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A comunidade de abelhas e seus recursos tróficos em área de clima temperado no sul do Brasil (Hymenoptera, Apidae) LABEL Laborató rio de Abelhas da UNIVILLE Denise Monique Dubet da Silva Mouga 1 , Enderlei Dec 2 , Andressa Karine Golinski dos Santos³, Juliane Valduga da Silva 4 , Manuel Warkentin 5 e João Carlos Ferreira de Melo Jr. 6 UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville, Joinville, SC, [email protected] 1 , [email protected] 2 , [email protected]³, [email protected] 4 , [email protected] 5 , [email protected] Introduç ão: Problema: Contaminação biológica por introdução de espécies exóticas interferência direta na estrutura e no funcionamento das comunidades nas quais se instalaram. Justificativa: poucos estudos sobre efeito provocado pela abelha africana em redes mutualísticas e na própria dinâmica das comunidades de ecossistemas brasileiros por ela ocupados. Objetiv os: Caracterizar a rede de interações entre espécies vegetais e a melissofauna polinizadora em uma unidade de conservação em clima temperado de Santa Catarina, Comparar os padrões estruturais estabelecidos levando em conta a presença/ ausência de Apis mellifera , Entender o efeito de espécies exóticas na dinâmica das redes mutualísticas. Materiais e Métodos: Local de estudo: PARNASJ (49 o 22' e 49º 39' S, 28° 04' e 28° 19'W), 49,3 mil ha. , altitude 350-1822 m, temperatura média anual de 10,9 o C, precipitação anual de neve, média pluviométrica anual de 1300- 1700 mm, cobertura vegetal: Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, Mata Nebular, Floresta Ombrófila Mista e Campos de altitude. 24 expedições de coleta (agosto/ 2010 a julho/ 2012) 288 horas de esforço amostral. Metodologia: Método adaptado de Sakagami et al. (1967) Indivíduos de Apis mellifera Linnaeus 1758 registrados (estimativa). Abelhas e plantas foram coletadas, identificadas e depositadas no LABEL. Análise das interações ocorridas entre plantas e abelhas visitantes. Grafo bipartido (programa Pajek (Batagelj & Mrvar, 1998)); Cálculos (métricas de conectância, grau de especialização da rede e índice de aninhamento). Métricas testadas na presença/ ausência de Apis mellifera. Resultados e Discussão: Abelhas: 2384 indivíduos, 71 espécies (Halictinae (30), Apinae (23), Megachilinae (7), Andreninae (8), Colletinae (3)). Conclusã o: Relações mutualísticas observadas indicam intensificação de interações, principalmente em espécies exóticas, sugerindo certa alteração na estruturação da rede de polinizadores. Possibilidade de interações: 10.011 com A. mellifera; 9.870 sem Apis mellifera. Entretanto, foram observadas somente 2.146. Destas, 88,4% se concentram em apenas 04 espécies de abelhas: Apis mellifera (68%); Trigona spinipes (14%); Schwarziana quadripunctata (10%); Bombus pauloensis (8%). N° de interações entre plantas e abelhas nativas: 914 N° de interações entre plantas e Apis mellifera: 1232 Espécies de abelhas com maior número de interações (Figura 1A): Apis mellifera (1232), Trigona spinipes (293), Schwarziana quadripunctata (200), Bombus pauloensis (172), Plebeia saiqui (42), Paroxystoglossa sp (38). Sem A. mellifera, abelhas nativas ampliam em mais de 50% a sua importância no conjunto das interações (Figura 1 B). Conectância : 0,21 /0,09, (com/ sem A. mellifera) Índice de aninhamento NODF 16,06/ 13,13 (com/ sem A. mellifera) Grau de especialização H´2 = 0,56, Rede heterogênea, coesa, assimétrica, aninhada e em grau intermediário de especialização. A. Inclusão da espécie exótica Apis mellifera na rede. B. Exclusão da espécie exótica Apis mellifera da rede.. Plantas: 141 espécies , 44 famílias. Interações verificadas: 41,84% (Asteraceae), 5,67% (Fabaceae), 4,96% (Solanaceae) e 3,54% (Brassicaceae). 522 interações (24,32%) se concentraram em 4 espécies vegetais: Senecio icoglossus (7%), Prunus persica (6,7%), Solidago chilensis (5,9%) e Calendula officinalis (4,6%) . Sem A. mellifera: 49 espécies botânicas são excluídas. Nova ordenação decrescente de interações com vegetais para as abelhas nativas: Senecio sp, Calendula officinalis, Verbena litoralis, Prunus persica, Portulaca grandiflora e Eschscholzia californica.

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A comunidade de abelhas e seus recursos tróficos em área de clima temperado no sul do

Brasil (Hymenoptera, Apidae) LABELLaboratóri

o de Abelhas

da UNIVILLE

Denise Monique Dubet da Silva Mouga1, Enderlei Dec2, Andressa Karine Golinski dos Santos³, Juliane Valduga da Silva4, Manuel Warkentin5 e João Carlos Ferreira de Melo Jr.6 

UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville, Joinville, SC, [email protected], [email protected], [email protected]³, [email protected], [email protected], [email protected]

Introdução:Problema: Contaminação biológica por introdução de espécies

exóticas interferência direta na estrutura e no funcionamento das comunidades nas quais se instalaram.Justificativa: poucos estudos sobre efeito provocado pela abelha africana em redes mutualísticas e na própria dinâmica das comunidades de ecossistemas brasileiros por ela ocupados.

Objetivos:Caracterizar a rede de interações entre espécies vegetais e a

melissofauna polinizadora em uma unidade de conservação em clima temperado de Santa Catarina, Comparar os padrões estruturais estabelecidos levando em conta a presença/ ausência de Apis mellifera , Entender o efeito de espécies exóticas na dinâmica das redes mutualísticas.

Materiais e Métodos:Local de estudo: • PARNASJ (49o 22' e 49º 39' S, 28° 04' e 28° 19'W), 49,3 mil ha. ,

altitude 350-1822 m, temperatura média anual de 10,9o C, precipitação anual de neve, média pluviométrica anual de 1300-1700 mm, cobertura vegetal: Floresta Ombrófila Densa Alto-Montana, Mata Nebular, Floresta Ombrófila Mista e Campos de altitude.

• 24 expedições de coleta (agosto/ 2010 a julho/ 2012)• 288 horas de esforço amostral.

Metodologia: • Método adaptado de Sakagami et al. (1967)• Indivíduos de Apis mellifera Linnaeus 1758 registrados (estimativa). • Abelhas e plantas foram coletadas, identificadas e depositadas no

LABEL.• Análise das interações ocorridas entre plantas e abelhas

visitantes. Grafo bipartido (programa Pajek (Batagelj & Mrvar, 1998)); Cálculos (métricas de conectância, grau de especialização da rede e índice de aninhamento).

• Métricas testadas na presença/ ausência de Apis mellifera.

Resultados e Discussão:Abelhas: 2384 indivíduos, 71 espécies (Halictinae (30), Apinae (23),

Megachilinae (7), Andreninae (8), Colletinae (3)).

Conclusão:Relações mutualísticas observadas indicam intensificação de interações, principalmente em espécies exóticas, sugerindo certa alteração na estruturação da rede de polinizadores.

Possibilidade de interações: 10.011 com A. mellifera; 9.870 sem Apis mellifera. Entretanto, foram observadas somente 2.146. Destas, 88,4% se concentram em apenas 04 espécies de abelhas: Apis mellifera (68%); Trigona spinipes (14%); Schwarziana quadripunctata (10%); Bombus pauloensis (8%).

N° de interações entre plantas e abelhas nativas: 914N° de interações entre plantas e Apis mellifera: 1232

Espécies de abelhas com maior número de interações (Figura 1A): Apis mellifera (1232), Trigona spinipes (293), Schwarziana quadripunctata (200), Bombus pauloensis (172), Plebeia saiqui (42), Paroxystoglossa sp (38).

Sem A. mellifera, abelhas nativas ampliam em mais de 50% a sua importância no conjunto das interações (Figura 1 B).

Conectância : 0,21 /0,09, (com/ sem A. mellifera)Índice de aninhamento NODF 16,06/ 13,13 (com/ sem A. mellifera)Grau de especialização H´2 = 0,56, Rede heterogênea, coesa, assimétrica, aninhada e em grau intermediário de especialização.

A. Inclusão da espécie exótica Apis mellifera na rede. B. Exclusão da espécie exótica Apis mellifera da rede..

Plantas: 141 espécies , 44 famílias.Interações verificadas: 41,84% (Asteraceae), 5,67% (Fabaceae), 4,96% (Solanaceae) e 3,54% (Brassicaceae). 522 interações (24,32%) se concentraram em 4 espécies vegetais: Senecio icoglossus (7%), Prunus persica (6,7%), Solidago chilensis (5,9%) e Calendula officinalis (4,6%) .

Sem A. mellifera: 49 espécies botânicas são excluídas. Nova ordenação decrescente de interações com vegetais para as abelhas nativas: Senecio sp, Calendula officinalis, Verbena litoralis, Prunus persica, Portulaca grandiflora e Eschscholzia californica.