a comunidade que projeta um modo de pens
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7/25/2019 A Comunidade Que Projeta Um Modo de Pens
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CategoriaArtigo Completo
Eixo Temtico GERENCIAMENTO DE CIDADES
A COMUNIDADE QUE PROJETA:
Um modo de pensar, projetar e idear de forma participativa.
Reflexes sobre o Projeto Design Urbano da Grande Terra
Vermelha, Vila Velha/ES.
Marcos Antonio Spinass1
RESUMOA possibilidade de sistematizao do acmulo das experincias em projetao participativa, emespecial do Projeto de Extenso da Universidade Vila Velha (UVV) Design Urbano da Grande TerraVermelha (Vila Velha/ES) realizado em 2011, o que motiva este artigo.Este experimento, entre outros, que foram fundamentados nas tcnicas do planejamento urbano e dedesign, nos recursos e meios de produo disponibilizados pela comunidade, e pelas instituiesinteressadas na construo de um diagnstico participativo que subsidiou a elaborao das diretrizespara a regio, definidas e apresentadas em conjunto com os moradores em oficina realizada naprpria comunidade, no tinham, at ento, sido sistematizados como uma possvel metodologia do
ato de projetar ou idear de forma participativa.Em vista a realizar o possvel projeto Reconhecendo e Reprojetando Nossa Cidade, queprovavelmente envolver o Ministrio Pblico do Estado do Esprito Santo, a Universidade Vila Velha(UVV) atravs do Ncleo de Estudos e Prticas de Arquitetura e Urbanismo, Design de Produto eEngenharia Civil (NEP) e o Movimento Vida Nova (MOVIVE) no ano de 2014, utilizando a partepositiva da experincia do processo de projetao participativa, surgiu a necessidade de relacionareste mtodo emprico a um arcabouo cientfico.
PALAVRAS-CHAVE:Projeto participativo. Design Urbano, Design Thiking
1
Mestre em Arquitetura e Urbanismo - UFALFAUPPG; Professor pesquisador do GrupoArqCidades vinculado ao NEPNcleo de Estudos e Prtica de Arquitetura e Urbanismo, Design deProduto e Engenharia Civl da Universidade Vila VelhaUVV e doutorando em Arquitetura eUrbanismo na UFALFAU - PPG - Doutorado Cidades. E-mail:[email protected];[email protected];.
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected] -
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COMMUNITY THAT DESIGNS: One way to th ink , desig n and
design part ic ipatory manner.
Reflect ions o n th e Project Urban Design of Great Red
Earth , Vila Velha / ES.
ABSTRACT
The possibility of systematic accumulation of experiences in participatory projetao, especially the Extension
Project Vila Velha University (UVV) Urban Design of Great Red Earth (Vila Velha / ES) conducted in 2011, is what
motivates this article.This experiment, among others, which were based on the techniques of urban planning and design, resources
and means of production provided by the community, and institutions interested in building a participatory
analysis that supported the development of guidelines for the region, defined and presented together with the
locals in the workshop held in the community, had not hitherto been systematized as a possible methodology of
the act of designing or devise a participatory manner.
In order to achieve the project possible "Recognizing and Redesigning Our Town," which will likely involve the
Public Ministry of the State of Esprito Santo, Vila Velha University (UVV) through the Center for the Study and
Practice of Architecture and Urban Planning, Design and Product Civil Engineering (NEP) and the New Life
Movement (MOVIVE) in 2014, using the positive part of the experience of the participatory process projetao,
the need to relate this empirical method to a scientific framework.
KEY-WORDS:Participatory Project. Urban Design, Design Thiking
LA COMUNIDAD QUE DISEA : Una form a de pensar,
d is ear y d is ear de manera par ti c ip at iv a.
Reflexio nes so bre el Proyecto de Diseo Urban o de la Gran
Tierra Ro ja, Vila Velha / ES.
RESUMENLa posibilidad de la acumulacin sistemtica de experiencias en projetacion participativa, especialmente el
Proyecto de Extensin Universitaria Vila Velha (UVV) de Diseo Urbano de la Gran Tierra Roja (Vila Velha / ES)
llev a cabo en 2011, es lo que motiva este artculo.
Este experimento, entre otros, que se basa en las tcnicas de la planificacin urbana y el diseo, los recursos y
medios de produccin proporcionado por la comunidad, e instituciones interesadas en la construccin de un
anlisis participativo que apoya el desarrollo de directrices para la regin, definidos y presentado junto con los
lugareos en el taller realizado en la comunidad, que hasta ahora no se haba sistematizado como una posible
metodologa del acto de disear o elaborar de manera participativa.
Con el fin de lograr el proyecto posible "Reconoceindo y rediseo de Nuestra Ciudad", que probablemente
incluir el Ministerio Pblico del Estado de Esprito Santo, Universidad Velha Vila (UVV) a travs del Centro para
el Estudio y la Prctica de la Arquitectura y Urbanismo, Diseo y Producto Ingeniera Civil (NEP) y el Movimiento
de la Nueva vida (MOVIVE) en 2014, utilizando la parte positiva de la experiencia de la projetacion proceso
participativo, la necesidad de relacionar este mtodo emprico a un marco cientfico.
PALABRAS-CLAVEProyecto Participativo. Diseo Urbano, Design Thiking
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ORIENTAO
A possibilidade de sistematizao do acmulo das experincias em
projetao participativa dos projetos Design Urbano Barra de So Miguel/AL - 2003,identidade Corporativa da Companhia de Saneamento de Alagoas (CASAL) - 2006,
Braso de armas da universidade da Universidade Estadual de Cincias da Sade
de Alagoas (UNCISAL) - 2006, Design Urbano da Grande Terra Vermelha - 2011 e
Design Urbano do IBES - 2012, estes dois ltimos ambos em Vila Velha/ES, o que
motiva este artigo.
Estes experimentos, em especial os dois ltimos citados, foram
fundamentados nas tcnicas do planejamento urbano e de design
2
, nos recursos emeios de produo disponibilizados pela comunidade, assim como, pelas
instituies interessadas; na percepo de caractersticas identificadas em visitas a
campo, em estudos de documentos e atravs de reunies com a populao local e
atores estratgicos para construir um diagnstico participativo que subsidiou a
elaborao das diretrizes para a regio, definidas e apresentadas em conjunto com
os moradores em oficina realizada na prpria comunidade porm, at ento, a
possibilidade de ser tornar uma possvel metodologia do ato de projetar de forma
participativa ainda no sido sistematizada.
Objetivando utilizar a parte positiva da experincia do processo de
projetao participativa, surgiu a necessidade de relacionar este mtodo emprico a
um arcabouo cientfico a fim de desenvolver o possvel projeto Reconhecendo e
Reprojetando Nossa Cidade, que provavelmente envolver o Min istrio Pblico do
Estado do Esprito Santo, a Universidade Vila Velha (UVV) atravs do Ncleo de
Estudos e Prticas de Arquitetura e Urbanismo, Design de Produto e Engenharia
Civil (NEP) e o Movimento Vida Nova (MOVIVE) no ano de 2014.
DO INDIVIDUO AO PARTICIPATIVO: COMPLEXO, INSTVEL E
INTERSUBJETIVO.
Nas reflexes sobre a produo do espao, em seu aspecto ontolgico, em
especial no vis do ato projetual, tende-se no geral a relacion-lo com a
configurao morfolgica ou com os elementos que o definem na dimenso fsica,
2Entendido como o ato de projetar o que possui forma como artefatos, espaos arquitetnicos e urbanos.
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pois nesta dimenso que se materializa a forma de pensar do autor (projetista) que
o concebeu.
Esta tendncia formal influenciou significativamente a maneira de ver e fazerarquitetura e consecutivamente o urbanismo, com a tendncia do ato projetivo como
atividade individual. o que podemos observar ao refletirmos sobre o pensamento
do historiador Giulio Carlo Argan (...) pode-se dizer que o desenho, o projeto, a
relao direta entre uma atividade puramente intelectual e uma atividade manual.
Entre uma atividade individual e uma atividade que quase sempre uma atividade
coletiva, o projeto no somente um procedimento da arquitetura, mas um
procedimento presente em todas as artes. (ARGAN, 1993:01)Nesta vertente, o arquiteto e urbanista e, tambm, o designer, concebe
produtos, habitaes e at cidades, supondo ser o objeto criado o artefato capaz de
atender as necessidades e desejos de seus usurios pela forma proposta e adotada
para o objeto projetado. O faz como se incorporasse o deus grego Demiurgo, que
segundo a mitologia fazia em nome do povo (Demi, demo como povo e ourgos
como trabalhador), e acreditando ter, possivelmente por meio do conhecimento
cientfico e/ou de um elevado senso do belo, a sabedoria necessria para conceber
o espao de acordo com a funo que acredita ser alinhada com aqueles a quem
se destinava.
Esta premissa to significativa que na Resoluo n 21, de 5 de abril de
2012, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), que dispe
sobre as atividades e atribuies profissionais do arquiteto e urbanista, encontramos
em seus anexos um glossrio que define projeto como criao do esprito,
documentada atravs de representao grfica ou escrita de modo a permitir sua
materializao, podendo referir-se a uma obra ou instalao, a ser realizada atravs
de princpios tcnicos e cientficos, visando consecuo de um objetivo ou meta e
adequando-se aos recursos disponveis e s alternativas que conduzem
viabilidade de sua execuo, mas uma vez o ato de criao do esprito
regulamentado para aqueles indivduos devidamente autorizados pelo CAU/BR.
Porm, como diz o senso comum a teoria diferente da prtica o usurio
ao fruir parece impor ao espao, projetado e construdo, outros usos e significaes
de uma maneira totalmente descompromissada. Ele obedece apenas o seu prprio
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desejo, fruto do seu ser dinmico, multifacetado e biopsicossocial e cria um
paradoxo entre o espao demirgico como o uso nascido da ttica do usurio.
No entanto, esta contradio provoca, no mnimo, uma problemtica: Comoprojetar incluindo a fruio do usurio? Foi desta inquietao que gerou (e ainda
gera) algumas experincias de envolver o usurio no ato criativo (do projeto).
Porm, a possibilidade da coo-criao mesmocom uma aparncia de novo
paradigma projetual pode ser rechaada, pois se constitui em uma atividade que,
aparentemente, o projetista ajuramentado perde o controle ao colocar na mo
daqueles que no so tcnicos (ou artistas) e, tambm, carentes de uma
capacitao especializada ou habilidade adequada o poder de criar. Porm o focoaqui no ser contrrio ao processo de projetao individual, que normalmente
feito em voo solo, mas contribuir para mais uma forma, que quando houver a
necessidade ou a possibilidade da participao coletiva poder ser usada de
maneira consciente.
Como se sabe, ao longo da experincia histrica possvel encontrar
registro que em um primeiro momento o ato de projetar (pensar) e o de fazer no
eram separados. Ao fazer, se pensava ou idealizava-se ao construir. Em seguida
estas dimenses foram separadas e, consecutivamente, dividiram-se tambm as
classes: uma responsvel pelo pensar (que tinham e ainda tem mais valor e nessa
classe que esto os arquitetos, urbanistas e designers) de outra especializada no
executar (com menor valor). No entanto, ao separar e valorizar o foco se
potencializou ainda mais no projetista como criador individual, que tem as condies
de propor o que melhor e, tambm, pode controlar o processo do incio ao fim.
Outra vertente, que reafirma o projetista como criador individual, centra
esforos no artefato (espao ou produto a ser usado), onde o idealizador trabalha na
adequao do objeto a uma funo ou uso determinado. Neste caso tambm o
desenvolvimento do artefato e sua materializao passvel de ser controlvel.
A fim de dirimir estas questes que tange ao controle do projetista sobre o
artefato e em busca da possibilidade da gerao de um espao construdo visto
como aquilo que ser do, (para o) e (com o) ser humano, nos deparamos como um
modo de pensar em forma sistmica.
A forma sistmica de pensar e, por conseguinte, de idear, conforme afirma
Minayo (2006:94) constituir-se-ia de trs dimenses epistemolgicas que
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diferenciam as teorias tradicionais do paradigma sistmico: (1) a ideia de
simplicidade dos fenmenos substituda pela noo de complexidade; (2) a noo
de estabilidade e regularidade contraposta noo de instabilidade do mundo dosseres vivos; (3) a crena na objetividade d lugar noo de intersubjetividade na
constituio da realidade e de sua compreenso.
Segundo Minayo (2006:94) a Complexidade significa entrelaamento de
causas. E citando Atlan (1992) continua dizendo que A noo de complexidade e
simplicidade no so inerentes aos fenmenos e sim, s condies lgicas e
empricas em que so observados, onde h a ampliao do foco: contextualizando
o fenmeno em estudo, entendendo-o em suas interaes e retroalimentao (ascoisas so causadas e causadores) e tratando-o como parte de um sistema
interconectado com outros sistemas (Minayo, 2006:96).
Dando sequencia Minayo (2006:94) declara que O Segundo Pressuposto
dos sistemas abertos a instabilidade. Esse princpio vem da constatao de que o
mundo sempre est em processo de tornar-se, e de devir havendo, portanto, uma
lgica na desordem: ela um elemento necessrio auto-organizao. Ele
aposta nos processos de auto-organizao: observando o dinamismo das
mudanas e as foras de resistncias, os estudiosos admitem que nem tudo
s positivo ou s negativo, que existem muito caminhos e que
impossvel controlar a direo dos processos. (Minayo, 2006:96)
J O terceiro pressuposto do pensamento sistmico diz Minayo (2006:94)
o da intersubjetividade na construo da realidade e do saber, o que se ope
ideia da possibilidade de existir um conhecimento objetivo externo aos sujeitos.
Afirma que a
adoo do caminho da objetividade entre parntese: o estudioso se
reconhece parte do sistema e entende que s h sentido na construo das
solues. Dentro desse tipo de viso, do ponto de vista tico, no cabe
pensar que a soluo para os problemas est na existncia de cdigos
exteriores aos sujeitos, a serem aplicados por autoridades competentes.
(Minayo, 2006:96)
Desta forma, a indcios que, mesmo com a teoria a posteriori, foi substituda
a ideia de simplicidade pela noo de complexidade, de estabilidade e
regularidade por instabilidade e a crena na objetividade deu lugar noo de
intersubjetividade na constituio da realidade e de sua compreenso e nas
propostas ideadas nos experimentos de Design Urbano que abordaremos frente.
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Essa possibilidade, de uma prtica da teoria, mesmo que a priori,
impulsionou ao aprofundamento e descortina algo que pode ser compreendido,
registrado e compartilhado como uma provocao de envolvimento do fruir dousurio no ato de projetar.
CRIAO PARTICIPATIVA OU PROJETO PARTICIPATIVO: PENSAR PELA
ABDUO E DECIDIR PELO PRAGMATISMO.
Movido pelo pensamento sistmico e com a possibilidade de propor espaos
como aquilo que ser do, (para o) e (com o) ser humano projetado de forma
participativa (aqui tambm a posteriori) tivemos acesso ao Design ThinkingA nosso ver o ponto notvel do modo de pensar Design Thinking est em
sua relao com o modelo da inferncia abdutiva a qual inclui o pragmatismo.
O Design Thinking pode ser compreendido em Vianna (2012:12) como
uma abordagem focada no ser humano que v na multidisciplinaridade,
colaborao e tangibilizao de pensamentos e processos, caminhos que levam a
solues inovadoras e, assim sendo, por estes balizamentos se emparelha com o
pensamento sistmico (complexo, instvel e intersubjetivo) que lhe aufere
importncia neste estudo.
Vianna acredita que No se pode solucionar problemas com o mesmo tipo
de pensamento que os criou (...) pensando de maneira abdutiva que o designer
constantemente desafia seus padres, fazendo e desfazendo conjecturas, e
transformando-as em oportunidades para a inovao. essa habilidade, de se
desvencilhar do pensamento lgico cartesiano, que faz com que o designer se
mantenha fora da caixa. (VIANNA, 2012:14).
No geral o pensamento abdutivo est categorizado como um dos trs
modelos inferncias nomeados de Dedutivo, Indutivo e Abdutivo, pelos quais se
chega a concluses lgicas a partir de premissas verdadeiras.
O Modelo da inferncia abdutiva atribudo a Charles Sanders Peirce e que
pode ser traduzido da forma seguinte: Um facto surpreendente, C, observado.
Mas, se A fosse verdadeiro, C seria natural. Donde h razo para suspeitar que A
verdadeiro (Peirce, 1977 apud SERRA, 2014). Por exemplo, em um dia de sol cai
gua de um telhado (isso seria um fato observado e surpreendente C). Sabendo-se
que algum est jogando gua com um balde sobre o telhado (verdade A), logo se
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pode concluir que a gua que cai no telhado no dia de sol natural. Desta forma,
possvel suspeitar que a gua que cai do telhado verdade.
No entanto, tambm pode ter gelo sobre o telhado que est sendo derretidopelo calor do sol. Esse tambm verdadeiro (A) logo, tambm, pode-se concluir
que a gua que cai no telhado no dia de sol natural e, desta forma, tambm
possvel suspeitar que a gua que cai do telhado verdade.
Neste caso a inferncia abdutiva admite sempre a possibilidade de a
verdade ser negada (para afirmarmos outra), porm, no caso dos juzos perceptivos
no nos possvel conceber a sua negao ("prova da inconceptibilidade"). Diante
disso, mesmo que o fato da gua cair do telhado (C) seja irrefutvel, pois umjuzo perceptivo, pode se duvidar se a verdade que algum est jogando gua com
um balde sobre o telhado, ou que o gelo est derretendo sobre o telhado ou,
mesmo, existir outras verdades alm dessas. Ento como decidir pela verdade?
Nessa hora de deciso que se vale do Pragmatismo, onde, segundo
Abbagnano (1979 apud SERRA, 2014) toda a verdade uma regra de ao, uma
norma para a conduta futura, entendendo-se por "ao" e por "conduta futura toda a
espcie ou forma de atividade, quer seja cognoscitiva quer seja emotiva. Por esta
lgica a deciso sobre o que verdade estar calada na sua utilidade para uma
ao futura.
Em termos de projeto onde se busca soluo, ou solues, para problema,
ou problemas, que em especial que se utiliza uma premissa de pensar sistmico
parece ser profcuo adotar-se o modelo abdutvo e, consecutivamente, o
pragmatismo a fim de se contemplar a complexidade, instabilidade e
intersubjetividade em um processo de projetao (criao) participativa.
Da mesma forma do pensamento sistmico, o Design Thinking, a inferncia
abdutiva e o pragmatismo parece que tambm, de forma intuitiva, foram adotados no
Projeto Design Urbano de Terra Vermelha.
PREMISSAS TANGVEIS DO DESIGN THINKING
Ao relacionarmos os atos intuitivos adotados no Projeto Design Urbano de
Terra Vermelha com as etapas do Design Thinking possvel encontrar certa
isomorfia. Faz necessrio, ento, discorrer sobre estas etapas do Design Thinking
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e para tanto adotaremos VIANNA (2012) como referencia por ser este um dos
pioneiros no Brasil.
O grfico (1) a seguir apresenta uma sntese das etapas de Imerso,Ideao e Prototipao que, necessariamente, possuem natureza no linear. Onde,
a Imerso divide-se em Preliminar e em Profundidade. A Preliminar visa o
entendimento inicial do problema e, caso necessrio, seu reenquadramento e a em
Profundidade destina-se identificao das necessidades dos atores envolvidos no
projeto e provveis oportunidades que emergem do entendimento de suas
experincias frente ao tema trabalhado. e por meio da Anlise e Sntese objetiva -
se organizar esses dados visualmente de modo a apontar padres que auxiliem acompreenso do todo e identificao de oportunidades e desafios. (VIANNA,
2012:16).
Grfico 1
Fonte: VIANNA, 2012:18
Na ideao busca-se gerar ideias inovadoras atravs de atividades
colaborativas que estimulem a criatividade. Normalmente utiliza-se as ferramentas
de sntese desenvolvidas na fase de Anlise como base para a gerao de soluesque sejam direcionadas ao contexto do assunto trabalhado. (VIANNA, 2012:17) as
alternativas encontradas so selecionadas de forma pragmtica e que podero ser
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materializada na prototipao que a tangibilizao de uma ideia, a passagem do
abstrato para o fsico de forma a representar a realidade - mesmo que simplificada -
e propiciar validaes. (VIANNA, 2012:122).Existe uma srie de tcnicas e ferramentas que podem auxiliar em cada uma
das etapas como demonstrado em VIANNA (2012) e possvel encontrarmos,
tambm, em Brose (2010), Cordioli (2001), Rigitano (2008), Sanoff (1999) e Santos
(2014), e como veremos alguns dos procedimentos que foram utilizados, mesmo
que intuitivamente, no Projeto Design Urbano de Terra Vermelha podem constituir-
se em exemplificaes de algumas formas de materializao destes instrumentos
auxiliadores.
DESIGN URBANO DE TERRA VERMELHA: PRTICA E TEORIA OU TEORIA E
PRTICA
Como meio de verificar uma relao prtico-terica ou vice-versa
utilizaremos o projeto de extenso universitria intitulado Desenho Urbano e
Ordenamento Territorial da regio da Grande Terra Vermelha (Design Urbano Terra
Vermelha), no municpio de Vila Velha, no estado do Esprito Santo, em 2011,
desenvolvido inicialmente por uma parceria entre a Universidade de Vila Velha
(UVV), a ONG Movimento Vida Nova (MOVIVE), o Instituto do Grupo de Gestores da
Regio V (Instituto GG5), a Prefeitura Municipal de Vila Velha (PMVV) e posterior
adeso do Governo do Estado do Esprito Santo (GEES). Este projeto de extenso,
que foi coordenado pelo Prof. Msc. Marcos Antonio Spinass e que teve como
colaborador o Prof. Msc. Giovanilton Andr Carretta Ferreira, estava atrelado
Pesquisa: Os descaminhos da violncia: a expanso urbana da grande terra
vermelha2 etapa, coordenada pela Prof Dr. Rossana Ferreira da Silva Mattos.
Fundamentado nos dados levantados pela pesquisa, desenvolvida pelo
Movimento Vida Nova Vila Velha (MOVIVE), no ano de 2009, onde foi identificado
que 63% da populao residente na regio da Grande Terra Vermelha que tinha
renda mensal menor que um salrio mnimo e 58% das famlias tinham somente um
membro com renda, o que indicava, e que possivelmente ainda indica, uma
necessidade urgente de interveno em prol de uma melhoria das condies
socioeconmicas daqueles que ali residem.
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Diante desta realidade o projeto Design Urbano Terra Vermelha foi pensado
como uma possibilidade de relacionar dois elementos, onde de um lado estavam as
pessoas e de outro o espao em que habitam, como um meio de gerar fonte derenda e riqueza e representando uma oportunidade de desenvolvimento da regio
daquela regio.
Vale ressaltar que o foco aqui estar no ato de projetar enquanto processo
criativo de forma participativa uma vez que o relato dos desafios da participao
popular enquanto planejamento urbano (como aquilo que da natureza do
urbanista: o pensar as cidades enquanto espao urbano) tambm abordado no
artigo de FERREIRA; SPINASS; FEHELBERG (2013). necessrio registrar que depois da 4 etapa outras ocorreram, a saber:
apresentao na Jornada de Iniciao Cientfica da UVV; Reunies das lideranas
comunitrias com o GEES para apresentao e reivindicao da implementao das
propostas e assinatura de protocolo de intenes de cooperao tcnica, entre a
UVV e o GEES (FERREIRA; SPINASS; FEHELBERG, 2013).
Este projeto de extenso contou com uma srie de atores envolvidos em
vrias etapas e se desenvolveram durante todo o ano de 2011, onde a 4 etapa
constitui-se no momento do ato de criao projetual, ou ideao, como
apresentado a seguir:
1 ETAPAMETODOLOGIAA metodologia de trabalho foi apresentada e
discutida com os moradores, no dia 16 de abril de 2011, na Unidade Municipal de
Ensino Fundamental Governador Christiano Dias Lopes Filho, no bairro de So
Conrado, no municpio de Vila Velha, ES.
2 ETAPALEVANTAMENTO DE DADOSAlunos da UVV realizaram um
levantamento de dados atravs de pesquisas, visitas a campo e entrevistas com
moradores da regio, no perodo de 18 de abril a 02 de junho de 2011.
3 ETAPA DIAGNSTICO PARTICIPATIVO - Apresentao, validao e
complementao dos dados levantados pelos alunos da UVV junto aos moradores,
no dia 04 de junho de 2011, na Unidade Municipal de Ensino Fundamental Professor
Paulo Cesar Vinha CAIC, no bairro Residencial Terra Vermelha, Vila Velha, ES.
4 ETAPAOFICINA DE DESIGN URBANO Realizao de um workshop
com a participao dos moradores da regio, alunos, professores, profissionais,
tcnicos, pesquisadores e representantes da administrao pblica, assim como, da
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sociedade civil organizada, para desenvolvimento de propostas para a microrregio
da Grande Terra Vermelha na semana de 18 e 23 de julho de 2011, na Unidade
Municipal de Ensino Fundamental Paulo Cesar Vinha CAIC no bairro ResidencialTerra Vermelha, Vila Velha, ES.
Os procedimentos executados e registrados apresentam certa isomorfia com
o pensamento sistmico e com o Design Thiking pelos seguintes elementos e as
suas inter-relaes.
De incio, assim como no Design Thinking todo o esforo objetivava a
preparao adequada do momento de ideao (4 etapa: oficina de design urbano) e
para tanto, desde de a candidatura ao projeto de extenso, em atendimento aoEdital da UVV, j se tinha uma aproximao com a comunidade atravs do MOVIVE.
O MOVIVE atuava na comunidade criando meios para a organizao da
sociedade civil daquela regio e para isto estimulou a criao do Instituto do Grupo
Gestor da Regio 5 de Vila Velha para o Desenvolvimento Comunitrio (GG5) e
identificou, junto com os habitantes daquele local, alguns de seus desejos e
necessidades. Esta compreenso territorial conduziu o projeto a caminhar de par em
par com os que l viviam.
Com o processo de atendimento ao edital encaminhado, surgiu a primeira
oportunidade de termos a anuncia para conduzirmos, concomitantemente, como os
moradores o projeto Design Urbano Terra Vermelha durante o encontro da 1 Etapa
(que foi chamada de apresentao da metodologia). Aqui perceptvel a isomorfia
com a etapa da Imerso Preliminar do Design Thinking que objetiva alm do
entendimento inicial do problema, o reenquadramento dos atores envolvidos, pois foi
apresentado o que pretendamos fazer em conjunto com os moradores, os objetivos,
o cronograma de trabalho e foi solicitada a validao junto aos participantes. Uma
vez validada a proposta de trabalho e as premissas iniciais, agendou-se o prximo
encontro para apresentao do diagnstico participativo.
Desta forma, foi feita a sistematizao, preparao e a aplicao com os
stakeholders (os indivduos que integram as partes interessadas ou intervenientes)
de ferramentas para o reenquadramento e o entendimento inicial do problema. Eles
foram motivados a se considerarem como membros da equipe deste projeto
multidisciplinar similar, aos procedimentos do Design Thinkign.
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Figura 01: Reunio de apresentao da metodologia de trabalho com a comunidade.
Fonte: Projeto de Extenso Universitria Desenho Urbano e Ordenamento Territorial da Grande Terra
Vermelha, Vila Velha/ES (2011).
Em seguida, iniciou-se a 2 Etapa, que no Design Thinking a Imerso em
Profundidade, onde os estudantes da UVV realizaram um levantamento de dados
atravs de pesquisas, visitas a campo e entrevistas com moradores da regio com
objetivo de identificao das reais necessidades e desejos dos usurios do espao
urbano em questo e, concomitantemente, identificando as oportunidades e os
desafios que emergiam. Os pesquisadores, alunos das disciplinas de planejamento
urbano e outras do curso de Arquitetura e Urbanismo da UVV, tinham que fazer uma
apresentao sinttica do levantado a ser apresentado para a comunidade de forma
prioritariamente visual.
O prximo passo foi a 3 Etapa, que foi intitulado de Diagnstico
Participativo, onde se construiu em parceria com os moradores a validao e
complementao dos dados levantados pelos alunos da UVV. Assim sendo, como
no Design Thinking, realizou-se a pesquisa de campo preliminar (Pesquisa
Exploratria) para auxiliar no entendimento do contexto do assunto trabalhado e na
identificao dos comportamentos extremos e, consecutivamente, o registro e
sistematizao dos dados com a 2 e 3 Etapas.
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Figura 02: Reunio de Leitura com a comunidade (diagnstico participativo) coordenada pelosalunos da Universidade de Vila Velha.
Fonte: Projeto de Extenso Universitria Desenho Urbano e Ordenamento Territorial da Grande TerraVermelha, Vila Velha/ES (2011).
Paralelamente, o aluno bolsista do projeto de extenso realizava parte da
pesquisa Desk que segundo o Design Thinking serve para encontrar referncias
das tendncias da rea estudada, alm de insumos de temas anlogos que podem
auxiliar no entendimento do assunto trabalhado e, consecutivamente, no registro e
sistematizao dos dados. O mesmo procedimento foi solicitado aos coordenadores
voluntrios, os profissionais e outros atores que iriam atuar na 4 Etapa.
O intuito maior era preparar uma compilao dos dados levantados,
cruzamento das informaes a fim de identificar padres e oportunidades e
sintetizao visual com objetivo de fornecer insumos para a fase de Ideao que foi
a 4 Etapa.
A 4 Etapa denominada de Oficina de Design Urbano constitui-se de um
conjunto de reunies de trabalho (workshops) cuja durao pode variar entre 40 a 80
horas, com o objetivo de desenvolver em tempo real propostas de intervenes
urbanas para uma determinada regio, abordando a questo do reordenamento do
espao urbano e de suas reas comuns adequando-o as transformaes funcionais
que esto em curso e tambm aquelas que devero ocorrer em futuro prximo.
Refletindo sempre sobre aquilo que permite identificar e distinguir os elementos mais
representativos da cultura material e iconogrfica da regio, assim como, sobre as
particularidades do problema colocado.
Foram constitudos cinco grupos de projetos. Cada grupo conposto por um
coordenador e designers, arquitetos, urbanistas e comunicadores sociais
convidados, e mais 4 ou 5 participantes de formao tcnica (aluno ou profissional)
e 4 a 5 membros da comunidade, fazendo um total em torno de 10 participantes por
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grupo. Os participantes locais foram escolhidos em funo de sua disponibilidade de
tempo e especialidade.
A configurao dos objetivos dos grupos de projetos ficou assim definidaGrupo de Projeto 1 - Proposta do sistema de identidade visual. Temas a
serem tratados: Proposta de um smbolo e/ou um braso de armas e um sistema de
identidade visual da microrregio.
Grupo de Projeto 2 - Proposta de ordenamento territorial. Temas a serem
tratados: Proposta de reordenamento territorial e melhoria da infraestrutura,
mobilidade e acessibilidade e equipamentos pblicos comunitrios; proposta de
criao e alocao de equipamentos fixos de apoio e de servios;Grupo de Projeto 3 - Proposta do sistema de sinalizao urbana. Temas a
serem tratados: Proposta de um sistema de informao, comunicao e sinalizao
urbana bsica da microrregio.
Grupo de Projeto 4 - Proposta do sistema de mobilirio urbano. Temas a
serem tratados: Proposta do sistema de equipamentos urbano: mveis e fixos, tais
como: barracas para comercio informal; suportes e marcos de sinalizao;
equipamentos de iluminao; cestas de lixo; abrigos e parada de nibus; bancos e
sombreamentos.
Grupo de Projeto 5 - Proposta de comunicao territorial. Temas a serem
tratados: Proposta da estratgia de marketing e comunicao promocional: Proposta
de produtos promocionais, conceito da mensagem, definio dos canais de
comunicao, proposta de uma campanha de fortalecimento de imagem da
microrregio.
A semana de trabalho seguiu o seguinte cronograma:
Primeiro Dia: Seminrio de integrao (Tpicos a serem discutidos:
processo histrico de formao do tecido urbano; principais intervenes; propostas
no implementadas; dificuldades e necessidades; pesquisas realizadas; origem e
destinos; aspectos da cultura local, entre outros) e apresentao das pesquisas e
diagnsticos construdos com a comunidade at a data da oficina. Brainstorm3 e
definio do marco conceitual.
3Brainstorming uma tcnica para estimular a gerao de um grande nmero de ideias em um curto espao de
tempo. Geralmente realizado em grupo, um processo criativo conduzido por um moderador, responsvel pordeixar os participantes vontade e estimular a criatividade sem deixar que o grupo perca o foco. (VIANNA,
2012:101)
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Segundo dia: Diviso dos grupos e discusso do marco conceitual (a
cidade desejada e a cidade possvel; limitaes e dificuldades) Ideias e princpios
norteadores para cada grupo de projeto. Diviso de tarefas e responsabilidades.Anlise das propostas e projetos existentes. Reunies com especialistas e notveis.
Desenvolvimento de alternativas
Terceiro dia: Desenvolvimento de alternativas
Quarto dia: Apresentao das alternativas desenvolvidas por cada
grupo de projeto e seleo das propostas de maior possibilidade de sucesso
Quinto dia: Detalhamento das propostas
Sexto dia: Preparao das apresentaes e dos relatrios Stimo: Preparao das apresentaes e dos relatrios e
Apresentao final dos resultados para validao junto comunidade e integrao
social dos grupos.
Durante os trabalhos de ideao adotou-se o conceito central a partir de seu
objeto que era multidisciplinar e para inter-relacionar os elementos que o comporia
utilizou-se da compreenso do processo de projetao com o pensamento
sistmico, permitindo a possibilidade de um fazer no linear e interconectado, onde,
a cada momento que era necessrio adotava-se a inter-relao mais apropriada.
Cada grupo de projeto tinha os seus objetivos especficos, assim como, os
produtos a serem gerados e entregues (1- Relao Grupo/Grupo). Procurou-se
estabelecer a relao do objetivo e produto de cada grupo de projeto (objetivos e
produtos) com o Marco Conceitual que foi definido junto com os participantes no 1
ou 2 dia da Oficina por meio de um braim storm (2 - Inter-relaes Grupo/Marco
Conceitual).
Da mesma forma, instituram-se os vnculos dos objetivos e dos produtos de
cada grupo de projeto com os objetivos e produtos dos outros quatro grupos (3 -
Inter-relaes Grupo/Outros Grupos) e, tambm, de cada grupo de projeto (objetivos
e produtos) com marco conceitual e com os outros grupos projeto (4 Inter-relaes
Gerais). Assim as relaes se estabeleciam de acordo com a necessidade do
momento, sem menosprezar as demais inter-relaes, ativando-as sempre que
fosse preciso.
O grafo a seguir prope uma representao grfica plana deste sistema de
projetao.
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Grafo 1 - Oficina de Design Urbano de Terra Vermelha
Sistema no linear e interconectado para projetar de forma participativa um objeto multidisciplinar
1- Relao Grupo/Grupo: Cada grupo de projetocom o seu prprio grupo, cada grupo de projetocom seus objetivos especficos e os produtos a
serem gerados e entregues.
2 - Inter-relaes Grupo/Marco Conceitual:Cada grupo de projeto (seus objetivos e
produtos) com marco conceitual.
3 - Inter-relaes Grupo/Outros Grupos: Cadagrupo de projeto (objetivos e produtos) com os
outros grupos projeto.
4Inter-relaes GERAIS: Cada grupo deprojeto (objetivos e produtos) com marco
conceitual e com os outros grupos projeto.
Fonte: Desenvolvido pelo autor
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Facilitado pelo coordenador cada grupo de projeto se organizava da forma
mais adequada ao seu grupo tendo sempre como norteador as inter-relaes, osobjetivos e produtos, assim como, o marco conceitual acordado. Os componentes
dos grupos podiam livremente atuar em seu grupo ou participar de outro. No fim da
cada dia todos os grupos se reuniam para compartilhar suas percepes e ideias da
experincia vivida.
Figura 03: Oficina de Design Urbano de Terra Vermelha.
Fonte: Projeto de Extenso Universitria Desenho Urbano e Ordenamento Territorial da Grande Terra
Vermelha, Vila Velha/ES (2011).
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Em tempo real, as decises projetuais foram pragmticas, tomando-se como
referencial o marco conceitual (que alinhou as deliberaes com a percepo dos
membros da comunidade sobre o espao urbano que habitavam) e a promessa dosprodutos a serem entregues.
Os modelos gerados constituiu-se em desenhos e esquemas onde foi
tentado expressar as ideias propostas para uma interveno urbana criada de forma
participativa, porem, apresentou-se e foi validado, segundo Vianna (2012), um
prottipo de baixa fidelidade, isto , uma representao conceitual da soluo
encontrada que deveria, posteriormente, evoluir para um projeto mais prximo
possvel da soluo final (alta fidelidade) tambm de forma participativa.
Figura 04: Produto (prottipo de baixa fidelidade) Oficina de Design Urbano de Terra Vermelha.
Fonte: Projeto de Extenso Universitria Desenho Urbano e Ordenamento Territorial da Grande Terra
Vermelha, Vila Velha/ES (2011).
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REFLEXES SOBRE O RESULTADO
Diante da observao do que ocorreu nestas experincias de projetao
participativa, h elementos que nos impulsionam a continuar experimentando autilizao de ferramentas e instrumentos que permitam, facilitem e estimule a
adoo da inferncia abdutiva, o pragmatismo nos processos de tornar tangveis as
percepes dos usurios de um espao urbano (ou mesmo de espao arquitetnico
ou um artefato qualquer) concomitantemente ao modo de pensar sistmico.
H, no relato deste artigo exemplo de substituio da ideia de simplicidade
pela noo de complexidade, quando foi proposto as inter-relaes Grupo/Grupo,
Grupo/Outros Grupos, Grupo/Marco Conceitual e Geral uma vez que objetoprojetado/estudado se caracterizava como multidisciplinar, vendo-o em suas vrias
dimenses desde a mobilidade, passando pela segurana, pela percepo enquanto
territrio identitrio e, tambm, em sua vertente comunicacional.
A possibilidade de utilizar as inter-relaes quando fosse adequada, a
permisso que os grupos de projetos se organizassem e que seus membros
pudessem atuar neste ou naquele grupo de projeto trocou estabilidade e
regularidade por instabilidade e a crena na objetividade deu lugar noo de
intersubjetividade na constituio da realidade e de sua compreenso quando se
estimulou a participao efetiva de indivduos das mais variadas profisses,
escolaridade e realidade social no processo de ideao.
Outro ponto notvel foi a utilizao do marco conceitual textual como
principio sustentador da deciso pragmtica, pois ao mesmo tempo que permite a
incluso de percepes distintas e at paradoxal e, tambm, cria uma espcie de
alma gasosa e transparente conceitual que permeia o objeto tangvel com os
aspectos imateriais que so sensveis ao grupo.
Dividir um projeto que contempla a ideao participativa em etapas de
Imerso (Preliminar em Profundidade), Ideao e Prototipao sem preocupao
que sejam de forma linear da forma que proposto pelo Design Thinking parece
apropriado, pois permite organizar sem enrijecer dando ao processo um carter mais
libertrio e, por conseguinte, com abertura para ideias mais incomuns e, talvez, com
a possiblidade de gerar um maior sucesso.
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PRXIMO PASSO (?)
Munidos das reflexes expostas acima, o que se prope uma nova
experimentao destas premissas de projetao participativa no desenvolvimento dopossvel projeto Reconhecendo e Reprojetando Nossa Cidade, que provavelmente
envolver o Ministrio Pblico do Estado do Esprito Santo, a Universidade Vila
Velha (UVV) atravs do Ncleo de Estudos e Prticas de Arquitetura e Urbanismo,
Design de Produto e Engenharia Civil (NEP) e o Movimento Vida Nova (MOVIVE) no
ano de 2014.
Em linhas gerais o projeto Reconhecendo e Reprojetando Nossa Cidade
busca oportunizar a discusso sobre o ambiente urbano e ambiental de VilaVelha/ES para despertar a valorizao do patrimnio cultural e natural da cidade,
alm de elaborar propostas para atuao na valorizao de espaos pblicos nas
cinco Regionais do municpio.
A metodologia projetual pretendida tem sua concepo a partir da
observao dos indcios emanados nos cidados de criar um processo continuo, e
talvez um trao cultural, naqueles que habitam (nasceram ou vieram de outros
lugares, moram, trabalha, estudam ou tem algum tipo de ligao afetiva com) o
municpio de Vila Velha/ES. Descobrir ou identificar os elementos (materiais e
imateriais) que definem a identidade a fim de relacion-los aos objetos que sero
utilizados para uma interveno urbanstica que a caracteriza ser o grande desafio.
Para tanto, se pensou em utilizar uma analogia baseada na abordagem da
ontologia onde o ser humano possuidor de duas dimenses (CORPO e ALMA),
onde o Corpo o meio fsico atravs do qual a entidade no material se manifesta e
a Alma uma caracterstica prpria, nica, que aufere ao ser uma personalidade
individualizada, e a partir desta metfora, buscar nas razes os traos da cultura
imaterial para torna-las tangveis em espaos de uso coletivo no meio urbano nas
cinco regionais do municpio de Vila Velha. Ver o grafo 2 abaixo.
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Grafo 2 Do centro parte o marco conceitual que permeia a alma ao seu redor e se materializa
no corpo atravs dos equipamentos que sero distribudos e ordenados compondo o espao
urbano de cada uma das cindo regionais de Vila Velha/ES.
Fonte: Desenvolvido pelo autor
Esta vertente, nos faz crer, que a adoo de um processo participativo pode
render produtos de qualidade reconhecida, tanto em seus aspectos tcnicos, quanto
em seu vis de alinhamento, com a percepo daqueles que utilizaro o espao
projetado, que sejam seus habitantes, aqueles que ali se destinam, ou mesmo os
que saem dali levando uma imagem positiva em suas lembranas.
O projeto Reconhecendo e Reprojetando Nossa Cidade emerge como mais
uma oportunidade de experimentao de um processo participativo de ideao emespecial porque abarca a identidade dos habitantes de um determinado territrio
espacial em um momento lquido, de valores cambiantes em uma sociedade onde
individualismo presente.
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REFERNCIAS
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BROSE, Markus. Metodologia participativa: uma introduo a 29 instrumentos. 2.ed. PortoAlegre: Tomo Editorial, 2010. 328p.
CORDIOLI, Srgio. Enfoque Participativo: um processo de mudana: conceitos, instrumentos eaplicao prtica. Porto Alegre: Genesis, 2001. 232p.
FERREIRA, Giovanilton A. C.; SPINASS, Marcos A.; FEHELBERG, Vitor. Desafios da ParticipaoPopular no Projeto de Extenso Universitria - Desenho Urbano e Ordenamento Territorial naRegio da Grande Terra Vermelha, Vila Velha / Es. Salvador: 6 PROJETAR, 2013.
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