500 perguntas e 500 respostas sobre gado de corte

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  • Coleo 500 Perguntas 500 Respostas

    O produtor pergunta, a Embrapa responde

  • O produtor pergunta, a Embrapa responde

    Geraldo Augusto de Melo Filho Haroldo Pires de Queiroz

    Editores Tcnicos

    Embrapa Informao TecnolgicaBraslia, DF

    2011

    Empresa Brasileira de Pesquisa AgropecuriaEmbrapa Gado de Corte

    Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento

    2a edio revista e ampliada

  • Exemplares desta publicao podem ser adquiridos na:

    Embrapa Informao TecnolgicaParque Estao Biolgica (PqEB), Av. W3 Norte (final)CEP 70770-901 Braslia, DFFone: (61) 3448-4236 Fax: (61) [email protected]/liv

    Produo editorial: Embrapa Informao TecnolgicaCoordenao editorial: Fernando do Amaral Pereira Lucilene Maria de Andrade Juliana Meireles Fortaleza Superviso Editorial: Josmria Madalena LopesReviso de texto: Eduardo SouzaProjeto grfico da coleo: Mayara Rosa CarneiroEditorao eletrnica: Jlio Csar da Silva DelfinoIlustraes do texto: Daniel Correia de Brito e Thiago Pacheco TurchiArte-final da capa: Jlio Csar da Silva DelfinoFoto da capa: Josimar Lima do Nascimento

    1 edio 1 impresso (1996): 3.000 exemplares 2 impresso (1997): 3.000 exemplares3 impresso (1998): 1.000 exemplares4 impresso (1999): 2.000 exemplares5 impresso (1999): 1.000 exemplares6 impresso (2000): 1.000 exemplares7 impresso (2002): 1.500 exemplares8 impresso (2003): 1.000 exemplares9 impresso (2004): 2.000 exemplares10 impresso (2007): 3.000 exemplares

    2 edio1 impresso (2011): 2.000 exemplares

    Todos os direitos reservadosA reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte,

    constitui violao dos direitos autorais (Lei n 9.610).

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Embrapa Informao Tecnolgica

    Gado de corte : o produtor pergunta, a Embrapa responde / Geraldo Augusto de Melo Filho, Haroldo Pires de Queiroz, editores tcnicos. 2 ed. rev. e ampl. Braslia, DF : Embrapa Informao Tecnolgica, 2011.

    261 p. : il.; 16 cm x 22 cm. - (Coleo 500 perguntas, 500 respostas).

    ISBN 978-85-7383-528-1

    1. Pastagem. 2. Nutrio animal. 3. Sanidade animal. 4. Melhoramento animal. 5. Condio ambiental. I. Melo Filho, Geraldo Augusto de. II. Queiroz, Haroldo Pires de. III. Embrapa Gado de Corte. IV. Coleo.

    CDD 636.213

    Embrapa 2011

  • Autores

    Afonso Nogueira Simes CorraEngenheiro-agrnomo, assistente executivo aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Alberto GomesMdico-veterinrio, doutor em Parasitologia Animal, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Antnio do Nascimento RosaEngenheiro-agrnomo, doutor em Cincias, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Armindo Neivo KichelEngenheiro-agrnomo, mestre em Produo Vegetal, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Bela Grof (in memorian)Engenheiro-agrnomo, Ph.D. em Economic Botany, ex-consultor da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Cacilda Borges do ValleEngenheira-agrnoma, Ph.D. em Melhoramento de Plantas, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Celso Dornelas FernandesEngenheiro-agrnomo, doutor em Proteo de Plantas, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Cludio Roberto MadrugaMdico-veterinrio, doutor em Parasitologia Animal, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Edson Espndola CardosoAdministrador, especialista em Gesto do Agronegcio, analista da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Eduardo Simes CorreaEngenheiro-agrnomo, mestre em Zootecnia, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Esther Guimares CardosoEngenheira-agrnoma, mestre em Nutrio Animal, pesquisadora aposentada da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    500P_Gado de corte.indd 5 12/03/2014 11:32:37

  • Ezequiel Rodrigues do ValleEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Fisiologia da Reproduo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Fabiane SiqueiraBiloga, doutora em Gentica, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Fernando Paim CostaEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Administrao Rural, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Francisco Humberto Dbbern de SouzaEngenheiro-agrnomo, doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Pecuria Sudeste, So Carlos, SP

    Gelson Luis Dias FeijMdico-veterinrio, Ph.D. em Produo Animal e Gentica, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Geraldo Augusto de Melo FilhoEngenheiro-agrnomo, mestre em Economia Rural, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Geraldo Ramos FigueiredoEngenheiro-agrnomo, mestre em Melhoramento Animal, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Haroldo Pires de QueirozZootecnista, analista da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Ivan Valado RosaMdico-veterinrio, doutor em Nutrio Animal, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Ivo BianchinMdico-veterinrio, doutor em Parasitologia Animal, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Ivo Martins CezarMdico-veterinrio, Ph.D. em Socioeconomia, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Jairo Mendes VieiraEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Pastagens, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    500P_Gado de corte.indd 6 12/03/2014 11:32:54

  • Joo Batista CattoMdico-veterinrio, doutor em Helmintologia, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Jos Alexandre Agiova da CostaEngenheiro-agrnomo, doutor em Zootecnia, pesquisador da Embrapa Caprinos e Ovinos, Sobral, CEJos Antonio Paim SchenkMdico-veterinrio, mestre em Reproduo Animal, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Jos Marques da SilvaEngenheiro-agrnomo, mestre em Zootecnia, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Jos Raul ValrioEngenheiro-agrnomo, doutor em Entomologia Econmica, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Kepler Euclides FilhoEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Filosofia, pesquisador da Embrapa Sede, Braslia, DF

    Liana JankEngenheira-agrnoma, Ph.D. em Melhoramento de Plantas, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Luiz Otvio Campos da SilvaZootecnista, doutor em Gentica e Melhoramento Animal, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Luiz Roberto Lopes de S. ThiagoEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Nutrio de Ruminantes, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Manuel Cludio Motta MacedoEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Cincia do Solo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Margot Alves Nunes DodeMdica-veterinria, Ph.D. em Cincia Animal, pesquisadora da Embrapa Recursos Genticos e Biotecnologia, Braslia, DF

    Maria Aparecida Moreira SchenkMdica-veterinria, mestre em Medicina Veterinria, pesquisadora aposentada da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    500P_Gado de corte.indd 7 12/03/2014 11:32:54

  • Maria Luiza Franceschi NicodemoZootecnista, Ph.D. em Agricultura, pesquisadora da Embrapa Pecuria Sudeste, So Carlos, SP

    Michael Robin HonerParasitologista, Ph.D. em Cincias Biolgicas e Sade, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Pedro Paulo PiresMdico-veterinrio, doutor em Medicina Veterinria, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Raul Henrique KesslerMdico-veterinrio, Ph.D. em Medicina Veterinria, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Renato Andreotti e SilvaMdico-veterinrio, doutor em Cincias, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Roberto Augusto de Almeida Torres JuniorEngenheiro-agrnomo, Ph.D. em Melhoramento Animal, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Rodiney de Arruda MauroBilogo, doutor em Ecologia Tropical, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Rodrigo Amorim BarbosaEngenheiro-agrnomo, doutor em Forragicultura e Pastagens, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Ronaldo de Oliveira EncarnaoEngenheiro-agrnomo, doutor em Fisiologia do Comportamento Animal, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Saladino Gonalves NunesEngenheiro-agrnomo, mestre em Pastagens e Nutrio Animal, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Srgio Raposo de MedeirosEngenheiro-agrnomo, doutor em Nutrio Animal, pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Sheila da Silva MoraesMdica-veterinria, doutora em Medicina Preventiva, pesquisadora aposentada da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    500P_Gado de corte.indd 8 12/03/2014 11:32:54

  • Thais Basso AmaralMdica-veterinria, mestre em Zootecnia, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Valria Pacheco Batista EuclidesEngenheira-agrnoma, Ph.D. em Cincia Animal, pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    Zenith Joo de ArrudaEngenheiro-agrnomo, mestre em Economia Rural, pesquisador aposentado da Embrapa Gado de Corte, Campo Grande, MS

    500P_Gado de corte.indd 9 12/03/2014 11:32:54

  • Apresentao

    A Embrapa Gado de Corte tem a misso de viabilizar solu-es tecnolgicas sustentveis para a cadeia produtiva da pecuria de corte em benefcio da sociedade brasileira. Este livro representa uma parte do esforo realizado por esta Unidade de pesquisa para cumprir sua misso, levando o conhecimento gerado e acumulado em mais de 30 anos de pesquisa, ao seu principal usurio: o pecuarista.

    Da primeira edio deste livro, em 1996, at esta, houve uma grande mudana na pecuria nacional, para as quais a prpria Embrapa Gado de Corte contribuiu. O uso de touros provados e listados nos sumrios de touros se intensificou; as Diferenas Esperadas na Prognie (DEPs) se incorporaram ao vocabulrio dos criado res e a avaliao de touros jovens se difundiu pelo Pas. A pecuria se expandiu e ocupou novas fronteiras com os capins lanados por ns: tanznia e mombaa. Estes praticamente substituram o colonio nos solos mais frteis, e o braquiaro ganhou opes de diversificao com os novos xaras e piat.

    A carne brasileira conquistou o mercado mundial e enfrenta o desafio de atender consumidores mais exigentes quanto qualidade do produto e ao modo como ele produzido.

    Nesses 15 anos muitas dvidas deixaram de existir e novas questes se apresentaram ao pecuarista. Hoje, ele se pergunta como recuperar as pastagens nos solos exauridos pela falta de adubao. E a integrao lavoura-pecuria-florestas veio dar sua contribuio. Ainda se questiona como conciliar produo pecu-ria com preservao ambiental, preocupao social e bem-estar animal. Em resposta, um novo elenco de alternativas tecnolgicas se abriu para o produtor rural com as recomendaes das Boas Prticas Agropecurias.

    Cleber Oliveira SoaresChefe-Geral da Embrapa Gado de Corte

  • Sumrio

    Introduo ..................................................................... 15

    1 Fase de Cria ................................................................... 172 Recria e Engorda ............................................................ 433 Pastagem ....................................................................... 674 Nutrio Animal ............................................................ 1275 Sanidade Animal ............................................................ 167 6 Melhoramento Animal ................................................... 1917 Economia e Administrao ............................................ 2238 Meio Ambiente .............................................................. 249

  • Introduo

    A primeira edio do livro Gado de corte: o produtor per-gunta, a Embrapa responde foi impressa em 1996. De l para c ocorreram profundas mudanas no perfil da pecuria de corte brasileira nos aspectos tecnolgicos, mercadolgicos, ambientais, entre tantos outros. Portanto, havia necessidade de se fazer uma reviso geral no texto do livro. Nesta segunda edio, foram atualizadas diversas recomendaes tcnicas, introduzidas outras e includo um novo captulo que trata do meio ambiente, tema de grande importncia atualmente. No captulo de Economia e Administrao foram includas novas questes sobre Boas Prticas Agropecurias.

    Outra motivao que levou reedio do livro foi o fato de ser um dos mais procurados pelos produtores rurais, pelos tcnicos e outros interessados, sendo um dos mais vendidos da Coleo 500 Perguntas, 500 Respostas.

    As 500 perguntas includas no livro foram extradas de uma relao de mais de 5.000 questionamentos feitos ao Servio de Atendimento ao Cidado (SAC), da rea de Comunicao Empresarial da Embrapa Gado de Corte.

    As respostas s perguntas selecionadas foram dadas pela equipe de pesquisadores e de analistas da Empresa, de diversas especializaes, de forma direta e usando uma linguagem simples e apropriada a um pblico diverso.

  • Fase de Cria1Thais Basso Amaral

    Ezequiel Rodrigues do ValleAfonso Nogueira Simes Corra

    Geraldo Ramos FigueiredoRonaldo de Oliveira Encarnao

    Pedro Paulo PiresIvo Bianchin

    Jos Antonio Paim SchenkJairo Mendes Vieira

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    1 Como deve ser o manejo do rebanho de cria na poca de nascimentos?

    Na poca de nascimentos, o rebanho de cria deve ser mantido em um pasto-maternidade, com a finalidade de se proporcionar assistncia adequada tanto s fmeas quanto aos bezerros, por ocasio da pario. Isso possibilita que, imediatamente aps o nascimento, possa ser efetuada a cura do umbigo do bezerro e prestado auxlio s fmeas durante a pario, especialmente em caso de parto difcil (parto distcico).

    Convm salientar que o aspecto nutricional do animal, durante o tero final de gestao, de extrema importncia para o retorno ao cio. A reposio da condio corporal de animais malnutridos, alm de ser onerosa, retarda muito a manifestao do primeiro cio frtil no ps-parto, aumentando, consequentemente, o intervalo entre partos e diminuindo a taxa de prenhez do rebanho.

    2 Quais so as vantagens da distribuio do rebanho nos pastos, separado por categoria (sexo e idade)?

    Esse procedimento possibilita a utilizao de tcnicas de manejo especficas para determinado grupo de animais, tais como: poca de monta diferenciada para novilhas, suplementao alimentar estratgica para novilhas de primeira cria, maiores cuidados com as crias aps o nascimento (pasto-maternidade) e facilidade para atender a requerimentos nutricionais diferenciados para bezerros desmamados e novilhos em terminao.

    3 Como aumentar a eficincia reprodutiva do rebanho de

    cria, ou seja, como aumentar o nascimento de bezerros na criao extensiva?

    A nutrio adequada um dos fatores que mais contribui para o aumento da eficincia reprodutiva do rebanho de cria. Paralelamente, diversas tcnicas de manejo devem ser utilizadas

  • 19

    para que esse objetivo seja alcanado. Dentre elas, pode-se destacar, em primeiro lugar, o estabelecimento de uma estao de monta de curta durao, a fim de que o perodo de maior requerimento nutricional (lactao) coincida com o de maior oferta de alimentos.

    Dessa maneira, as demais atividades de manejo sero disciplinadas e podero ser aplicadas em idades corretas e em pocas do ano mais adequadas, tais como: esquema de vacinao, vermifugao, castrao, descorna, desmama, descarte, etc.

    O estabelecimento de um perodo de monta auxilia tambm na identificao de animais de baixo potencial produtivo, ou improdutivos, os quais, aps identificados, devem ser descartados.

    4 Como medir a eficincia reprodutiva do rebanho?

    A eficincia reprodutiva medida pela relao entre o nmero de bezerros desmamados por ano e o nmero de fmeas em idade de reproduo. No entanto, devem ser considerados, tambm, o peso desses bezerros na poca da desmama e a rea utilizada para a sua produo, de modo que a produtividade possa ser avaliada em valores de kg de bezerro desmamado/hectare/ano.

    5 O que condiciona a relao touro: vaca na criao exten

    siva e qual a relao recomendada para monta natural a campo?

    A relao touro: vaca para monta natural a campo depende, em primeiro lugar, da idade do touro e da sua sade e nutrio; e, em se-gundo lugar, do manejo dado ao rebanho de cria. A relao deve ser menor para touros jovens (1:10 a 1:15), poden-

  • 20

    do chegar a 1:40 para touros adultos. Na mdia, a relao mais utilizada a de 1:25; no entanto, dependendo da rea e topografia do terreno, ela pode ser ampliada.

    Quando houver necessidade de se colocar mais de um touro por lote de fmeas no mesmo pasto, recomenda-se que sejam selecionados animais da mesma idade, tamanho ou peso. Os ndices de fertilidade sero drasticamente reduzidos se houver um touro dominante subfrtil ou infrtil. Para evitar esse problema, sugere-se que se faa em todos os touros, antes do perodo de monta, um exame androlgico completo, que compreende exame clnico, exame das caractersticas do smen e o teste da libido.

    6 Quais so os critrios para se estabelecer a estao de monta?

    O estabelecimento do perodo de monta vai depender de qual poca o produtor deseja que os nascimentos e a desmama ocorram. Como a gestao demora em torno de nove meses e meio, ela deve ter seu incio programado por igual perodo antes da primeira pario.

    No Brasil Central, a monta natural deve se concentrar durante a estao chuvosa, na qual h maior disponibilidade de pastagens de melhor qualidade. Assim, os nascimentos ocorrem durante o perodo seco, poca na qual so baixas as incidncias de doenas (pneumonia) e de parasitos (carrapatos, bernes, moscas e vermes).

    Outros pontos importantes a favor desse perodo so: a coincidncia do perodo de lactao (grande demanda por nutrientes de qualidade) com a poca de pastagens de boa qualidade; a reduo das exigncias nutricionais das vacas, pois a desmama efetuada no incio do perodo seco; o descarte, no incio da seca, de vacas vazias e animais de baixa eficincia produtiva, liberando pastagens para as demais categorias de animais; e a castrao e a marcao poderem ser efetuadas na idade correta e na poca de baixa incidncia de bicheiras.

  • 21

    7 Como passar da monta natural durante todo o ano para uma estao de trs meses de durao?

    No Brasil Central, onde geralmente o touro mantido com as vacas durante todo o ano, a grande concentrao de nascimentos ocorre de agosto a setembro, que corresponde monta de novembro e dezembro. Como o perodo de monta recomendado para uma estao de trs meses de durao vai do incio de novembro ao final de janeiro, recomenda-se a reduo do perodo de monta gradualmente, sendo que no primeiro ano possvel realizar uma estao de monta de 6 meses (outubro a maro) sem prejuzos para os nascimentos, e nos anos subsequentes reduzir 15 dias no incio e 15 dias no final, at atingir a durao ideal.

    8 Justificase o estabelecimento de duas estaes de monta

    durante o ano? Por exemplo, novembro a janeiro e abril a junho?

    No; pois considerando que o manejo e a alimentao so semelhantes para todas as vacas, estaramos premiando aqueles animais de baixa eficincia reprodutiva, que no conceberam durante o perodo desejado. Apesar de se reduzir o intervalo entre partos, faramos uma seleo negativa para fertilidade.

    Os nascimentos resultantes do perodo de monta comple-mentar ocorreriam durante a poca das guas, perodo em que so altas as incidncias de doenas e parasitos. Alm do mais, a ocor-rncia de nascimentos durante um longo perodo do ano dificulta a aplicao das tcnicas de manejo nas pocas e idade mais adequadas.

    9 Como identificar vacas no cio?

    As vacas no cio podem ser identificadas principalmente pela mudana no seu comportamento. Elas se mostram irrequietas, caminham bastante, montam e se deixam montar por outros

  • 22

    membros do rebanho e, nor-malmente, agrupam-se em tor-no do rufio ou touro.

    Durante o cio, a cauda fica levemente erguida e, s vezes, pode ser notada a libe-rao de um muco cristalino pela vagina. A deteco de ani-mais no cio pode ser facilitada com o auxlio de rufies (machos ou fmeas androgenizadas) que utilizam, preso ao pescoo, um bual marcador. Durante a monta, a tinta liberada do bual, identificando assim os animais que manifestaram cio.

    10 Qual a durao do cio nas vacas Nelore e em que perodo do cio as vacas devem ser inseminadas?

    A durao mdia do cio das vacas Nelore de aproxi-madamente 12 horas, portanto inferior observada nas vacas de raas europeias (18 a 22 horas). A inseminao deve ser efetuada prximo ao final do perodo de manifestao do cio. Portanto, para que se obtenham elevados ndices de fertilidade inseminao, necessrio que se conhea o momento em que as vacas manifestam os primeiros sinais de cio. Na prtica, vacas que so detectadas em cio no perodo da manh so inseminadas no final da tarde, e vacas que so detectadas no fim da tarde so inseminadas na manh do dia seguinte.

    11 O que anestro? Por que ocorre e como evitar?

    O anestro o perodo de completa inatividade sexual, du-rante o qual no h sinais de manifestao de cio. Portanto, o anestro no uma doena, mas um estado fisiolgico do animal. Ele observado durante o perodo que antecede a puberdade das fmeas, na gestao e durante o ps-parto.

  • 23

    O anestro ocorre em virtude da insuficincia hormonal que impede o desenvolvimento folicular e a manifestao do cio. As principais causas podem ser resultantes de fatores ambientais, como estao do ano, lactao e nutrio; anormalidades do ovrio, como hipoplasia e cistos ovricos e, tambm, por causa de fatores uterinos, como gestao, mumificao e macerao de feto, e piometra.

    A principal causa de anestro durante o ps-parto a amamen-tao. Em razo da intensidade e da frequncia da amamentao, o perodo de anestro pode ser prolongado, principalmente em animais que sofreram restrio alimentar durante a gestao ou lactao. A nutrio inadequada, principalmente durante o tero final de gestao, piora as condies corporais da vaca ao parto, aumentando o perodo de anestro. Portanto, nos perodos de deficincia nutricional, a desmama precoce ou antecipada pode ser utilizada para reduzir os requerimentos nutricionais da vaca, antecipando assim o retorno da atividade reprodutiva aps o parto.

    12 O que mais eficiente: a monta natural ou a inseminao artificial? Quando adotar a inseminao artificial?

    Considerando-se ape-nas o nmero de bezerros produzidos, e no a melho-ria gentica do rebanho, a monta natural pode ser mais eficiente do que a insemi-nao artificial. Na insemi-nao artificial, a obteno de altas taxas de fertilidade depende da qualidade do smen utilizado, da tcnica de descon-gelamento e inseminao, do estado sanitrio das fmeas e, principalmente, do momento correto de inseminao.

    A inseminao deve ser adotada segundo o objetivo que se pretende atingir. Se a inteno for a de melhorar o padro gentico

  • 24

    do rebanho, a inseminao a tcnica mais importante e eficiente. Isso porque o smen de poucos machos selecionados, com caractersticas genticas desejveis, possibilita a inseminao de milhares de fmeas a cada ano. No cruzamento industrial, por exemplo, na maioria das vezes a utilizao de raas europeias s pode ser feita pela inseminao artificial, em virtude da baixa fertilidade dos touros europeus puros no adaptados s nossas condies climticas, ou ao alto custo de aquisio de touros de elevado padro gentico.

    13 Qual o significado da inseminao artificial para o melhoramento do rebanho?

    Como j mencionado, a inseminao artificial a tcnica mais importante, de custo acessvel, para acelerar a melhoria do padro gentico do rebanho, embora os benefcios de sua adoo possam ser mais facilmente observados em gado de leite do que em gado de corte. Isto porque, no sistema de criao extensivo de gado de corte, h dificuldades de deteco de animais no cio. No entanto, com a introduo de novos mtodos de induo ao cio e sincronizao do cio, a inseminao artificial passa a assumir papel de destaque na pecuria de corte, principalmente com a intensificao dos programas de produo de novilho precoce.

    14 Quantas vezes devese inseminar uma vaca que repete o cio? Devese efetuar repasse com touros?

    Uma fmea no deve receber mais do que duas doses de smen, se os animais estiverem em perfeito estado de sade e nutrio, e se forem seguidos os procedimentos corretos para a observao do cio e da inseminao. No sendo diagnosticada nenhuma anormalidade, ela pode ser posta com touro aps duas inseminaes. Contudo, ela deve ser eliminada se permanecer vazia aps a monta natural. Animais que repetem o cio aps vrias

  • 25

    inseminaes podem apresentar problemas de ordem anatmica ou fisiolgica e devem ser eliminados do rebanho.

    15 Como se prepara um rufio? Qual a relao rufio: nmero de vacas?

    Os machos destinados produo de rufies devero ter aproximadamente 12 meses de idade. Existem vrios mtodos de preparo de rufies; o mais utilizado o desvio lateral do pnis, para evitar sua penetrao durante a monta. A cirurgia deve ser realizada por mdico-veterinrio. Outro mtodo muito utilizado, porm um pouco dispendioso, consiste na utilizao de vacas tratadas com o hormnio masculino testosterona (vacas andro-genizadas). A relao rufio:nmero de vacas pode ser a mesma de touro:vaca.

    16 O que a inseminao artificial em tempo fixo (IATF)? Quais as vantagens?

    Esta tcnica consiste na inseminao das fmeas sem a necessidade de observao de cio. Para tanto, so utilizados m-todos hormonais que promovem a sincronizao de cio das fmeas. Dessa forma, pode-se programar a inseminao das fmeas em um perodo curto predeterminado.

    As vantagens so a eliminao da observao de cio, principal limitao na utilizao da inseminao artificial convencional, melhor aproveitamento da mo de obra disponvel, concentrao de partos em um perodo especfico, com consequente obteno de lotes uniformes.

    Como o custo da sincronizao elevado, sua utilizao depende da finalidade da explorao (gado puro, cruzamento industrial, etc.); em rebanho comercial, na maioria das vezes, no compensa financeiramente. A taxa de prenhez mdia obtida gira em torno de 50%, aps a IATF recomenda-se realizar uma nova inseminao ou repasse com touros para elevar as taxas de prenhez para 80%.

  • 26

    17 Quando e como fazer o diagnstico de gestao?

    O diagnstico de gesta o pode ser efetuado a partir de 40 dias aps a monta ou inse-minao. Se utilizado o perodo de monta de novembro a final de janeiro, o diagnstico pode ser realizado entre maro e abril, antes do perodo seco, de modo

    a descartar o mais cedo possvel as vacas falhadas.A maneira mais prtica de se efetuar o diagnstico de gestao

    pelo toque retal, efetuado por um mdico-veterinrio. O operador insere seu brao no reto do animal e, pela manipulao do tero, procura detectar as modificaes na sua estrutura que so caractersticas da gestao, como o dimetro dos cornos uterinos, a presena do feto e membranas fetais.

    18 Qual a durao da gestao e qual o intervalo mdio entre partos em gado de corte?

    A durao mdia da gestao de 290 dias. O intervalo mdio entre partos depende do sistema de explorao pecuria. Nos sistemas de pecuria extensiva, esse intervalo varia de 20 a 24 meses. No entanto, com a intensificao dos sistemas de manejo e alimentao, esse intervalo pode ser reduzido para 12 a 13 meses, o que causa grande impacto na eficincia reprodutiva do rebanho.

    19 Quais so os principais critrios para o descarte de vacas do rebanho?

    A vida til da vaca de corte pode ir alm de 12 anos; no entanto, aps 10 anos de idade, a produo de leite entra em declnio e o animal passa a desmamar bezerros mais leves. Considerando-se 4 anos como a idade mdia do primeiro parto, e

  • 27

    o descarte aos 10 anos de idade, a vaca deixa, em mdia, de 4 a 5 bezerros. Contudo, essa produtividade pode ser melhorada sensivelmente, reduzindo-se a idade primeira cria e o intervalo entre partos.

    Os principais critrios para o descarte de vacas so:Idade:aps10anos,asvacaspassamadesmamarbezerros

    mais leves, que tm, por isso, seu desenvolvimento futuro prejudicado.

    Repetio de cio: apesar de serem cobertas por tourosreconhecidamente frteis, h vacas que retornam ao cio repetidamente.

    Habilidadematerna:vacasquenosoboasmes,ouqueproduzam pouco leite, contribuem para a mortalidade de bezerros na fase de aleitamento, ou desmamam bezerros muito leves.

    20

    O descarte de vacas e a seleo das novilhas de substituio devem ser feitos antes ou depois da estao de monta? Quantas vacas devem ser substitudas anualmente no rebanho de corte?

    O descarte de vacas vazias ou de baixa produtividade deve ser efetuado aps o diagnstico de gestao e antes do incio do perodo seco. As novilhas para substituio devem ser selecionadas antes da estao de monta, com base no seu desenvolvimento corporal. Recomenda-se que, a cada ano, sejam substitudas cerca de 15 vacas de cada 100 do rebanho (15%). Dessa forma, as vacas permanecem no rebanho por cerca de 6 anos, sendo descartadas as vacas velhas, as vacas vazias e as com baixa habilidade materna.

    21 Quais so as melhores pocas do ano para o nascimento e a desmama de bezerros?

    No Brasil Central, a melhor poca do ano para o nascimento de bezerros durante o perodo seco (julho a setembro), quando

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    so baixas as incidncias de doenas e de parasitos. A desmama, aos 6-7 meses de idade, pode ser realizada de maro a abril, prximo ao incio do perodo seco. Apesar de a poca de desmama no ser a mais favorvel, a utilizao de pastos diferenciados ou a suplementao alimentar dos bezerros desmamados possibilitam a manuteno ou mesmo algum ganho de peso durante o perodo seco.

    22 Por quanto tempo o touro deve permanecer no rebanho?

    A vida reprodutiva dos touros pode ir alm de 10 a 12 anos. No entanto, os touros devem ser substitudos ou trocados de rebanho, a cada trs anos, para evitar que cubram suas prprias filhas.

    23 Quais so os parmetros avaliados no exame androlgico de reprodutores, a campo?

    O exame androlgico completo compreende o exame fsico-clnico geral, a avaliao das caracte-rsticas fsicas e morfol-gicas do smen e o teste de comportamento, que inclui a avaliao da libido. No entanto, a campo, nem todas as caractersticas fsi-

    cas e morfolgicas do smen podem ser determinadas. Parmetros como a percentagem de vivos ou mortos, concentrao e patologia so avaliados em laboratrio. Das caractersticas fsicas, as mais comu mente avaliadas a campo so volume, aspecto, cor, motilidade (percentagem de espermatozoides mveis), motilidade progressiva individual (vigor) e o turbilhonamento (motilidade em massa).

  • 29

    24 Quais so as causas de subfertilidade em touros?

    Touros subfrteis comprometem a fertilidade do rebanho, ocasionando grandes perdas de produo. Causas de ordem anat-mica, fisiolgica, endocrinolgica, de meio ambiente, nutricional, gentica, psicognica ou patolgica podem contribuir para a reduo do potencial reprodutivo. O diagnstico efetuado pelo exame androlgico completo.

    25 Quais so as causas mais frequentes de queda de fertilidade dos touros?

    Duas das causas mais frequentes da alterao das carac-tersticas seminais ocorrem em virtude da idade, e aquelas decorrentes de deficincia nutricional, principalmente de protena, energia, micro e macroelementos minerais.

    Doenas da esfera reprodutiva (brucelose, vibriose, tricomo-nose e leptospirose) afetam diretamente tanto a fertilidade do touro como a da vaca. Alm disso, outras enfermidades que debilitam o estado geral do touro podem tambm reduzir a sua fertilidade. Touros de raas taurinas no adaptadas s regies tropicais apresentam acentuada reduo da fertilidade, principalmente em razo de temperaturas elevadas.

    26 Qual a relao entre o tamanho dos testculos e a ferti

    lidade dos touros? Qual a importncia do permetro escrotal nos touros?

    O tamanho dos testculos est mais relacionado com a produo de smen do que com a capacidade de fecundao dos espermatozoides. Touros com testculos mais desenvolvidos apresentam maior volume de ejaculado, podendo produzir maior nmero de doses de smen. Alm disso, existe alta correlao entre o permetro escrotal de touros jovens e a idade para a

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    puberdade de suas meias-irms. O permetro escrotal est direta-mente relacionado com a precocidade sexual e com a fertilidade do touro; indica o seu potencial para a produo de smen. Touros zebunos adultos devem ter mais de 30 cm de permetro escrotal.

    27 Que cuidados devem ser adotados no manejo de touros em monta natural, para manter a fertilidade?

    Antes de tudo, deve-se considerar o estabelecimento de uma estao de monta, preferencialmente de curta durao (2 a 3 meses). Durante esse perodo, deve ser mantida a relao adequada touro:vaca; devem ser utilizados touros de mesma idade e tamanho por lote de fmeas, com a finalidade de se reduzirem as disputas e a influncia dos touros mais agressivos.

    28 Em que pocas os touros Nelore atingem a puberdade e a maturidade sexual?

    Em mdia, touros Nelore, criados em sistema extensivo, atingem a puberdade aos 18 meses de idade, embora esse fato esteja mais relacionado com o peso do que com a idade. Durante a puberdade, a ocorrncia de anormalidades espermticas muito alta, diminuindo medida que o animal se aproxima da maturidade sexual. Em mdia, machos da raa Nelore atingem a maturidade sexual com cerca de 24 meses de idade.

    29 Touros devem receber algum tipo de suplementao durante a estao de monta?

    Depende das condies de alimentao dos touros no incio do perodo de monta. A suplementao no ser necessria se o perodo de monta ocorrer durante a estao chuvosa e os touros tiverem recebido alimentao adequada durante pelo menos 2 meses antes da monta.

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    30 Quais so os critrios de escolha para a compra de touros para rebanhos de corte?

    Alm da caracterizao racial, devem ser considerados: o aspecto sade do animal (vivacidade, pelo liso, mucosas brilhantes), bom desenvolvimento ponderal, bons aprumos e disposio para monta a campo e, sobretudo, boa fertilidade. A avaliao de fertilidade pode basear-se na constituio e volume dos testculos e no exame de smen.

    31 Qual a proporo normal de vacas em rebanhos de gado

    de corte? Por que os abates de vacas aumentam em determinados perodos e diminuem em outros?

    Propores de vacas e de bezerros nos rebanhos de corte dependem do tipo de atividade pecuria desenvolvida na proprie-dade (se exclusivamente de cria, se de cria e recria, ou de cria, recria e engorda) e da eficincia reprodutiva do rebanho. Nos rebanhos comuns (de cria, recria e engorda), a proporo de vacas varia em torno de 35%, e a de bezerros em torno de 20%. Se a eficincia reprodutiva do rebanho for alta, diminui a proporo de vacas e aumenta a de bezerros, ocorrendo o inverso nos rebanhos de baixa eficincia reprodutiva.

    Os abates de vacas aumentam em determinados perodos e diminuem em outros porque os abates variam com o ciclo pecurio (ciclo de preos do gado). A matana de vacas o principal componente da variao do abate total, j que o abate de bois mais estvel. A matana de vacas aumenta nos perodos de preos baixos e diminui quando os preos sobem.

    32 Como criar bezerros saudveis? Quais os cuidados que devem ser dispensados aos bezerros recmnascidos?

    Devem ser adotados os seguintes procedimentos:

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    Programaraestaodemonta, de modo a evi-tar nasci mentos no pe-rodo de maior inten-sidade de chuvas. Ani - mais nascidos nes se perodo sofrem mais estresse e ficam mais predispostos a doenas.

    Cortaredesinfetaroumbigocomsoluodelcooliodadoa 10% ou outro produto comercial.

    Verificar se o bezerro consegue mamar normalmente.No caso de vacas de tetas grandes, necessrio ajudar o recm-nascido nas primeiras mamadas e depois esgotar o bere da vaca. indispensvel que o bezerro mame o colostro.

    Descartarvacasdetetasgrandeseaquelasqueproduzempouco leite.

    Manter os bezerros em pasto-maternidade, durante aprimeira semana de vida, para facilitar a assistncia.

    Evitar a movimentao de bezerros novos, junto comanimais adultos, em porteiras e bretes.

    Observaraocorrnciadediarreiasetrat-lasimediatamente.

    33 recomendado o uso preventivo de ivermectina em bezerros recmnascidos?

    Vrios estudos tm demonstrado uma melhor eficcia na preveno de bicheiras (miases) quando se usa uma associao de lcool iodado com 1 mL de ivermectina, se comparado com o uso isolado desses medicamentos.

    Mas j existem no mercado princpios ativos mais eficientes, como moxidectina, doramectina e fipronil. Salienta-se que a aplicao desses medicamentos dever ser feita com a observao rigorosa da dosagem recomendada por um mdico-veterinrio, sob risco de morte do bezerro.

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    34 Quais so as principais causas de mortalidade de bezer

    ros? Qual a importncia do tratamento do umbigo dos bezerros?

    As principais causas so: infeces, provocadas principal-mente pelo no tratamento correto do umbigo; a diarreia-branca, provocada por consumo excessivo de leite; a diarreia-preta, causada por protozorios; a pneumoenterite causada por bact-rias; e a babesiose e anaplasmose (tristeza), doenas transmitidas pelos carrapatos.

    O tratamento do umbigo importante porque ele porta de entrada para os agentes causadores de vrias doenas. A infeco deve ser evitada por meio de corte e cura adequados. Aps a instalao da infeco, alm do maior custo do tratamento, h um comprometimento do desenvolvimento normal do animal.

    35 Como evitar a pneumoenterite dos bezerros e como tratla?

    Para evitar a pneumoenterite nos bezerros que vo nascer, as fmeas devem ser vacinadas durante o oitavo ms de gestao. Se a me no for vacinada, o recm-nascido pode ainda tomar a vacina aos 15 e 30 dias de idade. O tratamento da pneumoenterite deve ser feito com antibiticos e fluidoterapia, indicados por mdico-veterinrio.

    36 Como fazer o tratamento do curso de sangue ou curso negro?

    O tratamento do curso de sangue deve ser feito o mais rapidamente possvel com medicamentos base de sulfa. Conforme o caso, tambm h necessidade de que sejam repostos os lquidos perdidos, pelo emprego de fluidoterapia ou at mesmo por transfuso sangunea.

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    37 Como substituir o colostro para bezerros criados guaxos (bezerros rfos ou enjeitados pela me)?

    No existe produto capaz de substituir o colostro com a mesma eficincia. Os substitutos do leite encontrados no mercado podem auxiliar na criao dos guaxos; porm, esses animais no tero o mesmo desenvolvimento daqueles que mamaram o colos-tro. Recomenda-se manter um banco de colostro na propriedade, devendo ser armazenado em freezer ou congelador. Quando da sua utilizao, o colostro deve ser descongelado em banho-maria em temperatura no muito elevada, e fornecido aos bezerros at 8 horas aps o nascimento.

    38 Qual a vantagem e como fazer a desmama precoce?

    A baixa taxa de natalidade um dos principais problemas da criao extensiva de bovinos de corte. Em situaes de escassez de forragem, a desmama precoce reduz o estresse da lactao, como tambm os requerimentos nutricionais da vaca, antecipando assim o restabelecimento da atividade reprodutiva. Como a lactao tem prioridade por nutrientes, em relao ao ciclo estral, vacas secas requerem 40% a 60% menos forragem do que vacas lactantes. A separao do bezerro 3 meses aps seu nascimento permite que a desmama ocorra ainda dentro da estao de monta, aumentando assim as chances de concepo.

    39 Que cuidados especiais devem ser adotados para com os bezerros?Quando se utiliza a desmama precoce?

    Devem ser adotadas as seguintes prticas:Usarcreep-grazing (pasto especial, com acesso somente

    aos bezerros), ou creep-feeding (cocho com rao especial, com acesso somente aos bezerros), por meio dos quais os bezerros se acostumam a ingerir alimentos slidos antes da desmama.

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    Desmamarosbezerroscompesosuperiora90kg.Fazer com que a desmama ocorra em poca adequada

    (estao chuvosa) e em pasto apropriado.Suplementaraalimentaodosbezerroscomraoapro-

    priada, pelo menos at 2 meses aps a desmama.Evitardistrbioslogoapsaseparaodobezerrodesua

    me (manejo de mangueiro, transporte, comercializao etc.).

    40 O que o creep-feeding e o creep-grazing? Como funcionam?

    O creep-feeding uma forma prtica de se suplementar a alimentao de bezerros na fase de aleitamento. Consiste em cercar uma pequena rea dentro do pasto a que s os bezerros tenham acesso, e onde so colocados cochos com rao con-centrada.

    O creep-grazing uma forma de fornecer forrageira de melhor qualidade aos bezerros em aleitamento. Consiste em cercar uma rea dentro da invernada das vacas, de forma que s os bezerros tenham acesso, e introduzir, nessa rea, pasto de tima qualidade, como: colonio bem-manejado, coast-cross, milheto ou leguminosas, como estilosantes Mineiro ou Leucena.

    41 Qual a mistura mineral indicada para bezerros? Qual

    deve ser a composio de rao para bezerros desmamados com 90 dias de idade?

    Na fase de aleitamento no h necessidade de suplementar os bezerros, embora eles possam ter acesso mistura mineral fornecida s mes. Para bezerros desmamados aos 90 dias de idade, bons resultados tm sido obtidos com rao composta apenas de milho mais 21% de farelo de soja e minerais, ou milho mais 2% a 3% de ureia e minerais.

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    42 Com que idade os bezerros comeam a pastar?

    Bezerros de raas taurinas comeam a pastar e a ruminar entre 2 e 3 semanas de idade, com um tempo mdio de pastejo de 3 horas/dia. Da at 120 dias de vida, o tempo de pastejo aumenta quase que diretamente com a idade do bezerro. Aos 4 meses, eles pastam durante 38% do dia, ou por um perodo equivalente a 60% do tempo de pastejo da vaca. Bezerros zebunos, em sistema extensivo de criao, iniciam a ruminao aos 30 dias de idade.

    43 Qual a melhor pastagem (forrageira) para bezerros em aleitamento?

    As pastagens para be zerros em aleitamento devem ser de es-pcies de alta qua lidade, carac- terizadas por elevados teores de protena, baixos teores de fibra, boa digesto e boa aceitao. Para esse fim, sugere-se o uso de piquetes com capins, co mo grama coast-cross, milheto ou

    leguminosas como o estilosantes Mineiro ou Leucena. Para bezerros de corte criados a campo, sugere-se o plantio de pequenas reas, cercadas, dentro da invernada de cria, de sorte que somente os bezerros lhes tenham acesso (creep-grazing).

    44 Qual a melhor pastagem para a desmama de bezerros?

    A desmama de bezerros de corte normalmente ocorre no incio do perodo seco, em abril/maio. Neste caso, a pastagem deve ser de espcies capazes de se conservar como feno-em-p, nesse perodo, com o mximo de qualidade. Entretanto sugere-se evitar pastos de Braquiaria decumbens, pois essa braquiria pode provocar fotossensibilizao nos bezerros, o que exigiria outros cuidados.

  • 37

    Resultados de pesquisa indicam que pastagens exclusivas de capim no atendem satisfatoriamente s necessidades nutricionais dos bezerros na fase ps-desmama. O uso dessas pastagens, associadas com leguminosas, tem proporcionado bons ganhos de peso no perodo seco, em bezerros desmamados. Outra alternativa recorrer a uma suplementao de baixo consumo, como sal proteico, no perodo ps-desmama, para evitar a perda de peso.

    45 O que , qual a causa e como tratar a fotossensibilizao em bezerros?

    A fotossensibilizao hepatgena em bezerros causada por um fungo que se desenvolve no material seco do pasto, princi-palmente em pastagem de braquiria. Ocorre geralmente aps a desmama, quando o bezerro passa a se alimentar exclusivamente da pastagem. A primeira providncia, nos casos de fotossensi-bilizao, a mudana dos bezerros para outro pasto de espcie forrageira diferente, que tenha sombra. O tratamento consiste na aplicao de protetor heptico, anti-histamnicos e hidratantes. Nas leses da pele, devem ser aplicadas pomadas antisspticas e cicatrizantes.

    46 H vantagem em descornar bezerros quando novos?Qual

    o melhor mtodo de descorna: ferro quente ou basto de soda custica?

    A descorna tem sido uma prtica indicada principalmente para animais mestios, com o objetivo de facilitar o manejo e evitar ferimentos provocados pelos chifres, notadamente quando a fase de terminao conduzida em confinamento. Deve ser realizada em bezerros com at dois meses de idade. Aps esse perodo, essa prtica fica mais difcil e onerosa, alm de causar estresse ao animal.

    Os dois mtodos de descorna (com ferro quente ou com basto de soda custica) so eficientes quando aplicados em animais jovens; porm, o uso do basto de soda custica requer

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    maior cuidado na realizao da prtica, e no deve ser usado nos dias em que haja possibilidade de ocorrncia de chuvas.

    47 O que mais indicado para bezerros: feno ou silagem? A partir de que idade pode ser administrado?

    O feno mais indicado para bezerros. Deve ter boa qualidade e pode ser oferecido a partir dos 2-3 meses de idade.

    48 A partir de que idade os bezerros devem ser vermifugados?

    Qual o melhor vermfugo para bezerros e a forma de aplicao?

    Os animais destinados ao abate em criaes extensivas, no Brasil Central, devem ser vermifugados a partir da desmama, at a idade de 24 meses, com vermfugos de largo espectro, uma vez que estes atuam contra todas as espcies de vermes. O meio de administrao do vermfugo no importante. O que realmente importa o princpio ativo do produto. Mas, nas outras regies do Pas, o produtor deve procurar orientao mdico-veterinria local.

    49 A partir de que idade os bezerros devem ser vacinados contra o carbnculo sintomtico e a gangrena gasosa?

    Pode-se vacinar a partir de 3-4 meses de idade, embora na prtica eles sejam vacinados aos 6 meses, com um reforo aos 12 meses. Em reas de alto risco de ocorrncia da doena, recomenda-se vacinar os bezerros a cada 6 meses, at a idade de 2 anos.

    50 Por que novilhas de primeira cria enjeitam seus bezerros? Como evitar que isso ocorra?

    No comum novilhas de primeira cria enjeitarem bezerros. Por instinto, a grande maioria das novilhas aceita e cuida de suas

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    crias. difcil saber, antes do parto, se a novilha ir ou no enjeitar o bezerro, o que impossibilita adotar alguma medida especial para evitar que isso ocorra. Entretanto, as novilhas devem permanecer em piquete-maternidade, em lugar calmo, para no ficarem estressadas por ocasio do parto.

    51 Com que idade o bezerro deve ser desmamado? Qual a poca de desmama mais indicada para a criao extensiva?

    Em sistema extensivo, os bezerros so desmamados usualmente aos 6 - 8 meses de idade. Dependendo das condies de pasto, podem ser desmamados aos 5 meses, sem causar prejuzo ao seu desenvolvimento.

    52 Quais so as causas do estresse da desmama e como evitlo?

    O estresse da desmama causado pelo efeito acumulativo de dois componentes:

    Efeitonutricional-Coma separao, o bezerro privado do leite que, apesar de pouco, um alimento de alta diges-to e com boa concen-trao de nutrientes. Em seguida, submetido a um pasto amadurecido (incio da estao seca), pobre em qualidade e com reduzida disponibilidade.

    Efeito emocional - O longo tempo de convivncia e asinteraes de proteo e afeto estabelecem um vnculo preferencial e duradouro entre me e cria. Com a desmama, o bezerro perde, abruptamente, a companhia de sua par-ceira predileta, ficando naturalmente nervoso e estressado, at se ajustar ao novo ambiente.

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    Como consequncia do estresse de desmama, h perda de at 10% do peso e atraso no desenvolvimento da cria, alm de maior suscetibilidade a doenas e parasitoses. Para evit-los, ou reduzir seus efeitos, pode-se usar suplementao alimentar, antes e aps a desmama, e formao de pastos especiais.

    Se possvel, a desmama deve ser realizada em pastos adjacentes, onde mes e crias tm possibilidades de estmulos olfativos, visuais e auditivos. Essa prtica parece acalmar vacas e bezerros, levando-os mais rapidamente ao pastejo e ruminao. O amadrinhamento das crias, juntando animais adultos ao lote recm-desmamado, tambm tem a funo de tranquiliz-los.

    Quando h disponibilidade de piquetes, os bezerros devem, aps a separao, retornar para o pasto de origem, que lhes mais familiar. O controle de ecto e endoparasitas, bem como as vacinaes preventivas, so indispensveis para no agravar o quadro. Os bezerros devem ser poupados de manejo estressante, logo aps a desmama.

    53 Com que idade deve ser feita a separao dos bezerros pelo sexo, aps a desmama?

    Os bezerros de raas zebunas, machos e fmeas, podem ser criados juntos at a idade de 12 meses. No caso de raas europeias e produtos de cruzamento, convm separar os machos das fmeas na desmama, aos 6-7 meses de idade.

    54 Como determinar as percentagens de nascimentos e de desmama de bezerros?

    no de bezerros nascidos vivos x 100% de nascimento =

    no de fmeas com touro

    no de bezerros desmamados x 100% de desmama =

    no de bezerros nascidos vivos

  • 41

    55 Qual a diferena entre taxa de desfrute e taxa de abate?

    % de desfrute anual

    =

    no de animais vendidos no ano

    x 100no de animais existentes

    em janeiro + nascimentos do ano

    % de desfrute anual

    =

    no de animais abatidos no ano

    x 100no de animais existentes

    em janeiro + nascimentos do ano

  • 2 Recria e EngordaSrgio Raposo de MedeirosEsther Guimares Cardoso

    Valria Pacheco Batista EuclidesGelson Luis Dias Feij

    Ezequiel Rodrigues do ValleAfonso Nogueira Simes CorraLuiz Roberto Lopes de S. Thiago

    Geraldo Ramos FigueiredoSaladino Gonalves NunesJos Antonio Paim Schenk

  • 44

    56 Qual a exigncia nutricional de novilha em recria?

    Novilha em recria uma categoria impor- tante do rebanho, pois ela ser a futura matriz. Por estar em crescimento (ainda no adulta), de-ve permanecer em pasta-gens de boa qualidade, bem manejadas. As exi-gncias nutricionais da novilha so superiores s

    da vaca seca, por exemplo. No rebanho de fmeas, somente a vaca parida, nos primeiros meses aps o parto, tem exigncias superiores novilha em recria.

    57 Como fazer o uso estratgico de pastagens cultivadas na recria de novilhas?

    O uso estratgico de pastagens na recria de novilhas especialmente utilizado em lote de animais mais erados, ou seja, para aquelas novilhas que estaro com aproximadamente 2 anos de idade durante a poca seca e entraro em estao de monta da a alguns meses. Como essas novilhas ainda esto em crescimento e precisam de pastagem melhor, reserva-se para elas uma pastagem com boa disponibilidade de forragem, onde permaneam durante a seca, poca em que a maioria das forrageiras perde a qualidade.

    Por exemplo, numa propriedade onde h apenas pastagens nativas, pode-se formar 5% da rea com pastagem cultivada (braquiria decumbens, entre outras) para que as novilhas a permaneam durante a seca. Ou ento, formar uma reserva de leguminosa (banco de protena) em 20% da rea, para que as novilhas a utilizem durante a estao seca.

  • 45

    58 Com que idade as novilhas devem ser entouradas?

    O tamanho da novilha, representado pelo seu peso poca da primeira monta, mais importante do que a idade. O peso ideal para o entouramento de novilhas est ao redor de 300 kg. A idade poca de maturidade sexual depende da raa e dos sistemas de alimentao. Novilhas de raas zebunas, criadas em regime extensivo, atingem a maturidade aos 30 meses de idade, aproxi-madamente.

    No entanto, com a introduo de espcies forrageiras de boa qualidade e boa produo durante o perodo seco, essa idade pode ser reduzida para 24 meses. Novilhas de raas taurinas so mais precoces que as de raas zebunas, e, dependendo do sistema de alimentao, podem atingir a maturidade sexual a partir dos 12 meses de idade.

    59 Qual a importncia do uso estratgico de pastagens cultivadas na reproduo de novilhas?

    O uso estratgico de pastagens cultivadas proporciona s novilhas enxertadas e s novilhas de primeira cria uma melhor condio nutricional. Pastagens cultivadas de maior disponibili-dade e qualidade, especialmente na poca da seca, permitem que as novilhas a serem enxertadas atinjam mais rapidamente o peso para cobertura, e as novilhas paridas tenham menor desgaste org-nico, favorecendo um novo cio, mais cedo.

    60 Qual a melhor idade para se fazer a seleo de novilhas de corte: na desmama, aos 18 meses ou aos 2 anos?

    Novilhas de corte devem ser selecionadas aos 2 anos. Com essa idade, alm de maior desenvolvimento, as novilhas j expressam caractersticas reprodutivas de interesse do criador. Contudo, nem sempre o produtor tem condies de recriar todas as fmeas. Nesse caso, recomenda-se um descarte na desmama

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    dos animais com defeitos, com pouco desenvolvimento ou descaracterizados.

    Outro descarte pode ser feito aos 18 ou 20 meses, com o cuidado de se deixar o maior nmero possvel de novilhas a serem submetidas estao de monta. No diagnstico de gestao, as vazias devem ser, ento, eliminadas do rebanho de cria.

    61 O que deve ser observado na seleo de novilhas para reproduo?

    Quatro aspectos princi pais devem ser observados:

    Ausncia de defeitos fsi-cos: alm da caracterizao ra cial, no caso de rebanhos puros, o importante a con-siderar na seleo de novilhas para repro duo a ausncia de defeitos fsicos e o desenvolvimento ponderal. A primeira seleo pode ser feita na desmama ou aos 18 meses de idade, quando devem ser eliminadas as bezerras portadoras de defeito ou com baixo desenvolvimento ponderal.

    Maturidade sexual: Depende da raa e do sistema de criao. Novilhas zebunas em regime de criao extensiva atingem a maturidade entre 24 e 30 meses de idade, ao passo que novilhas de raas europeias, criadas nas mesmas condies, atingem a maturidade bem mais cedo.

    Peso das novilhas: o peso das novilhas no entouramento mais importante do que a idade e deve ser prximo de 300 kg.

    Entouramento: convm entourar o maior nmero possvel de novilhas, deixando para se fazer a seleo final aps o diagnstico de gestao, quando, ento, devem ser eliminadas aquelas que estiverem vazias e as de baixo desenvolvimento.

  • 47

    62 A estao de monta para novilhas deve ser a mesma das

    vacas? As novilhas em reproduo podem ficar junto com as vacas?

    Recomenda-se que o incio e o trmino da estao de monta para novilhas seja antecipado em 30 dias, em relao ao perodo de monta utilizado para as vacas, uma vez que novilhas de primeira cria apresentam maior intervalo entre o parto e o primeiro cio frtil do que o apresentado pelas vacas.

    Como as novilhas devero ser entouradas mais cedo do que as vacas, elas devero ficar em pasto separado. Alm do mais, os touros devero ser mais leves do que os utilizados para as vacas.

    63 H necessidade de cuidados especiais na fase final da gestao e no parto das novilhas?

    O criador deve preocupar-se principalmente com o estado nutricional do rebanho de cria, especialmente no Brasil Central, pois o tero final da gestao coincide com o perodo seco. Animais que sofrem restrio alimentar durante esse perodo parem em ms condies corporais e apresentam um longo intervalo do parto manifestao do primeiro cio.

    Em novilhas de primeira cria, o problema mais grave, pois, alm de ter de amamentar suas crias, ainda esto em fase de crescimento, apresentando elevados requerimentos nutricionais durante a fase de lactao. Por ocasio da pario, recomenda-se a utilizao de pasto-maternidade, para dar maior assistncia s novilhas e facilitar o manejo dos bezerros recm-nascidos.

    64 Quantos dias aps o parto as novilhas de primeira cria podem ser novamente cobertas?

    Se as novilhas forem acasaladas com peso aproximado de 300 kg, apresentarem bom desenvolvimento corporal e no sofrerem restrio alimentar durante a gestao, elas podero retornar ao cio

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    e ser cobertas de 35 a 40 dias aps o parto. A frequncia e a intensidade da amamentao podero atrasar consideravelmente o retorno ao cio, principalmente em animais ainda em crescimento e com restrio alimentar durante esse perodo.

    65 H necessidade de suplementar as novilhas na seca?

    A reduo da idade primeira cria um dos fatores que contribui para o aumento da produtividade da fase de cria. Portanto, para que as novilhas alcancem desenvolvimento ade-quado em idade precoce, a disponibilidade de forrageiras de boa qualidade, nesse perodo, de vital importncia.

    A reduo da carga animal (nmero de cabeas por hectare), o fornecimento de pastagens de melhor qualidade e mesmo a suplementao alimentar so alternativas que devem ser consideradas pelo criador, dependendo do sistema de explorao pecuria.

    Novilhas mestias meio-sangue so mais precoces e podem entrar em reproduo mais cedo do que as Nelore. Contudo, para expressar maior potencial, elas so mais exigentes em alimentao.

    66 Qual o melhor sistema de recria de novilhas no Brasil Central?

    Na bovinocultura de corte, prtica comum destinar os piores pastos recria de novilhas. A consequncia a elevada idade primeira cria. O ideal que tambm se destinem, s fmeas em recria, pastos em quantidade e qualidade necessrios ao desenvolvimento normal dos animais. Essa prtica, aliada suple-mentao alimentar nos perodos de seca, pode reduzir em at 1 ano a idade primeira cria, aumentar a vida reprodutiva das matrizes e produzir bezerros mais pesados desmama.

    67 Bezerros desmamados devem ser suplementados na seca?

    Sim. A suplementao de bezerros com sal proteinado (0,1% a 0,2% do peso vivo PV), melhora a recria desses animais, pois

  • 49

    eles so muito exigentes em protena e as pastagens nessa poca so deficientes nesse nutriente. Deve-se evitar suplementaes acima de 0,6% PV, pois o ganho obtido pelos bezerros que recebem essa suplementao perdido ao longo do tempo, caso nada seja feito durante a segunda seca.

    68 At que idade e em que condies os animais em recria devem ser suplementados na seca?

    Geralmente, os animais jovens so mais eficientes em con-verter o alimento em ganho de peso. Entretanto, no h uma idade mxima a partir da qual no exista resposta suplementao. O importante que eles tenham potencial para ganhar peso. Respostas favorveis suplementao tm sido obtidas com animais de aproximadamente 350 kg de peso vivo, na entrada da seca.

    Nesse caso, ter-se-iam aproximadamente 90 dias de suple-mentao, com 40 kg a 50 kg de ganho de peso. Esses animais seriam abatidos em fevereiro/maro, com aproximadamente 450 kg, liberando a pastagem para ser vedada e utilizada no perodo seco seguinte.

    69 De que consistem as prticas de manejo sanitrio de machos em recria?

    As prticas de manejo sanitrio recomendadas para machos em recria consistem, basicamente, de:

    Vacinao contra carbnculo sintomtico e gangrena ga-sosa, por ocasio da desmama e aos 12 meses de idade.

    Vacinao peridica contra a febre aftosa, com vacina oleosa, de acordo com o calendrio estabelecido pelo rgo estadual de defesa sanitria animal.

    Vermifugao nos meses de maio, julho e setembro, a partir da desmama at os 2 anos de idade, com vermfugo de largo espectro.

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    Combate aos ectoparasitos (berne, carrapato e mosca-do-chifre).

    70 Qual a idade ideal para a castrao de novilhos? Qual o processo recomendado?

    A idade de castrao dos novilhos est relacionada com o incio de sua atividade sexual. Os mestios normalmente ficam aptos reproduo com menor idade do que animais zebunos e, por isso, devem ser castrados mais novos, com o objetivo de no dificultar o manejo. A castrao deve ser feita 6 meses antes da previso do abate ou aos 18 meses em animais abatidos a partir dos 24 meses.

    Dentre os vrios processos de castrao existentes, o mais recomendado o cirrgico (abertura das bolsas escrotais com bisturi ou outra lmina afiada e extrao dos testculos), desde que realizado de acordo com recomendaes do mdico-veterinrio.

    71 Qual o sistema de recria recomendado para gado de corte?

    Devem-se observar as seguintes recomendaes: Os animais em recria devem ser mantidos em boas

    pastagens, com suplementao mineral adequada. No pe-rodo seco, devem receber tambm sal proteinado na quantidade de 0,1% do peso vivo (PV), ou ter acesso, durante algumas horas do dia, a uma legumineira ou banco de protena (rea anexa pastagem, cultivada com uma leguminosa, como guandu ou leucena).

    Vacinao: por ocasio da desmama, e 6 meses aps, com vacina polivalente contra carbnculo sintomtico e gan-grena gasosa e, periodicamente, contra a febre aftosa, de acordo com o calendrio estabelecido pelo rgo estadual de defesa sanitria animal. As fmeas devem ser vacinadas tambm contra a brucelose, na desmama.

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    Tanto os machos quanto as fmeas devem, ainda, receber aplicao de vermfugo de largo espectro nos meses de maio, julho e setembro, a partir da desmama at que completem 2 anos de idade.

    Sempre que necessrio, deve ser feito o controle de ectoparasitos (berne, carrapato e mosca-do-chifre).

    Nota: embora as prticas de manejo sejam as mesmas para os dois sexos, machos e fmeas devem ser recriados separadamente, a partir de 12-14 meses de idade.

    72 Como se determina a idade dos bovinos pela dentio?

    A idade aproximada dos bovinos determinada pelas mudanas observadas nos dentes incisivos: surgimento, desgaste e queda. A idade da desmama, 79 meses, carac-terizada pelo rasamento (desgaste) dos 8 incisivos que surgiram at o 6 ms de vida. Aos 18 meses, todos os incisivos de leite j esto nivelados e comeam a cair. Aos 2 anos, esto presentes as duas pinas (incisivos centrais) da segunda dentio. A partir da, a cada 1012 meses aparece um par de incisivos definitivos, surgindo dos centrais para os cantos. Os animais com dentio completa (oito incisivos definitivos), cerca de 50/60 meses, so considerados de boca feita ou boca cheia.

    73 Quando ocorrem as mudas de dentio?

    Nos zebunos, as mudas ocorrem, em mdia, nas idades indicadas a seguir:

    Aspinascaemaos20meseseapresentam-secrescidasaos 2 anos.

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    Os primeiros mdios aparecem aos 30 meses e estocrescidos aos 3 anos.

    Os segundos mdios aparecem aos 42 meses e estocrescidos aos 4 anos.

    Os cantos aparecemaos5254meses e esto crescidosaos 5 anos.

    Nos bovinos de origem europeia, as mudas ocorrem, geral-mente, mais cedo do que o acima indicado.

    74 O que caracteriza a unidade animal (UA)?

    Unidade animal (UA) uma unidade de referncia usada para estimar a carga animal ou a lotao de uma pastagem. Corresponde a uma vaca de 450 kg de peso vivo.

    75 Em que condies devese fazer a suplementao alimentar de bovinos na engorda a pasto?

    A suplementao a pasto s economicamente vivel durante o perodo seco. A condio para que sejam obtidos bons ganhos em peso o pasto ter uma boa disponibilidade de forragem, em torno de 3 t de matria seca/ha.

    76 H diferenas no ganho de peso e na qualidade da carne entre machos da mesma idade inteiros e castrados?

    Os machos inteiros so mais eficientes na converso ali-mentar, apresentam melhor ganho de peso, maior rendimento de carcaa e menor teor de gordura que os animais castrados. Se a idade ao abate for inferior a 2 anos, a carne produzida ser similar em termos de maciez, mas os inteiros podem apresentar carne de colorao mais escura. Os machos inteiros demoram mais tempo para ficar com a carcaa acabada.

  • 53

    77 Quais as condies para a produo do novilho precoce?

    As condies para a produo do novilho precoce so: Raa: os animais cruzados tm recebido as melhores

    classificaes nos programas de novilho precoce, pois eles costumam proporcionar carcaas maiores e mais uniformes. Os animais de raa pura com 220 kg, ou mais, de peso vivo desmama tambm podem ser usados.

    Manejo: os animais podem ser manejados a campo, em pastagens de boa qualidade, com suplementao alimentar nos perodos de seca. O acabamento em confinamento uma prtica adotada com o objetivo de reduzir a idade de abate.

    Idade de abate: so considerados precoces os animais abatidos at os 3036 meses, sem que haja a queda dos segundos mdios de leite.

    Peso de abate: com um mnimo de 225 kg de carcaa para machos e de 180 kg para fmeas. Esses pesos variam de acordo com a definio de novilho precoce considerada.

    Ponto de acabamento: carcaa com no mnimo 3 mm de gordura.

    78 Que tipo de cruzamento (raa, grau de sangue) recomendado para a produo de novilhos precoces?

    Nos trabalhos conduzidos na Embrapa e em outras instituies, observa-se que animais cruzados, independentemente das raas utilizadas, apresentam melhor desempenho em ganho de peso e maiores pesos ao abate que animais zebunos.

    A escolha das raas a serem utilizadas funo do objetivo e esquema do cruzamento e das condies de manejo e alimentao da propriedade. Para as condies mdias do Brasil, se recomenda a utilizao de mestios com at 50% de sangue europeu.

  • 54

    79 Como o Ministrio da Agricultura classifica os animais destinados ao abate?

    O Ministrio da Agricultura, pela Portaria n 612, de 05 de outubro de 1989, estabeleceu a seguinte classificao para bovinos e bubalinos destinados ao abate:

    Jovem (J): bovino macho, castrado ou no, e fmea apresentando no mximo as pinas e os primeiros mdios da segunda dentio, sem queda dos segundos mdios, com peso mnimo de 210 kg de carcaa para o macho e 180 kg para a fmea.

    Intermedirio (I): bovino macho castrado e fmea, com evoluo dentria incompleta (at seis dentes incisos definitivos); sem queda dos cantos da primeira dentio, com peso mnimo de 220 kg de carcaa para o macho e 180 kg para a fmea.

    Adulto (A): bovino macho castrado, e fmea, com mais de 6 dentes incisivos da segunda dentio, com peso mnimo de 225 kg de carcaa para o macho e 180 kg para a fmea.

    Touro, touruno e carreiro (T): essas categorias sero englobadas em uma s, tendo os seguintes conceitos:

    Touro:bovinomachoadulto,nocastradoconsideradoapartir da queda das pinas da primeira dentio.

    Touruno:bovinomachoadulto,castradotardiamenteequeapresenta caractersticas sexuais secundrias do macho.

    Carreiro:bovinomacho,adulto,castrado,tambmconhe-cido como boi-de-carro ou boi manso.

    Vitelo e Vitela (Vo): as caractersticas dessa categoria so definidas quando h solicitao para tipificar esse tipo de animal.

    80 O que tipificao de carcaas?

    A tipificao de carcaas se constitui na avaliao das carcaas dos animais abatidos e sua classificao de acordo com a maturidade fisiolgica, o sexo, a conformao, o acabamento e o peso do animal.

  • 55

    81 Qual a importncia da tipificao de carcaas na comercializao da carne bovina?

    A tipificao possibilita a identificao e a valori-zao das carnes de melhor qualidade, provenientes de animais jovens e de bom acabamento, distinguindo-as das carnes de qualidade in-ferior, de animais erados ou mal-acabados. A exposio dos consumidores infor-mao dos cortes tipificados possibilitaria a diferenciao e a agregao de valor, que poderia ser usada para a apropriada remunerao dos produtores.

    82 Como se mede o rendimento de carcaa?

    O rendimento de carcaa medido pela relao entre o peso da carcaa e o peso vivo tomado aps 12 a 16 horas de jejum, sem restrio de gua. Por exemplo: um boi que pesou 480 kg aps 14 horas de jejum e, no frigorfico, aps a remoo da cabea, couro, patas e vceras, pesou 264 kg, tem um rendimento de carcaa de 55% (264/480 x 100).

    83 Como se avalia a produtividade de um rebanho de gado de corte?

    A produtividade fsica de um rebanho de corte pode ser medida em termos de:

    Nmerooukgdebezerrosdesmamados.Nmerooukgdeanimaisdisponveisparaabate.Kgdecarne/cabeadorebanho.Kgdecarne/ha.

  • 56

    O rendimento mdio do rebanho avaliado em quilos de carne por cabea existente. Para isso, divide-se a produo total de carne em carcaa pelo nmero de cabeas existentes no rebanho, no se computando, nesse nmero, os bezerros em aleitamento.

    Os ndices de produtividade, como taxa de desmama, taxa de abate, rendimento mdio do rebanho, entre outros, dependem da eficincia reprodutiva (taxas de natalidade e de sobrevivncia de crias, idade das novilhas na primeira pario, taxa de substituio anual de vacas), da idade e do peso dos novilhos ao abate.

    84 Taxa de desfrute e taxa de abate so a mesma coisa? Como so determinadas?

    Comumente, essas duas taxas so diferentes. A taxa de desfrute, ou de extrao, mede a capacidade do rebanho de produzir animais excedentes para venda, sem comprometer seu efetivo bsico. O excedente constitudo de novilhos em idade de abate, de touros e vacas descartados do rebanho e das novilhas no reservadas para reproduo. A taxa de desfrute determinada pela relao apresentada a seguir, excluindo-se do total do rebanho os bezerros em fase de aleitamento:

    no de animais excedentesTaxa de desfrute (%) = x 100total do rebanho

    A taxa de abate a relao entre o nmero de cabeas abatidas e o nmero total de animais existentes, excluindo-se os bezerros em aleitamento:

    no de animais abatidosTaxa de abate (%) = x 100

    total do rebanho

    Normalmente, a taxa de desfrute maior do que a taxa de abate, j que a primeira inclui animais destinados a outros fins (reproduo, recria ou engorda). Essas duas taxas se igualam quando todos os animais extrados do rebanho so destinados ao abate.

  • 57

    85 Como se determina a produo de carne por hectare?

    A rigor, a produo de carne por hectare determinada pela diviso da produo total de carne, em carcaa, pela rea de pastagem ocupada pelo gado de corte (rea til menos reas de lavoura e de pastagens ocupadas pelo gado leiteiro e outras espcies animais). Entretanto, na maioria dos pases produtores de carne, a produo por rea estimada pelo ganho animal, em peso vivo, na rea. Para isso, divide-se o ganho total em peso vivo pela rea de pastagem ocupada pelos animais. A produo por rea de uma fazenda ou regio estimada por amostragem.

    86 Quais so as propores de carne, gordura e osso na carcaa de bois de corte?

    A proporo de carne, gordura e osso varia de acordo com o grau de acabamento, o estado sexual, a raa e a idade ao abate. Em mdia, pode-se dizer que a carcaa de um boi composta, aproximadamente, de 74% de carne, 6% de gordura e 20% de osso.

    87 O que carne marmorizada?

    A carne marmorizada aquela que passou por um processo de marmorizao. A marmorizao reflete o grau de deposio de gordura intramuscular e utilizada na avaliao de carcaas, com finalidade de estimar a qualidade da carne. Em termos gerais, quanto mais marmorizada, mais saborosa ser a carne. Elevados graus de marmorizao tambm esto associados a carnes mais macias.

    88 O que carne maturada?

    Carne maturada aquela que passou por um processo de maturao. Maturao a degradao da estrutura muscular pelas enzimas da prpria carne, proporcionando-lhe maciez. Para tanto, os cortes so embalados a vcuo e mantidos sob refrigerao por

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    no mnimo 7 dias. A colorao escura e a presena de lquido no interior da embalagem so caractersticas normais de uma carne maturada. A carne maturada desenvolver cor vermelho-brilhante aps 5-10 minutos de abertura da embalagem e exposio ao ar.

    89 Quais so as vantagens da castrao de machos para engorda?

    A castrao tem como objetivos facilitar o manejo dos machos destinados engorda, proporcionar carcaas mais uniformes em acabamento e melhorar a qualidade da carne produzida por ani-mais com mais de 2 anos de idade. Os machos inteiros, a partir dessa idade, apresentam maior ganho de peso e rendimento de carcaa, mas produzem carcaas com menor teor de gordura e marmoreio e carne mais escura. Como os animais inteiros apre-sentam melhor desempenho e maior rendimento de carcaa, prefervel no castr-los se o abate for realizado antes dos 2 anos de idade. As pesquisas, avaliando diferentes mtodos de castrao (faca e burdizzo) e idades de castrao (0, 3, 8, 12, 18, 24 e 30 me-ses), no evidenciaram diferenas significativas no rendimento e qualidade das carcaas. A castrao tardia requer cuidados especiais e oferece maiores riscos aos animais e aos operadores.

    90 Que tipo de animal engorda mais depressa: novilho ou boi erado?

    Bois acima de 3 anos j passaram da puberdade e pra-ticamente j atingiram o limite de crescimento. A partir dessa idade, eles acumulam mais gordura do que carne. Nos animais jovens, ocorre o in-verso, pois neles h mais depsito de carne do que de

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    gordura. Como o processo de transformao de alimento em carne mais rpido e eficiente, animais mais jovens ganham mais peso que os erados. Novilhos e bois erados ganham peso igualmente, desde que iniciem o processo de engorda no mesmo estado.

    91 Por que os frigorficos pagam menos pela arroba de vaca?

    As vacas tm menor rendimento comercial da carcaa e, pela elevada idade mdia ao abate, carne mais dura. As vacas apresentam msculos/cortes com menor dimetro, isso resulta numa menor proporo de carne na carcaa. So muito precoces durante a engorda e isso prejudica o rendimento comercial, pois o excesso de gordura retirado durante a desossa.

    92 Qual o ganho dirio de peso ideal na engorda em confinamento?

    No existe uma dieta ideal nica para confinamento. Para cada situao especfica haver algumas solues que podem ser enquadradas como a dieta ideal em funo do objetivo do produtor. Usualmente, a dieta mais almejada aquela de mnimo custo da arroba, isto , que combina custo dirio e o tempo para ganhar uma arroba cujo valor mnimo (R$/dia X dias/@ = R$/@). Em outras situaes, busca-se a dieta de mximo ganho com os alimentos disponveis, ou a dieta de menor custo de matria seca. Esta ltima para reduzir o desembolso em alimentos, e a de mximo ganho, por exemplo, para fazer o confinamento mais curto possvel.

    93 Compensa usar a dieta de confinamento daquele livro ou

    copiar a dieta do vizinho, como se fossem uma receita de bolo?

    totalmente desaconselhvel usar uma dieta de confinamento genrica. A formulao de uma dieta especfica para a situao, levando em conta as caractersticas dos animais e dos alimentos

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    utilizados, garante o resultado almejado pelo correto atendimento das exigncias animais para determinado desempenho. Alm disso, como a nutrio corresponde a 60% a 70% dos custos de produo de um confinamento, uma grande oportunidade de reduo de custos. Para aproveitar bem essa oportunidade, deve-se testar o maior nmero de alimentos que possam ser utilizados e escolher aqueles que fizerem parte da dieta de mnimo custo da arroba (isto , menor R$/@). Para tal, fundamental que seja feita por um tcnico habilitado e com o uso do computador.

    94 fundamental fazer a adaptao dieta no incio do confinamento? Se for, como fazla?

    Sempre que se altera a dieta de bovinos, interessante evitar mudanas bruscas, principalmente para dar tempo a flora ruminal se adaptar aos novos alimentos. No caso do confinamento, h uma grande mudana, pois o animal vem, em geral, do consumo exclusivo de forragem e ir consumir alimentos concentrados. Fazer a adaptao gradual a esta nova dieta garante um melhor aproveitamento dos alimentos e evita a ocorrncia de doenas metablicas (acidose, timpanismo, etc). A falta de adaptao pode levar a resultado inferior por todo o perodo de confinamento. Ela pode ser feita de muitas formas e recomenda-se durao de 12 a 14 dias. A forma mais simples iniciar apenas com o volumoso e uma pequena quantidade de alguma fonte proteica, e ir aumentando gradativamente o concentrado, escada acima: um degrau a mais por dia; e ir reduzindo na mesma proporo o volumoso (considerar os valores em matria seca). Por exemplo, se for usar 6 kg/cab.dia de concentrado e a adaptao durar 12 dias, aumentar o con-centrado cerca de 0,5 kg/cab.dia.

    95 Qual a quantidade de alimento a fornecer e qual a melhor forma de fazlo?

    A melhor forma de determinar a quantidade inicial baseando-se na estimativa para dieta que ser usada, levando-se

  • 61

    em conta que o consumo no incio pode ser de 10% a 15% maior caso o animal esteja em ganho compensatrio. Todavia, quem d a resposta final so os prprios animais. Assim, tenta-se acertar a quantidade monitorando a sobra no cocho: havendo muita sobra, reduz-se a quantidade fornecida e, caso o cocho esteja vazio ou lambido, aumenta-se. Evitar as sobras costuma ser o objetivo, pois economiza-se comida e mo de obra necessria para seu descarte. Recomenda-se fornecer no mnimo em duas refeies e, se possvel, em trs, com o maior espao de tempo possvel entre elas. Mais de trs refeies no costuma ser vantagem, exceto caso a maior frequncia esteja sendo usada para compensar o fato de os animais no terem acesso simultneo ao cocho. Neste caso, como no h espao para todos comerem juntos, os animais se alternam em cada refeio: os dominantes vm ao cocho na primeira e os submissos na segunda e assim por diante.

    96 Quais so os principais pontos a serem observados para a

    obteno de bons resultados na terminao em confinamento?

    Uma vez trabalhando-se com a dieta correta, os principais pontos para o sucesso do confinamento so:

    Escolher corretamente os animais, que devem ser osmelhores, pois o investimento alto (no confinar animais refugo).

    Manterosanimaiseminstalaesadequadas (espaodecocho maior que 50 cm/UA e rea por animal maior que 12 m2/UA; boa drenagem, ausncia de lama em frente ao cocho, etc.).

    Fazer lotes homogneos (devem ser animais do mesmosexo com tamanho e estado de terminao semelhantes).

    Fazer um bom manejo da alimentao (deve-se ofertarmais de uma refeio, com alimentos em bom estado de conservao, e monitorar o consumo).

  • 62

    No manter animais terminados no confinamento, poiseles tm pssima converso alimentar, isto , consomem muito alimento para cada quilo de peso ganho.

    97 Como preparar dietas para engorda em confinamento com alimentos disponveis na fazenda?

    O primeiro passo fazer a melhor formulao do ponto de vista econmico. Para conseguir a melhor soluo possvel, interessante ter:

    Umvolumosoeficientementeproduzido.Omaior nmero possvel de ingredientes concentrados,

    incluindo oportunidades locais como produtos especficos da regio e resduos de boa qualidade.

    Dadosconfiveisdovalornutritivodessesingredientes.Boacaracterizaodosanimaisaseremsuplementados.Encontrada a melhor dieta (dieta de mnimo R$/@) com

    auxlio de um programa de formulao, deve-se prepar-la tomando os seguintes cuidados:

    Ao passar a frmula do papel para a prtica, fazer osdevidos arredondamentos com prudncia e manter-se o mais fiel possvel dieta original.

    Preocupar-secomoteordematriasecadosingredientes,em especial do volumoso que pode ter grande variao.

    Manter a relao volumoso concentrado, isto , sempreque aumentar o volumoso, aumentar na mesma proporo o concentrado.

    98 Podese usar soja em gro ou caroo de algodo na alimentao de animais confinados? Em que proporo?

    Sim, desde que sua quantidade na dieta total no ultrapasse cerca de 1,5 kg por unidade animal por dia. Isso para evitar possveis problemas relacionados com excesso de gordura na dieta, que deve ser inferior a 600 g de gordura por quilo de matria

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    seca. Valores maiores que esses podem ser usados, dependendo dos demais ingredientes da dieta e desde que sob acompanhamento de um tcnico.

    99 Algum ingrediente, como o caroo de algodo, pode alterar o sabor da carne?

    Frequentemente, h relatos implicando o uso de caroo de algodo em dietas de terminao com a produo de carne com gosto ruim. Trabalhos de pes-quisa feitos com caroo de algo-do e outras oleaginosas, dentro dos limites de gordura recomen- dados (vide questo anterior), no resultaram em carne com alterao no sabor. possvel que no seja apenas o uso exces-sivo de oleaginosas que cause esse problema de sabor, mas que a haja problemas envolvendo a conservao da carne. O certo que a nutrio pode mudar o sabor da carne e que o sabor desejvel extremamente dependente do costume pessoal. Por exemplo, americanos costumar achar a carne de animal terminado em pastagem com sabor forte, enquanto alguns brasileiros relatam diferenciar o sabor de animais terminados em pasto ou confi-namento, preferindo os primeiros.

    100 possvel fazer uma dieta de confinamento sem volumoso?

    Com o uso de ingredientes ricos em fibra (casca de algodo, por exemplo), tamponantes (bicarbonato de sdio, carbonato de clcio, xido de magnsio, bentonita, sesquicarbonato de sdio, entre outros), aditivos (antimicrobianos e probiticos) e a maior parte da dieta como milho gro inteiro, parece ser possvel fazer

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    uma dieta de terminao de bovinos que garanta um mnimo de ruminao (pela presena de fibra e do estmulo proporcionado pelo milho inteiro) e, portanto, o funcionamento normal do rmen.H produtos comerciais disponveis para fazer esse tipo de dieta na fazenda, mas deve-se ter conscincia de que se est trabalhan-do no limite fisiolgico do animal e que problemas podem ocorrer, especialmente em animais com maior grau de sangue zebuno.

    101 O que dieta de alto gro? Animais zebunos tm menor adaptao s dietas de alto gro?

    Dieta de alto gro aquela em que o concentrado predomina (mais de 60%) sobre o volumoso, podendo ser composta por at 90% de gros ou outros alimentos concentrados.

    Em estudos com uso de dietas de alto gro, comparando animais zebunos com animais europeus e seus mestios, percebe-se nitidamente uma seleo dos zebunos em favor do volumoso. A seleo pelos zebunos contra o concentrado acaba resultando em desempenhos inferiores e a comparao desses grupos genticos passa a ser injusta. Entretanto, h resultados excelentes de desempenho com dietas de alto concentrado para zebunos quando o teor de amido fica abaixo de 45% da matria seca (450 g amido/kg de MS) e respeita-se o mnimo de fibra na dieta. O uso de ingredientes ricos em energia e com pouco amido (exemplos: casca de soja, polpa ctrica, caroo de algodo, etc.) ajuda na obteno de bons resultados em dietas para zebunos.

    102 Qual o tipo de animal mais indicado para engorda em confinamento? Eles devem ser castrados?

    Os animais mestios (meio-sangue Europeu/Zebu) podem ter melhor ganho de peso na engorda em confinamento e, por isso, acabam sendo preferidos aos zebunos puros; todavia, com a dieta adequada excelentes resultados podem ser obtidos tambm com estes ltimos.

  • 65

    Apesar da diferena em ganho de peso, os resultados de eficincia alimentar costumam ser semelhantes. Os machos para engorda em confinamento so castrados para facilitar o manejo e porque alguns frigorficos criam restries a animais inteiros. No caso de bovinos abatidos jovens, essas razes deixam de existir e recomenda-se abat-los inteiros para aproveitar o maior ganho de peso e melhor converso alimentar desses animais.

    103 Com que idade e peso podese iniciar o confinamento do animal? Qual a idade e peso ideal de abate?

    O mais comum nos confinamentos brasileiros a terminao confinada ser de curta durao (70 a 100 dias) e com peso de abate acima de 16 arrobas para machos (aproximadamente 480 kg) e de 12 arrobas para fmeas (aproximadamente 360 kg). Assim, o peso mnimo dos machos para entrar em confinamento situa-se entre 350 kg e 400 kg, e a idade entre 24 e 30 meses. Todavia, no sistema mais intensivo (superprecoce) os animais so confinados logo aps o desmame e abatidos com cerca de 12 meses.

    Com relao ao peso de abate ideal, do ponto de vista de eficincia alimentar, deve-se abater os animais com o grau de terminao exigido pelos frigorficos, o que varia em funo do tamanho do animal. Para machos de tamanho mdio, os 3 mm de espessura de gordura subcutnea mnimo exigidos so obtidos com o peso prximo a 16 arrobas. Para animais de tamanho diferente, deve-se observar se esto com condio corporal mdia (usualmente referido como animal meia-carne). Animais de menor porte terminaro com peso menor que 16 arro bas e animais de grande porte com maior peso.

  • 3 PastagemHaroldo Pires de Queiroz

    Jos Raul ValrioArmindo Neivo Kichel

    Valria Pacheco Batista EuclidesCacilda Borges do Valle

    Liana JankCelso Dornelas FernandesRodrigo Amorim Barbosa

    Jairo Mendes VieiraFrancisco Humberto Dbbern de Souza

    Manuel Cludio Motta MacedoAfonso Nogueira Simes Corra

    Saladino Gonalves NunesEsther Guimares Cardoso

    Bela Grof

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    104 Qual o melhor capim para gado de corte?

    O capim ideal seria aquele que reunisse timas caractersticas no que diz respeito adaptao ao clima, ao solo, ao objetivo de uso e ao sistema de produo. Deve ter tambm alta produtividade, distribuio mais equilibrada da produo nos perodos chuvoso e seco, alto teor de nutrientes digestveis, persistncia em condies adversas de uso (altas lotaes e tolerncia seca), resistncia a pragas e doenas, boa cobertura e proteo do solo, facilidade de propagao, dentre outras. Como impossvel reunir em uma nica forrageira todas essas caractersticas, recomenda-se diver-sificar as pastagens, plantando-se diferentes capins segundo as suas caractersticas.

    105 Quais so as informaes a serem consideradas para escolha da forrageira a ser plantada numa rea da fazenda?

    Em primeiro lugar, devem ser consideradas as caractersticas climticas do local, pois as forrageiras tm sua sobrevivncia e produtividade limitadas pelo volume e distribuio das chuvas, temperatura, luminosidade e ocorrncia de geadas ou veranicos.

    Quanto ao solo, deve-se observar sua fertilidade, declividade, presena de impedimentos mecnicos ao preparo, umidade e exposio ao alagamento.

    Devem ser consideradas tambm as forrageiras j existentes na propriedade, o mtodo de pastejo a ser usado, os hbitos de pastejo e exigncias nutricionais dos animais; as finalidades complementares da forragem (pastejo, feno-em-p, silagem) e a resistncia a pragas e doenas.

    106 Devo plantar gramneas de diferentes espcies misturadas na mesma rea?

    possvel, mas essa prtica diminui a produtividade a longo prazo e compromete a longevidade da pastagem. Isso ocorre

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    porque no possvel manejar nenhuma das espcies de modo timo. A um tempo, uma ser prejudicada, e no momento seguinte a outra, ou permanentemente uma delas, levando ao seu desaparecimento e at a degradao da pastagem.

    Excepcionalmente, essa prtica pode ser usada em reas que apresentam grande variao no solo em relao a manchas com excesso de umidade, acelerando a degradao e a morte de algumas espcies forrageiras.

    Tambm pode-se admitir essa prtica no caso das braquirias humidcola e dictioneura, por serem muito lentas na formao (90 a 150 dias), pois isso pode evitar eroso e aparecimento de invasoras.

    107 Qual a principal caracterstica dos capins tropicais?

    A principal caracterstica dos capins tropicais a de terem a produo de forragem altamente concentrada no perodo chuvoso. Pode-se dizer que, na maioria desses capins, 75% da produo ocorre no perodo das guas (novembro a abril) e 25% no perodo seco (maio a outubro). Acrescente-se a isso a baixa qualidade da forragem disponvel na poca seca, em consequncia do amadurecimento do pasto ocorrido no final do perodo chuvoso.

    108 Quais so as forrageiras indicadas para gado de corte em regio de cerrado?

    Entre as forrageiras adaptadas s condies climticas de cerrado, incluem-se as braquirias (decumbens, Brachiaria decumbens cv. Basilisk; marandu, B. brizantha cv. Marandu; piat B. brizantha cv. BRS-Piat; xaras, B. brizantha cv. Xaras; humidcola, B. humidicola; dictioneura, B. humidicola cv. Llanero), os capins do gnero Panicum (tanznia, Panicum maximum cv. Tanznia-1; mombaa, P. maximum cv. Mombaa; massai P. maximum x P. infestum cv. Massai), os capins andropogon (Andropogon gayanus) e setria (Setaria sphacelata var. anceps),

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    alm das leguminosas estilosantes-campo-grande (Styloshantes capitata + S. macrocephala), amendoim-forrageiro belmonte (Arachis pintoi cv. Belmonte), calopognio (Calopogonium mucunoides) e guandu (Cajanus cajan).

    As braquirias decumbens, humidcola, dictioneura e andro-pogon enquadram-se na categoria dos capins menos exigentes em fertilidade do solo, embora produzam mais em solos mais frteis. Essas espcies podem se complementar, constituindo boas opes para a diversificao de pastos na propriedade.

    109 Como ter forragem o ano inteiro para os animais?

    A produo anual concentrada no perodo das chuvas uma caracterstica das forrageiras tropicais. As tcnicas sugeridas a seguir, embora no uniformizem o crescimento das forrageiras, permitem diminuir a defasagem entre oferta