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SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS E CENTROS DE INTERPRETAÇÃO, EM PORTUGAL – ALENTEJO E ALGARVE Patrícia Mareco
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Figura n.º 72: A existência da precária informação turística no Cromeleque dos Almendres.
Os dois vestígios megalíticos estão devidamente enquadrados, em plena natureza
alentejana, complementada com a Herdade dos Almendres. Todavia, presenciamos algum
“abandono” no tratamento e monitorização dos espaços, os quais não conseguem, infelizmente
mais uma vez, transmitir a verdadeira função do material visitado.
4.2.3. O Circuito Arqueológico da Cola
ENQUADRAMENTO LOCAL
O Castro da Cola, encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1910,
traduzindo assim a sua importância em termos nacionais. Difere dos restantes itinerários
arqueológicos devido à forma como foi planificada a sua promoção e organização da visita, já
que abarca circuitos, que conduzem o visitante a diversos pontos de interesse turístico. Situa-se
no interior do Baixo Alentejo, mais exactamente no concelho de Ourique, num território onde o
Rio Mira e as suas margens abrigaram populações desde os tempos mais remotos,
desenvolvendo actividades ligadas à agricultura, as quais estabeleciam um ténue contacto entre
a terra e o rio que fertilizava “uma zona pouco povoada, onde algumas aldeias dispersas pelo
território (o Castro da Cola foi uma delas até ao século XIII) organizaram o povoamento” (IPPAR -
Roteiros da Arqueologia Portuguesa: 2002; 9). Neste contexto destacam-se as pequenas
explorações agrícolas complementadas com pequenas casas, formando o tão conhecido monte
alentejano.
Integram este circuito um conjunto de quinze sítios:
� Fernão Vaz 1*** - Neo-Calcolítico (Monumento Funerário Megalítico);
� Fernão Vaz 2*** - Neo-Clacolítico (Monumento Funerário Megalítico);
� Cortadouro – Idade do Ferro e época indeterminada (Povoado);
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� Nora Velha 1*** - Neo-Calcolítico, com reutilizações nas Idades do Bronze e Ferro
(Monumento Funerário Megalítico);
� Alcaria 1 – A e B ** - Idade do Bronze (Necrópole e estrutura associada);
� Alcaria 2* - Idade do Bronze (Necrópole);
� Atalaia* - Idade do Bronze (Necrópole);
� Fernão Vaz** - Idade do Ferro, com uma ocupação posterior Medieval/Islâmica
(Povoado);
� Porto das Lajes** - Idade do Ferro (Povoado);
� Fernão Vaz** - Idade do Ferro (Necrópole);
� Casarão*** - Idade do Ferro (Monumento Funerário);
� Pego da Sobreira* - Idade do Ferro (Monumento Funerário);
� Vaga da Cascalheira** - Idade do Ferro (Necrópole);
� Nora Velha 2** - Idade do Ferro (Necrópole);
� Castro da Cola*** - Neolítico até à Época Medieval (Povoado).
Este sítios ilustram diversas épocas e revelam a evolução humana ao longo dos tempos,
numa área onde o clima era seco e no qual a água era um bem precioso e raro. Os pontos de
interesse inseridos no itinerário arqueológico encontram-se dispersos em torno de um deles, que
dá o nome ao próprio Circuito – o Castro da Cola.
O Circuito foi dotado, recentemente, de um Centro de Acolhimento e de Interpretação, onde
se encontra uma exposição temática.
Figura n.º 73: A envolvente do Castro da Cola.
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Em termos de enquadramento paisagístico, o Castro da Cola encontra-se em perfeita
sintonia com o meio envolvente, denotando a sua ruralidade.
Figura n.º 74:Envolvente e parte do percurso do Castro da Cola
Figura n.º s 75 e 76: Os acessos ao Castro da Cola.
OS ACESSOS
Para que o visitante chegue ao Castro da Cola terá que seguir pelo Itinerário Principal 2 (IP)
em direcção a Ourique. Nesta via distingue-se uma placa que indica o desvio para o Castro da
Cola (placa informativa de cor castanha – monumentos de cariz histórico). Se vier na direcção
Norte-Sul o desvio será à direita, mas no sentido contrário à esquerda. O visitante inicia, depois,
o percurso por uma estrada estreita de alcatrão e percorrerá, sensivelmente, 3 a 4 km até
avistar, após curto trecho de terra batida, a Igreja de Nossa Senhora da Cola.
Ao lado desta encontra-se o Centro de Acolhimento e Interpretação. Se o turista não
conhecer muito bem a zona, poderá ter alguma dificuldade depois do desvio e durante o
pequeno percurso até ao centro, devido à ausência de mais placas de sinalização. De facto, ao
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longo do referido caminho, existem diversas placas indicativas, mas dos vários pontos
arqueológicos que integram o circuito, o que poderá confundir o visitante.
Ao chegarmos ao Centro de Acolhimento e Interpretação, deparamos com uma modesta
estrutura, onde consta a informação relativa aos horários de funcionamento do circuito e das
condições do seu usufruto.
O interior do centro permite o acesso a qualquer tipo de turista, mas o espaço reduzido
inviabiliza a visita à exposição a uma pessoa de mobilidade reduzida.
Quando nos dirigimos ao Castro da Cola (único ponto do circuito de relativo acesso), situado
num cimo de um pequeno vale, à direita do centro, observamos uma impressionante riqueza
patrimonial. Todavia, a sua leitura global é deficitária e de difícil compreensão para qualquer tipo
de turista. Os percursos no interior do Castro não garantem a entrada a visitantes de mobilidade
reduzida e é de difícil circulação para os restantes turistas. Durante a visita e usufruindo da
ajuda de um guia, soubemos que este facto se deve à inexistência da monitorização e
organização do próprio sítio, o que conduz a uma imagem de “abandono” e degradação.
O CENTRO DE ACOLHIMENTO E INTERPRETAÇÃO
O Centro de Acolhimento e Interpretação do Castro da Cola possui uma pequena recepção
com uma sala de exposições contígua e lavabos exteriores.
Figura n.º 77: O Centro de Acolhimento e Interpretação do Circuito Arqueológico da Cola.
Quando entramos na sala de exposição permanente, observa-se uma estrutura narrativa
simples mas aprazível. Destacam-se como aspectos positivos, com o intuito de aproximar e
responder eficazmente à curiosidade das pessoas, os seguintes:
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Mensagem Texto conciso, claro e objectivo.
Cor
Preto, sensivelmente carregado. Tamanho médio dos caracteres (letras garrafais).
Diversidade de cores nos meios expositivos devido aos desenhos expostos relatando uma história.
Iluminação Razoável.
TEXTO
Língua Portuguesa;
Inglesa.
NÍVEL DE INFORMAÇÃO Crianças, devido a imperar o nível A.
SUPORTE UTILIZADO
Vitrine;
Maqueta;
Placares.
Quadro n.º 31: Avaliação da Exposição Permanente do Centro de Acolhimento e Interpretação do Castro da Cola.
Esta exposição permite ao turista interiorizar o que irá ver no decorrer da visita, devido à
circunstância da narrativa ser pedagógica ilustrando a evolução territorial da zona e enquadrando
pormenorizadamente, cada ponto do circuito arqueológico.
O CIRCUITO ARQUEOLÓGICO
O circuito possui quinze pontos de relevância (já referidos), mas nem todos estão disponíveis
para o visitante comum, devido aos difíceis acessos. Deste modo, o IPPAR pretende adquirir,
num futuro próximo, um jipe para colmatar tais dificuldades, garantindo assim o acesso a todos
os sítios mesmo os mais complicados como é o caso da Alcaria de Fernão Vaz, ainda não
disponível ao comum turista/visitante.
Face ao exposto, passaremos a descrever somente o que nos foi possível visitar – o Castro
da Cola, ou seja o ponto central. Mesmo aqui encontrámos inúmeras dificuldades,
nomeadamente a própria leitura (imediata) das ruínas dada a existência de inúmeras ervas que
coabitam, descontroladamente, com os vestígios, pouco perceptíveis aos olhos do turista.
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Figuras n.º s 78, 79 e 80: Precariedade do percurso e Sinalética em difícil acesso
O difícil acesso e a deficitária leitura das placas dispostas pelo Castro da Cola, quase
inviabilizam a compreensão do sítio. Torna-se imperativo o acompanhamento efectivo de um
guia para que seja possível usufruir do local.
Figuras n.º s 81, 82 e 83: O percurso e as placas explicativas no Castro da Cola.
As placas explicativas apresentam a mensagem principal escrita apenas em português. Os
desenhos referentes ao que se está a visualizar no terreno não são de fácil apreensão, devido à
projecção de números que identificam os compartimentos do Castro, o que poderá conduzir a
umas interpretações desajustadas.
INTERVENÇÃO E MUSEALIZAÇÃO
O Castro da Cola, “foi um dos sítios arqueológicos portugueses que primeiro despertou a
atenção dos antiquários” (IPPAR - Roteiros da Arqueologia Portuguesa: 2002; 7). Foram muitas
as investigações realizadas neste terreno. No entanto, recorda-se a primeira escavação
efectuada, a qual “deve-se a Abel Viana (...) ao longo de muitos anos, e em condições (...) de
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uma extraordinária dificuldade e de grande sacrifício pessoal, este investigador, notável pela sua
capacidade de compreensão da realidade humana em que trabalhava (...) escavou o castro e
vários monumentos ao redor” (IPPAR - Roteiros da Arqueologia Portuguesa: 2002; 7). Este
investigador foi o impulsionador da descoberta e posterior inventariação das peças recolhidas. A
sua obra foi continuada pelo arqueólogo Caetano de Mello Beirão o qual, na década de 70,
realizou descobertas importantíssimas sobre a Idade do Ferro. Pode-se, pois, afirmar que “a este
arqueólogo se deve a primeira ideia de um parque arqueológico, hoje materializada no Circuito
Arqueológico da Cola.” (IPPAR - Roteiros da Arqueologia Portuguesa: 2002; 7)
Deste projecto a maior intervenção realizada consistiu na construção do Centro de
Acolhimento e de Interpretação e no planeamento de um circuito delineado em pontos
arqueológicos de indiscutível interesse. Todas estas intervenções ajudaram na concretização dos
principais objectivos que fundamentam a definição actual do Museu-Território.
OS VISITANTES
Em reposta a este novo tipo de musealização, surge um visitante mais exigente em novos
aspectos museológicos e informativos. Deste modo, teremos que criar estratégias apelativas e
promocionais a fim de cativar os turistas, promovendo a sua deslocação ao circuito arqueológico
estudado. Com base na perspectiva e testemunho do guia do circuito, é preciso aplicar métodos
promocionais mais agressivos, promover conjuntamente este produto com outras
potencialidades da região e, apostar fortemente na formação de recursos humanos, ou seja, em
guias.
Assim como exemplo, atrever-nos-íamos a afirmar que o Circuito Arqueológico da Cola é um
espaço, actualmente, pouco apelativo e acessível. Graças ao recente Centro de Acolhimento e
Interpretação e ao esforço na planificação do circuito, pretende-se num futuro próximo, com a
aquisição de jipes, ou dos meios de transportes adequados que seja dada a possibilidade ao
turista de sentir-se motivado e atraído para este tipo de produto.
Com base na tipologia de Alberto Angela (1988)15 e na experiência e testemunho do nosso
guia/recepcionista ao Castro da Cola, podemos afirmar que os tipos de mercado
15
� Deficientes que exigem programas e estruturas específicas. � Idosos e Crianças, sendo estas últimas as que mais visitam os sítios, por meio de visitas de estudo ou até de sessões didácticas. De igual
forma, sendo o Alentejo uma região bastante envelhecida se este organizar sessões com idosos, poder-se-ia aproveitar os tempos livres com aprendizagens e, também, com lazer.
� A Família, é um tipo de público mais frequente durante os fins de semana.
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correspondentes ao circuito são as famílias, incluindo as crianças, integradas nas visitas
escolares ou nas famílias.
Baseado no inquérito enviado ao Circuito Arqueológico da Cola identificamos uma grande
oscilação no número de visitantes anuais, realçando o decréscimo registado no ano de 2003 e a
posterior retoma no ano seguinte.
Gráfico n.º 15
Fonte: Inquérito apresentado em Anexo.
É fulcral salientar o facto de não existir uma avaliação de mercado que nos possa auxiliar na
importância do investimento que o IPPAR tem vindo a efectuar nos últimos 5 anos, com o
objectivo de valorizar e estreitar a relação patrimonial entre o público e a população local. Como
tal é urgente criar meios de análise que conduzam à avaliação e/ou adopção de estratégias
eficazes para atingir o fim principal – atracção de turistas/visitantes.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Núm
ero Bruto de Visitantes
2002 2003 2004
Anos
Visitas Anuais de Visitantes do Circuito Arqueológico da Cola
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ANÁLISE SWOT DO CIRCUITO ARQUEOLÓGICO DA COLA
COLA
Pontos Fortes Importante conjunto patrimonial •••
Harmonia com o meio envolvente •••
Estruturas de Apoio e Acolhimento ao turista/visitante •
Oferta de instalações sanitárias, e infra-estruturas de lazer •
Estruturas de Acolhimento e Interpretação com funcionários profissionais ••
Apresentação dos placares em português e inglês (Centro de Acolhimento e Interpretação) ••
Exposição permanente compreensível •• Quadro Avaliativo n.º21
COLA
Oportunidades Espaços livres, públicos e privados, com potencialidades de valorização •••
Promover a recuperação e a valorização do Património histórico e arqueológico ••
Crescimento na complementaridade dos circuitos urbanos e culturais e temáticos •••
Aquisição de Jipes para a realização de todo o circuito arqueológico •••
Melhoria das acessibilidades e transportes ••
Melhoria da sinalética (acessos exteriores ao sítio) •
Realização de Acções Pedagógicas e Educativas com entidades locais ••
Realização de Acções Museológicas •• Quadro Avaliativo n.º 22
COLA
Pontos Fracos Itinerário delineado (incluindo a sinalização) ♦♦♦
Meios Expositivos no circuito arqueológico ♦♦♦
Sinalização deficiente exterior ao circuito ♦♦♦
Sinalética precária no decorrer do circuito do Castro da Cola ♦♦♦
Placas explicativas do circuito apenas em português ♦♦♦
Inexistência de monitorização no Castro da Cola ♦♦♦
Acessos precários ♦♦♦
Acessos a Pessoas de Mobilidade reduzida ♦♦♦ Quadro Avaliativo n.º 23
COLA
Ameaças Falta de Enquadramento e difícil visibilidade de todo o Circuito ♦♦
Falta de estratégias promocionais conjuntas com outro tipo de Património regional ♦♦♦ Quadro Avaliativo n.º 24
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De acordo com a análise SWOT realizada durante a visita ao sítio arqueológico evidenciamos
como principais fragilidades:
� A falta de sinalética durante o percurso exterior;
� A inexistência de informação turística noutras línguas estrangeiras;
� A precaridade nos acessos.
Contudo, no inquérito preenchido pela entidade denotámos algumas disparidades
comparativamente com a nossa análise. Por exemplo, quando a entidade refere a existência de
idiomas na sinalização, que não detectámos, ou de placas identificativas no decorrer do percurso
possibilitando a realização de trilhos autoguiados. De facto foi extremamente difícil realizar a
visita sem o auxílio do guia/recepcionista do Centro de Acolhimento e Interpretação.
4.2.4. Povoado Pré-Histórico de Santa Vitória
ENQUADRAMENTO LOCAL
O Povoado Pré-Histórico de Santa Vitória, localizada entre Elvas e Campo Maior, possui
características muito específicas, não só devido à época que retrata o Calcolítico – primeira
metade do terceiro milénio a. C. – mas também à peculiaridade dos vestígios descobertos e
apresentados. Está classificado como Imóvel de Interesse Público. Encerra um conjunto de
lareiras e cabanas que demarcam uma das formas habitacionais mais antigas identificadas nos
diversos sítios arqueológicos apresentados. Poderemos referir que se encontra devidamente
enquadrado no seu meio envolvente, graças à implementação de um novo meio expositivo, que
ajuda todo o visitante a compreender globalmente o Povoado – a Estrutura de Observação.
A Estrutura de Observação, reveste-se de capital importância no que concerne a visibilidade
territorial. Sem ela, este sítio seria de difícil leitura uma vez que o arranjo do espaço envolvente é
bastante deficitário. Esta lacuna tem como consequência a falta de informação para os turistas e
de conhecimento da população local.