10º boletim informativo por outras palavras dezembro 2012
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10º Boletim Informativo POR OUTRAS PALAVRAS Dezembro 2012TRANSCRIPT
POR OUTRAS PALAVRAS
Boletim Informativo N.º 11, Dezembro 2012
Boletim Informativo n.º 11 - Dezembro de 2012
Monitorização: De 1 a 29 de Novembro, foram moni-
torizados diariamente 10 jornais de referência: 3 de
âmbito regional (Campeão das Províncias, Diário As
Beiras e Diário de Coimbra) e 7 de âmbito nacional
(Diário de Notícias, Jornal I, Jornal de Notícias, O
Expresso, O Público, Primeiro de Janeiro e Sol).
Nesta edição:
1 - Editorial
2 - Pela Positiva, Alerta
3 - Estereótipos
4 - Estereótipos, Estereótipos
5 - Xenofobia
6 - Estereótipos
7 - Xenofobia
8 - Campanha: Depois do Não, Pára!, Sugestões de
Leitura e Créditos
IN OTHER WORDS é um projecto financiado com o apoio da Comissão Europeia. A informação contida nesta publicação (comunicação)
vincula exclusivamente o autor, não sendo a Comissão responsável pela utilização que dela possa ser feita.
POR OUTRAS PALAVRAS? O projecto In Other Words encontra-se na sua recta final. Mas, o IEBA
para dar seguimento a todo o trabalho desenvolvido no projecto e dada
a importância da temática tratada submeteu recentemente uma candi-
datura ao POPH-Programa Operacional do Potencial Humano, tipolo-
gia 7.3 - Apoio Técnico e Financeiro às Organizações Não Governa-
mentais, designada "MEDIA+IGUAL", que tem por finalidade fomen-
tar a equidade, combater a discriminação e os estereótipos de género
nos media, promovendo a desconstrução, análise, reflexão e sensibili-
zação para essa realidade. Entre as actividades previstas destaca-se a
monitorização de 16 jornais/revistas da imprensa escrita Portuguesa e
a edição de um boletim mensal. Este projecto irá integrar as mesmas
entidades da Unidade Local de Análise de Imprensa do projecto In
Other Words sob a coordenação do IEBA, nomeadamente, a APAV –
GAV Coimbra, a APPACDM – Coimbra, o GRAAL , a “Não Te Prives”
e o SOS Racismo.
Visita ao parceiro da Estónia, Tallinn University
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pela positiva A propósito do dia contra a violência domestica, dia 25 de Novembro, a Associação de Apoio à Víti-
ma (APAV) lançou uma campanha cuja frase ‘Até que a morte nos separe’ visa relembrar as víti-
mas mortais de violência doméstica, bem como alertar
e prevenir este flagelo social. Neste sentido, foi redigi-
do um conjunto de notícias, das quais se destaca ‘Crise
Económica pode prolongar as situações de violência
doméstica’. Esta notícia é considerada positiva porque
procura uma explicação politizada para as consequên-
cias que a crise pode ter no prolongamento das situa-
ções de violência doméstica, enumerando um leque
amplo de contextos e situações, enfatizando e alertan-
do para a possibilidade de uma cada vez maior rotini-
zação da prática de violência doméstica. Dando um
enfoque à questão de género.
Por fim, explica como funciona todo o processo de
aconselhamento, realçando que não obriga à apresen-
tação de queixa. Acredita-se que este último subcapítulo informa e pode contribuir para dirimir os
hiatos que muitas vezes contribuem para o prolongamento de algumas situações. No geral, a notí-
cia contribui para a visibilização positiva e, de certa forma, a prevenção da violência doméstica.
in Jornal de Notícias, 23/11/2012
alerta
Esta notícia encontra-se em destaque, uma vez que se limita a
denunciar mas não discute, nem procura criar espaços de discus-
são sobre a realidade da discriminação em Portugal
in O Público, 09/11/2012
Página 3 POR OUTRAS PALAVRAS
Esta notícia procura reportar a ausência de mulheres no cenário político na China, a propósito da
abertura do 18º Congresso na China, que conduziu à escolha do novo governo chinês. Ora, consi-
derando que a denúncia de dispositivos de discriminação de género na comunicação social repre-
senta uma mais-valia para o jor-
nalismo e para a cidadania, é
importante perceber e analisar
em que moldes estas denúncias
são efectuadas e os argumentos
nas quais se baseiam. Argumenta
-se que, neste caso, a jornalista se
coloca claramente numa posição
de avaliação e distância face à
realidade sobre a qual pretende
falar, como se, de certa forma,
essa distância geográfica e políti-
ca que dita de Portugal (ou da
Europa) à China, se traduzisse
numa diferença incomensurável,
no que respeita à discriminação
de género. É, neste sentido, que
se denota que o texto é atravessa-
do por um discurso eurocêntrico,
na medida em que, através do
estabelecimento de uma comparação implícita com outros espaços, fala-se da China como se tra-
tasse de um caso de excepção. Simultaneamente, a notícia aborda a discriminação como um fenó-
meno comportamental, mais do que político, e não deixa de retirar agencialidade emancipadora à
categoria que constrói como ‘mulheres chinesas’.
Em primeiro lugar, o título da notícia baseia-se num conjunto de estereótipos sobre a mulher e o
espaço público, acabando por reafirmar - mesmo que de forma não intencional – um conjunto de
ideias feitas sobre mulheres e política. O subtítulo, por sua vez, embora denuncie claramente a
presença de sexismo na política (chinesa): ‘eles formam um clube privado’ acaba por ser reducio-
nista, na medida em que afirma que: ‘elas nem sequer querem abrir a porta’. Neste sentido, a
notícia atesta que a discriminação sofrida pelas mulheres é, em grande parte culpa sua.
(Continua na página seguinte…)
estereótipos
in O Público, 13/11/2012
Página 4 POR OUTRAS PALAVRAS
estereótipos (Continuação)
No decorrer do texto, a jornalista volta a repetir esta ideia, ao afirmar que ‘Se eles fecharam o clu-
be, elas não empurram a porta”. Uma sondagem realizada em 2010 pela Federação das Mulheres
(um organismo estatal) revelou que 55% das inquiridas consideraram que o seu maior dever é
cozinhar’ (sic). Defende-se que a insistência na (co-)responsabilização e na culpabilização das víti-
mas de discriminação, as mulheres, baseada na falta de iniciativa das mesmas, ignora as repre-
sentações e as relações de poder dominantes, contribuindo para uma leitura simplista, meritocrá-
tica e sexista da discriminação de género. Neste ponto parece-nos que a explicação mais politiza-
da advém da investigadora Leta Hong Fincher ao afirmar que ‘‘A participação das mulheres na
política é simbólica devido a complicados factores sociais, culturais e políticos’’ (sic), invisibilizan-
do, mesmo assim, o patriarcado, como modelo de pensamento e reprodução social dominante,
directamente relacionado com a continuidade histórica da discriminação de género.
No decorrer do texto a autora afirma ainda que ‘[a] política tem características masculinas, como
o consumo de álcool e as reuniões tardias, e não é fácil para as mulheres adaptarem-se’ (sic) sem
explicar de onde retira esta informação e limitando-se a reafirmar um conjunto de características
construídas socialmente como masculinas, sem as questionar ou criticar.
Este artigo dá conta da eleição da primeira senadora - declarada-
mente homossexual - para o senado dos Estados Unidos da Amé-
rica. Justifica-se, no entanto, acrescentar que a notícia salienta
mais (através do título) a sua história pessoal do que o seu per-
curso enquanto activista contra um conjunto de discriminações.
Acrescente-se, igualmente, que poderia ser mais interessante
salientar o impacto que esta eleição tem na realidade do país -
tendo em conta o momento político actual no que respeita a luta e
a conquista por um conjunto de direitos da população que, entre
muitas outras coisas, é homossexual. Destaca-se ainda a existên-
cia de um erro referente a uma concordância de género: onde se lê
‘foi um dos mais activos e constantes adversários’ (sic), deveria ler
-se ‘foi uma das mais activas e constantes adversárias’.
estereótipos
in Diário de Notícias, 09/11/2012
N.º 11, Dezembro 2012 Página 5
xenofobia Ao contrário do que esclarece o título da notícia, o texto pretende explanar e contextualizar um
conjunto de dados provenientes dos censos de 2011, destacando, em primeiro lugar, (alguns) con-
tributos da imigração para Portugal. Argumenta-se que a notícia se limita a falar na óptica do
‘país de acolhimento’, na medida em que pro-
cura realçar a mais valia da imigração igno-
rando, no entanto, os próprios imigrantes. Ou
seja, a notícia enfatiza um discurso sobre imi-
gração que se baseia, exclusivamente, numa
perspectiva nacionalista, economicista e utili-
tarista. A notícia é incapaz, há imagem de
muitas outras, de abordar a questão da imi-
gração na óptica dos direitos e da dignidade
humana, sendo incapaz também de abrir um
debate sobre o paradigma de pensamento
dominante - essencialmente xenófobo.
Não deixa de ser curioso que o espaço que é
dado a este acontecimento – a difusão de
dados dos censos – não sirva para discutir
políticas europeias, como o FRONTEX ou a
incorporação da ‘Directiva do Retorno’ na
Lei portuguesa, dado que estes se tratam
de instrumentos institucionais de opressão
e controlo da imigração e de violência sobre
os/as imigrantes que tanto contribuíram e
contribuem para construção social, cultu-
ral, política e económica do país.
A divisão da notícia em duas partes, inicia-
da com a frase ‘Quanto ao retrato do que
somos’(sic) deixa clara a linha de pensa-
mento condutora: ‘nós’/ ’eles’. Neste sentido, a notícia não é confusa: ela visa falar de Portugal e os
imigrantes são parte dele mas, infelizmente, sempre postos à margem.
in O Público, 21/11/2012
in O Público, 21/11/2012
Página 6 POR OUTRAS PALAVRAS
Esta notícia procura reportar o trabalho que tem sido realizado pela Unidade Reconstrutiva Genito-
urinária e Sexual (URGUS) no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, enfatizando o conjun-
to de onze operações que foram efectuadas no primeiro ano. Considera-se que a notícia explicita
bem a complexidade e a morosidade do processo, revelando a importância que um espaço destes
representa para um avanço na conquista de direitos das pessoas transsexuais. No entanto, não
pode deixar de ser notada a linguagem que considera as pessoas como ‘doentes’ (sic) e a transsexua-
lidade como ‘perturbação’ (sic), patologizando a identidade de género e reafirmando a normalidade
da normatividade das representações dominantes.
estereótipos
in Jornal de Notícias, 23/11/2012
Página 7 POR OUTRAS PALAVRAS
Esta notícia, que dá visibilidade à violenta expropriação do Bairro de Santa Filomena, na Amadora,
embora reporte os acontecimentos, não os contextualiza, uma vez que não fornece ao leitor informa-
ções suficientes para que o mesmo possa entender o processo de despejo que tem sido realizado pela
Câmara Municipal da Amadora, contra a vontade dos habitantes do bairro que, em parte, não terão
direito à atribuição de uma casa, ficando sem sítio onde morar.
Seria, assim, necessário
esclarecer quais os pro-
gramas e instâncias res-
ponsáveis pelos aconteci-
mentos em Santa Filome-
na, em particular, os pro-
cedimentos adoptados no
âmbito do Programa
Especial de Realojamento
(PER) e a forma como a
má gestão deste Plano
tem legitimado a violação
de direitos, não só em
Santa Filomena mas
também noutros espaços,
como aconteceu na Azi-
nhaga dos Besouros e no
Bairro da Torre. Desta
forma, não se explica que
esta não é uma situação
pontual mas, um procedi-
mento sistemático.
Por fim, denote-se que embora se considere positiva o espaço concedido às declarações de um mem-
bro do Colectivo Habita é essencial que os/as moradores/as sejam sempre ouvidos/as, dado que são
estes/as os/as principais afectados/as.
xenofobia
in O Público, 20/11/2012
mupis presentes em 17 cidades, spots
de vídeo e rádio, campanhas de rua e a
distribuição de individuais de tabulei-
ro nas cantinas dos Serviços da Acção
Social da Universidade de Coimbra e
do Instituto Politécnico de Coimbra. A
campanha foi desenvolvida pela agên-
cia GREY, numa parceria mecenática
com a APAV, contando ainda com o
apoio mecenático da Ponto Cru, para a
produção dos spots vídeo, da Secção de
Fado da Associação Académica de
Coimbra (Estudantina Universitária
de Coimbra) para o spot rádio e a cola-
boração do artista Rui Veloso, durante
o seu concerto na Festa das Latas.
O Projecto Unisexo visa atuar na área
da prevenção da violência sexual no
ensino superior, focando especifica-
mente as relações ocasionais e de
namoro estabelecidas pelos estudantes
universitários. Conta com as parcerias
do Centro de Estudos Sociais da Uni-
versidade de Coimbra e do Instituto
Nacional de Medicina Legal e tem pro-
tocolo de colaboração com a Associação
Académica de Coimbra.
O Projecto Unisexo é financiado pelo
QREN/ POPH, Eixo 7 – Igualdade de
género, medida 7.3. – apoio técnico e
financeiro às ONG, gerido pela Comis-
são para a Cidadania e Igualdade de
Género.
A APAV,
através do
P r o j e c t o
Unisexo, lan-
çou durante a
Festa das
Latas 2012,
em Coimbra, a
campanha de prevenção da violência
sexual no ensino superior, com a men-
sagem “DEPOIS DO NÃO, PÁRA.
RESPEITA A VONTADE DOS
OUTROS. A VIOLÊNCIA SEXUAL
É CRIME.”
A campanha foi lançada através de
vários meios: cartazes e flyers, disse-
minados por vários estabelecimentos
de ensino superior em todo o país,
sugestões de leitura
Página 8 N.º 11, Dezembro 2012
- Mais informação sobre o projecto em http://apav.pt/apav_v2/index.php/pt/main-menu-pt/351-depois-do-nao-para-campanha
-de-prevenc-a-o-da-viole-ncia-sexual-no-ensino-superior
na internet
Visite o website do projecto IN OTHER WORDS em: http://www.inotherwords-project.eu/
No Facebook, GOSTE de nossa página em: http://www.facebook.com/PorOutrasPalavras
Conheça a política e actividades da Comissão Europeia na área da Justiça em: http://ec.europa.eu/justice/index_en.htm
créditos Edição: IEBA Centro de Iniciativas Empresariais e Sociais, Dezembro 2012
Revisão: ULAI Unidade Local de Análise de Imprensa - APPACDM Coimbra, APAV, GRAAL, NÂO TE PRIVES, SOS RACISMO
Contactos: IEBA Parque Industrial Manuel Lourenço Ferreira, Lote 12 - Apartado 38, 3450-232 Mortágua, [email protected]
“Depois do NÃO, PÁRA!”
Projecto UNISEXO - APAV