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Seguir para... Ciclo Virtual Ciclo Virtual ► Atualização em Serviço Social 2 Atualização em Serviço Social 2 ► Recursos Recursos ► 1- A Instrumentalidade no Trabalho do 1- A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Assistente Social A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social Conforme Selma Marques Magalhães aponta em seu livro “Avaliação e Linguagem: relatórios, laudos e pareceres”, a instrumentalidade serve de ponto de apoio para o trabalho, facilita a nossa atuação, racionaliza o nosso tempo, direciona eticamente a nossa proposta de trabalho e, sobretudo demonstra respeito ao usuário. O instrumental não pode ser utilizado como um fim em si mesmo, ou corremos o risco de nossa prática se tornar voltada para o senso comum. Dessa forma, não podemos agir por agir, perguntar por perguntar, olhar por olhar, dando a impressão de que apenas colhemos dados, o que poderia ser feito por qualquer profissional. No período pós-reconceituação os assistentes sociais entendiam que o instrumental da profissão representava o pragmatismo herdado pela influência norte-americana. Dessa forma, o instrumental técnico-operativo na profissão era negado, pois nessa concepção ele se destinava a consolidar um projeto conservador de sociedade, amplamente combatido pela categoria profissional. A ação profissional deveria se pautar pela interpretação do mundo Atualização em Serviço Social 2: 1- A Instrumentalidade no Trabalho ... http://ead.ciclovirtual.com.br/mod/resource/view.php?id=3950 1 de 24 16/1/2012 13:35

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Assistente SocialAssistente Social

A Instrumentalidade no Trabalho do Assistente Social

Conforme Selma Marques Magalhães aponta em seu livro “Avaliação e Linguagem: relatórios,laudos e pareceres”, a instrumentalidade serve de ponto de apoio para o trabalho, facilita anossa atuação, racionaliza o nosso tempo, direciona eticamente a nossa proposta de trabalhoe, sobretudo demonstra respeito ao usuário.

O instrumental não pode ser utilizado como um fim em si mesmo, ou corremos o risco denossa prática se tornar voltada para o senso comum. Dessa forma, não podemos agir por agir,perguntar por perguntar, olhar por olhar, dando a impressão de que apenas colhemos dados, oque poderia ser feito por qualquer profissional.

No período pós-reconceituação os assistentes sociais entendiam que o instrumental daprofissão representava o pragmatismo herdado pela influência norte-americana. Dessaforma, o instrumental técnico-operativo na profissão era negado, pois nessa concepção elese destinava a consolidar um projeto conservador de sociedade, amplamente combatido pelacategoria profissional. A ação profissional deveria se pautar pela interpretação do mundo

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mediante a leitura crítica da realidade. Tal leitura da realidade era desassociada da unidadeteoria/prática, desconsiderando as dimensões teórico-metodológica, ético-político e técnicooperativo.

A ênfase do fazer profissional era a teoria, o método e a história distanciados da prática, dosaber/fazer do Serviço Social, resultando em uma categoria profissional cindida entreassistentes sociais críticos e pragmáticos.

Atualmente, os assistentes sociais retomam a questão da instrumentalidade considerandoque a teoria não muda o mundo. O instrumental é uma ferramenta necessária à práxis naconstrução de uma sociedade. Assim, o trabalho do Serviço Social requer um instrumentaltécnico-operativo que é concebido como a ferramenta para a instrumentação do exercícioprofissional, que envolve na sua ação as dimensões teórico-metodológicas e ético-política.

O instrumental utilizado pelo Assistente Social no seu trabalho está articulado ao projetoético-político da profissão, portanto aplicado com um sentido que possibilita conduzir otrabalho na direção da defesa de um projeto ético-político societário.

Assim podemos dizer que a dimensão profissional está pautada em 03 aspectos: teórico-metodológico (saber), ético-político (poder) e técnico-operativo (fazer).

Esses fundamentos constitutivos do Serviço Social interagem enquanto mediações da práticaprofissional e devem ser somados aos conhecimentos específicos do espaço ocupacional.

No período pós-reconceituação o instrumental era negado, pois se entendia que elerepresentava um projeto conservador de sociedade.

Atualmente a instrumentalidade é uma ferramenta necessária à práxis e contempla asdimensões teórico-metodológica, ético-político e técnico operativo. O instrumental estáarticulado ao projeto ético-político da profissão.

Os Intrumentais:

A linguagem

A linguagem é o instrumento privilegiado de todo o profissional que tem sua ação voltadapara a intervenção junto a sujeitos sociais. Pois, na verdade, ela é o elo mais importante doprocesso comunicativo que se dá entre o profissional e o usuário.

“O Serviço Social, como uma das formas institucionalizadas de atuação nas relações entre oshomens no cotidiano da vida social, tem como recurso básico de trabalho a linguagem”Marilda Iamamotto.

Como bem coloca a autora Selma Marques Magalhães, “o homem se comunica através designos, e esses são organizados através de códigos e linguagens. Pelo processo socializador,ele desenvolve e amplia suas aptidões de comunicação, utilizando os modos e usos de falaque estão configurados no contexto sociocultural dos diferentes grupos sociais dos quais faz

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parte”.

“Considerando que a palavra é um signo ideológico por excelência, as enunciaçõeslinguísticas trazem, em si, uma natureza social e exprimem a subjetividade inerente aosvalores da particularidade de cada contexto social (sozinha a palavra é neutra; só ganhaconotação ideológica num contexto de comunicação). Logo, o material privilegiado dacomunicação da vida cotidiana é a palavra”. (Magalhães, 2006) .

O uso de todo Instrumental pressupõe interações comunicativas. É a partir do uso dalinguagem que o profissional poderá no seu espaço sócio-ocupacional, construir e utilizar detécnicas e instrumentos de intervenção.

Para tanto é necessário considerar o contexto em que se dá a comunicação, bem como quemé o destinatário da mensagem. Tendo em vista que a linguagem é construída conforme asparticularidades e singularidades dos grupos sociais em interação.

Quando se usa a comunicação oral como instrumento de trabalho faz-se necessário oconhecimento não só das particularidades do contexto social, da classe ou grupos com osquais se interage, mas também dos signos (gírias, entonação, significado dos termos) que sãoexpressos por meio da linguagem. O discurso não é expresso só pelo uso da palavra, oconteúdo não verbal, o olhar, a entonação, o gesto, o não falado, fazem parte da linguageme estão carregados de significados.

Já no contexto forense, a comunicação escrita assume espaço privilegiado, pois é por meiodela que se configura os fatos e o desenrolar dos autos de um processo.

Na justiça, de forma objetiva, tudo gira em torno de um processo, no qual consta desde adocumentação até a história de vida do usuário. Portanto os autos de processo são umimportante meio de comunicação entre os profissionais que atuam na justiça.

Exemplificando a importância desta comunicação escrita temos a máxima jurídica: “o quenão está nos autos, não está na vida.”

Os profissionais que exercem funções subsidiárias às decisões judiciais, como o assistentesocial e o psicólogo, por exemplo, irão anexar nos autos suas avaliações profissionais. Dessaforma, a leitura profissional de um caso atendido ganha a forma escrita.

O profissional passa a ser o locutor do seu antigo locutor (usuário) para um novo interlocutor(juiz). Assim, a linguagem ganha conotação de metalinguagem, pois descreve a linguagem doantigo locutor, ou seja, do usuário, agora com um significado dado pelo saber profissional.

Projeto de intervenção no Campo do Serviço Social

O projeto de intervenção é um componente básico para o exercício da profissão do AssistenteSocial e constitui uma organização sistemática das ações técnico-profissionais e ético-político que serão utilizadas pelos Assistentes Sociais no exercício profissional.

A formulação de um projeto de intervenção pode ser considerada como um trabalho desíntese entre conhecimento e ação que será utilizado como respostas técnicas e políticaspara o enfrentamento das questões sociais.

A elaboração de um projeto de intervenção profissional requer o conhecimento e a

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sistematização da realidade alvo do exercício profissional e a sistematização do conjunto dasações profissionais a serem realizadas.

O projeto e intervenção é um conjunto articulado de atividades investigativas e interventivasque integram o exercício profissional norteadas por princípios e valores ético-políticos.

O exercício profissional como afirma Lopes da Silva (1999) deve contemplar 03 dimensões:

- conhecimento teórico-metodológico - que permite ao profissional uma compreensão darealidade social identificando as demandas e as possibilidades dessa realidade;

- compromisso ético-político conforme estabelece o Código de Ética Profissional de AssistenteSocial (1993), ressaltando os valores – liberdade, igualdade e justiça social;

- capacitação técnico-operacional - que possibilite a definição de estratégias de intervençãovisando à consolidação teórico-prática do projeto profissional vinculado ao projeto ético-político.

Na elaboração de um projeto de intervenção a identificação de questão social a sertrabalhada constitui um passo preliminar e fundamental. É essa aproximação com a realidadeque vai definir as alterações que se deseja nela imprimir, por meio do trabalho a serdesenvolvido. A relação entre as determinações sociais que configuram o objeto de trabalhoe a intencionalidade do profissional permite o estabelecimento de objetivos e metasrealizáveis.

Os princípios fundamentais que norteiam o exercício profissional presentes no Código deÉtica e as atribuições previstas na Lei de Regulamentação da Profissão (8.662/93)constituem-se um importante guia de definição dos rumos à operacionalização das açõesprofissionais.

O projeto ético-político da profissão está vinculado a um projeto de transformação dasociedade. Uma nova ordem social, sem dominação e ou exploração.O projeto implicano compromisso do Assistente Social com a competência técnica, teórica e política,tendo como base o aprimoramento intelectual.

Projeto de intervenção – componente básico para o exercício da profissão do AssistenteSocial e constitui uma organização sistemática das ações técnico-profissionais e ético-político que serão utilizadas pelos Assistentes Sociais no exercício profissional.

Projeto de intervenção requer conhecimento acerca da realidade alvo do trabalho esistematização das ações que serão executadas. O projeto de intervenção deve sernorteado por valores e princípios éticos da profissão.

Itens de um projeto de intervenção

A professora Ilma Rezende sugere alguns itens que devem conter um projeto de intervenção:

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Justificativa- diz da relevância do projeto e sua aplicabilidade. É através dele que se vaiconvencer a instituição empregadora a investir no trabalho, pois será uma importante formade intervenção e modificação da realidade, em consonância com as metas institucionais eseu papel social. É ainda, a maneira de se justificar socialmente as ações a seremdesenvolvidas na perspectiva da defesa dos direitos de cidadania e dos valores democráticos.

Problematização teórico-histórica de um objeto de intervenção- consiste em abordar oobjeto de intervenção considerando as transformações sócio-históricas da sociedadecontemporânea, a relação Estado/sociedade, bem como suas repercussões na política socialem questão e nas condições de vida da população usuária. Trata-se da contextualizaçãosocial, histórica e cultural do objeto de intervenção.

Objetivo geral- explicita o impacto social que se deseja alcançar com a proposta do projeto,considerando a relação entre os interesses e as necessidades do público alvo e os objetivosda instituição.

Objetivos específicos- são as atividades específicas necessárias para de atingir o objetivogeral.

Procedimentos operacionais- operacionalização das ações definidas nos objetivosespecíficos. Quais são as ações a serem realizadas, o responsável por cada uma delas, aperiodicidade da ação, conteúdo etc.

Público-alvo- a quem se destina o objetivo geral do projeto.

Metas: o que se pretende atingir.

Avaliação e controle: deve ter como parâmetro o objetivo geral, os objetivos específicos, asmetas e o contexto sócio-histórico e político.

Cronograma: com a definição do período e prazo para implantação, execução, avaliação,redefinição/ajustamento do projeto após a avaliação.

Recursos: devem estar explícitos os recursos materiais, humanos e financeiros.

AbordagemAbordar é aproximar, chegar à beira ou à borda de. É através do processo de abordagem que oprofissional desenvolve suas relações com a comunidade, isso requer um conhecimento préviodo espaço e da realidade e o estabelecimento de uma relação de vínculo com o usuário, quepossibilita ao técnico compreender a realidade do usuário, como ele vê, percebe e entendesua vida. O desenvolvimento de uma relação de troca e cooperação entre profissional eusuário possibilita a articulação das ações necessárias ao desenvolvimento comunitário.

ObservaçãoA observação possibilita um contato entre o profissional e o fenômeno pesquisado. Permite acoleta de dados em situações em que é impossível outras formas de comunicação, quando,por exemplo, a pessoa observada não pode falar – como no caso de bebês ou devido a outrascircunstancias.

Para que a observação se torne um instrumento de investigação científica se faz necessárioque seja estabelecido um planejamento para o uso de tal instrumento e uma percepçãoapurada do observador.

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“Observar é muito mais do que ver ou olhar. Observar é estar atento, é direcionar o olhar, ésaber para onde se olha” (Cruz Neto, 2004)

O observador deve definir com antecedência “o que” e “como” observar o objeto de estudodelimitado. O trabalho de observação exige concentração por parte do observado que deve seater aos aspectos mais importantes.

Observação participanteA observação direta ou participante é obtida por meio do contato direto do pesquisador como fenômeno observado, que recolhe as informações a partir da compreensão e do sentido queos atores atribuem aos seus atos. O profissional recolhe dados das ações dos atoresinvestigados em seu contexto natural, partilhando e vivendo aspectos de suas atividades, desuas ações e significados.

Observação participante: o observador participa em interação constante em todas assituações, acompanhando as ações cotidianas, as circunstâncias e o sentido dessas açõespara os envolvidos.

A entrevista na prática do Serviço Social

A entrevista é um instrumento de trabalho do Assistente Social que permite a aproximaçãoentre o Assistente Social e o usuário num processo de desconstrução, construção ereconstrução da problemática vivenciada pelos usuários. A entrevista é uma formaespecializada de comunicação, é um meio de intervenção profissional, cuja intencionalidadepode ser de ajuste ou emancipação.

Conforme a autora Selma Magalhães, a entrevista é um instrumento técnico muito utilizado erequer uma atitude profissional que implica em uma postura atenta e compreensiva, sempaternalismo. Requer um acolhimento do usuário, que deve ser visto e tratado como umsujeito de direitos.

Segundo Maria Luza de Souza a entrevista é uma conversa entre duas ou mais pessoas com oobjetivo de compreender, identificar ou constatar uma determinada situação.

Na entrevista busca-se o conhecimento de dados, contudo ela não se reduz a um simplesquestionário de perguntas e respostas. A entrevista requer a participação do usuário, oestabelecimento de objetivos e uma escuta ativa. É importante ainda, o estabelecimento devínculos entre o Assistente Social e o usuário, a fim de identificar os objetos de intervenção.

Utilizando toda a sua habilidade, conhecimento e experiência o profissional deve fazer daentrevista um espaço de escuta visando à compreensão da realidade do usuário.

O usuário deve ser envolvido neste processo sendo estimulado a analisar a sua realidade, apensar em possíveis soluções para seus problemas e o Assistente Social é o responsável pelacondução da entrevista se colocando de modo a favorecer o relacionamento interpessoal.

Vasconcelos (1997) concebe a prática profissional como uma prática de caráter reflexivo quepossibilita o rompimento com o instituído, mediante um fazer crítico, educativo, criativo epolitizante. A ação envolve dois sujeitos: usuário e profissional, sendo que o profissional deve

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disponibilizar as informações a respeito dos direitos sociais e do conhecimento técnicoacerca da população usuária.

Classificação das entrevistas:As entrevistas podem ser dirigidas (estruturadas, diretivas ou fechadas) ou semidirigidas (nãoestruturada, aberta).

A entrevista dirigida é aquela cujo conteúdo a ser questionado não pode ser modificado,geralmente aplicada mediante um formulário com questões. É utilizada para a coleta dedados numa abordagem quantitativa.

Na entrevista não estruturada, não diretiva ou aberta, chamada ainda de entrevistadialogada, o entrevistador e o entrevistado são agentes do processo. O entrevistador goza deautonomia para formular as perguntas. Esta entrevista permite a conscientização, acapacitação, a orientação, a informação e a valorização da autoestima do entrevistado.

A entrevista pode ser estruturada, diretiva ou fechada, cujo conteúdo a serquestionado não pode ser modificado. É utilizada para a coleta de dados numaabordagem quantitativa. Na entrevista não estruturada, não diretiva ou aberta,chamada ainda de entrevista dialogada, entrevistador e entrevistado são agentes doprocesso. O entrevistador goza de autonomia para formular as perguntas. Estaentrevista permite a conscientização, a capacitação, a orientação, a informação e avalorização da autoestima do entrevistado.

Entrevista: instrumental que implica em um relacionamento profissional que requerpostura atenta e compreensiva. Deve-se ouvir, compreender e enxergar o usuário comoum sujeito de direitos. O entrevistador deve estar atento ao conteúdo não verbalpresente em uma entrevista: gestos, olhares, o tom da voz e até o silêncio.

Tipos de entrevistas:

Entrevista de ajudaBenjamim (1986) define a entrevista do Serviço Social como uma entrevista de ajuda, poisatravés dela o entrevistador leva o entrevistado a reconhecer o seu problema e decidir o quedeve ser mudado e como.

Entrevista de triagemTambém chamada de entrevistas de ingresso, amplamente utilizadas em plantões sociais.

Entrevista de avaliação socioeconômicaAtravés dela se avaliam as condições socioeconômicas dos usuários. É utilizada em programassociais, empresas e plantões sociais.

Entrevista de devoluçãoEntrevista na qual o entrevistador dá ciência ao entrevistado acerca do que foi constatado nodecorrer da intervenção profissional, quais os encaminhamentos podem ser tomados.

As etapas de uma entrevista

O acolhimento

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É a primeira etapa, na qual se procura estabelecer um vínculo entre o usuário e oprofissional. Consiste em acolher o usuário, apresentar a ele o serviço, ouvir a sua demanda,sem, contudo aprofundar nesta etapa.

Apresentação do problema e do contextoNeste momento procura-se entender a questão trazida pelo usuário, nas dimensões sociais,históricas e familiares. O usuário dever ser estimulado a mostrar o seu posicionamento frentea sua problemática. Após a elucidação, profissional e usuário pensarão em alternativas parao enfrentamento do problema.

Momento de identificação do objeto de intervençãoConsiste na identificação da problemática do usuário. O entrevistador deve direcionar a falado entrevistado para o objetivo da entrevista.

DesenvolvimentoNessa etapa o Assistente Social estimula o usuário a falar de si, guiado pelo objetivo daentrevista. É o momento da coleta de informações, neste momento todo o conteúdo verbal enão verbal deve ser analisado e estudado.

EncerramentoO Assistente Social recapitula brevemente os principais pontos tratados na entrevista,deixando claro o que o Serviço Social pode oferecer os encaminhamentos seguintes.

A entrevista precisa ter um tempo definido, um espaço e um conteúdo. Os objetivos daentrevista é que determinarão as técnicas, o espaço, a duração e a documentação de umaentrevista.

Algumas técnicas de entrevista

O acolhimentoUtilizada no início da etapa, porém presente em toda a entrevista. É o acolhimento dousuário no sentido de deixá-lo confortável durante o processo, com um espaço adequado parao atendimento, fazendo com que o usuário se sinta ouvido, respeitado, acolhido.

QuestionamentoPerguntas abertas e indiretas permitem a obtenção de informações sem direcionar a respostado usuário. Exemplo: evitar o uso de perguntas que podem ser respondidas apenas com “sim”ou “não”.

ReflexãoAprofundamento dos temas trazidos pelo usuário, estimulando-o a participar desse processoanalisando a sua problemática, convidando-o a pensar nas possibilidades para resolução dasituação.

Reexposição, paráfraseConsiste em devolver ao usuário a sua própria fala permitindo que ele a analise,possibilitando a ele a compreender melhor o seu modo de interpretar a problemática.

SilêncioPermite ao usuário reassimilar suas emoções após a exposição de suas questões.

ExploraçãoPermite ao profissional se aprofundar nos aspectos mais delicados da vida do usuário. Na

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entrevista a abordagem desses assuntos deve considerar o objetivo do trabalho e não a meracuriosidade.

Reestruturação cognitivaPermite ao usuário analisar as situações a partir de um outro viés, outro paradigma,estimulando as mudanças de concepções e comportamento.

Sinalização das contradiçõesO usuário pode ficar confuso na hora de fazer suas colocações, apresentando dadoscontrários. Caso isso ocorra, deve- se solicitar o esclarecimento acerca de suas falas.

Socialização de informações pelo Assistente SocialPermite ao usuário articular o seu conhecimento em torno das questões questionadas naentrevista com o conhecimento do profissional de forma a complementar o seu próprioconhecimento.

O local onde será realizada a entrevista deve proporcionar ao usuário tranquilidade eprivacidade. Devem-se evitar interrupções da conversa, sejam em virtude de telefonemas,barulhos, entrada de pessoas estranhas. Já o tempo de uma entrevista deve ser previamentecombinado entre o entrevistador e o entrevistado, sendo adequado que o início e o términoocorram na hora programada.

Para melhor compreensão da problemática do usuário e adequado encaminhamento dasituação, muitos profissionais realizam anotações, o que faz parte do processo de umaentrevista, já que não é possível confiarmos somente na memória. Contudo, essas anotaçõesdevem ser feitas respeitando o aspecto ético e confidencial de uma entrevista. Éaconselhável que logo no início o profissional esclareça ao usuário a necessidade de se fazeranotações. Importante também, se ter cuidado para que fichas e anotações de outrosusuários não fiquem expostas.

Saber ouvir e saber perguntarSão duas habilidades essenciais a um entrevistador. Mais do que escutar, ouvir significadirecionar a nossa atenção e interesse no que se está ouvindo e estar atento a todos osdetalhes da fala do entrevistado: a voz, ritmo, linguagem corporal. Ouvir com atençãopossibilita compreender o que está sendo exposto e faz com o usuário se sinta respeitado evalorizado.

O saber perguntar define a forma da entrevista, portanto o ideal é utilizar perguntas abertase indiretas que facilitam a reflexão, assim vejamos:

Perguntas abertas - são aquelas que permitem ao usuário emitir o seu ponto de vista acercada questão, exprimindo suas concepções, opiniões e pensamentos.

Perguntas fechadas – limitam as respostas a um dado específico, objetivo. Pode restringir ocontato entre entrevistador e entrevistado.Toda pergunta deve ser feita com cuidado e respeito, os questionamentos devem considerar oobjetivo do trabalho.

Uma entrevista pode e deve proporcionar ao usuário uma experiência significativa,possibilitando que esse reflita sobre suas ideias, seus sentimentos, sua problemática.Entre o Assistente Social e o usuário deve-se estabelecer uma relação na qual o usuárioé o responsável por suas ações e capaz de utilizar-se de seus recursos pessoais para

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solução de suas questões.

O Assistente Social coloca à disposição do usuário, neste processo, todo o seuconhecimento experiência e habilidade profissional, que somadas ao uso do saber ouvir,habilidade indispensável, possibilita ao usuário a tomada de consciência sobre sifavorecendo o seu protagonismo.

Grupo Operativo

O homem se organiza socialmente em grupos que são os mediadores nas relações sociaisentre os indivíduos e a sociedade.

Conceito de Grupo

Grupo é um local de expressão das necessidades e interesses pessoais e coletivos, umaestrutura de vínculos entre pessoas que possuem identidade grupal e uma finalidade que ématerializada mediante projetos e ações que visam a melhoria da situação dos envolvidos.

Identidade Grupal

Trata-se da caracterização do grupo a partir da forma como o grupo é organizado, o grau deinstitucionalização, regras de participação, entrada e permanência no grupo e a relaçãodesses com os demais grupos da sociedade. É a consciência, o sentimento de pertencimentoao grupo.

Trabalhando com grupos

O ponto de partida para se trabalhar com grupos é o estabelecimento de objetivos, metas,estratégias que fazem parte do planejamento dos trabalhos. Contudo, por mais que se tenhacom clareza os objetivos traçados, não é possível precisar os resultados, pois esse dependedo processo grupal. Cada grupo tem seu próprio tempo e ritmo, suas particularidades.

O grupo é algo mais que a soma de seus membros, possui uma personalidade e umaidentidade própria e reflete as histórias de vida e a forma de ver o futuro de cada um quecompõe o grupo.

Assim, o educador ou coordenador assume um papel de facilitador, já que sua atuação devefacilitar o caminho do grupo rumo ao autoconhecimento, ao desenvolvimento pessoal esocial.

Coordenador = educador = facilitador = profissional

Para se alcançar os objetivos propostos para o trabalho com grupos, é importante que entreos profissionais e os participantes exista um vínculo, que vai sendo construído a cada passodo trabalho e que depende de atitudes adotadas pelo facilitador, o que veremosposteriormente.

Além da vinculação é necessário que haja limites estabelecidos. Tais limites vão definir asresponsabilidades e os papéis de cada um. O limite colocado pelo coordenador expressa aspossibilidades e as impossibilidades de cada ação, o que se pode ou não fazer dentro do

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grupo.

O vínculo e os limites favorecem a comunicação entre o profissional e os membros do grupo,o que vai possibilitar a expressão de sentimentos e opiniões.

Os limites dizem respeito ainda, às regras básicas do convívio e do funcionamento grupal.

Uma maneira mais eficaz de se estabelecer limites é a adoção de um contrato a ser firmadoentre seus membros. Tal contrato rege as condições, as formas de participação, os direitos edeveres entre os envolvidos. O contrato rege ainda a periodicidade e a duração das reuniõese demais aspectos relacionados ao funcionamento grupal.

Outro ponto que deve ser trabalhado no contrato é a questão do sigilo das informações. Oprofissional orientado pela ética é obrigado ao sigilo das informações recebidas dos usuários.Já o respeito ao sigilo por parte dos usuários é algo que deve ser trabalhado e ser firmadoentre os participantes.

Num grupo também é necessário definir os papéis como a coordenação e a condução dasatividades do grupo. O coordenador estará encarregado de auxiliar o grupo a pensar,encaminhar a dinâmica das atividades, cuidar do conteúdo e das temáticas a seremtrabalhadas.

Já mencionamos a importância para a eficácia do trabalho com grupos, a construção devínculos, já que é por meio desses que o processo de desenvolvimento pessoal e social setorna possível.

Assim, devemos observar alguns pontos propostos pelas autoras Margarida Serrão e MariaClarice Baleeiro, que nos auxiliaram na construção do vínculo:

- Disponibilidade interna:Diz respeito à disponibilidade interna do facilitador e de cada participante do grupo paraparticipar das atividades apresentadas e do projeto de desenvolvimento proposto para ogrupo. É o querer fazer parte.

- Aceitação das diferenças individuais, do jeito ser de cada um:Pensar que a diferença é um elemento enriquecedor que permite ampliar os horizontes decada membro, favorecendo o processo grupal.

- Confiança na capacidade de transformação pessoal:É fundamental acreditar na capacidade de transformação pessoal, reconhecendo que cadaindivíduo tem a capacidade de se desenvolver pessoalmente e socialmente.

- Escuta e acolhimento oferecidos a todos:Dar a oportunidade de expressão a todos os membros, estimulando a participação. É dizerque cada um é importante.

- Cuidar do bem-estar do grupo:É estar disponível, ouvir e acolher, oferecendo e propiciando condições de expressão ereflexão.

- Busca das qualidades existentes em cada indivíduo:Cada um é dotado de potencialidades distintas que vão contribuir com o trabalho.

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- Delicadeza de tratamento:É tratar com respeito, com acolhimento e afeto evitando ironias, cinismos edesqualificações.

- O imaginário do grupo:Cuidar das expectativas que um grupo pode fazer com relação ao técnico a ao trabalho.Diante do novo sempre fazemos projeções.

- A expectativa em relação ao trabalho:As expectativas dos membros podem não coincidir com o objetivo do trabalho, portanto énecessário deixar claro o que se pretende alcançar e saber que nem todas as necessidadesserão satisfeitas.

- Relações preexistentes ao grupo:Exige cuidado, pois os participantes podem se conhecer (serem de uma mesma comunidade,vizinhos etc.) e podem manter relações de amizade ou de qualquer natureza.

O coordenador deve ter uma postura compreensiva e de acolhimento, estimulando osparticipantes a participarem ativamente do processo, conduzindo o trabalho sempaternalismo e autoritarismo.

É função do coordenador considerar aspectos éticos, tais como o respeito a todos eprincipalmente o respeito às diferenças tendo em vista a heterogeneidade grupal, dada asdiferenças de idade, nível escolar, gênero, religião.

É importante que o coordenador possa contar com o apoio de um observador que estaráatento aos trabalhos e irá intervir no momento oportuno. Sua participação será importanteno momento da avaliação dos trabalhos.

Sempre que possível é mais adequado que o trabalho de coordenação do grupo seja realizadopor dois facilitadores, o que permite uma percepção mais rica dos processos grupais,possibilitando o rodízio de papéis e o registro das falas.

Para tanto, é necessário que haja entre o coordenador e o cocoordenador um entrosamento eque ambos caminhem na mesma direção. Contudo, se não for possível o trabalho de doiscoordenadores é importante que o único coordenador procure discutir com outros educadoresaspectos e perspectivas com relação ao grupo.

Com relação à periodicidade e a duração dos encontros do grupo, Serrão e Baleeiroconsideram como ideal que esses ocorram semanalmente com duração de até três horas.Encontros quinzenais enfraquecem o grupo e dificultam a elaboração de tarefas.

A duração dos encontros, o intervalo e término do grupo devem ser estabelecidos com osparticipantes.

No que tange a composição de um grupo devemos considerar o número de participantes, aidade, o sexo e a escolaridade. Grupos grandes dificultam as trocas e o aprofundamento dasquestões. Já um grupo pequeno demais empobrece o processo de troca de experiências.

Com relação ao gênero, grupos compostos por ambos os sexos possibilitam o exercício daconvivência e a expressão de pontos de vista, conforme a ótica de cada gênero.

No que se refere à faixa etária, um grupo com faixa etária muito ampla pode dificultar o

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processo grupal, devido aos interesses distintos e prejudica a troca de experiências.

O facilitador deve ter conhecimento quanto ao nível de escolaridade do grupo para o usoadequado de dinâmicas.

Todo grupo encaminha suas questões ou uma ação importante, conclui uma discussão, umtrabalho ou desenvolve um projeto. O sentimento de pertencimento a um grupo depende dograu de identificação com as questões e formas de condução e ainda com os objetivos dogrupo.

Ao coordenador se faz necessário ter consciência dos próprios limites e do limite do grupo.Deve-se considerar a singularidade do grupo, sua vulnerabilidade com relação ao contextosocial, seus recursos culturais, simbólicos e afetivos.

Por fim, a formação de um grupo socioeducativo deve ser orientada pelos princípios daautonomia e cidadania, a finalidade deve ser a formação de um grupo de aprendizagem,no qual os participantes poderão desenvolver suas capacidades, atitudes e melhorar acompreensão de sua situação frente às questões sociais.

Visita

Instrumental presente na trajetória profissional do Assistente Social que permite a esse sairde traz de sua mesa e ir ao encontro do vivido, do cotidiano dos usuários.

A visita é um instrumental de avaliação considerado por muitos como característico doServiço Social e não raras vezes ela é sugerida por outro profissional. O objetivo da visita éclarificar situações considerando o caso na particularidade de seu contexto sociocultural edas relações.

Ao contrário do que era antigamente, a visita não tem mais o seu caráter exclusivamenteinvestigativo e não pode ser vista pelo usuário como uma “caixinha de surpresas” que éaberta com a chegada do profissional à sua porta.

A visita faz parte de um processo de intervenção e tanto o profissional quanto o usuáriodevem ter a clareza do objetivo da visita.

Mediante a visita pretende-se perceber, como define Francisco A Kern. a linguagem dasrelações do sujeito com o outro, em seu meio social, no seu espaço cotidiano.

Neste prisma, a visita domiciliar demanda procedimentos que devem ser discutidos com ousuário, como a necessidade, a finalidade, o objetivo da visita. Sempre que possível deve-seacordar o dia e o horário com o visitado.

O profissional deve estar atento a sua identificação, manter uma postura esclarecedora,habilidade para dirigir as perguntas e anotá-las, evitando o uso de questionários e a anotaçãode dados na presença de pessoas.

A visita enquanto recurso técnico permite a observação de dados pertinentes às condições demoradia, a dinâmica de interação familiar e a distribuição de papéis na família.

Como aponta Selma Magalhães, visita-se com o objetivo de complementar dados, observar

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relações sociais em sua singularidade, no ambiente do usuário, seja o lar, a escola, o local detrabalho, ou outro espaço onde se reflitam as relações sociais do usuário.

A visita domiciliar permite ao Assistente Social ir de encontro ao vivido no cotidiano dousuário. Neste contexto, o profissional entra em contato com fatos e acontecimentos visíveisno presente, mas também com dados da realidade invisível.

Ao profissional cabe agir com ética reconhecendo que a visita é a aproximação em um espaçoque é privativo da família ou dos sujeitos envolvidos. Assim, deve-se ter o cuidado para nãoinferir opiniões sobre a vida familiar, respeitando outras formas e modos de vida, nãoassumindo aspectos julgadores e moralista na reflexão.

Como já foi dito, a visita atualmente não é concebida com uma “caixinha de surpresas”,na qual o profissional através de seu “olhar clínico” abre geladeiras, conta móveis,observa as condições de higiene e organização do espaço, partindo de seus valores e deseu contexto. Mais que isso, na visita o que se busca é a linguagem das relações e oprofissional deve assumir uma postura teórico-prática, ético-política e técnico-operativa.

Visita: instrumental de avaliação, através do qual se tem contato com a linguagem dasrelações no contexto do usuário.

Visita de inspeção

Esse tipo de visita tem como finalidade verificar se o trabalho desenvolvido nas instituiçõesatende aos objetivos por elas propostos, bem como suas instalações físicas, os aspectoslegais, dentre outros.

Reunião

A reunião é um instrumento coletivo de reflexão sobre as necessidades, preocupações einteresses comunitários, assim como de organização e ação.“As reuniões são espaços coletivos. São encontros grupais, que têm como objetivoestabelecer alguma espécie de reflexão sobre determinado tema. Mas, sobretudo, umareunião tem como objetivo a tomada de uma decisão sobre algum assunto” (Charles Toniolode Sousa).

Considerando a reunião como parte do instrumental cotidiano, é importante que sejaelaborada uma pauta com os assuntos a serem tratados, que devem estar relacionados aosobjetivos do trabalho. A dinâmica de uma reunião deve ser participativa e possibilitar àpopulação uma reflexão acerca do cotidiano e de sua realidade social. Assim, o objetivo deuma reunião não deve se reduzir à realização de uma tarefa, mas deve ser um espaço departicipação e reflexão. Para que isso se efetive é necessário que a coordenação da reuniãoseja democrática e que facilite o processo participativo e reflexivo.

Reunião de equipe

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Esse tipo de reunião também pode ser considerado um instrumento técnico, já que possibilitaa equipe solucionar problemas, discutir casos, avaliar as atividades ou estudar temáticas. Éfundamental para o andamento dos trabalhos, pois é um momento de reflexão dos técnicos,troca de experiências e vivências.

Reunião instrumental: técnica que possibilita aos usuários participarem e refletiremsobre suas questões.

Estudo Social

Segundo Regina Célia Tamaso Miotto, o estudo social é um instrumental utilizado nas maisdiferentes áreas e modalidades de intervenção. Para o desenvolvimento deste trabalhogeralmente, o assistente social estuda a situação, realiza uma avaliação e remete umparecer.

Na realização do estudo, o profissional considera não somente o que é expresso verbalmente,mas também aquilo que não é falado, e que, no entanto faz parte do contexto em foco.

O trabalho se dá por meio de observações, entrevistas, pesquisas documentais ebibliografias. O resultado do estudo é apresentado mediante um relatório e ou laudo ereporta-se à expressão da questão social.

O Estudo Social pode ser concebido, como um instrumental que tem como objetivo ainvestigação sistemática e, como já dissemos é amplamente utilizado no cotidianoprofissional, sobretudo no campo sociojurídico.

O Estudo Social é o processo investigativo das condições objetivas e subjetivas de umadada situação, de um fenômeno social. O resultado deste estudo – o relatório social oulaudo social – é a descrição ordenada do que se viu, ouviu e observou.

Com o objetivo de oferecer subsídio técnico-científico, se faz necessário a atuação de umprofissional especializado em determinada área do conhecimento, o perito.No meio jurídico o assistente social mediante o estudo social fornecerá um parecer queauxiliará o magistrado na aplicação da lei.

Dessa forma, o estudo social se apresenta como suporte fundamental para a aplicação demedidas judiciais dispostas no Estatuto da Criança e do Adolescente e na legislação referenteà família.

Por meio de observações, entrevistas, visitas, pesquisas de documentos e bibliografias, eleconstrói o estudo social, que deve estar articulado aos conteúdos históricos, teóricos emetodológicos e ético-políticos do projeto do Serviço Social.

Retomando as competências e atribuições do Assistente Social, conforme a legislação quenorteia o fazer profissional, vamos refletir sobre as implicações ético-políticas da construçãodo estudo social.

A lei nº 8.662/93 estabelece dentre as competências do Assistente Social:

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- Realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociaisjunto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outrasentidades;- Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobrematéria de Serviço Social.

Já o Código de Ética destaca como princípios fundamentais que devem nortear o trabalhodo Assistente Social:

- o reconhecimento da liberdade com valor ético central;- a defesa intransigente dos direitos humanos- a ampliação e consolidação da cidadania;- a defesa do aprofundamento da democracia;- o posicionamento em favor da equidade e justiça social;- o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito;- a garantia ao pluralismo;- a opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma novaordem societária – sem dominação/exploração de classe, etnia e gênero;- a articulação com movimentos de outras categorias;- o compromisso com a qualidade dos serviços prestados e o exercício do Serviço Social semser discriminado.

Essas diretrizes e princípios devem nortear a ação do Assistente Social, assim a construção deum estudo social implica em uma reflexão a respeito do objetivo do Serviço Social e oprocesso de trabalho.

Para elaboração de um estudo social, o 1º passo a ser adotado é identificar “o que” se desejaconhecer por meio dele, qual é o objeto do estudo. Em seguida, devemos entender o “porquê” e “para quê” realizar o estudo, ou seja, quais os objetivos e as finalidades que sedeseja alcançar.

Tais objetivos e finalidades devem se reportar ao projeto ético-político e teórico-metodológico da profissão.

A elaboração de um estudo social

Para o desenvolvimento do trabalho o profissional deve conhecer técnicas de entrevista e deredação e mais ainda os conteúdos históricos, teórico-metodológicos e ético-políticos queconstituem o projeto da profissão que devem ser articulados às técnicas.

Na elaboração de um estudo social, devemos perceber que o usuário é um indivíduo socialinserido em uma realidade social que determina sua história. Assim devemos resgatar aforma como ele está inserido em seu contexto histórico, se vive com sua família, como essaé constituída, qual a sua relação com o mundo do trabalho, se está inserido ou excluído nele,o local onde vive, se tem acesso ou não a bens sociais.

O estudo Social envolve uma dimensão da totalidade que deve ser registrada e decodificadapelo profissional.

O que deve ser observado na elaboração de um estudosocial

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No processo de trabalho de um estudo social, como já foi dito, observamos dados objetivos esubjetivos. Os dados objetivos se referem às condições de moradia, composição familiar(nome dos integrantes do grupo familiar, escolaridade, situação funcional, salário etc.)

No que tange às condições de moradia devemos observar a organização do espaço, estado deconservação, higiene, salubridade, acomodação, se o imóvel é próprio, alugado ou cedido.

No aspecto saúde, deve-se avaliar se existem problemas graves de saúde, se háacompanhamento médico, vacinação, desnutrição, etc.

Quanto à situação econômica deve-se estar atento para o tempo de profissão, vínculoempregatício, renda ou salário.

Já os dados subjetivos, o que “não é falado”, corresponde às várias formas de expressãoverbal, se refere também a qualidade da relação familiar.

A estrutura de um estudo social

Salvaguardo o estilo de cada profissional, um estudo social conforme Alcebir Dal Pizzol deveconter:

- nome de documento;- natureza da ação- nome das partes- técnicas utilizadas- relato do apurado- manifestação final (parecer)

O documento pode ser estruturado da seguinte forma:

- Introdução: que corresponde à identificação e deve conter o nº do processo, vara deorigem, identificação dos envolvidos e objetivo do trabalho;- Procedimentos: os instrumentais utilizados na coleta de dados;- Caracterização da situação;- Parecer Social

Concluindo, o estudo social é um processo metodológico especifico do Serviço Social, quetem por finalidade conhecer com profundidade e de forma crítica uma determinada situação.

O produto do estudo social, ou seja, a sistematização do estudo realizado, é apresentado pormeio de um relatório social e/ou laudo social ou parecer social. Esses documentosapresentam de forma escrita as informações colhidas e as interpretações realizadas por umnorte teórico, e o registro de um saber especializado relacionado a uma área profissional.

Perícia Social

A Perícia é um trabalho produzido por profissional especialista em determinada área doconhecimento humano. O Assistente Social é um dos profissionais do conhecimento científicoque podem ser solicitado a apresentar uma perícia social.

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Conhecendo o termo

O termo perícia se origina da palavra em latim peritia, que quer dizer habilidade, destreza. Oautor José de Moura Rocha considera a perícia como uma atividade que demandaconhecimentos particulares em determinada arte ou ciência.

Perícia – pode ser considerada como um exame de caráter técnico especializado realizado porum perito.

Perito – é aquele especialista em determinado assunto e portanto habilitado para arealização de perícias.

A Perícia Social pode ser considerada como um processo mediante o qual um especialista, nocaso o Assistente Social, realiza um exame sobre determinada situação social com afinalidade de emitir um parecer sobre a mesma.

A perícia Social é realizada a partir de solicitação feita por profissionais ou por autoridadesde diferentes áreas, como do judiciário, da saúde, da previdência, da educação etc.

Conforme aponta Mioto a perícia social é tradicionalmente utilizada no judiciário e tem afinalidade de conhecer, analisar e emitir um parecer sobre situações conflituosas no âmbitodos litígios judiciais, visando assessorar os juízes em suas decisões.

Para a realização de uma perícia, o profissional faz uso de todo instrumental técnicoutilizado para a realização de um estudo social.

Podemos considerar que o diferencial entre uma perícia e um estudo social, é que o objetivoda perícia é formar provas para subsidiar decisões.

Mioto aponta que a perícia tem uma finalidade precípua, que é a emissão de um parecer parasubsidiar a decisão de outrem (em geral um juiz) sobre determinada situação.

A apresentação da perícia aos juízes se faz mediante o denominado laudo social.

Rosângela de Araújo acrescenta em relação à perícia social no judiciário que a perícia é aexpressão do estudo social e visa esclarecer situações conflituosas.

O profissional após utilizar-se de todo o instrumental operativo usado para elaboração de umestudo social, após ter averiguado e estudado a situação, se manifesta mediante um laudosocial.

A expressão laudo é a mais correta para compor o título do trabalho escrito, além disso, é otermo utilizado por outros profissionais que também fazem perícias, como o laudo médico, olaudo psiquiátrico e o laudo contábil, exemplificando.

O laudo deve ser redigido de forma clara e objetiva e pode ter a mesma estrutura do estudosocial.

Assim como a elaboração de um estudo social, o trabalho de perícia social requer umconhecimento técnico-operativo a observação dos preceitos contidos no Código de Ética dacategoria.

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Mioto descreve 04 elementos que são eixos de sustentação de uma perícia social:Competência técnica, competência teórico metodológica, autonomia e compromisso ético.

- Competência técnica: refere-se à habilidade do profissional na utilização de seusinstrumentos de trabalho.

Como já vimos, instrumentos são um conjunto de recursos ou meios que permitem aoperacionalização da ação profissional: visitas, entrevistas, observação, dentre outros.

- Competência teórico-metodológico: refere-se à base de conhecimentos que o AssistenteSocial deve dispor para desenvolver a perícia social. Tais conhecimentos se referem àsconstruções teóricas e metodológicas do Serviço Social, às teorias, diretrizes, leis enormatizações, por exemplo, o ECA, Código de Ética.

- A autonomia: é considerada pela autora como elemento chave para o desenvolvimento daperícia, já que o objetivo dessa é a emissão de uma opinião profissional. Para opinar, énecessário que o profissional tenha liberdade para decidir sobre os caminhos que o levará àformação de tal opinião. É de competência e responsabilidade do perito a definição dossujeitos a serem envolvidos no estudo social, bem como a escolha dos instrumentaisoperativos, a análise de documentos. A autonomia pressupõe um outro elemento que é ocompromisso ético com a profissão.

- Compromisso ético: corresponde ao atendimento dos princípios e das normas para oexercício profissional contidas no Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais, Lei deRegulamentação da Profissão.

O pedido de perícia social pode vir acompanhado de perguntas a serem respondidas peloprofissional (quesitos), que devem ser atendidas sem o prejuízo de que o perito emita umparecer.

Pode ocorrer de o trabalho pericial ser solicitado a profissionais de diferentes formações, nocaso social, constantemente se demanda o trabalho do psicólogo, mesmo que a coleta dedados e a observação sejam feitas em conjunto por ambos profissionais, a exposição escritado resultado da perícia deve ser feita individualmente, dado a especificidade de cadaprofissão.

Perícia - apreciação técnica de um profissional especialista em determinada área doconhecimento, sobre algo estudado.

A perícia no âmbito do judiciário, diz respeitado a uma avaliação, exame ou vistoriasolicitada ou determinada por um juiz, quando a situação exigir um parecer técnico deuma determinada área do conhecimento. A perícia social é realizada por meio de umestudo e implica na elaboração de um laudo ou parecer. Para sua elaboração, oprofissional irá utilizar de instrumentos e técnicas tais como entrevistas, visitas,pesquisas (documental e bibliográfica).

Relatório e laudo social

Relatório e laudo são resultados de um estudo feito, a materialização desse trabalho.

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O relatório social é a apresentação descritiva e interpretativa de uma situação ou expressãoda questão social. O relatório também pode se referir a uma pesquisa realizada, ou atividadedesenvolvida em um setor. Pode conter ou não um parecer social.

Como já foi dito anteriormente, o laudo é mais utilizado no âmbito forense e resulta de umestudo acurado sobre determinada problemática e será utilizado para contribuir com aformação de um juízo por parte do magistrado.

O laudo social geralmente possui uma estrutura formada pela introdução, que indica adeterminação judicial e objetivos, uma identificação breve dos sujeitos envolvidos, ametodologia, um relato analítico acerca da questão estudada e um parecer social ouconclusão.

Parecer Social

É uma manifestação sucinta do profissional, com base em conhecimentos específicos doServiço Social, é a finalização de um estudo, o posicionamento do profissional com relação àproblemática estudada. Tanto um laudo ou um relatório podem emitir um parecer social.

Mediante o laudo e o relatório, o profissional emite o seu parecer sobre determinadasituação. O resultado de uma perícia social é apresentado por meio do laudo social.Alguns autores não fazem distinção entre os termos perícia e estudo social. Devemoslembrar que a perícia é mais solicitada no âmbito forense e produz um laudo.

Redes Sociais

Existem inúmeros projetos destinados a atender às inúmeras problemáticas sociais, comoprogramas para idosos, crianças e adolescentes, drogaditos, etc. Estes programasinicialmente atendiam o indivíduo e sua problemática de forma isolada do contexto social erelacional. Hoje se compreende que é necessário se trabalhar conjuntamente com a família ecom a rede social de apoio. Este olhar surge com a questão sistêmica, na qual o indivíduopassa a ser entendido na sua rede de relações.

As ações com a rede de apoio demandam compreender como a família construiu sua redesocial, familiar e extrafamilair. Assim, o profissional pode se articular com a rede, mediante:reuniões com a rede pessoal do indivíduo, ou de sua família, articular a rede social de apoiode sua localidade (programas de saúde, escolas, creches, associações) com o objetivo detraçar possibilidades de atendimento.

O trabalho com redes nasceu nos anos 50, com os programas de Psiquiatria Comunitária, quevisava desinstitucionalizar pacientes psiquiátricos, proporcionando o retorno ao convíviosocial, com a família, amigos e rede social.

A rede social passou a ser utilizada para tratamentos emergenciais de pacientes em crisescom o objetivo da reinserção social tendo a comunidade e o contexto social como espaço deintervenção terapêutica. Este trabalho, demanda a utilização da rede de apoio intra eextrafamiliar.

Atualmente, a expressão rede social torna-se frequente no atendimento à família.

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Para compreendermos melhor o termo rede social, utilizaremos algumas definições trazidaspelos autores Sluzki, Barnes e Bronfebrenner.

Carlos E. Sluzki. psiquiatra e terapeuta familiar define redes sociais como:

- Conjunto de vínculos interpessoais do sujeito; família, amigos, relações de trabalho,estudo, inserção comunitária e práticas sociais. Portanto, as fronteiras do sistemasignificativo do indivíduo não se limitam à família nuclear ou extensa;- A rede social possibilita organizar as experiências pessoais ou coletivas;- Sistema fluido de fronteiras móveis ou pouco definidas, em constante mudança.

O autor supracitado divide a rede social em micro rede social pessoal e macro rede social:

Micro rede social pessoal- São todas as relações mais significativas do indivíduo, é o nichointerpessoal, que contribui para o seu próprio reconhecimento como indivíduo.

A rede social e pessoal inclui os indivíduos com quem interage uma determinada pessoa, suafamília, amizades, relações de trabalho ou escolares, relações comunitárias (clubes, gruposreligiosos, associações) e de serviços (serviços médicos e outros).

Macro rede social- É a sociedade formada pela comunidade do indivíduo, com seus valores eregras sociais. Trata-se do contexto cultural onde o indivíduo está inserido.

John Barnes em 1954 usou o seguinte conceito para definir redes sociais: “Cada pessoa está,por assim dizer, em contato com certo número de pessoas, algumas das quais estão emcontato direto entre si e outras não (...) Creio ser conveniente denominar de rede a umcampo social deste tipo. A imagem que tenho é a de uma rede de pontos, dois quais algunsestão unidos por seguimentos de retas. As pessoas, ou às vezes os grupos seriam pontos destaimagem e os seguimentos de reta que interatuam entre si.”

O trabalho com redes segue uma metodologia geral composta de dois elementos básicos: omapa da rede e o processo de mobilização de rede.

Bronfebrenner afirma que as pessoas fazem parte de um contexto que se constitui de umnúmero de sistemas de diferentes níveis: micro, meso, exo e macro.

Microssistema é “um padrão de atividades, papéis e relações interpessoais experienciadospela pessoa em desenvolvimento num dado ambiente com características físicas e materiaisespecíficas.”

Um mesossistema “inclui as inter-relações entre dois ou mais ambientes nos quais a pessoaem desenvolvimento participa ativamente (para a criança seria a escola, casa, grupo deamigos; para um adulto, as relações na família, no trabalho, na vida social).

O exossistema “se refere a um ou mais ambientes que não envolvem a pessoa emdesenvolvimento como um participante ativo, mas no qual ocorrem eventos que o afetam ousão afetados, por aquilo que acontece no ambiente contento a pessoa em desenvolvimento.”

O macrossistema “se refere a consistências, na forma e conteúdo de sistemas de ordeminferior (micro, meso e exo) que existem, ou podem existir, no nível da subcultura ou dacultura como um todo, juntamente com qualquer sistema de crença ou ideologia subjacentea essas consistências”

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As redes de relações, nas quais um indivíduo está inserido são constituídas tanto de contatospositivos e negativos, variam também quanto a densidade, isto é as pessoas que circundamum indivíduo podem ou não se conhecerem. As relações existentes na rede social de umapessoa exercem influência sobre ela de vários modos e são importantes para o bem-estarpsicossocial do indivíduo. Dessa forma, sintomas apresentados por um indivíduo podemindicar um mau funcionamento da rede social, que pode ser total ou parcial.

Trabalhar sob a perspectiva de rede significa conhecer e considerar o contexto social total deum indivíduo, no sentido de que os recursos naturais existentes em torno de uma pessoasejam usados de forma construtiva.

Métodos de rede

Mobilização de rede:

Trata-se de um processo de intervenção em rede mais tradicional e utilizado originalmentepara atender pacientes em casos de crise e de diagnósticos de psicoses.

Consiste em ativar pessoas importantes na rede social do indivíduo, no momento de crise,dividindo as responsabilidades entre aqueles que conhecem melhor o indivíduo.Pode ser descritas em termos de desobstrução, ligação e desligamentos.Desobstrução- significa abrir canais bloqueados entre pessoas ou reativar relações jáestabelecidas.

Ligação- criar canais entre pessoas da rede que não têm contato.Desligamento- significa eliminar ou reduzir a importância de uma relação entre pessoas darede.

Mapa da rede

Para mapear a rede social de uma pessoa, desenhamos um mapa composto de 04 campos:família, parentes, colegas de trabalho e de escola, amigos/autoridades, especificando aspessoas importantes de cada campo. Isso possibilita ao indivíduo visualizar a sua rede, demodo que ele mesmo possa usá-la de forma construtiva. Padrões destrutivos, relaçõesconflitivas e/ou rompidas ficam mais claros e passíveis de serem transformados.

O trabalho com redes constitui-se em uma forma de atendimento que valida a rede social doindivíduo, sua cultura, reforçando a sua identidade social. Aborda o sujeito não de formafragmentada, mas sim considerando o contexto social no qual ele encontra-se inserido.

O trabalho com redes surgiu para atendimento de pacientes psiquiátricos. Está baseadona teoria sistêmica, que considera o sujeito a partir de seu contexto social e relacional.

Na abordagem do trabalho com redes, a micro e a macro rede social do indivíduo sãoativadas.

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Genograma Familiar

O genograma familiar é uma forma de reunir dados de observação, mediante um esquemasimbólico, um registro gráfico. Oferece um resumo das estruturas familiares e de padrões derelação.

O genograma é um instrumento que permite compreender o funcionamento de umafamília, mediante a observação de eventos significativos e de padrões de relaçãopersistentes.

Desenvolvido por Murray Bowen, a partir da árvore genealógica, permite estudar aorganização de uma família, pesquisar suas histórias e as relações entre seus membros comas gerações, idade, sexo e outros.

Seu uso visa à percepção e a mudança de certos padrões de relação que prejudicam oudificultam o desenvolvimento da família atual. Possibilita a família conhecer o seu sistemaemocional, suas dificuldades e facilidades, pois se constitui um resumo da família e de seusproblemas em potencial.

O genograma possibilita ao técnico perceber os padrões de relação entre os membros de umadada família, as aproximações, os afastamentos, as rupturas, a posição dos membros, aexpectativas de papel e o registro de eventos importantes do ciclo familiar.

Assim o técnico utiliza o genograma para classificar as características das relações:

- a estrutura da família;- ciclo vital;- padrões importantes e funcionamento da família;- padrões relacionais e triangulações;-estabilidade e desequilíbrio familiar.

O genograma é como um mapa familiar, um recurso instrumental usado nas práticassistêmicas com a família e sua rede social. Os dados são colhidos por meio de entrevistascom a família, cujo objetivo é clarear a queixa e a situação-problema da família.

Construindo um genograma

Para de construir um genograma deve-se colher dados sobre a composição da família e suahistória relacional por mais de uma geração.

O genograma deve conter:

-dados da família atual (estudada)

- dados da família de origem de cada membro do casal – paterna e materna

- dados da relação entre ambas

Através de símbolos identificam-se os elementos que compõem a família (gênero, idade), adisposição desses membros, os tipos de ligações biológicas e legais entre eles.

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