a eletricidade integrada Às energias renováveis no contexto mundial
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA
CENTRO DE ENERGIAS ALTERNATIVAS E RENOVÁVEIS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ENERGIAS RENOVÁVEIS
A ELETRICIDADE INTEGRADA ÀS ENERGIAS RENOVÁVEIS NO
CONTEXTO MUNDIAL
Enndy Alouin Sousa Semedo Soares – [email protected]
Guilherme Henrique da Nóbrega Rozendo – [email protected]
Kallyelândia Ferreira Martins Sucupira – [email protected]
Universidade Federal da Paraíba, Departamento de Engenharia de Energias Renováveis
Resumo. Neste artigo abordamos a evolução histórica do uso da energia pelo homem até os dias atuais e suas
descobertas marcantes. Isso vai desde a utilização do vento como conversor energético, através da navegação com
barcos à vela e da Revolução Industrial com a ascensão da máquina a vapor, até as mais avançadas tecnologias
presentes até o momento, o que permitiu o desenvolvimento da sociedade e favoreceu a imersão das energias
renováveis. À medida que os combustíveis fósseis forem se tornando cada vez menos disponíveis e mais caros, a busca
por novas fontes alternativas e renováveis de energia será cada vez mais acentuada, principalmente no que diz respeito
às tecnologias de armazenamento da energia elétrica (células a combustível, flywheels) como forma de solucionar o
crescente uso dos combustíveis fósseis, produzindo assim energia elétrica com o mínimo de desperdício e sem
prejudicar o meio ambiente. Porém, vários fatores têm influenciado na integração dessas fontes limpas, tais como a
pouca motivação política, a falta de financiamento, problemas de capacitação tecnológica e de informação. O
conhecimento e confiança no potencial para o desenvolvimento das renováveis é também um dos pontos fundamentais.
Para que uma tecnologia tenha sucesso e possa ser difundida, é necessário que ela seja aceita no nível local.
Palavras-chave: Energia, Fontes alternativas e renováveis, Armazenamento.
1. INTRODUÇÃO
A eletricidade faz parte da natureza, sendo um das formas de energia mais utilizadas pelo homem. Ela é obtida de
forma secundária a partir de outras fontes como o carvão, o petróleo, a energia solar, a energia hidráulica, entre outras.
Os primeiros conhecimentos sobre a eletricidade são datados desde a antiguidade, mas a partir do século XVIII se
precedeu as descobertas de grande importância que permeiam até os dias atuais, como o advento da lâmpada, o
transporte de energia elétrica, e a criação do transformador.
“A energia elétrica é uma das principais fontes de energia da civilização contemporânea. O elétron, que apresenta
uma carga considerada, por convenção, de sinal negativo, constitui o fundamento dessa forma de energia, já que é o seu
movimento que possibilita a realização de trabalho. [...].”. (STANO JÚNIOR e TIAGO FILHO, 2007, p. 4).
Um dos métodos de se obter eletricidade é com o uso das energias renováveis, aquelas que não degradam o meio
ambiente, obtidas de fontes naturais como o sol, a água, o vento e a biomassa. Essas formas de energia sempre
existiram, mas passaram a ser enfatizadas logo após a Segunda Guerra Mundial onde o homem se viu necessitado a
procurar novas formas de gerar energia. Hoje a tecnologia aplicada nas fontes renováveis mostra seu potencial elevado,
fazendo com que essa forma de energia ganhasse espaço entre as fontes fósseis.
Com o crescente uso dos combustíveis fósseis a partir da Revolução Industrial, fez com houvesse um acréscimo na
temperatura do Planeta, aumentando o efeito estufa, que se caracteriza por um mecanismo natural, mas que, por
interferência do homem lançando na atmosfera grandes quantidades de gases do efeito estufa, passou a alterar
perigosamente a temperatura da Terra. As energias renováveis podem reverter esse quadro, com o seu crescimento as
fontes limpas podem ocasionar uma estabilização nas emissões de gases de efeito estufa, fazendo com que as alterações
climáticas ganhem menos proporção, ademais, sabendo que os combustíveis fósseis se tornarão menos disponíveis além
de uma possível escassez deste por causa de sua alta demanda, as energias renováveis são encaradas como as mais
promissoras fontes de energia.
Existem várias formas de armazenar eletricidade, dentre os vários tipos estão as baterias, as células a combustível
e os flywheels. As baterias são um dos métodos mais conhecidos e que estão por todas as partes (carros, computadores,
celulares) age convertendo a energia química em eletricidade e de modo mútuo energia elétrica em química. Elas têm
uma particularidade em relação ao seu rendimento quanto a transformação de energia química em energia elétrica, pois
muita energia se perde na forma de calor. Outro método de acumular eletricidade são as células a combustível, que
produzem energia elétrica (e água) consumindo hidrogênio e oxigênio, o hidrogênio atua como o combustível para a
célula. Já os flywheels são dispositivos que atuam de forma “simples” baseado no princípio da inércia, em rotação o
volante (flywheel, em inglês) é colocado no vácuo onde não há a presença de atrito, fazendo com que o sistema possa
acumular energia cinética com bastante eficácia, e essa energia armazenada pode ser transformada em eletricidade.
Contudo, as fontes limpas têm algumas barreiras impostas, mesmo com os leilões de energia, certificados verdes,
dentre outras iniciativas que promovem o uso das fontes renováveis. Uma destas seria em relação aos aspectos
financeiros, onde nem toda parte do mundo há tecnologia suficiente para empregar essas fontes, muito menos um
mercado consolidado, além da falta de investimentos na área. Mesmo que existam aspectos que comprovam que as
fontes renováveis tem um grande potencial na geração de energia, ainda há certa desconfiança por parte de alguns
investidores.
2. A ELETRICIDADE INTEGRADA ÀS ENERGIAS RENOVÁVEIS NO CONTEXTO MUNDIAL
2.1 Histórico do uso de energia elétrica pelo homem
O Homem conhecia a eletricidade desde a antiguidade, mas durante o século XVIII, cientistas, físicos e
pesquisadores obtiveram descobertas marcantes no campo dessa forma de energia. Nesse mesmo período, sucedeu a
primeira forma de acumular energia elétrica com o surgimento da bateria, desenvolvida por Alessandro Volta. No
século XIX já se conhecia alguns princípios da energia elétrica, a iluminação estava em uso desde as décadas de 1860 e
1879, havia métodos de sinalização ferroviária, além de instrumentos como telégrafo e o dínamo, que foi o primeiro
gerador de corrente contínua, criado por Zénobe Gramme em 1871, onde possuía um sistema de auto ativamento que
possibilitou sua comercialização.
Um dos nomes da época foi o de Thomas Edison, em 1879, ele inventou a lâmpada incandescente e três anos
depois (1882), Edison inaugurou a primeira usina elétrica do mundo, Pearl Street (Fig. 1) no estado de Nova York. Essa
central elétrica continha geradores que funcionavam a vapor e abastecia energia para iluminação de casas e escritórios
da região em corrente contínua. Nos Estados Unidos, em meados dos anos 80, a energia elétrica passou a ser utilizada
no transporte público. Já no começo do século XX, a eletricidade foi inserida ao metrô e as ferrovias. As indústrias
também eram favorecidas com a eletricidade, onde foi frequente o aprimoramento dos componentes de corrente
contínua, como geradores e motores, para aplicação na mesma.
Figura 1 – Esboço do exterior da estação Pearl Street
(Adaptado de IEEE Global History Network)
Em 1883, Marcel Desprez provou que a energia elétrica (em corrente contínua) poderia ser transportada a longa
distância. Cerca de um ano depois Lucien Gaulard e John Gibbs permitiram o transporte de energia elétrica em alta
tensão através da criação do transformador (1884), dessa vez em corrente alternada. O transformador veio para facilitar
o transporte de energia sem perdas consideráveis, onde a energia elétrica era gerada em uma tensão mais baixa. Logo
depois essa tensão era aumentada, possibilitando o transporte desta por um longo percurso e quando chegava ao
consumidor final a tensão era baixada novamente. O emprego do transformador na indústria foi possível graças a
Nikola Tesla com o surgimento do motor trifásico de corrente alternada, em 1888. Dois anos após, Tesla o aperfeiçoou
fazendo com que o sistema de corrente alternada se assemelhasse ao de corrente contínua, oferecendo tanto força
quanto iluminação.
“[...] Logo o sistema de alta tensão alternada trifásica tornou-se universal. As linhas podiam ser ramificadas
livremente: em qualquer ponto da rede, o usuário podia retirar energia quer para iluminação, quer para força ou outros
usos. Graças aos transformadores, o fato de as redes não serem da mesma tensão não era mais um obstáculo.”
(LAMARÃO, 2012, p. 3).
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O transporte de energia elétrica a longas distâncias em corrente alternada fez com que as fábricas que antes eram
localizadas as margens dos rios, onde se tinha energia hidráulica, deslocassem para outros lugares. Além de libertar
algumas outras fábricas do alto consumo de carvão, utilizado anteriormente para fazer funcionar os motores (máquinas
a vapor). Antes da chegada da energia elétrica, as indústrias possuíam suas próprias centrais de energia.
No Brasil o princípio da eletricidade ocorreu paralelo à chegada desta na Europa e Estados Unidos, a energia
elétrica agiu como intensificador nas mudanças sociais e econômicas, onde a maior cidade e então capital era o Rio de
Janeiro. O uso da energia elétrica fez o Brasil libertar-se da prática de importação do carvão e utilizar uma atividade na
qual o país era bem servido, a energia hidráulica. Assim, no final do século XIX, ocorreu o surgimento de modestas
hidrelétricas e termelétricas para o fornecimento de eletricidade, beneficiando as atividades econômicas, como
mineração, fábricas de tecidos, produtores agrícolas e também o setor público (iluminação). O uso da energia elétrica na
indústria brasileira, em 1920, apresentava uma considerável concentração na região Sudeste, principalmente no estado
de São Paulo, o parque fabril dessa região detinha 30,3% e no Distrito Federal concentrava-se cerca de 22,5% do total
nacional.
O gráfico 1 mostra a geração de energia elétrica no mundo por tipo de combustível nos anos de 1973 e 2006,onde
houve uma acréscimo por parte do uso do carvão e do gás natural para a produção da eletricidade, ambos são
combustíveis fósseis não-renováveis e que estão submetidos a um possível esgotamento das reservas no médio e longo
prazos.
Gráfico 1 – Geração de energia elétrica no mundo por tipo de combustível nos anos de 1973 e 2006.
(IEA, 2008 apud ANEEL, [ca. 2008])
Hoje a distribuição e geração de energia elétrica são encaradas com alguns dos desafios do século XXI, produzir
energia elétrica com o mínimo de desperdício e sem prejudicar o meio ambiente é com certeza um deles. Com o
advento da eletricidade, foi permitida a ascensão da produção industrial, economicamente falando, bem como a criação
de novas tecnologias e a geração de novos ofícios. O modo de vida contemporâneo não existiria sem energia elétrica, a
sociedade foi modernizada e ao seu entorno se construiu uma profunda dependência voltada para o seu uso.
2.2 Surgimento das energias renováveis
Há muito tempo, o homem vem explorando as energias renováveis. Desde a utilização do vento como conversor
energético, através da navegação com barcos à vela, até as mais avançadas tecnologias presentes até o momento. Antes
mesmo da Revolução Industrial em meados do século XVIII, as energias renováveis eram exploradas com tecnologias
rudimentares, tal como a biomassa (lenha) que posteriormente foi substituída pelo carvão associado à máquina a vapor.
Com a descoberta do petróleo e gás natural, essa diminuição se torna mais evidente, dando lugar à dominância do
petróleo como fonte energética. Em meados do século XX, com a 2ª Guerra Mundial, surge a energia atômica. Mais
tarde, nas últimas décadas do século XX, a informática e a robótica revelam o indício de uma nova era.
A partir das crises do petróleo nas décadas de 70 e 80 surgem novas técnicas de exploração de energias renováveis
visando desenvolvimento para o futuro. Conforme a evolução tecnológica e o desenvolvimento das sociedades, a busca
por novas fontes de energia se torna cada vez mais acentuada.
2.3 Armazenamento de energia elétrica e a integração das tecnologias renováveis
A utilização das energias renováveis está cada vez mais presente na produção de eletricidade.
“Para a utilidade ou integração das energias renováveis, a capacidade de armazenamento de energia, a potência e o
ciclo de vida são os critérios a avaliar. [...]” (EPRI, 2010 apud ABELHO, 2011, p. 15).
Segundo ABELHO (2011), a penetração das energias renováveis na rede traz um enorme benefício ambiental
mesmo considerando as intermitências das principais fontes energéticas renováveis, a energia solar e a eólica. Porém,
essas interrupções causam flutuações de frequência na rede elétrica, devido ao fato de essa produção depender da
imprevisibilidade das condições climáticas e da sazonalidade, por exemplo.
Existem diversas maneiras para armazenamento de energia elétrica. As baterias, as centrais reversíveis, as células
a combustível e os flywheels serão destacados a seguir.
Baterias
As baterias são dispositivos capazes de converter a energia química em energia elétrica e vice versa com a função
de armazenar a energia elétrica sob a forma de energia química. De um modo geral, consistem em dois eletrodos
diferentes capazes de trocas positivas e negativas através de um eletrólito com cargas elétricas. Se os dois eletrodos são
conectados através de um cabo, uma corrente elétrica é produzida. As baterias têm rendimento limitado, pois muita
energia é perdida sob a forma de calor no processo de conversão de energia química em energia elétrica.
Usinas hidrelétricas reversíveis
O princípio de funcionamento de usinas elétricas reversíveis é simples: acumular o excesso de eletricidade que é
produzido por usinas térmicas em horários de pico. Durante esse período, a eletricidade em excesso é enviada para a
estação de bombeamento e um motor elétrico aciona as turbinas que bombeiam a água de um reservatório inferior para
um reservatório superior. No caso de um aumento da demanda de energia na rede o processo é revertido. Desse modo, a
água provoca a rotação das turbinas, acionando os geradores. Em seguida, a energia é produzida e injetada na rede.
Células a combustível
A célula a combustível é uma excelente solução para armazenamento de energia de maneira limpa e eficiente. Ela
consiste em um dispositivo eletroquímico capaz de converter a energia química contida nos combustíveis
(principalmente o H2), diretamente em eletricidade. Todas as células a combustível são constituídas por dois eletrodos,
um positivo e outro negativo, feitos de materiais bons condutores de elétrons e porosos para o fluxo de gases em seu
interior.
No polo negativo, também chamado de ânodo, o gás hidrogênio passa por canais de fluxo desenhados na placa do
eletrodo, participando da oxidação do hidrogênio através da Eq. (1) de reação:
(1)
No polo positivo, também chamado de cátodo, o gás oxigênio passa por canais de fluxo desenhados na placa do
eletrodo, participando da redução de oxigênio através da Eq. (2) de reação:
(2)
Eq. (3) de reação global:
(3)
A eletricidade é produzida pela combinação de íons hidrogênio - extraídos do gás combustível - com átomos de
oxigênio. Tem um funcionamento contínuo, onde um combustível é alimentado continuamente no ânodo e um oxidante
é alimentado no cátodo. As células a combustível produzem eletricidade sem a necessidade de combustão e a conversão
da energia química em eletricidade resulta também em produção de calor.
Flywheels
De acordo com a Primeira Lei de Newton, ou lei da inércia, a tendência dos corpos é manter-se no seu estado
natural. Se um corpo está em repouso, este fica parado, se está em movimento uniforme logo permanecerá em
movimento uniforme até que haja uma força contrária (como por exemplo, o atrito). Mas, o flywheel tem uma
particularidade que é de conservar sua energia. Prontamente quando posto no vácuo, aumenta sua capacidade de
conservar esta energia, permanecendo em movimento por muito tempo.
“Este sistema permite armazenar energia elétrica sob a forma de energia cinética, daí os flywheels terem elevados
requisitos, de modo a poderem atingir elevadas velocidades.” (IEC, 2011 apud PEREIRA, 2013, p. 25).
2.4 Estratégias e soluções para combustíveis fósseis
Os combustíveis fósseis estão presentes em quase tudo que utilizamos (objetos plásticos, roupas), abandonar essa
fonte é algo que não se põe em prática de um dia para outro, mas o que pode ocorrer é a utilização de novas fontes de
maneira que amenize o uso contínuo e progressivo das fontes fósseis. Investir em empresas que praticam o
desenvolvimento sustentável e que visam a captura de carbono ao invés de patrocinar ações de petróleo é uma das
estratégias. Atualmente o petróleo é a principal fonte de energia mundial, a queima de seus derivados (gasolina e diesel)
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tem gerado uma grande quantidade de monóxido e dióxido de carbono para a atmosfera, que são partes dos gases
responsáveis pelo efeito estufa. A produção de energia limpa interfere no aumento da poluição e emissão de gases de
efeito estufa minimizando o aquecimento global.
Outros incentivos estão voltados para o âmbito pessoal, como utilizar mais a bicicleta, morar perto do seu trabalho,
o uso de transporte coletivo. Não significa que todas essas mudanças serão realizadas, mas é algo que pode ser feito
para ajudar a poluir menos. Segundo Bielo (2008) um litro de combustível queimado para ir ao trabalho, por exemplo,
produz cerca de 2 Kg de CO2. Por isso que é tão importante reduzir viagens extensas, substituir os vôos em relação às
viagens curtas pelos trens é outra medida que pode ser adotada.
De acordo com Bielo (2008)
[...] os cidadãos americanos gastam mais dinheiro em eletricidade para alimentar aparelhos desligados
do que ligados. Televisores, equipamento de som, computadores, carregadores de bateria e uma série
de outros aparelhos consomem mais energia quando estão aparentemente desligados. Assim, é melhor
tirá-los da tomada.
A compra de aparelhos eficientes em energia também pode economizar tanto dinheiro quanto energia
– e assim prevenir mais emissões de gases de efeito estufa. Como um exemplo, carregadores de
bateria eficientes poderiam economizar mais de um bilhão de quilowatts/hora de eletricidade –US$
100 milhões, ao preço atual da energia elétrica – e conseqüentemente impedir a emissão de mais de
um milhão de toneladas métricas de gases de efeito estufa.
Trocar as velhas lâmpadas incandescentes por substitutas mais eficientes, como as fluorescentes
compactas (alerta: estas lâmpadas contêm mercúrio e devem ser descartadas de forma apropriada ao
final de sua vida útil mais longa), economizaria bilhões de quilowatts/hora. Na verdade, segundo a
EPA, a substituição de apenas uma lâmpada incandescente em cada lar americano economizaria
energia suficiente para fornecer eletricidade para três milhões de lares americanos.
Realizar periodicamente manutenções no carro, como assegurar que os pneus estejam devidamente calibrados,
usar o biodiesel nos veículos, reduzir o consumo de eletricidade, e o principal seria investir em energias renováveis. São
várias as soluções impostas para diminuir a dependência das fontes fósseis, cada uma destas medidas está diretamente
associada na decisão de se tornar eficiente, abrindo mão de práticas que prejudiquem o meio ambiente, o que causaria
grandes benefícios para o mundo.
2.5 Barreiras à integração das energias renováveis
Há uma diversidade de fatores que têm influenciado negativamente na implantação das energias renováveis. Os
principais deles estão relacionados com a motivação política, problemas financeiros, custos iniciais de produção e
capacitação tecnológica.
“[...] as fontes renováveis de energia necessitam obrigatoriamente de recursos públicos, seja para pesquisa e
desenvolvimento, seja para subsidiar os custos iniciais de produção.” (COSTA e PRATES, 2005, p. 16-17).
A maior participação das energias renováveis significa uma redução no consumo de combustíveis fósseis bem
como uma diversificação na matriz energética, reduzindo o risco de abastecimento e aumentando a segurança. Porém, a
falta de motivação política para apoiar essas novas ideias pode afetar de forma significativa.
Outro ponto que pode afetar negativamente é a falta de financiamento de longo prazo. Devido ao alto custo de
produção das renováveis, a aversão dos financiadores ao risco é muito grande. O mercado ainda não está consolidado, a
tecnologia muitas vezes não está bem difundida e a escala de produção ainda é bem reduzida.
As tecnologias para a inserção das renováveis sofrem uma competição desvantajosa em relação às tecnologias
aplicáveis aos combustíveis fósseis em relação aos preços dos usos finais. Há várias formas de corrigir isso. Isentar ou
reduzir as taxas sobre as renováveis é uma boa alternativa para o incentivo dessas fontes, por exemplo.
COSTA e PRATES (2005, p. 21) afirmam que os obstáculos na fase de pesquisa são enormes. Para se
comercializar plenamente essa nova tecnologia se faz necessário um aparato industrial preparado para dar suporte e que
esteja em harmonia com os objetivos traçados para as fontes renováveis.
É importante ressaltar que o direcionamento de recursos em excesso para o setor energético, pode reduzir o
investimento em outros setores e, desse modo, provocar uma queda de produtividade e redução de crescimento
econômico.
2.6 Conclusões
O uso das energias renováveis está cada vez mais tradicional. Além de atender a compromissos e obrigações
ambientais, elas também visam o desenvolvimento de tecnologias reduzindo uma possível dependência de tecnologias
de ponta. No entanto, a dependência de fontes fósseis ainda é muito grande. A substituição do petróleo por outra forma
de energia não é algo tão fácil e uma pequena mudança pode afetar consideravelmente os setores energéticos. O custo
de investimentos das fontes renováveis ainda é elevado quando comparado às tecnologias convencionais. Embora essas
diferenças de custos sejam bem expressivas, é importante observar que o tempo de maturação de uma tecnologia é
longo, porém os ganhos com a experiência são expressivos.
REFERÊNCIAS
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