11 história do cerco de lisboa
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Narrador > terceira pessoa > onisciente > Raimundo Silva
Digressões / discussões acerca do processo de criação > metanarrativa
Linguagem diferenciada: ausência de pontos finais (. / ? / ! > ,) / travessão
Esquema:
HISTÓRIA DO CERCO DE LISBOA – J.S.
H. C. L.
AUTOR?
H. C. L.
RAIMUNDO
3ª p
São três as histórias:
a do autor que tem seu texto alterado por Raimundo;
a do próprio Raimundo, que aceita o desafio de Maria Sara;
e a do narrador do livro, que é, na verdade, a única das três histórias a que temos acesso.
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa
O Cerco deu-se de 1º de julho a 25 de outubro de 1147.
Foi o processo de Reconquista cristã da península ibérica, com o auxílio dos cruzados em trânsito para o Oriente Médio.
Efetivamente, o único sucesso da Segunda Cruzada.
A história A história realreal
O Início*Diálogo entre Revisor e “Senhor Doutor”.
*Deleatur
*Revisor cético, amargurado, entristecido, subalterno intelectualmente – profissão
*Autor – História X Revisor – literatura (anterior)
*Discurso – História e Literatura – representações – tudo é literatura.
* Autor não quis ver as provas – confiança no revisor.
A cabeça de Raimundo Silva
*Raimundo divaga sobre o acontecimento histórico: Rico em detalhes, o pensamento do revisor mostra várias situações que o livro Real não contém e que contribuiriam para um melhor entendimento do fato histórico. Revisão atrasada.
*Raimundo culto, detalhista, metódico e crítico – apesar de não ter instrução superior.
*Raimundo – parte alta, solitário, solteiro, velho
*Erros o irritam – arma, bandeira, discurso – disparates - NÃO poderia ter escrito pela verdade histórica.
“com a mão firme segura a esferográfica e acrescenta uma palavra à página, uma palavra que o historiador não escreveu, que em nome da verdade histórica não poderia ter escrito nunca, a palavra NÃO, agora o que o livro passou a dizer é que os cruzados Não auxiliarão os portugueses a conquistar Lisboa, assim está escrito e portanto passou a ser verdade, ainda que diferente, o que chamamos falso prevaleceu sobre o que chamamos verdadeiro, tomou o seu lugar”
• No outro dia, Costa vai buscar as provas – não há mais possibilidade de mudanças.
• Raimundo passeia pela cidade – pensa no ato – poderia correr até a tipografia.
• Observa a cidade que já fora dos Mouros - + de 300
• Identifica-se mais com os Mouros.
• Filosofia: ler ou vivenciar.
A descoberta da fraude Passaram-se 3 dias
Raimundo é chamado para um reunião na editora
“Sente-se cercado”.
Não foi demitido, mas terá de escrever cartas de desculpas e ficar submetido a uma supervisora.
Livro - ERRATA
Volta para casa e pensa: ódio e Mulher
No livro, dentro do livro, o revisor insere um NÃONÃO:
os cruzados NÃONÃO ajudaram Afonso Henrique.
Isso tudo acontece num tipo de preâmbulo, pois a obra de Saramago não possui as divisões clássicas: introdução, capítulo I, índice, etc.
Raimundo Silva – propositadamente e sem explicação lógica – introduz o NÃO na obra que será impressa.
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa
O Encontro
Escreve a carta de desculpas.
Recebe um telefonema : Reunião com a chefe – Maria Sara.
Na Reunião percebe Maria Sara
O Livro “Dele” – sem errata
Proposta - NÃO aceita
O Novo LivroCausa e consequência
Mudança de hábitos – tinta, casaco, almoço
Por que houve a recusa dos Cruzados
O discurso do rei e a conversa com os cruzados
NÃO aceitam fazer gratuitamente e partem
Alguns ficam
A História paralela
Raimundo Silva procura Maria Sara e após o encontro – na editora – ela lhe oferece carona.
Raimundo passa a se interessar por Maria Sara.
Mouros fazem festa com a partida dos cruzados
Almuadem cego fica receoso.
Raimundo Cria Mogueime para representar o bravo português. Ele conta a tomada de santarém.
Raimundo pensa nas dificuldades do romance e vai espairecer – compra uma rosa branca
Portugueses tentam diálogo para que LISBOA fosse devolvida sem a necessidade de luta.
Problemas: Maria Sara doente O cerco da cidade Ligar para ela Mogueime e Ouroana
Ele pega o telefone dela > não liga = vergonha X Maria liga para Raimundo: “Então, ouça, telefonei-lhe porque me sentia só, porque tive curiosidade de saber se estava a trabalhar, porque queria que me desejasse as melhoras, porque, Maria Sara, Não digas o meu nome assim, Maria Sara, eu gosto de si, pausa longa, Isso é verdade, É verdade, Levou tempo a dizer-mo, E talvez nunca o dissesse, Por quê, Somos diferentes, pertencemos a mundos diferentes, (...) Posso dizer-lhe que a amo, Não, diga só que gosta de mim, Já o disse, Então guarde o resto para o dia em que for verdade, se esse dia chegar, Chegara, Não juremos sobre o futuro,”
- Maria Sara > sobre as rosas que recebe: “Não o devia ter feito, Por quê?, perguntou ele, desconcertado, Porque a partir de hoje não poderei não receber rosas todos os dias, Nunca lhe faltarei com elas, Não me refiro a rosas rosas, , Então, Ninguém deveria poder dar menos do que deu alguma vez, não se dão rosas hoje para dar um deserto amanhã, Não haverá deserto, É só uma promessa, não o sabemos,”
- Raimundo x Maria Sara- RAIMUNDO MARIA SARA
- Narrador: (sobre o casal) “Estão felizes, ambos, e a um ponto tal que será grande injustiça separar-nos de um para ficar a falar do outro, como mais ou menos seremos obrigados a fazer, porquanto, conforme ficou demonstrado num outros mais fantasioso relato, é física e mentalmente impossível descrever os atos simultâneos de duas personagens.”
maduro X Comportamento juvenil
mais jovem Xmadura
- Primeiro encontro > Raimundo: “agora gostaria que a vida me desse o que nunca me lembro de ter tido, o sabor que ela certamente tem.”
- Raimundo inicia sua H.C. L.: D. Afonso Henriques + religiosos + nobres > cercam
Lisboa > vivia sob o domínio mouro
Proposta de D. Afonso: “a bem dizer, a nós o que nos convinha era uma ajuda assim para o gratuito, isto é, vocês ficavam aqui a um tempo, a ajudar, quando isto acabasse contentavam-se com uma remuneração simbólica e seguiam para os Santos Lugares, que lá, sim, seriam pagos e repagos,”
Os cruzados vão embora (alguns permanecem) > os mouros em Lisboa comemoram
O cerco dura meses > não conseguem invadir a cidade
Ataque / torres móveis > primeira > infrutífera
D. Afonso Henriques > soldo atrasado
Soldadesca > levante > exigem o mesmo prêmio que seria dado aos cruzados > saque à cidade de Lisboa
Fome > melhor arma > cães / gatos / ratazanas são comidas
Amor em meio ao cerco:• Mogueime > soldado de baixa patente / mentia sobre a sua participação
no cerco de Santarém > Raimundo não poderia condená-lo, pois pintava
os cabelos
• Ouroana > mulher raptada de sua família / vivia como concubina de
Henrique > este morre
- Raimundo x Maria Sara / Mogueime x Ouroana > “opostos”
- Revisão histórica
- Raimundo x Maria Sara (realidade)
- Mogueime x Ouroana (ficção)
seguem suas paixões
1. O deleaturdeleatur (em latim, destrua-sedestrua-se) é um sinal de revisão usado para indicar que a letra ou a palavra deve ser suprimida.2. O revisor nunca havia feito uma ato dessa natureza; inverte a lógica do seu trabalho - corrigir os erros. 3. O revisor se espanta com sua ação(‘Nem eu próprio saberia dizer hoje por que o fiz’, admite o revisor.”), mas não desfaz o erro.
O que observarO que observar
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboaPersonagens da editora:Personagens da editora:
Raimundo Benvindo SilvaRaimundo Benvindo Silva: É o revisor de texto e protagonista do romance;
O Historiador: É quem escreve o livro sobre a História do Cerco de Lisboa. O Costa: É o responsável de receber as cópias revisadas dos revisores e encaminhá-las à produção.Maria SaraMaria Sara: É a profissional contratada para ser a chefe dos revisores.O Diretor Literário: É quem recebe Raimundo e o chama à responsabilidade de responder pela alteração feita na obra.
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboaHistóricosHistóricos:
El-rei Dom Afonso HenriquesEl-rei Dom Afonso Henriques: É quem lidera os soldados católicos rumo ao cerco de Lisboa.
Mem Ramires: É um dos capitães do cerco.
Frei Rogeiro: Interlocutor entre os mouros e el-rei.
Representa a Igreja.
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboaIdealizadosIdealizados::
MogueimeMogueime: um dos soldados que lutam no cerco de Lisboa.OuroanaOuroana: uma barregã (concubina), que chega ao cerco acompanhando seu senhor, um cruzado alemão de nome Henrique.AlmuademAlmuadem: crente que, do alto do minarete, anuncia a hora das preces.HurisHuris: mulheres do paraíso, virgens do paraíso maometano.MuezimMuezim = almuadem.
Na nova versão dos fatos, MogueimeMogueime
destaca-se nas lutas, devido ao seu valor heroico e à sua habilidade de reinterpretar as ações:
Torna-se narrador da história que Raimundo escreve.
e apaixona por OuroanaOuroana.
Assim, as duas narrativas, a do personagem criado por Raimundo Silva e a de Saramago, terminam com o romance dos dois casais:
Raimundo Silva e Mara Sara; Mogueime e Ouroana.
Saramago, no livro, repete várias vezes as expressões:
“Se esse era serviço de Deus serviço menor seria
e cavaleiros tão principais tinham obrigação de acudir aonde
mais trabalhosa fosse a obra, não neste cu de mundo”.
(livrar a Terra Santa)
(livrar Lisboa)
(cruzados)
(Terra Santa)
(Lisboa)
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa
Dificuldades do livroDificuldades do livro:
a linguagem e a técnica de Saramagoa linguagem e a técnica de Saramago: • uso inusitado da pontuação nos diálogos, • pelos vários planos em que se desenrola o livro.
Saramago não usa muito o ponto final Saramago não usa muito o ponto final para encerrar as frasespara encerrar as frases;
os diálogos não são demarcados de os diálogos não são demarcados de forma clássicaforma clássica.
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa
Raimundo Silva comete dupla traição:
como historiadorcomo historiador, porque se torna autor e escreve um fato incorreto, e
como revisorcomo revisor, porque não corrigiu o erro.
Então,
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa
ConclusãoConclusão
Raimundo Benvindo Silva, na incumbência de rever um livro sobre a História de Portugal (baseado na de Alexandre Herculano), resolve cometer propositadamente um erro, acrescentando um NãoNão... «Os cruzados Não auxiliaram os portugueses
a conquistar Lisboa».
História do Cerco de História do Cerco de LisboaLisboa
ConclusãoConclusão