a cotovia

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cotovia

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  • A Cotovia

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  • A Cotovia

    Era uma vez um cidado de Cracvia que, tendo departir para longa viagem, reuniu ao seu redor asfilhas e perguntou-lhes que presente queriam suavolta.A mais velha manifestou o desejo de possuirprolas, a do meio pediubrilhantes, e a mais moa exclamou:- Querido papai, eu queria uma cotovia que cante eque dance.O pai pensou um momento e depois respondeu:- Se eu conseguir encontr-la, tr-la-ei de boavontade.Preparando-se para voltar da sua viagem, tinha jcomprado as prolas e os brilhantes para as duasirms mais velhas, mas no lhe fora ainda possvelencontrar a cotovia pedida pela caula.O bom homem estava bastante triste, porque afilha mais moa era a sua preferida e ele teria feitode boa vontade qualquer sacrifcio para content-la.Chegando em frente a um castelo situado no meioda floresta, parou e,levantando o olhar, avistou em cima de uma rvoreuma cotovia que cantava e saltitava.Satisfeito com aquela descoberta, ordenou ao seu

  • criado que subisse a rvore e se apoderasse dopssaro. Mas, exatamente quando o criado iaestender a mo para a avezinha, chegou um leoque comeou a rugir com tanta fora que fez tremer a copa da rvore.- Quem ousa tentar roubar a minha pequenacotovia, que salta e dana?- gritou - Devorarei o temerrio.- Ignorava que este pssaro fosse de tuapropriedade - disse o homem .- Mas para remediar omeu erro, dar-te-ei muito ouro e espero que no medevores.- Agora j tarde demais - afirmou o leo -. Sequiseres salvar-te, ters de prometer-me que meentregars a primeira criatura que encontrares, malentres em casa. S com esta condio te concedo avida e te dou a cotovia para a tua filha mais moa.A estas palavras o homem comeou a tremer,porque lhe faltava coragem para fazer semelhantepromessa. Ele sabia que a sua adorada filha maismoa era sempre a primeira a correr ao seuencontro.Mas o criado, que estava meio morto de medo,aconselhou-o a aceitar a proposta do leo, dizendo-lhe: Por que haveria de vir ao seu encontroexatamente a sua filha mais moa? No poderiamuito bem ser o co ou o gato?0 homem hesitou ainda um momento, e depois sedeixou convencer; pegou na cotovia que cantava edanava, e em seguida prometeu ao leo que lhetraria a primeira criatura que encontrasse ao chegara casa.

  • Mas a primeira pessoa que lhe correu ao encontro,saltando-lhe ao pescoo, beijando-o e abraando-o,foi justamente a filha mais moa que, vendo acotovia, deixou escapar um grito de alegria.0 pobre pai no podia compartilhar da sua alegria ecomeou a chorardesconsoladamente.- Minha querida filha, tu no sabes como me custoucara esta cotovia! Para conseguir a sua posse tivede dar a minha palavra de que te entregaria a umterrvel leo, que certamente te devorar.Depois, contou tudo o que lhe acontecera,suplicando-lhe que no fosse a floresta onde aesperava o leo.Mas a moa fez-se de corajosa e quis consol-lo.- Querido papai, preciso que o senhor mantenha apalavra que deu. Irei ao encontro do leo, econseguirei dom-lo, de maneira que me deixevoltar s e salva.E, na manh seguinte, antes que despontasse aaurora, abraou o pai e dirigiu-se em seguida afloresta.Mas o leo era filho de um rei, transformado emfera por obra de um encantamento e, durante anoite, retomava a sua figura humana de belssimojovem.Quando encontrou a moa, acolheu-a com muitaalegria e conduziu-a ao castelo. Na noite seguintese casaram, e por muito tempo viveram felizes,dormindo durante o dia e velando noite.Uma noite, voltando ao castelo, o leo disse ajovem esposa:- Soube que amanh haver uma grande festa em

  • casa de teu pai, porque se casa a tua irm maisvelha. Se quiseres ir l, os meus lees teacompanharo.Contente por poder rever o pai e as irms, a moaaceitou com grande entusiasmo e agradeceu aoesposo aquela gentil lembrana.Quando chegou casa paterna, juntamente com oslees, foi acolhida com indizvel alegria, porquetodos j a tinham chorado por morta. Durante ojantar do casamento contou tudo o que lheacontecera e, acabada a festa, voltou ao castelo.Veio o dia em que se casou tambm a outra irm eela foi convidada para a boda.- Desta vez quero ir na tua companhia - disse elaao marido.O leo fez-lhe notar que isso seria muito perigosopara ele, porque se um raio de luz artificial tocasseno seu corpo, ele se transformaria em uma pombapelo perodo de sete anos, durante os quais seriaobrigado a voar juntamente com os passarinhos.- Mas eu saberei proteger-te - insistiu a esposa -;farei de maneira que nenhum raio de luz artificialpouse em ti, e assim no sers transformado empomba.O leo no pode recusar-se a acompanh-la e foramambos a festa, levando consigo o filhinho. Duranteo dia, ela fez construir paredes defronte das janelasdo aposento onde o leo se refugiaria, mal seacendessem as primeiras luzes para celebrar asnpcias. Mas a porta, que era de madeira muitoverde, rachou, e ningum percebeu a fenda, porqueera invisvel.Depois da celebrao do casamento, o cortejo

  • passou defronte do quarto onde se encontrava oleo e a luz dos archotes penetrou pela fenda,pousando sobre o leo, que ficou logo transformadoem pomba.Quando a moa abriu a porta para chamar o leo,viu uma pomba branca que voltava pelo aposento eque lhe disse:- Durante sete anos terei de voar pelo mundo. Mas,se quiseres libertar-me, eu deixarei cair de sete emsete passos uma gota de sangue e uma pena, eassim poders seguir a minha pista.Dito isto, a pomba levantou vo e a moa comeoua segui-la, percorrendo o caminho marcado pelasgotas de sangue e pelas cndidas penas. Durantequase sete anos ela caminhou assim pelo mundo,sem se importar com o cansao.Pensando na prxima libertao do esposo,experimentava grande satisfao, mas no podiaimaginar quantas dificuldades a esperavam ainda.Em certo momento, as penas e as gotinhas desangue cessaram de cair. Ela ergueu a vista para ocu, e no viu mais a pomba.Convencida de que os homens no poderiam ajud-la a encontrar a pomba desaparecida, a moa subiuao Sol, e disse-lhe:- Tu que iluminas os mais recnditos recantos daterra e resplandeces sobre todo o universo, dize-me: ters por acaso visto uma pomba toda branca?- No - respondeu o Sol -. No a vi, mas querofazer-te presente deste cofrezinho que abrirsquando te achares em algum grave embarao.Ela pegou no cofrezinho, agradeceu ao Sol eretomou o caminho at que, tendo cado a noite,

  • viu aparecer a Lua no meio do firmamento.- Dize-me, cara Lua, tu que resplandeces sobre aterra nas horas de escurido, no viste uma pombatoda branca?- No. Mas quero dar-te este ovo, que deversquebrar somente em um momento de grandeembarao.Agradecendo a Lua, a moa ps-se de novo acaminho e, pouco depois, encontrou o vento danoite e perguntou-lhe:- Tu que agitas as copas das rvores e fazes ondeara relva dos prados, dize-me: no viste por acasouma pomba toda branca?- No - respondeu o vento -. No a vi. Mas vouperguntar aos trs ventos meus companheiros sesabem alguma coisa dela.O vento do leste e o vento do este no tinhamavistado a pomba branca, mas o vento sul, que foio ltimo a chegar, disse:- Eu a vi quando voava sobre o Mar Vermelho; masdepois se transformou em leo, porque j se tinhampassado os sete anos, e agora luta com um dragoque a filha de um rei.Ento o vento da noite se voltou de novo para amoa, dizendo-lhe:- Se queres aceitar um conselho meu, dirige-teimediatamente a margem esquerda do MarVermelho, onde encontrars grossas canas debambu; conta-as com ateno e corta a undcima,que a maior e a mais robusta e com a qualbaters fortemente no drago, de modo que o leopossa sair vitorioso da luta. Ento os doisretomaro as suas figuras humanas e tu olhars

  • tua volta, avistando o velho pssaro que vive nasmargens do Mar Vermelho e sobre as costas do qualsaltars imediatamente, com teu esposo. Ele voslevar ao vosso castelo, mas, como no teria foraspara atravessar o mar, devers atirar s ondas estanoz, a qual se transformar por encanto em umagrande rvore sobre a qual o velho pssaro poderrepousar. Tem presente que se te esqueceres dedeixar cair a noz, tu e teu esposo pereceroafogados nas guas do mar.A moa seguiu minuciosamente os conselhos dovento da noite, mas quando o leo e o dragoretomaram as suas formas humanas, a princesadesencantada se apoderou do jovem e o obrigou apular sobre as costas do pssaro que ergueu voem direo ao mar, sem dar tempo a moa de fazerqualquer outra coisa.A pobre jovem, que tanto caminhara e sofrera paraencontrar o esposo, deixou-se cair por terra ecomeou a chorar e a desesperar-se. Mar depoisrecobrou coragem e disse, tornando a levantar-se:- Quero caminhar ainda, enquanto o vento soprar,enquanto o galo cantar, at encontrar o meu amadoesposo.E em seguida tornou a pr-se a caminho e, dandovolta ao mundo, chegou ao palcio onde vivia oprncipe com a princesa, que estavam juntamentepreparando os seus esponsais.Ento a moa abriu o cofrezinho que lhe dera o Sol,e exclamou:- Sol, ajuda-me!O cofre continha um magnfico vestido reluzente.Ela o vestiu e depois entrou no palcio.

  • Quando a princesa a viu, ficou to entusiasmadapor aquele vestido que manifestou o desejo decompr-lo para vesti-lo no dia do casamento.- No o cederei por preo algum em dinheiro -respondeu a moa -. Se queres este vestido, deixa-me conversar esta noite com o teu noivo, em seuaposento.A princesa, desejosa de possuir o vestidoresplandecente como o Sol, consentiu, mas fezministrar ao prncipe um forte narctico, parafrustrar tanta conversao com ele.A moa foi conduzida ao quarto do jovem mas estej estava profundamente adormecido. Entoexclamou:- Segui-lo fielmente durante sete anos, estive como Sol e com a Lua, pedi conselho aos quatro ventose livrei-te do drago. Como podes ter-meesquecido?Enquanto ela falava, o prncipe continuava a dormire tinha a impresso de escutar um murmrio devento entre os ramos das rvores.Quando despontou o dia, a moa foi conduzida parafora do quarto e acompanhada at a porta docastelo.Ento sentou-se em um prado e comeou a chorar,at que se lembrou do ovo que lhe dera a Lua, e oabriu.Com grande espanto seu, viu sair dele uma galinhachoca, de ouro, com seis pintinhos tambm de ouro,que se refugiaram sob as asas da me, piando.Quando a princesa chegou a janela e viu a galinha eos seis pintinhos de ouro, gostou tanto deles quemanifestou logo o desejo de possu-los.

  • - No os cederei por nenhuma recompensa emdinheiro - disse a moa -. Deixa-me visitar de novoo teu futuro esposo.A princesa no pode deixar de aceitar, querendopossuir a todo custo a galinha e os pintinhos deouro, mas ainda desta vez fez ministrar ao jovemum forte narctico.Mas, aquela noite, o jovem perguntou ao criado osignificado do murmrio que ouvira na noite anteriorentre os ramos das rvores. O criado contou-lhe averdade, e ele recusou-se a beber o soporfero.Chegada a noite, a moa foi conduzida mais umavez ao quarto e recomeou a contar ao esposo tudoo que fizera e sofrera por ele. De repente o jovem areconheceu e se recordou da sua adorada esposaque o ajudara a vencer o drago.- Somente agora me sinto libertado doencantamento - exclamou com alegria .- A filha dorei me enfeitiara e eu vivia como um sonmbulosem poder-me recordar de ti. Que Deus sejalouvado?Na mesma noite resolveram fugir do castelo, parase subtrarem vingana do pai da princesa, queera um terrvel mago. O pssaro encantado os levouatravs dos mares, onde deixaram cair a noz, quese transformou em uma grande rvore, e poucosdias depois chegaram a sua casa, onde encontraramo filho, que era agora belssimo menino.

    FIM