporal. Tais modelos simplesmente colocam todas as trocas, sejam intertemporais ou no, em um contexto de equilbrio geral atemporal.

Por outro lado, introduzir a moeda como uma junta quebrada (broken joint) negar a prpria possibilidade de uma soluo de mercado para os problemas de coordenao intertemporal.

A moeda como uma junta frouxa (loose joint)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Em um mundo em que a moeda fosse uma junta quebrada, os preos no transmitiriam as informaes sobre as alocaes de recursos desejadas ao longo do tempo, nem tampouco ajudariam a atualizar essas alocaes.

Em outras palavras, os conceitos de moeda como junta apertada e junta quebrada negam, respectivamente, o problema macroeconmico central e a sua soluo.

A moeda como uma junta frouxa (loose joint)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A macroeconomia da mainstream a saber, o monetarismo e o keynesianismo tendem a adotar uma das duas posies polares e o resultado disso que, como uma primeira aproximao, os problemas macroeconmicos so vistos como triviais ou alternativamente como insolveis.

Entre essas duas concepes extremas que est a noo hayekiana da moeda como uma junta frouxa, que nos conduz a reconhecer os problemas e a deixar a possibilidade de solues de mercado para eles como uma questo em aberto.

A moeda como uma junta frouxa (loose joint)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Notemos, contudo, que a hiptese de que a moeda uma junta apertada no pode ser condenada em todos os contextos. Ela nos conduz, por exemplo, s noes da moeda como um vu, bem como ao ncleo de verdade contido na Teoria Quantitativa da Moeda. Mas, ao mesmo tempo, no podemos nos esquecer da excessiva simplicidade, face ao mundo real, dessa hiptese.A moeda como uma junta frouxa (loose joint)www.ubirataniorio.orgMises.org.br*A macroeconomia da mainstreamEmbora Wicksell seja geralmente considerado como tendo sido o primeiro a integrar as teorias monetria e do valor, na realidade ele no fez isso. Em seu modelo, os preos, puxados pelo efeito dos saldos reais, movem-se todos, para cima ou para baixo. Mesmo quando reconhecido que alguns preos podem variar (temporariamente) de maneiras diferentes entre si, o modelo wickselliano no faz meno a variaes correspondentes nas quantidades.

Com isso, seu modelo no explica as interaes entre o mercado de moeda e os mercados de bens de capital, focalizando apenas as relaes entre a quantidade total de moeda e o nvel geral de preos.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Consideraes monetrias e de valor costumam ser segregadas pela hiptese implcita ou explcita de que a moeda uma junta apertada. E essa segregao entre as teorias monetria e do valor que costuma levar substituio da estrutura mengeriana de produo por algum agregado (PIB), o que significa admitir que, dado o carter de tight joint da moeda, nada de relevante se passa no setor real.

Keynes, por sua vez, descartou a teoria do capital de Bhm-Bawerk sem substitu-la por outra teoria do capital. Assim, seria apenas por acidente ou desgnio (Teoria Geral, ed. De 1964, p.28) em oposio a uma ordem espontnea que a economia poderia atingir a coordenao macroeconmica. A macroeconomia da mainstreamwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*Ou seja, com a hiptese de que a moeda se constitui em uma junta quebrada, Keynes e os keynesianos de diversos matizes sempre acabam descartando a soluo de mercado para os problemas macroeconmicos.

Sob essa perspectiva, a alternativa teoria macroeconmica oferecida por Mises, Hayek e por outros austracos representa um meio termo ao mesmo tempo em que radical no sentido de ir diretamente raiz dos problemas.

A macroeconomia da mainstreamwww.ubirataniorio.orgMises.org.br*A teoria macroeconmica austraca

O ponto significativo que ressalta a moeda como uma junta frouxa o da complementaridade intertemporal entre as diversas ordens de bens de capital.

Por exemplo, a ocorrncia de um excesso de bens de ordens elevadas, que ser removido no futuro atravs do surgimento de bens de ordens inferiores (por exemplo, cimento para ser usado na indstria de construo civil), no visto imediatamente como um excesso.

Essa percepo depende das projees empresariais sobre a demanda futura e essa previso s poder ser considerada errada quando ocorrer um excesso nos estgios subseqentes de produo.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Na literatura austraca, esse excesso se revelar na forma de escassez relativa de bens de capital necessrios para completar o processo de produo. Esse cenrio particular enfatiza a noo de complementaridade intertemporal entre as diferentes ordens de bens de capital e o ponto significante que os excessos de oferta e de demanda, uma vez revelados, no podem ser remediados de uma forma simples: os ajustamentos envolvem reestruturaes fundamentais nos processos econmicos de produo.

O carter de looseness da junta monetria o responsvel por um certo montante de descoordenao intertemporal no percebida, durante algum tempo, o que gera malinvestments em alguns bens de capital e underinvestments em outros.

A teoria macroeconmica austraca

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Assim, no existe surpresa no fato de que o processo de mercado, ao corrigir essas descoordenaes, no o faa instantaneamente e sem dor. A frouxido da junta monetria, que provoca a descoordenao, prescreve um remdio doloroso e de efeito lento.

A teoria hayekiana consistente com a viso da chamada escola da Public Choice das decises polticas, com a noo de ciclos econmicos polticos e com a anlise friedmaniana da curva de Phillips de curto prazo e de longo prazo.

A teoria macroeconmica austraca

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Alguns desenvolvimentos na mainstream

Claramente, as fronteiras da macroeconomia devem estar entre as duas posies extremas, em algum ponto entre o curto e o longo prazo. Este o horizonte temporal relevante, porque a que os problemas econmicos efetivamente se manifestam. H algumas tentativas na literatura recente no sentido de tentar capturar esse horizonte de tempo relevante e elas diferem na medida em que partem de pontos polares de partida diferentes.

Em particular, vejamos os pontos de vista de David Laidler e de Paul Davidson, um keynesiano e um monetarista, o que nos facilitar a comparao entre a mainstream e a teoria austraca.www.ubirataniorio.orgMises.org.br*Laidler percebeu corretamente a importncia do tempo e da moeda, mas, como parte da tradio de longo prazo da Teoria Quantitativa da Moeda, sua anlise revela a necessidade de encurtar o longo prazo e o meio utilizado o do mercado de informaes.

A hiptese de que existem custos para obter informaes representa sua tentativa de capturar, pelo menos parcialmente, a dimenso temporal e a interao entre esse mercado de informaes e o mercado monetrio traduz o que ele chama de a nova microeconomia. O problema com esse tipo de approach que a incerteza uma proxy fraca para a varivel tempo.Alguns desenvolvimentos na mainstream

www.ubirataniorio.orgMises.org.br*O trabalho de Davidson representa a contrapartida keynesiana da anlise de Laidler; este precisava encurtar o longo prazo e Davidson, trabalhando na tradio keynesiana, sentiu a necessidade de criar uma junta onde ela no existia, ou seja, de alongar o curto prazo. E o instrumento de que