a concepção de infância segundo rousseau

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1 CONCEITO DE INFÂNCIA NA CONCEPÇÃO DE JEAN JACQUES ROUSSEAU Sandra Conceição Gonçalves Maia 1 Reginaldo Aliçandro Bordin 2 Resumo: A presente pesquisa investiga o conceito de infância em Jean-Jacques Rousseau e o lugar por ela assumido em seu projeto pedagógico, o qual concebia a existência de uma educação natural. Investiga ainda as contribuições quanto ao papel do educador nessa perspectiva educacional. Rousseau compreende que a infância era indispensável à constituição do ser humano, em especial por considerá- la o início de todo e qualquer tipo de formação. Busca-se, portanto, com este trabalho, compreender como o autor caracteriza a infância e os possíveis reflexos pedagógicos derivados de tal caracterização. Palavras chaves: Educação, Rousseau, Infância. Abstract: This research investigates the concept of childhood in Jean-Jacques Rousseau and the place that it has assumed in his pedagogical project, which conceived the existence of a natural education. It also investigates contributions on the role of educator in this educational perspective. Rousseau comprehends that childhood was indispensable to the constitution of human being, especially for considering it as the beginning of all and any type of formation. Thus, this work seeks to comprehend how the author characterizes childhood and possible pedagogical reflections derived from such characterization. Keywords: Education, Rousseau, Childhood. CONSIDERAÇÕES INICIAIS O presente estudo busca a compreensão do conceito de infância de Jean Jacques Rousseau. Nascido em Genebra, filho de Isaac Rousseau e Suzanne Bernard, cuja morte ocorreu poucos dias após o nascimento do filho, fato que causou forte impacto na vida de Rousseau. Cresceu aos cuidados do tio, Gabriel Bernard, Jean Jacques Rousseau foi educado por um pastor protestante em Bossey (Suíça). Em 1749, escreveu seu primeiro trabalho e também contribuiu com a Enciclopédia de Diderot. Em 1762, escreveu suas obras mais conhecidas, dentre as 1 Graduanda em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Maringá (Unicesumar). 2 Orientador. Graduado em Filosofia pela Universidade do Sagrado Coração (1999), Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (2003), Doutor em História da Educação, Uem. É professor do Centro de Ensino Superior de Maringá (Unicesumar).

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educação e filosofia

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    CONCEITO DE INFNCIA NA CONCEPO DE JEAN JACQUES ROUSSEAU

    Sandra Conceio Gonalves Maia1

    Reginaldo Aliandro Bordin2

    Resumo: A presente pesquisa investiga o conceito de infncia em Jean-Jacques Rousseau e o lugar por ela assumido em seu projeto pedaggico, o qual concebia a existncia de uma educao natural. Investiga ainda as contribuies quanto ao papel do educador nessa perspectiva educacional. Rousseau compreende que a infncia era indispensvel constituio do ser humano, em especial por consider-la o incio de todo e qualquer tipo de formao. Busca-se, portanto, com este trabalho, compreender como o autor caracteriza a infncia e os possveis reflexos pedaggicos derivados de tal caracterizao.

    Palavras chaves: Educao, Rousseau, Infncia.

    Abstract: This research investigates the concept of childhood in Jean-Jacques Rousseau and the place that it has assumed in his pedagogical project, which conceived the existence of a natural education. It also investigates contributions on the role of educator in this educational perspective. Rousseau comprehends that childhood was indispensable to the constitution of human being, especially for considering it as the beginning of all and any type of formation. Thus, this work seeks to comprehend how the author characterizes childhood and possible pedagogical reflections derived from such characterization. Keywords: Education, Rousseau, Childhood.

    CONSIDERAES INICIAIS

    O presente estudo busca a compreenso do conceito de infncia de Jean

    Jacques Rousseau. Nascido em Genebra, filho de Isaac Rousseau e Suzanne

    Bernard, cuja morte ocorreu poucos dias aps o nascimento do filho, fato que

    causou forte impacto na vida de Rousseau. Cresceu aos cuidados do tio, Gabriel

    Bernard, Jean Jacques Rousseau foi educado por um pastor protestante em Bossey

    (Sua). Em 1749, escreveu seu primeiro trabalho e tambm contribuiu com a

    Enciclopdia de Diderot. Em 1762, escreveu suas obras mais conhecidas, dentre as

    1 Graduanda em Pedagogia pelo Centro de Ensino Superior de Maring (Unicesumar).

    2 Orientador. Graduado em Filosofia pela Universidade do Sagrado Corao (1999), Mestre em

    Educao pela Universidade Estadual de Maring (2003), Doutor em Histria da Educao, Uem. professor do Centro de Ensino Superior de Maring (Unicesumar).

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    quais, o Emlio ou da educao, livro que debate sobre a formao do jovem,

    apresentando novos princpios educativos.

    Rousseau viveu no sculo XVIII, perodo identificado pelo Iluminismo e

    tambm marcado por ricas reflexes pedaggicas. Nesse perodo, as mudanas

    sociais apontavam para o completo esgotamento dos elementos feudais que ainda

    resistiam, como um Estado atrasado, sob o controle da igreja e de uma camada da

    nobreza, em face do desenvolvimento do comrcio e da burguesia. Os conflitos de

    classe se manifestavam tambm na filosofia e na educao: na filosofia, o

    Iluminismo se colocava como o movimento que iria combater a religio e exaltar a

    razo como fundamento do conhecimento; na educao, por sua vez, procurou

    exaltar a liberdade e a autonomia do homem. nessa conjuntura que a reflexo

    pedaggica de Rousseau se estabelece: ops-se s concepes tradicionais de

    educao e props, em sua obra Emlio, repensar a formao da criana. A partir

    desse entendimento que se interroga a concepo de educao de Rousseau e

    sua relao com o conhecimento (ARANHA, 2007).

    O Emlio ou Da educao teve seu primeiro escrito em 1762, constitui-se

    como obra em que o autor repensa os princpios que orientam a formao das

    crianas e jovens, realando os elementos que considerava naturais. Por meio da

    educao, Rousseau acreditava que era possvel retirar aqueles comportamentos

    avaliados como corruptos para redimensionar a formao do homem para ser

    poltico e moral. Essa perspectiva aponta a relao entre a educao e a poltica, a

    moralidade e o conhecimento, bem como as potencialidades naturais das crianas, o

    que faz dele um pensador original, justificando uma pesquisa sobre suas obras.

    Alm disso, prope o entendimento sobre a construo do ser criana.

    Segundo Cambi (1999), no livro de Rousseau, o papel do preceptor o de

    caminhar lentamente o aprendizado, de modo a evitar qualquer antecipao do

    conhecimento fora do perodo. Permitir que Emlio, personagem fictcio de

    Rousseau, tenha uma infncia longa, que, para o filsofo, a idade da alegria e da

    liberdade e este conceito de infncia encontra respostas no Livro I e II, em Emilio.

    A fim de entender as questes propostas nesta pesquisa, o artigo se

    desenvolve a partir de levantamentos bibliogrficos de autores que se dedicaram ao

    tema, buscando confront-los com o pensamento de Rousseau. Para tanto, foi

    realizada uma pesquisa bibliogrfica que buscou a compreenso do pensamento

    pedaggico do filsofo, sobretudo ao que se refere concepo de infncia. Este

  • 3

    trabalho foi realizado com a anlise da obra Emilio ou Da educao, e de outros

    estudos, os quais contribuem para o entendimento da concepo de infncia que o

    autor elaborou.

    o ato de educar que implicar a formao do homem fornecendo os meios

    e os instrumentos para que esse perfil se forme diante a exigncia que o momento

    histrico solicita. Ainda que esse momento seja mais complexo do que o do

    Rousseau, sua abordagem continua atual e rica, oferecendo elementos para

    repensarmos os processos de formao, no como atos formais e mecnicos, mas

    educar para construir sentidos para a prpria existncia humana (PAIVA, 2007).

    Nas obras de Rousseau, a exemplo de Emilio, merece destaque o

    entendimento de que a criana deveria ser compreendida em suas prprias

    caractersticas, ressalta com valor que as crianas teriam que ser mantidas com

    suas mes e estas amamentarem seus filhos. No que diz respeito s atividades

    desenvolvidas pelas crianas, Rousseau prope o brinquedo e o esporte. Prope

    ainda que a criana teria de ter o contato com a agricultura, assim ela aprende com

    a natureza que o objetivo do Rousseau (ROUSSEAU,1999). Para ele, a criana

    tem o seu processo de desenvolvimento, cabe ao educador respeitar este processo

    natural, no forar a criana a viver de forma corrompida. Emilio foi educado como

    uma criana inocente e no tinha consigo nenhuma noo sobre os princpios

    morais. Para ele, segundo definiu Rousseau, no havia compreenso sobre bem e

    mal, bom ou ruim, verdade ou mentira. E assim dever permanecer, pois quanto

    mais longe a criana estiver e demorar a aderir esses conceitos, melhor para ela

    (ROUSSEAU, 1999).

    Embora Rousseau no fosse um educador, contribuiu com a poltica da

    educao, afinal, para ele, o educador tinha de educar a partir de uma ao natural,

    que levasse em considerao as peculiaridades da infncia. Foi ele que mostrou a

    importncia das fases do desenvolvimento da criana para a educao e, por isso,

    Rousseau considerado como aquele que mudou a referncia da ao educativa,

    centralizando os interesses pedaggicos na criana e no mais no educador

    (ARANHA, 2007).

    Sua filosofia partia de uma educao natural, a qual est vinculada a uma

    ao otimista do homem e natureza. Seu princpio educativo e poltico era unir a

    natureza e a humanidade. A humanidade tem seu lugar na ordem das coisas e a

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    infncia tem o seu na ordem da vida humana preciso considerar o homem no

    homem e a criana na criana (ROUSSEAU, 1999, p.69).

    Neste sentido, Rousseau preconizou o entendimento que desde a infncia

    at a fase adulta funo do professor, a saber: desenvolver o que apto a cada

    idade. Dessa maneira, o filsofo formulou, com muita vivacidade, princpios

    educativos que permanecem at os dias de hoje.

    Segundo Dalbosco (2012), por meio dos pensamentos de Rousseau,

    deparamo-nos com uma crtica ao que considerava ser educao brbara ou

    tradicional. Para ele, o modo como os adultos e pedagogos de sua poca tratavam

    as crianas contribua para corromp-las, ou como afirmava, estrag-las

    (DALBOSCO, 2012).

    Assim, diante desses aspectos, interessa-nos a compreenso do sentido da

    infncia para Rousseau, com vistas a ampliar o conhecimento sobre o assunto, j

    que Rousseau considerado o pai da Pedagogia contempornea, cr-se na ideia de

    que os futuros Pedagogos tenham compreenso deste conceito.

    1. ROUSSEAU E O ILUMINISMO

    Jean-Jacques Rousseau foi um pensador do sculo XVIII, cujas ideias

    tiveram grande influncia na Revoluo Francesa. Esse perodo foi identificado por

    ser o sculo das luzes, no qual o objetivo libertar o homem da escurido, incivilidade

    e falta de conhecimento.

    Segundo Marcondes (2007), este perodo refletiu no mbito poltico e social

    da poca como um todo, mas tambm foi obtendo particularidades de acordo com o

    pas e com a poca em que se manifestava. Portanto, o Iluminismo no se resumiu

    em princpio filosfico ou terico, mas, na realidade, consistiu-se em um conjunto de

    ideias e valores compartilhados por diferentes correntes com formas de expresso

    distintas nas cincias, nas letras e nas artes.

    A prpria noo de Iluminismo, Ilustrao, ou ainda Esclarecimento, como o termo por vezes traduzido, indica, atravs da metfora da luz e da claridade, uma oposio s trevas, ao obscurantismo, ignorncia, superstio, ou seja, existncia de algo oculto, enfatizando, ao contrrio, a necessidade do real em todos os seus aspectos, tornar-se transparente razo. O grande instrumento do

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    Iluminismo a conscincia individual, autnoma em sua capacidade de conhecer o real (MARCONDES, 2007, p.207).

    ntido afirmar que o conhecimento, a educao e a cincia foram os

    recursos utilizados nesse perodo por estudiosos que queriam se livrar do que

    consideravam um momento de escurido medieval.

    2. CONCEPO DE INFNCIA NOS LIVROS I E II DE EMILIO OU DA

    EDUCAO

    Em Emilio ou da Educao, Rousseau elabora o princpio fundamental da

    educao natural, ou seja, a educao deve ocorrer de modo natural, longe das

    circunstncias corruptoras da sociedade e valorizando as necessidades desprovidas

    das crianas.

    O autor chama a ateno tambm para as condies de desenvolvimento e

    de necessidades especficas da criana. Portanto, nesse momento, a ideia do adulto

    em miniatura desaparece e entra em foco um tratamento diferenciado, j que a

    criana possui caractersticas prprias, indispensveis em uma titulao adequada,

    que considerasse suas caractersticas.

    A obra em destaque subdividida em cinco livros, mas para a compreenso

    que almeja este trabalho, sero explcitas as principais ideias dos dois primeiros

    livros, em que Rousseau enfatiza mais a questo da infncia. Discorre-se ento na

    seguinte ordem, no livro I, que vai do nascimento do beb at os dois anos de idade,

    compreende que a criana necessita ser conceituada em seu prprio mundo, que

    concebido por ele e por meio da anlise da relao entre me e filho, desde o ato de

    amamentar o beb como ato institudo de seu primeiro contato afetivo e social.

    O autor valoriza uma educao natural, esboa uma nova perspectiva

    epistemolgica da educao: rejeita os princpios inatos do conhecimento para

    afirmar o pressuposto de que o conhecimento e, por extenso, a educao, deve

    comear pelos sentidos. Nesse ponto, Rousseau considerou que a educao no

    deve iniciar-se com abstraes racionais, para no antecipar coisas com as quais as

    crianas no estariam preparadas, a fim de no confundi-las (DALBOSCO, 2012).

    Para isso, o que se compreende o fato de Rousseau entender que a

    criana, em sua infncia, necessita de toda liberdade necessria para uma

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    adequada formao, sem que esteja presa a esquemas que a engesse. Essa opo

    pode ser aludida no perodo em que as crianas deveriam ser principiadas na

    formao que, segundo ele, deveria iniciar-se j no ventre da me. Outra situao

    que o autor instiga em sua discusso referente infncia que a criana, mal sai do

    ventre de sua me, j privada da liberdade de se movimentar e alongar seus

    membros, colocando nestes faixas, laos, prendendo-os, com as cabeas e pernas

    esticadas, com os braos firmes ao lado do corpo, so envoltos aos panos negando-

    lhes qualquer tipo de movimento, sorte daquelas que conseguiam respirar em meio

    a toda aquela proteo. Afirma o autor que todo infante necessita esticar e mover os

    membros para no impedir seus movimentos. Para Rousseau, deixar as crianas

    presas em cueiros e panos privar- lhes de todo movimento natural, para ele, o

    ideal seria deixar os bebs com os cueiros mais soltos possveis. Nesse primeiro

    livro, o autor trata mais dos cuidados que se tem de ter com Emilio que ainda um

    beb, refletindo aspectos que origina esse tempo.

    No que diz respeito s atividades desenvolvidas pelas crianas, Rousseau

    prope o brinquedo, o esporte e o fato de que a criana teria de ter contato com a

    agricultura, para que aprendesse em contado com a natureza. Para ele, a criana

    tem o seu processo de desenvolvimento e cabe ao educador respeit-lo, no a

    forando viver em uma sociedade, cujas regras so antinaturais e consideradas

    corrompidas (ROUSSEAU, 1999).

    Ainda que no deixe de ter o mundo da criana como seu principal fator,

    Rousseau considera que a vontade da criana deve ser orientada. Os adultos,

    porm, frequentemente, cedem demasiadamente s vontades das crianas.

    Um aspecto que Rousseau crtica o fato de que as mes jogam suas

    responsabilidades nas amas de leites, confiando seus filhos a mulheres estranhas

    para viver a vida na cidade. A criana, entretanto, tem mais necessidade da me do

    que apenas o seio para se fartar de leite.

    Em relao ao choro, afirma o autor que essa primeira relao que a

    criana tem com o mundo e que ela usa o choro para ter aquilo que deseja.

    Os primeiros choros das crianas so pedidos; se no tomarmos cuidado logo se tornaram ordens. Comeam por se fazer ajudar e acabam por se fazer servir. Assim, de sua fraqueza, de onde provm inicialmente o sentido de dependncia (ROUSSEAU, 1999, p. 52).

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    O autor ainda relata que a criana necessita da famlia e do Estado para

    poder ter suas habilidades plenas. Com isso, Rousseau justifica a importncia e o

    propsito da educao. Segundo o pensador suo, Moldam-se as plantas pela

    cultura, e os homens pela educao. Os primeiros progressos da infncia do-se

    quase todos na mesma poca. A criana aprende a falar, a comer e a andar na

    grande maioria no mesmo tempo. Esta exatamente a primeira fase de sua vida.

    Antes, no nada mais do que aquilo que era no ventre da me; mal tem sensaes

    e nem mesmo percebe a sua prpria existncia (ROUSSEAU, 1999).

    No livro II, Rousseau trata da segunda fase da vida, o desenvolvimento da

    educao que segue dos dois aos doze anos de idade. Nesta etapa, Rousseau

    salienta que deve ser o momento de praticar os exerccios fsicos e no deixar com

    que as crianas nos dominem pelo choro. Para ele, a partir dessa fase, o choro

    trocado pela fala. Portanto, quando se chora muito, ela quer nos fazer vencer por

    ele. Tambm no devemos priv-las de toda a dor, considerando que necessrio

    que passem por isso.

    Porm, necessrio cuidado para que a criana no se machuque, mas no

    teria sentido se ela passasse por esta fase sem se ferir, crescer sem conhecer a dor.

    O autor afirma ser nesta fase que tomam as primeiras lies de coragem,

    aprendendo assim com as dores leves para que, quando vierem as grandes,

    conseguir suport-las. explcito o desejo do autor de que no se devem mimar as

    crianas e nem livr-las de toda a dor. No deix-las apreensivas, no obrig-las a

    ser obedientes, mas causar este desejo nelas (ROUSSEAU, 1999).

    A educao que Rousseau prope nesta fase oposta educao brbara,

    j que considera o indivduo um ser moral que comea a tomar conscincia de si

    mesmo. Ressalta que a humanidade tem seu lugar na ordem das coisas, e a

    infncia tem o seu na ordem da vida humana e, para isso, extremamente

    importante considerar o homem no homem e a criana na criana. Determinar cada

    um em seu lugar, assim como o bem e o mal so comuns a todos, mas com

    propores diferentes.

    Muitas vezes a felicidade em exagero traz uma condio negativa, mas o

    que pode causar a felicidade plena com que sabedoria usufruir dela, diminuindo o

    excesso de desejo, tentando igualar a vigor e a vontade. Somente assim, afirma

    Rousseau, o homem se encontrar bem ordenado e feliz, quando usa de maneira

    livre suas faculdades.

  • 8

    Alm disso, Jean-Jacques Rousseau relata que pais introduzem as crianas

    na vida civil antes da idade, dando a elas mais necessidades do que elas tm, no

    sanam suas fraquezas, mas as aumentam.

    Rousseau exibe que o homem sbio sabe permanecer em seu lugar, mas a

    criana que no sabe o seu lugar no poder permanecer nele. Para elas, existem

    mil lugares onde possam estar, porm, cabe aos que educam estabelecer o local

    ideal, sabendo que no se trata de uma tarefa fcil. A criana no deve ser nenhum

    animal, nem homem, mas sim ela mesma, j que o filsofo compreende que a

    felicidade dos homens e das crianas consiste no uso da sua liberdade. A criana

    necessita de uma liberdade, no deve fazer permanecer em um local onde no de

    seu agrado. Elas necessitam correr, pular, gritar quando tm vontade. Mas, nos

    primeiros anos, esta liberdade limitada pela fraqueza.

    Essas afirmaes de Rousseau sugerem que quem faz o que quer feliz

    quando basta a si mesmo: sendo a condio do homem que vive no estado da

    natureza; e quem faz o que quer no feliz quando ultrapassar suas foras: tambm

    o caso da criana que vive neste mesmo estado. As crianas, at mesmo no

    estado da natureza, s gozam de uma liberdade imperfeita, igual aos homens no

    estado civil (ROUSSEAU,1999).

    Ainda ressalta o filsofo existirem dois tipos de dependncia: julga ser das

    coisas, que a da natureza, e a dos homens, que a da sociedade. No tendo

    nenhuma moralidade, a submisso das coisas no prejudica a liberdade e assim no

    gera vcios; a submisso dos homens, sendo desordenada, gera todos os vcios, e

    por ela que o senhor e o escravo depravam-se mutuamente. Se conservar a criana

    unicamente na dependncia das coisas, ter seguido a ordem da natureza no

    progresso da educao. Lembrai que s a experincia e a impotncia so lei para as

    crianas (ROUSSEAU, 1999).

    Rousseau enfatiza que o nico vcio que a criana deve ter o de no obter

    nenhum. Afirmando ainda que a criana no deve ser submetida a lies verbais,

    mas sim receber lies somente da experincia, o que sugere uma concepo de

    educao vinculada tambm a uma de conhecimento que se aproxima do

    empirismo. Em relao ao raciocnio, cabe criana fazer uso da razo, mas, para

    Rousseau, coisa que a criana ainda no tem.

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    De que serve escrever em suas cabeas um catlogo de signos que nada representam para elas? Ao aprender as coisas, no aprendero os signos? [...] E, no entanto, que perigosos preconceitos no comeamos lhe inspirar fazermos tomar como cincia palavras que no tem nenhum sentido para elas! (ROUSSEAU, 1999 p. 120).

    Porm, se a criana tem um crebro flexvel que o torna prprio para receber

    todos os tipos de impresses, no significa que pode colocar tais contedos como

    fatos histricos, nomes dos governantes, reis, datas, estudo do globo e assim

    sucessivamente. Para o autor, se a criana no estudar nos livros, a espcie de

    memria que um infante pode ter no permanece por isso ociosa, mas tudo o que

    ela ver e ouvir a impressionar e guardar para ela os registros das aes e, assim,

    o seu livro ficar mais enriquecido (ROUSSEAU, 1999).

    Rousseau (1999) afirma que Emilio, o modelo de criana, jamais aprender

    nada de cor, nem mesmo fbula, nem as de La Fontaine, por mais puras e

    encantadoras que sejam. Elas s enganam as crianas, com suas palavras

    agradveis e encantadoras. Para as crianas necessrio dizer somente a verdade,

    pois a moral dessas fbulas to confusa e desproporcional para sua idade que

    induz as crianas mais ao vcio do que a virtude. O autor indaga que como podem

    ser cegos que no vemos que nada de moral as fbulas podem passar s crianas,

    a no ser mentiras e momentos de diverso (ROUSSEAU, 1999).

    Rousseau (1999) quer que se retirem os livros do convvio da criana e no

    se deve transformar o seu quarto em uma tipografia. No significa que a criana no

    deva aprender a ler, mas apenas no momento ideal. No importa o mtodo de

    leitura, mas o que deve ensinar a criana o desejo de aprender.

    Dessa maneira, sua filosofia expressa uma concepo pedaggica nova:

    partia de uma educao natural, procurando vincul-la a uma concepo otimista do

    homem e da natureza. Seu princpio educativo era unir a natureza e a humanidade,

    processo que contava com a educao.

    Rousseau relata s mes, mas no cita as que abandonam os filhos e nem

    as super protetoras. Esses dois tipos de mes, na sua concepo, afastam a criana

    da natureza. Uma porque negligencia seus deveres, e a outra porque exagera.

    Tratando-se de famlia, Rousseau compreende que pai e me tm suas funes

    definidas. Ao pai caberia promover a base material, moral e afetiva.

    Com o entendimento pedaggico de que o adulto no deve precipitar

    verticalmente sua postura no mundo da criana, Rousseau pretende evitar a

  • 10

    inferncia excessiva do adulto e incumbir um papel importante aos pais e famlia

    no sentido de proteger a criana contra a invaso precoce e prejudicial da

    hostilidade social no mundo da infantil. Ele intenciona evitar a, na verdade, a

    colonizao adulta do mundo da criana e, com isso, evitar que a criana

    modifique apenas em um departamento ou suplemento do mundo adulto.

    No entanto, por outro lado, considerando que no se pode e no se deve

    isolar completamente a criana do mundo adulto e nem do convvio social mnimo, a

    questo como evitar essa colonizao sem isol-la. Justamente a reside uma das

    tarefas centrais da educao natural, a saber, a de pensar e preparar o ingresso

    progressivo da criana na sociedade, evitando que tal acesso signifique, ao mesmo

    tempo, a desfigurao infantil. A sutileza desta tarefa consiste no fato de que ela

    deve ser preparada pedagogicamente de tal forma que possa proteger socializando

    a criana, evitando com isso que ela seja tratada desde o incio s como um

    pequeno adulto (DALBOSCO 2009, p. 6).

    Rousseau, em sua obra Contrato Social, afirma que a mais antiga de toda a

    sociedade, e nica natural, a famlia, pois os filhos permanecem com os pais o

    tempo necessrio para sua conservao. Assim, no havendo mais essa

    necessidade, dissolve-se o lao natural. As crianas, livrando-as da obedincia

    devida ao pai, o pai isento dos cuidados devidos aos filhos, reentram todos

    igualmente na libertao. Na concepo de Rousseau, se permanecem unidos, j

    no naturalmente, mas voluntariamente, e a famlia apenas se mantm por

    conveno. Para Rousseau, a famlia o primeiro modelo das sociedades polticas:

    o chefe a imagem dos filhos, e havendo nascido todos livres e iguais, no alienam

    a liberdade a no ser em troca da sua funo. Toda desigualdade consiste em que,

    na famlia, o amor do pai pelos filhos o compensa dos cuidados que estes lhes do,

    ao estgio que, no estado, o jbilo de comandar substitui o amor que o chefe no

    sente pelo seu povo (ROUSSEAU, 2006, p34).

    3. CONTRIBUIES DE ROUSSEAU PARA A EDUCAO

    Segundo Boeira (2010), Rousseau destaca que a educao um

    processamento complexo e que seu xito no depende unicamente de uma pessoa,

    ou de um tipo de educao isolada, mas exige um conjunto de reforo de todos os

  • 11

    tipos de educao que compem a formao humana. Quanto ao tipo de educao

    dos homens; ressalta-se que a responsabilidade e a influncia sobre a educao da

    criana provm de seus pais, depois dos familiares e amigos.

    O que Rousseau prope que a relao adulto-criana seja capaz de

    adequar criana um conhecimento maioral do mundo que a cerca, de modo que

    ela tenha possibilidade de se posicionar com firmeza e flexibilidade frente s

    realidades, sabendo conhecer-se, descobrir suas competncias, tirar proveitos de si

    mesmo. No entanto, segue um caminho seguro rumo felicidade e que a mesma

    seja compartilhada e aceita por seus iguais.

    Elias (2000) entende que, para Rousseau, a criana no um adulto em

    miniatura porque tem sua prpria histria, um ser objetivo e real, que desde cedo

    edifica suas experincias. E por meio da verdadeira educao deve conduzir para

    uma liberdade natural.

    Conforme Sahd (2005), Rousseau caracteriza essa liberdade por aes

    tomadas pelo indivduo com o objetivo de satisfazer seus instintos, isto , com o

    objetivo de satisfazer suas necessidades.

    O homem, neste estado de natureza, desconsidera as consequncias de

    suas aes para com os demais, ou seja, no tem a nsia e nem o dever de manter

    o vnculo das relaes sociais. Outra caracterstica a sua total liberdade, desde

    que tenha foras para coloc-la em prtica, obtendo a euforia de suas necessidades,

    moldando a natureza. O homem realmente livre faz tudo que lhe agrada e convm,

    basta apenas deter os meios e adquirir fora suficiente para realizar os seus

    desejos (SAHD, 2005, p. 101).

    Segundo Elias (2000), para o autor genebriniano, o projeto educativo

    pressupe um efeito, uma finalidade, este deve iniciar desde o nascimento da

    criana, que passa a ter contato com o mundo, com as pessoas e com as coisas, a

    ser conduzida durante todo o processo. uma arte que requer uma apreciao

    constante, personalidade preparada, ambiente adequado etc., no podendo

    delimitar-se ao ato automtico do ensinar, da mera transmisso de conhecimentos;

    ao contrrio, deve demonstrar o quanto o significado dessa histria contribui para o

    desenvolvimento do indivduo.

    Rousseau declara trs tipos de educao, procedente de trs instncias: a

    natureza, os homens e as coisas. Se a primeira no depende de ns e a das coisas

    em parte dependente, a educao exige ao planejada que favorece ao homem a

  • 12

    experincia do real, o trabalho livre e disciplinado, a liberdade de expresso, a

    iniciativa, a apropriao e a construo individual e coletiva do saber.

    O ponto de incio ser sempre o sujeito, com suas peculiaridades e

    necessidades, e o de chegada, um ser livre, que compreende o que conhece. Deve

    haver equilbrio entre o desenvolvimento fsico e o cognitivo. Como exemplo, toma o

    modo de vida do homem primitivo, que, ao desenvolver seu corpo, volta sua

    preocupao para a prpria conservao, privando sua interveno apenas o

    domnio do meio; o homem, vivendo na simplicidade, sujeito a poucos males;

    cultivando o que tem em comum com os animais e plantas, tem condies de viver

    uma completa felicidade. Se no h iniquidade original no corao humano, a

    educao pode assegurar o livre desenvolvimento das faculdades naturais do

    educando.

    A formao deve levar em conta todos os mbitos, fsicos e morais,

    intelectuais e afetivos, o que torna mais obscuro o trabalho educativo. Rousseau

    recompe a histria da evoluo humana, retornando s origens do homem, ser

    situado no tempo e lugar, ser que naturalmente conhece, para mostrar que o

    conhecimento um processo interno, que acontece de dentro para fora.

    Durante sculos, filsofos e pedagogos buscaram mtodos e tcnicas para

    ensinar, sinal de que a escola ainda no contribua para os verdadeiros saber e

    saber-fazer. Com a melhoria das cincias e, muito especialmente, da psicologia da

    criana, tais mtodos tm ajudado a escola a deixar de ser o que era: um campo

    abrangente de ensino pelas palavras, desligada do seu contedo objetivo, em que o

    livro liderava e a memria era agravada (ELIAS, 2010).

    As novas propostas pedaggicas mostram que a escola ainda no

    corresponde (como no correspondia naquela poca) aos padres de qualidade. No

    entanto, segundo Elias (2000), Rousseau foi o primeiro a perceber isso, ao mostrar

    que ensinar no s questo de mtodos. Para que o ensino concorra a verdadeira

    educao, segundo ele, preciso haver outra relao com o conhecimento e com a

    sociedade. Qualquer recurso que apoie apenas a memorizao no nortear a

    aprendizagem e est condenado ao fracasso.

    Rousseau confirma regularmente a importncia do mtodo natural, de no

    confundir aprendizagem com aquisio de conhecimentos, e dizia que o

    conhecimento precisa ser construdo, pois todos, mesmo os mais simples, possuem

    conhecimentos. Afirmava que, se o seu mtodo fosse seguido, isto , se se

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    aproximasse a criana da natureza, mantendo-a atenta a si mesma e quilo que

    diretamente lhe diz respeito, por si s ela desenvolveria seus conhecimentos. Elias

    (2000) relata que Rousseau, dois sculos antes, forneceu os determinantes do

    conhecimento, que seriam descritos por Piaget, ao propor uma metodologia base na

    observao, comparao e explorao de objetos e na interao com o meio

    ambiente, estratgias utilizadas na educao do personagem Emlio.

    Ao fazer suas experincias, Emlio ia descobrindo a cincia, criando seus

    prprios conceitos e construindo o prprio conhecimento, sendo sujeito de sua

    educao. Julga-se preciso estudar bem a criana, considerando-a sujeito da prpria

    aprendizagem, e s depois definir o tipo de trabalho a ser feito. As atividades infantis

    podem e devem ser disciplinadas e orientadas pela educao, mas no se pode

    esquecer a natureza humana. Contrari-la, dizia ele, ou impor-lhe o impossvel foi o

    grande erro da pedagogia tradicional, a qual Rousseau abomina, pois para haver

    aprendizagem significativa necessrio estimular na criana o desejo de aprender e

    conhecer, o valor o que conduz verdadeira aprendizagem, dar espao para a

    criana ir conquistando a prpria autonomia, e no apenas formar o homem pela

    inteligncia.

    Em vrios pontos de Emlio, Rousseau certifica a importncia de conhecer a

    criana, a sua faixa etria, observar atividades que experimenta e vivencia. Ao

    professor, cabe colocar escolha da criana os objetos que podero vir a

    influenciar, positivamente, o seu desenvolvimento, deixando-a experimentar em vez

    de fazer por ela. Observando a atividade da criana, o educador saber o que

    precisa fazer e quando.

    Elias (2000) aponta, tambm, que o autor valoriza o aspecto afetivo entre

    educador e educando, o qual deve ser suficientemente forte para um trabalho

    conjunto, de amigos. S convivendo com os alunos, observando seus

    comportamentos, conversando com eles, amando-os, favorecendo os seus jogos e

    prazeres, o educador poder auxiliar na sua aprendizagem e no seu

    desenvolvimento. A infncia, segundo ele, no apenas um perodo de carncia

    intelectual, antes, porm, perodos que devem ser estudados e compreendidos pelos

    educadores, perodos estes estabelecidos em sua principal obra Emlio ou da

    Educao.

  • 14

    CONTRIBUIES FINAIS

    A partir da anlise da obra de Rousseau, Emilio ou da Educao, possvel

    observar permanncias do seu entendimento sobre a criana e a educao que

    consuma a sociedade contempornea. E como necessrio estudar a histria da

    educao, por mais que seja uma pequena parte, primrdio para o entendimento

    dos conceitos atuais e como chegaram at ns. O autor expe todo um trabalho

    pedaggico, orientando como deve ocorrer com o infante desde o ventre da me

    para que esse no sofra tanto com as corrupes das sociedades, mesmo

    compreendendo que ele no estar livre disso.

    No entanto, ntido que Rousseau foi muito criticado em sua poca, pois ele

    mesmo relata em sua obra esse fato, pois no se trata de um tratado para a

    educao, mas com a leitura e anlise de Emilio, nota-se que as contribuies para

    a educao so eficazes.

    Por meio dos estudos de Rousseau, percebe-se o nascimento do conceito

    de infncia, conceito este que conduziu a pedagogia durante sculos. Hoje se

    presencia o fim da infncia, pois as crianas no tm mais tempo para brincar,

    divertirem-se e serem livres. Com a era da informatizao, as crianas passam a

    maior parte do dia diante de um computador ou televiso ou ainda com jogos

    eletrnicos. Assim, a fase de maior espontaneidade, de liberdade, que vai do

    nascimento at os doze anos, fica prejudicada. Sua inocncia infantil foi posta de

    lado pela indstria do entretenimento e consumismo.

    Buscar a concepo de Rousseau sobre infncia, natureza, preocupao,

    com a criana na sua totalidade e aplic-la novamente, nos dias atuais, essncia

    para se resgatar a infncia esquecida. A criana deve aprender a ler, a escrever,

    mas deve tambm, correr, cair, brincar, ser respeitada e ser estimulada desde o

    momento em que nasce. S assim, teremos uma educao que, ao valorizar a

    infncia e a criana, ir contribuir para um mundo mais fraterno, tomando o seu lugar

    nele, de onde nunca deveria ter sado.

  • 15

    REFERNCIAS

    ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Histria da Educao e da Pedagogia. Moderna, 2007. BOEIRA, Adriana Ferreira. Algumas contribuies de Rousseau, presentes na obra Emlio ou Da Educao, que ajudam a pensar estratgias para a utilizao dos blogs na educao. Caxias do Sul: V CINFE, maio de 2010.

    CAMBI, Franco. Histria da Pedagogia. So Paulo: Unesp, 1999.

    DALBOSCO, Claudio A. Educao e formas de conhecimento: do inatismo antigo (Plato) e da educao natural moderna (Rousseau). Porto Alegre. In: Educao: Revistas Eletrnicas da PUCRS, maio/ago. 2012, vol 35, n. 2, p. 268-276.

    http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index. php/faced/article/viewFile/11640/8032. Acesso em mai. 2013. ______. Primeira infncia e educao natural em Rousseau (II): os cuidados do adulto. In: Educ. Soc. vol.30 n.106 Campinas Jan./Apr. 2009. ELIAS, Marisa Del Cioppo. De Emlio a Emlia: a trajetria da alfabetizao. So Paulo: Editora Scipione, 2003. MARCONDES, Danilo. Iniciao histria da filosofia: Dos pr-socrticos a

    Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. PAIVA, Wilson Alves de. A formao do homem no Emlio de Rousseau. So Paulo. In: Educao e Pesquisa. Vol. 33, n 2, mai/ago. 2007.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022007000200010. Acesso em jul. 2013. ROUSSEAU, Jean Jacques. Emlio ou Da educao, So Paulo: Martins Fontes, 1999. ______. O Contrato Social, So Paulo: Escala Educacional, 2006. SAHD, Luiz Felipe Netto de Andrade e Silva. A noo de liberdade no Emlio de Rousseau. So Paulo, 2005. Disponvel em:

    http://www.scielo.br/pdf/trans/v28n1/29409.pdf. Acesso em nov.2014.