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PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

O ENEAGRAMA COMO MAPA DE CONSCIÊNCIA

André Barreto Prudente1

Resumo: Esse artigo apresenta o sistema de compreensão da realidade denominado Eneagrama como um mapa de consciência. Tendo raízes orientais, o Eneagrama chegou ao ocidente no século XX como uma poderosa ferramenta de interpretação dos processos de manifestação da consciência no mundo. Ele é estruturado na forma de um símbolo geométrico composto por um círculo, um triângulo e uma héxade, e refere-se a nove maneiras básicas de expressão da essência (espírito) na existência (matéria). A sabedoria do Eneagrama permite indivíduos e grupos perceberem como fragmentam sua consciência de que são unidades holisticamente integradas por identificarem-se demais com um dos tipos padrões manifestos, chamados de Traço Principal. Além disso, os auxilia na libertação desse traço a partir da descoberta do que lhes é essencial. Palavras-chave: Eneagrama; mapa de consciência; nove formas de

manifestação; essência e existência.

INTRODUÇÃO

A melhor maneira de definir o Eneagrama é chamá-lo de um mapa integral da

consciência. Suas variadas nuances mostram como ele pode ser utilizado para a

leitura tanto de realidades individuais quanto coletivas, revelando-se uma excelente

ferramenta hermenêutica.

Maitri (2000, p.21)2 afirma que o Eneagrama funciona como um símbolo

arquetípico, o qual serve à arte de interpretar os mais diversos processos e

princípios físicos, psicológicos e espirituais. Portanto, ele é um sistema de 1 Coordenador geral, psicoterapeuta, facilitador de eneagrama e consultor empresarial do NEHSE –

Núcleo de Evolução Humana de Sergipe. Graduação e Mestrado em Psicologia pela USP/Ribeirão Preto. Membro Profissional da IEA – International Enneagram Association. Membro Associado da AETNT - Association of Enneagram Teachers in the Narrative Tradition. Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos. Realiza cursos e treinamentos com base no Eneagrama para empresas, grupos e instituições. Facilitador do workshop “Eneagrama & Relações Humanas” e do “CAE – Curso de Aprofundamento em Eneagrama”. Co-autor do livro “Um Incendido Desejo das Índias”. Contato: Sede do NEHSE – Av. Gonçalo Prado Rolemerg, 211, sala 203/204, São José, Aracaju/Se, Cep: 40010-410; telefones - (79) 3224-2235/ 3041-2567 ou e-mail – [email protected].

2 MAITRI, Sandra. A dimensão espiritual do Eneagrama. São Paulo: Cultrix, 2000.

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2PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

autoconhecimento e de entendimento das relações humanas e do mundo, o qual é

representado na forma de uma figura matemática. Trata-se especificamente de uma

arquitetura geométrica na qual é estruturada uma “arquitetura” psicológica e

espiritual: 1) um círculo, um triângulo e uma héxade compõem a arquitetura

geométrica estruturada na forma de uma estrela de nove pontas3 (ver figura 1)4;

2) em cada ponto dessa arquitetura geométrica descobrem-se diferentes processos

psicoespirituais (“arquitetura” psicológica e espiritual) encarnados em ações, os

quais podem obstruir ou ampliar a consciência individual e/ou coletiva; 3)o

Eneagrama revela nove processos psicoespirituais como nove formas básicas de

manifestação da essência na existência5.

O ENEAGRAMA E SUA HISTÓRIA

A sabedoria do Eneagrama não foi criada por um único homem em um único

momento. Remontam a vários mestres e diretores espirituais e há mais de 2.000

anos as suas raízes mais antigas. Esse mapa de consciência foi sendo construído,

durante muito tempo, até chegar a sua forma atual.

Segundo Paterhan (2003)6, as idéias trazidas pelo Eneagrama já existiam nas

concepções elaboradas pelos pitagóricos, por Platão e seus discípulos (como

Plotino) e no hermetismo. Sobre isso, Riso e Hudson (1999, p.29)7 dizem: As origens exatas do símbolo do Eneagrama se perderam na História; não sabemos de onde ele vem, da mesma forma que não sabemos quem inventou a roda ou a escrita. Diz-se que surgiu na Babilônia por volta do ano 2500 a.C., mas há poucas provas em favor dessa hipótese. Muitas idéias abstratas relacionadas ao Eneagrama, para não falar em sua geometria e derivação matemática, sugerem que ele pode ter origem no pensamento grego clássico. As teorias a ele subjacentes podem ser encontradas nas idéias de Pitágoras, Platão e alguns filósofos neoplatônicos. Seja como for, ele certamente pertence à tradição ocidental que deu origem ao judaísmo, ao cristianismo e ao islamismo, bem como à filosofia hermética e gnóstica, cujos indícios podem ser vistos em todas as três grandes religiões proféticas.

3 Mais adiante, no tópico “O simbolismo do Eneagrama”, é explicado o significado de cada uma das

partes da figura matemática do eneagrama. 4 A figura 1 está no final do tópico “O simbolismo do Eneagrama”. 5 No corpo do texto são discutidas e explicadas as questões apresentadas nesses itens. 6 PATERHAN, Christian. Eneagrama: um caminho para o seu sucesso individual e

profissional. São Paulo: Madras, 2003. 7 RISO, D. R.; HUDSON, R. A sabedoria do Eneagrama. São Paulo: Cultrix, 1999.

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3PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

Rohr e Ebert (1992, p.23)8, afirmam que esse conhecimento foi sintetizado na

forma de um símbolo a partir das descobertas matemáticas dos islâmicos sobre o

valor do zero e o sistema decimal e que o nome Eneagrama só surgiu

posteriormente. A palavra Eneagrama origina-se dos vocábulos gregos Ennea

(nove) e Gramma (pontos, algo escrito, letra, figura ou modelo)9, recebendo a

tradução literal de “figura de nove pontas”, e fazendo referência à arquitetura

geométrica, psicológica e espiritual revelada pelo símbolo ao qual está atrelada.

O Eneagrama chegou à época moderna por meio da tradição oral, sendo

passado de mestre para discípulo por séculos, e, para Maitri (2000, p.219-20)10,

esse é o motivo de suas origens estarem envoltas em mistérios. Contudo, sabe-se

que ele foi levado do Oriente para o Ocidente pelo caucasiano George Ivanovitch

Gurdjieff (1870-1949) e seus seguidores, na década de 1920, e pelo boliviano Oscar

Ichazo, nas décadas de 1960 e 1970.

Riso e Hudson (1999, p.29)11 explicam que Gurdjieff viajou por vários

continentes e países, conhecendo monastérios e santuários remotos e aprendendo

acerca das antigas tradições sapienciais da humanidade. Numa dessas viagens,

possivelmente à Turquia ou ao Afeganistão, teria entrado em contato com uma

ordem secreta sufista12 denominada Fraternidade de Sarmoung (Fraternidade das

Abelhas), com a qual aprendeu sobre o Eneagrama. Este se tornou a base do seu

sistema de transformação da consciência “O Quarto Caminho”, o qual foi ensinado

inicialmente por ele e seus seguidores na década de 1920.

Melendo (2001, p.11)13 esclarece que Gurdjieff referia-se a essa “figura de

nove pontas” como um mapa de processos naturais, sem chamá-lo de Eneagrama,

e que a sua utilização para compreensão de padrões psicológicos obstrutores da

consciência14 só aconteceu a partir da divulgação das idéias de Oscar Ichazo. Rohr

e Ebert (1992, p.25)15 afirmam que Ichazo foi a primeira pessoa a fazer uma

8 ROHR, R; EBERT, A. Eneagrama: as nove faces da alma. Rio de Janeiro: Vozes, 1992. 9 Melendo (2001, p.12) afirma que o vocábulo “grama” vem de “grammos”, significando pontos.

Webb (1998, 11) explica que ele vem de “gramma”, sendo interpretado como “algo escrito”. Palmer (1999, p.18) mostra que sua raiz está no termo “grama” recebendo o sentido de letra, figura ou modelo. Por isso, várias traduções são possíveis para essa palavra.

10 Ibid., p.219-220. 11 Ibid., p.29. 12 No próximo tópico é explicada a relação entre o Eneagrama e o sufismo. 13 MELENDO, Maite. O Eneagrama. São Paulo: Loyola, 2001. 14 Nos tempos atuais, esse é o maior uso dado ao Eneagrama. 15 Ibid., p.25.

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4PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

correlação entre a espiritualidade e a psicologia do Eneagrama, trazendo esse mapa

de consciência como um “espelho da alma”.

Ichazo aprendeu sobre esse sistema com mestres sufistas em Pamir, no

Afeganistão, antes de tomar conhecimento dos escritos de Gurdjieff. Melendo (2001,

p.11)16 diz que, em 1960, ele começou a dar aulas sobre o Eneagrama no Instituto

de Psicologia Aplicada de Santiago do Chile e que, na década de 1970, realizou

treinamentos sobre o seu modelo em Arica (Chile). Em um desses cursos, houve a

participação do Dr. Cláudio Naranjo, psiquiatra do Instituto Esalen, em Big Sur,

Califórnia (EUA), que aprendeu o seu método e ampliou o seu uso como um

instrumento ponte entre a psicologia e a espiritualidade.

Maitri (2000, p.22)17 explica que os Eneagramas conhecidos pela maioria das

pessoas são provenientes dos ensinamentos de Ichazo reelaborados por Naranjo,

os quais dizem respeito à vida interior da psique humana. Entretanto, atualmente,

existe uma série de escolas de Eneagrama, cada uma delas tendo como matriz

original de pensamento as concepções elaboradas por Gurdjieff e/ou Ichazo. Dentre

alguns dos professores de Eneagrama cujos grupos são mais proeminentes no

cenário internacional, pode-se citar: Helen Palmer e David Daniels; Don Richard

Riso e Russ Hudson; Richard Rohr; Sandra Maitri; A H. Almaas. Dentre alguns

professores de Eneagrama brasileiros, que atuam há vários anos em cidades e

estados desse país, pode-se citar: Khristian Paterhan; Urâneo Paes; Marcio Schultz;

Racily.

O ENEAGRAMA E O SUFISMO

A história do Eneagrama está diretamente relacionada com o sufismo,

corrente mística do islamismo. Os sufistas eram homens e mulheres que se

dedicavam ao contato direto com Deus. Por meio de uma série de práticas

espirituais, eles procuravam ampliar a sua consciência individual para a percepção

do divino. Rohr e Ebert (1992, p.23) dizem: Através da oração e meditação, queriam os sufistas tomar consciência do amor de Deus. O amor de Deus era tema central do movimento como demonstra a oração da mestra sufista Rabia al-Adawiyya, do século oitavo:

16 Ibid., p.11. 17 Ibid., p.22.

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5PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

“Ó Deus, se te adorar por medo do inferno, então lance-me às chamas do inferno; se te adorar por causa da esperança de alcançar o paraíso, então não me atendas; mas se te adorar por causa de ti mesmo, então não me negues tua beleza eterna”.

Faziam parte das comunidades sufistas as ordens dos dervixes e o

movimento dos faquires (faquir = pobre) e também uma tradição de direção espiritual

que visava ajudar as pessoas no caminho para Deus. Esta seria a responsável pelo

desenvolvimento da idéia central do Eneagrama de que existem nove padrões

básicos de manifestação da espiritualidade (do amor de Deus criador) na

materialidade (nas criaturas). Rohr e Ebert (1992, p.23)18 afirmam: Nos longos anos em que os mestres sufistas desenvolveram seu método, descobriram nove padrões constantes, devido aos quais certas pessoas nunca encontravam Deus, mas só esbarravam continuamente em si mesmas e eram obstruídas por suas barreiras e bloqueios internos.

Dentro da visão sufista, os nove pontos do Eneagrama representam formas

de expressão naturais (Zuercher, 2003, p.6)19 as quais só se tornam obstáculos ao

crescimento espiritual do indivíduo na medida em que a pessoa se identifica demais

com uma delas e esquece o todo complexo que ela é, que os outros são e a que

realidade é. Quando isso acontece há um processo de fragmentação da consciência

que afasta o ser humano da consciência maior: a consciência de Deus.

Em outras palavras, para os sufistas, o Eneagrama revela nove dons divinos

vividos na existência pelas pessoas, mostrando que cada uma tem um dom

principal. Quando há exagero no uso dessa capacidade primordial ela tende a

transformar-se em uma “armadilha”, limitando a consciência ao invés de ampliar.

Melendo (2001, p.13)20 diz: A crença sufi é que nossa qualidade essencial, levada ao extremo, vivida em excesso, se transforma em nossa armadilha ou nosso defeito mais característico. O objetivo é encontrar o meio-termo, o equilíbrio em minha qualidade essencial ou traço dominante, para não exagerá-la nem por excesso nem por falta.

18 Ibid., p.23. 19 ZUERCHER, S. A espiritualidade do Eneagrama. São Paulo: Paulus, 2003. 20 Ibid., p.13.

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6PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

O SIMBOLISMO DO ENEAGRAMA A primeira figura geométrica que compõe o símbolo do Eneagrama é um

círculo21, o qual consiste em uma mandala universal presente em quase todas as

culturas (Riso e Hudson, 1999, p.30)22. Algumas informações centrais que ele traz

são: 1) cada ser e o universo são todos complexos com infinitas possibilidades de

manifestações; 2) esses todos se constituem em unidades integradas, apesar de se

manifestarem de diversas maneiras particulares na realidade23; 3) esses processos

de manifestação são expressões concretas da consciência; 4) ser um todo é a

essência de toda individualidade e coletividade e, então, o círculo representa

também a essência.

A segunda figura do Eneagrama é um triângulo eqüilátero24, cujas pontas

tocam o círculo25 formando os pontos 9, 6 e 3 desse mapa de consciência. Ele está

relacionado com o que Gurdjieff chamava de “Lei de Três”: tudo resulta da interação

de três forças principais, ou seja, o todo que cada ser e o universo são apresenta

três aspectos centrais. Riso e Hudson (1999, p.31)26 dizem: Surpreendentemente, quase todas as grandes religiões pregam que o universo não é a manifestação de uma dualidade, como ensina a lógica ocidental, mas sim de uma trindade. Nossa forma usual de ver a realidade baseia-se em pares de opostos, como bom e mau, preto e branco, macho e fêmea, introvertido e extrovertido, e assim por diante. As antigas tradições, por sua vez, não vêem o homem e a mulher, mas homem, mulher e criança. As coisas não são classificáveis segundo o preto ou o branco, mas segundo o preto, o branco e o cinza.

No simbolismo do Eneagrama, o todo circular “encarna” sua unidade a partir

do triângulo, pois seus três vértices representam expressões relativas dessa

integridade. No cristianismo isso é percebido na trindade Pai-Filho-Espírito Santo:

cada um deles é diferente entre si, mas revelam o mesmo Deus (RISO & HUDSON,

1999, p.30)27. Com relação ao ser humano, ele é um todo holístico unido por três

centros fundamentais (PATERHAN, 2003, p. 43)28: centro físico; centro emocional e

centro intelectual.

21 Ver a representação do círculo na figura 1, no final desse tópico. 22 Ibid., p.30. 23 Cada ser manifesta-se no mundo de maneira individual e específica, apesar de fazer parte de um

todo maior que a sua individualidade. 24 Triângulo eqüilátero é aquele com três lados iguais. Ver sua representação na figura 1, no final

desse tópico. 25 Ver a representação do triângulo no círculo na figura 1, no final desse tópico. 26 Ibid., p.31. 27 Ibid., p.30. 28 Ibid., p.43.

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7PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

O centro físico está relacionado com a capacidade dos indivíduos de agir no

mundo, delimitando o seu espaço pessoal e colaborando para a construção do

espaço coletivo. Trata-se da parte do ser humano responsável pela transformação

material (em atos) dos seus potenciais inatos.

O centro emocional está ligado à capacidade dos indivíduos de atribuir

valores as experiências cotidianas, percebendo os significados do seu impacto

pessoal na relação com as pessoas e o universo. Trata-se da parte do ser humano

responsável pela motivação dos seus comportamentos verbais e não-verbais.

O centro intelectual está vinculado à capacidade dos indivíduos de explicarem

os fenômenos da realidade, elaborando idéias a respeito da sua existência e

estratégias para lidar com ela. Trata-se da parte do ser humano responsável pela

interpretação de si mesmo, da vida, dos relacionamentos afetivos e profissionais, da

natureza, de Deus.

A terceira figura do Eneagrama é uma héxade29 cujas seis pontas tocam o

círculo30, formando os pontos 1, 4, 2, 8, 5 e 7 desse sistema hermenêutico, e

completando o seu símbolo geral31. Ela está vinculada ao que Gurdjieff chamava de

“Lei de Sete” ou “Lei da Oitava”: “nada é estático, tudo está em movimento e no

processo de tornar-se outra coisa” (Riso e Hudson, 1999, p.31)32. Do mesmo modo

que na escala musical há a progressão Dó-Ré-Mi-Fá-Sol-Lá-Si-Dó, a cada oitava

subindo ou baixando um tom e tornando o som mais grave ou agudo, na héxade há

a progressão 1-4-2-8-5-7-1, mostrando que, a cada ciclo, ocorre um aumento ou

diminuição do nível de consciência.

Juntos, o círculo, o triângulo e a héxade integram o simbolismo desse mapa

de consciência, revelando que: 1) a essência de todo ser manifesta-se na existência

em nove maneiras principais de expressão da consciência em formas concretas;

2) essas nove manifestações derivam de três aspectos básicos que integram a

unidade da essência; 3) a manifestação dessas nove formas se dá num processo de

obstrução ou expressão da consciência.

29 A héxade é uma figura geométrica com seis pontas, ou seja, um hexágono incompleto. Ver a sua representação na figura 1, no final desse tópico.

30 Ver a representação da héxade no círculo na figura 1, no final desse tópico. 31 Ver o símbolo completo do Eneagrama na figura 1, no final desse tópico. 32 Ibid., p.31.

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8PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

Figura 1. O símbolo de Eneagrama completo e separado por suas partes específicas

___________________________________________________________________________ ENEAGRAMA E CONSCIÊNCIA

Na perspectiva do Eneagrama, cada indivíduo ou grupo, é uma totalidade

psicossomática, expressão da essência espiritual33. Wilber (2001)34 coloca o espírito

como sinônimo de consciência, trazendo a idéia de que estar em contato com a

essência é perceber a consciência expressando-se num contínuo processo de

transformação e auto-transcendência. Nesse sentido, cada ser está sempre

evoluindo, realizando potenciais, os quais o levam a estar mais completo e

complexo.

Na concepção antropológica eneagramática há uma busca de ver a si

mesmo, aos outros e a realidade como um todo em constante evolução por meio da

consciência manifestando-se em formas concretas. Quando isso acontece há um

contato com a essência criativa do universo - fonte de paz, tranqüilidade e amor –

que possibilita um “agir-no-mundo” contextualizado, flexível e harmonioso. Isto, por

sua vez, colabora para a consciência expandir-se realizando ainda mais

capacidades positivas.

33 A denominação do que é a essência é diferente em cada tradição, podendo ser chamada também

de Deus, Ser, Natureza Búdica; Vazio Criativo; Consciência Superior; Todo Auto-consciente; Verdadeira Natureza.

34 WILBER, Ken. Uma breve história do universo: de Buda a Freud. Rio de Janeiro: Nova Era, 2001.

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9PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

No âmbito individual, isso significa a pessoa perceber que, apesar de ter um

jeito próprio de ser, pode viver os mais diversos tipos de experiências, a depender

da necessidade real do momento presente. No âmbito coletivo, consiste no grupo

saber ir além do seu modo típico de se articular, recriando-se sempre que preciso.

Quando uma pessoa ou grupo está em contato com a sua essência há fluidez nas

ações e crescimento porque existe a consciência dos estímulos internos e externos

que os afetam, possibilitando uma maior liberdade nas escolhas e tomadas de

decisões.

Entretanto, quando uma pessoa ou grupo afasta-se da sua essência,

esquecendo o todo que é e identificando-se com apenas uma parte sua, inicia-se um

processo de obscurecimento espiritual: perda da experiência do ser a qual gera uma

obstrução da consciência (NARANJO, 1997, p. 22)35. Em outras palavras, passa-se

a ver a realidade a partir de um foco de atenção específico e limitado para

compreender a vastidão de cada fenômeno que aparece no cotidiano da existência.

A OBSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA NO TRIÂNGULO DO ENEAGRAMA

A primeira redução de consciência refletida pelo eneagrama se dá pelo apego

maior a um dos três centros fundamentais do ser humano: físico; emocional ou

intelectual.

O indivíduo preso ao centro físico tende a preocupar-se demais com a

autonomia do seu eu, sendo movido pelo sentimento de raiva e tendendo a reagir

instintivamente nas situações diárias. Trata-se de uma reação visceral automática

que o impede de entrar em contato com seus sentimentos na ocasião e de pensar

como realmente gostaria de comportar-se. Um grupo fixado nesse centro pode

querer sempre delimitar o seu espaço social, por exemplo, passando por cima de

outros grupos ou tornando-se indiferente a eles. As pessoas de um grupo desse tipo

poderão ter dificuldade em colocar-se no lugar dos outros e refletirem sobre o

impacto de suas ações.

O indivíduo preso ao centro emocional tende a preocupar-se demais com a

sua imagem perante os outros, sendo movido pelo sentimento de vergonha e

35 NARANJO, Cláudio. Os nove tipos de personalidade: um estudo do caráter humano através

do Eneagrama. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

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10PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

tendendo a reagir emocionalmente nas situações diárias. Trata-se de uma reação

automática a partir do que se está sentindo no momento, que o leva para um agir

magoado e sem questionamento racional. Um grupo fixado nesse centro pode

querer sempre construir uma imagem social boa, a qual, não necessariamente,

corresponde à realidade. As pessoas de um grupo desse tipo poderão ter dificuldade

em se mostrarem como realmente são contribuindo para um clima grupal de

desconfiança mútua.

O indivíduo preso ao centro mental tende a preocupar-se demais com a

elaboração de estratégias para lidar com a vida, sendo movido pelo sentimento de

medo e tendendo a reagir intelectualmente nas situações diárias. Trata-se de uma

reação automática, protetora, de pensar muito antes de tomar atitudes, a qual o

impede de agir no momento certo conectado com o que está sentindo. Um grupo

fixado nesse centro pode querer sempre traçar antecipadamente regras de conduta

e planos de ação, podando a espontaneidade. As pessoas desse grupo poderão ter

dificuldade em lidar com imprevistos, correndo o risco de não concretizarem seus

objetivos.

A OBSTRUÇÃO DA CONSCIÊNCIA NOS NOVE PONTOS DO ENEAGRAMA

A segunda e principal redução de consciência demonstrada pelo Eneagrama

refere-se ao aprisionamento nos processos de um dos seus nove pontos. Cada

ponto expressa uma manifestação natural da essência na existência a qual cabe em

certos contextos específicos, contudo, quando um indivíduo ou grupo fica preso a

isso fora dessas situações apropriadas, tende a fragmentar a sua visão de si mesmo

e do mundo.

No âmbito individual, a consciência é diminuída pela identificação da pessoa

com a sua personalidade (seu modo típico de sentir, pensar e agir), a qual é

estruturada a partir de um dos nove pontos do Eneagrama. A personalidade de cada

indivíduo é um todo complexo e formado por múltiplos aspectos, mas um deles

torna-se o que Gurdjieff denominava Traço Principal (PATERHAN, 2003, p.50)36.

36 Ibid., p.50.

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11PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

Trata-se de um padrão habitual de reação que ele utiliza para lidar com a vida.

Daniels e Price (2000, p.15)37 afirmam: Cada um dos nove padrões baseia-se numa tendência explícita de percepção. Essa tendência, ou filtro, determina os objetos aos quais você presta atenção e o modo pelo qual você dirige o uso da sua energia. Cada um dos nove padrões é um postulado básico, uma crença, acerca do que é necessário para a sobrevivência e a satisfação na vida.

O Traço Principal de cada pessoa (assim como seus outros traços) foi

formado para proteger um aspecto particular do seu ser o qual parecia ameaçado

durante a fase de formação da personalidade38. Ele atua como um “piloto

automático” entrando em ação sempre que o indivíduo afasta-se da sua essência,

perdendo a base de como atuar a partir do seu ser. Embora toda pessoa manifeste-

se pelos nove pontos do Eneagrama, o Traço Principal representa seus maiores

dilemas e dificuldades e o modo que mais obstrui sua consciência.

Para as pessoas identificadas com o Traço 1 a questão que mais afeta é a

procura de um estado ideal de perfeição. Na busca de crescerem e se

transformarem acabam construindo padrões de retidão e conduta moralmente

exigentes, os quais, muitas vezes, são inatingíveis. Reduzem a sua consciência

ficando frustradas, ressentidas e irritadas por não serem como queriam, os outros

não agirem como deveriam e por acharem que o mundo é injusto. Dessa forma,

perdem a serenidade necessária para seguir a dinâmica do cotidiano com

flexibilidade e criatividade.

Para as pessoas identificadas com o Traço 2 a questão que mais afeta é a

tentativa de corresponderem as expectativas dos outros. Na busca de servirem,

atendendo atenciosa e agradavelmente as necessidades alheias, distanciam-se do

que realmente precisam e almejam. Reduzem a sua consciência sentindo-se

orgulhosas por serem úteis e depois ficando magoadas e cobrando porque ninguém

as valoriza como merecem. Dessa forma, perdem a humildade para saber quando

devem doar a si mesmas e quando devem doar-se para os outros.

37 DANIELS, D.; PRICE, V. A essência do Eneagrama. São Paulo: Pensamento, 2000. 38 A personalidade é formada durante os 30 primeiros anos de vida do ser humano a partir de três

tipos de influências: genética; ambiental; escolhas da pessoa. A determinação genética predispõe o indivíduo para certos tipos de temperamentos ao invés de outros. A determinação ambiental o ensina valores e crenças culturais, as quais são reveladas pelos grupos sociais de sua convivência. As escolhas da pessoa referem-se a uma autodeterminação, ou seja, cada um reage as suas circunstâncias de vida de um modo. Seguindo ou não as predisposições genéticas, aceitando ou refutando os padrões apresentados pelo seu meio e escolhendo comportar-se de certa maneira diante da existência, o indivíduo vai construindo a sua personalidade, o seu modo próprio de sentir, pensar e agir.

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12PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

Para as pessoas identificadas com o Traço 3 a questão que mais afeta é o

desejo de serem reconhecidas. Na busca de obter sucesso naquilo que realizam

apegam-se demais a imagem que os outros têm delas, preocupando-se em se

projetar como alguém de valor. Reduzem a sua consciência fazendo muitas coisas

ao mesmo tempo para atingir resultados com eficiência e ficando impacientes com o

que (ou quem) atrapalha os seus planos de ação. Dessa forma, enganam-se,

identificando-se com suas atividades, e perdem a autenticidade.

Para as pessoas identificadas com o Traço 4 a questão que mais afeta é a

vontade de serem especiais. Na busca de originalidade, sentem-se muito diferentes

dos outros e sofrem por não estarem vivenciando o que gostariam. Reduzem a sua

consciência comparando-se com os outros e imaginando situações de conquista e

realização de objetivos de difícil concretização. Dessa forma, afastam-se do aqui e

agora, entrando num estado de carência afetiva e melancolia.

Para as pessoas identificadas com o Traço 5 a questão que mais afeta é

quererem compreender intelectualmente tudo que acontece a sua volta. Na busca

de serem independentes e preservarem sua privacidade, acumulam conhecimentos

sobre as coisas e pessoas para não precisarem interagir muito. Reduzem a sua

consciência isolando-se socialmente, refugiando-se no seu mundo mental e não

entrando em contato com seus sentimentos. Dessa forma, tornam-se avaras de si

mesmas, não se doando para os outros e tendo dificuldade de receber carinho e

realizar trocas emocionais.

Para as pessoas do Traço 6 a questão que mais afeta é uma incessante

necessidade de apoio e orientação. Na busca de se sentirem seguras, apegam-se a

rotinas, regras e pessoas de uma maneira rígida. Reduzem a sua consciência

preocupando-se demais em como prevenir possíveis problemas futuros. Dessa

forma, ficam presas numa dúvida constante e em um medo paralisante que as

impede de confiar em si mesmas, nos outros e na vida.

Para as pessoas do Traço 7 a questão que mais afeta é um incansável anseio

por experiências positivas e agradáveis. Na busca de serem felizes e se

satisfazerem, estão sempre tentando achar algo novo que lhe trará um prazer

diferente. Reduzem a sua consciência planejando situações idealizadas de auto-

realização, as quais dificilmente trazem o que elas esperam. Dessa forma, entram

num processo de euforia e excitação e adquirem uma dificuldade de enfrentar as

rotinas do cotidiano e seus problemas pessoais e de relacionamento com os outros.

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13PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

Para as pessoas identificadas com o Traço 8 a questão que mais afeta é o

desejo de determinar o curso da própria vida. Na busca de serem “donas do próprio

nariz”, acabam expressando suas crenças e vontades de uma maneira defensiva,

impositiva e agressiva. Reduzem a sua consciência disputando poder, “lutando” e

pressionando para obterem o que querem. Dessa forma, tendem a invadir o espaço

pessoal dos outros, os deixando inibidos para um contato mais estreito e gratificante.

Para as pessoas identificadas com o Traço 9 a questão que mais afeta é o

anseio de manter a paz e o equilíbrio interior. Na busca de não entrarem em conflito,

deixam de lado suas opiniões e vontades, fazendo o que é necessário para manter o

ambiente a sua volta em harmonia. Reduzem a sua consciência, protelando

decisões e ações por realizarem o que é secundário ao invés do mais importante no

momento. Dessa forma, ficam presas a uma preguiça, a uma apatia que as deixa em

uma postura fatalista de indiferença: “Não adianta fazer nada!”.

No âmbito coletivo, a consciência também é diminuída pela identificação do

grupo com um dos nove pontos principais do Eneagrama. O pessoal e o grupal

estão interligados e influenciam-se mutuamente. Quando os padrões de um dos

nove Traços Principais são enfatizados por um grupo, seus participantes tendem a

aprisionar-se a ele. Apesar de cada indivíduo ter o seu Traço Principal, acaba

focando a atenção também nas questões fundamentais do Traço Principal exaltado

pelos grupos sociais nos quais convive.

ENEAGRAMA E TRANSFORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA

Do ponto de vista do triângulo eneagramático, o processo de transformação

da consciência começa quando o indivíduo ou grupo percebe com qual centro está

mais identificado. A fixação em um dos centros gera uma fragmentação da

consciência e compreender isso permite a (s) pessoa (s) transitar também entre os

outros dois.

Trata-se de se movimentar do centro físico para o emocional e mental

livremente e vice-versa, a depender da situação, expressando-se por meio dos

instintos, sentimentos e pensamentos. Dessa forma, o indivíduo ou grupo recupera o

contato com a sua essência de ser um todo integrado (instintivo-emocional-mental) e

sua consciência se expande proporcionando evolução e crescimento.

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14PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

Com relação aos nove pontos do Eneagrama, há a transformação da

consciência quando o indivíduo ou grupo deixa de se identificar com o seu Traço

Principal. O apego a esse padrão específico tolda a percepção e conhecer como

isso se dá permite ir além dele, revelando outras possibilidades de ação. Consiste

em recuperar o contato com a essência, a qual é caracterizada por um estado de

liberdade, flexibilidade e criatividade de ser o que se é em cada momento da

existência. Assim há a expressão dos dons ligados ao ponto eneagramático em

questão e não os comportamentos compulsivos.

No ponto do 1 do Eneagrama, isso significa perceber que há várias maneiras

de se fazer algo e que perfeição não é atingir um estado específico, mas sim estar

sempre aperfeiçoando-se, respeitando os limites evolutivos do momento. No ponto

2, isso significa perceber que há espaço para as necessidades de todos serem

atendidas e que ser altruísta é doar-se tanto para si mesmo quanto para os outros,

sem cobranças.No ponto 3, isso significa perceber que o sucesso e o valor não vêm

da quantidade de conquistas, mas sim da qualidade do que se é oferecido e da

verdade com que isso é mostrado.

No ponto 4, isso significa perceber que não existe nenhuma manifestação

igual no mundo e que, por isso, tudo tem a sua especialidade e importância. No

ponto 5, isso significa perceber que o conhecimento necessário para a compreensão

e vivência da realidade está dentro de si mesmo e não no acumulo de informações

intelectuais. No ponto 6, isso significa perceber que apesar de existirem riscos na

existência sempre haverão recursos suficientes para se lidar com eles e, por isso,

pode-se confiar em si mesmo, nos outros e na vida.

No ponto 7, isso significa perceber que e a satisfação e a felicidade

verdadeiras só se concretizam quando escolhas são feitas e ações são realizadas

até o fim. No ponto 8, isso significa perceber que tudo está relacionado com tudo e

que, para se alcançar objetivos, é necessário uma interação harmoniosa entre as

pessoas e grupos. No ponto 9, isso significa perceber que para alcançar o que se

quer é fundamental enfrentar obstáculos e conflitos por meio de uma ação firme e

correta, a qual leva em consideração os vários aspectos da situação.

Portanto, o Eneagrama funciona como um excelente mapa de consciência, o

qual auxilia na identificação de processos obstrutores de consciência e na

transformação deles. É como explica Zuercher (2003, p.7):

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15PRUDENTE, André. O eneagrama como mapa de consciência. In: SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE CONSCIÊNCIA, 1., 2006, Salvador. Anais... Salvador: Fundação Ocidemnte, 2006. 1 CD-ROM.

A medida que estudamos o eneagrama, vamos gradualmente vendo que frustramos aquilo que mais desejamos para nós mesmos. Tomamos consciência daquilo que nos tolda a percepção e bloqueia a nossa energia. Ficamos conhecendo aquilo que instila o medo em nosso coração e o paralisa, bem como aquilo que o leva a ter uma reação automática, compulsiva. Passamos a ter conhecimento dos padrões da dinâmica pessoal e dos temas da vida em sua repetição na experiência. Por meio dessa percepção, podemos nos reconciliar com o nosso próprio ser e aprender a fluir com as nossas energias vitais. Descobrimos que talento nosso constitui uma dádiva para os outros e para nós mesmos. Em outras palavras, passamos a conhecer cada vez mais a nossa realidade.

REFERÊNCIAS

DANIELS, D.; PRICE, V. A essência do Eneagrama. São Paulo: Pensamento, 2000. MAITRI, Sandra. A dimensão espiritual do Eneagrama. São Paulo: Cultrix, 2000. MELENDO, Maite. O Eneagrama. São Paulo: Loyola, 2001. NARANJO, Cláudio. Os nove tipos de personalidade: um estudo do caráter humano através do Eneagrama. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997. PALMER, Helen. O Eneagrama no amor e no trabalho. São Paulo: Paulinas, 1999. PATERHAN, Christian. Eneagrama: um caminho para o seu sucesso individual e profissional. São Paulo: Madras, 2003. RISO, D. R.; HUDSON, R. A sabedoria do eneagrama. São Paulo: Cultrix, 1999. ROHR, R; EBERT, A. Eneagrama: as nove faces da alma. Rio de Janeiro: Vozes, 1992. ZUERCHER, S. A espiritualidade do Eneagrama. São Paulo: Paulus, 2003. WILBER, Ken. Uma breve história do universo: de Buda a Freud. Rio de Janeiro: Nova Era, 2001. WEBB, Karen. Eneagrama. São Paulo: Avatar, 1998.