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Rizzardo da Camino Cadeia de União 1 Capa

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  • Rizzardo da Camino Cadeia de União

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    Capa

  • Rizzardo da Camino Cadeia de União

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    Rizzardo da Camino

    Cadeia de UniãoAo Casal Corina e Luiz Fernando

    Rodrigues Torres, ofereço comsincera amizade e admiração.

    Exemplar nº 0144

    Para uso exclusivo de

    Amadeu Olivier Pires FalcãoPermitida apenas uma cópia, em arquivoou papel, para uso próprio e segurança.

    © RIZZARDO DA CAMINO – Todos os direitos reservadosReprodução Autorizada para Livraria Maçônica Paulo FuchsLivraria Maçônica Paulo FuchsLivraria Maçônica Paulo FuchsLivraria Maçônica Paulo FuchsLivraria Maçônica Paulo FuchsSão Paulo, SP – 11 5510-0370 internet: www.livrariamaconica.com.brFevereiro de 2002.

    Dados do Livro

  • Rizzardo da Camino Cadeia de União

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    IndiceCapaDados do LivroIndice

    Sobre Rizzardo da CaminoA Cadeia de União -

    Adauto Barreto NenA Cadeia de UniãoO Caminho para DentroA Palavra SemestralPosição HierárquicaO BalandrauO TemploTrês Fatores

    A LuminosidadeO SomO Perfume

    O Livro SagradoA PosturaO Cruzamento dos BraçosO Aperto das MãosA MenteA RespiraçãoPranaOs OlhosA Cadeia Mental

    O RosárioA Formação Ideal da

    Cadeia de UniãoO CompassoA SaudaçãoO Mestre de CerimôniasA Comunhão com DeusConclusão

  • Rizzardo da Camino Cadeia de União

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    Sobre Rizzardo da CaminoDa Academia Brasileira Maçônica de Letras

    EX-LIBRIS

    Rizzardo da Camino

    Rizzardo da Camino é brasileiro, nasceu em Garibaldi, estado do Rio Grande doSul, a 5 de fevereiro de 1918. Bacharel em ciências jurídicas e sociais pelaUniversidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1945. Ingressou na MagistraturaRiograndense em 1949, aposentando-se, posteriormente. Jornalista profissionale advogado militante. Iniciado na Maçonaria em 1946, na Loja Electra n° 21, emPorto Alegre. Foi Venerável de sua Loja. Membro fundador da Academia MaçônicaBrasileira. Colaborador constante de jornais e revistas Maçônicas. No filosofismoatingiu o Grau 33, fazendo parte do Consistório “Dr. Moreira Sampaio” de PortoAlegre. Membro efetivo do Supremo Conselho para a República Federativa doBrasil, pertencendo ao Sacro Colégio. Inspetor Litúrgico da Região do Rio Grandedo Sul. Membro honorífico da Muito Respeitável Grande Loja do Rio de Janeiroe da Muito Respeitável Grande Loja de Minas Gerais.

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    A Cadeia de União - Adauto Barreto Nen

    Braço direito sobre o esquerdo colocado,mãos enlaçadas com firmeza e com amor;corpo em coluna retamente transformado,torno-me um elo da Cadeia do Esplendor.

    Coro:

    Está formada a Cadeiada nossa união fraternal,e o amor noss’alma incendeiano concerto universal.

    Meu pensamento se ergue vivo como a chamado altar da Fé que prende o Irmão a cada Irmão;e, no Infinito, como bênção, se derramaa luz do amor que enche de paz o coração.

    Fortes, unidos, paladinos da Verdade,agora e sempre conservemos a esperançade que haverá, para os Irmãos, Fraternidade, Saúde,e mais, Sabedoria e Segurança.

    Encho a minh’alma dos mais puros sentimentos;sinto que o Irmão, junto de mim, também o faz.E este poder que sai dos nossos pensamentosproduz o Amor, gera a Harmonia e forma a Paz.

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    A Cadeia de União

    Um ponto de partida para a compreensão do que se convencionoudenominar de Cadeia de União, sem dúvida, é definir a própria expressãosimbólica.

    Cadeia, no entender dos dicionários não passa de “uma correntede anéis de metal”, mas em Maçonaria devemos considerá-la apenas comouma “corrente” que “une”.

    O símbolo formado por múltiplos anéis interligados entre si, semprincípio nem fim, evidencia a união perfeita, igual e imutável daqueles queaceitaram unir-se por laços fraternos.

    E a “corrente” vem sendo formada pelos seres humanos, dentrodos Templos, entrelaçados os braços, unidos os corpos e as mentes, numademonstração e confirmação de bons propósitos.

    A Cadeia de União é símbolo quando representada per uma“corrente de anéis de metal”, mas deixará de ser símbolo quando em execução,para ser perfeita união.

    A Cadeia de União formada dentro de um Templo não simboliza aunião fraterna; ela, é realmente a própria fraternidade.

    O símbolo apresenta, sempre, duas idéias: uma estática quandoreproduzido por matéria e dinâmica quando exercido pelo ser humano.

    As próprias “marchas” dentro do Templo, nos três graus, obedecemà orientação dos seus símbolos: Régua, Esquadro e Compasso. Todopensamento e movimento humanos podem ser reproduzidos por símbolos.Estes surgem mercê o poder criativo do homem; como símbolos são as letrasde um alfabeto, as notas musicais, as figuras do Zodíaco, a nomenclaturados componentes químicos, dos metais, enfim, daquilo que precisa sermaterializado e composto. Exemplo melhor não teríamos do que os própriosnúmeros; apenas alguns símbolos tornam possível uma infinita escala deoperações matemáticas.

    Portanto, o ponto de partida para uma ação, é o símbolo; indicadaa ação, o símbolo deixa de existir.

    Qual é o símbolo existente dentro de um Templo representativo daCadeia de União?

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    São diversos: em torno do piso de mosaico; os colares ostentadospelas Luzes; a rede que deveria cobrir o topo de cada Coluna, a própria marchadentro do Templo, etc..

    A Cadeia de União vem representada como sendo uma corrente,ou um colar, ou seja um seguimento de elos entrelaçados.

    No entanto, na descrição que se encontra no Primeiro Livro dosReis, capítulo 7 e versículo 17, Hiram Abif dispôs “redes de malhas, egrinaldas de cadeias, para os capitéis que estavam sobre o alto dascolunas”.

    E mais adiante lemos: “Fez as colunas, e havia duas ordens deromãs ao redor por cima duma rede para cobrir os capitéis que estavamno alto das colunas”. “Perto da parte globular, próximo à rede, os capitéisque estavam em cima sobre as duas colunas tinham duzentas romãs,dispostas em ordens ao redor sobre um e outro capitel”.

    As redes, obviamente, são formadas, também, de elos; as romãs eos lírios enfileirados uns ao lado dos outros, dão idéia de corrente, decontinuidade, de união.

    Não esclareceu Hiram-Abif e não explicam as Sagradas Escrituraso porque daqueles símbolos e, sobretudo, os motivos que levaram Salomão aempregar redes, correntes, romãs e a infinidade de objetos descritos no 1ºlivro dos Reis.

    A rede formada de elos representa a união de todos os irmãoscobrindo o mundo. Uma corrente fechada em círculo representa a união deum determinado grupo de irmãos.

    A origem da Cadeia de União querem muitos que provenham dosmistérios egípcios; afirmar que a Cadeia de União Maçônica e a “Cadeia deUnião Egípcia” se identificam, seria fundirmos os mistérios egípcios com osmistérios maçônicos.

    Julgamos, porém, que o homem primitivo, sentado em torno dafogueira, em forma de círculo para melhor aproveitamento do calor, tenhaconstituído a primeira oportunidade de se organizar socialmente.

    Próximo um do outro, evidentemente, contando, apenas, a sexomasculino, iniciaram os atos de comunicação, quando e isto, especialmente,à noite, tinham a oportunidade de, descansando fazerem as comunicaçõessobre as suas aventuras e conquistas, obtendo dos mais velhos, os conselhosnecessários e os que detinham autoridade, as ordens que deveriam cumprir.

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    Paralelamente, passariam a considerar os aspectos místicos querecém despertavam, como o próprio culto ao Fogo.

    Às reuniões em torno da fogueira, aspirando o “perfume” da madeiraqueimando, envolvidos na fumaça, qual incenso rudimentar, sentiam o “som”que o crepitar das chamas produzia, os efeitos da reunião.

    O hábito, a satisfação da reunião, o bem estar da situação, faziacom que a amizade fosse sincera e cultivada; eram, quiçá, os primeiros elosao culto da fraternidade.

    Naquela situação peculiar, poderiam cantar, bater palmas, produzirsons compassados por meio de pedras, escutar o sibilar do vento, enfim,toda uma série de fatores que muito mais tarde, sugeririam, seja a Egípciosou outros povos, a transformação daqueles atos naturais, em liturgia.

    A união entre irmãos não deve ser confundida com a Cadeia deUnião.

    Os livros maçônicos não nos instruem sobre a origem da Cadeia deUnião, aliás, parece que o termo é recente: Karl Dittmar, em seu opúsculo“Das Katena”, diz da dificuldade que teve para encontrar essas origens eapresenta suas dúvidas de que a Cadeia de União seja, realmente, um símbolomaçônico.

    Nos símbolos relacionados por F. C. Endres não figura a Cadeia deUnião. Informa Dittmar: “o termo ’Cadeia de União’ tornou-se conhecidointernacionalmente somente após a fundação do Escritório Universalda Maçonaria, originalmente como uma entidade privada do IrmãoEduard Quartier la Tente, Grão Mestre suíço, em 1902".

    Um dos argumentos mais sérios e a ser considerado reside no fatode que a Grande Loja da Inglaterra não pratica a formação da Cadeia deUnião em suas cerimônias.

    Funk escreveu em 1861: “Em 28 de setembro de 1778, o DuqueFerdinand de Braunschweg instruiu os irmãos do oriente de Magdeburga formarem a Cadeia de União por ocasião do restabelecimentoritualístico das colunas da Loja Ferdinand o Venturoso”.

    Em 1758 foi instituída uma Confraria: a Ordem do Colar dosPeregrinos. Eis sua origem: “Três cavaleiros viajavam de carruagem,quando o veículo sofre um acidente e é avariado. De uma granja próximaaparece socorro em forma de uma corrente que auxiliou no conserto dacarruagem, permitindo o prosseguimento da viagem. Em

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    reconhecimento, os três cavaleiros propõem-se formar uma Ordem(1) ejurar amor fraterno. O emblema da Ordem consistia em três letrasentrelaçadas em círculo: Fahigkeit, Bestandigkeit e Stillschweigen”(Disposição, Perseverança e Discrição). Abaixo do monograma pendiamtrês argolas entrelaçadas. Quando era admitido um novo membro naOrdem, faziam referência a: ‘ferrar um elo na corrente’”.

    Em 1616 o aventureiro Kotteus da Silésia tivera algumas visões, euma delas representava três homens sentados em torno de uma mesatriangular, de mãos dadas em cadeia.

    Quando da construção das primeiras igrejas em solo germânico, ospedreiros tinham o costume de colocar uma pesada corrente em torno daconstrução, existindo, ainda, hoje em dia, em algumas delas. A origem dacolocação daquelas correntes remonta ao “mártir algemado” São Leonardo,que teria falecido em 559.

    Sobre S. Leonardo há outra versão diferente, a de que conseguirade Clodoveu I, rei dos francos, a libertação de inocentes prisioneirosalgemados, tornando-se, assim, o santo protetor dos prisioneiros e dos animaisacorrentados.

    Outra versão apresentada por Dittmar (obra citada) e que teria sidonarrada por K. Künstle em sua Iconografia dos Santos diz:

    “Conforme uma biografia escrita no século XI, São Leonardopertencia à nobreza e foi educado na corte real. Quando adultotornou-se monge, sendo considerado um santo. No início daIdade Média, o culto a São Leonardo passou a sobrepujar ascrenças sobre as forças da natureza, especialmente na Baviera.Posteriormente, ampliou-se a sua área de influência. Uma lendade época posterior faz referências a um prisioneiro do Condede Limousin: em seu desespero, o prisioneiro implorou a SãoLeonardo e este lhe apareceu trajando longas vestes brancase lhe ordenou que “erguesse” a pesada corrente e atransportasse ao Templo. Tal aconteceu. Posteriormente,inúmeros presos, inclusive insanos mentais que na Idade Médiaeram acorrentados, “ergueram” suas correntes e astransportaram ao Templo em sinal de gratidão pela liberdadeadquirida. Todos eram atendidos pelo Santo e as correntesvotivas que se acumulavam nas Igrejas foram reunidas numasó, para, então, circundar os Templos.”

    _________________________________________________________________________________________________________(1) Na época, todo motivo era pretexto para fundar uma “Ordem”.

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    A corrente como atributo milagroso está ligada a mais cinco santos,conforme informa Künstle. O poder curativo da corrente nos aparece na lendade Santa Balbina, uma virgem romana do II século, cuja ferida no pescoçosomente sarara quando o Papa Alexandre lhe colocou, à guisa de colar, umacorrente com a qual ele próprio fora acorrentado quando prisioneiro.

    Amadeus Wolfgang Mozart (1756-1791), compositor austríaco, foiiniciado na Loja “A Beneficência” no ano de 1784, quando já celebridade nocampo da música. Além das inúmeras obras maçônicas onde se destaca a“Flauta Mágica”, compôs, já quase no leito de morte, o cântico: “Irmãos,colocai as mãos na Cadeia de União”, constituindo-se, ainda hoje, o hinoda Ordem Maçônica Alemã.

    Desejam alguns autores atribuir a origem da Cadeia de União, àsdanças de roda infantis, comuns a todos os povos e em todas épocas.

    As nossas “cirandas” dos tempos escolares.

    As tribos africanas e as religiões tipo “folclóricas” mantêm em seuscultos à dança, culminando, sempre, na formação de círculos; temos exemplosnos antigos filmes de “faroeste”, nas cenas onde os índios peles-vermelhasexecutavam as danças festivas ou guerreiras, sempre em círculo.

    No Universo tudo transcorre em círculo e cadeia. O sistema solar,com a rotação dos astros e da própria Terra, obedece a leis simples, claras eharmônicas, movimentando-se em círculos; até o viajante, perdido no deserto,caminha em círculos.

    O Termo Cadeia de União

    O termo Cadeia de União compõe-se de duas palavras, “cadeia” e“união”(2).

    Vamos analisá-las para melhor compreensão e entendimento.

    O significado comum de “cadeia” já foi dado no início; cumpre, agora,conhecermos o significado “maçônico”.

    Dentro do Templo, notamos no “pavimento de mosaicos” a “orladentada” que circunda e que expressa o mesmo símbolo de união.

    ____________________________________________________________________________________________________________

    (2) A ciência que estuda a origem das palavras, a Filologia, constitui meio caminho andadopara a Filosofia; no estudo dos símbolos, a “dissecação” dos vocábulos equivale a um estudofilológico.

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    No “Manual de Paramentos e Jóias” adotado pela MaçonariaSimbólica Regular do Brasil (edição 1956) vemos que o Grão Mestre usa umcolar metálico composto de 13 chapas e 7 estrelas. Não passa de uma “cadeia”simbólica, usada pela autoridade máxima do simbolismo. Traz em si, comodeterminação externa, o propósito de unidade espiritual dos que se encontramsob seu “Malhete”.

    Os colares sempre foram altamente simbólicos, usam-nos quasetodas as seitas religiosas do oriente e do ocidente; uns, colocando-os nopescoço, outros os manuseando constantemente; exemplo dos mais comunso temos no “rosário”, composto de contas que conduzem os fervorosos a umaoração constante.

    Em diplomas, figuras, “ex-libris”, encontramos “colares” queexpressam “cadeias de união”, simbolicamente desenhadas; os brasões dospapas, cardeais e bispos, sempre contêm, ou elos dispersos, ou colares,expressando união.

    A “Orla Dentada”, ou o “Borde Festonado”, ou “Franja Festonada”,é construída de diversas formas, mas ultimamente se a coloca no própriopiso de forma a mais simples possível, em pequenos triângulos. A forma nãoaltera o seu significado.

    Em princípios do século XIX, os símbolos maçônicos eramdesenhados com giz ou carvão, no assoalho e em terno era colocada umacorda.

    Não se confunda com a corda dos 81 nós que circunda o Templo,ao redor do teto, pois essa corda não é contínua; em suas extremidadespendem duas franjas. O seu simbolismo é muito diverso do da Cadeia deUnião.

    A “Orla Dentada” simboliza, outrossim, o círculo que os planetasformam ao redor do Sol em suas diversas evoluções.

    Simboliza a “muralha” protetora da humanidade formada pelosespíritos evoluídos que, com sua força mental, equilibram o ser humano,salvando-o da miséria e aflição.

    Curioso é referir que a “Cadeia” formada pela “Orla Dentada” tomao formato de um quadrilátero e não de um círculo, pois representa os quatroelementos: Terra, Água, Ar e Fogo.

    Uma Cadeia deve ser um “todo”, pois os seus “componentes”isolados, não atuam como tal.

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    Porém, na Cadeia de União, os “componentes”, ou “elos”, têm apeculiaridade, por serem “seres humanos”, de atuarem em separado.

    Cada Maçom constitui-se em “elo” da Cadeia de União e, fora desua formação, são “elos em expectativa” para, reunidos, atuarem comoconjunto.

    Os demais símbolos a que aludimos, como a “Orla Dentada”, a“Corda dos 81 Nós”, as “Redes” sobre as Colunas, os “Colares”, tudo o quepossa representar “Círculo”, são estáticos e só valem quando se constituemem “todo”.

    Por exemplo, não será símbolo um fragmento de uma Jóia, de umInstrumento, de uma Página do Livro Sagrado; de um Nó da Corda de 21Nós, de um elo de um Colar.

    O Cordão do Avental só será “Cadeia” e símbolo quando atado àcintura do Maçom; isolado, estático, nada representa.

    O “elo” da Cadeia de União, isolado, por ser um “ser”, atuamisticamente, como Cadeia, se com o pensamento se une aos demais “elos”da Loja.

    Há uma Cadeia de União em cada Loja; há uma Cadeia de Uniãoem cada Jurisdição (uma Jurisdição compreende as Lojas de um Estado daUnião); há uma Cadeia de União em cada País; há uma Cadeia de Uniãosobre a Terra e há uma Cadeia de União Universal.

    Cada “elo” constitui um “elo” da Cadeia de União de sua própriaLoja, mas também, de todas as demais “Cadeias de União” mencionadas.

    A “Cadeia de União Universal” abrange os “seres” humanos e os“exclusivamente espirituais”, se assim pudermos classificar as próprias HostesCelestiais, e os “espíritos” dos que “morreram”.

    O “contato” mental é instantâneo; portanto, a “formação da Cadeiade União Mental” é instantânea.

    Nenhum “elo” permanecerá isolado e fora do “todo”, após terparticipado de uma Cadeia de União.

    Porém, e isto está impregnado de esoterismo, o que faz a formaçãomental é a “Palavra Semestral”, que tem o dom mágico de unir os “Elos”esparsos.

    Faz-se, portanto, necessário, pelo menos uma aproximação entreos “elos”, semestralmente.

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    Se a “palavra de união”, não fosse alterada semestralmente e fossemantida por período mais longo, a sua função, evidentemente, seriaprolongada; se inalterada, seria permanente.

    Muitos confundem a Corda dos 81 Nós com a Cadeia de União,confundindo “elos” com “nós”.

    Um “elo” é um elemento que une dois outros “elos”, mantendo-os,porém, isolados e livres.

    Os “nós” são formados por uma só “Corda”, que se “entrelaça” eprossegue; portanto, o “nó” não une. Falta à “Corda”, a finalidade de “unir”.

    A Corda dos 81 Nós circunda o Templo, dividindo a “AbóbadaCeleste”, qual linha do Horizonte, da Terra.

    Sendo a Loja um “quadrilongo”, a Corda dos 81 Nós, não seapresenta circular. A Cadeia de União forma um círculo, sem princípio oufim; a Corda dos 81 Nós termina em duas extremidades, onde são colocadasduas borlas que atingem o solo; não é, portanto, uma “união” de “elos”, massimplesmente, um símbolo estático, com função muito diferente, formado de“nós”.

    Em muitos Templos se vêem “Cordas” que possuem 81 “laçadas”ao invés de “nós”.

    A “laçada” ou o “laço” é, indubitavelmente, um “nó” em formação;bastará “esticar” a corda, para transformar o “laço” em “nó”.

    A função da Corda dos 81 Nós é “expelir”, de cima para baixo e defora para dentro, as “energias elétricas”, sobre os Obreiros, atuando os “nós”,como “acumuladores” de energia.

    A Corda dos 81 Nós possui 81 elementos definitivos; não se ospodem suprimir nem acrescentar.

    A Cadeia de União é formada por tantos “elos” quantos Maçonspresentes. Os “nós” da Corda não o são dispersos; os “elos”, sim.

    O termo “Cadeia” sugere “prisão”, porque era costume cruel e antigoacorrentarem-se os prisioneiros.

    Cadeia e prisão são sinônimas; portanto, quem participa de umaCadeia de União constitui-se em “prisioneiro”, no sentido de “união”; um“prisioneiro” do amor fraterno universal.

    Os Maçons encontram-se “presos” aos seus Irmãos de Loja, nasolidariedade do bem comum e do crescimento espiritual.

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    Quando os Maçons formam a Cadeia de União, colocam-se um aolado do outro, de pé, formando círculo. Porque estão parados e de pé e prestesa iniciarem um ato litúrgico, deverão colocar-se “à ordem”; após, cruzam osbraços e se transformam em “elos simbólicos”, materializadas; dadas as mãos,surge uma Cadeia de União estática, o mais belo dos símbolos dentro deuma Loja.

    É a “Cadeia”, em direção à “União”.

    Os termos Cadeia e Corrente, maçonicamente, são sinônimos, poisseu significado etimológico é igual, até se considerarmos os efeitos da “correnteelétrica”, que circula na Cadeia de União já formada.

    No entanto, não só porque assim a denominam os Rituais, comomantém a tradição, mas porque, a origem situa-se exatamente no termoCadeia, com o significado de “prisão”.

    A outra palavra, União, a encontramos no sentido maçônico, nosalmo 133, embora cada versão apresente certas peculiaridades que vale apena referir.

    Na tradução mais comum, de João Ferreira de Almeida, ediçãorevisada e atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do Brasil, assimapresenta o primeiro versículo do referido salmo:

    “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos.”

    A tradução mais antiga, revista e corrigida na grafia simplificadado mesmo João Ferreira de Almeida, da Imprensa Bíblica Brasileira, assimdiz:

    “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união.”

    A tradução brasileira dos originais hebraico e grego, das SociedadesBíblicas Unidas, apresenta:

    “Eis quão bom e quão agradável é habitarem juntos os irmãos!”

    A versão apresentada pela Vulgata, de autoria do padre MatosSoares, não difere das demais:

    “Oh! Quão bom e quão suave é viverem os irmãos em união!”

    A tradução dos textos originais pelo Pontifício Instituto Bíblico deRoma, apresenta:

    “Oh! Como é belo, como é prazenteiro o convívio de muitosirmãos juntos!”

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    Nessa tradução chama a atenção a aparente redundância:“o convívio de muitos irmãos e de irmãos juntos”. Convívio de muitosirmãos juntos tem significado diverso.

    O convívio importa em reunião, em agrupamento. Irmãos juntostem o significado de unidos.

    O convívio de irmãos unificados, em um só corpo, mente e espírito.

    “Ler Santa Bíblia”, versão italiana de Diodati, edição de 1891, assiminforma:

    “Quant’ é buono che fratelli dimorino insieme!”

    Ler “Santa Bíblia”, antiga versão espanhola de Cipriano de Valera,publicada em Madrid, diz:

    “Mirad cuán bueno y cuán delicioso es habitar los hermanosigualmente en uno!”

    E assim, cada tradução, seja em que língua for escrita, revelará,sempre, o espírito do Salmista que diz afirmar que a união entre os irmãos osfaz uma só pessoa.

    Cremos que o ponto de partida de nosso estudo deve ser fixado,exatamente, na fonte escrita, inquestionavelmente pura, que é o texto sagradodo Livro da Lei usado em nossas Lojas.

    A união dos Maçons não poderia ser mais bem executada queatravés de um símbolo: a Cadeia de União!

    É a universalidade em cadeia. Na era nuclear em que estamosvivendo há décadas, ficou assentado que uma série de átomos ligados entresi formam uma cadeia.

    Dentro da universalidade maçônica, o indivíduo representa essesátomos, pois, tanto no microcosmo como no macrocosmo, o Universo éencontrado, quer filosófica, quer cientificamente.

    O próprio vocábulo “Universo”, quer dizer, diversos em “um”. Umacadeia de maçons forma um só símbolo: o homem universal.

    Os elos da Cadeia de União são os mesmos elos de uma cadeiacomum, de metal, isto é, elos interligados entre si, embora individualmentesoltos. Cada elemento conserva a sua personalidade de modo que em cadeia,sentem-se unidos, sem estarem “soldados” entre si.

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    O objetivo primário da Maçonaria é unir os Irmãos de tal forma quedevem e possam parecer um só corpo, uma só vontade, um só espírito. UmTemplo compacto, coeso, uma massa só, posto composta de partesheterogêneas, formando um todo, uma Instituição. Esse todo não diminuinem absorve as personalidades isoladas. Como o Universo que subsiste comoum todo, porém, tem perfeitamente individualizado cada parcela, cada átomode que é composto.

    O Maçom unido pela Cadeia de União não é absorvido e diluído,mas unido através da soma das forças físicas e mentais, existindoindividualmente no todo. Admira que a instituição da Cadeia de União tenhaseu nascedouro em era tão próxima, de vez que já os Templários a praticavame em torno do Salmo 133 e da “união” invocada, a perseguição de Felipe oBelo e da Igreja através do pusilânime papa Clemente V.

    Michelet, na sua obra “Processo dos Templários”, tomo I, pág. 278,citado por Adelino de Figueiredo Lima, transcreve o Salmo 133 em latim:

    “Ecce quam bonum et quam jucundum habitare fratres inunum”.

    O objetivo do Salmo seria simplesmente a justificação do“homossexualismo”, prática a que se dedicariam os Templários; os noviçosexcitariam os veteranos com práticas obscenas e condenáveis:

    “In ore, in umbilico seu in ventre nudo, et in ano seu spinadorsi. Item aliquando in umbilico. Item aliquando in fine spinedorsi. Item, aliquando in virga virili.”

    Tal procedimento visaria preservar os segredos da Ordem, suprindoa falta de contato sexual heterogêneo, cuja incontinência de linguagemassustava os Templários:

    “Si habert calorem et motos carnales, poterant ad incivemcarnaliter commixeri, si volebant, quia medius erat quod hocfacerent inter se, ne ordo vituperaretur, quam si accederentad mulieris”.

    As perseguições contra a Maçonaria incluíram as fantasiosas emaldosas imputações feitas aos Templários e, talvez, a partir daí é quehouvesse certa restrição ao uso da Cadeia de União e da leitura em voz altado Salmo 133.

    Nem sempre a leitura do Livro Sagrado fixou-se para a aberturados trabalhos em sessão de Aprendiz, no Salmo 133, e ainda, hoje, muitosautores discutem a validade da escolha daquele trecho, temerosos de quepudesse haver, novamente, interpretação maldosa.

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    A União, obviamente, será física no sentido da “fraternidade”, masjamais uma união “carnal”; a “União” “mental”, “espiritual” é de muito maiseficácia que a união física.

    O símbolo não se presta a dúbias interpretações, pois um dos pontosbásicos da Maçonaria e o seu alicerce mais sólido é a Moral!

    A Teoria Atômica

    A teoria atômica do astrofísico Bethe, consoante o esquema por eleapresentado, dá uma demonstração evidente da obediência à lei natural.

    O que é um átomo?

    Em torno de uns corpos centrais, comparáveis ao Sol, e que sedenominam núcleo, giram como planetas em trajetórias de vários diâmetros,partículas menores denominadas elétrons.

    A semelhança com nosso Sistema Solar, certamente, não constituimero acaso; pelo contrário, permite que se conclua que onde no Universo seagrupam grandes massas, esse agrupamento aparece como um “sistemasolar”.

    Agrupando-se massas minúsculas, elas aparecem como “átomos”.Em ambos os casos, a massa principal acumula-se no centro como “Sol” epequenas partículas dispersam rodeiam esse centro como “planetas”. Adiferença entre as dimensões é de importância relativa.

    O Sistema Solar é o átomo do mundo, do macrocosmo, e o átomo éo sistema solar do pequeno mundo, do microcosmo. Os planetas do sistemaatômico chamam-se elétrons.

    Ninguém, ainda, sabe exatamente o que seja um elétron. Demócrito,há mais de 2000 anos, já havia deduzido pela lógica que haviam de existir osátomos.

    Em 1625, o matemático francês Descartes - portanto, 300 anosantes da descoberta dos elétrons - deduzira, à base de raciocínios matemáticos,que, além dos átomos, havia de existir uma partícula primitiva da matéria,muito menor ainda; dedução esta que hoje também se acha plenamenteconfirmada. E, o que é mais surpreendente ainda: Descartes desenhara aquelapartícula primitiva de acordo com nossos conceitos atuais, como sendo um“REMOINHO” que borbulhava do éter celeste, o qual então se presumia existir,como “REMOINHO ETÉREO”.

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    As cadeias e os remoinhos não passam de círculos. Fácil se tornacompreender que tudo se passa de idêntica forma, tanto para um átomocomo para um homem.

    Podemos, portanto, fazer uma afirmação: tudo em nós vive emcadeia.

    Esta é a razão da importância vital que a formação da Cadeia deUnião, se torna imperativa, como conseqüência lógica de que o homem deveobedecer às leis da natureza e às leis espirituais.

    O resultado das reações em cadeia dos átomos é a energia. Energiaidêntica gera uma cadeia formada pelo entrelaçamento tríplice do maçom.Não há diferença entre o Universo de “fora” com o Universo de “dentro”.

    A Cadeia de União nada mais é que a repetição de leis que regema Natureza; é preciso, porém, entendê-las e conscientizarem-se, todos, destaverdade.

    Eis, portanto, uma das razões do porque da formação da Cadeia deUnião dentro dos Templos Maçônicos.

    Na Natureza tudo ocorre em “círculo”, ou seja, em “cadeia” - e mesmoem “cadeia” e mesmo em “corrente”.

    Agora, demonstraremos o que seja a Cadeia de União e como deveser executada.

    Permuta

    O corpo humano, através do seu sistema nervoso, registra asexcitações que lhes vêm do mundo exterior; os seus órgãos e os seus músculosdão a estas a resposta apropriada.

    É tanto com a sua consciência como com o seu corpo que o homemluta pela existência. Este seria o homem “receptivo”, ao seu lado existirá umcorpo “doador”. Não haveria “receptividade” sem “doação!”

    A união destas duas “forças” completa o ciclo da Natureza, e nadamais adequado e importante que ser feita a “troca” dentro da Cadeia deUnião.

    O corpo humano possui um “sistema central’’ que compreende océrebro, o cerebelo, o bulbo e a medula. O “sistema central” age diretamentesobre os nervos dos músculos e, indiretamente, sobre os dos órgãos.

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    Esta substância, por meio dos nervos sensitivos, recebe as“mensagens” que emanam da superfície do corpo e dos órgãos dos sentidos.Estas “mensagens” são enviadas para todos os órgãos através do sistemasimpático: uma quase infinita quantidade de “fibras nervosas” percorre oorganismo em todas as direções. As suas ramificações microscópicasinsinuam-se entre as células da pele, em volta das glândulas, dos canais desecreção, nas túnicas das artérias e das veias, nos invólucros contráteis doestômago e do intestino, na superfície das fibras musculares etc(3)..

    Os corpos humanos, unidos em Cadeia de União submetem-se auma constante troca através da excitação dos toques: estes toques são feitospelas mãos e pelos pés. Contudo, dada a proximidade dos corpos, há ostoques mentais, eis que as células nrrvosas “captam” a curta ou longadistância, as “doações”.

    “Recepções” e “doações” não passam de “permutas” havendo, depoisde determinado lapso de tempo, e unidade de respiração, um perfeitoequilíbrio. Ninguém mais terá a dar e nem a receber; haverá uma só identidade.É a “vida em união” do Salmista, ou a compreensão exata das palavras doDivino Mestre Jesus: “Eu e o Pai somos um”.

    São os “vasos comunicantes”, sendo os “condutores”, as mãos quese firmam num estreitamento fraterno. As “permutas” não são, meramente,psicológicas; elas são de conteúdo físico, pois a “energia” que se desprendede uma mão, produz “calor”.

    O “toque”, tão usado desde os mistérios egípcios, aos fatos narradosnas Sagradas Escrituras, o “poder’’ do Cristo e a “terapêutica” das massagens,enfim, a “transmissão”, quer através das ondas sonoras, quer através docontato direto, é uma “realidade” e que cabe experimentada. Ainda nãochegamos ao conhecimento perfeito destes aspectos misteriosos e mágicos,mas estamos caminhando para uma abertura maior, quando o ser humanopoderá, em laboratório, definir estas qualidades que lhe são inerentes.

    Pensando no terreno difícil e às vezes incompreensível da mística,notamos que o efeito de uma oração surge quando a mente pede, não para si,mas para outrem. Pedindo, com desprendimento, um benefício para o“próximo”, aquele benefício vem para nós.

    Os estados de consciência produzidos pelo trabalho mental refletemno organismo. Bastaria lembrarmos que o prazer faz corar a face; a cólera eo medo fazem empalidecer; uma notícia trágica pode provocar a contraçãodas artérias, a anemia do coração e a morte repentina.

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    (3) Vide “O Simbolismo do Segundo Grau”, do mesmo Autor.

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    O terror enfraquece as pernas, dobra os joelhos e causadesfalecimentos. A visão de um alimento apetitoso provoca a salivação; umamulher, a ereção; a ofensa dilata os vasos das glândulas supra-renaissegregando adrenalina, preparando o organismo para o ataque. O terrorembranquece os cabelos em poucas horas; a angústia causa o desejo desuicídio.

    O controle de tudo isto pode ser realizado através de uma simples“meditação”! O relaxamento muscular, a divagação, a fuga dos problemaspela substituição de novos quadros e pensamentos dirigidos, conduz àmeditação e esta ao equilíbrio e ao estado normal.

    É a função fisiológica do corpo humano por meio da Cadeia deUnião.

    Se a Cadeia de União possui este “dom” e esta faculdade demodificar o metabolismo e comportamento humanos, que dizer de sua açãoespiritual?

    A Meditação

    Se a Cadeia de União contribui para esta mensagem e comunicaçãoentre os homens, como o condão de equilibrar emoções e normalizarorganismos, está claro que para a obtenção do resultado almejado, ela deveráser construída com perfeição.

    Hoje em dia, a prática da “concentração” está condenada e superada,pela prática simples da “meditação”. Concentração exige esforço, recolhimentoe isolamento; meditação atua de forma diversa; é suave, sem concentraçãoou isolamento. Basta fixar um elemento dentro da mente, com ele ocupar opensamento. Uma palavra, um som, um odor, uma cor!

    Para a formação da Cadeia de União é contraproducente aconcentração.

    A meditação, diz Eknath Easwaran, “pode ser acertadamentedefinida cosmo a função mais dinâmica, criadora e importante da qualo homem é capaz, porque, ao extinguir nele tudo que é egoísta, leva-opara aquele estado impessoal de Consciência Crística, denominado“CHIT” pelos sábios hindus”.

    De um modo geral, o Venerável, ao dirigir a Cadeia de União, pedeconcentração; isto está errado, porque concentração conduz a isolamento,quando os irmãos reunidos não devem isolar-se, mas sim, aproximar-se umdo outro.

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    A perfeição pode ser alcançada através de dois caminhos: o doisolamento e o da comunhão. O isolamento conduz à renúncia. A comunhãoé ação que conquista; a resultante da comunicação.

    Ambos os caminhos são válidos para a busca da perfeição, porém ocaminho da comunhão alcança beneficiar o próximo, enquanto o caminhodo isolamento satisfaz apenas a um.

    Tanto para o que medita isolado, como para os que meditam emgrupo(4), há necessidade que esta meditação alcance certa profundidade. Anatureza humana possui a capacidade de, em meditação, produzir efeitosoriundos de agentes provocadores(5), um deles é o som.

    Não se pode isolar o ato meditativo de um som, porque este é ofornecedor de uma determinada “freqüência” que influencia a mente de todosos que tomam parte na corrente.

    A soma destas influências produz harmonia e prosperidade. O quemedita isoladamente alcança sucesso através do silêncio. Os que meditamem comunhão alcançam sucesso com sua atividade. Daí o fato da Cadeia deUnião apresentar “movimento”(6) enquanto o meditante isolado, silente emsua postura e sentado embora esteja se beneficiando, não alcança sucessoem sua vida.

    O maçom que medita isolado habitua-se e não sente atração pelaCadeia de União. O contrário acontece para os que encontram na Cadeia deUnião o sucesso almejado.

    A fim de penetrarmos com mais facilidade na explanação,exemplifiquemos, atribuindo ao meditante isolado a personificação de ummonge e ao grupo formado em cadeia, a de uma família.

    O “monge”, para meditar, não possui o “som” que a “família” exercita.

    A diferença de influência das duas meditações reside na influênciados sons emitidos. Toda Palavra que pronunciamos transmite-se em ondasonora que vai de encontro a todo obstáculo representado pelas coisaspertencentes à criação.

    Todo som, por sua vez, chega a nós e há o choque com os seusefeitos; ou as ondas que emitimos pelas palavras que pronunciamosconservam a vida ou a destroem e danificam. As ondas sonoras não cessam,elas continuam.

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    (4) Terapia em grupo.(5) Os agentes provocadores existem na Natureza exterior e na Natureza interior, dentro dohomem.

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    (6) A Corda dos 81 nós é estática, logo um Símbolo diverso da Cadeia de União.

    Uma vez que as palavras são pronunciadas, não podem ser“recolhidas”, porque seu destino é o de se propagarem. Uma vez que a palavraé pronunciada, as suas vibrações espelham-se em todas as direções ealcançam os quatro cantos da terra(7).

    Por isto todo o cuidado é pouco sobre o que pensamos, falamos oufazemos. Difícil é saber o que é certo e o que é errada. O acertar ou errartornam-se tarefas complexas. A Natureza é tão complexa, a vida é tãocomplexa, e a mente humana tão limitada por falta de conhecimento, que setorna realmente impossível compreender todo campo do certo e do errado.

    Eis porque devemos nos esforçar em sintonizar nossa mente com opróximo para que a “força” que surge possa nos beneficiar e ser para nós, ocerto. Selecionar o que está certo e o que está errado seria obedecermos àrisca os Dez Mandamentos de Moisés, com os seus “não” e os seus “farás”.

    As religiões catalogam os “sim” e os “não” e a pureza da vida ou opecado, dependerão da observância desses “sim” e o afastamento desses“não”.

    Mas, por mais que alguém seja religioso, asceta, meditante tipo“monge”, não acertará jamais. Ou dimensiona milimetricamente suas ações,transformando-se em maníaco observador da Lei, perdendo assim, o prazerde viver, ou se une com outros para sintonizar a Inteligência Cósmica,permitindo que a natureza da mente seja transformada pela Luz da Verdadee passar a viver a vida normal que o Grande Arquiteto do Universo nosproporcionou.

    Uma vida correta por natureza.

    Uma técnica de vida.

    O “monge” tem o seu som apropriado à sua maneira de vida e a“família” tem seu som apropriado à sua maneira de vida. O “som” que propiciaa meditação, para o maçom, são as palavras sagradas que recebe, dentro dosseus graus. Mas, para a formação da Cadeia de União, há um “som”,constituído de uma palavra sagrada recebida “semestralmente”, pelo PoderSuperior da Instituição.

    Insistem, Autores e maçons antigos, em afirmar que a Cadeia deUnião visa exclusivamente, a transmissão da Palavra Sagrada, com afinalidade de regularização, ou seja, do Membro de uma Loja estar a par deseis em seis meses, de que a Palavra de Ordem mudou, confirmando, assim,a sua assiduidade.

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    (7) E jamais poderão ser recolhidas.

    Este aspecto é meramente administrativo, esquecendo-se os“opositores” do papel que representa na Cadeia de União a “Palavra Semestral”e do valor de quem a emite, portador de uma autoridade inconteste e que setorna respeitado pelo que significa a sua “contribuição” esotérica, dentro doconcerto das Lojas Maçônicas.

    Quando em cadeia, é transmitida a “palavra semestral”; esta propiciaa meditação, não importando ser ela prolongada ou curta. Não se pode deixarde referir que a “palavra semestral” deverá ser fornecida por um “PoderRegular”, ou seja, uma “potência” reconhecida por outras “potências” face opreenchimento dos requisitos que lhe propiciam esse reconhecimentointernacional.

    Caso contrário, será um “som” inadequado e sem os efeitos desejadose esperados.

    A “regularidade” maçônica é fator de relevante importância, pois osbenefícios vindos de um ato litúrgico envolvem um aspecto moral. Airregularidade nada mais é que uma “oposição”; os corpos maçônicos quesurgem irregularmente, ou são produto de dissensões, quando um grupo sesepara de uma Potência, ou quando um grupo entende criar, sem a necessáriacobertura, um corpo espúrio.

    Não basta a alegação de que os Rituais usados são os mesmos eprovindos de uma só fonte; não basta a alegação de que os membros ingressamna organização irregular, desconhecendo a situação; não basta que o pretenso“Irmão” seja pessoa portadora das mais nobres virtudes e qualidades.

    O erro é de base.

    A Cadeia de União formada com “elos” irregulares produzirá efeitosnegativos.

    A meditação comum, a que denominamos de “profana”,indubitavelmente, produzirá bons efeitos. Há, contudo, meditação profana emeditação maçônica. A técnica não é a mesma, porque a meditação maçônicaé feita dentro da Cadeia de União. Os sons emitidos em uma Cadeia deUnião formada por maçons regulares serão misticamente adequados.

    O poder do som aumenta uma vez que o mesmo é reduzido durantea meditação. Sabemos que quando entramos nos estados sutis da criação, opoder aumenta. Se atirássemos uma pedra em alguém, poderíamos feri-lo,seria uma ação dirigida a um indivíduo tão somente, mas se pudéssemos

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    entrar na sutileza da pedra e excitar o átomo, ele bombardearia toda aatmosfera.

    O poder é imenso nos estados da criação; o poder é infinitamentemaior nos estados sutis do pensamento. Quando reduzimos um pensamentoa um estado muito sutil, ele fica consideravelmente mais poderoso do quequando antes no plano grosseiro da mente.

    Quando o pensamento está prestes a desaparecer no seu estadomais sutil, a “força-pensamento’’ criada chega a um máximo. Assim, quandoum pensamento é reduzido durante a meditação, o efeito aumenta. O valorda meditação está em reduzir o pensamento até que ele seja reduzido aonada.

    Portanto, a influência física daquele som específico é intensificadaà sua capacidade máxima até que ele alcança o seu limite absoluto deintensidade quando sua influência permeia todo o campo da criação.

    Na Cadeia de União, o efeito desejado será a “paz interior”, a“felicidade interior”, maior “criatividade”, maior “sabedoria”, maior “solidezda vida” e a integração de “valores”, em todas as campas da existência.

    Paz interior e atividade externa com sucesso são as necessidadesdo chefe de família. Este efeito de aumentar a paz interior e ter sucessoexterno, com toda a harmonia, é adquirido pelo efeito de um som especialpróprio para o momento em que irmãos se unem, para como se fossem umsó, receberem o “som” que um “Poder Superior” fornece. Este “Poder Superior”,no sentido hierárquico.

    Formar a Cadeia de União apenas semestralmente, com a finalidadede transmitir a Palavra Semestral, seria proporcionar ao Membro de umaLoja escassa atividade espiritual, restringir ao máximo o “direito” que todosadquiriram de usufruir a “força” que representa a “União em Cadeia”, dobenefício da meditação e do fortalecimento íntimo através da dádiva da Paz.

    O Caminho para Dentro

    O homem sonha em sair de si mesmo e atingir mundo: ignotos,viajar, como o fazem os astronautas pelo firmamento em busca dodesconhecido, numa espécie de “levitação”, anseio muito comum eproclamado, desde os primeiros alvores da civilização.

    Hoje, o processo inverte-se, porque o homem tende percorrer um

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    “caminho para dentro de si”, usando processos técnicos e conseguindopenetrar no insondável mistério de si mesmo, onde existe uma consciênciaque não conhece, um Universo que não percebe.

    O “caminho para dentro” é simples e natural, quase espontâneo,partindo da periferia grosseira e atingindo o “centro” sutil, o seu mundo depercepção. A percepção do interior é tão normal como a percepção do exterior.Para “ver” o mundo externo, valemo-nos dos olhos normais, de um dos cincosentidos do corpo; para “ver’’ e mundo sutil, valemo-nos da “terceira visão”,dos sentidos da percepção interna. Os efeitos e os métodos são diversos.

    A percepção de dentro para fora exige rumor e dinamismo. Apercepção interna é silenciosa, serena e estática. A percepção para o exteriordespende energias, e para o interior, acumula energias. A percepção paradentro, ou para o interior, resulta da diminuição das atividades de nossosistema nervoso, gradativamente, até a sua paralisação completa, atéencontrar um estado maravilhoso de silêncio. Ao contrário do que muitospoderiam julgar, o silêncio não é paralisação e morte, mas sim, um estado de“alerta” que põe em “movimento” outros fatores. “Movimento”, aqui empregadode forma peculiar, por ser “movimento-estático”, uma forma paradoxal,embora.

    A atividade mental é reduzida ao descanso total, ao “ponto deagulha”, como diriam os “rishis” de outrora. Ponto que se situa na fonte dopensamento, que é cósmica e pura.

    Chegamos ao “centro da vida”, que é a divindade em nós, e segundoa linguagem evangélica, o Cristo em nós.

    Toda figura geométrica possui um “centro” e a Cadeia de União,por ser um círculo, o possui também. Daí a necessidade de a Cadeia deUnião ser formada com a observação de ser circular, procurando os Irmãosmanter a forma geométrica, com capricho, marcando, quando possível, nopiso, alguns pontos de referência.

    Não devemos deixar de anotar que no “centro” da Cadeia de Uniãoestá situado, sempre que possível, o Ara, ou seja, o Altar dos Juramentos,onde o Livro Sagrado é mantido aberto(8).

    O “Centro’’ da Cadeia de União será a “Palavra do Senhor” ou, emlinguagem maçônica, a “Prancheta” do Grande Arquiteto do Universo, ondeestá consignado o “traçado” da Grande Edificação do Universo.

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    (8) A formação da Cadeia de União deve ser feita antes do encerramento da sessão, para queo “Livro de Lei” permaneça aberto.

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    Cada participante da Cadeia de União no início é um elo, mas logopassa a ser “corrente” plena, e dentro de cada um dos seus participantes, noseu “centro”, se encontrará nos “centros” dos demais, e sem o perceber,formará um “centro” único. O “centro da vida” verdadeira. Diz o MaharishiMahesh Yogi:

    “Devemos afirmar que dirigir a mente para o mundointerior, para o campo transcendental, acaba por fazê-lachegar ao Campo do Absoluto Transcendental, ao CampoCósmico do Imanifestado. Quando aí, penetra, eis que amente e a consciência se saturam-se impregnam da Energia,ou do Poder do Eu Supremo, o Poder de Ser Eterno. Eis queencontra então a plenitude da Felicidade, da Beatitude, dequal Grande Plenitude somos herdeiros. Está, pois,impregnada, saturada de Grande Felicidade, de Plenitudede Felicidade. Equivale a um mergulho, depois de váriosmergulhos de exercício, e prática, todos profundos, ondenesse mergulho encontrou a ‘Fonte Cósmica da Plenitude’”.

    É evidente que a “meditação” instantânea e mesmo fugaz; tem seufim e nós voltamos à realidade, trazendo conosco os resultados do mergulhodado, da viagem percorrida.

    A mente humana, quando retorna, vem banhada de luz porqueesteve em contato com Deus. Volta para o mundo. Mas já o mundo faz-senotar como “ser”, e nós passamos a “amaro mundo”, a respeitar a Natureza,a admirar a obra da Criação e desejamos um mundo melhor para os nossossemelhantes. O mundo será melhor porque nós estamos melhorando.

    Sentiremos uma inclinação mais acentuada para as coisas doespírito; buscaremos meditar em outras oportunidades e retornarmos àquele“contato” que nos deu tanta felicidade!

    Se os maçons se propusessem, em união, como “elos”, envolvertoda Humanidade, a Paz reinaria sobre todos.

    Precisamos conscientizar os maçons de que são uma forçapreponderante e que podem melhorar o “meio ambiente” onde gravitam.

    A falha da Maçonaria reside no fato dos maçons dedicarem o melhorde suas intenções apenas enquanto presentes nos Templos, esquecendo quea Natureza é o maior Templo e que a Fraternidade Universal, abrange atodos, sem distinção de conceitos, posição social, raça ou cor.

    Cada Loja Maçônica constitui-se em “sementeira de Paz”, e bastalançar mão destas “sementes” para multiplicá-las em terreno fértil, amainadopor nós mesmos.

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    A Palavra Semestral

    Sem, ainda, entrarmos na “mecânica’’ da Cadeia de União, torna-se preciso dizer que a formação da cadeia sem a transmissão da “palavrasemestral” não encontrará objetividade.

    A “palavra semestral” poderia ser transmitida por escrito; então,embora ao lê-la a mente receba o “poder” que ela emana, os resultados que o“som” poderia produzir não são exercidos.

    Portanto, um dos elementos fundamentais da Cadeia de União é o“som” produzido pelo “sussurro” da passagem da “palavra semestral”transmitida de ouvido a ouvido.

    Antes de qualquer coisa, quem deve participar de uma Cadeia deUnião? Todos os membros do quadro; todos os maçons presentes; qualquermaçom mesmo os que estão no “Oriente Eterno”?

    Uma resposta singela seria a fornecida pelos Regulamentos: aqueleque está capacitado a receber a “palavra semestral”. A “palavra semestral”possui várias finalidades: da regularidade; permitir a entrada nos Templos;fornecer o “som” para a Cadeia de União e evidenciar a existência de umaAutoridade Central.

    A “palavra semestral”, obviamente, é mudada de seis em seis meses,correspondendo às passagens dos equinócios e solstícios, ou seja, na entradado verão e na entrada do inverno.

    Consiste o equinócio da entrada do Sol em qualquer dos pontosdenominados de equinociais e que são no princípio de Áries e Libra, em cujotempo as noites e os dias são iguais.

    Consistem os solstícios na época em que o Sol entra nos signos deCâncer e Capricórnio. Portanto, a palavra “semestral”, deveria ser fornecidana entrada do verão e na entrada do inverno; nem sempre, contudo, isto éobservado.

    A função dos signos zodiacais assume importância na formação daCadeia de União, seja porque os signos se representam em círculo, sejaporque a posição de cada componente da Cadeia deve obedecer à posiçãodas constelações representadas na “abóbada celeste”(9).

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    (9) Aspecto, porém, muito difícil de ser observado. Na Santa Ceia do Senhor, o pintor Leonardoda Vinci colocou cada Discípulo em uma posição Zodiacal. O assunto convida ao estudo.

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    Os membros do quadro de uma Loja Maçônica dividem-se em ativose inativos. Merecem ambos os grupos participarem da Cadeia de União?

    Cremos que a resposta deve ser afirmativa porque, enquanto osmembros do quadro não forem por qualquer motivo desligados, pertencemao quadro e merecem receber os benefícios que a Cadeia de União lhes podeproporcionar.

    Não se pode afastar dos Regulamentos o fato de que todo maçom éum iniciado. A iniciação é uma ressurreição precedida de uma morte simbólicaocorrida na Câmara das Reflexões.

    O iniciado é um resurrecto que penetra no Templo com sua“inocência” de quem ainda não pecou, porque recém renascido.

    As palavras do Nazareno, quando exigia que devessem nascer denovo aqueles que aspiravam o Reino, encobertas sempre por denso véu, podemaplicar-se à iniciação. O “ventre materno” pode, perfeitamente, ser simbolizadopela “Câmara de Reflexões”.(10)

    O iniciado é maçom “in aeternum”, neste placo físico e também no“Oriente Eterno”. E todo maçom merece os benefícios que a Cadeia de Uniãoproporciona.

    É óbvio que, sendo a “palavra semestral” usada para outrasfinalidades, como comprovar a regularidade, encontra o iniciado inativo,“adormecido”, grande dificuldade para assistir a uma Cadeia de União.

    É uso de muitas Lojas não permitir que o maçom “visitante” participeda Cadeia de União, mesmo que comprove a sua regularidade. O costumenão pede ser criticado, mas o visitante merecia receber e dar a contribuiçãopessoal de sua meditação.

    O maçom expulso por mau comportamento, o maçom desligado apedido do quadro, o maçom enfermo, estes podem participar da Cadeia deUnião?

    Finalmente, não se pode afastar a participação dos maçons que seencontram em outro plano e que se denominam de Irmãos que estão noOriente Eterno, ou seja, dos que já morreram. Não vai aqui confirmação deteoria espírita, ou convicção de que no “astral” morem espíritos desencarnados.

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    (10) Poder-se-ia formar uma Cadeia de União dentro de uma “Câmara de Reflexões”? Seria a“Câmara do Meio”, do Grau 3, a mesma “Câmara das Reflexões”? A Cadeia de União éformada apenas no Grau 1?

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    O objetivo não diz respeito ao crer ou não crer, aceitar ou repelir.Trata-se de um aspecto normal e comum e que tem suscitado debates dentrodas tertúlias maçônicas.

    Videntes têm dado seu testemunho de que, do lado de fora de umaCadeia de União, viram formar-se outra, composta de “maçons” em estadofluídico, sendo alguns reconhecidos como pertencentes, outrora, ao quadro.

    Poderíamos afirmar que os maçons que habitam no “Oriente Eterno,participam da mesma Cadeia de União a que nós formamos? Os múltiplosaspectos que uma Cadeia de União suscita, dá margem a estudosaprofundados e que merecem todo nosso interesse, se não científico, pelomenos, perquiritivo. A participação em uma Cadeia de União, como afirmamosacima, exige ser o participante, maçom regular.

    Se, porém, surge na Loja, a título de visitante, um maçompertencente à Maçonaria Mista, ou de Adoção, ou Feminina, será imprópriaa presença, pelo fato do “elo” ser mulher?

    Opinamos que o fato de ser mulher não impediria a participação,porque em nada diminuiria os efeitos, psicológicos, místicos, mágicos ou físicose mesmo espirituais. Porém, a Maçonaria conhecida por “Feminina”, não éregular, não é reconhecida pelas Potências Internacionais Regulares e,somente por este fato, a sua participação, não só é desaconselhável, comoimpeditiva.

    Posição Hierárquica

    Como formar a Cadeia de União? Simplesmente unindo-se osIrmãos em torno do “ARA”, dando-se as mãos?

    A posição por ordem hierárquica tem a sua influência esotérica. OVenerável Mestre com as costas voltadas para o Trono de onde desceu; osVigilantes, cada um ao lado e à frente da sua Coluna, formando com oVenerável Mestre um Triângulo. O Guarda do Templo de costas à porta deentrada, ladeado pelos Diáconos. Ao lado do Venerável Mestre, à direita, oGuarda da Lei; à esquerda, o Secretário.

    A posição hierárquica tem grande relevância, pois as “Luzes” daLoja - Venerável Mestre e Vigilantes -, e demais Oficiais, são eleitos como osmais capacitados para dirigirem, durante o ano, os destinos da Loja; sãocompromissados e juramentados, neles depositando todos os Obreiros doQuadro plena confiança.

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    A capacidade de direção, quer no sentido administrativo, querlitúrgico, como Oficiante, quer Espiritual, não deixa de ser um “dom” divinoe, portanto, um “privilégio”; todos os Obreiros demonstrarão respeito paracom os Dirigentes.

    Distribuídos as Luzes e Oficiais, no Circulo que forma a Cadeia deUnião, proporcionarão o “equilíbrio”, distribuindo as “forças espirituais”, eisque, indubitavelmente, a “Autoridade Maçônica” é portadora de uma somamaior de potência energética.

    Este equilíbrio é conveniente, porque evitará que um determinadoObreiro se “desgaste” mais que outro, dando de si maior quantidade.

    A posição hierárquica, obviamente, importa na presença do titulardo cargo e não de seu eventual substituto.

    O Titular do cargo prestou o compromisso sagrado ao serempossado(11), o que não acontece com o substituto eventual. A distribuiçãode Cargos na Loja obedece simbolicamente à criação do Universo.

    O Grande Arquiteto do Universo dispôs, com autoridade e perfeição,de forma definitiva e, portanto, permanente, com equilíbrio e Justiça, todasas coisas criadas, concluindo com a criação do Homem.

    Ao compor a Loja, o Mestre de Cerimônias, concluída a sua tarefa,anunciará que a “Loja está composta e os Cargos preenchidos”.

    Caso suceda a ausência de um Titular, o Mestre de Cerimôniascolocará o Obreiro que melhor lhe pareça servir.

    Porém, se, já abertos os trabalhos, chegar tardiamente o Titular deum cargo, então este não poderá assumir o seu posto, porque, simbolicamente,causará o caos, eis que a obra perfeita não suporta substituições.

    Assim, na Cadeia de União, os Equilibradores serão os Obreirosque se encontram, naquela sessão, ocupando cargo, sejam ou não Titulares,com exclusão do Venerável Mestre.

    O cargo em si reveste o ocupante de autoridade; é ao ocupar o seulugar, que o Titular “desprende” autoridade de si. Fora da Loja, a Autoridadecessa, com exclusão da do Venerável Mestre, porque este é “instalado” atravésde um cerimonial próprio.________________________________________________________________________________

    (11) Vide ritual do Mestre Instalado.

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    O Venerável Mestre será o dirigente da Cadeia de União e quemdeverá preparar os “elos” para a “Postura” de “Meditação”; contudo, poderádelegar a tarefa a uma das Luzes ou Oficiais.

    A “Meditação” oral, que podemos denominar de “Prece”, poderá serdirigida por qualquer Obreiro, porém, a mando do Venerável Mestre.

    Poderá ocorrer, porém, a ausência do Venerável Mestre e que, porse encontrar enfermo, solicitou a seu favor, a formação de uma Cadeia deUnião. O seu substituto “legal” será o 1º Vigilante, e isto por força de umLandmark; no caso, a Cadeia de União, ligando espiritualmente a si oVenerável Mestre ausente, cumprirá sua tarefa esotérica.

    O Balandrau

    É o traje antigo usado pelos maçons com formato de “opa” ou capotelongo, com mangas compridas e capuz, hoje, simplificado como simples capa.

    Quando do movimento da Inconfidência Mineira, mencionam osdocumentos a existência de certos “encapuzados”, que nada mais eram quemaçons vestindo o “Balandrau”.

    O traje serve para unificar a vestimenta de todos para,simbolicamente, igualar o rico com o pobre.

    Tem, porém, outra função, igual à da “toga” usada pelos magistrados,para significar que o juiz está sob o manto da Justiça e que julga em nomedela e não individualmente.

    Quem veste o “balandrau” está sob o manto da Maçonaria; não é omaçom individual que ali está, mas sim, um membro da Maçonaria.

    Na Cadeia de União, o participante deverá usar o “balandrau”?Como o uso do “balandrau” não está regulamentado e nem é oficial, cremosque seu uso será facultativo, dependendo do momento em que se forma aCadeia de União; caso os elementos os estiverem usando, então é de todoconveniente participarem da “corrente” na forma como se encontram.

    Se o uso do avental, dos colares, das jóias, dos paramentos, daspróprias luvas; não impede a formação da Cadeia de União o uso do“balandrau” também não será motivo impeditivo.

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    Também, conforme o grau em que a Loja estiver trabalhando, seráobservado o uso do “balandrau”, e então será mais prático e de todoconveniente conservá-lo para a formação da Cadeia de União.

    O “balandrau” clássico é de “cor” negra; contudo, pode ser usadana “cor” branca; uma Cadeia de União formada com os seus componentestrajados com “balandrau” branco, devidamente encapuzados, resulta de ummisticismo forte, emprestando à cerimônia um destaque tão brilhante que osseus participantes sentirão indizível prazer na cerimônia.

    O “balandrau” encobre os Aventais, deixando assim de “revelar” apresença de “Graus”, mas tão somente de Obreiros. Conhecem-se asAutoridades Maçônicas pela posição que assumem dentro da Cadeia de União.

    Sob o “balandrau”, colocam-se os Aventais, as Colares e as Jóias.

    Na época em que era permitido aos Obreiros portadores de graussuperiores ao de Mestre apresentarem-se revestidos com as suas insígnias,Faixas e Aventais, o “balandrau” nivelava a todos; assim, dentro da Cadeiade União, o valor era o do Maçom e não o do portador de Graus superiores,denominados, também, de “filosóficos”, ou “vermelhos”.

    Não comporta o presente “estudo” analisar a formação da Cadeiade União nos graus acima do 3°, posto o Rito Escocês Antigo e Aceito sejacomposto de 33 Graus.

    O estudo visa, apenas, o denominado “simbolismo”, isto é, os 3primeiros Graus do Rito. E, ainda, nos restringimos, ao Grau de Aprendiz,pois a Cadeia de União, além do que neste livro se esclarece, apresentanovas “nuances” e efeitos nos demais Graus; assim, podemos afirmar que hápara o Rito Escocês Antigo e Aceito 33 funções diversas, mas jamaisdivergentes.

    O Templo

    A Cadeia de União deve ser formada exclusivamente dentro doTemplo?

    A concepção Templo não limita o conceito convencional; um Templonão se traduz em quatro paredes, mas sim onde se cultua a Deus(13).________________________________________________________________________________

    (13) Ou ao Grande Arquiteto do Universo.

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    O Evangelho esclarece com palavras exatas o verdadeiro significadodo conceito Templo:

    “Em seguida, desceu a Cafarnaum, em companhia de sua mãe,seus irmãos e seus discípulos; demoraram-se aí uns poucosdias. Estava próxima a festa pascal dos judeus; e Jesus subiua Jerusalém. No Templo encontrou gente a vender bois, ovelhase pombos; e cambistas, que lá se tinham estabelecido. Fez umazorrague de cordas e expulsou-os todos do Templo, juntamentecom as ovelhas e os bois; arrojou ao chão o dinheiro doscambistas e derrubou-lhes as mesas. Aos vendedores de pombosdisse: ‘Tirai daqui essas coisas e não façais da casa de meuPai casa de mercado’. Recolheram-se então os discípulos doque diz a escritura - ‘O zelo pela tua Casa me devora’. Os judeus,porém, protestaram, dizendo-lhe: ‘Com que feito poderosoprovas que tens autoridade para fazer isto?’ Respondeu-lhesJesus: ‘Destruí este Templo, e em três dias o reedificarei’”.Disseram os judeus: ‘Quarenta e seis anos levou a construçãodeste Templo, e tu pretendes reedificá-lo em três dias?’ Ele,porém, se referia ao Templo de seu corpo. Depois deressuscitado dentre os mortos, lembraram-se os Discípulos doque dissera, e creram na Escritura e nas palavras que Jesusproferira”. (S. João cap. 2-21)

    Logo, o conceito Templo assume vários aspectos, podendo ser,inclusive o “corpo”, a “alma” e a “mente”. O “corpo místico da Loja” é umTemplo todo espiritual que assume importância muito maior que seu sentidomaterial.

    São Paulo, na sua sabedoria cristã e através das espetacularescartas dirigidas aos povos e às Igrejas, escrevendo aos Coríntios (1º Coríntios:6-12 a 29), assim pontifica:

    “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me épermitido, mas não convém que eu me deixe escravizar porcoisa alguma. As comidas são para o estômago e o estômagopara as comidas; e Deus deixará perecer um e outro. O espírito,porém, não é para o corpo. Deus ressuscitou o Senhor, há detambém ressuscitar-nos a nós pelo seu poder. Não sabeis queos vossos corpos são membros de Cristo, e eu tomaria osmembros de Cristo e os faria membros de uma meretriz? Nunca!Ou ignorais que quem se entrega a uma meretriz se torna umsó corpo com ela?

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    Pois foi dito que serão dois em uma só carne. Mas, quem seentrega ao Senhor fica um só espírito com ele. Fugi da luxúria!Todo o outro pecado que o homem comete não lhe atinge ocorpo; apenas quem se entrega à luxúria peca contra seupróprio corpo. Não sabeis que vosso corpo é Templo do EspíritoSanto, que habita em vós e que de Deus o recebeste? De maneiraque já não pertenceis a vós mesmos? Fostes comprados poralto preço; pelo que glorifica a”. Deus no vosso corpo.”

    A Cadeia de União poderá ser também uma “Cadeia de Exemplos”,Templos Crísticos, no conceito espiritual de um “estado de consciência”superior cristã, pelo menos, no ocidente, onde a maioria dos povos se intitulacristã.

    Ainda, São Paulo, agora, em sua 2ª carta dirigida aos Coríntios(cap. 6: 11-18) assim se expressa:

    “Não vos sujeiteis ao mesmo jugo que os incrédulos. Pois quetem que ver a justiça com a iniqüidade? Que há de comumentre a luz e as trevas? Em que se harmonizam Cristo e Belial?Que partilha tem o crente com e descrente? Como se coadunao Templo de Deus com os ídolos? Pois que somos Templo deDeus vivo, e Deus disse: “Hei de habitar e andar no meio deles;serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vosdo meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis em coisaimpura! Então vos hei de receber e serei vosso Pai, e vós mesereis filhos e filhas, diz o Senhor o Onipotente.”

    “Templo de Deus vivo” constitui uma expressão muito diversas deum simples “Templo de Deus”. Afoitamente, os homens entregam-se aatividades maçônicas sem considerar este aspecto de servir a um Deus vivo,contentando-se em atuar dentro de um Templo repleto de símbolos inertes,de um Grande Arquiteto do Universo estampado, como se fora tão-somenteum ídolo estático.

    Idólatra não é quem adora imagens e sim, que se une a símbolospara sentir com eles unia satisfação egocêntrica Idólatra pode ser quem supõeadorar apenas a Deus, sem preocupar-se se este Deus é realmente o “Deusvivo” que habita no Templo! Templo crístico; Templo interior e espiritual.

    No livro do Apocalipse, que significa revelação secreta, é o únicolivro do Novo Testamento que se pode chamar de profético. Verdade é quetambém nos Evangelhos e nas Epístolas encontramos disseminadas, aqui eacolá, algumas predições sobre o futuro, mas em reduzido número, enquantono Apocalipse há o anúncio de eventos vindouros.

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    Predomina a linguagem figurativa, insinuam-se coisas futuras pormeio de símbolos e de visões. No capítulo 3, versículos 12 e 13, encontramos:

    “Ao vencedor fa-lo-ei Coluna de Templo de meu Deus, e daí nãosairá mais; nela escreverei o nome de meu Deus e o nome dacidade de meu Deus, da nova Jerusalém, que desceu do céu,da parte de Deus; e também o meu novo nome. Quem temouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas.”

    A Cadeia de União poderá representar, ao invés dos convencionais“elos”, uma corrente formada de “colunas’’, já que o símbolo “coluna” é dosmais citados e se presta a linguagem maçônica.

    Surge outro aspecto que não pode ser desprezado e diz respeito ao“nome simbólico” que cada maçom deveria receber após a sua iniciação.

    Quando o recipiendário sai da “Câmara das Reflexões”, onde deixouas “coisas” de seu velho corpo, ingressa no Templo com novo corpo, novasvestes e novo nome. A última frase é um convite feito pelo Anjo que escreve asexta mensagem: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas”,reforça o que dissemos acima, que a “palavra semestral” circula de ouvido aouvido, conduzindo sua mensagem. Uma única palavra, sempre igual duranteseis meses, mas que traz em si, uma mensagem diferente para cada “coluna”,até que, todas equilibradas, recebem a mensagem unificada, que é lenitivo,encorajamento, solução.

    A descrição que o Apocalipse faz da “nova Jerusalém”, algo desublime e tradicional, em determinado período, assim encontramos (cap. 21,vers. 22).

    “... Não vi Templo nela. Deus, o Senhor, o Onipotente, o Cordeiro,é que são o seu Templo. A cidade não necessita da luz do Solnem da Lua. A glória de Deus é que lhe dá claridade. A sua luzé o Cordeiro. Anda os povos ao seu fulgor, e os reis da Terraentram nela com as suas magnificências. Não se fecham osseus portais de dia. E noite lá não existe. Serão nelaintroduzidos a magnificência e os tesouros dos povos. Mas nãoentrará nenhuma coisa impura, nem ímpio nem mentiroso,senão somente aqueles que estão escritos no Livro da Vida doCordeiro.”

    Dizem os rituais maçônicos que há quatro elementos: a terra, o ar,a água e o fogo. Como vimos acima, a luz da Nova Jerusalém é o Cordeiro.

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    Onde está Ele, há claridade, sendo desnecessária a presença cialuz-matéria. Sabemos da existência de mais dois elementos, que a título derevelação, diremos ser o sexto o “esplendor” e o sétimo “a Vontade de Deus”.

    O Templo pode ser perfeitamente dispensado, considerando-se quea soma dos elos de uma Cadeia de União formam um novo Templo, espiritual.

    Daí, respondermos, agora, à pergunta inicial de que não se faznecessário formar a Cadeia de União dentro de um Templo convencionalpara a obtenção do resultado almejado.

    Três Fatores

    A Luminosidade

    Para que possa haver um ambiente propício à meditação e àrealização da Cadeia de União, outros fatores são de relevante importância,como a luminosidade, o som e o perfume.

    Quando o Sol está por nascer ou em seu ocaso, quando a terracomeça a iluminar-se ou a escurecer, os pássaros calando ou iniciando seustrinados, as flores e folhas a fechar suas corolas ou unirem-se aos seus ramos,ou desabrochar e quando a Natureza toda inicia sua dança de agitação ouseu período de descanso, aproxima-se a hora propícia para meditação.

    Evidentemente, não se poderá pretender que os maçons realizemos seus trabalhos em horas tão difíceis, e é por isto que deve ser criadoartificialmente, o ambiente de luminosidade a conduzir à meditação, ao silêncioe à introspecção.

    Em absoluto, não se exige que a Cadeia de União seja formada noescuro.(14)

    A luminosidade deverá ser guardada de conformidade com ointeresse da pessoa encarregada de regulá-la: o Arquiteto, dependendo desua sensibilidade ou da orientação do Venerável da Loja.

    Muitas Lojas usam tão-somente a luz dos três candelabros de vela;outras adotam a luz de uma pira que arde alimentada a álcool. Luz elétrica,luz de vela, ou chama a álcool, não se estabelecem regras rígidas.

    _____________________________________(14)Dentro de nós mesmos não é “escuro”. Há luz abundante.

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    Poderíamos, outrossim, nos ater ao significado da luz espiritualque emana dos próprios elementos formadores da Cadeia de União que viriamiluminar o ambiente, com suficiência e propriedade.

    O corpo humano pode gerar luminosidade; trata-se de um fenômenoraro em nossos dias, mas já os antigos pintores aplicavam às figuras desantos uma auréola que simbolizava essa luz proveniente do interior da alma.

    Todas as divindades são representadas com um “halo” em torno desi.

    Há um Provérbio de Salomão que diz: “Pois o ensino é umalâmpada, e a lei uma luz”.

    De qualquer forma, a luz é e sempre será algo material que semede, se pesa e se vê. O próprio ensino, o conhecimento, a lei podem sermedidos e analisados.

    Muitos conceitos do Velho Testamento em torno da luz que iluminao dia encontram, posteriormente, novas concepções diante do caso que ocorrenos Pólos, quando o sol ilumina durante seis meses, não havendo,propriamente, noite, e esta, por sua vez, dura também seis meses, posto nãoexista lá uma noite negra como sucede entre nós; trata-se de uma noitecujas sombras assemelham-se ao crepúsculo dos nossos países sul-americanos.

    O Novo Testamento nos dá mais “luzes” a respeito do porquê foitomado o termo “luz” como um símbolo sagrado marcando de uma formacarinhosa e convincente a presença de Deus no homem.

    “Vós sois a luz do mundo. Não pode permanecer oculta umacidade no monte. Nem se acende uma luz e se põe debaixo doalqueire, e sim sobre o candelabro para alumiar a todos osque estão em casa. Assim brilha diante dos homens a vossaluz, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vossoPai celeste”. (Mateus 5: 14-16)

    “E o Senhor reconheceu que o feitor desonesto procedera comtino. É que os filhos deste mundo são mais atilados, em suaprópria geração, do que os filhos da luz”. (Lucas 16:8)

    “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens e a luzbrilhava nas trevas, mas as trevas não a prenderam”. (João1:4)

    “Era a luz verdadeira, que ilumina a todo homem que vem aomundo”. (João 1:9)

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    Há nestas frases princípios filosóficos a serem considerados. Umadistinção entre duas luzes: a verdadeira e a falsa. São Paulo, na sua 2ª cartaescrita aos Coríntios diz:

    “Pudera não! Pois se o próprio Satanás se apresenta comoanjo de luz”.

    Satanás, aqui, não é o diabo, demônio ou espírito do mal, mas simo “opositor”, o que nega a Verdade.(14)

    É evidente que a sua luz, embora luminosa, não será a VerdadeiraLuz.

    A importância da Luz, seja em que sentido se a tome, transcende àcompreensão do homem comum, do profano e do maçom primário.(15)

    E, porque a luz tem seu grande significado, precisamos tê-la sobcontrole. Como?

    A resposta continua um motivo de pesquisa.

    O Som

    O som é um elemento que conduz por caminho natural e suave àmeditação.

    Quando mencionamos o som, nos chega imediatamente àcompreensão a música; um fundo musical propício. Hoje, o conceito músicase torna um tanto difícil de ser expresso, mormente se atentarmos ao que sevê, ouve em funções litúrgicas religiosas, dentro do ambiente o maisconvencional possível, sons de guitarras elétricas e o frenesi da músicadenominada “jovem”, com os seus “sons” diferentes, nem sempre harmoniososou pelo menos agradáveis aos ouvidos menos acostumados.

    Temos assistido a missas solenes dentro de Igrejas CatólicasRomanas, tanto aqui como visto em filmes, em outros países, jovens usandoas suas vestes características e multicoloridas, emitindo sons e cantandoestranhos ritos; ao som da música “jovem”, o sacerdote impassível, cumprindoseu cerimonial.

    Nesse misto que denominamos de som “jovem”, há, também muitode folclore. Um curioso é a “Missa Crioula” (Misa Criolla) composta por ArielRamirez.

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    Ramirez é natural de Santa Fé, Argentina, tendo-se especializadoem temas folclóricos após estudos profundos, buscando-os em suasverdadeiras origens. Não se limitou ao seu País, mas buscou elementos naEuropa, obtendo um título universitário no Instituto de Cultura Hispânicade Madrid.

    Em 1952 realizou na Rádio Vaticano um concerto de música e ritmosargentinos, aonde, quiçá, lhe veio a inspiração de compor sua “Missa Crioula”.

    Sua idéia de realizar uma missa cantada com temas exclusivamentefolclóricos encontrou estímulo e assessoramento de parte de alguns sacerdotesda Basílica do Socorro.

    Compôs uma obra para solistas, coro e orquestra, elementosnecessários para abranger a riqueza de sua composição. Os instrumentostambém não poderiam ser exclusivamente convencionais. A percussão,formada por bombos, bateria, tumbadora, gongos, cocos, sincerosinstrumentos típicos de cada região, deram muito colorido e expressão latino--americanos à obra.

    A “Missa Crioula” inicia-se com o “Kyrie”, concebido sobre doisritmos: “vidala” e “baguala” aptos para expressar a profunda súplica da litanía.

    O “Gloria” é demarcado com o ritmo de uma das danças maispopulares da Argentina, o “carnavalito”, urna forma popular eleita para traduziro júbilo da glória ao Senhor.

    Um dos momentos mais difíceis é sem dúvida, o do “Credo”, pelaextensão do seu tema e pelo ritmo escolhido, a “chacareca trunca”, melodiamuito popular em Santiago del Estero.

    O ritmo é obsessionante, quase exasperado de uma formosura“nervosa”. O “Sanctus” foi composto sobre um dos ritmos bolivianos, o carnavalde Cochabamba, de compasso batido, apropriado à aclamação que enche oscéus e a terra.

    O “Agnus Dei” é dito num estilo “pampeano íntimo”, terno e solene.

    Diz o comentarista que a “Missa Crioula” é uma síntese e um convite:

    “Abre os braços ao homem para dizer-lhe: vem à Igreja comtudo o que há em sua carne e em seu sangue; com sua culturae seus ritmos, com sua forma de expressão e suas paisagens.A Igreja não quer que no Templo se fale uma língua estranha.Sua linguagem é a do Pentecostes, língua materna que o homemaprendeu no contato áspero e vital com seu próprio solo. Venha

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    à dança e ao compasso; venha à terra mesmo. É que a Igrejaestá enamorada da terra porque ela é criatura de Deus. Aterra assumirá seu próprio Espírito, integrará seu próprio tinoe o transformará em veículo de expressão para Deus. E o homemsentir-se-á na casa do Pai como se estivesse em sua própriacasa”.

    Se compararmos a “Missa Crioula” com a música da páscoa emcanto gregoriano, com seu responsório “Christus resurgens”, a “Paschoanostrum”, o “Salve festa dies”, com as suas antífonas, evidentemente nãosaberíamos o que dizer.

    E se também comparássemos a música “jovem” ao som das guitarraselétricas e sintetizadores, ritmadas pelas características dos ex-Beatles, oudos nossos Caetano Veloso, Caymmi, Roberto Carlos ou Jobim, muito menossaberíamos o que dizer.

    Mas poderíamos dizer da propriedade ou da impropriedade dosritmos jovens dentro da liturgia maçônica!

    É evidente que se deve distinguir entre música jovem apropriada eritmo inapropriado.

    Julgamos que o som deva conduzir à meditação; por isto, qualquersom será apropriado, mesmo que não seja melódico; uma simples nota, algouníssono, sempre igual, porém que conduza a mente aos “páramos” celestes.Um som vibrante, seja em ritmo popular, clássico, tudo é indiferente. O valordo som não está na melodia nem no ritmo.

    Nas Lojas Maçônicas atuais a música é apresentada por meio dediscos ou fitas, sendo selecionada com total preferência para as peçastradicionais clássicas.

    Raríssimas Lojas conservam o órgão e, se algumas ainda ospossuem, falta o organista.

    O som dentro de uma Loja, entregue à responsabilidade do “Mestrede Harmonia”, não significa parcela muito importante, mas o “som” enquantose forma a Cadeia de União adquire importância relevante e total.

    Por isto faz-se necessário muito cuidado na escolha do som. Oumúsica jovem, clássica, de câmara, popular, folclórica, ou qualquer outra,primitiva ou requintada, tudo será válido, uma vez que produza os efeitosnecessários para a “comunhão” que há de realizar, no cruzamento dos braçose na união das mentes.

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    E se por acaso não houver a possibilidade de se obter um “som”dentro de uma Loja?

    Bastará que um membro do Quadro, fora da Cadeia de União,emita uma melodia, a mais simples possível; caso haja quem possa cantar,um cântico apropriado, aceito por todos e que produza o efeito necessário.

    Ultimamente tem sido ouvida com freqüência a música eletrônicaque é uma notação musical inteiramente diferente da tradicional, estranha edissonante. Ou extremamente harmoniosa e calmante como a músicachamada new-age. Novos métodos, novas técnicas e novos sons, nos conduzema novos conceitos, e novas aplicações que sempre serão válidos.

    Surgiu há alguns anos, na Inglaterra, um novo ídolo para os jovens:Richard Wakeman que apresenta temas antigos como os “Cavaleiros da TávolaRedonda”, “Henrique VIII”, “Viagem ao Centro da Terra”, as “Lendas do ReiArthur”, envolvendo os personagens da Idade Média, suspeitando-se de umainfluência maçônica talvez através de seu pai, também músico, CyrilWakeman.

    Sua música é denominada de Rock sinfônico, pois tira efeitos dosclássicos através de compassos autenticamente modernos, no sentido vibranteque caracteriza a música jovem. Utiliza-se dos sons os mais sofisticados,reunindo órgãos, pianos, instrumentos de percussão, corda e sopro, tudosuper-amplificado através de alto-falantes poderosos, sendo necessáriosgrandes ambientes, como salões de esporte, campos de futebol e catedraisimensas, para que os sintetizadores emitam a sua potência total.

    Quem teve a oportunidade de assistir a orquestra de Rick Wakeman,que esteve entre nós, terá sentido momentos de grande ternura e de grandenervosismo.

    Imaginando-se em Cadeia de União aqueles sons tão estranhos,muito elevados para a nossa conceituação maçônica além de qualquerimaginação, talvez não se consiga um recolhimento a ponto de meditar.

    Porém, é uma experiência válida porque não sabemos o que nosreserva o dia de amanhã, em “sons” musicais; se a música acompanhar aevolução tecnológica, teremos surpresas e será de todo conveniente que nãonos “apanhem” de surpresa, mas que tenhamos nossos ouvidos “adaptados”às conseqüências que poderão sobrevir.

    Enfim, o Maçom de hoje deve estar pronto à adaptação porque deveacompanhar o que “vai à frente”, para que não estacione em algum pontofixo e de lá não se possa mover.

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    Quando do lançamento da primeira edição de A Cadeia de União,proferimos várias palestras, fixando-nos no tema da música e levando paradentro de vetustos Templos a música jovem, nativa e os estranhos sonseletrônicos, produto de sintetizadores, sem a interferência humana.

    Procuramos, após uma longa explanação, percorrer o campoexperimental, induzindo os assistentes (na ocasião foram convidadas asfamílias dos maçons) a exercícios meditativos, com o intuito de selecionar asmúsicas capazes de conduzir à meditação.

    A experiência foi muito proveitosa e emocionante, pois ninguémjamais poderia ter imaginado que “alguém” ousasse fugir ac convencionalismoe romper as barreiras de tradições arraigadas, fazendo vibrar os velhossímbolos, ao compasso frenético ou lânguido da música popular.

    Também na Maçonaria há oportunidade para, em campoexperimental, chegar a conclusões necessárias para saber fazer seleção, nãoa “priori”, mas depois de viver a experiência na própria carne.

    O Perfume

    O terceiro elemento é o perfume.

    Poderá parecer tarefa singela, especialmente, seguindo o uso jáconsagrado de se acender um “defumador”. Defumadores os há, em múltiplosaspectos; com perfumes os mais exóticos, nacionais e estrangeiros.Defumadores preparados, compactados, bastando acendê-los para que sadesvaneçam, lentamente, perfumando o ambiente com sua tênue de fumo(16).

    Todos os povos, em suas cerimônias religiosas, usaram e continuama usar substâncias aromáticas, à guisa de perfume em seus cultos.

    A Maçonaria, por sua vez, não poderia apresentar-se como exceção;sempre o usou e continua a fazê-lo.

    A melhor das fontes escritas, a mais antiga que temos, e que comextrema facilidade todos podem consultá-la é, sem dúvida, a História Sagrada.

    Lemos no livro do “Êxodo”, no capítulo 3º, o seguinte, sobre o“incenso santo”:

    “Disse mais Jeová a Moisés: toma especiariasaromáticas; estoraque (resina odorífera extraída da árvore domesmo nome e conhecida entre nós com o nome de “jenjoeiro”),onicha, ou onyque, (resina mais conhecida como “unha odorífera”)

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    e gálbano (planta umbelífera, sempre verde que fornece uma resinamedicinal); especiarias aromáticas com incenso puro. Cadauma delas será de igual peso; e delas farás um incenso, umperfume segundo a arte do perfumista, temperado com al,puro e santo. Uma parte dele reduzirás a pó e o porás diantedo testemunho na Tenda da