a crianÇa com tea na educaÇÃo infantil: a prÁtica
TRANSCRIPT
0
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA NO LITORAL NORTE ndash OSOacuteRIO
CURSO DE GRADUACcedilAtildeO EM PEDAGOGIA - LICENCIATURA
A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEGAGOacuteGICADOCENTE
VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA
Osoacuterio
2021
0
VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA
A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE
Trabalho de Conclusatildeo do curso de Pedagogia-Licenciatura como requisito parcial para obtenccedilatildeodo tiacutetulo de Licenciada pela Universidade Estadualdo Rio Grande do Sul ndash Uergs
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Osoacuterio
2021
1
S729c Souza Vitoacuteria Lima Benites
A crianccedila com TEA na Educaccedilatildeo Infantil a praacutetica pedagoacutegica docente Vitoacuteria Lima Benites de Souza - Osoacuterio 2021
44 f
Trabalho de Conclusatildeo (Graduaccedilatildeo) - Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul Curso de Pedagogia - Licenciatura Unidade Universitaacuteria em LitoralNorte - Osoacuterio 2021
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
1Transtorno do Espectro Autista (TEA) 2Educaccedilatildeo inclusiva 3Praacuteticapedagoacutegica ISardagna Helena Venites IITiacutetulo
Daniella Vieira Magnus - Bibliotecaacuteria ndash CRB 102233
2
VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA
A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul
Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
_____________________________________________________
Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS
_____________________________________________________
Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira
OSOacuteRIO
2021
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a
conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando
a caminhar no sentido correto da vida
Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito
abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me
deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para
chegar ao final
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela
orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os
professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva
por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha
formaccedilatildeo
Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio
durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo
Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em
que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando
durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas
Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely
Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de
alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir
4
Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes
ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho
dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois
ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma
ele estaacute presenciando este momento
5
RESUMO
O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva
Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
0
VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA
A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE
Trabalho de Conclusatildeo do curso de Pedagogia-Licenciatura como requisito parcial para obtenccedilatildeodo tiacutetulo de Licenciada pela Universidade Estadualdo Rio Grande do Sul ndash Uergs
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Osoacuterio
2021
1
S729c Souza Vitoacuteria Lima Benites
A crianccedila com TEA na Educaccedilatildeo Infantil a praacutetica pedagoacutegica docente Vitoacuteria Lima Benites de Souza - Osoacuterio 2021
44 f
Trabalho de Conclusatildeo (Graduaccedilatildeo) - Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul Curso de Pedagogia - Licenciatura Unidade Universitaacuteria em LitoralNorte - Osoacuterio 2021
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
1Transtorno do Espectro Autista (TEA) 2Educaccedilatildeo inclusiva 3Praacuteticapedagoacutegica ISardagna Helena Venites IITiacutetulo
Daniella Vieira Magnus - Bibliotecaacuteria ndash CRB 102233
2
VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA
A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul
Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
_____________________________________________________
Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS
_____________________________________________________
Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira
OSOacuteRIO
2021
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a
conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando
a caminhar no sentido correto da vida
Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito
abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me
deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para
chegar ao final
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela
orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os
professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva
por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha
formaccedilatildeo
Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio
durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo
Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em
que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando
durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas
Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely
Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de
alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir
4
Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes
ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho
dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois
ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma
ele estaacute presenciando este momento
5
RESUMO
O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva
Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
1
S729c Souza Vitoacuteria Lima Benites
A crianccedila com TEA na Educaccedilatildeo Infantil a praacutetica pedagoacutegica docente Vitoacuteria Lima Benites de Souza - Osoacuterio 2021
44 f
Trabalho de Conclusatildeo (Graduaccedilatildeo) - Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul Curso de Pedagogia - Licenciatura Unidade Universitaacuteria em LitoralNorte - Osoacuterio 2021
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
1Transtorno do Espectro Autista (TEA) 2Educaccedilatildeo inclusiva 3Praacuteticapedagoacutegica ISardagna Helena Venites IITiacutetulo
Daniella Vieira Magnus - Bibliotecaacuteria ndash CRB 102233
2
VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA
A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul
Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
_____________________________________________________
Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS
_____________________________________________________
Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira
OSOacuteRIO
2021
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a
conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando
a caminhar no sentido correto da vida
Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito
abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me
deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para
chegar ao final
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela
orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os
professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva
por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha
formaccedilatildeo
Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio
durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo
Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em
que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando
durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas
Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely
Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de
alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir
4
Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes
ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho
dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois
ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma
ele estaacute presenciando este momento
5
RESUMO
O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva
Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
2
VITOacuteRIA LIMA BENITES DE SOUZA
A CRIANCcedilA COM TEA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL A PRAacuteTICA PEDAGOacuteGICADOCENTE
Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado comorequisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciadoem Pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grandedo Sul
Orientador (a) Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Aprovada em
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Orientadora Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
_____________________________________________________
Profordf Drordf Carolina Gobbato - UERGS
_____________________________________________________
Profordf Mordf Liziane da Silva Barbosa - UERGS e Rede Puacuteblica de Ensino de Cidreira
OSOacuteRIO
2021
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a
conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando
a caminhar no sentido correto da vida
Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito
abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me
deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para
chegar ao final
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela
orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os
professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva
por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha
formaccedilatildeo
Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio
durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo
Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em
que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando
durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas
Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely
Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de
alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir
4
Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes
ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho
dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois
ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma
ele estaacute presenciando este momento
5
RESUMO
O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva
Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeccedilo a Deus pela vida e por poder estar hoje vivenciando a
conclusatildeo da minha Graduaccedilatildeo e sempre estar presente nos meus planos me ajudando
a caminhar no sentido correto da vida
Agradeccedilo de coraccedilatildeo agrave minha amiga Aline Santos que eacute uma pessoa muito
abenccediloada poucos sabem mas sem ela eu natildeo teria iniciado a Graduaccedilatildeo ela quem me
deu todo apoio no iniacutecio e esteve ali para me ajudar em tudo que foi necessaacuterio para
chegar ao final
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Helena Venites Sardagna pela sua dedicaccedilatildeo pela
orientaccedilatildeo deste trabalho e por todo apoio e por meio dela eu me dirijo a todos os
professores e comunidade acadecircmica da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul
(UERGS) pela minha formaccedilatildeo profissional
Agradeccedilo agrave Professora Drordf Carolina Gobbato e agrave Professora Mordf Liziane da Silva
por aceitarem fazer parte da minha banca examinadora e contribuiacuterem para a minha
formaccedilatildeo
Agradeccedilo a minha famiacutelia por acreditar em mim e me dar todo apoio necessaacuterio
durante toda minha caminhada na graduaccedilatildeo
Agradeccedilo agraves minhas amigas e colegas Andressa e Thaiacutes por estes quatro anos em
que tivemos a oportunidade de nos conhecer aprender e estarmos juntas nos apoiando
durante tantas dificuldades encontradas neste periacuteodo de nossas vidas
Natildeo poderia deixar de agradecer tambeacutem agraves minhas amigas Bianca Katiely
Monique e Nicole que estiveram presentes em todos os momentos compartilhando de
alegrias e tristezas mas sempre me apoiando e me incentivando a natildeo desistir
4
Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes
ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho
dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois
ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma
ele estaacute presenciando este momento
5
RESUMO
O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva
Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
4
Dedico este trabalho ao meu pai que natildeo estaacute mais entre noacutes
ele que sempre me apoiou e me incentivou a estudar o sonho
dele era me ver formada e hoje esse sonho se concretiza pois
ele estaacute presente em meu coraccedilatildeo e sei que de alguma forma
ele estaacute presenciando este momento
5
RESUMO
O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva
Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
5
RESUMO
O autismo vem sendo um tema bastante abordado nos dias atuais principalmente quandose trata de Inclusatildeo Escolar Esse trabalho tem o objetivo de compreender como serealiza a praacutetica docente com crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) naEducaccedilatildeo Infantil a partir da entrevista com duas professoras de Educaccedilatildeo Infantil narede particular localizada em Arroio dos RatosRS no ano de 2021 Os resultados satildeoapresentados a partir de dois eixos organizados levando em conta os significadospresentes nos dizeres das participantes na relaccedilatildeo com a legislaccedilatildeo e com o campo daeducaccedilatildeo inclusiva Os eixos satildeo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo dacrianccedila com transtorno do espectro autista na educaccedilatildeo infantil e Especificidadespedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA a praacutetica docente Em geral aspraacuteticas enfatizam a docecircncia aberta agraves diferentes possibilidades com praacuteticaspedagoacutegicas que contribuam para o desenvolvimento e para a aprendizagem com oobjetivo de promover a educaccedilatildeo inclusiva
Palavras-chave transtorno do espectro autista educaccedilatildeo Inclusiva praacutetica pedagoacutegicaeducaccedilatildeo infantil
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
6
ABSTRACT
Autism has been a very discussed topic nowadays especially when it comes to SchoolInclusion This work aims to understand how the teaching practice with children withAutistic Spectrum Disorder (ASD) is carried out in Kindergarten based on an interviewwith two Kindergarten teachers in the private network located in Arroio dos RatosRS inyear 2021 The results are presented from two organized axes taking into account themeanings present in the words of the participants in relation to the legislation and the fieldof inclusive education The axes are Experiences and conceptions about the inclusion ofchildren with autism spectrum disorder in early childhood education and Pedagogicalspecificities in the classroom for children with ASD teaching practice In general thepractices emphasize teaching open to different possibilities with pedagogical practicesthat contribute to development and learning with the aim of promoting inclusive education
Keywords autism spectrum disorder inclusive education pedagogical practice childeducation
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
7
SUMAacuteRIO
1 INTRODUCcedilAtildeO 82 REFERENCIAL TEOacuteRICO1521 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO1522 REVISAtildeO DE LITERATURA 2123 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA 2324 PRAacuteTICA DOCENTE263 METODOLOGIA284 ANAacuteLISE DE DADOS3141 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL3142 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE 34CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37REFEREcircNCIAS39APEcircNDICES43
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
8
1 INTRODUCcedilAtildeO
A Educaccedilatildeo Infantil eacute a primeira etapa da Educaccedilatildeo Baacutesica prevista para atender
a crianccedila de zero aos 5 anos de idade Eacute obrigatoacuteria a partir dos 4 anos de idade
contudo leva-se em conta que essa crianccedila estaacute em constantes aprendizagens que traz
do contexto familiar dos espaccedilos sociais e do ambiente em que vive Essa concepccedilatildeo
estaacute presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
[] as creches e preacute-escolas ao acolher as vivecircncias e os conhecimentosconstruiacutedos pelas crianccedilas no ambiente da famiacutelia e no contexto de suacomunidade e articulaacute-los em suas propostas pedagoacutegicas tecircm o objetivode ampliar o universo de experiecircncias conhecimentos e habilidadesdessas crianccedilas diversificando e consolidando novas aprendizagensatuando de maneira complementar agrave educaccedilatildeo familiar (BRASIL BNCC2017 p 37)
De acordo com o Art 9ordm das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educaccedilatildeo
Infantil (BRASIL DCNEI 2010) os eixos que estruturam esta fase da educaccedilatildeo satildeo as
interaccedilotildees e as brincadeiras que auxiliam as crianccedilas em seus desenvolvimentos
contribuindo no aperfeiccediloamento dos seus conhecimentos e na construccedilatildeo de novos Isto
permitiraacute agrave crianccedila autonomia e habilidade para solucionar desafios Consta na BNCC
(BRASIL BNCC 2017) que as crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil possuem o direito de
conviver com crianccedilas e adultos utilizando suas proacuteprias linguagens com respeito agraves
diferenccedilas culturais Esse conviacutevio tambeacutem envolve o brincar que pode ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto aborda o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo
Os desafios tambeacutem estatildeo na exploraccedilatildeo dos movimentos da crianccedila nos
sentimentos na forma se se expressar de criar e fazer questionamentos no seu grupo
social e assim se conhecer e resolver situaccedilotildees da vida cotidiana
A Educaccedilatildeo Infantil eacute o momento em que as crianccedilas intensificam o exerciacutecio de
interaccedilatildeo social com seus pares que natildeo seja com a famiacutelia em que jaacute convive Por este
motivo essa etapa da educaccedilatildeo se torna importante para a crianccedila autista Bertazzo e
Moschini (2012) em estudo sobre a escolarizaccedilatildeo da crianccedila com TEA afirmam queUma intervenccedilatildeo eficaz logo no comeccedilo do processo de escolarizaccedilatildeocontribuiria para o melhor desenvolvimento futuro desses sujeitospermitindo-lhes maior qualidade de vida aprendizagens e acesso para
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
9
conviverem permanentemente em sociedade Aleacutem disso a escola eacute olocal onde esses alunos devem ter acesso inicial agrave socializaccedilatildeo atraveacutes dapossibilidade de desenvolvimento de suas habilidades cognitivas e sociaisPortanto o papel desenvolvido pelos professores das instituiccedilotildees deensino no acompanhamento de pessoas com autismo requer uma profundareflexatildeo pois pode determinar tanto o sucesso quanto fracasso nosprocessos de inclusatildeo soacutecia e educacional futuro desses sujeitos(BERTAZZO MOSCHINI 2012)
Discutir sobre a Educaccedilatildeo Infantil eacute tambeacutem assumir a perspectiva inclusiva dessa
etapa da educaccedilatildeo Nesse sentido o estudo aqui proposto pretende olhar para algumas
possibilidades pedagoacutegicas desafiadas pela inclusatildeo especialmente a partir de um caso
especiacutefico da trajetoacuteria de duas crianccedilas autistas
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional ndash LDBEN nordm 939496 alterado
pela lei 12796 de 2013 a Educaccedilatildeo Infantil eacute ofertada como ldquoIV - atendimento em creche e
preacute-escola agraves crianccedilas de 0 a 5 anos e 11 meses de idaderdquo (BRASIL 2013)
Nessas Leis a Educaccedilatildeo Inclusiva eacute entendida comoArt 58 [] a modalidade de educaccedilatildeo escolar oferecidapreferencialmente na rede regular de ensino para educandos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ousuperdotaccedilatildeo (BRASIL 2013)
Essa mesma Lei prevecirc que tambeacutem ldquoHaveraacute quando necessaacuterio serviccedilos de
apoio especializado na escola regular para atender agraves peculiaridades da clientela de
educaccedilatildeo especialrdquo (BRASIL1996)
A lei 13146 de 2015 no Art 28 inciso III prevecirc[] projeto pedagoacutegico que institucionalize o atendimento educacionalespecializado assim como os demais serviccedilos e adaptaccedilotildees razoaacuteveispara atender agraves caracteriacutesticas dos estudantes com deficiecircncia e garantir oseu pleno acesso ao curriacuteculo em condiccedilotildees de igualdade promovendo aconquista e o exerciacutecio de sua autonomia (BRASIL 2015)
A Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) orienta que o Atendimento
Educacional Especializado (AEE) na Educaccedilatildeo Infantil deve seguir o curriacuteculo elaborado
para esta fase Para isto eacute preciso que a escola possua uma proposta pedagoacutegica que
seja elaborada pelos docentes habilitados que deve conter as interaccedilotildees e praacuteticas que
orientam a Educaccedilatildeo Infantil Sugere que o professor deve realizar um estudo de caso
para identificar as necessidades e habilidades de cada um a partir disto o professor iraacute
preparar seu plano e os recursos que iraacute utilizar Eacute destacado que o AEE natildeo substitui o
curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil assim permitindo que a crianccedila possa participar de todos
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
10
os espaccedilos desta etapa da educaccedilatildeo Ainda deixa expliacutecito que o AEE deve fazer parte
da praacutetica da sala referecircncia
Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A Educaccedilatildeo Infantil precisa promover experiecircncias nas quais as crianccedilaspossam fazer observaccedilotildees manipular objetos investigar e explorar o seuentorno levantar hipoacuteteses e consultar fontes de informaccedilatildeo para buscarrespostas agraves suas curiosidades e indagaccedilotildees Assim a instituiccedilatildeo escolarestaacute criando oportunidades para que as crianccedilas ampliem seusconhecimentos do mundo fiacutesico e sociocultural e possam utilizaacute-lo em seucotidiano (BRASILBNCC 2017 p 41)
Assim a proposta curricular para a Educaccedilatildeo Infantil necessita oportunizar
diversas possibilidades para que a crianccedila experimente interaja explore crie se
expresse entre outras possibilidades Neste sentido a praacutetica pedagoacutegica do docente
seraacute de extrema importacircncia neste momento pois eacute ela quem vai oferecer os recursos e
espaccedilos para o desenvolvimento das brincadeiras
Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo escolar eacute na educaccedilatildeo infantil
nesta etapa da educaccedilatildeo as crianccedilas praticam o luacutedico suas diferentes formas de
comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e emocionais satildeo a
sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos ldquoO atendimento educacional
especializado se expressa por meio de serviccedilos de intervenccedilatildeo precoce que objetivam
otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviccedilos de
sauacutede e assistecircncia socialrdquo (BRASIL 2018 p16)
Ainda a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Inclusiva na Perspectiva da Educaccedilatildeo
Inclusiva (BRASIL 2008) possuiacute um objetivo que eacute promover a educaccedilatildeo inclusiva para
todos os alunos com deficiecircncia transtorno global do desenvolvimento e com altas
habilidades ou superdotaccedilatildeo preferencialmente em rede regular de ensino orientando as
instituiccedilotildees em como realizar a oferta de atendimento educacional especializado
A Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 declara a Poliacutetica Nacional de
Proteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista A crianccedila autista
possui o direito de frequentar a sala comum e o Atendimento Educacional Especializado
como prevecirc o Art 1deg da Resoluccedilatildeo ndeg 42009Art 1ordm [] os sistemas de ensino devem matricular os alunos comdeficiecircncia transtornos globais do desenvolvimento e altashabilidadessuperdotaccedilatildeo nas classes comuns do ensino regular e no
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
11
Atendimento Educacional Especializado (AEE) ofertado em salas derecursos multifuncionais ou em centros de Atendimento EducacionalEspecializado da rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuteriasconfessionais ou filantroacutepicas sem fins lucrativos (BRASIL 2009)
De acordo com a lei ndeg 13146 de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda
pessoa com deficiecircncia tem direito agrave igualdade de oportunidades com as demais pessoas
e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de discriminaccedilatildeordquo
A Educaccedilatildeo Especial eacute segundo o Art 3ordm da Resoluccedilatildeo ndeg 42009 Eacute uma
modalidade que perpassa todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino tendo o AEE
como parte integrante do processo educacional
O Art 5ordm da Resoluccedilatildeo nordm 04 de 2009 especifica sobre o espaccedilo de oferta do AEE
na escola
O AEE eacute realizado prioritariamente na sala de recursos multifuncionais daproacutepria escola ou em outra escola de ensino regular no turno inverso daescolarizaccedilatildeo natildeo sendo substitutivo agraves classes comuns podendo serrealizado tambeacutem em centro de Atendimento Educacional Especializadoda rede puacuteblica ou de instituiccedilotildees comunitaacuterias confessionais oufilantroacutepicas sem fins lucrativos conveniadas com a Secretaria deEducaccedilatildeo ou oacutergatildeo equivalente dos Estados Distrito Federal ou dosMuniciacutepios (BRASIL 2009)
O Decreto 7611 de 2011 (BRASIL 2011) que apresenta as diretrizes operacionais
para o AEE traz a relaccedilatildeo que deve-se estabelecer entre esse serviccedilo de apoio e a
proposta pedagoacutegica
sect 2ordm O atendimento educacional especializado deve integrar a propostapedagoacutegica da escola envolver a participaccedilatildeo da famiacutelia para garantirpleno acesso e participaccedilatildeo dos estudantes atender agraves necessidadesespeciacuteficas das pessoas puacuteblico-alvo da educaccedilatildeo especial e serrealizado em articulaccedilatildeo com as demais poliacuteticas puacuteblicas (BRASIL 2011)
A crianccedila autista tem o direito de frequentar a sala do AEE da escola em que ela
estaacute matriculada O Artdeg 4 inc II da Resoluccedilatildeo ndeg4 de 2009 dispotildee a crianccedila autista
como puacuteblico alvo do AEE
II ndash Alunos com transtornos globais do desenvolvimento aqueles queapresentam um quadro de alteraccedilotildees no desenvolvimentoneuropsicomotor comprometimento nas relaccedilotildees sociais na comunicaccedilatildeoou estereotipias motoras Incluem-se nessa definiccedilatildeo alunos com autismoclaacutessico siacutendrome de Asperger siacutendrome de Rett transtorno
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
12
desintegrativo da infacircncia (psicoses) e transtornos invasivos sem outraespecificaccedilatildeo (BRASIL 2009)
A perspectiva da inclusatildeo natildeo eacute uma proposta localizada mas sim uma
perspectiva de acircmbito mundial que vem se consolidando mais especificamente desde a
deacutecada de 1990 refletindo na poliacutetica educacional no Brasil com o embasamento em
documentos internacionais como a Declaraccedilatildeo Mundial de Educaccedilatildeo para Todos na
Tailacircndia em 1990 e a Declaraccedilatildeo de Salamanca em 1994 Ambas Declaraccedilotildees foram
assinadas pelo Brasil como signataacuterio
Nesse contexto de implementaccedilatildeo de poliacuteticas inclusivas pouco a pouco foi se
consolidando no Brasil a poliacutetica de inclusatildeo contudo a conforme mencionado acima a
legislaccedilatildeo que assegura praacuteticas pedagoacutegicas agrave pessoa autista reconhecendo suas
especificidades eacute de 2012 portanto muito recente Nesse movimento diversas
discussotildees contribuem para refletir sobre a inclusatildeo da crianccedila autista
Uchocirca (2015) menciona que o docente natildeo vai apenas inserir o aluno na sala
referecircncia mas sim trabalhar para articular propostas pedagoacutegicas para auxiliar na sua
aprendizagem ao entrar para a Educaccedilatildeo Infantil
Essas problematizaccedilotildees assim como a legislaccedilatildeo e as possibilidades discutidas
nos estudos foram motivadores para refletir sobre experiecircncias vividas por mim no
contexto escolar Assim meu interesse em pesquisar esse tema surgiu quando eu atuei
como estagiaacuteria em uma escola particular no Municiacutepio de Capatildeo da Canoa como
monitora de uma crianccedila autista no quarto ano do Ensino Fundamental Nesta escola
havia outras crianccedilas autistas de diversos anos poreacutem o que me chamava a atenccedilatildeo era
que esses natildeo haviam frequentado a educaccedilatildeo infantil Em conversa com a orientadora
da escola obtive a informaccedilatildeo de que no municiacutepio nenhuma escola de educaccedilatildeo infantil
aceitava crianccedilas autistas
A partir disso vejo este projeto importante para mim pois poderaacute contribuir em
minha vida acadecircmica e em minha carreira como docente Uma vez que pretendo me
aprofundar nos estudos de inclusatildeo e contribuir para consolidar a praacutetica inclusiva como
docente podendo atuar com crianccedilas autistas Eacute significativo que pesquisando sobre este
tema seja possiacutevel ver a realidade e sobretudo a qualificaccedilatildeo para a docecircncia com
crianccedilas autistas
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
13
Neste sentido satildeo pertinentes as consideraccedilotildees de Uchocirca (2015) quando ela
afirma queApesar das dificuldades o professor necessita incluir seus alunos de formaque proporcione oportunidades da mesma maneira que os demais paraque as crianccedilas com autismo sejam aceitas pela a turma e por toda asociedade Entretanto natildeo eacute apenas a inserccedilatildeo nas escolas regularesmas a busca da valorizaccedilatildeo desses alunos mesmo com suas limitaccedilotildees erespeitando suas diferenccedilas (UCHOcircA 2015 p 45)
Partindo deste pensamento o professor eacute o profissional que iraacute articular sua
aprendizagem e interaccedilatildeo Entatildeo esta pesquisa tambeacutem contribuiraacute para o mundo
acadecircmico para os professores que estatildeo procurando mais informaccedilotildees sobre seu aluno
autista Tambeacutem contribuiraacute aos futuros acadecircmicos que pensam em seguir nesta
perspectiva assim como para a sociedade com informaccedilotildees e reflexotildees
Aleacutem disso poderaacute servir de auxiacutelio para as escolas que utilizam diagnoacutesticos do
campo da sauacutede na sala referecircncia valorizando a abordagem pedagoacutegica no atendimento
das crianccedilas
Angelucci (2015) completa[] no caso do puacuteblico alvo da Educaccedilatildeo Especial eacute preciso observar quenatildeo se trata apenas de se organizar a partir da loacutegica meacutedica saindo dosreferenciais educacionais mas de olhando clinicamente para os sujeitosprocurar neles o que lhes falta o que os distancia da normalidade paraassim forjar um serviccedilo educacional que favoreccedila sua aprendizagem(ANGELUCCI 2015 p9)
Essas reflexotildees permitiram a formulaccedilatildeo do seguinte problema de pesquisa
Como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos com Transtorno do Espectro
Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular de ensino no municiacutepio de
Arroio dos Ratos ndash RS
Para atender a esse questionamento formulou-se o conjunto de questotildees que vatildeo
orientar o estudo
Que relaccedilotildees se estabelecem entre as estrateacutegias pedagoacutegicas de docentes e a
aprendizagem de crianccedilas com TEA
Quais estrateacutegias e recursos satildeo utilizadas pelos professores
Como o docente pode ser o articulador para concretizar a perspectiva inclusiva na
turma
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
14
A pesquisa eacute de cunho qualitativo e os dados foram obtidos por meio de
entrevista Vieira e Zovain (2005) consideram que este tipo de pesquisa eacute realizado
detalhadamente os elementos envolvidos daacute importacircncia nos depoimentos das pessoas
pesquisadas e interpretaccedilatildeo dos significados que eles podem transmitir
A escola participante fica localizada na cidade Arroio dos RatosRS na regiatildeo
Carboniacutefera do nosso estado As participantes desta pesquisa satildeo duas professoras
desta escola Ambas possuem graduaccedilatildeo em pedagogia e atuam nas turmas de Preacute-
escola com alunos de 4 e 5 anos atuam haacute bastante tempo na Educaccedilatildeo Infantil e
atualmente as duas professoras possuem um aluno com Autismo em sua sala referecircncia
O procedimento de coleta de dados foi realizado em entrevista on-line via viacutedeo chamada
do Whatsapp
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
15
2 REFERENCIAL TEOacuteRICO
21 FRAGMENTOS HISTOacuteRICOS INFAcircNCIAS EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E INCLUSAtildeO
Estudos da histoacuteria da infacircncia evidenciam que a crianccedila foi sendo compreendida
por diferentes concepccedilotildees ao longo dos seacuteculos assim como o sentimento em relaccedilatildeo agrave
crianccedila foi se modificando Uchocirca (2015) assinala que que durante anos as famiacutelias
encaravam a morte de seus filhos como algo comum e natural era possiacutevel ver que os
pais natildeo aparentavam ter grandes sentimentos pelos seus filhos que nasciam mortos
pois logo ele seria substituiacutedo por outro filho do casal neste sentido eacute possiacutevel observar
que o sentimento da infacircncia natildeo era tatildeo comum
Com a citaccedilatildeo de Ariegraves se percebe que existia uma falta de sentimento pela
infacircncia no seacuteculo XII
A arte medieval desconhecia a infacircncia ou natildeo tentava representaacute-la Eacutedifiacutecil crer que essa ausecircncia se devesse a incompetecircncia ou a falta dehabilidade Eacute mais provaacutevel que natildeo houvesse lugar para a infacircncia nessemundordquo (ARIEgraveS 1978 p 50)
Isto eacute as necessidades da crianccedila natildeo eram vistas ela natildeo era vista como um ser
com especificidades que necessita de um atendimento diferenciado e com mais atenccedilatildeo
Ariegraves (1978) completa citando que as crianccedilas natildeo percorriam a fase do brincar
estudar e se divertir como decorre com as crianccedilas da nossa sociedade atual natildeo era
apresentado o periacuteodo da infacircncia juventude e diversatildeo A educaccedilatildeo escolar era feita
apenas de ferramentas de como fazer portando era educada no meio dos adultos
efetuando as mesmas tarefas sem qualquer diferenciaccedilatildeo
Durante o periacuteodo denominado Renascimento no seacuteculo XVI a crianccedila passou a
ser vista segundo Passetti comoUm ser inacabado vista como um corpo que precisa de outros corpos parasobreviver desde a satisfaccedilatildeo de suas necessidades mais elementarescomo alimentar-se Os primeiros anos de vida satildeo para ela o tempo dasaprendizagens do meio que a cerca Brinca com outras crianccedilas da suamesma idade e ateacute maiores do que ela arrisca-se em busca de saberesque lhe poderatildeo ser uacuteteis para viver em comunidade (PASSETTI 1998p-1-2)
Eacute no seacuteculo XVI que os adultos comeccedilam a perceber que as crianccedilas necessitam
ter um momento de diversatildeo ter relacionamento com pessoas de sua faixa etaacuteria Em
meados dos seacuteculos XVI e XVII acontece uma mudanccedila as crianccedilas comeccedilam a se vestir
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
16
de modo diferente dos adultos seria um traje especial que passa a distinguir a crianccedila
dos adultosEssa especializaccedilatildeo do traje das crianccedilas e sobretudo dos meninospequenos numa sociedade em que as formas exteriores e o traje tinhamuma importacircncia muito grande eacute uma prova da mudanccedila ocorrida naatitude com relaccedilatildeo agraves crianccedilas (ARIEgraveS 1978 p 157)
Em companhia deste novo modelo de diferenciaccedilatildeo entre adultos e crianccedilas eacute
constatada uma mudanccedila quanto ao sentimento da infacircncia assim sendo a crianccedila
passa ser vista como gentil afetuosa e cheia de graccedila Entatildeo ocorre este novo
sentimento pela afirmaccedilatildeo de Arieacutes (1978 p158) ldquo() em que a crianccedila por sua
ingenuidade gentileza e graccedila se tornava uma fonte de distraccedilatildeo e de relaxamento para
os adultos um sentimento que poderiacuteamos chamar de paparicaccedilatildeordquo
Ariegraves define o termo paparicacaccedilatildeo da seguinte forma
Quando os adultos fazem-nas [as crianccedilas] cair numa armadilha quandoelas dizem uma bobagem ao tirar uma conclusatildeo acertada de um princiacutepioimpertinente que lhes foi ensinado os adultos datildeo gargalhadas de triunfopor havecirc-las enganado beijam-nas e acariciam-nas como se elas tivessemdito algo correto [era a paparicaccedilatildeo (ARIEgraveS 1978 p 159)
Eacute possiacutevel identificar que ao longo dos seacuteculos uma diferenccedila no sentimento da
infacircncia mas para poder compreender eacute preciso entender o contexto da eacutepoca e a forma
de como o povo da eacutepoca tratava e via as crianccedilas ateacute o tempo atual como eacute afirmadoJaacute foram interpretadas por alguns historiadores como uma ignoracircncia dainfacircncia No entanto devemos ver nelas o iniacutecio de um sentimento seacuterio eautecircntico da infacircncia Pois natildeo convinha ao adulto se acomodar agraveleviandade da infacircncia este fora o erro antigo (ARIEgraveS 1978 p 162)
A infacircncia no Brasil teve seus primeiros modelos trazidos pelos Jesuiacutetas e eram
diferenciadas da seguinte formaMuito das crianccedilas brasileiras e muito pouco com as descobertaseuropeias sobre a infacircncia Neste contexto propagam-se duasrepresentaccedilotildees infantis uma miacutestica repleta de feacute eacute o mito da crianccedila-santa a outra de uma crianccedila que eacute o modelo de Jesus muito difundidapelas freiras carmelitas Inspirados por estas imagens capazes detranscenderem aos pecados terrenos os jesuiacutetas vecircem nas crianccedilasindiacutegenas ldquoo papel em blancordquo que desejam escrever antes que os adultoscom seus maus costumes os contaminem (PASSETI 1998 p 3)
Para que eles pudessem modular as crianccedilas e impossibilitar que tivessem os
costumes dos adultos os Jesuiacutetas conceberam um projeto pedagoacutegico de colonizaccedilatildeo a
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
17
missatildeo deste projeto era propagar a feacute cristatilde e catequizar o povo originaacuterio Brasileiro os
indiacutegenas segundo os Jesuiacutetas A infacircncia eacute percebida como momento oportuno para a catequese porqueeacute tambeacutem momento de unccedilatildeo iluminaccedilatildeo e revelaccedilatildeo [] Momentovisceral de renuacutencia da cultura autoacutectone das crianccedilas indiacutegenasrdquo (DELPRIORI 1995 p 4)
As crianccedilas que reagiam contra o projeto ou que se negavam a fazer era dito por
eles que ambas estavam com tentaccedilatildeo demoniacuteaca Viam a catequese como uma maneira
de conseguir a docilidade e obediecircncia da crianccedila indo muitas vezes contra a cultura
indiacutegena ldquoMas com essa praacutetica pedagoacutegica aproveitavam tambeacutem para explorar o
trabalho dos indiacutegenas e as riquezas naturais de suas terrasrdquo (NETO 2000 p 106)
Tinham grandes dificuldades em encaixar crianccedilas oacuterfatildes foi entatildeo instalado no
Brasil uma instituiccedilatildeo chamada Roda dos Expostos aonde eram colocadas crianccedilas que
os pais natildeo queriam mais para natildeo deixar as crianccedilas jogadas na rua e ainda manter o
anonimato de quem as deixava laacute o ato de abandonar eacute de uma eacutepoca muito distante da
nossa sociedade atualEsta roda era uma espeacutecie de dispositivos onde eram colocados os bebecircsabandonados por quem desejasse faze-lo Apresentava uma formaciliacutendrica dividida ao meio sendo fixada no muro ou na janela dainstituiccedilatildeo O bebecirc era colocado numa das partes desse mecanismo quetinha uma abertura externa Depois a roda era girada para o outro lado domuro ou da janela possibilitando a entrada da crianccedila para dentro dainstituiccedilatildeo Prosseguindo o ritual era puxada uma cordinha com umasineta pela pessoa que havia trazido a crianccedila a fim de avisar o vigilanteou a rodeira dessa chegada e imediatamente a mesma se retirava dolocal (PASSETI 1998 p 9)
Entre 1920 e 1930 a educaccedilatildeo e a infacircncia comeccedilaram a ser importantes para o
governo pois com a vinda de faacutebricas para o Brasil a procura de matildeo de obra feminina
cresceu Paschoal e Machado (2009) dizem que foi neste momento que as matildees
comeccedilaram a pedir a criaccedilatildeo de instituiccedilotildees educacionais para deixarem seus filhos e
assim foram criadas as instituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil conceitua-se queO atendimento agrave crianccedila para aleacutem do que ocorria no acircmbito privado decada famiacutelia possibilitaria a superaccedilatildeo das precaacuterias condiccedilotildees sociais asquais ela estava sujeita levando agrave defesa de uma educaccedilatildeo vista comocompensatoacuteria desses problemas (PASCHOAL e MACHADO 2009 p 84)
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
18
No entanto apenas com a chegada do periacuteodo do Estado Novo (1937-1945) que o
governo assume a responsabilidade pelas entidades de educaccedilatildeo infantil sendo criado o
Ministeacuterio da Educaccedilatildeo e da Sauacutede
Quando se fala da educaccedilatildeo infantil na deacutecada de 20 falamos que neste momento
da educaccedilatildeo quem realizava o atendimento da infacircncia eram as associaccedilotildees particulares
da eacutepoca Andrade (2010) tambeacutem destaca algumas caracteriacutesticasO atendimento agrave crianccedila era caracterizado pela ausecircncia de proteccedilatildeojuriacutedica e alternativas de atendimento bem como por programas no campoda higiene infantil meacutedica e escolar com a predominacircncia de entidadesparticulares e grupos meacutedicos na coordenaccedilatildeo dos trabalhos institucionais(ANDRADE 2010 p132)
Kuhlmann Jr (2011) enfatiza que neste periacuteodo as escolas eram para atender
crianccedilas de matildees trabalhadoras No Brasil foi preciso que fossem criadas leis e estatutos
para proteger a integridade e a infacircncia das crianccedilas percebendo o quanto eacute necessaacuterio
para o seu desenvolvimentoNo Brasil a concepccedilatildeo de infacircncia tomou novos rumos a partir do seacuteculoXX onde se percebeu as necessidades especiacuteficas e peculiares para asobrevivecircncia da infacircncia e juventude Dando iniacutecio agraves discussotildees em proldos direitos das crianccedilas nos quais sindicalistas e a sociedade civilbuscam efetivar accedilotildees de assistecircncia e proteccedilatildeo agrave infacircncia como leistrabalhistas pediatras e higienistas que desenvolviam trabalhos voltadospara a sauacutede e bem-estar das crianccedilas (HENICK FARIA 2015 p 10)
Kuhllmann Jr (2010) destaca que estas instituiccedilotildees tinham um controle para
elaborar uma praacutetica de assistecircncia e tinham a crianccedila em sua fase da infacircncia como sua
principal baseEssas influecircncias se articularam em nosso paiacutes tanto na composiccedilatildeo dasentidades como na participaccedilatildeo e organizaccedilatildeo de congressos sobre ostemas da assistecircncia da higiene da educaccedilatildeo etc que ocorreram emnuacutemero expressivo durante o periacuteodo estudado (KUHLLMANN JR 2010p 87)
Ao contraacuterio das creches Europeias que foram criadas para que as matildees
conseguissem trabalhar aumentando a implantaccedilatildeo da sociedade capitalista voltada para
o trabalho as creches tinham a finalidade de ldquoprestar cuidados aos filhos de operaacuterios
preferencialmente junto agraves faacutebricasrdquo (KUHLLMANN JR 2000 p 4) Apoacutes o periacuteodo
republicano aonde aconteceu o fato das faacutebricas e industrias ganhavam o maior impulso
mais instituiccedilotildees foram sendo criadas
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
19
No estado de Satildeo Paulo desde dezembro de 1920 a Legislaccedilatildeo previa ainstalaccedilatildeo de Escolas Maternais com a finalidade de prestar cuidados aosfilhos de operaacuterios preferencialmente junto agraves faacutebricas que oferecessemlocal e alimento para crianccedilas As poucas empresas que se propunham aatender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berccedilaacuterioocupando-se tambeacutem da instalaccedilatildeo de creches (KUHLMANN JR 2000p8)
Jaacute para as crianccedilas da elite eram feitos e chamados de Jardim de infacircncia para
que ocorresse uma proposta de educaccedilatildeo racional e compatiacutevel com o progresso
cientifico Com a abertura dos Jardins de Infacircncia privados foi patrocinado pela proacutepria
classe rica pois as instituiccedilotildees abrigariam seus filhos com o argumento de uma proposta
pedagoacutegica que de acordo com Kuhllmann Jr (2010 p 81) ldquo[]servia como uma
estrateacutegia de propaganda mercadoloacutegica para atrair as famiacutelias abastadas como uma
atribuiccedilatildeo do jardim de infacircncia para os ricos que natildeo poderia ser confundido com asilos
e creches para os pobresrdquo
Eacute possiacutevel ver o conhecimento que foi sendo produzido para o ensino da educaccedilatildeo
infantil assim passavam a construir o curriacuteculo das escolas normais ldquo[] lugar de
educaccedilatildeo profissional de formaccedilatildeo de professoras mas tambeacutem lugar de educaccedilatildeo
feminina de futuras matildeesrdquo (KUHLMANN JR 2000 p13) Com a presenccedila forte da
mulher exclusivamente religiosas e matildees de famiacutelia eacute destacado neste processo que
sempre buscado a imagem feminina pois era passada uma imagem de matildee para a tarefa
de educarA ecircnfase no papel da famiacutelia ndash em especial no papel da matildee por seusdotes femininos que a habilitariam naturalmente agraves tarefas de cuidado ndashpara uma educaccedilatildeo da crianccedila pequena que fosse capaz de cultivar aquiloque o ser humano teria de melhor com vistas a formar o indiviacuteduo capazde se adaptar de modo produtivo e construtivo agrave sociedade e de exercer opapel de trabalhar para que essa sociedade funcionasse de formaharmocircnica (MICARELLO 2011 p215)
No ponto de vista da lei apoacutes a publicaccedilatildeo da constituiccedilatildeo de 1988 todas as
crianccedilas comeccedilaram a ser consideradas sujeitos por direito Segundo Guimaratildees (2011
p 30) ldquo[] direito agrave vida sauacutede alimentaccedilatildeo educaccedilatildeo lazer cultura dignidade
respeito liberdade convivecircncia familiar e comunitaacuteriardquo De objeto de tutela para sujeito de
direitos de apenas crianccedilas para cidadatildeos de pouca idade
Quanto a preocupaccedilatildeo da qualidade do aprendizado das crianccedilas na Educaccedilatildeo
Infantil foi criado em 1998 o Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil mas
este documento eacute visto da seguinte forma por Guimaratildees
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________
20
[] por um lado situa a educaccedilatildeo infantil como lugar de construccedilatildeo daidentidade e da autonomia da crianccedila por outro lado a estruturaccedilatildeo dosconteuacutedos e metodologias mostra a preocupaccedilatildeo com a antecipaccedilatildeo dosconteuacutedos do ensino fundamental (GUIMARAtildeES 2011 p 32)
Foi constatado como um avanccedilo mas gerou debates na sociedade e na academia
da eacutepoca A histoacuteria da educaccedilatildeo infantil passou por vaacuterias mudanccedilas mas com a
referecircncia europeia mas esse campo de estudo chega agrave atualidade com muitas
problematizaccedilotildees e questionamentos[] ainda hoje as crianccedilas pequenas satildeo submetidas a uma disciplinaescolar arbitraacuteria em que distante do compromisso com o conhecimentoas instituiccedilotildees desconsideram sua funccedilatildeo de prestar tambeacutem os cuidadosnecessaacuterios agraves crianccedilas pequenas (NASCIMENTO 2015 p 17)
Trata-se de um tema complexo que exige muito estudos e reflexotildees
Como vemos a trajetoacuteria histoacuterica do atendimento agrave crianccedila e dasinstituiccedilotildees de educaccedilatildeo infantil no Brasil esteve fortemente ligada aosideais de progresso e modernizaccedilatildeo do paiacutes O movimento em prol dainfacircncia nos finais do seacuteculo XIX e iniacutecio do XX natildeo tinha nela seu uacutenicofoco mas tambeacutem foi uma tendecircncia que se delineou com base em outrosinteresses 228-5como disciplinar corpos e mentes na relaccedilatildeo entre asformas sociais poliacuteticas econocircmicas e culturais fazendo desta forma comque alguma mudanccedila influenciasse outras (GUIMARAtildeES 2015 p 42)
Correa (1997) assinala que durante a eacutepoca colonial (entre XVI e XIX) quando era
comum realizar a exclusatildeo das crianccedilas que nasciam com qualquer deficiecircncia durante
este tempo natildeo havia nenhum tipo de atenccedilatildeo do governo quando se tratava sobre este
tema apenas no final do seacuteculo XIX que foram sendo criadas as instituiccedilotildees filantroacutepicas
Jannuzi (1992) explica que no iniacutecio da trajetoacuteria da Educaccedilatildeo Especial duas
vertentes foram predominantes que satildeo
Vertente meacutedico-pedagoacutegica mais subordinada ao meacutedico natildeo soacute nadeterminaccedilatildeo do diagnoacutestico mas tambeacutem no acircmbito das praacuteticasescolares [hellip] Vertente psicopedagoacutegica que natildeo independe do meacutedicomas enfatiza os princiacutepios psicoloacutegicos [hellip] (JANNUZZI 1992 p 59)
A autora traz as iniciativas da eacutepoca por exemplo na deacutecada de 1950 foi criado a
primeira APAE (Associaccedilatildeo de de Pais e Amigos dos Excepcionais)
21
Mazzota (1992) relata que 1980 foi marcado pelo fim de uma visatildeo assistencialista
das pessoas com deficiecircncia mencionando o ano Internacional das Pessoas com
Deficiecircncia sustentado pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) Nesta mesma
eacutepoca se teve os desdobramentos que ajudaram no planejamento de dois planos Plano
de Accedilatildeo da Comissatildeo Internacional de Pessoas Deficientes (1981) e Plano Nacional da
Accedilatildeo Conjunta para a Integraccedilatildeo da Pessoa Portadora de Deficiecircncia (1985)
Mendes (2002) aponta que na deacutecada de 1990 a inclusatildeo no Brasil ganha forccedila
pela chegada da cultura americana na nossa sociedade trazendo o movimento de
Educaccedilatildeo para Todos (UNICEF 1990) e Declaraccedilatildeo de Salamanca (UNESCO 1994)
Apoacutes publicados esses documentos inicia-se uma movimentaccedilatildeo da Educaccedilatildeo Inclusiva
no Brasil
De acordo com Farias e Menezes (2009) a inclusatildeo eacute algo que possibilita que
todas as pessoas com deficiecircncia possam frequentar a escola e ter acesso a ambientes
adaptados para eles como tambeacutem planos educacionais individualizados para que seja
possiacutevel promover o desenvolvimento e a aprendizagem levando em consideraccedilatildeo as
suas especificidades
22 REVISAtildeO DE LITERATURA
Para a presente revisatildeo de literatura pesquisei em Banco de Teses e Dissertaccedilotildees
da CAPES usando as seguintes palavras-chave ldquoautismo ldquoeducaccedilatildeo infantilrdquo e ldquopraacutetica
pedagoacutegicardquo
No processo de busca encontrei mais de 50 pesquisas e entre elas selecionei 5
que satildeo temas que mais se aproximam do meu objeto de pesquisa proposto neste estudo
A primeira pesquisa denominada ldquoInclusatildeo escolar e autismo uma anaacutelise da
percepccedilatildeo docente e praacuteticas pedagoacutegicasrdquo (NUNES et al 2016) evidencia que de 37
professores que atuavam com o TEA 162 relatam sobre a falta de formaccedilatildeo e de
conhecer o TEA destacando a dificuldade de como planejar e avaliar o aluno Jaacute 243
se sentem frustrados com o comportamento que eles possuem 54 dos professores
relatam o afeto e inclusatildeo do aluno em sala referecircncia e afirmam que isto favorece o
ensino na sala referecircncia 27 percebem que os autistas possuem habilidades
superiores na aprendizagem O desafio de alfabetizar foi um tema abordado tambeacutem os
22
professores destacam que para fazer este processo eacute necessaacuterio que o docente conheccedila
a siacutendrome
Tambeacutem relataram que a questatildeo da inclusatildeo do aluno com os colegas falta ainda
um pouco de informaccedilatildeo para os docentes eles se sentem vulneraacuteveis por achar que que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo favoreccedilam o aluno Foi ressaltado tambeacutem a falta de um
maior suporte teacutecnico-pedagoacutegico aos docentes e construir uma parceria entre a famiacutelia e
escola
Jaacute na pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil um estudo sobre as
crenccedilas dos educadoresrdquo (LUumlDKE 2011) para qual foram entrevistadas duas professoras
da aacuterea da Educaccedilatildeo Infantil e que possuem crianccedilas autistas em suas turmas Estas
afirmam que estatildeo em sintonia com a crianccedila e promovem intervenccedilotildees A autora
evidecircncia que eacute notaacutevel que as professoras tecircm um caraacuteter afetivo e se preocuparam com
o futuro das crianccedilas a sua formaccedilatildeo como cidadatildeo e acreditam que estatildeo promovendo
a inclusatildeo do aluno na turma
Afirmam que sentem falta do apoio da direccedilatildeo e na sua formaccedilatildeo A falta
conhecimento que tecircm sobre a inclusatildeo e sobre o TEA na academia fizeram com que
suas praacuteticas pedagoacutegicas natildeo fossem suficientes Segundo as professoras o principal
obstaacuteculo da inclusatildeo eacute a sua falta de formaccedilatildeo desta aacuterea Apontam que mesmo com
esta dificuldade elas procuram sempre buscar a autonomia do aluno e a inclusatildeo com a
turma e o restante da escola
Em outra pesquisa intitulada ldquoAutismo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas e auto eficaacutecia
da educadorardquo (BOSA SANINI 2015) que investigou sobre as dificuldades de uma
professora no dia a dia em sua praacutetica pedagoacutegica destaca que leva em conta a condiccedilatildeo
do aluno e isto permitiu que ela trouxesse praticas adaptadas para a crianccedila menciona
que procura adaptar os conteuacutedos de acordo com os seus interesses A docente ainda
relata que pode observar seu aluno jaacute incluiacutedo na turma mas afirma que no iniacutecio foi
complicado Mesmo com o medo inicial conseguiu ter um bom relacionamento com a
crianccedila na base do afeto carinho e aceitando o seu jeito de ser isto vem se mostrando
efetivo quanto a aprendizagem da crianccedila
Na continuidade do levantamento a pesquisa ldquoPerturbaccedilotildees do Espectro do
Autismo e a inclusatildeo atitudes e representaccedilotildees dos pais professores e educadores de
infacircnciardquo (BRAGA 2010) aponta a falta de formaccedilatildeo dos professores eles tendem a ter
medo quando natildeo eacute disponibilizado recursos necessaacuterios para a inclusatildeo efetiva
23
Tambeacutem foi visto que os professores natildeo conhecem a temaacutetica sem saber como incluir e
dar uma melhor educaccedilatildeo para estas crianccedilas
No levantamento tambeacutem encontrei a pesquisa ldquoAutismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo
infantil um estudo de caso longitudinal sobre a competecircncia social da crianccedila e o papel
da educadorardquo (SANINI 2011) A pesquisa foi realizada com uma professora de educaccedilatildeo
infantil em uma classe regular de ensino em uma rede particular de ensino em Porto
AlegreRS A professora pesquisada descreve que nunca tinha ouvido falar em autismo e
o que ela ficou sabendo quando o aluno entrou foi soacute sobre o seu comportamento isto fez
com que ela sentisse um pouco de medo E comeccedilou a ler um livro sobre o assunto mas
natildeo gostou da leitura e natildeo encontrou nenhum aspecto do livro em seu aluno Ela
problematiza o fato de natildeo ter um conhecimento sobre o autismo nem como seria sua
praacutetica pedagoacutegica eacute o que lhe faz apontar a falta disso na sua graduaccedilatildeo Eacute possiacutevel
segundo ela ver o quanto ele evoluiu e o quanto ela ainda espera que ele evolua e em
sua praacutetica pedagoacutegica ela consegue lidar de acordo com as caracteriacutesticas dele
Nas citadas pesquisas eacute possiacutevel ver nos resultados o quanto os docentes
problematizam o fato de natildeo ter formaccedilatildeo para trabalhar com alunos com TEA mostrando
falha no curriacuteculo de sua graduaccedilatildeo
O objeto de estudo que eacute a praacutetica docente tambeacutem eacute um ponto na quais todas
discutem Em quatro das pesquisas foram utilizadas somente escolas particulares
De maneira geral fica evidente que as pesquisas enfatizam o autismo mais como
um problema em que os docentes entendem ser problemaacutetico que o fato de irem
construindo suas praacuteticas pedagoacutegicas durante o processo de inclusatildeo Tambeacutem se
observa que a expectativa de sucesso estaacute em poder de outrem ou seja na formaccedilatildeo
que natildeo foi contemplada Natildeo se desconsidera que esse fato da formaccedilatildeo seja relevante
mas pode ser problematizado pois com isso se desvaloriza o saber que vai sendo
constituiacutedo no cotidiano como um conhecimento produzido e muito vaacutelido
23 A INCLUSAtildeO NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A CRIANCcedilA COM TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA
O processo de inclusatildeo de pessoas com deficiecircncia nas escolas e na sociedade eacute
algo recente Historicamente a escola foi criada para atender e ensinar pessoas ditas
24
como ldquonormaisrdquo e quem natildeo se encaixava nesses paracircmetros que a sociedade impotildee
ficavam de fora desse grupo de pessoas tanto na escola quando na vida em sociedadeA democratizaccedilatildeo da escola surge a contradiccedilatildeo inclusatildeoexclusatildeo Inicia-se entatildeo o acesso das pessoas com deficiecircncia agraves escolas mas numprocesso de integrar e natildeo de incluir Toda essa modificaccedilatildeo ainda quelenta e pouco significativa fomenta futuras e importantes mudanccedilas nocenaacuterio para tentativas de uma educaccedilatildeo inclusiva (AMARAL et al 2014p 2)
Conforme Carvalho (2000) no final do seacuteculo XX aconteceram muitos conflitos e
mudanccedilas envolvendo a educaccedilatildeo inclusiva quando se intensifica a perspectiva de
ldquoEducaccedilatildeo para todosrdquo e ldquoEscola para todosrdquo A perspectiva inclusiva supotildee escola para
todos com ingresso e permanecircncia mas para isso precisa haver ldquointencionalidade
educativardquo com foco no sujeito da aprendizagem (CARVALHO 2010 p 93)
No contexto atual como visto na discussatildeo da seccedilatildeo 22 deste trabalho as
pessoas com deficiecircncia foram conquistando seus espaccedilos e seus direitos por meio de
lutas mas ainda tem-se muito a fazer As crianccedilas com Transtorno do Espectro Autista
(TEA) tambeacutem fazem parte do puacuteblico alvo das poliacuteticas de inclusatildeo Conforme dados
estimados satildeo cerca de 2 milhotildees de pessoas com TEA no Brasil (BRASIL SENADO
2019)
De acordo com Oliveira (2009) o Autismo eacute oriundo da palavra grega que significa
proacuteprio isto eacute uma pessoa fechada podendo dizer uma pessoa que tem seu mundo
proacuteprio Eacute compreendida como uma patologia que passou por diversas alteraccedilotildees de
nomes mas atualmente ela eacute chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo
Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico de Transtornos Mentais (DSM-V) (APA 2014)
Praccedila (2011) vecirc a crianccedila com Autismo da seguinte forma[hellip] permanece em seu mundo interior como um meio de fugir dosestiacutemulos que a cerca no mundo externo Outro motivo para o autistapermanecer em seu universo interior eacute o fato de que em geral o autistasente dificuldade em se relacionar e em se comunicar com outras pessoasuma vez que ele natildeo usa a fala como meio de comunicaccedilatildeo Natildeo secomunicando com outras pessoas acaba passando a impressatildeo de que apessoa autista vive sempre em um mundo proacuteprio criado por ela e que natildeose interage fora dele (PRACcedilA 2011 p25)
Para Braunwald et al (1988 p 882) ldquoO Autismo eacute uma siacutendrome presentada por
um distuacuterbio difuso do desenvolvimento da personalidaderdquo Entatildeo este autor defende que
o autismo eacute caracterizado pela dificuldade de a crianccedila ter contato social norma ou
linguagem comunicativa visto de que o Autismo eacute uma siacutendrome social e natildeo cognitiva
25
Segundo pesquisadores o TEA possui tratamentos que auxiliam a controlar as
crises que o autismo causa no sujeito alguns tratamentos funcionam para alguns e para
outros natildeo pois cada autista tem seu proacuteprio niacutevel do TEA Contudo no que se refere ao
tratamento ainda a psicoterapia comportamental eacute a mais preconizada juntamente com o
processo de condicionamento que facilita os cuidados com o autista tornando-o mais bem
estruturado emocionalmente e organizado (SANTOS 2008)
De acordo com Mousinho (2010) as crianccedilas que tecircm um comportamento diferente
dos demais colegas satildeo vistas por eles como bizarras tornando difiacutecil o papel do
professor diante deste desafio de incluir o aluno aos poucos no conjunto da turma O autor
ainda ressalta que muitas vezes elas natildeo gostam de contato fiacutesico e isto natildeo quer dizer
que elas natildeo queiram fazer amigos mas natildeo sabem como se aproximar pela
especificidade do modo de interaccedilatildeo e de se comunicar
Embora alguns autores acentuam a perspectiva cliacutenica o presente trabalho se alia
na perspectiva pedagoacutegica sem desconsiderar as especificidades do campo meacutedico mas
levar em conta a condiccedilatildeo de crianccedila aprendente Eacute importante frisar que a perspectiva
inclusiva supotildee as muitas possibilidades de constituir estrateacutegias pedagoacutegicas para aleacutem
do aspecto comportamental e cliacutenico Neste sentido o professor ldquotem a incumbecircncia de
tornar a sala referecircncia um ambiente inclusivo possibilitando agraves crianccedilas o conhecimento
das diferenccedilas e o incentivo para que elas desenvolvam a solidariedaderdquo (BARBOSA et
al 2013 p 197)
Como ficou evidente os autores trazidos nesta seccedilatildeo salientam o autismo como
marcador da doenccedila da patologia da dificuldade No entanto compartilhamos da
concepccedilatildeo de que eacute preciso ldquoproduzir formas de compreender asos estudantes e seus
processos ensino-aprendizagem fora do eixo patologianormalidade afirmando
radicalmente a diversidade humana como princiacutepio meio e fim do trabalho educativo
(SILVA ANGELUCCI 2018 p 683)
Nesse sentido a concepccedilatildeo defendida aqui se alinha agraves possibilidades de todos
os estudantes independente se tem ou natildeo deficiecircncia ou do seu comportamento pois
parte-se do pressuposto que a diferenccedila de cada um eacute um aspecto potente na relaccedilatildeo de
ensino e aprendizagem e natildeo um entrave
26
24 PRAacuteTICA DOCENTE
Eacute pertinente o estudo do autor Maurice Tardif que discute a praacutetica docente na
medida que o foco da investigaccedilatildeo implica as relaccedilotildees de ensino e aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil Selecionei para essa discussatildeo o livro de Tardif e Lessard O trabalho
docente elementos para uma teoria da docecircncia como processo de interaccedilatildeo humana
(2005) Eacute uma anaacutelise do trabalho do professor em suas variadas interaccedilotildees ou seja a
praacutetica docente sobre o fato de que os professores trabalham com seres humanos com
conhecimentos e experiecircncia profissional
Seus argumentos satildeo utilizando uma abordagem socioloacutegica tratando da docecircncia
como um trabalho em que os professores interagem com os outros indiviacuteduos Pode-se
compreender que natildeo eacute somente pelo aspecto teacutecnico que o professor carrega mas pelas
suas atividades emocionais e interacionais pelas vivecircncias a que estatildeo inseridos a todo
momento (TARDIF LESSARD 2005)
Tardif e Lessard (2005) enfatizam sobre a experiecircncia curricular do professor que
segundo eles faz com que o docente se torne mais flexiacutevel e mais preparado para
adaptar os programas e as necessidades de acordo com a turma permitindo que ele
possa organizar e ajustar o tempo
Os autores conceituam o trabalho docente como um trabalho humano com seres
humanos e trabalho interaccedilatildeo pois o professor se relaciona com seus alunos e constroacutei
uma atividade social Assim a docecircncia eacute uma forma de trabalho sobre o ser humano
estabelecidos pela interaccedilatildeo
Tardif e Lessard (2005) relacionam com a interaccedilatildeo do professor com seu aluno jaacute
que este eacute o principal sujeito dentro de uma sala referecircncia O processo de ensino e
aprendizagem se daacute pelo diaacutelogo e interaccedilatildeo com os alunos O autor ainda contribuiA docecircncia eacute um trabalho cujo objeto natildeo eacute constituiacutedo de mateacuteria inerte oude siacutembolos mas de relaccedilotildees humanas com pessoas capazes de iniciativae dotadas de certa capacidade de resistir e de participar da accedilatildeo dosprofessores (TARDIF LESSARD 2005 p 35)
Pensando a praacutetica docente e a relaccedilatildeo com a inclusatildeo Tardif e Lessard (2005)
referem que a experiecircncia curricular do professor o deixa mais flexiacutevel ou seja o
professor consegue adaptar melhor o curriacuteculo de acordo com as necessidades da turma
e as diferentes especificidades de aprendizagens presentes numa turma exigem do
docente uma praacutetica aberta a possibilidades pedagoacutegicas
27
Barbosa (2009) enuncia que devemos organizar a escola para que as crianccedilas
tenham a liberdade de viver sua infacircncia e para que isso seja possiacutevel o docente deve
transformar os materiais os espaccedilos e realizar situaccedilotildees que provoquem nas crianccedilas o
desejo de aprender brincar e interagir com os demais
Neste sentido o professor natildeo deve realizar suas atividades com as crianccedilas como
se fosse apenas uma tarefa do seu trabalho mas sim instigar sua turma[]a docecircncia eacute a praacutetica na qual cada accedilatildeo exige a tomada de umadecisatildeo ou opccedilatildeo teoacuterica O exerciacutecio do magisteacuterio envolve concepccedilotildeesteacutecnicas procedimentos instrumentos estudos e projeccedilatildeo deexperiecircncias Poreacutem esses artefatos precisam estar incorporados noscontextos sociais nas interpretaccedilotildees que o docente pode efetuar doacontecido e lanccedilar agraves metas que estabeleceu para o futuro (BARBOSA2009 p 101)
Gobbato e Barbosa (2019) assinalam que possuiacutemos ainda uma dificuldade nas
escolas infantis que eacute usar o adulto no centro das suas praacuteticas e natildeo preocupadas com
a crianccedila que ali se encontra inserida utilizando apostilas livros e roteiros prontos que
utilizam a aprendizagem individual sem contato com os demais se apoiando em materiais
jaacute prontos Esse tipo de didaacutetica faz com que as crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar
natildeo imaginar e natildeo brincar
A interverccedilatildeo pedagoacutegica nesta etapa da educaccedilatildeo deve ser em sintonia e em
construccedilatildeo com a turma natildeo se deve copiar planos de outros colegas que natildeo estatildeo no
mesmo contexto social ldquofamiliarizar-se com as experiecircncias dos outros natildeo deve servir
para inspirar a fazer o mesmo para replicar um modelordquo (GOBBATO BARBOSA 2019 p
7)
A docecircncia citada pelas autoras enuncia que a professora deve interagir com a
turma e perceber quais praacuteticas adotar para construir os conhecimentos das crianccedilas a se
entender como sujeitos em um contexto social brincar pensar e viver a infacircncia
A praacutetica docente precisa considerar que a aprendizagem de daacute por meio de
experiecircncias concretas na perspectiva dos campos de experiecircncia previstos na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL 2017) oportunizando que crianccedilas
entrelacem seus saberes cotidianos aos conhecimentos
28
3 METODOLOGIA
Quanto aos procedimentos metodoloacutegicos esse estudo emprega a abordagem
qualitativa do tipo estudo de caso Segundo Yin (2001) este meacutetodo teve iniacutecio na
Medicina haacute mais de dois mil anos quando o Grego Hipoacutecrates relacionou 14 casos
cliacutenicos Trata-se portanto de uma das mais antigas formas de pesquisa cientiacutefica
conhecida chegando a campos como o jornalismo a administraccedilatildeo a contabilidade a
economia e principalmente na educaccedilatildeo Ainda Godoy (1995) relata que esse tipo de
pesquisa comeccedilou a tomar reconhecimento haacute 30 anos
A pesquisa qualitativa eacute usada principalmente na aacuterea da educaccedilatildeo eacute valorizada
por ter contato direto com o sujeito que estaacute sendo pesquisado Como complementa
Godoy (1995 p61)De maneira diversa a pesquisa qualitativa natildeo procura enumerar e oumedir os eventos estudados nem emprega instrumental estatiacutestico naanaacutelise dos dados Parte de questotildees ou focos de interesses amplos quevatildeo se definindo agrave medida que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos
Godoy (1995) assinala que este meacutetodo de pesquisa o pesquisador vai a campo
objetivando entender os fenocircmenos das pessoas envolvidas na pesquisaA pesquisa qualitativa natildeo enumera ou mede os eventos estudados e queiratildeo se definindo na medida em que o estudo se desenvolve Envolve aobtenccedilatildeo de dados descritivos sobre pessoas lugares e processosinterativos pelo contato direto do pesquisador com a situaccedilatildeo estudadaprocurando compreender os fenocircmenos segundo a perspectiva dossujeitos ou seja dos participantes da situaccedilatildeo em estudo (GODOY 1995p 58)
A escolha por esse tipo de pesquisa se deu apoacutes a contextualizaccedilatildeo da pesquisa
em termos da literatura ao observar que a praacutetica pedagoacutegica com alunos autistas satildeo
fenocircmenos que guardam especificidades proacuteprias que natildeo podem ser generalizadas O
estudo proposto iraacute permitir uma compreensatildeo do fenocircmeno da praacutetica pedagoacutegica e
assim aprofundar conhecimentos sobre o contexto pesquisado podendo estabelecer
relaccedilotildees com o campo de estudo
29
Yin (2001) afirma que este tipo de pesquisa eacute usado para responder problemas de
pesquisa que usam o ldquocomo e ldquopor quecircrdquo Uma vez que natildeo se busca o resultado
mensuraacutevel e sim os processos pelos quais se chegam nos resultados
Ainda sobre o estudo de caso Lakatos e Marconi (2011) afirmam que este estudo
reuacutene o maior nuacutemero de informaccedilotildees detalhadas procurando saber por que e como
acontece e de que acordo com as outras abordagens com o estudo de caso eacute mais faacutecil
de conseguir este resultado
Portanto este estudo visa compreender o evento que estaacute sendo estudado e em
um movimento de explorar descrever e explicar Lakatos (1996 p189) ainda enfatiza as
vantagens desse meacutetodoa) Acuacutemulo de informaccedilotildees sobre determinado fenocircmeno que tambeacutempodem ser analisadas por outros pesquisadores com objetivosdiferentes b) Facilidade na obtenccedilatildeo de uma amostragem deindiviacuteduos sobre determinada populaccedilatildeo ou classe de fenocircmenos
Como jaacute citado a forma de coleta a teacutecnica de entrevista eacute entendida aqui como
um ldquo[] um encontro entre duas pessoas a fim de que uma delas obtenha informaccedilotildees a
respeito de determinado assunto mediante uma conversaccedilatildeo de natureza profissionalrdquo
(LAKATOS MARCONI 2003 p195)
A entrevista seraacute da forma de perguntas natildeo estruturadaO entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situaccedilatildeo em qualquerdireccedilatildeo que considere adequada Eacute uma forma de poder explorar maisamplamente uma questatildeo Em geral as perguntas satildeo abertas e podemser respondidas dentro de uma conversaccedilatildeo informa (LAKATOSMARCONI 2003 p 197)
A entrevista segundo Ander-Egg (1978 p110) apresenta trecircs modalidades mas
para esta pesquisa irei utilizar a modalidade dirigida no qual se encontra no Apecircndice A
o roteiro de entrevista e o TCLE as entrevistas foram gravadas transcritas e depois
devolvidas ao participante da pesquisa
Foi realizada a entrega da carta de apresentaccedilatildeo para as professoras juntamente
com o projeto para ser realizada a pesquisa Em um segundo momento foi realizada uma
reuniatildeo via Google-meet com as participantes da pesquisa explicando o projeto para que
todas compreendam e na sequecircncia assinem o TCLE para comeccedilar a execuccedilatildeo do
trabalho O criteacuterio de escolha dos participantes satildeo professores de turmas que atendem
crianccedilas autistas
30
A coleta de dados se deu pelo contato direto com as participantes na perspectiva
de Lakatos e Marconi (2003) e foram gravadas com autorizaccedilatildeo das participantes Apoacutes
as entrevistas foi realizada a transcriccedilatildeo momento em que as respostas aos
questionamentos foram digitadas em fichamento Apoacutes organizados em uma tabela com
as perguntas e respostas em formato de planilha
O exerciacutecio analiacutetico busca inspiraccedilatildeo em Bardin (1977) cuja abordagem se
organiza em trecircs (3) fases
a) Preacute-anaacutelise
b) Exploraccedilatildeo do material
c) Tratamento dos resultados
A preacute-anaacutelise eacute a primeira etapa da organizaccedilatildeo da anaacutelise na qual foi realizada
uma leitura flutuante que implica em conhecer brevemente o material recolhido A preacute-
anaacutelise se deu no exerciacutecio de tabulaccedilatildeo das respostas que foram gravadas
A exploraccedilatildeo do material diz respeito ao estudo do material orientado pelas
questotildees de pesquisa e pelo referencial teoacuterico ldquoEsta fase longa e fastidiosa consiste
essencialmente de operaccedilotildees de codificaccedilatildeo desconto ou enumeraccedilatildeo em funccedilatildeo de
regras previamente formuladardquo (BARDIN 1977 p 101)
A terceira fase foi tratamento dos resultados inferecircncia e interpretaccedilatildeo A
inferecircncia na anaacutelise de conteuacutedo se indica por diversos pontos de atenccedilatildeo satildeo pontos
de atraccedilatildeo da comunicaccedilatildeo
O exerciacutecio de anaacutelise inspirou-se conceitos e proposiccedilotildees estabelecendo uma
relaccedilatildeo entre o campo de estudo e a cultura dos informantes e natildeo de definiccedilatildeo cientiacutefica
Durante a interpretaccedilatildeo dos dados foi necessaacuterio voltar com atenccedilatildeo aos marcos
teoacutericos relacionados agrave pesquisa pois eles datildeo o embasamento e as perspectivas
importantes para o estudo Os dados obtidos no entrelaccedilamento com a fundamentaccedilatildeo
teoacuterica deram sentido agrave interpretaccedilatildeo
314 ANAacuteLISE E REFLEXAtildeO DOS DADOS
Como citado na introduccedilatildeo este trabalho teve o intuito de pesquisar sobre a praacutetica
pedagoacutegica com alunos autistas na educaccedilatildeo infantil A instituiccedilatildeo de ensino em que
atuam as participantes da pesquisa estaacute localizada na cidade de Arroio dos Ratos haacute mais
de 20 anos e possui turmas desde o berccedilaacuterio ateacute o Ensino Meacutedio Sua proposta
Educaccedilatildeo Inclusiva se baseia principalmente na legislaccedilatildeo vigente Conforme as
diretrizes a escola fazer com que o aluno com deficiecircncia seja livre e possa atingir seus
objetivos educacionais incluiacutedos em sala referecircncia
Visando preservar o anonimato das participantes natildeo seratildeo divulgados seus
nomes Como ambas participantes satildeo do sexo feminino seratildeo denominadas de
Professora A e Professora B
A professora A eacute formada em Magisteacuterio possui graduaccedilatildeo em Pedagogia e estaacute
terminando sua Poacutes-graduaccedilatildeo em Educaccedilatildeo Inclusiva Jaacute a Professora B possui
graduaccedilatildeo em Pedagogia e Poacutes-graduaccedilatildeo em Psicopedagogia Cliacutenica e Escolar e neste
ano ela iniciou seu Mestrado em Educaccedilatildeo
Em relato sobre quanto tempo elas atuam como professoras a Professora A diz
que neste ano completa 12 anos atuando em sala referecircncia Jaacute a Professora B relata
que estaacute atuando como docente haacute 9 anos
41 EXPERIEcircNCIAS E CONCEPCcedilOtildeES ACERCA DA INCLUSAtildeO DA CRIANCcedilA COM
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL
Esse conjunto analiacutetico foi elaborado considerando as manifestaccedilotildees das
professoras participantes quanto agraves suas experiecircncias e concepccedilotildees na docecircncia de
crianccedilas com autismo Seguindo o roteiro quando questionadas sobre o que eacute Inclusatildeo
Escolar as docentes manifestaram suas compreensotildees A Professora A coloca que
Jaacute a Professora B enfatiza que
Eu vejo a inclusatildeo como uma forma de aceitar a crianccedila como ela eacuteseja com deficiecircncia ou natildeo eacute vocecirc estudar e entender qual a melhorforma de trabalhar com aquela crianccedila em uma sala de aula regular[] (PROFESSORA A 2021)
32
As falas das professoras evidenciam a preocupaccedilatildeo quanto agrave relevacircncia de a
escola se adequar agraves necessidades dos estudantes e natildeo o contraacuterio
Segundo Carvalho (2010) eacute preciso repensar novos modelos educacionais e natildeo
copiar de modelos jaacute prontos refazendo adaptaccedilotildees e estrateacutegias para auxiliar as
necessidades de cada aluno e que ajudem no seu desenvolvimento
A partir desta fala da Professora A eacute possiacutevel refletir estrateacutegias para garantir que a
crianccedila com TEA seja respeitada e entendida Sobre isto a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015
(BRASIL 2015) sugere que o professor deve realizar um estudo para identificar as
necessidades e habilidades de cada aluno e apoacutes isto preparar seu plano e os recursos
que iraacute utilizar
Contudo a professora B acentua uma problemaacutetica presente muitas vezes nas
escolas quando se coloca a inclusatildeo sob a reponsabilidade de alguns professores ao
inveacutes do coletivo da escola
Sobre a concepccedilatildeo das professoras acerca do Autismo a Professora A relata que
A Professora B assinala que
Mediante as concepccedilotildees das duas professoras eacute possiacutevel observar que ambas
natildeo vinculam o Autismo a um laudo meacutedico e chamam atenccedilatildeo para as singularidades de
cada um Sobre isto as noccedilotildees das professoras convergem com o que Silva e Angelucci
(2018) defendem trazendo a concepccedilatildeo de que a crianccedila com deficiecircncia deve vivenciar
o ensino e a aprendizagem fora de patologias ou laudos meacutedicos propondo ver aleacutem de
um diagnoacutestico
[] o Autismo natildeo tem geneacutetica eles satildeo uacutenicos e cada crianccedila temsua especificidade e age diferente natildeo eacute apenas ter carinho e amoreacute entendimento das dificuldades das crianccedilas (PROFESSORA A2021)
Para mim eacute preciso pensar em uma preparaccedilatildeo para a inclusatildeo poisagraves vezes a sala de aula que o aluno eacute colocado natildeo eacute adequado paraele ele precisa de atenccedilatildeo pois possui dificuldades entatildeo vejo que ainclusatildeo vai aleacutem de apenas inserir um aluno ali precisa-se entende-lo respeitaacute-lo e ajudaacute-lo (PROFESSORA B 2021)
[] a concepccedilatildeo do Autismo vai muito mais aleacutem de um laudomeacutedico fala sobre a crianccedila sobre quem ela eacute e quem ela quer serquais satildeo suas dificuldades e facilidades (PROFESSORA B 2021)
33Sobre as experiecircncias jaacute vivenciadas com crianccedilas Autistas na Educaccedilatildeo Infantil a
Professora A relata
Jaacute a Professora B enuncia que
Ambas professoras mostram a preocupaccedilatildeo em promover um trabalho integrado
sem segregar a crianccedila em nenhum momento Nesse sentido a Nota Teacutecnica nordm 22015
(2015) recomenda inclusive que o AEE natildeo seja promovido em sala de recursos e sim
na proacutepria sala referecircncia (BRASIL 2015) Carvalho (2010) enfatiza que a escola deve
ser um espaccedilo inclusivo e ter interatividades que garantam o direito de Educaccedilatildeo sem
ser excluiacutedo dos demais
Sobre as praacuteticas Inclusivas no dia a dia as Professoras relatam que
Como se vecirc a Professora A enfatiza a importacircncia da experiecircncia para seu proacuteprio
aprendizado e para aprimorar a sua praacutetica frente agrave inclusatildeo De certo modo a Professora
B tambeacutem vai nessa direccedilatildeo acrescentando a necessidade do estudo
Tardif e Lessard (2005) ressaltam que a experiecircncia em sala referecircncia faz com
que o professor se torne mais flexiacutevel em suas aulas e no acircmbito da Educaccedilatildeo Inclusiva
a experiecircncia torna o docente preparado para auxiliar o aluno em sala de e ajudar na
inclusatildeo na sala referecircncia
[]em geral acredito que a melhor forma de realizar a inclusatildeo eacutenatildeo excluiacute-lo de nada de nenhuma atividade mas sempreentendendo suas dificuldades[] (PROFESSORA B 2021)
[] pensando em minha experiecircncia aprendi a entender a conhecercada aluno e saber que cada um eacute diferente e precisa de umaatenccedilatildeo diferente[] (PROFESSORA A 2021)
[]ter experiecircncias com crianccedilas autistas eacute estar sempreestudando aprendendo e buscando melhores metodologias meajudaram a entender que cada pessoa eacute e age de um jeito assimcomo tambeacutem aprende[] (PROFESSORA B 2021)
[]busco sempre utilizar as mesmas atividades para que natildeo sesinta excluiacutedo e que os outros colegas natildeo pensem que ele eacutediferente deles embora ele possua alguma dificuldade em algumasatividades acredito que a melhor forma de inclusatildeo eacute natildeo proporatividades diferentes dos demais [] (PROFESSORA A 2021)
34A accedilatildeo do professor eacute fundamental para cumprir o regulamento que rege a
perspectiva inclusiva dos sistemas de ensino De acordo de acordo com a Lei ndeg 13146
de 2015 (BRASIL 2015) Capiacutetulo II Art 4deg ldquoToda pessoa com deficiecircncia tem direito agrave
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e natildeo sofreraacute nenhuma espeacutecie de
discriminaccedilatildeordquo
Ademais a Nota Teacutecnica nordm 2 de 2015 (BRASIL 2015) ressalta que o AEE natildeo
substitui o curriacuteculo da Educaccedilatildeo Infantil portanto a crianccedila tem o direito de realizar e
fazer das mesmas atividades dos demais colegas
42 ESPECIFICIDADES PEDAGOacuteGICAS NA SALA REFEREcircNCIA PARA CRIANCcedilAS
COM TEA A PRAacuteTICA DOCENTE
Conforme a Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 (BRASIL 2012) toda
crianccedila autista possui o direito de frequentar a sala referecircncia e a sala de Atendimento
Educacional Especializado Contudo a Nota Teacutecnica nordm 02 de 2015 (BRASIL 2015)
orienta que o AEE nesta etapa natildeo seja ofertado em espaccedilo separado e sim em todos os
espaccedilos onde a crianccedila estaacute com seus pares possibilidades experimentaccedilatildeo interaccedilatildeo
exploraccedilatildeo e expressatildeo
No contexto de atuaccedilatildeo das Professoras participantes as turmas da Educaccedilatildeo
Infantil tecircm acesso ao AEE em sala referecircncia estando de acordo com a nota Teacutecnica
Ao falarem sobre as especificidades pedagoacutegicas dos seus alunos as professoras
realizaram as seguintes ponderaccedilotildees
Conforme fica evidente ambas Professoras reforccedilam que as especificidades satildeo
relevantes no trabalho pedagoacutegico poreacutem a Professora A ao dizer que ldquocada um possui
[]cada crianccedila possui a sua nenhuma crianccedila eacute igualindependente de possuir alguma deficiecircncia ou natildeo alguns satildeomelhores em linguagens outras em ciecircncias ou matemaacutetica [](PROFESSORA B 2021)
[]cada um possui uma dificuldade diferente do outro e cada umprecisa ser utilizado uma metodologia diferente ou natildeo pois jaacutetive casos em que natildeo precisei usar uma metodologia diferente jaacuteque ele alcanccedilava seus objetivos de forma excelente [](PROFESSORA A 2021)
35uma dificuldade []rdquo estaacute dando relevo agraves dificuldades ao inveacutes das possibilidades na
proacutepria diferenccedila
Esse mesmo relevo da dificuldade estaacute novamente no dizer da Professora A ao
ser questionada sobre como eacute realizada a sua praacutetica pedagoacutegica docente com seu aluno
com TEA
Jaacute as diferentes possibilidades satildeo manifestadas no dizer da Professora B
Tardif e Lessard (2005) pontuam que os processos interativos entre professor e
aluno levam a praacuteticas pedagoacutegicas diferentes ou seja cada aluno teraacute uma forma
diferente de aprender frente a isto os docentes precisam considerar a coletividade mas
tambeacutem dar a importacircncia agraves diferenccedilas e necessidades especiacuteficas de aprendizagem
Sobre a praacutetica pedagoacutegica Gobbato e Barbosa (2019) contribuem dizendo que a
intervenccedilatildeo pedagoacutegica natildeo deve ser copiada usar planos de quem estaacute inserido em
outro contexto social portanto o docente deve interagir com seu aluno e perceber quais
as praacuteticas a adotar
Uchocirca (2015) chama atenccedilatildeo para que os professores natildeo apenas insiram o aluno
na sala referecircncia mas promova a articulaccedilatildeo de propostas pedagoacutegicas que auxiliem a
aprendizagem na Educaccedilatildeo Infantil Segundo a Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial
na Perspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva ndash PNEE-PEI (2008) a primeira fase da inclusatildeo
escolar eacute na Educaccedilatildeo Infantil pois nesta etapa a crianccedila eacute oportunizada a exercitar suas
diferentes formas de comunicaccedilatildeo seu social seu cognitivo seus aspectos fiacutesicos e
emocionais que datildeo a sustentaccedilatildeo para a construccedilatildeo dos seus conhecimentos
Quanto aos recursos utilizados e levando em consideraccedilatildeo a aprendizagem na
Educaccedilatildeo Infantil as professoras trazem as seguintes percepccedilotildees
Acredito que a melhor maneira de iniciar uma praacutetica pedagoacutegicacom um aluno autista eacute estudar e entendecirc-lo para a partir daiacutepoder ver qual seraacute a melhor forma de trabalhar com ele para quepossa avanccedilar [] (PROFESSORA B 2021)
Em primeiro momento eu o observo e vejo quais satildeo suasdificuldades quais satildeo suas habilidades seus gostos seucomportamento e apoacutes isso estudo e pesquiso sobre qual amelhor praacutetica utilizar para que o aluno consiga alcanccedilar osobjetivos e progredir (PROFESSORA A 2021)
36
Em geral as duas professoras trazem a perspectiva de uma praacutetica rica em
recursos e em vivecircncias como jogos e brincadeiras poreacutem quando a Professora A
enfatiza o brincar como forma de ldquoextrair os conhecimentos do alunordquo remete agraves
problematizaccedilotildees feitas por Barbosa e Gobbato (2019) que chama atenccedilatildeo para a
perspectiva do adulto sobre a crianccedila jaacute que muitas vezes as praacuteticas estatildeo focadas no
adulto e natildeo na participaccedilatildeo da crianccedila A legislaccedilatildeo traz que as crianccedilas da Educaccedilatildeo
Infantil constroem seus aprendizados a partir de interaccedilotildees que tambeacutem envolve o brincar
jogos educativos histoacuterias infantis criaccedilatildeo de jogos e etc ou podem ser de diversas
formas com outras crianccedilas ou individualmente enquanto constroacutei o conhecimento a
criatividade e a imaginaccedilatildeo (BRASIL BNCC 2017)
Barbosa (2009) assinala que eacute preciso estabelecer que na escola as crianccedilas
possuam liberdade de serem crianccedilas de agirem como crianccedilas e para isto se
concretizar o professor precisa modificar alguns de seus materiais ou construiacute-los
transformar em espaccedilos fazer com as situaccedilotildees provoquem a vontade de aprender
brincar descobrir imaginar e interagir
O estudo compartilha com Gobbato e Barbosa (2019) da ideia de que ainda
vivemos em uma sociedade que natildeo coloca a crianccedila no centro da praacutetica pedagoacutegica e
utilizam livros apostilhas etc Esse exemplo de didaacutetica traz a consequecircncia de que as
crianccedilas sejam instruiacutedas a natildeo pensar natildeo brincar e natildeo imaginar Na Educaccedilatildeo Infantil
eacute importante que a crianccedila brinque e tenha uma relaccedilatildeo social com os demais colegas
[]o que eu mais utilizo eacute o brincar com jogos pedagoacutegicosbrincadeiras ao ar livre brincadeiras com histoacuterias infantis elesadoram penso que o brincar eacute espetacular e a partir dele queconsigo extrair os conhecimentos do aluno[] (PROFESSORA A2021)
[] Busco sempre utilizar a brincadeira na hora da aprendizagemprocuro utilizar brinquedos que eu mesmo construo em sala deaula em conjunto com o aluno eles ficam muito contentes eansiosos para brincar A sua aprendizagem com esses brinquedospara mim eacute muito significativa (PROFESSORA B 2021)
37
CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
O estudo buscou investigar como se concretiza a praacutetica pedagoacutegica com alunos
com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educaccedilatildeo infantil em uma escola particular
de ensino no municiacutepio de Arroio dos Ratos ndash RS Teve-se a intenccedilatildeo de olhar para os
dados buscando compreender as relaccedilotildees que se estabelecem entre as estrateacutegias
pedagoacutegicas de docentes e a aprendizagem de crianccedilas com TEA assim como identificar
recursos utilizadas pelas participantes e as articulaccedilotildees possiacuteveis para a concretizaccedilatildeo da
perspectiva inclusiva nas turmas
As respostas a esses questionamentos foram descritas e analisadas a partir de
dois eixos organizados com base nos dizeres das participantes Esse exerciacutecio
evidenciou movimentos empreendidos na praacutetica docente tanto para a accedilatildeo pedagoacutegica
quanto para as relaccedilotildees sociais e interaccedilotildees no cotidiano da sala referecircncia
No eixo Experiecircncias e concepccedilotildees acerca da inclusatildeo da crianccedila com TEA na
educaccedilatildeo infantil foi possiacutevel verificar que as participantes compreendem que a crianccedila
com TEA precisa ser olhada na sua singularidade sem dar ecircnfase ao laudo A praacuteticas
inclusivas satildeo entendidas nas possibilidades de aceitaccedilatildeo e de um olhar para as
diferenccedilas Haacute menccedilotildees quanto agraves possibilidades da crianccedila com TEA mas tambeacutem um
relevo agraves dificuldades vinculadas agrave condiccedilatildeo de crianccedila com TEA
Jaacute no eixo Especificidades pedagoacutegicas na sala referecircncia para crianccedilas com TEA
a praacutetica docente os dizeres datildeo conta de salientar que o TEA natildeo se apresenta da
mesma forma pelo fato de ser o mesmo transtorno enfatizando que as diferenccedilas se
apresentam tal qual as crianccedilas que natildeo tem nenhuma deficiecircncia Assim fica evidente
as diferentes tentativas realizadas na praacutetica docente incluindo o aprofundamento do
estudo sobre cada situaccedilatildeo Mas nesse eixo tambeacutem se identifica o acento na dificuldade
relativa ao transtorno por parte de uma das participantes
Em relaccedilatildeo agraves pesquisas acessadas para a revisatildeo de literatura este estudo se
aproxima no que diz respeito agraves estrateacutegias das professoras para adaptaccedilatildeo de atividades
e a sintonia que elas possuem com as crianccedilas o que se evidencia na concretizaccedilatildeo de
praacuteticas pedagoacutegicas Se distancia nas constataccedilotildees de alguns docentes quanto agrave falta de
formaccedilatildeo na aacuterea e ao sistema falho do ensino da graduaccedilatildeo Tambeacutem em relaccedilatildeo agrave falta
de incentivo de certas escolas na promoccedilatildeo da inclusatildeo
Concluindo as praacuteticas referenciadas nesse estudo podem ser entendidas pelas
relaccedilotildees que estabelecem com as diretrizes das poliacuteticas educacionais para a perspectiva
38inclusiva pelas estrateacutegias pedagoacutegicas e tentativas para que crianccedilas sejam integradas
nas turmas natildeo pelo marcador cliacutenico do laudo mas sim pela sua diferenccedila como
pessoa
39
REFEREcircNCIAS
ANDER-egg Ezequiel Introduccioacuten a las teacutecnicas de investigacioacuten social paratrabajadores sociales 7 ed Buenos Aires Humanitas 1978
ANGELUCCI Carla Biancha A patologizaccedilatildeo das diferenccedilas humanas e seusdesdobramentos para a educaccedilatildeo especial In 37ordf REUNIAtildeO NACIONAL ANPEDFlorianoacutepolis 2015
AMARAL Marciliana B et al Breve histoacuterico da educaccedilatildeo inclusiva e algumaspoliacuteticas de inclusatildeo Um Olhar para as escolas em Juiz de Fora Juiz de ForaMG2014
APA American Psychiatric Association DSM 5 Manual Diagnoacutestico e Estatiacutestico deTranstornos Mentais 5ordm ed Porto Alegre Artmed 2014
ANDRADE LBP Educaccedilatildeo infantil discurso legislaccedilatildeo e praacuteticas institucionais SatildeoPaulo Editora UNESP Satildeo Paulo Cultura Acadecircmica 2010
ARIEacuteS Philippe Histoacuteria social da crianccedila e da famiacutelia 2 Ed Rio de Janeiro ZaharEditores 1978
BARBOSA M C S Por amor e por forccedila rotina na educaccedilatildeo infantil Satildeo PauloArtmed 2009
BARDIN Laurence Analyse de contenu Editora Presses Universitaires de France1977________________ Aacutenalise de conteuacutedo Satildeo Paulo SP Ediccedilotildees 70 2011
BERTAZZO J MOSCHINI R Acompanhamento terapecircutico escolar o atendimento aalunos com transtornos globais do desenvolvimento nas classes inclusivas 9ordmANPED SUL Florianoacutepolis SC 2012
BOSA C A SANINI C Autismo e inclusatildeo na educaccedilatildeo infantil crenccedilas eautoeficaacutecia da educadora Revista Estudos de Pscologia 2015
BRAGA C C S Pertubaccedilotildees do espectro do autismo e inclusatildeo atitudes erepresentaccedilotildees dos pais professores e educadores de infacircncia 2010 Dissertaccedilatildeo(Mestrado em Educaccedilatildeo Especial) - Universidade do Minho- Institudo de Educaccedilatildeo 2010
BRASIL Decreto Nordm 7611 17 de Novembro de 2011 Dispotildee sobre a educaccedilatildeoespecial o atendimento educacional especializado Planalto 2011
BRASIL Ministeacuterio da educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo NacionalLDB 9394 1996
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Poliacutetica Nacional de Educaccedilatildeo Especial naPerspectiva da Educaccedilatildeo Inclusiva Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho
40nomeado pela Portaria nordm 5552007 prorrogada pela Portaria nordm 9482007 entregue aoMinistro da Educaccedilatildeo em 07 de janeiro de 2008quivospdfpoliticaeducespecialpdf
BRASIL Lei nordm 11941 de 27 de Maio de 2009 Art 4 Planalto 2009
BRASIL Resoluccedilatildeo CNECEB nordm 4 de 2 de outubro de 2009 - Institui DiretrizesOperacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Baacutesicamodalidade Educaccedilatildeo Especial
BRASIL Lei Nordm 12764 de 27 de Dezembro de 2012 Institui a Poliacutetica Nacional deProteccedilatildeo dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista Planalto 2012
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria de Educaccedilatildeo Baacutesica Diretrizes curricularespara a Educaccedilatildeo Infantil 2012
BRASIL Congresso Nacional Lei nordm 12796 de 4 de Abril de 2013 altera a lei nordm 9394de 20 de dezembro de 1996 que estabelece as diretrizes e bases da educaccedilatildeo nacionalpara dispor sobre a formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilao e dar outras providecircnciasBrasiacutelia 2013
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Nota teacutecnica conjunta nordm 22015 Orientaccedilotildees para aorganizaccedilatildeo e oferta do Atendimento Educacional Especializado na Educaccedilatildeo Infantil
BRASIL Lei nordm 13146 de Julho de 2015 Institui a lei Brasileira de Inclusatildeo da pessoacom deficiecircncia 2015
BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Base Nacional Comum Curricular Brasiacutelia 2017
BRASIL SENADO Censos demograacuteficos teratildeo dados sobre autismo 2019 Disponiacutevelem httpswww12senadolegbrnoticiasmaterias20190423censos-demograficos-terao-dados-sobre-autismo
BRAUNWALD E et al Medicina Interna Harrison Ed Rio de Janeiro GuanabaraKoogan 1988
CARVALHO R E Temas em educaccedilatildeo especial 2 ed Rio de JaneiroWVA 2000
CARVALHO R E Escola Inclusiva a reorganizaccedilatildeo do trabalho pedagoacutegico 3ordf ediccedilatildeoPorto Alegre Editora Mediaccedilatildeo 2010 (p 91-119)
CORREcircA M C D V A tecnologia a serviccedilo de um sonho Um estudo da reproduccedilatildeoassistida no Brasil Tese (Doutorado em Sauacutede Coletiva) - Instituto de Medicina SocialUniversidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 1997
DEL PRIORE Mary Histoacuteria das crianccedilas no Brasil 7ordf ed Satildeo Paulo EditoraContexto 2013 p 444
FARIAS E MENEZES M Inclusatildeo escolar do aluno com necessidadeseducacionais especiais Contribuiacuteccedilotildees ao professor do ensino regular Paranavaiacute 2009
GOBBATO C BARBOSA M C S A Artesania o Diaacutelogo e a Cooperaccedilatildeo uma
41perspectiva para a didaacutetica na educaccedilatildeo infantil Revista Poieacutesis Tubaratildeo-SantaCatarina v 13 n 24 p 350-365 JulDez 2019
GODOY A S Introduccedilatildeo agrave pesquisa qualitativa e suas possibilidades In Revista deAdministraccedilatildeo de Empresas - RAE v35 n2 p57-63 marabr 1995
GUIMARAtildeES D Relaccedilotildees Entre Bebecircs e Adultos na Creche o cuidado como eacuteticaSatildeo Paulo Cortez 2011
HERNICK A C FARIA P M F Histoacuteria da infacircncia no Brasil In EDUCERE- XIICongresso Nacional de Educaccedilatildeo 2015 Paranaacute PR Traz discussotildees sobre a histoacuteriae valorizaccedilatildeo da crianccedila no Brasil Paranaacute UNINA 2015 p 1-11
JANNUZZI G A Luta Pela Educaccedilatildeo do Deficiente Mental no Brasil CampinasEditores Associados 1992
KUHLMANN JR M Histoacuteria da Educaccedilatildeo Brasileira Revista Brasileira de EducaccedilatildeoMaiJunJulago nordm 14 2000
KUHLMANN JR M MAGALHAtildeES M das G S A Infacircncia nos almanaquesnacionalismo sauacutede e educaccedilatildeo (1920-1940) Belo HorizonteMG v26 n 01 p 327-350 Abril 2010 2010
KUHLMANN JR M Infacircncia e Educaccedilatildeo Infantil uma abordagem histoacuterica 6 ed PortoAlegre Mediaccedilatildeo 2011
LAKATOS E M MARCONI M A Fundamentos da metodologia cientiacutefica 5 ed SatildeoPaulo Atlas 2003
LAKATOS E M MARCONI M A Metodologia do trabalho cientiacutefico procedimentosbaacutesicos pesquisa bibliograacutefica projeto e relatoacuterio publicaccedilotildees e trabalho cientiacutefico 7 edSatildeo Paulo Atlas 2011
LUumlDKE J P R Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso sobreas crenccedilas dos educadores Porto Alegre 2011 27 f Monografia (graduaccedilatildeo)-Universidade Federal do Rio Grande do Sul- Curso de Especializaccedilatildeo em PsicologiaEscolar e Educacional 2011
MAZZOTA M J da S Educaccedilatildeo Especial no Brasil histoacuteria e poliacuteticas puacuteblicas 2 edSatildeo Paulo Cortez 1999 p 27-131
MENDES E G Desafios Atuais na Formaccedilatildeo do Professor de Educaccedilatildeo EspecialIn MEC Secretaria de Educaccedilatildeo Especial Revista Integraccedilatildeo Brasiacutelia 2002
MICARELLO H Formaccedilatildeo de professores da educaccedilatildeo infantil puxando os fios dahistoacuteria Campinas Satildeo Paulo Papirus 2011
MOUSINHO R et al Mediaccedilatildeo Escolar e Inclusatildeo revisatildeo dicas e reflexotildees RevistaPsicopedagia 2010 vol27 n82 p 92-108
42
NASCIMENTO E C M Processo histoacuterico da educaccedilatildeo infantil no Brasil Educaccedilatildeoou Assistecircncia EDUCRE - XII Congresso Nacional de Educaccedilatildeo ParanaacutePR 26 a 29de Outubro de 2015
NETO J C de S Histoacuteria da crianccedila e do adolescente no Brasil UNIFEO revistasemestral do Centro Universitaacuterio FIEO ndash 2ordm ano nordm 3 2000
PRACcedilA E T P de O Uma reflexatildeo acerca da inclusatildeo de aluno autista no ensinoregular Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Educaccedilatildeo Matemaacutetica) Universidade Federal de Juizde Fora Instituto de ciecircncias exatas Juiz de fora 2011
PASCHOAL J D MACHADO M C G A Histoacuteria da Educaccedilatildeo Infantil no BrasilAvanccedilos retrocessos e desafios dessa modalidade Educacional Revista HISTEDBR SatildeoPaulo Campinas n33 p78-95 Marccedilo de 2009
PASSETI Edson O que eacute menor Coleccedilatildeo primeiros passos 3ordm ed Editora Brasiliense1998
SANINI C Autismo e Inclusatildeo na Educaccedilatildeo Infantil um estudo de caso longitudinalsobre a competecircncia social da crianccedila e o papel da educadora Tese de doutorado(Doutorado em Psicologia) - Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Psicologia doDesenvolvimento Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2011
SANTOS J C F dos Aprendizagem Significativa modalidades de aprendizagem eo papel do professor Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2008
SILVA K C dos S ANGELUCCI C B A loacutegica medicalizante nas poliacuteticas puacuteblicasde educaccedilatildeo Revista Educaccedilatildeo Especial v 31 n 62 Santa MariaRS julset 2018
TARDIF M LESSARD C O Trabalho Docente elemento para uma teoria da docecircnciacomo profissatildeo de interaccedilotildees humanas Rio de Janeiro Petroacutepolis 2005
UCHOcircA Y F A Crianccedila Autista na Educaccedilatildeo Infantil desafios e possibilidades naeducaccedilatildeo inclusiva 41 f Monografia (graduaccedilatildeo)- Universidade Estadual da Paraiacuteba -Curso de Pedagogia Campina Grande 2015
UNICEF Declaraccedilatildeo Mundial sobre Educaccedilatildeo para Todos Jomtien Tailacircndia de 5 a 9de marccedilo de 1990
UNESCO Declaraccedilatildeo de Salamanca e linha de accedilatildeo sobre necessidadeseducacionais especiais Brasiacutelia 1994
VIEIRA M M F ZOUAIN D M Pesquisa Qualitativa em Administraccedilatildeo teoria epraacutetica Rio de Janeiro Editora FGV 2005
YIN R K Estudo de Caso planejamento e meacutetodos 2 ed Porto Alegre Bookman 20
43
APEcircNDICES
Apecircndice A ndash Roteiro para entrevista com os docentes1 Qual a sua formaccedilatildeo inicial
2 Vocecirc possui alguma especializaccedilatildeo Qual
3 Me conte sobre quanto tempo vocecirc atua como professora
4 Fale sobre inclusatildeo escolar
5 Qual sua concepccedilatildeo sobre autismo
6 Fale sobre sua experiecircncia com alunos autistas
7 Como eacute feita a praacutetica de inclusatildeo do aluno
8 Conte-me sobre as especificidades de aprendizagens com o aluno autista
9 Conte sobre sua praacutetica pedagoacutegica com o aluno
10Quais os recursos que vocecirc costuma usar
11Vocecirc faz alguma mudanccedila na sua forma de planejar as aulas
12O que vocecirc considera como fundamental na sua relaccedilatildeo com a crianccedila
13Mais alguma consideraccedilatildeo que vocecirc tenha a dizer sobre sua praacutetica
pedagoacutegica com o aluno
44
Apecircndice B ndash Carta de apresentaccedilatildeo
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SUL
UNIDADE UNIVERSITAacuteRIA LITORAL NORTE OSOacuteRIORS
Carta de ApresentaccedilatildeoSenhor (a) Diretor (a)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO GRANDE DO SULCURSO DE PEDAGOGIA - LICENCIATURA
Osoacuterio 25 de Marccedilo de 2021
APRESENTACcedilAtildeO
Ao cumprimentaacute-los cordialmente apresentamos Vitoacuteria Lima Benites de Souzaacadecircmica do Curso de Licenciatura em Pedagogia e solicitamos a possibilidade de
realizaccedilatildeo de um estudo para o Trabalho de Conclusatildeo do Curso da acadecircmica que
tematiza sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICAPEGAGOacuteGICA DOCENTE
A pesquisa tem como objetivo analisar a praacutetica pedagoacutegica realizada por
professoras na Educaccedilatildeo Infantil com crianccedilas Autistas
A pesquisa seraacute orientada pela Professora da Universidade Estadual do Rio
Grande do Sul Doutora Helena Venites Sardagna
De antematildeo agradecemos o aceite e colocamo-nos agrave inteira disposiccedilatildeo
Atenciosamente
Profordf Drordf Helena Venites Sardagna
Orientadora
45
Apecircndice C ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade Estadual do Rio Grande do SulUnidade Universitaacuteria Litoral Norte ndash OsoacuterioRS
Rua Machado de Assis 1456 - Sulbrasileiro Osoacuterio - RS 95520-000
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)Senhor(a) Professor(a)
Sou orientanda do Curso de Graduaccedilatildeo em Pedagogia Licenciatura realizado pela
Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) e estou realizando um estudo de
caso sobre A CRIANCcedilA AUTISTA NA EDUCACcedilAtildeO INFANTIL E A PRAacuteTICA
PEDAGOacuteGICA DO DOCENTE Assim gostaria de consultaacute-lo(a) sobre seu interesse e
disponibilidade de cooperar com a pesquisa Esclareccedilo que este estudo poderaacute fornecer
agraves instituiccedilotildees de ensino subsiacutedios para o planejamento de atividades com vistas agrave
promoccedilatildeo de condiccedilotildees favoraacuteveis ao pleno desenvolvimentos dos alunos em contextos
inclusivos e ainda favorecer o processo de formaccedilatildeo continuada dos professores nesse
contexto de ensino A coleta de dados seraacute realizada por meio de entrevista e observaccedilatildeo
das aulas durante duas semanas a entrevista seraacute gravada e transcrita apoacutes este
processo ela seraacute devolvida a Vossa Senhoria para validar a entrevista
Esclareccedilo que a participaccedilatildeo no estudo eacute voluntaacuteria e livre de qualquer
remuneraccedilatildeo ou benefiacutecio Vocecirc poderaacute deixar a pesquisa a qualquer momento que
desejar e isso natildeo acarretaraacute qualquer prejuiacutezo ou alteraccedilatildeo dos serviccedilos disponibilizados
pela escola Asseguro-lhe que sua identificaccedilatildeo natildeo seraacute divulgada em hipoacutetese alguma e
que os dados obtidos seratildeo mantidos em total sigilo sendo que seratildeo analisados em
sigilo Os dados provenientes de sua participaccedilatildeo na pesquisa ficaratildeo sob a guarda do
pesquisador responsaacutevel pela pesquisa
Caso tenha alguma duacutevida sobre o estudo o(a) senhor(a) poderaacute me contatar
pelo telefone _____________________ ou no endereccedilo eletrocircnico _____________ Se
tiver interesse em conhecer os resultados desta pesquisa por favor indique um e-mail de
contato
46Este documento foi elaborado em duas vias uma ficaraacute com o(a) pesquisador(a)
responsaacutevel pela pesquisa e a outra com o senhor(a)
Agradeccedilo antecipadamente sua atenccedilatildeo e colaboraccedilatildeo
Respeitosamente
_____________________________________
Vitoacuteria Lima Benites de Souza
____________________________________
Assinatura do Professor
E-mail (opcional)
_____________________________________