(18) jó

81
Jó 1 (O Livro) O Livro (OL) Copyright © 2000 by International Bible Society Jó 1 O carácter e a riqueza de Job 1Havia um homem chamado Job que vivia na terra de Uz. Era uma pessoa recta que temia Deus, e que se afastava do mal. 2-3Tinha muitos filhos - sete rapazes e três raparigas - e era muito rico: possuía 7000 ovelhas, 3000 camelos, 500 juntas de bois e 500 jumentas; tendo ao seu serviço um número considerável de pessoas. Era, sem dúvida, o mais rico comerciante de gado em toda aquela zona. 4-5Os seus filhos costumavam juntar-se para comerem e beberem juntos na casa de um deles de cada vez, convidando também as três irmãs. Nessas ocasiões comiam e bebiam abundantemente. Quando aquelas festanças acabavam, e por vezes prolongavam-se por vários dias, Job mandava chamar os filhos e santificava-os, levantando-se de manhã cedo e oferecendo um sacrifício por cada um deles. Porque Job pensava desta forma: Talvez os meus filhos tenham pecado e tenham ofendido Deus nos seus corações. Essa a razão porque fazia isso regularmente. Job é sujeito à primeira prova 6Um dia os anjos vieram apresentar-se perante Deus, e Satanás veio com eles. 7Donde vens?, perguntou o Senhor a Satanás.De rondar a Terra. 8Reparaste no meu servo Job? E em como não há na Terra ninguém semelhante a ele? É um homem recto, que teme Deus e que se afasta do mal. 9-10Sim, mas não é para admirar - ele é assim porque tu o recompensas bem, respondeu Satanás. Ele tem da tua parte protecção garantida para a sua casa e para os seus bens.

Upload: iomar-sousa

Post on 01-Oct-2015

234 views

Category:

Documents


9 download

DESCRIPTION

Jo

TRANSCRIPT

J 1 (O Livro)

J 1 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 1

O carcter e a riqueza de Job

1Havia um homem chamado Job que vivia na terra de Uz. Era uma pessoa recta que temia Deus, e que se afastava do mal.

2-3Tinha muitos filhos - sete rapazes e trs raparigas - e era muito rico: possua 7000 ovelhas, 3000 camelos, 500 juntas de bois e 500 jumentas; tendo ao seu servio um nmero considervel de pessoas. Era, sem dvida, o mais rico comerciante de gado em toda aquela zona.

4-5Os seus filhos costumavam juntar-se para comerem e beberem juntos na casa de um deles de cada vez, convidando tambm as trs irms. Nessas ocasies comiam e bebiam abundantemente. Quando aquelas festanas acabavam, e por vezes prolongavam-se por vrios dias, Job mandava chamar os filhos e santificava-os, levantando-se de manh cedo e oferecendo um sacrifcio por cada um deles. Porque Job pensava desta forma: Talvez os meus filhos tenham pecado e tenham ofendido Deus nos seus coraes. Essa a razo porque fazia isso regularmente.

Job sujeito primeira prova

6Um dia os anjos vieram apresentar-se perante Deus, e Satans veio com eles.

7Donde vens?, perguntou o Senhor a Satans.De rondar a Terra.

8Reparaste no meu servo Job? E em como no h na Terra ningum semelhante a ele? um homem recto, que teme Deus e que se afasta do mal.

9-10Sim, mas no para admirar - ele assim porque tu o recompensas bem, respondeu Satans. Ele tem da tua parte proteco garantida para a sua casa e para os seus bens. Fizeste-o prosperar em tudo o que faz - por isso to rico! No admira pois que te adore!

11Contudo, basta que lhe tires a riqueza, e vers como te amaldioa na cara!

12E o Senhor replicou-lhe: Podes fazer o que quiseres com os seus bens, mas no lhe toques fisicamente. Satans retirou-se da presena do Senhor.

13-15Sucedeu ento que, estando os filhos e filhas de Job comendo em casa do irmo mais velho, um mensageiro veio a correr casa de Job com esta notcia: Os teus bois estavam a lavrar, e as jumentas a pastar ao lado, quando se chegaram os sabeus que cairam sobre os animais e mataram os guardadores; s eu escapei.

16Ainda este no tinha acabado de falar quando se chega outro: Veio fogo do cu sobre as ovelhas e os pastores todos; s eu consegui escapar, e vim logo trazer-te a notcia.

17Mal este tinha acabado de falar, eis que um terceiro chega: Apareceram trs bandos de caldeus que deram sobre os camelos e mataram os teus criados; s eu escapei e consegui vir at aqui para te dar a notcia.

18-19Imediatamente aps este, apareceu ainda outro a dizer: Teus filhos e filhas estavam a fazer uma festa na casa do mais velho quando, subitamente, se levantou um forte vento do deserto que fez ruir a casa sobre os que l estava, morrendo todos; s eu escapei.

20Ento Job levantou-se, rasgou a roupa que trazia e rapou o cabelo , ficou profundamente abatido, e lanou-se por terra na presena de Deus:

21Sa nu do ventre de minha me; nada levarei quando morrer. Foi o Senhor quem me deu tudo quanto possua; por isso ele tinha o direito de tornar a levar aquiloque afinal lhe pertencia. Que o Senhor seja louvado.

22Em tudo isto Job no pecou nem atribuiu a Deus culpa alguma do sucedido.

J 2 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 2

A segunda prova de Job

1Depois os anjos vieram novamente apresentar-se perante o Senhor, e Satans chegou-se tambm com eles.

2Donde vens?, perguntou o Senhor a Satans.De passar pela Terra.

3Observaste o meu servo Job? Ele o melhor homem que h sobre a Terra - uma pessoa recta, que teme Deus e se desvia de tudo o que mal. Conservou a sua f em mim, mesmo depois de me teres persuadido a permitir que fosse ferido sem razo alguma.

4-5Pele por pele, replicou Satans. Um indivduo dar tudo para salvar a sua prpria vida. Ataca-lhe o corpo com doena, e vers se no blasfema de ti sem vergonha!

6Podes fazer-lhe o que pretendes. Ters unicamente de lhe poupar a vida.

7-8Satans retirou-se ento da presena do Senhor, e feriu Job com chagas terrveis, da cabea aos ps. Job pegou num pedao de barro, partido, para raspar as inflamaes da pele, e punha-se sentado no meio das cinzas.

9Ento a sua mulher disse-lhe: Achas que ainda vale a pena seres crente e piedoso, quando Deus te tem feito isto tudo? Amaldioa-o e deixa-te morrer!

10Ests a falar como qualquer mulher insensata. Ento, haveramos de esperar receber de Deus apenas coisas boas e no tambm coisas desagradveis? E foi assim que Job em tudo isso nunca disse nada contra Deus.

Os trs amigos de Job

11Houve trs amigos de Job que, ao ouvirem toda a tragdia que o feriu, combinaram vir juntos ter com ele para o confortarem e consolarem. Chamavam-se eles Elifaz o temanita, Bildade o suita e Zofar o naamatita.

12Ao chegarem junto de Job, viram-no to desfigurado que nem o reconheciam. Puseram-se ento a chorar e a lament-lo em voz alta, rasgando a roupa que traziam, em sinal de desespero, lanando terra sobre si como testemunho da profunda tristeza que os tomou.

13Por fim sentaram-se no cho junto dele, deixando-se estar assim durante sete dias e noites, sem dizerem uma palavra; davam-se bem conta de que no havia palavras que servissem para to grande sofrimento.

J 3 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 3

Job lamenta-se

1Por fim foi Job quem comeou a falar, e disse:

2-7Que seja maldito o dia em que nasci, o momento em que fui concebido. Que nunca mais seja lembrado. Que nem sequer Deus o recorde,que fique mergulhado nas trevas eternas. Sim, a escurido se apodere dele, nuvens negras o envolvam. Seja riscado do calendrio;nunca mais seja contado como os outros dias do ano. Essa noite seja recordada como uma noite gelada e triste.

8Aqueles que sabem amaldioar os dias e que esconjuram o Leviat,que o amaldioem.

9As estrelas da noite desapaream. Espere ancioso pela luz e nunca mais a veja,nunca mais veja a luz da manh.

10Seja amaldioado por no ter sabido fechar o seio de minha me,por ter deixado que eu nascesse para toda esta aflio.

11-16

Porque no morri eu ao nascer? Porque foi que a parteira me deixou viver? Porque razo me alimentaram com o leite materno? Porque, se ao menos eu tivesse morrido ao nascer,estaria agora sossegado;repousaria e ficaria em descanso,juntamente com governantes e chefes de estado, que viveram na pompa, e tambm com ricos senhores que viveram em luxuosas vivendascheias de tudo o que h de bom. Oh! Se eu tivesse sido um aborto,que no tivesse chegado a respirar nem a ver a luz.

17 porque ali, na morte, o malvado cessa de perturbare tambm os que esto cansados da vida repousam.

18-19

L, at os prisioneiros esto vontade,sem carcereiros a vigi-los. L se encontra tanto o rico como o pobre. O escravo, igualmente, est livre do seu senhor.

20-21

Oh, porque que a luz e a vida ho-de ser dadasqueles que vivem na misria e amargura,desejando antes da morte sem que ela venha,que procuram a morte como outros procuram comida e dinheiro?

22Que alvio abenoado, quando acabam por morrer!

23Porque que se deixa um homem nascer,se Deus lhe vai dar unicamente uma vida sem esperana, sem utilidade, cheia de frustraes?

24No consigo comer, porque ando sempre a suspirar de aflio;os meus gemidos jorram como gua.

25Aquilo que sempre receei acabou por me acontecer.

26Nunca tive muito sossego e descanso;pois apesar disso a desgraa caiu-me em cima.

J 4 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 4

Elifaz

1Resposta que Elifaz o temanita deu a Job:

2Permites-me uma palavra? Quem que poderia impedir-se de falar?

3-4No passado levaste muitas almas aflitas a confiarem em Deus,e encorajaste aqueles que estavam fracos, desfalecendo,ou que se encontravam prostrados e cados no desespero.

5No entanto agora, quando sobre ti que a desgraa se abate,ests tu em baixo.

6Em tempos como este no seria a confiana em Deusque te havia de dar fora? No deverias tu crer que Deus ainda se ocupa daqueles que so ntegros para com ele?

7Pra e pensa um pouco! J alguma vez viste algumque sendo verdadeiramente recto e inocentetivesse sido castigado?

8-9A experincia ela prpria ensinaque so aqueles que semeiam o pecado e a inquietaoque colhem as mesmas coisas. Esses morrem sob a mo de Deus.

10-11

Como lees rugem, lancem os seus rugidos selvagens;mas os seus dentes, como de lees ferozes, sero partidos;os lees velhos morrero por falta de presae os seus filhotes andaro errantes.

12Esta verdade foi-me comunicada em segredo, como que soprada aos ouvidos.

13Veio-me esta noite, numa viso, enquanto outros dormiam.

14-15

De repente, o terror estarreceu-me; tremia todo com pavor,enquanto um esprito passava na minha frente- arrepiaram-se-me os cabelos.

16Sentia a presena do esprito mas no podia v-lo ali. No meio daquele silncio horrvel ouvi uma voz:

17'Ser um simples ser humano mais justo do que Deus,mais puro do que o seu Criador?'

18At nos seus servos no confia,e os seus prprios mensageiros se podem enganar

19quanto menos ainda nos seres humanos, feitos de terra,e que se podem esmagar como se fossem simples traas!

20Esto com vida durante a manh,e pela tardinha podem encontrar-se mortos,desaparecendo para sempre, sem que algum se aperceba do caso!

21Se o fio da sua vida se quebra,morrem; e sem sabedoria!

J 5 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 5

1Clamam por ajuda,

mas ningum lhes responde; Para qual dos santos se voltar?

2Morrem frustrados e desamparados, vencidos pela sua prpria revolta.

3Os que voltam as costas a Deuspodem temporariamente ser bem sucedidos;mas esto sempre sujeitos a um repentino desastre.

4Os seus filhos so defraudados sem que haja algum que os defenda.

5As suas propriedadas so pilhadas e as riquezas que tmservem para satisfazer a ganncia de muitos outros,mas no deles prprios!

6Misria abata-se sobre eles para os castigarde terem semeado sementes de pecado.

7A humanidade nasce para o pecado e para a misria,tal como as chamas se erguem do fogo para o ar.

8Portanto, este o conselho que te dou: Volta-te para Deuse confessa-lhe os teus pecados.

9Porque ele faz coisas maravilhosas, milagres sem conta.

10Manda a chuva sobre a terra para regar,

11d prosperidade ao pobre e ao humilde,e pe os que sofrem em lugar seguro.

12-14

Contraria os planos dos ardilosos,que so apanhados nas suas prprias armadilhas; altera os seus esquemas de aco; de forma que andam tacteando como cegos em plena luz; nem por ser de vida vem melhor do que de noite.

15Deus protege os rfos e os pobres das garras desses opressores.

16E assim finalmente, os que vivem mal, tm esperana; mas as unhas dos malvados so destrudas.

17Feliz aquele a quem Deus corrige! Oh, no desprezes a advertncia do Senhor, quando pecares.

18-19

Porque ainda que fira, trata e cura em seguida. Livara-te- sempre que for preciso, de forma que o mal no te afectar definitivamente.

20Guardar-te- da morte e da fomee do poder das armas, no tempo da guerra.

21Estars protegido do maldizente. No ters necessidade de recear quando vier a desgraa.

22Rir-te-s na guerra e na fome; os animais selvagens no te metero mais medo. Todos os animais perigosos se reconciliaro contigo.

23-24

No ters preocupaes respeitantes ao teu larquando tiveres de te ausentar. Nada ser roubado dos teus cofres, dos teus armazns.

25Teus filhos tornar-se-o gente importante; os teus descendentes sero to numerosos como a erva!

26Ters uma vida longa e boa; Sers como os cereais, que s se recolhemquando chega precisamente o seu tempo devido!

27A minha experincia tem-me mostrado que tudo isto verdade. Por isso, para teu prprio bem, ouve o meu conselho.

J 6 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 6

Job

1Resposta de Job:

2Oh, se a minha tristeza e a minha mgoa se pudessem pesar!

3So mais pesadas do que a areia de milhares de praias. Por isso falei inconsideradamente.

4Porque o Senhor me abateu com as suas flechas; as suas setas envenenadas penetraram fundo no meu corao. Todos os terrores vindos de Deus se levantaram sobre mim.

5Quando os jumentos monteses zurram, porque se lhes acabou a erva verde; o boi no se pe a mugir de fome se est junto do pasto;

6-7uma pessoa em geral queixa-se,mas se lhe faltar o tempero na comida. Ter algum gosto a clara do ovo crua- perco mesmo o apetite s de a ver; fico doente ao pensar que teria de a engolir!

8-9Oh, se Deus me concedesse aquilo por que mais anseio- morrer debaixo da sua moe ficar livre do seu aperto, que me magoa.

10Uma coisa, pelo menos, me d consolao, apesar do sofrimento todo - que no neguei as palavras do Deus Santo.

11Porque que, afinal, a minha prpria resistncia me mantm em vida? Como posso eu ter pacincia para ficar espera de morrer?

12Sou eu insensvel como uma pedra? meu corpo de ferro?

13Estou completamente desamparado, perdi toda a esperana.

14Normalmente -se amvel para com um amigo enfraquecido; mas vocs acusam-me, sem o menor temor de Deus.

15-18

Meu irmo, tu mostras-te menos consequente do que um ribeiroque corre quando neva e quando gela, mas no vero desaparece. Os viajantes procuram-no para se refrescarem,mas no encontram nada para matar a sede, no seu leito, e perecem.

19-20

Quando os que vm de Tema e de Sab se detm,para se abastecerem ali de gua,ficam decepcionados.

21Assim acontece comigo - estou desiludido: vocs afastam-se de mim com terror e recusam-me ajuda.

22-23

Mas porqu afinal? J vos pedi eu alguma vez a mais pequena coisa? Roguei-vos que me oferecessem jamais algum presente? Nunca vos pedi ajuda.

24Tudo o que pretendo uma resposta adequada,e ento ficarei sossegado. Digam-me o que eu fiz de errado?

25

muito belo dizer coisas que so verdade, mas a vossa crtica no se baseia em factos.

26Sero vocs capazes de me condenar,s porque tive um grito impulsivo de desespero?

27Isso seria bater num rfo desamparado, ou vender um amigo.

28Olhem para mim: Mentir-vos-ia eu?

29Prem de me considerar culpado, porque sou uma pessoa recta. No sejam to injustos!

30No conheo eu bem a diferena entre o bem e o mal? No saberia eu aceitar, se tivesse realmente pecado nalguma coisa?

J 7 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 7

1-2A humanidade obrigada a lutar.

A vida duma pessoa longa e dura, uma vida de escravido. Como ele deseja que o dia acabe! Como suspira pelo fim da semana e pelo seu salrio.

3A mim tambm me deram meses de frustrao, com longas e pesadas noites.

4Quando vou para a cama penso assim:'Oh, se fosse j de manh'. E assim me agito at que o Sol nasce.

5Tenho a pele toda cheia de vermes e de terra. Abre-se-me a carne com chagas, cheias de pus.

6Os meus dias vo passando, sempre, sem parar:cada um se segue ao outro sem esperana alguma.

7A minha vida como o vento que passa sem deixar rasto- no fica nada de bom.

8Vocs esto a ver-me, neste momento; mas no ser por muito tempo mais; em breve estaro a ver apenas um morto.

9-10

Porque, da mesma forma que uma nuvem se desfaz e desaparece, assim os que morrem se vo para sempre- vo-se para sempre das suas famlias, dos seus lares- nunca mais sero vistos.

11Ah, deixem-me expressar a minha angstia. Quero sentir-me livre de dizer toda a amargura que me vai na alma.

12 Deus, serei um monstro,para que ponhas uma guarda sempre a meu lado?

13-15

Mesmo quando tento esquecer a minha misria no sono,horrorizas-me com pesadelos. Preferia antes morrer estrangulado que fosse,do que continuar sempre assim.

16Desprezo a minha vida. No quero viver para sempre, Deixa-me sozinho; pois os meus dias no tm sentido.

17-18

Que que vale um simples homem para que lhes d tanta ateno? Ser obrigatrio que sejas o seu inquisidor logo de manh, e que fiques a experiment-lo cada momento do dia?

19Porque no me deixas s, nem mesmo o tempo de engolir a saliva?

20Feriu-te o meu pecado, meu Deus, guarda da humanidade? Porque razo fizeste de mim o teu alvo preferido,tornando-me a vida num pesado fardo?

21Porque no perdoas enfim o meu pecado e no o tiras para longe? Porque muito em breve jazerei debaixo da terra, morto, e quando forem minha procura, j terei desaparecido.

J 8 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 8

Bildade

1Bildade o suita responde a Job:

2At quando continuars dessa forma,a atirar pela boca fora palavras toa,como se fossem sopradas por um vento impetuoso?

3Seria Deus capaz de perverter a justia?

4Se teus filhos pecaram contra ele, e ele os castigou,

5-6e se rogares ao Deus todo-poderoso misericrdia a favor deles- se fores puro e recto, ele ouvir a tua orao, responder-te-e abenoar-te- dando-te um lar feliz.

7E ainda que tenhas comeado com pouco, acabars na abundncia.

8-9Debrua-te sobre o passado e vers, consulta os documentos das geraes passadase constatars o que te digo - ns, em relao a eles, apenas nascemos onteme conhecemos pouqussimas coisas; os nossos dias aqui na Terra passam como sombras.

10Mas o conhecimento do passado dar-te- sabedoria. A experincia dos outros falar-te-,lembrando que os que se esquecem de Deus no tm esperana.

11-12

So como juncos a quem tiram o terreno alagadioonde podem crescer,ou erva num terreno a que faltou a gua. Comea a murchar, mesmo antes que a cortem.

13-14

Uma pessoa sem Deus como se se pendurasse numa teia de aranha - nada sua volta lhe pode fornecer um apoio seguro.

15Se est contando com o seu lar para ter segurana,bem enganado ficar.

16De manh d a aparncia de ser forte e viril, como um jovem arbusto;

17os seus ramos estendem-se sobre os caminhos do jardim. As razes vo procura da gua por entre as pedras.

18Mas depois de desaparecer, nem sequer se lhe d pela falta! esse o seu destino!

19E outros brotam da terra no seu lugar!

20No entanto repara: Deus no rejeitar alguem que seja recto; e por outro lado tambm no estender a mo para ajudar malfeitores.

21Ele acabar por te encher a boca de risos,e os teus lbios, de exclamaes de felicidade.

22Todos quantos te odeiam sero cobertos de vergonha; e o malvado ser destrudo.

J 9 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 9

Job

1Resposta de Job:

2Sim, eu sei bem isso tudo. No me esto a dizer nada de novo. Mas como pode algum ser verdadeiramente bomaos olhos de Deus?

3Se Deus decidir confront-lo,ter alguma possibilidade de respondera uma s das mil questes que lhe apresentar?

4Deus infinitamente sbio e poderoso. Quem jamais conseguiu defront-lo com sucesso?

5-6 capaz de, repentinamente, derrubar montanhas, na sua clera;de abanar a terra mesmo nos seus alicerces.

7O Sol poder no aparecer, nem as estrelas brilharem,se tal for ordenado por ele!

8Foi s Deus quem organizou os cuse domina os oceanos duma ponta outra.

9Ele formou as constelaes da Ursa, do Oron e do Sete-Estrelo,assim como as do Zodaco, no extremo sul.

10Seus milagres so enormes e inumerveis.

11Deus est junto de ns e no o vemos;move-se por toda a parte e ningum o sente.

12Quando manda a morte para arrebatar algum,quem o pode impedir de o fazer? Quem ousaria perguntar-lhe: 'Que que ests a fazer?'

13Ele no revoga a sua ira. O orgulho humano obrigado a ceder perante ele.

14Quem seria eu, ento, para discutir com o Deus todo-poderosoou apenas, sequer, para abrir a boca diante dele?

15Ainda mesmo que eu no fosse pecador,no haveria de proferir uma palavra,a no ser para implorar misericrdia.

16E se as minhas oraes fossem respondidas,dificilmente havia de crer que a minha voz foi ouvida.

17-18

Deus o nico que capaz de destruir,que me multiplica as feridas, sem eu compreender porqu;que me impede de respirar e antes me enche de amargura.

19S ele forte e justo.

20Mas eu? Seria eu justo tambm? A minha boca me obriga a dizer que no! Ainda que eu fosse perfeito,em confronto com Deus facilmente teria de revelara minha perverso natural.

21Ainda que esteja inocente, no ouso considerar-me tal; no considero a minha vida com valor algum.

22Alis, que esteja inocente ou no, -lhe indiferente, porque Deus faz acabar a vida tanto dos que o so como dos que o no so.

23Para ele coisa sem grande peso, que a calamidade esmague o inocente.

24Toda a terra est nas mos dos mpios. Deus cega os olhos dos juzes e deixa-os cair na parcialidade. E se no ele, quem ento?

25Os meus dias passam velozmente, cheios de tragdias.

26Os anos passam por mim como rpidos veleiros,como guias caindo sobre uma presa.

27Se eu decidir esquecer as minhas queixas contra Deus,esquecer a amargurae me puser bem disposto,

28nessa altura ele haveria de derramar sobre mimangstias ainda maiores.

29Eu sei, Deus, que no permitirs que eu seja tido por inocente,mas que, ao contrrio, me condenars. Por isso, para que serve tentar mudar de atitude?

30-31

Ainda que tentasse lavar-me com a gua mais pura que houvesse,e esfregar energicamente as mos com o mais forte detergente, mesmo assim haverias de me atolar num fosso de lama; e at a minha roupa seria considerada por ti menos suja do que eu prprio!

32-35

E eu no posso defender-me a mim prprio,porque ele no um simples humano, como eu. Se fosse, poderamos discutir este assuntoao mesmo nvel, de homem para homem; mas no h rbitro possvel entre ns, no h intermedirio, no h mediador,que possa pr-nos frente a frente. Oh, que ele pare de me castigar,para que no continue a viver no terror da sua punio. Ento sim, poderia falar-lhe sem ter medo delee dizer-lhe ousadamente que no sou culpado.

J 10 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 10

1Estou cansado de viver.

Deixem-me queixar livremente;deixem-me exprimir a minha tristeza e amargura.

2Direi a Deus: No me condenes;diz-me antes por que razo contendes comigo.

3Parece-te realmente justo oprimires-me e desprezares-me,a mim, um ser humano que tu criaste? E dar alegria e prosperidade ao malvado?

4Tens tu uma mente carnal, como toda a gente?

5-7Ser a tua vida como a de um mortal, que me persigaspor pecados que sabes muito bem que no cometi? Ser isso que ningum me pode salvar das tuas mos?

8Tu criaste-me e mesmo assim destris-me.

9Oh, peo-te que te lembres que sou feito de terra- irs fazer-me de novo em p, assim to depressa?

10Tu j me tens andado a vazar de jarro para jarro, como leite,e me coalhaste como queijo.

11Juntaste-me os ossos, entreteceste os nervos,revestiste-me de carne e de pele.

12Deste-me vida, revelaste para comigo ateno e amor,fui protegido pelos teus cuidados.

13-14

E afinal tinhas uma inteno bem definida,que era, caso eu pecasse, de me destruir,e recusar perdoar a minha iniquidade.

15

Portanto, mais leve maldade, eu estava j liquidado! No entanto no caso de eu ser justo, isso no contava. Por isso me sinto totalmente frustrado.

16Se comeo a tentar erguer-me,saltas sobre mim como um leo e rapidamente acabas comigo.

17Renovas, sem cessar os teus testemunhos contra a minha pessoae derramas sobre mim um volume cada vez maior de ira. Para me atacar tens armas sempre novas e diferentes.

18-22

Porque foi ento que me deixaste nascer? Porque no permitiste que morresse ao nascer? Teria assim evitado sofrer esta miservel existncia. Teria simplesmente passado do ventre de minha medirectamente para o tmulo. No vs tu como me fica pouco tempo para viver como queria? Oh, deixa-me em pazpara que possa ainda ter um momento de descansoantes de partir para a terra das trevas, das sombras da morte,para nunca mais regressar- terra to escura como noite cerrada sem luar,terra do silncio da morte onde no existe ordem ou lgica,onde o claro mais intenso em nada altera as trevas.

J 11 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 11

Zofar

1Zofar o naamatita responde a Job:

2Mas ento no haver ningum que ponha cobro a esta torrente de palavras?

3Ser que pelo muito falar se tem razo? Haveria eu de ficar em silncioperante a ousadia das tuas palavras? Tu zombas de Deuse no haver ningum que te envergonhe a ti?

4Afianas que s puro aos olhos de Deus!

5-6Oh, se Deus falasse e te dissesse o que pensa! Oh, se ele te fizesse ver exactamente quem tu s, porque ele sabe bem tudo o que tens feito. Ouve! Deus, sem dvida alguma, est a castigar-te,mas est a faz-lo muito menos do que mereces!

7-9Conheces tu a mente e os propsitos de Deus? Pensars tu que se procurares intensamente poders conhec-los enfim? Ters tu algum direito de julgar Deus, o todo-poderoso? Deus infinitamente justo, tanto como infinito o firmamente l em cima - mas tu, afinal, quem s tu? A mente dele insondvel; tudo o que possas vir a saber e a conhecer, que isso, em comparao? A sua extenso muito mais vasta que a Terra,mais ampla que os grande oceanos.

10Se ele vier acusar algum e o julgar,quem ser capaz de o impedir disso?

11Porque conhece perfeitamentetodas as culpas e pecados da humanidade; v toda a iniquidade sem precisar de procurar.

12Se fosse possvel um ser humano nascer dum jumento monts,assim tambm poderia um ser humano produzir sabedoria!

13-14

Antes de te voltares para Deus e de lhe estenderes as mos,livra-te dos teus pecados, abandona a iniquidade atrs de ti.

15S ento, sem as manchas de pecado a sujarem-te,poders andar com segurana perante Deus, sem nada recear.

16S ento poders esquecer definitivamente a tua misria. Tudo ter j passado.

17A tua vida ser sem nuvens;qualquer sombra parecer ter a luz duma manh!

18-19

Sers corajoso porque ters esperana. Olhars em volta, calmamente, e sentir-te-s seguro. Deitar-te-s sem medos,e muita gente haver a pretender confiar em ti.

20Contudo, o mpio no encontrar forma de escapar; a sua nica expectativa a morte.

J 12 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 12

Job

1Resposta de Job:

2Sim, na verdade quem vos ouve levado a pensarque vocs sabem tudo! A sabedoria acaba nas vossas pessoas!

3Mas eu prprio tambm sei umas quantas coisas- que vocs no so melhores do que eu. E alis quem no sabe isso que vocs estiveram a a dizer?

4Eu, aquele que rogou a Deus por ajuda e a quem ele respondeu,tornei-me um motivo de troa para os meus prximos.

5Sim, eu, uma pessoa recta, sou agora aquele de quem se riem. Entretanto o rico mofa dos que se encontram em apertoe rpido em desprezar os que esto em necessidade.

6Porque os ladres prosperam. Adiantam-se e provocam Deus- mas isso pouco importa:Deus fornece-lhes tudo de que necessitam!

7Quem que no se d conta de que Deus faz coisas assim? Pergunta at s mudas bestas - elas sabem que assim ;pergunta aos pssaros - dir-te-o o mesmo;

8-9a prpria terra, ou os peixes do mar, comunicar-te-o a mesma coisa.

10Porque a alma de todo o ser vivente est nas mos de Deus,assim como a respirao, a vida de toda a humanidade.

11Assim como o meu paladar est preparado para diferenciar os gostos,tambm o meu esprito sabe provar a verdade, quando a ouo.

12Tal com vocs dizem, os velhos como euso sabedores, tm entendimento.

13Mas a verdadeira sabedoria e o poder so de Deus. S ele sabe o que devemos fazer e entende todas as situaes.

14E como grande a sua fora! Aquilo que ele vier a destruir no poder ser reconstrudo. Aquele a quem ele aprisiona, no poder escapar.

15Se retm as chuvas, a terra torna-se num deserto;envia tempestades e as cheias cobrem as terras.

16Sim, com ele est a fora e a sabedoria. Tanto o que faz errar como o que erra lhe pertencem.

17 capaz de fazer at desvairar juzes e conselheiros.

18Reduz os governantes a escravos e liberta os servos.

19Os prprios sacerdotes se arriscam a partir como escravos. Os poderosos so abatidos.

20Aos que confiam na sua retrica, tira-lhes a voz; o mesmo acontece com os ancios que confiam no seu entendimento.

21Derrama desprezo sobre os lderes da nao e tira foras ao forte.

22Enche a escurido com luz, mesmo a prpria sombra da morte.

23Pode exaltar uma nao para, de seguida, a abater; dispersa um povo, mas junta-o de novo.

24-25

Tira o discernimento aos administradores e aos governantes,deixando-os a tactear, perdidos, sem norte, sem luz que os guie;f-los vaguear como brios.

J 13 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 13

1Ouam, j tenho visto muitas circunstncias

como as que vocs descreveram.

2Sei tanto quanto vocs. No sou estpido. Oh, como eu desejava falar directamentecom o todo-poderoso.

3Eu quero falar sobre isto com Deus mesmo.

4Porque vocs esto mal interpretando tudo. So como doutores que no sabem o que ho-de fazer.

5Oh, peo-vos que estejam calados! Isso seria a melhor prova da vossa sabedoria.

6Portanto agora escutem-me, ouam as razes daquilo que penso, ouam os meus argumentos.

7Iro vocs continuar a falar em lugar de Deus,quando ele nunca disse nada daquilo que vocspem na sua boca?

8Precisar Deus da vossa ajuda, quando andam assim a torcer-lhe a verdade?

9Que seria de vocs se ele vos sujeitasse a julgamento!

10Ele ter de vos acusar se se deixarem levar por juzos de parcialidade.

11No, vocs ficaro bem perturbados, perante ele,se tentarem usar de mentiras para o iludir. A sua majestade no vos enche de terror? Como podem vocs agir assim?

12Essas tremendas afirmaes que fizeramvalem tanto como pedaos de madeira ardida. As vossas razes a favor de Deus so to frgeis como barro!

13Calem-se ento e deixem-me falar- estou pronto a fazer face s consequncias.

14Sim, tomarei a minha vida nas mose direi aquilo que realmente penso.

15Deus poder matar-me por diz-lo- na realidade, at espero que o faa . No entanto, estou na disposio de defender a minha causaperante ele.

16Tenho a meu favor, em todo o caso, isto- que no sou mpio, descrente,para que me rejeite instantaneamente da sua presena.

17Ouam pois atentamente aquilo que tenho a dizer. Dem ateno.

18Esta a minha causa: Eu sei que sou recto.

19Quem ser capaz de pr em dvida isto que afirmo? Se houver algum que o faa, que prove que estou errado,paro de me defender e morro.

20 Deus, h duas coisas que peo no me faas; s ento poderei ficar na tua presena.

21No me abandones, e no me aterrorizes com a tua tremenda presena.

22Chama-me - como te responderei depressa! Ou ento que seja eu a tomar a palavra primeiro, e tu responde-me.

23Diz-me o que que eu fiz de mal? Ajuda-me! Notifica-me a minha transgresso.

24Porque te escondes de mim? Porque me entregas ao inimigo?

25Sers capaz de repreender uma folha que esvoaa levada pelo vento? Perseguirs tu uma palha, seca a intil?

26Escreves coisas amargas contra mime vens recordar todas as loucuras da minha mocidade.

27Encarceraste-me, fechaste-me a ferrolhos.

28Sou como uma rvore seca derrubada, como uma pea de roupa toda roda de traa.

J 14 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 14

1Como frgil o ser humano- so bem poucos os seus dias e bem cheiosde inquietao!

2-3Desabrocha por um momento, como uma flor - e logo seca; como a sombra fugitiva duma nuvem que o vento sopra,tambm ele desaparece num instante. Ters mesmo que ser assim to speropara com os fracos humanose traz-los a julgamento?

4-5

Como podes tu pedir pureza a algum que nasceu impuro? Concedes humanidade um to curto pedao de vida- ao fim e ao cabo so apenas meses que lhe ds,sem possibilidade alguma de ultrapassar o tempo que lhe foi atribudo!

6Por isso, d-lhe um pouco de descanso, peo-te. Desvia dele a tua zangae permite que tenha ainda alguns momentos de repouso antes de morrer.

7At para uma planta h esperana- se lhe cortarem um ramo ainda pode dar rebentos e florescer;

8mesmo quando as razes comeam a envelhecer, debaixo da terra,e o caule fica menos tenso,

9 capaz ainda de se renovar, se for regada, semelhana duma planta nova.

10Mas quando uma pessoa morre e a enterram, d o ltimo suspiro,e que fica dele?

11-12

Tal como a gua que se evapora num mar,ou como o ribeiro que seca e desaparece com a falta de chuva,assim o ser humano se deita pela ltima veze no se levanta mais, seno quando j no existe o universo;no se reerguer antes, no despertar do seu sono.

13Oh, se me escondesses na regio da morte e l me deixasses esquecidoat que a tua ira tivesse acabado, e tivesses um momento determinadoem que tornasses a lembrar-te de mim!

14Se um indivduo morre, voltar vida? Este pensamento alis d-me esperana, de tal forma que, na minha angstia toda,desejo que isto acabe!

15Chamar-me-ias, eu te responderia acorrendo tua presenae recompensar-me-ias de tudo o que fiz.

16Observarias todos os meus actose no tomarias em conta as minhas falhas.

17Arquivarias o processo que serviria para me condenar.

18As colinas podem desfazer-se e desaparecer.

19A eroso da gua sobre as rochas f-las em areia,e a sua fora altera a superfcie do solo. Da mesma forma toda a esperana dos homens se esvai.

20Fazes deles gente velha e enrugada, e depois manda-los embora.

21Nunca chega a saber se os seus filhos so honrados pela sociedade,ou antes se decaiem e se arruinam.

22Para ele h apenas tristeza e sofrimento.

J 15 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 15

Elifaz

1Resposta de Elifaz o temanita:

2-4Tu s considerado como sendo um sbio,e no entanto acabas de nos expor toda essa tola conversa. No vales mais do que um saco cheio de vento. No devias ter direito de falar to insensatamente. Que utilidade podem ter todas essas palavras? No temes tu Deus? No o reverencias?

5So os teus pecados que te ensinam a falar dessa maneira. As tuas palavras baseiam-se na astcia, por um lado,e na decepo por outro.

6Mas afinal porque haveria de ser eu a acusar-te?A tua prpria boca o faz!

7Sers tu por acaso o homem mais sbio que h? Teria eventualmente nascido antes das montanhas terem sido feitas?

8Estiveste a ouvir as secretas intenes de Deus? Ters sido convocado para o seu gabinete pessoal,para o centro das suas decises? Ters o monoplio da sabedoria?

9Que sabes tu que no o saibamos ns? Que inteligncia tens das coisas, que ns no tenhamos tambm?

10Temos connosco gente mais velha at do que o teu prprio pai!

11 As consolaes de Deus valem assim to pouco para ti? A sua gentileza parece-te certamente muito rude?

12Que isso que andas a fazer, de um lado para o outro,cheio de ira, com os olhos flamejantes?

13Voltas-te contra Deus e dizes todas essas coisas ruins contra ele.

14Haver algum sobre a face da Terra to puro e to justocomo tu prprio pretendes ser?

15Como? Pois se nem mesmo nos anjos Deus confia! Nem sequer os prprios cus podem ser absolutamente puros,em comparao com ele!

16Quanto menos o homem, que corrupto e pecador,bebendo o pecado como uma esponja absorve a gua!

17-19

Escuta-me e responder-te-eide acordo com a minha prpria experincia, confirmada pela experincia tambm de gente sbia,que j ouviu as mesmas coisas de seus pais-os nossos antepassados, aqueles a quem foi dada esta terra -e que nos passaram a ns esses conhecimentos:

20O mpio estar sempre em aflio atravs da vida.

21Sons de terrores chegam-lhe aos ouvidos,e quando as coisas parece correrem-lhe bem,atacam-no por todos os lados.

22No ousa sair para o escuro, com medo de ser assassinado.

23Vagueia por toda a parte, implorando por mantimento.

24Vive no temor, em apertos, na angstia. Os seus inimigos facilmente do conta dele,tal como um forte rei abate os seus adversrios.

25-26

Estende orgulhosamente o punho contra Deus,desafiando o todo-poderoso, arrementendo obstinadamentecontra ele.

27-28

Os malvados engordam e enriquecem, vivem em povoaesconquistadas a uma populao que assassinaram previamente.

29Mas no ficaro assim ricos e a alargar os seus domnios. No.

30A escurido os engolir para sempre; a respirao de Deus bastar para os destruir; as chamas consumiro tudo o que tm.

31Que o homem nunca mais confie em coisas falveis;que no continue a enganar-se a si prprio, porque o dinheiro em que confia acabar por lhe dar a paga que merece.

32-33

Mesmo antes de morrer,toda a sua futilidade se tornar evidente para ele, pois que tudo aquilo com que contava desaparecer,e cair por terra como um fruto j maduro. Como as suas esperanas se revelaram infundadas!

34Os descrentes, sem Deus, so gente intil. O fogo de Deus acabar por consumir os que se entregam corrupo.

35A nica coisa que podem conceber e produzir o pecado; os seus coraes do luz s maldade.

J 16 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 16

Job

1Resposta de Job:

2J tinha ouvido tudo isso antes. Que miserveis consoladores so vocs.

3No querero parar de vez com essas torrentes de loucura? Que disse eu afinalque vos leve a um falatrio desses, sem fim?

4Seria eu capaz de fazer sermes semelhantes aos vossos,se estivesse no vosso lugar e vocs no meu? Jorraria assim tanta crtica contra vocs,meneando a cabea em sinal de censura?

5No! Antes haveria de falar de forma a ajudar-vos; tentaria sim aliviar-vos da vossa dor.

6Mas quanto a mim, a minha dor no cessa, diga eu o que disser, e mesmo quando me calo, em nada sou ajudado.

7Deus deitou-me por terra a mim e tirou-me a famlia.

8 Deus, deixaste-me unicamente com a pele e os ossos- o que a prova, dizem eles, dos meus pecados.

9Deus odeia-me e com ira me rasga as carnes; range os dentes contra mim e vigiapara que no se reacenda qualquer pequeno sinal ainda de vida.

10

Estes homens abrem as goelas para me tragar; esmurram-me os queixos; juntam-se como inimigos todos contra mim.

11E Deus assim entrega a gente perversa, s mos de pecadores.

12Estava a viver muito tranquilamentee eis que de repende me quebrantou. Pegou-me pelo pescoo, fez-me em pedaos; seguidamente pendurou-me e ps-se como alvo.

13Os seus atiradores cercam-me, atirando sobre mim,de tal forma que o cho est todo manchado do meu sangue.

14Ataca-me repetidamente; arremete contra mim como um lutador.

15E aqui estou, vestido dum saco; a minha esperana jaz no p do cho.

16Tenho os olhos vermelhos de chorar;nas minhas plpebras pesa a sombra da morte

17E contudo estou inocente; a minha orao pura.

18 terra, no retenhas o meu sangue, rejeita-o em sinal de protesto!

19Mesmo assim, tenho ainda, neste momento, no cu,a testemunha da minha inocncia; est l o meu advogado, l no alto.

20-21

Os meus amigos podem troar de mim,mas eu derramo as minhas lgrimas perante Deus,implorando-lhe que me oua, tal como uma pessoa escuta o seu amigo.

22Porque em breve descerei pela estradapela qual ningum volta para trs.

J 17 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 17

1Estou doente e perto de me apagar.O sepulcro est pronto para me receber.

2Estou rodeado de trocistas. Vejo-os por toda a parte.

3No haver ningum, em stio nenhum,que confirme a minha inocncia?

4Mas tu, Deus, impediste-os de compreenderem isto. Oh, no os deixes triunfar.

5Se eles aceitaram subornos para denunciarem os amigos, os seus filhos tornar-se-o cegos.

6Fez de mim objecto de troa, entre o povo; cospem-me na face.

7J nem consigo ver com clareza, de tanto chorar; no sou seno uma sombra do que fui.

8A gente honesta fica espantada quando me v. Mas um dia vir em que o inocenteser exaltado, acima dos mpios;

9os rectos seguiro o seu caminho firmemente; os que tm um corao purotornar-se-o cada vez mais fortes.

10Quanto a vocs - por favor, vo-se embora; porque no vosso meio no h um s sbio sequer.

11J se foram os bons tempos para mim. Perdi as esperanas. Malograram-se as aspiraes do meu corao.

12Eles chamam noite dia e dia noite - pervertem a verdade!

13-14

Se morrer, irei para a escurido e direi ao tmulo: s meu pai;e aos vermes: Vocs so minha me e irmos.

15Onde est ento a minha esperana? Algum saber encontr-la?

16No, a minha esperana vai comigo para a cova. Descansaremos ambos debaixo da terra.

J 18 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 18

Bildade

1Mais uma resposta de Bildade o suita:

2Quem ests tu a tentar enganar?Fala sensatamente se queres que respondamos!

3Aos teus olhos tornmo-nos como animais,estpidos e mudos?

4S porque rasgas a roupa com zanga,ir isso fazer com que as rochasse movam dos seus lugarese a terra se despovoe?

5A verdade esta - se no prosperas, porque no s recto,e a chama da tua vida se apagar.

6Haver escurido em todas as casas dos mpios.

7-8A passada confiante do malvado se tornar vacilante,porque se dar conta do seu enfraquecimento.

9Andar sobre armadilhas, assaltantes armar-se-lhe-o emboscadas.

10H uma ratoeira em cada atalho que toma.

11Tem razes suficientes para andar aterrorizado- os seus adversrios andam-lhe cerradamente no encalce!

12O seu vigor decai por causa da fome; a calamidade est pronta a lanar-lhe as garras.

13Tem a pele toda carcomida devido s carncias de alimentao. A morte acabar por devor-lo.

14O rico em quem confiava p-lo- na ruae ser levado at ao rei dos terrores.

15A sua casa acabar por desaparecer num braseiro de enxofre.

16 At os seus fundamentos ardero, e todas as suas dependncias.

17Qualquer lembrana da sua existncia ser banida da Terra; ningum mais se lembrar dele.

18Ser posto fora do reino da luz para o das trevas;ser expulso do mundo.

19No deixar descendente algum,nem filhos nem netos nem qualquer outro parente.

20Do Oriente ao Ocidente todos pasmaro sobressaltadosperante o seu destino.

21Sim, isso que acontece aos que rejeitam Deus.

J 19 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 19

Job

1Resposta de Job:

2At quando continuaro a entristecer-mee a quebrantar-me a alma com tais palavras?

3J por dez vezes me declararam que sou pecador. No tm vergonha de me tratar assim to rudemente?

4Se com efeito eu fiz alguma coisa errada tero de o provar.

5Se se tm assim em to grande valor, vocs mesmos,ento sejam capazes de provar a minha baixeza, as minhas culpas!

6O que se passa na realidade que Deus derrubou-mee apanhou-me na sua rede.

7Grito por ajuda e ningum me quer ouvir. Clamo: Violncia! Mas ningum me faz justia.

8Deus entrincheirou-me no meu caminho e cercou-me de obscuridade.

9Despojou-me da honra,tirou-me da cabea a coroa dos meus merecimentos.

10Desfez-me a vida em todos os aspectos. Deu cabo de mim. Tirou-me a esperana, como quem arranca uma rvore.

11A sua fria acendeu-se contra mim; tem-me por seu inimigo.

12Convoca contra mim os seus combatentes,que avanam e acampam ao redor da minha habitao.

13Ps longe de mim os meus irmos,e os que me conhecem comportam-se como estranhos para comigo.

14Os parentes deixaram-me. Todos os meus conhecidos se esqueceram de mim.

15Os que viviam comigo, em casa,inclusive aqueles que trabalhavam para mim,olham-me como um estranho.

16Chamo um criado e no vem; nem mesmo que lho pea por favor!

17O meu hlito tornou-se intolervel para a minha mulhere os meus irmos recusam reconhecer-me.

18At as crianas me desprezam. Mal comeo a falar voltam-me as costas e no me ligam.

19Os amigos mais ntimos me aborrecem; aqueles por quem tinha mais afeio esto contra mim.

20S tenho a pele e os ossos;escapei por um triz da morte.

21Oh, meus amigos, tenham piedade de mim,porque fui atingido pela irada mo de Deus.

22Porque ho-de vocs pr-se a perseguir-me como Deus me faz? No se sentem satisfeitos j, com as angstias por que passo?

23-24

Quem me dera poder gravar o meu sofrimentocom uma ponta de ferro sobre uma rocha,a fim de que nunca mais ningum o esquea.

25No entanto eu sei que o meu Redentor vivee que por fim ele ter a ltima palavra em minha defesa.

26E que depois do meu corpo se consumir,ainda neste corpo, verei Deus!

27Nessa altura ele estar do meu lado! Sim, eu prprio o verei, e no outros por mim. Olharei para ele como um amigo, e no como um estrangeiro! Esta gloriosa esperana enche-me duma alegria ntima!

28Como que ousam continuar a perseguir-me,como se tivessem provas garantidas da minha culpabilidade?

29Ouam antes o meu aviso: so vocs que se arriscam a um castigo pela vossa atitude.

J 20 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 20

Zofar

1Discurso de Zofar o naamatita:

2Apresso-me a tomar a palavra para responder,visto que tenho uma resposta a dar.

3Tentaste fazer-me ficar envergonhadoao considerar-te um pecador; mas o meu esprito tem qualquer coisa a dizer-te.

4-5No te ds conta de que logo que o homem foi posto sobre a Terra,o triunfo do malvado sempre foi de curta durao,e as alegrias do mpio apenas uns momentos passageiros?

6-7Ainda que o mpio pretenda elevar-se a si mesmoat ao cimo dos cus,e ande sempre de cara levantada,h-de perecer para sempre, posto de lado, como esterco.

8-9Os que o conheciam dir-se-o: Foi-se, como um sonho. Nem os amigos nem a famlia o vero mais.

10Os seus filhos sero obrigados a pedir emprestado aos pobres;e ser unicamente pelo seu prprio duro trabalhoque pagaro as dvidas do pai.

11Ainda que seja jovem, os seus ossos jazero no p da terra.

12-13

Ele aprecia o gosto da maldade; como doura para o paladar,guarda-a na boca para prolongar o sabor.

14Mas repentinamente os alimentos que ingeretransformam-se em veneno de vboras nas suas entranhas.

15 obrigado a vomitar todo o saque que engoliu. Deus no permitir que o guarde.

16Tornar-se- como veneno que o mata.

17No gozar dos bens que roubou; no sero, de maneira nenhuma, nem manteiga nem mel para ele.

18O seu trabalho no lhe ser pago; a riqueza no lhe trar alegria.

19Porque oprime o pobre e confisca-lhe as casas;casas essas que os infelizes no recuperaro jamais.

20Era insacivel, e agora nada tem;nada daquilo com que sonhou pode conservar.

21Visto que aproveitava cada ocasio para roubar,a sua fazenda no se manter.

22Ainda que em plena abastana, viver sempre angustiado. A mo dos outros infames procurar destrui-lo.

23Quando estiver enchendo a barrigaDeus far chover sobre ele o ardor da sua ira.

24Ainda que fuja das armas de ferroacaba por ser atravessado por um arco de bronze.

25Ao arrancarem a flecha do seu corpo sair-lhe- o fel. Assombros mortais vir sobre ele.

26Os seus tesouros perder-se-o em tenebrosos esconderijos. Um fogo devastador devorar-lhe- as riquezas,consumindo tudo o que deixou.

27-28

Os cus revelaro os seus pecados,e a terra dar testemunho contra ele:os seus bens desaparecero debaixo da ira de Deus.

29Eis a sorte do inquo, o que Deus lhe prepara.

J 21 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 21

Job

1Resposta de Job:

2-3Ouam; deixem-me falar; seja essa a consolao que vocs me do.

4Estou a queixar-me de Deus e no de um homem; no admira pois que o meu esprito esteja to perturbado.

5Olhem para mim e pasmem,e ponham a mo na boca, de espanto.

6At olhando para mim prprio me horrorizo. Fico estupefacto e estremeo.

7A verdade que os mpios tm vidas longas,tornam-se respeitados e prestigiados.

8Vivem o suficiente para veremos filhos crescerem e tornarem-se maduros. Ficam rodeados de netos.

9Seus lares esto ao abrigo de qualquer terror,e Deus no os castiga.

10Possuem gado que se multiplica.

11-12

Tm uma descendncia que goza de felicidade;e passam o tempo danando e cantando. Vivem no bem-estar e no precisam de se recusar nada a si prprios.

13So prsperos at ao fim da vida.

14Tudo isto a despeito de terem posto Deus de lado,de no querem saber nem dele nem dos seus caminhos para nada.

15'Quem esse tal Deus poderoso?

16Tudo aquilo em que o mpio toca se faz ouro! Mas o certo que, quanto a mim,no estou disposto sequer a ter relaes com gente dessa. Os maus conseguem seguir o seu caminhoimperturbveis, todo o tempo.

17No sofrem com coisa nenhuma, e Deus poupa-osquando distribui desgraas e dores.

18Alguma vez eles so levados assim pelos ventos da infelicidadecomo se fossem simples palhas? So eles por acaso empurrados pelas avalanches da adversidade? No. De maneira nenhuma!

19Contudo algum dir: 'Bom, mas pelo menos os filhos deles, Deus castiga-os!' Posso garantir-vos que Deus castiga unicamente aqueles que pecam,e no os seus filhos! S o pecador sentir sobre si o castigo do seu prprio pecado.

20Sim, ser destrudo pela sua iniquidade. Ter de beber at ultima gota a ira do Deus todo-poderoso.

21Quando tiver morrido, ento sim,deixar de gozar, para sempre, da alegria da famlia.

22Mas, na verdade, quem seria capaz de censurar Deus, o supremo juiz?

23-24

Ele destri os que vivem bem,no meio das riquezas, gordos e prsperos;

25mas tambm aniquila os que vivem na amargura e na misria, que nunca conheceram nada de bom na vida.

26Ambos acabam enterrados no mesmo p da terra,ambos comidos pelos mesmos vermes.

27-28

Eu sei o que vo dizer - vo contar-me casos de homens ricos e perversosque foram abatidos por causa dos seus pecados.

29-30

Mas perguntem a quem os conheceu bem e dir-vos- a verdade: que o mau, habitualmente, poupado no dia da calamidadee pode escapar.

31Ningum ousa censur-lo abertamente. Ningum lhe d a paga por aquilo que fez.

32Uma guarda de honra mantm-se junto do seu tmulo.

33O seu funeral tem um acompanhamento enorme de gente,e com suavidade e solenemente que a terra lhe lanada em cima.

34Como podem vocs ento consolar-me,quando os vossos pensamentos so errados logo partida?

J 22 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 22

Elifaz

1Outra interveno de Elifaz:

2Ser um mero ser humano de algum valor perante Deus? At o mais sbio de entre eles,s tem valor aos seus prprios olhos!

3Tem Deus algum benefcio se fores justo? Teria ele algum lucro se fosses perfeito?

4Ou repreender-te- ele porque s honesto?

5De forma alguma! Se te castiga porque s mau! Os teus pecados so incontveis!

6Tu com certeza que recusaste emprestar dinheiroa amigos necessitadosse no fosse em troca de algum penhor de valia- sim, despojaste-os e deixaste-os ss.

7Deves ter recusado gua a gente sedenta e po a famintos.

8Por outro lado, sem dvida que nunca recusaste nadaa pessoas importantes; deixaste os que vivem folgados andar por onde quisessem.

9Mandaste embora vivas sem o auxlio de que precisavam,e houve rfos que ficaram destroados.

10-11

Por isso ests agora rodeado de laos e de pavores repentinos,de escurido e de ondas de terror.

12Deus est l no cu- mais alto do que o firmamento, mais alm das estrelas.

13No entanto atreves-te a pensar assim: 'Por isso mesmo que ele no pode ver o que fao! Como pode ele exercer o seu julgamentoatravs da espessa escurido do infinito?

14Porque espessas nuvens o rodeiam, e portanto no pode ver; ele anda l por cima, passeando sobre a abbada celeste.'

15-16

No te ds conta, tu, de que aquelesque trilham os velhos caminhos do pecadoso apanhados mesmo j na sua mocidade,e os fundamentos das suas vidas alterados para sempre?

17Eles dizem para o Senhor 'Vai-te embora, Deus! Nada podes fazer por ns!' Que Deus me guarde de vir alguma vez a dizer tais coisas.

18Esquecem-se de que foi Deusquem encheu os seus lares de boas coisas.

19Mas agora o recto v-los- destrudos; o inocente rir-se- deles.

20'Vejam bem

21Pra de discutir com Deus! Tem paz com ele e ters enfim descanso!

22Ouve as suas instrues e armazena-as no corao.

23Se te voltares para Deus e puseres em ordemtudo o que est mal na tua casa,ento a tua vida ser refeita.

24-25

Se abandonares o amor ao dinheiro, e deitares fora o ouro,ser o todo-poderoso o teu ouro;ser para ti como prata valiosa!

26Ento ters prazer no Senhor, e buscars Deus.

27Orars a ele e te ouvir;sers capaz de cumprir todas as promessas que lhe fizeste.

28Seja o que for que desejares, ser-te- concedido! A luz do cu iluminar-te- o caminho, tua frente.

29-30

Quando algum humilhado e tu dizes: 'Coragem

J 23 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 23

Job

1Resposta de Job:

2Hoje, a minha queixa ser feita ainda com amargura. Estou sendo castigado duramente apesar dos meus gemidos.

3Oh, se eu soubesse onde encontrar Deus- se pudesse subir at ao seu trono e l conversar com ele.

4-5Havia de expor-lhe todos os argumentos que tenho a apresentar,e ouviria a sua resposta, compreendendo o que pretende.

6Estou convencido de que no iria esmagar-mecom a sua superioridade e grandeza.

7Ouvir-me-ia com simpatia, antes. As pessoas honestas e rectas podem tratar com ele,tendo a certeza de que encontraro sempre nele um perfeito juiz.

8No entanto, em vo que procuro.

9Busco-o aqui, procuro-o alm, no consigo encontr-lo. Vou-lhe no encalo nas bandas do norte e no est;no sul, tambm no consigo encontr-lo.

10No entanto ele est ao corrente de cada detalhe do que me acontece,e quando me tiver examinado,h-de declarar-me completamente inocente- to puro como ouro macio.

11Tenho trilhado os caminhos de Deus,seguido as suas pisadas, sem me desviar delas.

12No tenho rejeitado os seus mandamentos, antes desfruto deles,mais do que a prpria comida diria.

13Contudo, a sua ideia a meu respeito permanece a mesma;quem poder mudar-lhe os propsitos? Tudo aquilo que quer fazer faz.

14Por isso far comigo tudo o que planeoue ainda mais coisas que tem em vistas.

15No admira pois que se fique to perturbado na sua presena. Quando penso nisso, o terror assalta-me.

16-17

Deus deu-me um corao fraquinho; ele, o Deus poderoso, me aterrou com trevas minha volta,trevas espessas, impenetrveis, escurido completa.

J 24 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 24

1Porque que Deus no abre o seu tribunale no ouve o meu caso?

Porque ho-de ser obrigados os que crem nelea esperar em vo?

2Porque fomos submergidos por uma onda de crimes- os limites das propriedades tm sido alterados,rebanhos inteiros so roubados;at os jumentos levam aos pobres e aos rfos.

3As vivas pobres so obrigadas a entregar o pouco que tmpara conseguirem um emprstimo.

4Os necessitados so postos de parte;so coagidos a sairem do caminho ao cruzarem-se com os grandes.

5Tal como os jumentos selvagens do deserto,os indigentes tm de passar os dias inteirosa tentar apanhar um bocado de alimentopara conseguirem manter-se com vida. Mandam-nos para terras desertas procura de comida para os filhos.

6L, comem o que vo encontrando, o que cresce ao acaso;ou ento tm de vindimar as vinhas dos perversos.

7Passam a noite toda tremendo de frio, sem nada para os cobrir.

8Ficam encharcados com as chuvadastrazidas pelos ventos das montanhase abrigam-se em cavernas, nas rochas, mngua dum lar.

9Os prfidos so capazes atde arrancar criancinhas rfs de pai, ao peito das mes,e de raptar os bebs dos pobres,antes que estes lhes peam emprestado dinheiro ou comida.

10Por isso os desventurados so coagidos a andaram ns,sem roupa para se cobrirem,e a carregar com comida para outros,enquanto eles prprios desfalecem com fome.

11So forados a pisar o lagar de azeite, sem poder prov-lo sequer,e a esmagar os cachos de uvas, estando a morrer de sede.

12Os gemidos dos moribundos clamam desde a cidade;e os feridos rogam que os socorram. Contudo Deus no atende os seus lamentos.

13

Os pecadores rebelam-se contra a luze no se identificam com os rectos e os bons.

14So assassinos que ao erguer-se logo de manh cedos tm em mente matar o pobre e o necessitado;e de noite tornam-se ladres e adlteros;

15para tal, esperam apenas que caia o crepsculo e dizem para consigo, ' a boa altura, porque quando ningum me v'. Escondem a cara para que ningum os reconhea.

16A noite, para eles, serve para atacar as casas, e o dia para dormirem- no lhes interessa mostrarem-se sob a luz do dia.

17A noite mais escura, para eles, como o amanhecer; so aliados naturais dos terrores das trevas.

18Mas como eles desaparecem depressa, da face da Terra. Tudo o que possuem amaldioado. No deixam nada para os filhos.

19A morte consome os pecadores,tal como a neve se derrete com o calor e a seca. Aos pecadores, at a sua prpria me os esquece.

20S servem para que os vermes os comam regaladamente. Ningum se lembrar mais deles. Os perversos sero abatidos, tal como uma rvore perante um ciclone.

21E isso, porque exploram aqueles velhosque viviam sozinhos sem filhos para os protegerem,e desprezam as pobres vivas.

22Contudo, por vezes, at pareceque Deus protege os poderosos e lhes d vida,quando toda a gente est a morrer.

23Deus d-lhes descanso, fortaleza e ajuda-os de muitas maneiras.

24Mas ainda que paream agora muito seguros e fortes,de um momento para o outro ir-se-o, como toda a gente,ceifados como espigas maduras.

25Poder algum desmentir-me? Algum ser capaz de dizer que estou a mentir, ou que estou errado?

J 25 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 25

Bildade

1Mais uma resposta de Bildade:

2Deus poderoso e temvel. Mantm os cus em paz.

3Quem seria capaz de contar os seus servidores? A sua luz desce sobre toda a Terra.

4Como poderia ento um simples ser humano, perante Deus,afirmar que justo? Quem, em toda a face da Terra, se poder gabar de ser puro?

5A glria de Deus de tal ordem que at os astros, a Lua e as estrelas,so pouco mais que nada em comparao com ele.

6Portanto, que pode valer uma pessoa,que no passa de um pequeno verme, perante ele?

J 26 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 26

Job

1Resposta de Job:

2Vocs no sabem consolar uma pessoa! No trouxeram nenhum encorajamento ao meu abatimento!

3Em nada esclareceram a minha ignorncia! Disseram a coisas at sem sabedoria nenhuma!

4Como foi que puderam sair coisas to brilhantesdos vossos crebros?

5-6Deus faz os mortos apresentarem-se tal qual so,l no lugar para onde vo.

7Ele estende o firmamento sobre os espaos infinitos,e suspende a Terra sobre o nada.

8Acumula a chuva nas espessas nuvens,sem que estas se ressintam de tal peso.

9Envolve nelas o seu trono.

10Estabelece limites aos oceanos,sim, uma barreira constante, tanto de dia como de noite.

11As estruturas do firmamento tremem perante uma ameaa sua.

12Pela sua fora fez sossegar o monstro; pela sua inteligncia que os oceanos abatem o orgulho que os agita!

13A beleza dos cus foi-lhes dada pelo seu sopro. Foi tambm a sua mo que formou a serpente ondulante.

14E estas so apenas algumas poucas coisas que ele fez, apenas um vislumbre do seu poder. Quem pode, igualmente, enfrentar o seu trovo?

J 27 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 27

1Defesa final de Job:

2Prometo, perante o Deus vivo,o qual subtraiu os meus direitose tanto me amargurou a alma,

3-4que enquanto eu viver, enquanto Deus me der vida,os meus lbios no proferiro iniquidade,a minha lngua no pronunciar mentira.

5Longe de mim que alguma vez vos d razo. At morte hei-de afirmar a minha inocncia.

6No sou um mpio- repeti-lo-ei tantas vezes quantas for preciso. A minha conscincia nada me acusa de mal, na vida.

7E todos quantos afirmam o contrrioso meus inimigos perversos. gente m.

8Que esperana pode ter o mpioquando Deus o liquida e lhe arranca a vida?

9Deus aceitaria o seu clamor, quando est aflito,no momento em que lhe cai em cima a aflio?

10Pois que essas pessoas no tm prazer no Deus poderoso,no ligam a Deus,a no ser em tempos de crise.

11-12

Ensinar-vos-ei aquilo que diz respeito a Deus- mas, na realidade, no preciso de o fazer,porque vocs sabem tanto sobre ele como eu. Pois apesar disso, dizem-me coisas perfeitamente inteis para mim.

13-14

Este o destino que espera os prfidos, da parte do Deus poderoso: se tiverem uma multido de descendentes,ser apenas para morrerem todos na guerra, ou de fome.

15E os que puderem sobreviver sero levados covapela doena ou pelas pragas,sem terem ningum para chorar a sua morte,nem sequer as suas mulheres.

16-17

Os malignos acumulam dinheiro como p,e tm arcas a abarrotar de roupa- sim, podem estar mesmo a encomendar sempre nova roupa,mas ser o inocente quem acabar por us-la,sero os justo quem repartir entre si a prata deles.

18Cada casa construda pelos pecadores to frgil como a teia duma aranha,to cheia de fendas como uma cabana de juncos!

19rse>21

O vento oriental lev-los-, e tero desaparecido,tero sido varridos por toda a eternidade!

20-22

Deus lanar tudo isto sobre eles; no os poupar. Desejaro ardentemente escapar a Deus, sem poder.

23Toda a gente aplaudir, quando morrerem. Sero apupados para sempre.

J 28 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 28

1-2Os homens sabem onde encontrar a prata na terra,e como refinar o ouro,conhecem a forma de extrair da terra o ferro,e de tirar o cobre das rochas.

3Eles sabem como iluminar a escuridode forma, por exemplo, a perfurar uma mina,no interior da Terra,explorando os seus recantos mais profundos;

4penetram no seu interior rochoso, onde reinam trevas sinistras,descendo com cordas, a balanar dum lado para o outro.

5Os homens sabem igualmente como tirar alimentoda superfcie da Terra,enquanto no interior dela arde fogo.

6-7Conhecem a forma de encontrar safiras e palhetas de ouro- tesouros, que no h ave de rapina sequer que possa descobrir,nem olho de guia que o destrince -pois que esto no fundo das minas.

8No so coisas que os animais selvagens pisem, sobre os campos- o leo nunca lhe ps a pata em cima.

9Os homens so capazes de rebentar com duras pedreneiras,de revolver as razes dos montes.

10Abrem tuneis no meio de rochedos e deixam a n pedras preciosas.

11Prendem as correntes de guas com barragens;pem a descoberto ouro.

12Mas ainda que possam fazer tudo isso,ignoram como encontrar sabedoria e entendimento.

13No sabem como obter tais coisas;e o facto que elas no se encontram entre os seres vivos.

14'No est aqui!' - dizem os oceanos. 'Nem aqui!' - respondem os mares.

15-16

No podem ser adquiridas com ouro ou prata,ainda que fosse com todo o ouro de Ofir,ou com pedras preciosas e nix ou safira.

17A sabedoria algo de muito mais precioso do que o ouro ou o cristal; no pode ser comprada com ricas jias de ourocravejadas de pedras preciosas.

18O coral e o cristal perdem o brilho e o valor ao lado dela. O seu preo bem acima dos rubis.

19Topzios de Etipia no chegam para comprar,nem sequer todo o ouro, do mais fino.

20-21

-Mas ento onde que podemos obt-la?Onde que a podemos achar? - Est escondida aos olhos de toda a humanidade;nem mesmo a vista penetrante de certas avesconsegue descobri-la.

22No entanto a destruio e a morte dizem saber alguma coisa sobre ela!

23-24

E, claro est, Deus sabe onde que ela se pode achar,visto que estende a sua vista atravs da Terra inteira,e duma extremidade outra dos cus.

25Faz soprar os ventos e pe limites aos oceanos.

26Estabeleceu leis para as chuvas e para o desencadear dos relmpagos.

27Sim, ele sabe onde se encontra a sabedoria,e di-lo a todos os que estiverem dispostos a escutar. Foi ele mesmo quem a estabeleceue quem a discriminou detalhadamente.

28Isto pois aquilo que ele diz a toda a humanidade:'Escutem; o temor o Senhor, isso a genuina sabedoria.A verdadeira inteligncia est no afastar-se do mal!'

J 29 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 29

1E Job prossegue:

2-3Oh, quem me dera aqueles anosem que Deus tomava conta de mim,em que me iluminava o caminhoe eu andava com segurana pela escurido;

4sim, na minha mocidade, o amor de Deusera coisa sensvel no meu lar,

5o Deus poderoso ainda estava comigo, e eu vivia rodeado dos meus filhos;

6os meus projectos iam avantecomo se andasse sobre cho tenro; era como se das prprias rochasbrotassem torrentes de azeite sobre mim!

7Nesses tempos ia at entrada da cidade e l me sentava por entre os respeitveis ancios.

8Os jovens, quando me viam, afastavam-se do meu caminho,e at as pessoas mais velhas se levantavame ficavam respeitosamente de p quando me aproximava.

9

Os administradores pblicos ouviam-me em silncioe se falavam, mediam bem o que diziam.

10At os mais altos magistrados da cidadepreferiam calar-se na minha presena.

11Toda a gente aprovava o que eu dizia. Todo os que me conheciam diziam bem de mim.

12Porque eu ajudava os pobres nas suas necessidades,e os rfos que no tinham quem os socorresse.

13Tambm auxiliei aqueles que estavam prestes a perecer,e que assim me abenoaram. Fiz com que o corao das vivas rejubilasse de alegria.

14Toda a minha conduta foi recta e honesta; revesti-me de justia.

15Servi de vista para os cegos e de ps para os coxos.

16Fui como um pai para os pobres,e inquiri cuidadosamente as causas em tribunal at dos estrangeiros.

17Quebrei as garras aos mpios opressores e arranquei-lhesdos dentes as vtimas.

18Eu pensava assim: 'Com certeza eu hei-de morrer sossegado, no meu lar,no fim duma vida longa e boa.'

19Porque tudo o que eu fazia resultava bem; o orvalho descia de noite sobre os meus campos, regando-os.

20Novas honrarias eram-me constantemente dadas; sentia renovarem-se-me as capacidades.

21Toda a gente me ouvia com ateno e aceitava o meu conselho;ningum mais abria a boca enquanto eu falava.

22E mesmo depois de ter falado, ningum mais tinha nada a dizer,porque a minha opinio convencia toda a gente.

23Alis as pessoas esperavam pelas minhas intervenescomo, na seca, se espera pela chuva; ficavam na espectativa, de ouvido escuta.

24Quando algum se encontrava desencorajado,se eu lhe sorria, retomava alento,e o seu esprito abria-se.

25Dizia-lhes o que deviam fazer, e corrigia-os,tal como faz um chefe, ou um general, que instruiu as suas tropas. Na minha pessoa, encontravam sempre algumque consolava os que choram.

J 30 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 30

1Mas agora os de menos idade do que eu riem-se de mim- rapazes, cujos pais me interessavam menosdo que os ces do meu rebanho.

2Sem dvida que tm fora e agilidade;mas no so teis sociedade, no tm entendimento.

3Esto debilitados pela fome, e foram expulsospara as terras desertas,para as campinas desoladas e tenebrosas.

4Apanham malvas junto aos arbustos, e comem razes secas.

5Foram lanados fora da civilizao,banidos dos convvios dos homens como se fossem ladres.

6Por isso agora tm de viver em sinistros barrancos,em cavernas, no meio das rochas.

7Bramem como os animais na floresta, amontoando-se, procura de abrigo, debaixo das ortigas.

8So bandos de loucos, gente sem nome,vivendo margem da civilizao.

9E agora os seus filhos fazem de mim o assuntodas suas cantigas satricas! Sirvo de tema para as anedotas que contam!

10Desprezam-me, fogem para longe de mim; se se cruzam comigo, no hesitam em cuspir-me na cara.

11Deus ps-me a vida em perigo. Estes jovens, tendo-me humilhado, conduzem-se agorasem a menor vergonha perante mim.

12Gente infame lana-me armadilhase imagina assaltos minha vida.

13Impedem-me de fazer seja o que fore esforam-se por piorar a situao calamitosa em que estou,visto darem-se muito bem contade que no tenho ningum que me venha em auxlio.

14Assaltam-me de todas as direces. Atiram-se sobre mim, mesmo estando eu j entre escombros.

15Vivo no meio de pavores; eles afrontam-me; a minha prosperidade foi-se,como uma nuvem levada por um vento ciclnico.

16Tenho o corao em pedaos; a depresso apoderou-se de mim.

17-18

As noites para mim so um tormento - passo-as cheio de sofrimentos,como se alguma coisa me estivesse corroendo os ossos. At que amanhea, passo o tempo todo a virar-me e a agitar-me; de manh fico com a roupa toda retorcida no corpo.

19Deus lanou-me para a lama. Tornei-me como p e cinza.

20Clamo a ti, Deus, mas no me ouves. Estou na tua presena,mas nem sequer te incomodas a atentar em mim.

21Tornaste-te cruel para comigo;persegues-me com grande poder e eficcia.

22Lanas-me para o remoinho de ventose desfao-me no meio da tormenta.

23Sinto bem que as tuas intenes a meu respeito so de morte.

24Eu ainda esperava ser detido na minha queda,tal como algum que estende a mo pedindo ajuda, quando cai,ou que grita na sua desventura.

25Porventura no chorei, eu prprio, por aqueles que estavam aflitos? No me sentia eu angustiadopor causa dos que viviam com necessidades?

26E nessas alturas eu procurava solues justas para essas situaes. Pois para mim, foi o mal que me aconteceu. Esperava pela luz, foram as trevas que me envolveram.

27Tenho o ntimo agitado e em constante inquietao. Ondas de aflio me submergem.

28Estou com a pele enegrecida; mas no por ter apanhado sol, por causa do sofrimento. Ergo-me, diante de todos os meus concidados, e clamo por socorro.

29Tornei-me companheiro dos chacais, parceiro das avestruzes.

30O corpo ficou-me de cor escura. Os ossos queimam-me de febre.

31As canes de alegria e prazer que antes se ouviam minha volta,tornaram-se agora em tristes lamentaes.

J 31 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 31

1Eis fiz um acordo com os meus olhos- no os fixar com luxria numa rapariga.

2Seno, que posso eu esperar l de cima, de Deus?

3No manda ele a desgraa ao perverso,a calamidade aos que fazem o mal?

4Ele v tudo o que fao, cada passo que dou.

5Se eu tivesse mentido e defraudado;

6Mas Deus pesa-me em balanas fiis e sabe que estou inocente!

7-8Se eu me afastei do caminho de Deus; se, no ntimo, cobicei aquilo que os olhos viam, se sou culpado de qualquer outro pecado,ento que os outros ceifem aquilo que eu semeei,que tudo o que plantei seja arrancado de raiz.

9-10

Se andei atrs da mulher de outro homem,que eu morra e que a minha mulher seja dada a outro indivduo,que seja levada para outro lar.

11Pois teria cometido um mal que merece castigo.

12Seria como um fogo devastador que faz acabar no inferno,que d cabo de uma vida.

13Se alguma vez tivesse sido injusto para o meu criado,a minha criada, quando tiveram questes contra mim,

14que teria eu a responder se ele quisesse interrogar-me sobre isso?

15Pois foi Deus quem me criou, a mim, tantocomo aos meus trabalhadores. Fez-nos todos ns.

16-20

Se alguma vez prejudiquei os pobres ou fiz chorar vivas,ou se recusei comida a rfos com fome- alis, na minha casa, sempre se cuidou bem dos rfos,tratando-os como nossos prprios filhose desde a minha infncia aprendi que a viva deve ser amparada- ou se alguma vez vi algum tremendo de frioe no o agasalhei com roupa,e no o cobri com a l dos meus cordeiros, para o manter quente;

21se tentei aproveitar-me de algum rfo,pensando tirar benefcio da sua situao;

22se fiz alguma destas coisas,ento que os membros me caiam do corpo!Que os ossos se me desconjuntem!

23Antes me acontea isso do que enfrentar o julgamento de Deus; sim, receio isso mais do que qualquer outra coisa. Porque se tiver de enfrentar a majestade de Deus,que esperana me resta?

24Se alguma vez pus a minha confiana no dinheiro,

25se a minha felicidade se baseou unicamente na riqueza,

26-28

se olhei para o Sol, a brilhar no firmamento,ou para a Lua, deslocando-se no cu, no seu caminho de esplendor,e deixei que o corao ficasse intimamente enfeitiado,pondo-me a adorar esses astros,e a beijar a minha mo perante eles, que seja igualmente castigado pelos juzes, como deve ser. Pois que, se fiz alguma dessas coisas,isso quereria dizer que reneguei o Deus dos cus.

29-32

Se me alegrei com a desgraa de um inimigo meu- e na verdade nunca amaldioei ningumnem reclamei vingana sobre ningum - ou se algum dos meus empregados foi mandado embora, com fome- e a realidade que nunca fechei a porta a ningum,nem sequer a um estrangeiro;pelo contrrio, a minha casa estava aberta a toda a gente -

33ou se, como Ado, tentei encobrir as minhas faltas,com receio do que o povo poderia dizer;

34e se com medo de o afrontar, recusei reconhecer as minhas culpase no procurei intervir a favor de outros

35- oh, quem me dera que algum me ouvissee tentasse dar ateno aos meus argumentos! Vejam: eu prprio assino a minha defesa; agora peo que o Deus todo-poderosome mostre em que que errei,e que, assim, apoie as acusaes que os meus inimigos me fazem.

36Haveria de guardar o processo desse julgamento como uma coroa.

37Dir-lhe-ia exactamente aquilo que fiz e porque o fiz,apresentando-lhe a minha defesacomo a algum que tem verdadeiramente competnciapara me ouvir.

38-40

Ou se a minha terra me acusa de ter roubado o fruto que ela produz, se tirei a vida a algum para poder ficar-lhe com as propriedades,ento que cresam l cardos em vez de trigo,e joio em lugar de cevada. Fim das palavras de Job.

J 32 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 32

Eli

1Os trs homens recusaram continuar a responder a Job por este insistir na sua inocncia.

2Ento Eli (filho de Baraquel o buzita, da famlia de Ro) irritou-se porque Job recusava admitir que tinha pecado, e no queria admitir que Deus o castigava com razo.

3Mas por outro lado estava tambm zangado com os trs amigos de Job, porque, tendo sido incapazes de responder aos seus argumentos, contudo continuavam a conden-lo.

4Eli esperou at esta altura para falar, porque os outros eram todos mais velhos que ele.

5-6Quando viu, pois, que no tinham mais nada a responder-lhe, tomou a palavra, com indignao, e disse:

Eu sou jovem, e vocs, mais velhos que eu,por isso me mantive retirado e calado,sem ousar dizer o que pensava,visto que, em princpio, os mais velhos so mais sabedores;

7-9mas ao fim e ao cabo, no a idade que faz as pessoas mais sbias. Pelo contrrio o esprito que h no homem,o sopro do Deus poderoso,que o faz inteligente.

10Portanto escutem-me e permitam-me que expresse a minha opinio.

11-12

Esperei todo este tempo, ouvindo atentamente os vossos argumentos,e nenhum deles convenceu Job de que um pecador,nem conseguiu prov-lo.

13E no me venham dizer que'Somente Deus convence o pecador do seu pecado'.

14Se Job tivesse discutido comigonunca lhe teria respondido com esse tipo de lgica!

15Agora a esto vocs, desiludidos,esgotada a vossa capacidade de resposta.

16Havia eu pois de continuar a esperar em silncio? No.

17Vou dar j a minha resposta tambm.

18

O meu esprito me pressiona; estou cheio de palavras.

19Sou como um barril de vinho fechado, sem ventilao! Estou pronto a rebentar com palavras!

20Sou obrigado a falar, para poder respirar,por isso deixem-me dizer tudo o que preciso, como resposta.

21No serei parcial a favor de algum, no lisonjearei ningum.

22Se eu fosse hbil na lisonja,o meu Criador logo me castigaria.

J 33 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 33

1Por favor, Job, ouve o que tenho para dizer-te.

2J comecei a falar, agora continuo.

3Direi a verdade com toda a sinceridade.

4Porque foi o Esprito de Deus que me fez,o sopro do Deus poderoso deu-me vida.

5No hesites em me responder, se puderes.

6Diante de Deus sou tanto como tu,eu tambm fui formado do barro.

7No precisas de me recear. No sou ningum assim to importanteque te ponha nervoso ou receoso.

8-9Tu disseste, e repetiste vrias vezes, uma coisa que os meus ouvidos captaram claramente: - 'Sou puro, estou inocente; no pequei!'

10Disseste igualmente, que Deus est usando contigo um pente finopara te apanhar a mais pequena falta,e em consequncia considerar-te um inimigo seu.

11'Ele pe-me os ps no tronco

12Pois bem, aqui est a minha resposta: Foi a mesmo que tu pecaste, em falar de Deus dessa maneira. Porque Deus maior do que os homens.

13Por que razo contenderias tu com Deuspelo facto de ele te dar contas do que faz?

14-15

Deus dirige-se repetidamente aos homens, e de vrias maneiras,mas no atentam no que ele diz.Fala por meio de sonhos, em vises de noite,quando as pessoas caem em sono profundo,deitadas nos seus leitos.

16-18

Abre-lhes os ouvidos e d-lhes instruo e sabedoria,fazendo-os mudar a mente, apartando-os da soberba,para reter a sua alma de cair no abismo,e a sua vida de perecer pela espada.

19-22

Tambm os corrige com dores e com malesque os afligem sem parar,de forma que o indivduo perde o gosto de tudo, perde o apetite,desinteressa-se at pelos mais requintados pratos.Emagrece, fica apenas com a pele e os ossos. Fica s portas da morte, j se avizinha do mundo dos mortos.

23-24

Mas se vier um mensageiro dos cus,um entre os milhares de Deus,para interceder por ele, como um amigo,para lhe mostrar o que recto,ento Deus ter compaixo dele e dir ao intercessor:- 'Livra-o, para que no desa cova; tenho resgate para ele'.

25Ento o seu corpo se tornar to saudvel como o de um jovem:firme e robusto novamente.

26Quando orar a Deus, Deus o ouvire lhe responder, recebendo-o com alegria, e salvando-o.

27A pessoa declarar aos seus amigos: 'pequei, e perverti o direito.

28Mas Deus no me castigou; livrou a minha alma de descer cova. Assim sei que verei a luz.'

29-30

Sim, Deus faz isto, frequentemente, ao homem; - desvia-lhe a alma da perdio, para que possa viver na luz da vida.

31Escuta bem isto, Job! Peo-te que me ouas e me deixes dizer ainda mais alguma coisa.

32No entanto, se tiveres algo a acrescentar quanto a este ponto, diz. Gostaria de te ouvir, porque queria muito justificar-te.

33Caso contrrio, ouve-me ento. Cala-te e ensinar-te-ei sabedoria!

J 34 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 34

1Eli continuou:

2Escutem-me vocs, sbios, ouam vocs que so entendidos.

3Porque o ouvido testa as palavras,tal como a lngua o faz para o que se come.

4Da mesma forma, deveramos saber escolheraquilo que recto. No entanto antes de mais deveramos definir entre nso que bom.

5Porque Job disse. 'Estou inocente, e Deus diz-me que no.

6Sou chamado mentiroso, e no entanto estou inocente. Sou tremendamente castigado, mesmo sem ter pecado!'

7-9Alguma vez j se viu uma arrogncia destas? Isto mesmo de pessoasque devem ter passado muito tempo no meio de gente m,pois que diz: 'Para que serve perder tempo a agradar a Deus?'

10Dem-me ateno, vocs, gente de entendimento. Todo o mundo sabe, absolutamente, que Deus no peca!

11Mas ele retribui s pessoas conforme o que fazem,compensa-as segundo merece a sua conduta.

12 coisa que no se discute, que Deus nunca mau nem injusto.

13S ele tem autoridade sobre a Terra e dispensa justia ao mundo.

14-15

Se Deus viesse a retirar o seu Esprito, toda a vida desapareceria,e a humanidade tornar-se-ia novamente em p.

16Ouam-me pois, e tentem compreender.

17Poderia Deus governar isto tudo, se odiasse a justia? Seriam vocs capazes de condenar esse poderoso juiz?

18Quem ousaria condenar este Deus que diz a reis e a nobres,'vocs so maus e injustos?'

19Porque no olha a que posio social uma pessoa possa pertencer,nem d mais ateno ao rico do que ao pobre. Foi o Criador deles todos.

20Todos eles podem passar desta vida, dum momento para o outro. Em plena noite, grandes ou pequenos, podem partir,sem qualquer interveno humana.

21Deus vigia cuidadosamente sobre os caminhos de cada um;v a todos.

22No h escurido suficientemente espessapara ocultar os mpios aos seus olhos;

23 por isso que nem sequer preciso ficar esperaque algum cometa um grande crimepara ser chamado a juzo perante Deus.

24Sem fazer disso um caso sensacional, Deus simplesmente destri,nem que seja o maior dos seres humanos, e o substitui por outro.

25Sabe tudo o que eles fazem, e numa s noite pode deit-los abaixo,

26-27

ou ento, vista de toda a gente, castig-los como inquios que so;visto que se desviaram dos seus caminhos,

28o que fez com que o grito do pobre chegasse at Deus. Sim, ele ouve os gritos dos oprimidos.

29-30

E mesmo que Deus prefira no falar, quem iria critic-lo por isso? Ele pode igualmente evitar que um homem ruim governe,mas pode, com a mesma facilidade, abater toda uma nao.

31-32

Por que razo as pessoas no dizem a Deus:'Pecmos; mas estamos arrependidos, no recomearemos?' Ou ento: 'Ignoramos o mal que tenhamos feito; esclarece-nos e no o praticaremos mais'.

33Iria Deus aplicar a justia duma forma especial,conforme as vossas pretenses? Vocs que tm de responder, no eu. Digam ento o que pensam.

34-35

As pessoas com discernimento e com intelignciaesto, com toda a certeza, comigoao afirmar que Job falou como um louco.

36Deverias ser provado at ao fimpela forma condenvel como falaste de Deus.

37 que dessa forma acrescentaste rebelio, arrogncia e blasfmiaaos teus outros pecados.

J 35 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 35

1E Eli prosseguiu:

2-3Achas que justo da tua parte clamar: 'No pequei, mas em relao a Deus, no tirei nenhum proveito disso?'

4Vou responder-te, assim como a todos os teus amigos tambm.

5Olha para o cu, l bem acima de ti.

6Quando pecas, ser que isso vai fazer abalar os cus?

7Da mesma forma, se fores bom,ser isso de um grande proveito para ele?

8Os teus pecados podem sim afectar os outros homens; igualmente os teus actos de justia podero benefici-los.

9Os que vivem oprimidos podem gritar sob o efeito das injrias,e gemer sob o poder dos ricos;

10-11

contudo nenhum deles clamar a Deus perguntando,'Onde est Deus, o meu Criador;aquele que inspira cnticos na noite,e que nos d uma mente superior dos animais?'

12Se algum lhe lanar essa questo,ele no replicar com castigo prprio de tiranos.

13-14

Mas Deus no ouve clamores sem sinceridade;e muito menos te ouvir, se disseres que no o vs!

15Deus com certeza que faz justia, ao fim e ao cabo; a questo que se aguarde. Iremos clamar contra eles porque no responde imediatamente injustia?

16Job, falaste como um louco.

J 36 (O Livro)

O Livro (OL)

Copyright 2000 by International Bible Society

J 36

1Disse ainda mais Eli:

2Deixa-me continuar, provar-te-ei aquilo que afirmo. Eu no acabei ainda de defender Deus!

3Dar-te-ei ilustraes da justia do meu Criador.

4Vou dizer-te a verdade com toda a honestidade,pois que sou pessoa com largos conhecimentos.

5Deus poderoso, e apesar disso no pe de parte ningum!

6Ele perfeito na sua compreenso de tudo. No poupa a vida do mpio,mas faz justia aos aflitos.

7No deixa esquecidos os rectos,mas antes os honra colocando-os sobre tronos eternos, reais.

8-9Se vier a aflio sobre eles, se vierem a ser escravizados e oprimidos,ento dar-se- ao trabalho de lhes indicar as razes de tal situao,aquilo que fizeram de mal,ou como se tero conduzido com altivez.

10Ajud-los- a ouvirem a sua instruo,a fim de se desviarem dos seus pecados.

11Se o ouvirem e obedecerem, ento sero abenoados com prosperidade,todo o tempo das suas vidas.

12Se, pelo contrrio, lhe fecharem os ouvidos,perecero no meio das lutas,morrero em consequncia da sua falta de bom senso.

13A verdade que os mpios colhero a ira de Deus;e nem sequer vale a pena revoltarem-se, perante o castigo.

14Acabaro por morrer novos, depois de uma vida de dissipao,duma conduta d