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Page 1: A CONSTRUÇÃO DE UM CAMINHAR MAIS SEGURO PARA O IDOSO O DESIGN DE UMA

A CONSTRUÇÃO DE UM CAMINHAR MAIS SEGURO PARA O IDOSO: O DESIGN DE UMA

BENGALA ERGONOMICAMENTE ADEQUADA

Angela Dias Cordeiro, Bacharel Desenho Industrial / Universidade Federal de Campina Grande

Rua José Nunes da Cunha, 5336/302 – Candeias Jaboatão dos Guararapes – Pernambuco

Email: [email protected]

Palavras-chaves: idoso, bengala, ergonomia Através de observações realizadas, em Campina Grande – PB, com idosos usuários de bengala, constatamos problemas referentes ao produto e seu uso, acarretando seqüelas aos idosos. Através de entrevistas informais com fisioterapeutas e usuários, observamos a predominância do uso do mesmo modelo de bengala, as do cabo em forma de T. Foram realizados estudos de pega para o cabo, parte do teste ergonômico de Erik e outras análises. Os resultados alcançados foi o projeto de uma bengala que possui cabo anatômico, nova angulação da haste e regulagem de altura, solucionando assim, a má acomodação da mão, dedos e ombros do usuário.

Keywords: aged, cane, ergonomics Through carried through comments, in Campina Grande - PB, with aged users of cane, we evidence referring problems to the product and its use, causing sequels to the aged ones. Through informal interviews with physiotherapists and users, we observe the predominance of the use of the same model of cane, of the handle in form of T. Had been carried through studies of handle for the handle, part of the ergonomic test of Erik and other analyses. The reached results were the project of a cane that possesss anatomical handle, new angule of the connecting rod and regulation of height, thus solving, the bad room of the hand, fingers and shoulders of the user.

1.O IDOSO O papel do idoso na sociedade já vem sendo repensado há alguns anos, e é tema de vários congressos, seminários, reportagens (telejornais, impressos, etc). Discute-se, dentre outras coisas a questão geracional, ou seja, é cada vez mais comum numa mesma família convivermos com várias gerações, como filhos idosos morando com seus pais idosos lúcidos e administradores em muitos casos das despesas da família. Em 2000, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (Perfil dos Idosos responsáveis pelos Domicílios no Brasil), a quantidade de idosos equivalia a 14 milhões da população e em 2020, segundo estimativa, chegará a 30 milhões, posicionando o Brasil no ranking dos países com maior número de pessoas idosas. Sabemos que, com o avanço da idade o organismo deixa de produzir algumas substâncias. Devido a esta vulnerabilidade do organismo, surgem algumas doenças tais como (artrite, artrose, tendinites, osteoporose, AVC – Acidente Vascular Cerebral, etc.) que, em alguns casos, deixam seqüelas que levam o idoso a necessitar de um auxílio à locomoção, tais como: cadeira de rodas, andador, muletas e bengalas. Esta última apresenta-se como o apoio mais tradicional utilizado pelos idosos. Através de entrevistas informais com usuários de bengalas e fisioterapeutas, foi constatada a “predileção” por um modelo específico de bengala, a de cabo do modelo “T”. Através de estudos ergonômicos verificaram-se problemas na altura, cabo, acomodação do objeto, dificuldade de transporte, entre outros, que serão abordados neste artigo, fruto do trabalho de conclusão do curso de Desenho Industrial, da Universidade Federal de Campina Grande. 2. O USO DA BENGALA Uma das maiores causas de lesões e doenças está relacionado ao uso de equipamentos manuais. Contudo alguns critérios foram relacionados por estudiosos da área, como cita Putz-Anderson (1998) ao listar alguns indicadores de equipamentos imperfeitos:

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• Esforço estático de músculos e ombros; • Posicionamento inconveniente da mão, especialmente desvio do pulso; • Pressão contínua ou excessiva da palma da mão ou nos dedos da mão; • Instrumentos que precisam de esforços com as mãos ou muita força para serem seguradas;

Há diversas circunstâncias em que a medicina indica o uso de uma bengala a um paciente idoso para auxilio em sua locomoção. Principalmente quando o paciente apresenta dores devido a problemas no colo do fêmur, coluna, joelho e pés. A bengala é indicada para evitar a ocorrência de quedas e possíveis fraturas, devido ao desequilíbrio provocado pela dor. É importante salientar que para o uso correto da bengala, deve-se ajustá-la ao paciente em relação à distância do solo até o quadril do mesmo, e a angulação do braço deve estar entre 30º e 45º, de modo que se mantenha naturalmente alinhados os ombros e braços (posição neutra do corpo). Observou-se que alguns materiais utilizados na fabricação das bengalas, são mais utilizados do que outros, como por exemplo, a madeira em todas as partes da bengala (cabo e corpo), principalmente no modelo que está sendo analisado neste projeto, que são os modelos tipo “T”. Notou-se que as bengalas constituintes de madeira possuem um peso maior que as de alumínio (em torno de 600g a 1 kg), o que é um outro fator que torna problemático o uso prolongado do referido objeto, causando dentre outras coisas, uma sobrecarga no ombro e pulso do usuário. 3. A BENGALA T 3. 1. A Altura A bengala analisada não possui regulagem de altura, sendo comercializada num tamanho fixo de 1 m. O usuário idoso é forçado a adaptar-se ao produto o que na maioria dos casos acarreta em posturas inadequadas (ombros e coluna desalinhados), prejudicando a saúde do mesmo. 3. 2. O Cabo: Apresentado em forma de T, proporciona desconforto à mão e dedos do usuário devido à dificuldade de acomodação. O dedo polegar fica mal apoiado, submetendo uma sobrecarga nos ligamentos deste dedo e no pulso, o que freqüentemente acomete o usuário à tendinite de QUERVAIN (Caracterizado por dor na base do dedo polegar, que se intensifica quando o movimentamos para um dos lados do punho, em direção ao dedo mínimo). A haste da bengala está localizada no meio do cabo, fazendo com que a mesma fique localizada entre os dedos do usuário, causando atrito e dor. (Ver fig. 01 e 02) 3. 3. A ponteira: foi observado que o material utilizado na maioria dos casos era rígido, de madeira ou plástico e ambos sem proporcionar amortecimento e sem ser antiderrapante. 4. UMA NOVA BENGALA Tomando como base estes problemas mencionados, foram realizados estudos com massa de modelar para se chegar a uma pega anatômica, pois se constatou através da realização de parte do teste ergonômico de Erik, que a bengala em estudo, por possuir cabo com desenho geométrico não acomodava bem a mão do usuário, possuindo pouca área de contato do objeto com a mão aumentando assim a força exercida em pequenas áreas, ocasionando sobrecarga de tensão nestes locais e conseqüentemente dor, (ver fig. 03 e 04).

Fig 01 e fig 02: ilustração de três usuárias idosas com as bengalas no modelo T.

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Segundo Itiro Iida (1998), o desenho antropomorfo ou anatômico, apresenta maior superfície de contato, permite maior firmeza de pega, transmissão de maiores forças, com concentração menor de tensões em relação ao manejo geométrico. Baseando-se em tais benefícios foi escolhido o desenvolvimento do cabo anatômico. A partir dos testes com massa de modelar, pode-se chegar a uma forma anatômica que, com o aumento da área de contato da mão do usuário com o objeto, foram resolvidos os problemas de acomodação da mão e apoio do dedo polegar e demais dedos. Para solucionar o problema do posicionamento incorreto do pulso, chegou-se a uma angulação de 105º graus na parte da haste da bengala ao qual o cabo está localizado, e uma outra pequena curva de 24º graus um pouco abaixo. O problema das dores no ombro foi solucionado inserindo um sistema de regulagem de altura simples, ao qual permite que a bengala tenha uma variação de 70 cm a 01m de altura. O material utilizado para fabricação da haste foi o alumínio por ser resistente e leve, a ponteira utilizada foi uma já comercializada no mercado; de borracha e antiderrapante, possui uma cinta que permite a articulação da mesma, possibilitando que a base da ponteira fique em contato com o solo. Dessa forma resolveram-se os problemas encontrados com a bengala T. Assim, com a construção do modelo dessa nova bengala estaremos contribuindo para melhorar a qualidade de vida dos idosos que necessitam de uma bengala para auxílio em sua locomoção possibilitando-o uma maior autonomia. Ver abaixo fig 05: REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA CORDEIRO, Angela Dias. Bengala de apoio para auxílio de locomoção: um caminhar mais seguro. Trabalho de Conclusão de Curso, TCC ; Campina Grande: UFCG – 2006. IIDA, Itiro. Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher, 1998.

LUCENA, Luiz Felipe de Almeida, Ergonomia da Mão: estudos de pegas e manejos, TCC Design, 2000. NAPIER, John. A Mão do Homem: anatomia, função, evolução. Rio de Janeiro; Universidade de Brasília, 1980.

Fig 03: Bengala T com tinta aplicada no cabo

Fig 04: A área da mão suja de tinta são as regiões de contato com o objeto.

Fig 05: Nova bengala projetada

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PUTZ-ANDERSON, V. Cumulative Trauma Disorders. A Manual of Musculoskeletal Diseases of the Upper Limbs. Bristol. Taylor e Francis, 1998.