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A DIFERENÇA NOS PCNs DO ENSINO FUNDAMENTAL
FORTALECIMENTO DE UMA POLÍTICA NEOLIBERAL?
ALIENAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE?
REFLEXÃO SOBRE OS PCNsPensar o fazer curricular como um processo
político.(Ball e Bowe, 1992-8)
As políticas curriculares precisam ser analisadas como uma dinâmica que envolve três contextos primários, públicos e privados, constituindo um ciclo contínuo
contexto de influência
contexto de produção dostextos curriculares
contexto da prática
CONTEXTOSCONTEXTO DE INFLUÊNCIA: estabelecimento dos princípios básicos que orientam as políticas em meio a lutas de poder
CONTEXTO DE PRODUÇÃO: elaboração dos documentos curriculares
CONTEXTO DA PRÁTICA: Recriação dos princípios mais gerais e dos textos escritos no cotidiano
(processo que envolve deslizamentos
interpretativos e contestações)
Homogeneidades no contexto de influência
Capitalismo global
Mundialização da cultura
Ação institucional de organismos nacionais e internacionais de financiamento
Comunidades acadêmicas
Transferência educacional
Textos escritos: produto cultural
Não são guias absolutos das práticas curriculares
Negociação de posições
Ambivalência controle/resistência
Hibridismo próprio do processo político
Os PCNs e a questão da culturaOs PCNs e a questão da cultura
Pluralidade
Diversidade
Diferença cultural
Multiculturalismo
Interculturalidade
CATEGORIAS MARCADAS PELOS PROJETOS POLÍTICOS NOS QUAIS FORAM RE-SIGNIFICADAS
POLÍTICA DA DIFERENÇAPOLÍTICA DA DIFERENÇA
Cultura pensada como interativa, híbrida
Educação tomada em sua dimensão performativa
A PLURALIDADE CULTURAL E A PLURALIDADE CULTURAL E OS PCNsOS PCNs
Preocupação em salientar a diversidade de culturas que compõe o Brasil (tema transversal, objetivos do ensino fundamental e da maioria das disciplinas)
PCNs: mesclam uma lógica disciplinar integrada pelo princípio da transdisciplinaridade, sem articulação orgânica expressa
Temas historicamente pouco presentes na escola são colocados no centro do debate
Pluralidade cultural como tema Pluralidade cultural como tema transversaltransversal
Permite ressaltarPermite ressaltar:o mito da democracia raciala concepção relativista de culturauma visão celebratória da diferençaas relações de poder e dominação que permeiam
essas temáticasa centralidade da concepção universalista do
conhecimento expressada no tratamento disciplinar que não abre espaço para o tema
A VALORIZAÇÃO DA PLURALIDADE CULTURAL NÃO ESCONDE A DUBIEDADE E A MARGINALIDADE COM QUE É TRATADA A DIVERSIDADE NOS CURRÍCULOS ESCOLARES
Tônica geral dos PCNsTônica geral dos PCNsPreocupação com a formação do cidadão, entendida como derivada do domínio de conhecimentos socialmente elaborados
Hibridismo documental e preocupação com a pluralidade, mas...
Universalismo na versão da pedagogia histórico-crítica (cultura brasileira + patrimônio universal da humanidade)
Conteudismo
PEDAGOGIA DOS CONTEÚDOSDimensão científica privilegiadaDimensão histórica e crítico-social: articulação entre os conteúdos de ensino e a experiência concreta dos alunosPerspectiva dialética: confronto do saber prático e não sistematizado do aluno com o conhecimento acumulado “do senso comum à consciência filosófica” Contradição: as diversas culturas vivenciadas pelos alunos são valorizadas apenas como ponto de partida para a aprendizagem do saber acumulado
Globalização no campo econômico Globalização no campo econômico x diversidade na arena socialx diversidade na arena social
Patrimônio cultural nacional como saber acumulado – cidadão nacionalcidadão nacional
Saber acumulado transnacional requerido pelo mercado – cidadão do cidadão do mundo globalmundo global
Exercício da cidadania independente Exercício da cidadania independente do acesso a uma base comum de do acesso a uma base comum de conhecimentos = cultura do trabalhoconhecimentos = cultura do trabalho
Referências homogeneizadorasReferências homogeneizadoras
Estabilidade dos currículos disciplinares
Homogeneidade do conhecimento oficial
Diversidade expressa pelos PCNsDiversidade expressa pelos PCNs
Diversidade reconhecida, mas que precisa negociar sua existência na teia criada pelos discursos universalistas Duas formas de negociação:
Perspectiva individual – diálogo entre as diferenças dos alunos (privação cultural, compensação)
Perspectiva histórica – diversidade regional pluralidade cultural
(contradições e hibridismos: cidadania baseada em direitos humanos universais)
POSTURA MULTICULTURAL
Relativismo culturalNão coloca em questão sistemas que produzem diferençasAtitude benigna: defesa da sensibilização dos agentes escolares contra o preconceitoCriação de estereótipos dos grupos culturais não hegemônicos -> reforço do preconceito
PLURALIDADE
Convivência pacíficaConflitos negligenciadosVariantes culturais assimiladas na cultura hegemônicaZona de ilegitimidade criada pelos padrões de desempenho universalmente válidosNão pertencimento, alijamento do socialmente aceito
O CURRÍCULO PRECISA TEMATIZAR A O CURRÍCULO PRECISA TEMATIZAR A DIFERENÇADIFERENÇA
A DIFERENÇA: como pensar o particular e o universal no
campo do currículo
PROBLEMÁTICA: relação entre o destaque de uma cultura universal e a valorização de outras culturas de pertencimento
CULTURACULTURA
Sistema simbólicoSistema simbólico no qual as coisas são nomeadas a partir de um sistema de classificação num processo que lhes dá sentido Regiões culturais hegemônicasRegiões culturais hegemônicas: padrões e “cultura universal”Cultura de fronteirasCultura de fronteiras: elementos desestabilizadores, perturbações que, embora socialmente periféricas, acabam por se tornar simbolicamente centrais
LOCALISMOS E LOCALISMOS E PARTICULARISMOSPARTICULARISMOS
Exigem soluções multiculturais
Sustentam práticas políticas em relação à diversidade
Postura relativista
Defesa de uma sociedade coesa, não fragmentada
GRANDES QUESTÕESGRANDES QUESTÕESUniversalismo ético e currículo multi-intercultural podem negar a diferenciação culturalConviver com o diferente e fazer dialogar as culturas traz afirmações de similaridadeIdentidades culturais entram em contato sob relações de poder
AS REIVINDICAÇÕES PARTICULARES AS REIVINDICAÇÕES PARTICULARES PODEM, AO LEGITIMAR O SISTEMA DE PODEM, AO LEGITIMAR O SISTEMA DE DIFERENÇAS, SER MAIS UM DIFERENÇAS, SER MAIS UM INSTRUMENTO NA MANUTENÇÃO DO INSTRUMENTO NA MANUTENÇÃO DO STATUS QUOSTATUS QUO
A CULTURA NOS PCNsA CULTURA NOS PCNsCultura universal de padrão hegemônicoCulturas de padrão não hegemônico: cultura negra, indígena...
TRADIÇÕES INVENTADAS QUE NÃO COLOCAM A DIFERENÇA NO CENTRO: A TRANSMUTAM EM DIVERSIDADE OU PLURALIDADENão questionamento do sistema que cria a similaridade e legitima padrões excludentes, acaba por afirmar o contexto que exclue , MESMO QUANDO DENUNCIA A EXCLUSÃO
RACIOCÍNIO ALTERNATIVO
Incomensurabilidade das culturas afasta a idéia de relativismo e pluralismoTratar a diferença cultural como algo pré-categorialImpossibilidade de tratar a educação como diálogo entre culturas reificadas na base de propostas multiculturais, porque:
REIVINDICAÇÕES CONTRADITÓRIAS INVIABILIZAM QUALQUER UNIVERSAL QUE PRETENDA REGULAR O CONFLITO ENTRE ELAS.
TENTARTENTAR ISSO IMPLICA NEGAR A PRÓPRIA ISSO IMPLICA NEGAR A PRÓPRIA POSSIBILIDADE DE DIFERENÇAPOSSIBILIDADE DE DIFERENÇA
Um currículo que tematiza a diferença precisa:
Fugir á diversidadeEntender o universal como um horizonte incompletoEntender que todo universal envolve uma relação hegemônicaEntender que ao representar (transitoriamente)o universal uma cultura particular abre mão de sua identidade originalEntender que essa transitoriedade permite, no plano político, a democracia Entender que o universal pode ser preenchido por forças totalitáriasEntender que é possível uma universalização aberta em que as identidades culturais sejam vistas como híbridos
UM UNIVERSALISMO SEM CONTEÚDOS UM UNIVERSALISMO SEM CONTEÚDOS
PARTICULARES CRIA ESPAÇO PARA TRATAR PARTICULARES CRIA ESPAÇO PARA TRATAR ADEQUADAMENTE A DIFERENÇAADEQUADAMENTE A DIFERENÇA
Relação entre o universal e o particularRelação entre o universal e o particular
Tensão não resolvida no campo da cultura
Descentramento progressivo dos universais que habitam nosso cotidiano
O currículo não é mera seleção da cultura, de conteúdos reificados e validade limitada
Um currículo para a diferença precisa ser concebido como arena de produção cultural
Modos de definir a cultura nas Modos de definir a cultura nas sociedades modernas (SANTOS)sociedades modernas (SANTOS)1. Em termos universais, com base em critérios de
valor que permitem uma seleção de manifestações como patrimônio cultural
2. Em termos de pluralidade, caracterizando a cultura como totalidade complexaAmbas as acepções baseiam-se na noção de coleções que permitem organizar as manifestações em classes de acordo com significados compartilhados que excluem a diferençaEsse nexo permite a convivência curricular da cultura eurocêntrica universal com aquelas organizadas segundo outros padrões (PCNs)
Para recuperar a diferença...
Cultura pensada para além de repertórios de sentidos partilhadosCultura como conceito estratégico que permite a afirmação da diferençaCultural entendido não como objeto epistemológico mas como lugar enunciativoOutros culturais podem ser transformados em “sujeitos de sua história e de sua experiência” (Bhabha, 1998)A experiência escolar se estabelece em regiões de fronteira cultural porosas e a construção da cultura se dá de forma interativaO trabalho do educador é, ao mesmo tempo, teórico e performativoO pedagógico é um espaço narrativo em que a identidade de cada Um é sempre reescrita em relação com o OutroA relação eu/outro se dá em contextos institucionais marcados pelo poder
CURRÍCULO ESCOLAR
Espaço-tempo cultural em que uma cultura escolar “padrão” é reinterpretada a partir das experiências dos muitos outros que convivem na fronteiraCampo de lutas e contradiçõesLugar híbrido de valor cultural
É importante trazer para o centro do debate sobre currículo as experiências não institucionalizadas das minorias marginalizadas e de homens e mulheres das classes trabalhadoras, não como conteúdos, mas como experiências marginais capazes de por em questão o próprio sistema em que são definidas as experiências que valem