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JORNAL DOS JORNALISTAS NOVEMBRO - 2010 número 333 Cobertura eleitoral afetou a credibilidade da mídia? Jornalistas e intelectuais analisam desempenho da imprensa na campanha política Págs 11 a 13 Deflagrada a Campanha Salarial de Rádio e TV Pág. 3 Plebiscito aprovou reajuste de Jornais e Revistas Pág. 3 Foto de autor desconhecido do culto na Catedral da Especial 35 anos da morte de Vladimir Herzog - Equipe que trabalhou com Vlado na TV Cultura relata os seus últimos momentos Págs. 7 a 9 - A cerimônia de entrega do 32º Prêmio de Jornalismo Págs. 6 e 10 - Fotos inéditas do culto em memória do jornalista Pág. 16 Diretora do Sindicato revive dias da prisão política com Dilma Rousseff Pág. 5 Roberto Stuckert Filho

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JORNAL DOS JORNALISTAS NOVEMBRO - 2010 número 333

Cobertura eleitoral afetou acredibilidade da mídia?Jornalistas e intelectuais analisam desempenho da imprensa na campanha política

Págs 11 a 13

Deflagrada a Campanha Salarial

de Rádio e TVPág. 3

Plebiscito aprovou reajuste de Jornais

e Revistas Pág. 3

Foto de autor desconhecido do culto na Catedral da Sé

Especial 35 anos da morte de Vladimir Herzog

- Equipe que trabalhou com Vlado na TV Cultura relata os seus últimos momentos

Págs. 7 a 9

- A cerimônia de entrega do 32º Prêmio de Jornalismo

Págs. 6 e 10- Fotos inéditas do culto em memória do jornalista

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Diretora do Sindicato revive dias da prisão política com Dilma Rousseff

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Rua Rego Freitas, 530 - sobreloja CEP 01220-010 - São Paulo - SP * Tel: (11)

3217-6299 - Fax: (11) 3256-7191

Os artigos assinados não refletem necessa-riamente a opinião do jornal ou do Sindicato.

Diretoria do Sindicato

E ditorial

Órgão Oficial do Sindicato dos JornalistasProfissionais no Estado de São Paulo

E-mail: [email protected] site: www.jornalistasp.org.br

DIRETORIA EXECUTIVAPresidente José Augusto de Oliveira Camargo (Guto)Secretário Geral André Luiz Cardoso Freire Secretário de Finanças Kepler PolamarçukSecretário do Interior Alcimir Antonio do Carmo Secretária de Cultura e Comunicação Rose NogueiraSecretária de Relações Sindicais e Sociais Evany Conceição Francheschi SessaSecretário Jurídico e de Assistêncial Paulo Leite Moraes ZocchiSecretária de Ação e Formação Sindical Telé CardimSecretária de Sindicalização Márcia Regina Quintanilha CONSELHO DE DIRETORESSuely Torres de AndradeLuigi BongiovanniJosé Aparecido Dos Santos (Zezinho)Cláudio Luís De Oliveira SoaresCandida Maria Rodrigues VieiraLuiz Francisco Alves Senne (Kiko)Ari De MouraWladimir MirandaLílian Mary Parise (Diretor adjunto de finanças) DIRETORES REGIONAISBauru -Flavio Augusto MelgesCampinas- Agildo Nogueira JúniorOeste Paulista-Sèrgio Barbosa Piracicaba- Martim Vieira FerreiraRibeirão Preto- Aureni Faustino de MenezesSantos-Carlos Alberto Ratton FerreiraSão José do Rio Preto- Daniele JammalSorocaba- José Antonio RosaVale do Paraíba,Litoral Norte e Mantiqueira - (Diretor adjunto do Interior) Edivaldo Antonio Almeida

COM.REG.E FISC. EXERC. PROF. (CORFEP)Douglas Amparo Mansur, Vítor Ribeiro,José Eduardo De Souza. Rodrigo da Silva Ferrari.Suplente: Alan Rodrigues (Diretor adjunto de comunicação)

CONSELHO FISCALJosé Donizeti Costa, Marcelo Carlos Dias dos Santos, Dulcimara Cirino, Carlos Eduardo Luccas (suplente) e Simone De Marco Rodrigues (suplente)

DIRETORIAS DE BASEBauru R. Primeiro de Agosto,447 sala 604E CEP. 17010-011 Tel.(14) 3222-4194E mail – [email protected] De Souza Carlos, Ieda Cristina Borges, Sergio Luiz Bento, Karina Fernanda Prado Grin e Flavio Augusto Melges (Tuca Melges)Campinas R. Dr Quirino, 1319 9° andCEP . 13015-082 Tel (19) 3231-1638

EXPEDIENTEDiretor responsável: Rose Nogueira (MTb 9736/SP) Editor: Simão Zygband (MTb 12.474/SP) Diagramação: Rubens M. Ferrari (MTb 27.183/SP) Reportagem: Ana Paula Carrion (MTb-8842/RS) Colaborador: Eduardo Ribeiro (Moagem) Impressão: Foma Certa Fone (11) 3672-2727 Tiragem:10.000 exemplares.Conselho Editorial: Jaqueline Lemos, Luiz Carlos Ramos, Laurindo (Lalo) Leal Filho, Carlos Mello, Assis Ângelo, Renato Yakabe e Adunias Bispo da Luz.

E mail – [email protected] Arnaldo Gallo Mantellato, Katia Maria Fonseca Dias Pinto, Orlando De Arco e Flexa Neto e Fernanda De FreitasOeste Paulista R. Pedro de Olveira Costa,64 Sbs da CUTCEP. 19010-100 Tel. (18) 3901-1633E mail - [email protected]ânia Brandão, Priscila Guidio Bachiega,Danilo Augusto Maschio Pelágio, Fernando Sávio Rodrigues Dos Santos, Hércules Farnesi Da Costa Cunha e Sergio Ricardo GuzziPiracicaba Pça. José Bonifácio,799 sala 22CEP.13400-120 Tel.(19) 3434-8152E mail – [email protected] Antonio Zampaulo, Luciana Montenegro Carnevale, Paulo Roberto Botão,Ubirajara Toledo,Poliana Salla Ribeiro e Fabrice Desmont’s Da SilvaRibeirão Preto R. Dr Américo Brasiliense,405 sala 404CEP.14015-050 Tel.(16) 3610 – 3740 E mail – [email protected] Luciano Piton,Eduardo Augusto Schiavoni, Antônio Claret Gouvêa e Tadeu Queiroz Da SilvaSantosR.Martin Afonso,101 6° andCEP.11010-061 Tel (13) 3219 – 4359E mail- [email protected] Ordonez Fernandes De Souza,Reynaldo Salgado,Eraldo José Dos SantosGlauco Ramos Braga, Emerson Pereira Chaves,Marcelo Luciano Martins Di Renzoe Pedro Figueiredo Alves Da CunhaSorocaba R.Cesario Mota,482 CEP.18035-200 centro Tel.(15) 3342 -8678E mail - [email protected] Mendes, Fernanda De Oliveira Cruz, Regivaldo Alves Queiroz, Emídio Marques e Marcelo Antunes CauSão José do Rio Preto R.Major Joaquim Borges de Carvalho,497 CEP.15050 -170 Vila Angélica Tel. (17) 3211 – 9621E mail – [email protected] Paganelli, Rubens Cárdia Neto, Luiz Roberto Montagna Zanatta, Sérgio Ricardo Do Amaral Sampaio, Cássia Morgon Fernandes e Antonio Carlos RibeiroVale do Paraíba, Litoral Norte e Mantiqueira R.Cons Rodrigues Alves,203 casa 02 Cep.12209-540 Tel.(12) 3241-2686E mail – [email protected] Silva, Sirlene Santana Viana, Neusa Maria De Melo,Rita De Cássia Dell’ Áquila e Fernanda Soares De Andrade

COMISSÃO DE ÉTICA Denise Fon, Roland Marinho Sierra, Antonio Raimundo Chastinet Pontes Sobrinho, Alcides Rocha, Flávio Tiné, Fernando Jorge, Dr. Lúcio França ,Cristina Charão, Antonio Funari Filho e Padre Antonio Aparecido Peres

Aumento real para Jornais e Revistas da Capital e Interior

om a eleição de Dilma Rousseff para pre-sidente, a sociedade volta a atenção sobre seu governo. Um assunto – que causou po-lêmica durante a campanha – será tema de discussão na nova gestão: a comunicação social. A posição dos veículos de comunica-ção na campanha presidencial apenas com-provou a importância do tema.

Dois pontos de vista claramente anta-gônicos estarão em análise; um que afir-ma ser necessária a criação de regras para o funcionamento da mídia dado o seu caráter social e outro que entende ser a comunicação um negócio privado que não requer a regulação do Estado.

A contraposição de ideias é saudável para a democracia. O que é irresponsável é a mistificação de que toda ação para re-gular a comunicação é um ato de censura. O discurso de que só existe regulação em sociedades autoritárias é mentiroso. No mundo contemporâneo, onde já se utiliza corriqueiramente o termo sociedade da informação, a discussão sobre o sistema midiático é constante.

Em 2003, a União Européia produziu comunicado sobre a política de regulação audiovisual dizendo que visava “promo-ver o desenvolvimento do setor audiovi-sual na União, designadamente através da realização do mercado interno”. Ele parte do princípio que “os meios audiovi-suais desempenham papel central não só no funcionamento das sociedades demo-cráticas modernas, mas também na de-finição e transmissão de valores sociais, na medida em que exercem grande influ-ência sobre os conhecimentos, crenças e sentimentos dos cidadãos.”

O trabalho traz um capítulo sobre co-regu-lação e auto-regulação. Mesmo reconhecen-do que os termos são imprecisos afirma que “nos casos em que o recurso a este mecanis-mo não der os resultados esperados, o legis-lador reserva-se a possibilidade de empregar diretamente medidas legislativas”.

Além disso, existe a Plataforma Européia de Autoridades Reguladoras (EPRA), fórum que reúne 52 entidades que regulam a rádio-difusão no continente. Entre os dias 6 e 8 de outubro, ocorreu em Belgrado a 32ª reunião da Plataforma, com presença de 135 delega-dos de 44 países. Entre os temas discutidos estava a regulação da publicidade, os méto-dos e critérios para avaliação dos serviços

O novo governo e a regulação da mídia

públicos de Rádio e Televisão e a regulação e licenciamento do sistema digital para garan-tir a presença de canais regionais e locais.

Nos EUA, tido como modelo ideal de libe-ralismo econômico, a Federal Communica-tions Commission (FCC), agência reguladora que existe desde 1934, é a responsável pela regulação das comunicações por rádio, televi-são, satélite e cabo. A agência tem um depar-tamento para tratar de assuntos e políticas para os indígenas, assim como outro voltado para os direitos dos deficientes.

Até a África possui mecanismos regulató-rios Trata-se da Rede das Instâncias Africa-nas de Regulação e da Comunicação (IARC), criada em junho de 1998 por onze entidades de diferentes países africanos, atualmente é composta por 32. Naturalmente, a realida-de dos continentes é distinta e as institui-ções se voltam para objetivos diferentes. No continente africano trata-se de estabelecer condições mínimas para organização e fun-cionamento do setor, fortemente marcado pela presença estatal.

Na Constituição o Capítulo V (Da comu-nicação social) nunca foi efetivamente im-plantado. A presença do assunto no texto legal garante à comunicação o status de direito fundamental baseado em princípio claros: I - preferência a finalidades educati-vas, artísticas, culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III - regionalização da produção cultural, artística e jornalís-tica, conforme percentuais estabelecidos em lei e IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Nos nossos meios de comunicação es-ses princípios não são levados a sério. Além disso, o capítulo sobre a comuni-cação ainda não ter sido regulamenta-do, nenhuma lei complementar sobre o assunto foi votada pelo Congresso nes-tes 22 anos. Sequer o Art. 224, que pre-vê que o Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o Conselho de Co-municação Social, oficialmente instituí-do em 1991, está em vigor.

Portanto, o governo da presidente Dilma Rousseff precisará, urgentemente, traba-lhar a questão da comunicação social.

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Ação Sindical

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Após uma campanha salarial que contou com a realização de três plebiscitos, os jorna-listas de Jornais e Revistas

de São Paulo obtiveram importante vi-tória, fruto da mobilização da categoria. Pela primeira vez nas últimas negocia-ções, os trabalhares conquistaram um au-mento real de salários.

A proposta aprovada foi de 5,8% de rea-juste para os salários até R$ 10 mil, que cor-responde a reposição integral da inflação (5,31%) mais aumento real de 0,5%. Para salários superiores a esse valor, incidirá o índice de inflação (INPC) sobre a diferença.

Desta forma, o piso salarial da cate-goria, com um reajuste total de 5,84%, (0,5% acima da inflação) passa a ser de R$ 1.940,00 para uma jornada de 5 horas e de R$ 3.104,00 para 7 horas. Os valores são retroativos a 1º de junho.

Segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, José Augusto Camargo (Guto), "a proposta aprovada pela categoria trou-xe para todos jornalistas aumento real e mais de 80% dos jornalistas conquistou ganho real de 0,5%”.

Para conquistar o reajuste, os jornalistas enfrentaram um patronato com pouca dis-posição de negociar. A proposta inicial era abaixo da inflação. Os empresários sequer queriam repor perdas. Nas negociações que se seguiram, as propostas foram avançando.

Os patrões do Interior foram os primei-ros a acenar com aumento real de 0,5% e os jornalistas em assembleias realizadas nas subsedes, aceitaram a proposta. Há denúncias, entretanto, que alguns deles (Tribuna de Santos e Diário do Grande ABC, por exemplo) não cumpriram o acor-do e não pagaram com o aumento em ou-tubro, como haviam acordado.

Já na Capital, os empresários endure-ceram nas negociações e queriam pagar somente inflação e um valor fixo de R$ 350,00 para os que ganhavam acima de R$ 7 mil. A proposta foi recusada.

O Sindicato patronal orientou as em-presas para dificultassem a realização do plebiscito nas redações, o que obrigou que a votação fosse realizada até na rua. O caso mais vergonhoso aconteceu na Editora Abril, que primou pela prepo-tência e pelo espírito anti-democrático e não permitiu a entrada das urnas .

Os jornalistas de Rádio e TV da Capi-tal e Interior aprovaram em assembleias realizadas no dia 26 de outubro, a pauta que reivindicação que exigirá 7,2% de re-ajuste salarial (ou seja, INPC do período + 3% de aumento real) aos salários de dezembro. Além disso, os profissionais querem piso unificado (salário para jor-nada de trabalho de 5 horas) no valor de R$ 1.600,00 e, ainda, a recomposição de perdas dos últimos dez anos (e ainda que parceladas), da ordem de 7,17% (2000 a 2009). A data-base da categoria é 1º de dezembro.

Pontos como a manutenção e atua-lização de itens que já fazem parte da atual Convenção Coletiva de Trabalho também serão abordados. O principal deles é a atualização e a inclusão de nomenclaturas de funções que surgi-ram nos últimos anos, realizadas por jornalistas, porém, não constantes da regulamentação profissional, como in-fografista, chefe de redação, produtor de conteúdo, entre outras. Outro pon-to que será discutido é a mudança de data-base, sugerindo para 1º de junho (Dia da Imprensa) e data de outros seg-mentos, como o de jornais e revistas e de assessoria de imprensa tanto para a Capital quanto para o Interior e Litoral do Estado.

“A ideia é iniciar já o processo de ne-gociação, para que elas estejam conclu-ídas no período da data-base, para que a categoria não seja prejudicada com a morosidade das negociações”, diz o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo, José Augusto Camargo (Guto).

A pauta será entregue ao Sindicato das Empresas de Radiodifusão no Estado de São Paulo (SERTESP) e aguardará a mar-cação das rodadas de negociação, que de-vem acontecer em novembro.

Os jornalistas devem participar da Campanha Salarial para fortalecer a luta por melhores salários.

Jornalistas de Rádio e TV iniciam campanha salarial

Aumento real para Jornais e Revistas da Capital e Interior

Redação

UOL

Valor Econômico

Ed.Globo

Diário SP

Diário do Comércio

Ed. Abril

Folha

Estadão

Infoglobo

Brasil Ecônomico

Ed.Três

Total

Sim

4

25

44

12

25

40

18

63

15

81

35

362 (87,5%)

Não

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5

6

13

8

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52 (12,5%)

Total

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46

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414 (100 %)

Qua

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ão

Após denúncias de irregularidades no banco de horas do jornal Diário do Gran-de ABC, o Sindicato marcou reunião com a empresa para resolver o problema. O objetivo é entrar em acordo. A proposta da empresa será apresentada e referen-dada com voto dos jornalistas.

O Sindicato também agendou reunião com a direção do Diário do Comércio e Indústria (DCI) para tratar do alto nú-mero de contratação de PJs (Pessoa Jurídica). A prática de pagamento com nota fiscal de terceiros vem obrigando os trabalhadores a abrirem empresas, pagas por eles, para receber salários.

PLR na UOL, Folha e Valor O Sindicato conquistou pagamento

da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) na UOL, Grupo Folha e Valor Eco-nômico. Todas já assinaram acordo se comprometendo a pagar.

O Grupo Folha pagará 25% do salário e o acréscimo de R$ 313,00 e será realizada em duas parcelas: março e setembro de 2011. Na UOL haverá variação de valor de até um salário mínimo no período de 2010 e 2011. A parcela deste ano já foi paga em julho e a próxima será em janeiro de 2011, se as metas da empresa forem atingidas. O Valor fixou a PLR em R$ 600,00. A data de pagamento ainda será definida.

DGABC e DCI

A Comissão Permanente e Aberta de Jornalistas em Assessoria de Comunicação (CPAJAC), do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo promove, no dia 10 de dezem-bro, às 19 horas, o workshop: "O trabalho da Assessoria de Comunicação nos grandes eventos esportivos - Copa 2014 e Olimpía-das 2016". O palestrante será o jornalista e publicitário Milton Neves.

As inscrições, limitadas, devem ser feitas até dia 03 pelo telefone (11) 3217-6291 /

Sindicato realiza workshop com Milton Neves 6299 com Eloisa. As inscrições são R$ 20,00 para jornalistas não sindicalizados e R$ 10,00 para sindicalizados em dia com as mensalidades e estudantes de Jornalismo.

A CPAJAC, coordenada por Sylvio Mi-celli, está aberta a sugestões de eventos e temas a serem debatidos pela categoria. A Comissão reúne-se toda primeira e terceira segunda-feira de cada mês. Mais informa-ções pelo e-mail: [email protected].

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Comunicação

O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo participou no dia 27 de novembro, no Sindicato dos Bancá-

rios, do ato pela liberdade de expressão em repúdio à censura à Revista do Brasil, Jornal da CUT e outros veículos que se tentou calar durante a campanha eleito-ral, seja por ações impetradas pela can-didatura do tucano José Serra (PSDB) à presidência da República ou por ações dos grande veículos contra blogs, sites e publicações independentes.

O presidente do Sindicato dos Jorna-listas Profissionais de São Paulo, José Augusto Camargo (Guto), disse que o país vive um novo momento e que atos pela liberdade de expressão, como o ocorrido em outubro no Sindicato ou o realizado no Sindicato dos Bancários marcarão nova etapa na luta pela demo-cratização dos meios de comunicação no Brasil. “Amanhã seremos reconhecidos como aqueles que iniciaram a luta contra a ditadura dos barões da mídia, tal qual foram os movimentos sociais que luta-ram contra a ditadura militar”.

Para o presidente da CUT, Artur Hen-rique, o pedido de suspensão da Revista do Brasil e do Jornal da CUT, pela coli-gação que reúne PSDB e DEM, encar-nou a tentativa de calar os movimentos sociais. Artur lembrou que o pedido de tucanos e democratas tinha mais ações que não foram atendidas, como o pedido de segredo de Justiça e a suspensão do blogue do próprio Artur.

O dirigente sindical criticou o pedido de censura aos meios de comunicação que expressam a opinião dos trabalha-dores, ao mesmo tempo em que publica-

Sindicato participa de ato pela liberdade de expressão

ções como a revista Veja estampam com liberdade em sua capa e no conteúdo as supostas virtudes de José Serra. "Eles também tentaram a suspensão da edição número 1 da revista do Brasil, mas a Veja com Serra e Aécio Neves pode, mostrar Dilma Rousseff com duas caras também pode", dispara.

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, destacou a se-riedade e os motivos que levaram ao lan-çamento da Revista do Brasil. "Quando criamos a revista não foi para contrapor a grande mídia. Foi para dar informação de qualidade para os trabalhadores", afir-ma. "Quando li a revista suspensa, com um conteúdo que nenhuma outra revis-ta tem, como a matéria sobre suicídio e assédio moral, eu tive certeza da decisão acertada de criar a Revista do Brasil para informar de verdade", afirmou Nobre. A grande imprensa, aposta o dirigente, en-frenta hoje o descrédito.

Juvandia Leite, presidenta do Sindi-cato dos Bancários de São Paulo, avalia que há interesse de "calar o projeto" da revista do Brasil que atinge a 360 mil leitores e que partidos políticos e gran-des empresas de comunicação "não conseguem controla-la". "Os meios de comunicação têm dono. O problema não é o fato de terem interesses. O pro-blema é que não dizem isso claramen-te", criticou Juvandia.

O ato foi mediado pelo diretor da Re-vista do Brasil, Paulo Salvador e teve as presenças da deputada federal reelei-ta (PSB/SP) Luiza Erundina, Altamiro Borges (Portal Vermelho), Lino e Mário Bocchini (do site censurado Falha de São Paulo), entre outros.

A Semana Nacional de Comuni-cação, organizada pela Federação Nacional dos Jornalistas e os seus 31 sindicatos filiados, ocorrida de 18 a 23 de outubro, defendeu a democratização dos meios de co-municação, a exigência do diploma e regulamentação da profissão. O ato de abertura ocorreu na Afu-besp, em São Paulo, com a presen-ça maciça da diretoria da Fenaj e de representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Esta-do de São Paulo.

Os estados realizaram debates sobre a função social da mídia e divulgaram o “Manifesto aos Jor-nalistas Brasileiros em Defesa da Democratização da Comunicação”, que convoca a sociedade brasileira a “libertar a Liberdade de Expressão e de Imprensa” do jugo dos mono-pólios da comunicação que as trans-formaram em patrimônio privado. O íntegra do documento pode ser acessado no site do sindicato, no endereço (http://www.jornalistasp.org.br)

Amparada nas deliberações da 1ª Conferência Nacional de Comunica-ção (Confecom), realizada em 2009, A Semana de Comunicação reforçou

temas fundamentais da categoria como a implementação do Conse-lho Nacional de Comunicação e a imediata aprovação, pelo Congresso Nacional, das propostas de emenda constitucional (PEC) que restabe-lecem a exigência do diploma para o exercício do Jornalismo. Em São Paulo, as atividades se concentraram sobretudo na Capital e em Campi-nas, no Interior do Estado, com par-ticipação de jornalistas, professores e alunos da PUC/Campinas

Para o presidente do Sindicato, José Augusto Camargo (Guto), a atividade nacional defendeu a de-mocratização da comunicação, luta histórica dos jornalistas e trabalha-dores no setor de comunicação em geral. “A realização da Conferência Nacional de Comunicação (Confe-com) teve significativos avanços que hoje são nossas diretrizes em defesa da liberdade de imprensa e da demo-cratização da comunicação”.

Na opinião do presidente da Fe-naj, Celso Schröder, o momento exi-ge da sociedade e dos jornalistas um amplo debate sobre a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, e este foi um dos papéis da Semana Nacional de Comunicação.

Semana Nacional de Comunicação: Democracia, defesa do diploma e regulamentação

Guto (à direita) no ato pela Liberdade

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História

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No ano de 1969, a atual di-retora de Comunicação do Sindicato, Rose Nogueira, e seu marido, Luiz Rober-

to Clauset, foram presos pela equipe do delegado Fleury, mais tarde denunciada e condenada como sendo o Esquadrão da Morte, e levada para o Dops. Separada do filho nascido há apenas um mês, Rose ficou perto de 50 dias naquele centro de torturas - hoje Memorial da Resistência - e, processada pela Justiça Militar, foi transferida para o presídio Tiradentes. Junto com dezenas de outras mulheres, também presas por motivos políticos, Rose ficou numa torre centenária, onde existiam cinco celas. Estava lá há dois meses, quando chegou a presidenta elei-ta, Dilma Rousseff.

Na época Rose era repórter da Folha da Tarde, do grupo Folha da Manhã. A empresa a demitiu por abandono de emprego, embora seus próprios jornais

Diretora recorda dias de prisão política com Dilma Rousseff

tenham dado a notícia de sua prisão. Do convívio com Dilma guarda boas lem-branças. "Eu me lembro dela estudando sem parar. Dilma tinha um grande amor pelo Brasil, a questão nacional era mui-to clara para ela. Acho que ela enxergava mais longe, já tinha um olhar de estadis-ta aos 20 anos", disse Rose no primeiro programa no horário eleitoral da TV, que mostrou a biografia da candidata do PT.

Rose se lembra também que Dilma, mesmo torturada nos porões da ditadura, defendeu a demarcação das 200 milhas territoriais marítimas, proposta pelos mi-litares.. "Isso é importante para o Brasil. Um dia a o governo militar acaba, mas as 200 milhas permanecem. São importan-tes para o país", disse Dilma.

Rose lembra que as presas dividiam tarefas de organização e limpeza da cela e que Dilma Rousseff já desempenhava um papel de liderança. Era uma militan-te bem informada, culta e chegava a dar

aulas de economia para as companheiras."Mas Dilma era muito bem humorada

também", lembra Rose. "Cantava, botava apelido em todo mundo e era muito soli-dária. Era tempo da Copa do Mundo no México, a do Tri, e torceram pelo Brasil, mesmo sabendo que a ditadura usaria a vitória da seleção como se fosse dela. "Para mim ficou claro: é impossível tor-cer contra o Brasil", diz Rose.

Além de diretora do Sindicato, Rose Nogueira, que é jornalista há 47 anos (começou com 17) e atualmente trabalha na TV Brasil, passou pela editora Abril, Folha da Tarde, TVs Globo, Bandeiran-tes e Cultura (no período de Vladimir Herzog). Sua história está ligada à defe-sa intransigente dos direitos humanos. Foi presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e é atualmente membro do grupo Tortura Nunca Mais (SP), do qual já foi presidente.

Amadeu Mêmolo – secretário da CEN da Fenaj

A carta da Chapa 2, publicada na edição de outubro do Unidade precisa sofrer cor-reção para que sua alegada pretensão de “repor a verdade sobre a disputa eleitoral na Fenaj” não ganhe ares de ... verdade!

Essa carta deve estar a serviço de algum propósito obscuro, ainda ignorado por este signatário, que teve o privilégio de exercer a função de secretário da Comissão Eleito-ral Nacional (CEN) da Fenaj, cujo comando esteve sob a serena presidência da jornalis-ta indicada pela própria Chapa 2! Ao longo das atividades da CEN, nenhum caso foi negligenciado ou ficou sem solução.

No dia 30/7, representantes das Chapas 1 e 2 encaminharam, respectivamente, pedi-do de impugnação e protesto por contagem errônea de votos. Até essa data, a CEN não havia recebido das Comissões Eleitorais Lo-cais um único registro de irregularidade que pudesse ter ocorrido no processo eleitoral.

Por respeito aos leitores do Unidade e desfazendo inverdades assacadas contra a CEN, é necessário que fique registrado que a Comissão recebeu – não rejeitou! – os do-cumentos produzidos pelas Chapas 1 e 2 no

mesmo dia e hora, dando prazo para que elas instruíssem seus pedidos, já que, pelo art. 26 § 1º do Regimento Eleitoral (RE), os trabalhos das mesas coletoras foram acom-panhados por fiscais das duas chapas.

Cada mesa apuradora, encerrada a apu-ração, é obrigada a elaborar ata que conte-rá, inclusive, apresentação de protestos e ocorrências de irregularidades. A CEN, até o final do prazo regimental, não recebeu uma única ata apontando as irregularidades arguidas nos requerimentos das Chapas 1 e 2! O que a carta da Chapa 2 para o UNIDA-DE não revela é o seguinte: a CEN, com base no art. 39 do RE, alertou os representantes presentes, no dia 30/7, sobre o prazo de três dias úteis, após a divulgação dos votos apu-rados (o que não havia ocorrido ainda no dia 30/7), para que a chapa interessada pudesse apresentar recurso instruído, objetivando impugnação de resultados, respeitando-se, entretanto, o contraditório e a ampla defesa dos possíveis atingidos.

Divulgados os votos apurados e esgotado o prazo do art. 39, a CEN não recebeu nenhum documento da Chapa 2! A ata, assinada por todos os integrantes efetivos da CEN e re-gistrada em Cartório, relata todo o ocorrido “omitido” nessa carta, inclusive que o secre-

tário da CEN, no mesmo dia 30/7, justifican-do seu voto, reitera que o protesto entregue pela Chapa 2 (apenas duas folhas) não apre-sentava uma única prova das alegações men-cionadas! Com base nas circunstâncias e no prazo dado pelo art. 39 do RE, a Chapa 2 teria tempo mais do que suficiente para cumprir o próprio Regimento Eleitoral que ela invoca nessa carta enganosa. Entretanto, a Chapa 2 não protocolou seu pedido fundamentado e instruído, como orientado pela CEN no dia 30/7, mas preferiu, dias depois, recorrer ao Poder Judiciário. Parece que a Chapa 2 não compreendeu que dentro da CEN da Fenaj, por tradição, não é o melhor lugar para ten-tar manobras que afrontam não só o seu RE, mas também os princípios éticos e morais que ainda estão em vigor em nossa profissão, como jornalistas. Independentemente de quem tenha o privilégio de integrar a CEN da Fenaj, a ninguém é dado o direito, sem pro-vas, de lançar suspeição sobre ela.

José Hamilton Ribeiro

Queria agradecer de coração a maneira ge-nerosa como Unidade deste mês tratou ma-térias a meu respeito, principalmente quanto ao lançamento, em Rio Preto, do “ Prêmio de

Cartas

Jornalismo José Hamilton Ribeiro”, iniciati-va da seccional riopretense do Sindicato.

Por outro lado, quero elogiar a colega Ana Paula, que, tendo-me entrevistado ra-pidamente, soube transcrever a entrevista de maneira completa com irreparável fide-lidade ao que conversamos, dando a ela, também, agradável exposição. Parabéns a Ana Paula e minha gratidão ao Unidade.

Heitor Augusto Estive fora alguns dias e só agora pude

ler a matéria (sobre os 60 anos de TV). Mas, já sabia que estava boa porque re-cebi e-mails de dois colegas elogiando e me parabenizando. Aliás, um deles brin-cou dizendo que fazíamos jornalismo em branco e preto. Mas, quero lhe afirmar que fiquei muito satisfeito. Primeiro, pela forma como vocês conduziram o assunto, encaixando outros companheiros com os quais tive o prazer de trabalhar. Segundo, por poder colaborar para mantermos viva a memória de fatos que marcam nossa vida. No meu caso, a televisão entrou e, repito, vivi momentos inesquecíveis.

A vocês, um carinho especial pelo profis-sionalismo e cortesia que me dispensaram.

Presidente eleita Dilma Rousseff e a foto de seu prontuário nos órgãos da repres-são

Rose Nogueira e sua foto na ficha no Dops: “Dilma tinha um grande amor pelo Brassil”

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Para que violações aos Direitos Humanos não mais ocorram

Assim como no passado, aqueles que heroicamente tombaram na luta em defesa da liberdade e do Estado democrático de Direito eram considerados terroristas, criminosos e tidos como elementos perigosos, os que atualmente lutam pela democratização das comunicações são chamados de censores” (Guto).

‘O teatro da Pontifícia Universidade

de São Paulo (TUCA), referência na luta contra a ditadura, foi palco do 32º Prêmio Vladimir Herzog de

Anistia e Direitos Humanos e do 2º Prêmio Jo-vem Jornalista Fernando Pacheco. No total, re-ceberam prêmios e menções honrosas 33 jorna-listas e três estudantes de Jornalismo. O prêmio é concedido pelo Sindicato dos Jornalistas Pro-fissionais no Estado de São Paulo, desde 1979, e hoje conta com a parceria do Instituto Vladimir Herzog, criado há um ano.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, José Augusto Camargo (Guto), abriu a solenidade relembrando a importância histórica de Vladi-mir Herzog (Vlado) para a democratização do país. Na ocasião, o jornalista denunciou ações que violam os direitos humanos e conclamou a sociedade a se envolver na luta pela criação do Conselho de Comunicação, uma das propos-tas da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que já está sendo implementada no Ceará e em vários estados brasileiros e que têm enfrentado grande resistência por parte da grande mídia.

Fazendo referência ao Plano Nacional de Di-

reitos Humanos (PNDH-3), o sindicalista fez um desagravo ao ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, presente na cerimônia, atacado e alvo de críticas nos debates sobre o Plano de Direitos Humanos.

O ministro Paulo Vannuchi agradeceu a soli-dariedade e reconhecimento do presidente do Sindicato dos Jornalistas. “Agradeço a extrema generosidade do seu gesto, Guto, que é um jor-nalista militante dos direitos humanos”. Ao se referir ao prêmio, ele salientou a importância na produção do bom jornalismo que “contribui para que a violação dos diretos humanos não ocorra mais".

O presidente do Instituto Vladimir Herzog, Ivo Herzog, apresentou os vencedores da 2ª edição do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, voltado a estudantes e anunciou o tema de 2011: “Coleta e tratamento de esgoto: um di-reito violado”. O jornalista e cronista Lourenço Diaféria, falecido há dois anos, foi homenageado.

Este ano, mais de 300 trabalhos de todo país disputaram 11 categorias de rádio, jornal, TV reportagem, TV documentário, TV imagem, fo-tografia, arte, revista, rádio e internet, além do 2º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco.

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Prêmio Vladimir Herzog

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Conheci o Vlado de passagem na redação da revista Visão, mas foi na sucursal do jornal Opinião, um conjunto de salas

no centro de São Paulo, que eu o conhe-ci melhor. Era muito exigente quanto às matérias e não se levava muito a sério. Não tinha meias palavras diante da qua-lidade de certas colaborações, mas era um gozador também.

Algum tempo depois, recebi novo con-vite: enquanto estivesse no exterior, acompanhando a Clarice numa viagem de trabalho, queria que eu o substituísse na chefia da sucursal. No Rio, onde ficava a sede do jornal, Vlado desentendeu-se com o editor por uma bobagem e saiu do jornal. Assumi o posto e meses depois, ele me convidou para ir trabalhar com ele no jornalismo da TV Cultura. Aceitei e vivemos um mês e meio na tormen-ta, a partir do dia em que ele assumiu. Os comunistas tinham tomado a TV do governo, diziam alguns deputados e jor-nalistas de aluguel, reverberando ordens vindas do submundo do regime.

Fui preso uma semana antes dele. Mandei dois recados que ele recebeu: por minha irmã e meu pai. A ambos, Vlado disse que nada tinha a ver com o PC e que eu deveria estar perturbado. O reca-do informava o que ocorria no Doi-Codi e que ele já tinha sido citado no meu interrogatório e seria preso. Só soube da prisão de Vlado depois de sua mor-te, quando os interrogadores pediram a alguns companheiros jornalistas que es-crevessem tudo o que sabiam sobre ele e tentaram provar que ele cometera suicí-dio. Foi uma conversa maluca sobre Vla-do agente da KGB, dirigentes secretos do Partidão, um documento em que o PC te-ria aderido à luta armada. Chegaram ao extremo de me fazer dar choques num torturador, girando a manivela de uma máquina cujos fios estavam nas mãos dele. Girei o mais devagar que pude, para evitar represálias...

No dia seguinte à posse de Vlado na di-reção de jornalismo, começou a campa-nha contra a Cultura, pilotada pelo jor-nalista Claudio Marques, que tinha uma coluna política influente e por diversos parlamentares. O pretexto foi uma ma-téria da BBC sobre Ho Chi Min, exibida no telejornal do meio dia e colocada no ar por um integrante da antiga equipe de jornalismo.

Enfrentamos todo tipo. Havia o que parte da imprensa publicava, discursos na Assembleia, recados do governo. Vla-

do chegou a se encontrar com o represen-tante do SNI em São Paulo. Não soube da conversa, pois já tinha sido preso. Ape-nas um exemplo: horas depois de assu-mir o jornalismo, foi ao ar um documen-tário inglês sobre Ho Chi Min. Fizeram um escarcéu. A matéria sobre o Vietnã foi motivo de uma reclamação do coronel Paiva ao secretário da Cultura. De acor-do com Mindlin, na conversa “bastante áspera, apesar da aparência cordial,” ele tentou explicar que Vlado lhe parecera um profissional sério, tinha a ficha lim-pa e não podia ser responsabilizado por algo que havia sido colocado no ar no dia de sua posse e que, portanto, era produ-to da equipe anterior. Nessas condições, argumentou, seria uma injustiça demiti-lo. O coronel reagiu com um alerta:

- Eu não estou pedindo para que o se-nhor o demita, depende do grau de risco que o senhor quer assumir.

Mindlin respondeu que não tinha medo de assumir riscos, mas que, naque-le caso, a responsabilidade não era dele,

já que a TV Cultura tinha autonomia. O coronel não aceitou o argumento:

- Mas o responsável é sempre o chefe... Combinaram que Mindlin pediria a

Vlado que fosse conversar com o coro-nel, para que este orientasse o diretor de jornalismo. Se depois disso, o telejornal continuasse avançando o sinal, a situa-ção seria diferente, acordaram.

No dia sete de setembro, um colunis-ta de triste memória, patrocinado pela construtora Adolpho Lindenbergh , dire-tor-tesoureiro da TFP assinalou:

TV Educativa continua uma nau sem rumo. Repercutindo – pessimamente – o documentário exibido pelo Canal 2, fa-zendo a apologia do Vietcong. Eu acho que o pessoal do PC da TV Cultura pensa que isto aqui virou o fio....

Quando souberam que Vlado tinha morrido, pelo que me contam os cole-gas, foi uma tensão total. O fato dos agentes terem ido à emissora prendê-lo e terem sido temporariamente engam-belados (se é que o termo se aplica)

pelos jornalistas que diziam ser impos-sível manter o telejornal no ar sem a presença do diretor de jornalismo, dá uma ideia do que aconteceu.

Por ocasião da missa na catedral da Sé, eu estava preso no Dops. Li a res-peito mais tarde e sei que foi um des-ses momentos de união geral, emoção à flor da pele e reação coletiva e pací-fica a uma série de atentados contra os direitos humanos.

Na manhã seguinte à da morte de Vla-do, eu e outros companheiros jornalistas fomos liberados para ir ao enterro, de-pois de assinar um pedido formal neste sentido e um compromisso de que nos reapresentariamos às oito da manhã de terça-feira. Havia muita gente ali, embo-ra minha memória seja meio enevoada. Reconheci muitos colegas de profissão, dom Paulo Evaristo Arns e alguns po-líticos, entre eles, os senadores Franco Montoro e Orestes Quércia e Goldman.

Encontrei Clarice ao lado do caixão la-crado. Ela me abraçou e eu lhe perguntei se ela achava que o Vlado tinha se suici-dado, hipótese que ela rejeitou com ve-emência. Randau Marques, repórter do Jornal da tarde, tentou me entrevistar. Perguntou se eu tinha sido bem tratado e respondi evasivamente:

- Depois da morte do Vlado, estão nos tratando bem.

Randau nada mais perguntou, nem eu lhe disse coisa nenhuma.

O ator Juca de Oliveira me contou dez anos depois, que não me conhecia até en-tão, mas fez questão de me abraçar lon-gamente no pátio do hospital, para evitar a ação de fotógrafos e cinegrafistas, que todos suspeitavam, estavam registrando o velório para or organismos de seguran-ça. Essa mistura de temor e resistência estava presente no velório marcado pelas crises de choro e por desmaios, mas com a participação de mais de 600 pessoas. E se reafirmou durante o enterro.

Em 1998, depois de idas e vindas pro-fissionais, Marco Antonio Coelho Filho me convidou para apresentar o Roda Viva. Voltei à Cultura, que pretendia implantar um projeto batizado de jorna-lismo público, com vários pontos de con-tato com o que Jordão, Vlado e outros profissionais sonharam realizar. Fiquei doze anos, os últimos três como diretor-presidente. Penso que Vlado não teria muito a festejar, mas também pouco a reclamar do que foi feito por lá

Paulo Markun era chefe de reportagem

Paulo Markun: “Vivemos um mês e meio de tormenta na TV Cultura”

O Jornal Unidade procurou reviver os dias da morte do jornalista Vladimir Herzog, assassinado nos porões da ditadura mi-litar, ouvindo o relato de alguns de seus

companheiros de trabalho na TV Cultura, por ocasião de sua prisão e assassinato nas

depedências do Doi/Codi.

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Fui redator chefe do Hora da No-tícia, a convite do Vlado. Tra-balhávamos juntos na revista Visão antes de ele ir para a TV.

A gente se entendia - e brigava - como irmãos. Tinhamos em comum a paixão pelo que faziamos, a esperança de fazer bom jornalismo (o termo queria dizer o mesmo para os dois), alargando os limites do possível da informação sob a ditadura. Mas, ao lado das tensões comuns ao dia a dia do ofício, das enormes limitações es-truturais da Cultura, sabíamos que se tra-tava de uma situação politicamente incer-ta. E, como dois "perfeccionistas", nunca estávamos satisfeitos com o resultado do trabalho.Conheci Vlado desde os meus 15 anos. Estudamos juntos no Colégio Es-tadual de São Paulo (antigo Roosevelt D Pedro II), na USP, embora em cursos dife-rentes, e começamos juntos na profissão (no Estadão, em 1959).

Quando ele foi preso eu tinha saído da Cultura isso foi no começo de outu-bro. Minha demissão foi pedida pelo en-tão secretário estadual de Cultura, José

Mindlin. O pretexto foi o fato de eu per-tencer à diretoria do sindicato dos jorna-listas e, nessa condição, detentor de es-tabilidade - e a presidência da Fundação Padre Anchieta, ou o governo, não que-ria na emissora funcionários que não pu-dessem ser demitidos. A razão principal, evidentemente, era política. Em retros-pecto, fica claro que o meu afastamento era parte da operação de desmanche do jornalismo independente e crítico que o Vlado tentava fazer na Cultura.

A TV em geral tinha um clima de repar-tição pública" no sentido que as pessoas usam, pejorativamente. Ou seja, apatia, corpo mole e espírito burocrático. Na Redação, o clima era de busca do melhor, exasperação constante com as limitações - era como rolar uma pedra morro acima o tempo todo – e medo de que a qualquer momento tudo fosse desabar, como aca-baria acontecendo – mas de forma que ninguém imaginava.Havia uma campa-nha pública de difamação - na coluna de Claudio Marques, no Shopping News, nos discursos do deputado estadual Wa-

Luiz Weis: “Havia uma campanha pública de difamação contra nós ”

dih Helu – que prefiguravam o pior para o nosso projeto, as pressões, natural-mente, caíam sobre o Vlado, como dire-tor de Jornalismo. Tenho certeza de que ele guardava para si boa parte delas. Mas quaisquer que tenham sido, ele nunca pensou em desistir.

Só vim da sua morte dias depois. Eu tinha sido procurado em casa na mesma noite de 24 de outubro, quando tenta-ram levar o Vlado. Não me encontraram porque estava trabalhando (na Veja). Nos dias seguintes, fiquei fora de circu-lação, enquanto a direção da revista ne-gociava a minha apresentação no QG do II Exército, aonde fui acompanhado pelo redator-chefe José Roberto Guzzo e pelo presidente do Sindicato, Audálio dantas. Dali fui levado ao DOI-Codi onde fiquei preso por uma semana.

Quando o cerco ao Jornalismo da Cul-

tura começou a se estreitar, sugeri - e o Vlado concordou - que tomássemos a iniciativa de denunciar a campanha ao governo federal. Pedi para falar com o se-cretário de Imprensa do Planalto, Hum-berto Barreto, a quem, por sinal, tinha conhecido semanas antes, ao cobrir para a TV uma ida do presidente Ernesto Gei-sel a Recife, para um evento considerado importante (a cobertura era para mos-trar que não éramos contra o governo...). Depois de ouvir o meu relato, Barreto disse que não havia motivo para nos pre-ocuparmos porque tudo não passava de "questões de política local". Lembro até hoje das sobrancelhas arqueadas do Vla-do, em sinal de perplexidade, quando lhe contei como tinha sido a conversa com o secretário e o seu comentário final, lite-ralmente inacreditável.

Conheci o Vlado na TV Cultura em 1974, onde trabalhamos juntos por alguns meses na preparação do telejornal da hora do almoço, que ele editava, e de-

pois, a partir de setembro de 1975, quando retor-nou à casa como novo diretor de jornalismo. Do bom convívio pessoal e profissional da primei-ra fase veio o convite para ser um dos editores do telejornal noturno, o “Hora da Noticia”, que deve-ria ser o principal espelho de seu trabalho.

Um trabalho que mal começou, atingido primeiro pelo clima de tensão gerado por uma campanha que tinha como principal porta-voz o colunista Cláudio Marques, dos jornais Shopping News – City News, acusando de comunista a nova direção do departa-mento e batizando a Cultura de TV Viet, e, depois, por uma série de prisões de jornalistas ligados ao Vlado, culminando com a do Paulo Markun, que era nosso chefe de reportagem.

Apesar da preocupação e tensão daqueles dias, na Redação tocávamos o trabalho na esperança de que as nuvens sumissem. O próprio Vlado pouco deixa-va transparecer do que guardava consigo. Na tarde da sexta-feira, 24 de outubro, chamou-me para uma conversa em sua sala. Falou das prisões e do

Demétrio Costa:

“Mataram o Vlado”

horror pelas torturas, que sabia, estavam sofrendo, e pediu-me que fizesse para ele o plantão do sábado, redobrando a cautela com a edição do telejornal. Que-ria passar o fim de semana com a Clarice e os filhos na chácara.

Às 9 da noite, fomos os dois para o switcher, no bloco dos estúdios, acompa-nhar a transmissão do Hora da Notícia. Vlado desceu um pouco antes do término do telejornal para ir à lanchonete, mas dois agentes do DOI-CODI já esta-vam à sua espera. Minutos depois, diante de bruta-montes que não dialogavam, ouvi, trêmulo, a argu-mentação vitoriosa do companheiro Chico Falcão para ganhar tempo e levar Vlado de volta à Redação (já com a presença da Clarice e dos dois filhos), sob a alegação de que ainda teríamos a gravação de um programa e o Departamento não poderia ficar acé-falo. Seguiram-se duas horas de mobilização até que um dos agente comunicou ao Vlado que ele poderia

se apresentar na manhã se-guinte, às 8 horas, na rua Tomás Carvalhal, sede do DOI-CODI.

Foi um grande e esperan-çoso alívio. Despedi-me do Vlado com um forte abraço, ouvindo dele um “só espero que possamos conversar ca-valheirescamente”.

Sábado à tarde, tudo o que sabíamos na Redação era que ele se havia apre-sentado normalmente,

mas só deveria ser liberado na segunda. À noite, encerrado o Hora da Notícia, fui para casa e já es-tava na cama quando atendi a ligação do Sandro Villar, da Redação, informando com voz de choro – “Mataram o Vlado!”

Desde o primeiro momento, não me recordo de nenhum companheiro que não fizesse coro ao Sandro no “mataram o Vlado”. Da conversa da véspera e do último abraço ficou para mim a certeza de quanto o próprio Vlado temia por sua capacidade de suportar tortura.

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Eu era subeditor do telejornal veiculado pela TV Cultura na hora do almoço. Chamava-se “Hora da Notícia, 1ª edição”. A

relação era profissional e respeitosa. Ele era cuidadoso com a qualidade das ma-térias e, quando necessário, conversava sobre o conteúdo e a forma daquilo que poríamos no ar. Ressalto a palavra con-versava porque era isso mesmo que ocor-ria. Não me lembro de nenhuma imposi-ção e, muito menos, de voz mais elevada. Ele sempre argumentava, sem achismos.

O nosso contato profissional foi rela-tivamente curto, interrompido de for-ma dramática. Mas ainda assim tivemos dois contatos mais pessoais. Uma vez, com minha mulher encontrei Vlado, Clarice e outro casal no Guarujá e fomos todos ao cinema. Não lembro do filme, mas lembro dos comentários do Vlado sobre o que havíamos assistido. Em ou-tra ocasião, fui a casa dele – na rua Oscar Freire – em busca de contatos de alguns médicos que ele conhecia em Londres. Era a véspera de uma viagem que eu faria para a Inglaterra e que incluía a necessi-dade de consultas médicas para a minha mulher. Vlado, gentilmente, forneceu o endereço dos médicos que haviam acom-panhado os partos dos seus filhos.

A última vez que estive com ele foi cer-ca de 12 horas antes do seu assassinato. Na sexta-feira, véspera do crime come-tido no Doi-Codi do 2º Exército, ao se encerrar o jornal da hora do almoço. Ele

Laurindo Leal: “A TV Cultura vivia um clima tenso”

Na redação, como sabíamos que tinham acontecido pri-sões de jornalistas na cida-de, da mulher do chefe de

reportagem do jornalismo da Cultura, Dilea Frate, dele mesmo, Paulo Markun, do Rodolfo Konder, Pola Galé, Sérgio Gomes, Duque Estrada e outros de vá-rias redações -, e que todos estavam no Doi-Codi, na rua Tutóia, a redação estava tensa. Igualmente era o clima em outras redações e principalmente na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo. Os telefones entre os jor-nalistas eram muitos e a paranóia,ou não, de estar sendo seguido pela ruas, a pé, por viaturas,de estar com seu telefo-ne censurado, aumentava.

Clarice Herzog e seus dois filhos, tinham ido para a redação porque era final de se-mana e ao terminar o jornal"Hora da Noti-cia", 20h30, iria com seu marido, Vladimir Herzog, para um sitio que tinham nos ar-redores. Mesmo apreensivos, pensava-se

pediu uma carona até a sede da revista Visão, na Vila Mariana. Era quase o meu caminho, já que eu morava em Moema. Conversamos pouco sobre os compa-nheiros que já estavam presos mas nada faria supor que não nos veríamos mais. Nós dois folgaríamos naquele fim de se-mana e nos despedimos na Rua Afonso Celso com um “até segunda”.

A TV Cultura vive um clima tenso. Afi-nal jornalistas estavam sendo presos e não havia certeza sobre o papel desem-penhado por alguns profissionais na redação. O Vlado havia substituído um diretor que deixara na redação homens de sua confiança. Um deles colocou no ar uma reportagem simpática ao Vietnã, um dia antes de deixar a Cultura e uma das primeiras a ser veiculada na gestão Herzog. No dia seguinte, em ação clara-mente orquestrada, o jornalista Claudio Marques denunciou em sua coluna no Shopping News que a responsabilidade sobre a matéria era da nova direção e passou a chamar quase que diariamente a TV Cultura de Vietcultura. A campanha era completada na Assembléia Legislati-va por pronunciamentos do deputado Wadih Helu cujo teor acompanhava os textos de Cláudio Marques. Como se vê, o clima não era nada ameno.

Além das relatadas na resposta ante-rior sofríamos uma pressão mais “ins-titucionalizada”: da Policia Federal com suas determinações sobre o que não po-deria ser veiculado e que ficavam coloca-

das no quadro de avisos da redação. Se antes já sussurrávamos, depois do

crime, quase não falávamos. Tornamo-nos uma raridade para a época: uma re-dação silenciosa.

Lembro da tensão que foi chegar à Pra-ça da Sé e entrar na Catedral. Havia po-liciais para todos os lados. Deixei o carro perto da antiga sede do Diário Popular e caminhei até a igreja. Havia policiais por todos os lados. Nos prédios das ruas laterais eles eram visíveis nas janelas e encostados nas paredes externas da Ca-tedral.

Lembro do enterro também que foi trágico. Além do crime cometido houve uma total falta de respeito para com os familiares e amigos do Vlado. Lembro da velocidade em que tínhamos que dirigir para acompanhar o féretro entre o Hos-pital Albert Einstein, onde se realizou o velório, e o cemitério israelita do Butan-tã. Não houve um cortejo fúnebre e sim uma correria desabalada determinada pela policia. A ordem era para que o en-terro fosse realizado o mais rapidamen-te possível, passando por cima inclusive das cerimônias religiosas. Como na Ca-tedral, alguns dias depois, era grande o número de policiais. Se não me engano não houve nem tempo para que a mãe do Vlado chegasse para o sepultamento (ou chegou em cima da hora, a conferir). Lembro apenas que o silêncio foi quebra-do por um grito de justiça (ou até quan-do?) da atriz Ruth Escobar.

Raul Varassin: “Tínhamos a sensação de estar sendo seguidos pelas ruas”

que a vida continuava normal e que o epi-sódio seria ultrapassado em breve.

Na redação, quem fechava o jornal era Demétrio Costa. Rose Nogueira era edi-tora internacional. O editor chefe interi-no era o Fábio Perez.

Gabriel Priolli, Chico Falcão, Paulo Ro-berto Leandro, Afonso de Mônaco eram alguns dos repórteres. Roberto Dupré editava o jornal da manhã.

Com o jornal fechado às 19h55 horas, Vladimir Herzog subiu para o switer com o coordenador, Osvaldo Salerno, levando os textos da edição e os filmes de repor-tagens já montados. O "Hora da Noticia", da TV Cultura, iria entrar no ar.

Tivemos a informação da portaria da rua Carlos Spera (pouco depois fechada definitivamente) que duas pessoas que-riam falar com o Vlado. Fomos lá, Chico Falcão e eu. Eram dois agentes do DOPS. Se identificaram. E entraram

Entendemos na hora o que desejavam e explicamos a eles que não poderiam "con-

versar" com o Vlado porque ele estava colocando o jornal no ar. Entramos e explicamos na redação o que estava acontecendo.

Paulo Nunes, repórter setoris-ta da área militar, ligou para os militares do Doi/Codi. A pressão era total. Clarice recebeu conse-lho de pegar o Vlado na suíte e sair pelos fundos com os filhos. Vlado não aceitou. "Nada tinha a temer e tudo seria explicado", falou.

Contatos houveram com o secretário da Cultura, José Mindlin, a quem a TV Cultura era, e é, subordinada. Sem outra opção, Chico Falcão e eu fomos então, de viatura da emissora, até a casa do presi-dente da Fundação Padre Anchieta, Rui Nogueira Martins, nos Jardins, explicar o que estava acontecendo e pedir sua in-tervenção para evitar a prisão do Vlado. Depois de nos atender pela janela, pediu para que fossemos encontrar o chefe de segurança da fundação, que era tio do

delegado Sergio Paranhos Fleury para encaminhar uma solução. Seguimos para a casa dele e o apanhamos.

Quando chegamos na redação, estava sendo fechado um acordo com o capitão (ou coronel?) Ubirajara,(nome ficticio), chefe do Doi/Codi da época. O acordo permitia que Vlado fosse dormir em casa com a família e que o setorista Pau-lo Nunes fosse junto. Cedinho no sábado dia 25, Vlado e Paulo Nunes se apresen-tariam no Doi/Codi, na rua Tutóia,"para prestar esclarecimentos".

Raul Varassin era redator de notícias

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Unidade: É justo que profissionais de comunicação que não compartilham da mesma posição política de seus veículos sejam punidos por expressar opiniões ou questionar fatos discordantes da li-nha editorial do veículo?

Dalmo Dallari: Não considero justo exigir que os profissionais de comunica-ção compartilhem da mesma posição po-lítica dos dirigentes dos veículos para os quais trabalham. Esses profissionais são pessoas livres, com todos os direitos ine-rentes à cidadania, entre os quais o direi-to de ter e de externar livremente suas opiniões políticas. É evidente que isso não lhes dá o direito de utilizar os meios postos à sua disposição por força do con-trato de trabalho para fazerem proseli-tismo, defendendo suas idéias políticas e fazendo propaganda de seus candidatos a um cargo eletivo. Mas é óbvio que na abordagem dos temas, na transmissão de informações e no comentário sobre os fatos estará, inevitavelmente, refleti-da sua posição política, assim como sua avaliação ética do assunto comentado. O que é lícito exigir do profissional é que ele respeite a verdade. Nesses termos, um comentário sobre os altos preços do pedágio no estado de São Paulo tem por base um fato verdadeiro, que a imprensa em divulgado. E evidentemente o comu-

FOTOGRAFIATortura em domicílioGuto Kuerten - Diário Catari-nense

Menções honrosasDe frente para o crimeWeimer Carvalho - O Popular de GoiásMorta ao sair da delegaciaNey Douglas Marques - Novo Jornal, Rio Grande do Norte/RN

JuradosElvira Alegre, Amâncio Chiodi e Kiko Farkas

RÁDIOInfância perdidaFabiana Maranhão, Sofia Costa Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa Cortez - Rádio Jornal (PE)

Menções Honrosa Desaparecidos... feridas que não cicatrizam, de Letícia Cardoso e Rodrigo Lira, Rádio CBN Vitória (ES)Poder que abusa, Carlos Morais, Fábio de Figueiredo Mendes, e Glynner Freire Brandão Costa, Rádio Jornal Recife AM 780 (Sis-tema Jornal de Comércio)

Jurados: Benê Rodrigues, Benê Correia e Oswaldo Luiz Colibri Vitta

JORNAL Crimes de maioRenato Santana - A Tribuna (San-tos-SP)

Menções honrosas Diários da liberdadePaula Sarapu - O Dia (Rio de Ja-neiro)Inquisição - no rastro dos amaldi-çoadosDemitri Túlio, Luis Henrique Campos, Cláudio Ribeiro, Ana Mary C. Cavalcante e Fátima Su-

dário - O Povo (Fortaleza-CE)Jurados

Sinval Itacarambi, Paulo Salvador e Rose Nogueira

LIVROO Cardeal e o repórter - histórias que fazem HistóriaRicardo Carvalho - Editora Global

Menção HonrosaNão foi por acaso - A história dos trabalhadores que construí-ram a Usiminas e morreram no massacre de Ipatinga, de Marce-lo Freitas, Comunicação de Fato Editora

JuradosProfessor Mario Sergio de Mora-es, Maurice Politi e Mouzart Be-nedito

INTERNET O Verbo se fez vidaInês Calado - JC Online

Menções HonrosaFilhos do tremor - Crianças e seus direitos em um Haiti devastado, de Marcelo Bauer (webdocumen-tátio) Infância perdida, de Fabiana Ma-ranhão, Sofia Costa Rego, Vanes-sa Beltrão e Vanessa Cortez, JC Online

JuradosGilberto Nascimento, Rodrigo Sa-vazoni e Dácio Nitrini

ARTE Crime e CastigoFernando de Castro Lopes, Cor-reio Braziliense

Menção HonrosaFidel solta um passarinho, de SA-MUCA - Samuel Rubens de Andra-de, Diário de Pernambuco

JuradosProfessor Adolpho Queiroz, Mar-

ly Bolina e Elifas AndreatoTV/Reportagem

Infância roubadaFabiana Maranhão, Sofia Costa Rego, Vanessa Beltrão e Vanessa Cortez, TV Jornal do Comércio (SBT)

Menção HonrosaCombate à tortura - CDHM (par-te 1 e 2), Hanna Costa, Adson Sousa Palma, Fábio Henrique Pedrosa, Luciana César Cordei-ro Couto e Sebastião Vicente TV Câmara

Menção HonrosaPresídios - sobrevivendo no infer-no, Thatiana Brasil, Célio Galvão e equipe, Rede de Televisão Record

JuradosDr. Belisario dos Santos Jr. , Raul Varassin e José Vidal Pola Galé

TV DOCUMENTÁRIO Vencedor - Raça HumanaDulce Queiroz e equipe - TV Câ-mara

Menções HonrosaParedes pintadasPedro Santos e equipe - TV UFSCPistolagem: tradição ou impuni-dade?, de Paulo Garritano, Gél-son Domingos e Carlos Alexan-drino - TV Brasil

JuradosEvaldo Dell'Omo, Nelma Salomão e Antônio Carlos de Jesus

IMAGEM Rebelião Fundação CasaCarlos Velardi - EPTV/Rede Glo-bo (Campinas)

Menção HonrosaSérie Sertão NordestinoKaká Trovo (Carlos Renato Tro-vó) - TV Clube/Bandeirantes (Ri-beirão Preto)

JuradosEvaldo Dell'Omo, Nelma Salomão

e Antônio Carlos de JesusREVISTA

Escravas da modaMaria Laura Neves, Revista Ma-rie Claire

Menções HonrosaGrupos de extermínio matam com a certeza da impunidade, de Tatiana Merlino, Revista Caros AmigosTerra sem leiCarlos Juliano Barros , Revista Rolling Stones

JuradosMagda Oliveira, Ana Trigo e Ri-

Os jornalistas premiados P rêmio Vladimir Herzog

valdo ChinenEspecial

Saúde como direito do cidadãoHanseníase: a marca do estigmaSolange Calmon e equipe - TV Se-nado (DF)

Menções HonrosaFeirão do abortoEduardo Faustini e equipe - Fan-tástico - TV GloboAmor nos tempos da AidsPâmela Oliveira - O Dia (RJ)

JuradosRoseli Tardeli, Dr. Samir Salman e Reginaldo Dutra

“Direito à vida e direito à justiça”

Projeto de pauta – Como os moradores de favelas paulista-nas que tiveram suas moradias incendiadas no ano de 2010 es-tão sendo atendidos pelo poder públicoEstudantes – Rodolfo Blancato de Barros e Eduardo Paschoal de Sousa.Professor Orientador – Claudio Júlio Tognolli

Universidade de São Paulo Escola de Comunicação e

ArtesProjeto de pauta – Um pacien-te muito especial: retrato da saúde adolescente no BrasilEstudante – Lucas de Tomma-so Gomes CarvalhoProfessor Orientador – Cris-tiane Henriques Costa

2º Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de ComunicaçãoProjeto de pauta – Uma causa, um gesto, um direito para todosEstudante – Elizângela Ma-liszewski Professor Orientador – Dei-vison Moacir Cézar de Campos

Universidade Luterana do Brasil

Especial – “Violência contra a mulher”Projeto de pauta – Face obscu-ra: retratos de uma realidade da violência contra mulherEstudantes – Beatriz Sobral Ba-ckes Costa, Bruna Kfouri Portella e Vanessa de Cássia SerafimProfessor Orientador – Deni-se PaieroUniversidade Presbiteriana Ma-ckenzie

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A polêmica do alinhamento político dos veículos de comunicaçãoO jornal Unidade convidou quatro importantes personalidades da vida institucional brasileira para falar sobre a questão da credibilidade da imprensa ao assumir a defesa de determinada candidatura na campanha eleitoral. Os entrevistados se posicionaram sobre a questão da liberdade de imprensa, sobre demissão de jornalistas que não seguem a linha editorial do veículo e outras

consequências que esta decisão pode oca-sionar. Esta situação ficou transparente após editorial publicado, dias antes da votação do 1° turno, no jornal O Estado de São Paulo (Estadão), que assumiu apoio ao candidato do PSDB à Presidên-cia da República, José Serra.Os convidados foram o professor e jurista, Dalmo Dallari, o sociólogo e cientista político Emir Sader e os jornalistas Celso

Schröder e Mylton Severiano (Myltainho). Os motivos do convite é que a campanha trouxe desdobramentos para os que traba-lham na mídia: a demissão da psicanalista Maria Rita Kehl, colaboradora do Estadão (que teve sua coluna descontinuada), o afastamento do âncora Heródoto Barbeiro do programa Roda Viva da governamental TV Cultura, quando questionou Serra sobre o preço abusivo nos pedágios nas

estradas paulistas e a ação movida pelo jornal Folha de São Paulo contra o blog “Falha de São Paulo”, assinado pelos jor-nalistas Mario e Lino Bocchini, que satiri-zava a posição política do jornal paulista. Também teve aspecto de censura o pedido realizado pelo PSDB junto à Justiça Eleitoral de recolhimento dos exemplares da Revista do Brasil e do jornal da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Unidade: É justo que profissionais de comunicação que não compartilham da mesma posição política de seus veículos sejam punidos por expressar opiniões ou questionar fatos discordantes da li-nha editorial do veículo?

Dalmo Dallari: Não considero justo exigir que os profissionais de comunica-ção compartilhem da mesma posição po-lítica dos dirigentes dos veículos para os quais trabalham. Esses profissionais são pessoas livres, com todos os direitos ine-rentes à cidadania, entre os quais o direi-to de ter e de externar livremente suas opiniões políticas. É evidente que isso não lhes dá o direito de utilizar os meios postos à sua disposição por força do con-trato de trabalho para fazerem proseli-tismo, defendendo suas idéias políticas e fazendo propaganda de seus candidatos a um cargo eletivo. Mas é óbvio que na abordagem dos temas, na transmissão de informações e no comentário sobre os fatos estará, inevitavelmente, refleti-da sua posição política, assim como sua avaliação ética do assunto comentado. O que é lícito exigir do profissional é que ele respeite a verdade. Nesses termos, um comentário sobre os altos preços do pedágio no estado de São Paulo tem por base um fato verdadeiro, que a imprensa em divulgado. E evidentemente o comu-

Dalmo Dallari: “Fazer campanha de candidato é uma degeneração da liberdade de imprensa”

nicador não poderá ser forçado a dizer que considera justo e razoável o que, em sua avaliação baseada em fatos, tendo em conta os valores sociais e as opiniões externadas por representantes de enti-dades da sociedade civil, é injusto e deve ser noticiado com ênfase para que seja revisto. É absolutamente injusto e etica-mente condenável punir um profissional porque manifesta essas idéias.

Unidade: Esta postura vai contra a prática do jornalismo e o seu papel de informar de forma imparcial. Em sua opinião esta prática abala a credibi-lidade do veículo ou dos profissionais em questão?

Dalmo Dallari: A punição do profis-sional que, cumprindo seu dever com inatacável nível ético externa uma opi-nião serena, imparcial e desprovida de sectarismo sobre fato que é verdadeiro, é injusta e anti-ética. A manifestação de opinião nesses temos é um serviço público relevante e faz parte do conte-údo essencial da liberdade de opinião e expressão, que é atributo da cidadania no Estado Democrático. É óbvio que a punição do profissional que usou desse modo a sua liberdade de expressão é um atentado à prática do bom jornalismo e ao seu papel de informar respeitando a verdade, sem ocultar ou distorcer os fa-tos de que tem conhecimento e que são de interesse público. Não há dúvida de

que a punição dos profissionais em tais circunstâncias é uma injustiça evidente e tem efeito negativo sobre a credibilidade do veículo e de seus dirigentes.

Unidade: Como você analisa o fato elei-toral da imprensa assumir claramente sua preferência política e fazer campa-nha para determinado candidato?

Dalmo Dallari: O fato de um gran-de órgão de imprensa, não vinculado a partido político, assumir claramente sua preferência política, fazendo cam-panha em favor de determinado candi-dato, é uma degeneração da liberdade de imprensa. Com efeito, o que justifica a garantia constitucional da liberdade de imprensa. Com efeito, o que justifica a garantia constitucional da liberdade de imprensa é o pressuposto de que ela é um veículo de todo o povo, que infor-ma com imparcialidade. Ela influi sobre a formação das opiniões, mas a forma-ção que a imprensa proporciona deve ser decorrência do conhecimento e da avaliação que fazem seus usuários de um noticiário imparcial. A publicação de artigos em favor de um candidato não

é criticável, se for assegurado o mesmo espaço aos que adotam posições divergentes, mas a pu-blicação dessa matéria deve ser de inteira responsabilidade dos signatários, sem a afirmação ou insinuação de que essa ou aquela é a posição do veículo. Tenha-se em conta, além disso, que o en-gajamento de um grande órgão de imprensa na campanha de candidato implica, também, uma interferência ilegal do poder eco-nômico na disputa eleitoral.

Unidade: Como fica a credi-bilidade dos profissionais que

foram punidos como Maria Rita Kehl, Lino Bocchini e Heródoto Barbeiro?

Dalmo Dallari: Os profissionais de imprensa que foram punidos por mani-festarem uma opinião serena e impar-cial, sobre fatos verdadeiros, desagra-dando as preferências dos proprietários e dirigentes dos veículos, como ocorreu com Maria Rita Kehl, Lino Bocchini e Heródoto Barbeiro não têm afetada sua credibilidade, pois o conjunto das cir-cunstâncias deixou evidente que eles foram vítimas da intolerância. Qual-quer pessoa razoavelmente informada desses fatos, e respeitadora dos prin-cípios fundamentais da sociedade de-mocrática, não tem dúvida de que eles sofreram uma injustiça. A partir de ago-ra eles serão conhecidos como profissio-nais respeitáveis que foram vítimas da intolerância totalitária.

Dalmo de Abreu Dallari - É jurista e professor emérito da Faculdade de Direito da Universida-

de de São Paulo (USP) e professor catedrático da UNESCO na cadeira de Educação para a Paz,

Direitos Humanos e Democracia e Tolerância.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de ComunicaçãoProjeto de pauta – Uma causa, um gesto, um direito para todosEstudante – Elizângela Ma-liszewski Professor Orientador – Dei-vison Moacir Cézar de Campos

Universidade Luterana do Brasil

Especial – “Violência contra a mulher”Projeto de pauta – Face obscu-ra: retratos de uma realidade da violência contra mulherEstudantes – Beatriz Sobral Ba-ckes Costa, Bruna Kfouri Portella e Vanessa de Cássia SerafimProfessor Orientador – Deni-se PaieroUniversidade Presbiteriana Ma-ckenzie

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Unidade: Como você analisa a atu-ação dos meios de comunicação na co-bertura da campanha eleitoral?

Schröder: Esta é uma luta política contra as ações predatórias que envol-vem mentiras e silêncios. O que está por trás de tudo isto é a disputa do concei-to de liberdade de expressão. É isto que está em jogo. Espertamente, a mídia se apropriou disto, sequestrou o conceito e junto com ela a ideia de liberdade de im-prensa. E eles usam isso como se fosse um sinônimo. Na verdade, a liberdade de imprensa é um dever que empresas e jornalistas, inclusive têm de realizar. A profissão como um direito da sociedade.

Unidade: E a democratização dos meios de comunicação. Ela é possível no país?

Schröder: É uma luta difícil e com-plexa porque nós não temos espaço para fazê-la, já que os empresários têm ao seu lado organizações internacionais onde o fato de ter comprado um jornal lhe dá o direito de dizer o que quiser sem que isto tenha algum tipo de controle da socieda-de. Isto é inominável, é absolutamente contraditório com a ideia generosa de que a liberdade de expressão é o direito que o cidadão tem de falar e ouvir o que ele quiser. Para isso, é preciso ter pessoas que o façam e quem realiza isto é a imprensa.

Unidade: Como romper com este mo-delo?

Schröder: Temos que combater isto em várias frentes. Uma delas é conceitual-mente. Temos que constituir aliados que tenham coragem de mudar esta realidade. Temos que produzir opiniões a respeito. Temos que disputar a opinião pública e trazer o debate para luz do dia e dizer “olha o que significa liberdade de expres-são”. Nossa tarefa é difícil e complexa.

Unidade: Você acha que um gran-de jornal tomar decisão em defender publicamente um candidato é reflexo disto?

Schröder: Acho que a tomada de posi-ção foi reflexo da ação do presidente Lula associada à luta histórica dos movimen-tos sociais de exigir regras para comuni-cação. O Estadão se sentiu obrigado a se manifestar e tentou usar uma conhecida postura norte-americana de expressar posições estabelecidas pela elite. Ao declarar-se favorável ao candidato Serra, o jornal acha que está autorizado a jogar

Schröder: “Liberdade de expressão não é monopólio da grande imprensa”

Unidade: Qual é a sua opinião sobre a posição política assu-mida pelos grandes veículos de comunicação durante a cobertu-ra da campanha eleitoral e seus desdobramentos?

Emir Sader: Um órgão de comunicação deveria, por defini-ção, ser um órgão pluralista, reservando para os editoriais as po-sições dos proprietários. Os jornalistas, por seu lado, deveriam poder, em momentos agudos, como as eleições, usar os espaços de que dispõem para manifestar suas posições. A intolerância do pensamento único é tota-litária.

Unidade: Esta postura coloca em dúvida a credibi-lidade do veículo ou dos pro-fissionais em questão?

Emir Sader: Sim, porque se sabe que toda a edição dos meios é unidirecionada, sem pluralismo, sem objetivida-de. Mesmo quando, de forma sincera, assuma o apoio a al-gum candidato, o órgão não deveria funcionar como um órgão de partido, como tem ocorrido.

Unidade: Como você avalia a censura aos profissionais que foram punidos por emitir opiniões contrárias à linha de pensa-mento do veículo?

Emir Sader: São vitimas desse pensamento único que se aba-te sobre os órgãos atuais da mídia, punidos por expor suas po-sições livremente.

“A mídia está a serviço do que há de pior no país”, diz Myltainho

Celso Schröder, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e presi-dente da Federação dos Periodistas da América Latina e Caribe (Fepalc) faz análise a questão da democratização e da crebibilidade dos meios de comunicação, a exigência do diploma, entre outros temas.

toda publicação em defesa do candidato deles.

Não é isso que os jornais norte-ameri-canos fazem. Eles usam a parte de opi-nião, inclusive, declarando os recursos que disponibilizam para o candidato, resguardando para o conteúdo do edi-torial. A imprensa brasileira não fez isso ao posicionar-se desta maneira. Pressio-nando e demitindo seus profissionais, ela impede que os jornalistas exerçam a liberdade de expressão.

Unidade: Isso prejudica o jornalis-mo?

Schröder: Que o jornalismo está em crise todos sabem e alguns teóricos ten-dem a acreditar que os inimigos do jorna-lismo são as novas tecnologias. Há uma dimensão da sociedade, uma velocidade da vida que impede que as pessoas leiam. Eu acredito que o inimigo é o mau jorna-lismo, ou seja, fazer da informação um espetáculo e atribuir ao jornalismo di-mensão publicitária ou relações públicas a partir de interesse dos empresários. Isso sim macula o jornalismo.

Unidade: Esta tendência ganhou força com a retirada do diploma do jornalismo?

Schröder: Sim. O tiro no pé que o jor-nalismo sofreu é um tiro do fogo amigo de empresários que não conseguem com-preender os mecanismos das novas tec-nologias, que capitulam para uma lógica fácil em que o jornalismo desaparece e é substituído pela publicidade. Isto é um equívoco do ponto de vista dos seus ne-gócios. Por isto estão quebrando, falindo.

Unidade: Como reagir a este vício? Schröder: A reação deve vir da socie-dade brasileira a partir do entendimen-to de que a liberdade de expressão não é monopólio da grande imprensa. Esta realidade reafirma a necessidade de re-gulação e regulamentação. Portanto, o debate tem que ser no parlamento para que se faça um marco regulatório. É no-tório o desconforto tanto da sociedade quanto dos profissionais que são reféns deste tipo de cobertura. É imprescindí-vel conquistarmos mecanismos que pro-teja e impeça esta política insustentável. Atribuir à liberdade de expressão como uma verdade absoluta é imaginar que qualquer segmento tenha a sua liberda-de acima de qualquer outra prioridade. Isto não é possível.

Emir Sader: “A intolerância do pensamento único é totalitária”

Emir Sader é sociólogo e cientista político, graduado em Filosofia, mestre em filosofia política e doutor em ciência política pela Universidade de São

Paulo (USP), onde foi professor, de filosofia e de ciência política. Trabalhou como pesquisador do Centro de Estudos Sócio Econômicos da Universidade

do Chile e foi professor de Política na Unicamp.

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“A mídia está a serviço do que há de pior no país”, diz Myltainho

A mídia tradicional assumiu o papel de partido político contra a democratização da comunicação no país. A opinião é de Mylton Severiano, o Myltainho, um dos profissionais que fez história no jornalismo brasileiro, considerado um dos melhores textos na profissão

Mylton Severiano (Myltainho) trabalhou em diversos veículos como Folha de São Paulo, Estadão, Jornal da Tarde, revista Realidade, Quatro Rodas, Rede Globo, TV Cultura (SP), TV Tupi, TV Abril,entre outros. Escreveu a coluna “Enfermaria” para a revista Caros Amigos e edita textos do Almanaque Brasil de Cultura Popular (revista de bordo da TAM).

Unidade: Como você avalia a cober-tura das eleições presidências, onde um órgão de comunicação dá apoio um candidato. Seu apoio ultrapassa a ses-são editorial e assume também o con-teúdo da publicação e com punições para aqueles tentam mostrar os dois lados da campanha?

Mylton Severiano: Tais punições mostram justamente a verdadeira face desses santarrões da “liberdade de ex-pressão”, da “liberdade de imprensa”. Os donos dos veículos da mídia gorda são os mesmos ou descendem dos que no começo da década de 1960 iniciaram traiçoeira campanha contra a constitu-cionalidade vigente, ou seja, promove-ram o “caldo de cultura” para ali vicejar a mais facinorosa ditadura militar que este país já sofreu com a derrubada do presidente civil João Goulart, a quem acusaram de ser pró-comunista, de preparar um golpe, de rumar para uma república sindicalista – não faltou se-quer o achincalhe pessoal, com alusões a uma pretensa infidelidade conjugal da primeira-dama. (Dariam apoio inclusi-ve logístico, na sequência, caso da Fo-lhona, que fornecia caminhonetes para os antros de tortura.)

Como se vê, a técnica hoje continua a mesma: notícias sem fundamento com “acusações” sobre ninharias vão para as manchetes tentando provocar estardalha-ço, quando contra a candidata que querem impedir de vencer as eleições – ver Folhona

de domingo 17 de outubro de 2010: Irmão de diretor de estatal negocia projetos de energia (detalhe: o irmão desmentiu e saiu apenas como uma dentre inúmeras car-tas no dia seguinte; a notícia que ensejou manchete contra Dilma é aquilo que cha-mamos de pastel de vento). Mas, quando vem à baila um Paulo Preto, que se acusa de fugir com 4 milhões de reais da cam-panha do candidato que eles querem pôr em Brasília; ou quando uma ex-aluna de Mônica Serra – que saiu por aí espalhan-do a barbaridade de que Dilma é “a favor de matar criancinhas” - relembra que ela, Mônica Serra, fez um aborto constrangida pelo próprio marido, aí a notícia vai dentro do jornal, de preferência na parte de baixo da página e sem sequer chamada na capa! Ah, se Dilma tivesse feito um a borto! Deus do céu, levariam o caso em manchetes até a véspera da eleição.

E o jornalista que resolvesse questio-nar, na certa seria punido com o foram. O fato é que nossa mídia gorda, em geral, continua a serviço do que há de pior na política nacional e ainda não chegou ao estágio republicano.

Unidade: Esta postura vai contra a prática do jornalismo e o seu papel de informar de forma imparcial. Como fica a credibilidade do jornalismo?

Mylton Severiano: De saída, afirmo que precisamos avaliar melhor a questão da imparcialidade. Isto não existe e, de certa forma, é bom. Senão, bastaria um só jornal e um só noticiário de televisão – para quê vários se todos fossem igual-mente “imparciais”?

Posto isso, vamos lá. Que cada veiculo tenha seu estilo, sua escolha de pautas, o ângulo pelo qual examina os fatos, o critério de importância, desde que nos narrassem os “fatos” o mais próximo possível de como se deram. E deixassem o “opinionismo” para as páginas dos editoriais. De modo que todo veículo, assim penso eu, tem o direito e até o dever de declarar seu voto, mas separar opinião de notícia. E não é o que estão fazendo. Assim, concordo “esta prática

abala a credibilidade do veículo” e “dos profissionais em questão”.

Unidade: Como você classifica este tipo de imprensa?

Mylton Severiano: O que temos visto, especialmente nos veículos im-pressos, é um opinionismo camuflado de noticiário. Mal falaram as urnas do primeiro turno, já os jornais saiam atrás da boataria de que Dilma é a favor do aborto – note: a favor do aborto, e não da “legalização” do aborto, que é outra coisa, coisa de país realmente laico, re-publicano, com separação entre Igreja e Estado, modernismo civilizatório por cima do qual passaram como brucutus.

Uma gráfica de São Paulo recebeu a enco-menda de 20 milhões – repitamos: 20 mi-lhões – de panfletos que acusam Dilma e o PT de favoráveis ao aborto, encomendados por uma diocese paulista. Da gráfica é sócia uma irmã de Sergio Kobayashi, coordena-dor de infraestrutura da campanha de José Serra Chiricco (ele esconde o último sobre-nome). Vamos destrinchar o passado. Ko-bayashi foi no meio dos anos de 1970, auge da ditadura militar facinorosa, candidato a deputado federal pela Arena – Aliança Re-

novadora Nacional, partido que sustentava a ditadura.

Então, o caso da gráfica que ia im-primindo 20 milhões de panfletos, dos quais o primeiro (espero) milhão foi apreendido pela Polícia Federal, vi-rou uma simples chamadinha de pri-meira página na Folhona. Como vivo em Florianópolis e bem distante do centro, não sei como outros veículos publicaram a notícia. Mas, temos ple-no direito de supor que, se isto acon-tecesse com Dilma, suponhamos uma encomenda de 20 milhões de panfle-tos na gráfica de um apaniguado do PT acusando Serra, por exemplo, de lavar as mãos com álcool toda vez que aperta mão de gente do povo, Deus do céu! Era manchete diária até o fim da campanha: Cunhado da madrinha de filha de Dilma leu o panfleto e apro-vou – Irmão de amigo de ex-marido de Dilma também lava a mão com álcool – Farmacêutico de Belo Horizonte diz que pais de Dilma compravam álcool em sua farmácia – Denúncia provoca queda das ações da indústria alcoolei-ra etc.

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O vaivém do mercadoPor Eduardo Ribeiro

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Estão nesta edição do Moagem nomes como Goulart de Andrade, Luiz Voltolini, Karla Jimenez, Cristina Padiglione, Adriana Teixeira, Carlos Haag, Wladyr Nader, João Luiz Vieira, entre outros. A edição também destaca uma dúzia de lançamen-tos. Boa leitura!

CRISTINA PADIGLIONE é a nova ti-tular da coluna Sem Intervalo, do Cader-no 2, do Estadão, no lugar de Keila Jime-nez, que foi para a Folha de S.Paulo para assumir a Outro Canal, da Ilustrada.

AINDA NA FOLHA, Thais Bilenky passou a integrar a equipe de Monica Bergamo e Lulie Macedo, que dirigia a revista Serafina, passou a editora-geral do Núcleo Revistas, passando a respon-der pela área editorial e a dividir opera-ções com Cleusa Turra, que assumiu a área comercial. Iara Crepaldi, editora de Fotografia de Serafina, ficou interina-mente no lugar de Lulie.

EDMUNDO OLIVEIRA LEITE JR. migrou do portal para a Coordenação do Arquivo do Estadão. Em Conteúdos Digitais, Marcelo Hargreaves assumiu a Coordenação de Cultura, Suplementos e do portal Limão.

DEIXARAM O DIÁRIO DE S.PAULO a editora-executiva Adriana Teixeira ([email protected]), os repórteres Eric Fujita e Rafael Ribeiro e os fotógrafos João Clara, Fernando Dantas, Lawrence Bodnar e Anderson Prado. E começaram os editores Carlos Haag, para o caderno Viva, Edu Garcia na Fotografia e Daniele Fontinelle na Arte. Marcelo Pereira, que editava Fotografia, retomou o trabalho como repórter fotográfico.

ESTÁ MARCADO para o feriado de 15 de novembro o lançamento de duas no-vas edições da Rede Bom Dia de jornais, respectivamente nas cidades de São José dos Campos e Taubaté. Elas nascem de parceria entre Ferdinando Salerno, dono de O Vale, e J. Háwilla, da Traffic e Rede Bom Dia de Jornais.

A METRO BRASIl, que edita o Metro, lançou o Metro Quadrado (ou Metro²), publicação quinzenal, com tiragem de 120 mil exemplares e distribuição gra-tuita aos sábados na capital, focado no mercado de imóveis. Dirigida por José Luiz Longo a equipe conta ainda com Irineu Masiero (coordenador de Reda-ção), Paola Carvalho (editora-executiva), Vitor Iwasso (editor de Arte) e Wilson Dell´Isola, Adriana Cardillo e Marianna Pedrozo (repórteres).

CHEGOU ÀS BANCAS Lola Magazi-ne, aposta da Abril para mulheres com mais de 30 anos, que é mensal, tem cir-culação nacional e aborda temas como beleza, moda, consumo e lazer. A equipe da diretora de Redação Angélica Santa Cruz conta com Almir de Freitas (edi-tor sênior), Lena Carderari (editora de Moda), Luara Anic (editora de Beleza), Thais Gouveia (editora de Fotografia), Mayu Tanaka (diretora de Arte), Rafael Sens (editor-assistente), Carol Vaisman e Naila Maia (repórteres), e Klaus Ber-nhoeft e Bruna Sanches (designers). Na versão online, a equipe é composta por Gabriella Galvão (editora), Luísa Dalcin (repórter) e Ângela Bacon (designer).

A NASTARI EDITORES já colocou nas bancas as quatro edições simultâ-neas de Meridiani, sobre Roma, Egito, França Mediterrânea e Argentina. O títu-lo é licenciado da italiana Editoriale Do-mus. A Direção Editorial é de Walterson Sardenberg, o Berg, e ao seu lado estão Geiza Martins (editora-assistente), Leda Trota (editora de Arte), Sheila Martinez (assistente de Arte), Valdemir Cunha (editor de Imagem), Fernando Martinho (editor-assistente de Imagem) e Mario Bresighello (coordenador de tradução).

COMEÇOU A CIRCULAR em São Pau-lo a trimestral Mesa Tendências, filhote da Prazeres da Mesa. O diretor Editorial é Ricardo Castilho, que tem na equipe Mar-ta Barbosa (redatora-chefe), André Cle-mente (diretor de Arte), Ricardo D’Angelo (editor de Fotografia), Leticia Rocha (editora) e Horst Kissmann (repórter es-pecial). Os colaboradores são Alexander Landau, Alexandra Forbes, Antonio Ro-drigues, Jorge Carrara e Sérgio Coimbra.

SIBELLE PEDRAL, editora-sênior de Claudia, foi promovida a redatora-chefe. Ainda por lá, registro para as chegadas das repórteres Bruna Bittencourt (Bele-za) e Karen Fujisaki (Moda).

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO come-çou na revista Poder, de Joyce Pascowitch.

A REVISTA DO BRASIL, publicação da Editora Gráfica Atitude foi censura a pedido da coligação “O Brasil pode mais”, encabeçada pelo PSDB, de José Serra. O Tribunal Superior Eleitoral notificou a edição 52, que foi tirada de circulação por trazer na capa foto da presidenta eleita, Dilma Rousseff (PT). Além da Revista do

AOS 76 ANOS de idade e 52 de atu-ação no jornalismo, Goulart de Andrade deixou a Record News e foi para o SBT, para atuar no SBT Repórter.

CAROLINA CHAGAS voltou à rotina das redações na Rede TV. Vai cuidar de projetos especiais e ajudar na pauta de todos os programas jornalísticos.

AMIR LABAKI aceitou convite para ser o apresentador do Cultura Documen-tários, novo programa da TV Cultura que vai ao ar, de 2ª a 6ª.feiras, às 23h30.

PATRÍCIA FAZAN está cobrindo li-cença-maternidade de Liliane Oliveira, produtora do Jornal das Dez, da Globo-News

ÁLVARO OLIVEIRA FILHO assumiu a Gerência-Executiva Nacional da CBN, no lugar de Zallo Comucci, que deixou a emissora, após 19 anos de casa. Outras duas novidades foram as promoções de Leonardo Stamillo a gerente de Jornalis-mo e de André Sanches a coordenador de Esportes.

SÉRGIO NOGUEIRA passou a apre-sentar o quadro Língua Solta na Rádio Bandeirantes (AM 840 e FM 90,9), sobre questões gramaticais e curiosidades do nosso idioma.

MICHELLE TROMBELLI, vinda da CBN, começou na BandNews FM, refor-çando o time de repórteres especiais e âncoras da emissora.

WLADIR NADER lançou este mês a Escritablog (http://escritablog.blogspot.com), com foco exclusivo em Literatura, como sua antecessora, a revista Escrita, que ele criou há 35 anos e dirigiu por 13, até deixar de circular, em 1989.

JOÃO LUIZ VIEIRA deixou o portal Terra, onde havia pouco mais de um ano era editor-executivo de Vida e Estilo.

NO R7, o portal de notícias da Rede Record, o diretor de Conteúdo Antônio Guerreiro foi promovido a diretor geral. Ainda por lá, o repórter Miguel Arcan-jo Prado passou a editor de Famosos e TV, substituindo Lele Siedschlag, que

agora cuida apenas do blog Te Dou Um Dado (http://migre.me/1CmHH). Ma-rina Yakabe e Mariana Poli assumiram, respectivamente, as coordenações dos canais de Música e Moda & Beleza. Ma-riana Garcia passou a coordenar Receitas & Dietas e Bichos. Thiago Blumenthal é o novo coordenador de Cinema. E Gabriela Quintela passou a editar a home page do R7, ao lado de Daniel Pinheiro.

A FOLHA DE S.PAULO estreou em seu site a Rádio Folha, que fica online 24 horas e combina programação musi-cal com jornalismo. A rádio é um traba-lho conjunto da empresa Aorta Mobile e do Núcleo de Novas Mídias da Folha, dirigido por Ana Busch e que tem como diretor de Tecnologia Fernando Nemec e Ricardo Feltrin na Secretaria de Reda-ção. No mesmo dia, o jornal fez a primei-ra transmissão em vídeo e em rede, em caráter experimental, da TV Folha, com Fernando Rodrigues como âncora.

O BLOG DO TAS, de Marcelo Tas, dei-xou o UOL, em que estava desde 2003, e foi para o Terra (http://blogdotas.terra.com.br).

A TAM passou a fazer internamente todo o trabalho de assessoria de impren-sa que até então contava com o apoio da MVL. Costurou um acordo com a agên-cia para ficar com a própria equipe que vinha atuando no atendimento. À exce-ção da coordenadora, Silvana Cintra, que preferiu continuar na MVL, os demais profissionais foram contratados pela companhia – Roberta Isfer, Marcelo Cou-to, Adriana Stadella, Tatiana Assumpção e Catherine Midori, além de Michel Vita, que fazia parte de outro núcleo da agên-cia. Na TAM, a coordenação da área é da gerente de Relações com Imprensa Car-la Dieguez, que já tem na equipe Fideo Miya e Tathiane Cavalcante. A direção é de Marcelo Mendonça. Contatos pelos [email protected] e 11-5582-9748 / 8167 / 8153.

LUIZ VOLTOLINI deixou a Gerência da Assessoria de Comunicação Corpo-rativa da Fiesp, onde esteve por pouco mais de dois anos. Os contatos dele são [email protected] e 13-3455-9268.

VIRGINIA GARBIN, ELIZABETH BOAS e Aline de Oliveira começaram

Brasil, foi suspensa circulação do Jornal da CUT, ano 3, nº 28 e o Blog do Artur Henrique, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

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MORREU em 17 de setembro, aos 56 anos, em São Paulo, Maurício Ielo, profis-sional que se especializou em futebol do interior do estado e turfe. Esteve muitos anos no Estadão (Esportes e Economia) e passou por Gazeta Esportiva e Gazeta Mercantil. Faleceu de complicações pós-operatórias no Hospital Igesp, dois dias após uma cirurgia do coração.

O vaivém do mercadoPor Eduardo Ribeiro

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na equipe da Assessoria de Imprensa e Comunicação da Rede Record. Saíram Cristina Peter e Fernanda Guarda, para Caras, e Bruno Kono, para o iG.

RENATA HERNANDES despediu-se do Senac e começou na Luares Comuni-cações. Rosangela Florêncio assumiu a vaga dela na coordenação da assessoria de imprensa do Senac.

A MTV BRASIL tem nova equipe de assessoria de imprensa: o gerente Edgard Ribeiro Jr., a assessora Aninha Guerra e a estagiária Camila Pereyra.

ROSÂNGELA BEZERRA deixou a Ri-cardo Viveiros Oficina de Comunicação. Seus contatos são [email protected] e 11-8821-4150.

CRISTINA SEGATTO, após atuar em diversas frentes na Prefeitura de Ampa-ro, está de mudança para São Paulo. Os contatos dela são [email protected] ou 19-3817-3079 / 9121-7229.

BETE ALINA SKWARA, que estava na S/A desde 2009, volta à carreira solo, em home office, com sua B.A. Comuni-cação.

COMEÇARAM NA S/A Patrícia Acioli, Bêni Biston, Fernando Irribarra, Rafaela Trida, Luiz Giagio e Juliana Sá.

COMEÇOU A OPERAR na semana passada, em São Paulo e São José dos Campos, a agência Empório dos Textos (www.emporiodostextos.com.br). Infor-mações com Ana Gabriela Saboya ([email protected] e 11-8887-8707).

A ASSESSORIA DE IMPRENSA da Secretaria Municipal de Segurança Urba-na de São Paulo (11-3124-5197 / 5186 / 5194) passou a funcionar na rua Augus-ta, 435, 2º – CEP 01305-000. A coorde-nadora de Comunicação é Fátima Brito ([email protected]).

COMEÇOU A CIRCULAR a Revista Conexão (Editora p2i), distribuída gra-tuitamente nos bairros de Aclimação, Cambuci, Chácara Klabin e Vila Monu-mento. É dirigida por Ivan Darghan, Paulo Esteves e Paulo Pacheco.

A REVISTA AUTODATA celebrou um novo recorde editorial e comercial com a edição 254, de outubro, em que apagou as velinhas de seu 18º aniversário. Fo-ram 236 páginas (aí incluídas as quatro capas), quase cem delas de publicidade.

MASSA é o nome do novo jornal po-pular da Bahia, lançado pelo grupo A Tarde. O Correio também se prepara

para lançar um popular, cujo título pro-vavelmente será 15 Segundos.

JOSÉ MARQUES DE MELO, diretor-titular da Cátedra Unesco de Comunica-ção, recebeu em outubro o Prêmio Ibe-roamericano de Teoria da Comunicação, pela Universidade de Oviedo, da Espa-nha.

JOÃO PAULO NUCCI está de volta ao Brasil depois de passar seis meses em San Francisco, nos Estados Unidos, em temporada de estudos e frilas. Seus con-tatos são [email protected] e 11-9963-7555.

OUTRO QUE ESTÁ de volta ao Brasil é Leandro Beguoci (ex-Veja), após perí-odo de estudo em Londres. Os contatos dele são [email protected] e 11-8115-2906.

TIDA MEDEIROS, ex-diretora de nos-so Sindicato e há 12 anos morando em Brasília, para onde foi após ser aprovada em concurso público para trabalhar no Senado, aposentou-se e deixou a casa. Vai, agora, dedicar-se a projetos pesso-ais. Seu e-mail pessoal é [email protected].

VALÉRIA BARACCAT, presidente do Instituto Arte de Viver Bem, lançou o terceiro fascículo da Cartilha sobre o Câncer de Mama, para circular em hos-pitais públicos e privados do Estado de São Paulo.

MARCOS TODESCHINI (Época Ne-gócios) foi um dos quatro brasileiros selecionados pelo Programa Balboa para Jovens Jornalistas Ibero-americanos, cuja décima edição acontecerá na Espa-nha em 2011. Os outros são Vitor Bit-tencourt Rocha (A Tarde/BA), Fernando Nakagawa (Estadão/DF) e Mahomed Mahmud Saigg (O Dia/RJ). Foram mais de 2.700 inscritos em toda a América Latina para o programa, que inclui seis meses de trabalho como jornalista em Madri. As inscrições para 2012 começam em abril do ano que vem. Mais informa-ções em www.programabalboa.com.

RAIMUNDO PEREIRA escreveu O escândalo Daniel Dantas – Duas inves-tigações (Editora Manifesto), reporta-gem sobre a investigação de Protógenes Queiroz, ex-delegado da Polícia Federal, que conduziu a Operação Satiagraha, e a

investigação dele próprio, Raimundo, so-bre o trabalho do recém-eleito deputado federal pelo PC do B-SP.

HERÓDOTO BARBEIRO lançou Por dentro do mundo corporativo (Editora Saraiva), que traz uma seleção de per-sonalidades entrevistadas no programa CBN Mundo Corporativo.

RICARDO VIVEIROS é o autor de Lau-do Natel: um bandeirante, sobre a vida do ex-governador do Estado e que também presidiu o São Paulo Futebol Clube.

MÔNICA KRAUSZ lançou Almana-que de Ovnis, ETs, Alienígenas e outros seres espaciais (Panda Books).

MOUZAR BENEDITO é o autor de Pobres, porém perversos (Editora Publi-sher), seu sexto livro – um romance so-bre matutos na cidade grande.

WILLIAM SALASAR estreou no mundo do livro com A longa estrada da dívida, “uma grande reportagem sobre como o Brasil nasceu e cresceu devendo as calças, mas acabou se arrumando e vi-rando investment grade".

MATTHEW SHIRTS lançou O jeiti-nho americano (Realejo), que reúne suas 99 melhores crônicas entre as 800 que escreveu para o jornal desde 1994.

VILMAR SIDNEI BERNA escreveu Comunicação ambiental – Reflexões e

práticas em educação e comunicação am-biental (Paulus).

MAURÍCIO OLIVEIRA conta sua ex-periência de trabalhar por conta própria no livro Manual do Frila – o jornalista fora da redação (Editora Contexto).

MARÍLIA CARDOSO e Luciano Gis-si explicam a importância da educação financeira para as crianças no livro Você sabe lidar com o seu dinheiro? Da infân-cia à velhice (Primavera Editorial).

ALINE ANJOS, repórter do Jornal da Comunicação Corporativa (Mega Brasil), é a autora de Amado Batista – O canta-dor de histórias (Editora Horizonte).

ANA FLAVIA MAGALHÃES PINTO escreveu Imprensa Negra no Brasil do século XIX (Selo Negro Edições).

Um dos mais geniais músicos brasilei-ros, o saxofonista José Ferreira Godinho Filho (Casé) era quieto e despojado. Tor-nou-se mito mesmo antes de ser encon-trado morto num hotel da Boca do Lixo paulistana, em 1978. No livro Casé – Como Toca Esse Rapaz! (Prêmio Funarte de Produção Crítica em Música 2010), o jornalista e músico Fernando Lichti Bar-ros recupera a quase esquecida trajetória do saxofonista, que teve entre seus ad-miradores os críticos Walter Silva, Zuza Homem de Mello, Tárik de Souza, Ro-berto Muggiati e João Marcos Coelho.

Entre os músicos, Casé foi referência para João Donato, Paulo Moura, Sadao Watanabe, Dick Farney, Major Hol-ley, Elis Regina, Claudete Soares, Tim Maia, Raul de Souza, Julio Medaglia, Theo de Barros, Zimbo Trio e Proveta, líder da Banda Mantiqueira. A eles se alinha o escritor e também saxofonista Luís Fernando Veríssimo, que assina a quarta capa do livro: “Casé era um mú-sico extraordinário e uma personalida-de única. Teve uma vida cujo desfecho

Jornalista remonta a história do saxofonista Casé

misterioso foi o arremate final, a coda, do mito em formação.”

O autor iniciou em 2004 o trabalho que resultou na recomposição da m o v i m e n t a d a vida de Casé. “Ele passou boa parte do tempo escon-dido atrás das es-tantes de parti-tura. Começou a carreira num cir-co, tornou-se aos 13 anos o primei-ro sax alto da or-questra da Rádio Tupi e aos 20 foi tocar sem contra-to no Iraque. Apresentou-se tanto nas melhores orquestras e nos teatros mais luxuosos como nas bibocas mais remo-tas, deixou poucas gravações, que se tornaram antológicas, e foi encontrado morto aos 46 anos”, resume Fernando Barros.

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Na seção Imagem des-te mês, o Sindicato dos Jorna-listas Profissionais do Estado de São Paulo divulga fotos inéditas encontradas no arquivo da enti-dade sobre o culto ecumênico em homenagem a Vladimir Herzog, realizada na Igreja da Sé, no dia 31 de outubro, em 1975. Após ser tor-turado o jornalista foi assassinado nas dependências Doi-Codi, no dia 25. Vlado acabou virando símbolo da resistência contra a ditadura militar implantada em 1968.

As fotos retratam momento his-tórico que uniu jornalistas e socie-

Culto ecumênico revela fotos históricas

dade civil na luta contra a ditadura no país. O ato reuniu na mesma cerimônia Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo, Dom Helder Câmara, arcebispo de Olin-da e Recife, o rabino Henry Sobel e o pastor presbiteriano Jaime Wright. Audálio Dantas presidia a entidade dos Jornalistas. Foi a pri-meira grande manifestação contra a tortura e os assassinatos da dita-dura após o AI-5.

O Sindicato desconhece a autoria das fotos históricas e tenta localizar o autor ou alguém que saiba a quem elas pertencem.

P rêmio Vladimir Herzog