0adf58f9268f0b1455711cdb23503e41

6
Mostra Nacional de Robótica / 18 a 21 de Setembro de 2011 1 CONTROLE DE LOCOMOÇÃO HÍBRIDO PARA UMA CADEIRA DE RODAS Marcelo Ardizzon Lovatte* Luis Eduardo Martins de Lima* [email protected] [email protected] *Coordenadoria de Engenharia Elétrica, Instituto Federal do Espírito Santo Avenida Vitória, 1729 - Bairro Jucutuquara - CEP 29040-780 - Vitória - ES Resumo: Este artigo apresenta o estudo e a implementação do controle de locomoção para uma cadeira de rodas com tração diferencial. Esta cadeira está instrumentada e com hardware de controle que possibilita a geração de trajetórias, e a detecção de obstáculos, a partir de um comportamento reativo. A geração de trajetória é baseada no uso de polinômios de terceira ordem, e o comportamento reativo obtido com inferência nebulosa a partir de sensoriamento ultrassônico. Esta mescla permite a geração de uma trajetória entre dois pontos quaisquer de um ambiente (inicial e final), caracterizados por suas coordenadas cartesianas e a orientação da cadeira, sendo evitadas colisões ao longo da execução desta trajetória a partir de uma inferência nebulosa que utiliza como variáveis de entrada a velocidade de locomoção atual e a distância ao obstáculo, e como variável de saída, a velocidade futura da cadeira. A cadeira de rodas foi dotada de sensores de distância (ultrassom) e de velocidade (encoders) para que a detecção de obstáculos e a geração de trajetória fossem implementados em um sistema embarcado. Palavras Chaves: Cadeira de rodas, Geração de trajetória, Lógica Nebulosa, Comportamento Reativo, Microprocessamento. Abstract: This article presents a study and implementation of a control locomotion for a conventional wheelchair, their mechanical structure and instruments were modified for this purpose. The wheelchair has a locomotion system of the traction differential type, with the possibility of trajectories generation and avoid collisions from a reactive behavior. The trajectory generation is based on the use of third-order polynomials, and reactive behavior obtained by fuzzy inference. This combination allows to generate the trajectory between any two points of an environment (initial and final), characterized by their Cartesian coordinates and chair orientation, avoiding collisions during of execution trajectory from a fuzzy inference, using as variables input current speed of movement and distance to the obstacle, and as output variable, the future speed of the chair. The wheelchair was equipped with distance sensors (ultrasonic) and speed (encoder) for the obstacle detection and trajectory generation are implemented in an embedded system. Keywords: Wheelchair, Trajectory generation, Fuzzy logic, Reactive behavior, Microprocessing. 1 INTRODUÇÃO De acordo com o último senso feito pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a quantidade de pessoas classificadas como deficientes físicos é de 14,5% da população brasileira (censo de 2000). Esta conjuntura justifica esforços no sentido de contribuir para a melhoria na qualidade de vida destas pessoas. Visando esta melhoria, faz-se necessário o investimento em pesquisas que proporcionem contribuições às condições de vida dos cadeirantes (portadores de necessidades motoras especiais). A conjuntura atual referente ao uso de cadeiras de rodas automatizadas (motorizadas) enfrenta dificuldades como a falta de planejamento urbano adequado e o elevado custo de aquisição (valores variam de R$ 8.000,00 a R$ 15.000,00), a depender do fabricante, do nível de automação e nível de autonomia, normalmente de 15 km. Vale ainda ressaltar que, em geral as cadeiras disponíveis comercialmente em sua maioria não são dotadas da capacidade de interação com o ambiente de navegação. Esse trabalho visa à obtenção de melhorias para a potencialidade das cadeiras de rodas, quanto à mobilidade em ambientes fechados. O protótipo desenvolvido utiliza uma cadeira de rodas convencional não motorizada, que foi modificada com a inclusão de um motor de CC (Corrente Contínua) para tracionar cada roda, sensores de velocidade e distância e circuitos de instrumentação, controle e acionamento, caracterizando-a como um sistema robótico móvel. O objetivo é dotar o protótipo com autonomia suficiente para locomoção em ambiente estruturado, com trajetória pré- definida e a capacidade de evitar colisões. A principal motivação das arquiteturas reativas é permitir a implementação de sistemas de controle que possam responder de forma rápida a uma variedade de eventos ou situações no ambiente, fazendo com que robôs possam operar em ambientes não-estruturados. Uma das primeiras arquiteturas reativas foi introduzida por Brooks (1986), organizada em camadas de competência através de uma hierarquização de comportamentos. Os níveis mais altos correspondem à execução dos objetivos das tarefas especificadas, enquanto as de níveis mais baixos correspondem às tarefas básicas, como as que garantem a sobrevivência e integridade do robô. A navegação autônoma de plataformas móveis é um foco de pesquisa bastante explorado na atualidade, e têm sido obtidas importantes contribuições a este tema com o uso de técnicas de

Upload: carlosotiniano

Post on 30-Sep-2015

212 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

xsxs

TRANSCRIPT

  • Mostra Nacional de Robtica / 18 a 21 de Setembro de 2011 1

    CONTROLE DE LOCOMOO HBRIDO PARA UMA CADEIRA DE RODAS

    Marcelo Ardizzon Lovatte* Luis Eduardo Martins de Lima*

    [email protected] [email protected]

    *Coordenadoria de Engenharia Eltrica, Instituto Federal do Esprito Santo

    Avenida Vitria, 1729 - Bairro Jucutuquara - CEP 29040-780 - Vitria - ES

    Resumo: Este artigo apresenta o estudo e a implementao do

    controle de locomoo para uma cadeira de rodas com trao

    diferencial. Esta cadeira est instrumentada e com hardware de

    controle que possibilita a gerao de trajetrias, e a deteco de

    obstculos, a partir de um comportamento reativo. A gerao

    de trajetria baseada no uso de polinmios de terceira ordem,

    e o comportamento reativo obtido com inferncia nebulosa a

    partir de sensoriamento ultrassnico. Esta mescla permite a

    gerao de uma trajetria entre dois pontos quaisquer de um

    ambiente (inicial e final), caracterizados por suas coordenadas

    cartesianas e a orientao da cadeira, sendo evitadas colises

    ao longo da execuo desta trajetria a partir de uma inferncia

    nebulosa que utiliza como variveis de entrada a velocidade de

    locomoo atual e a distncia ao obstculo, e como varivel de

    sada, a velocidade futura da cadeira. A cadeira de rodas foi

    dotada de sensores de distncia (ultrassom) e de velocidade

    (encoders) para que a deteco de obstculos e a gerao de

    trajetria fossem implementados em um sistema embarcado.

    Palavras Chaves: Cadeira de rodas, Gerao de trajetria,

    Lgica Nebulosa, Comportamento Reativo,

    Microprocessamento.

    Abstract: This article presents a study and implementation of a

    control locomotion for a conventional wheelchair, their

    mechanical structure and instruments were modified for this

    purpose. The wheelchair has a locomotion system of the

    traction differential type, with the possibility of trajectories

    generation and avoid collisions from a reactive behavior. The

    trajectory generation is based on the use of third-order

    polynomials, and reactive behavior obtained by fuzzy

    inference. This combination allows to generate the trajectory

    between any two points of an environment (initial and final),

    characterized by their Cartesian coordinates and chair

    orientation, avoiding collisions during of execution trajectory

    from a fuzzy inference, using as variables input current speed

    of movement and distance to the obstacle, and as output

    variable, the future speed of the chair. The wheelchair was

    equipped with distance sensors (ultrasonic) and speed

    (encoder) for the obstacle detection and trajectory generation

    are implemented in an embedded system.

    Keywords: Wheelchair, Trajectory generation, Fuzzy logic,

    Reactive behavior, Microprocessing.

    1 INTRODUO

    De acordo com o ltimo senso feito pelo IBGE (Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatstica), a quantidade de pessoas

    classificadas como deficientes fsicos de 14,5% da populao

    brasileira (censo de 2000). Esta conjuntura justifica esforos no

    sentido de contribuir para a melhoria na qualidade de vida

    destas pessoas. Visando esta melhoria, faz-se necessrio o

    investimento em pesquisas que proporcionem contribuies s

    condies de vida dos cadeirantes (portadores de necessidades

    motoras especiais). A conjuntura atual referente ao uso de

    cadeiras de rodas automatizadas (motorizadas) enfrenta

    dificuldades como a falta de planejamento urbano adequado e o

    elevado custo de aquisio (valores variam de R$ 8.000,00 a

    R$ 15.000,00), a depender do fabricante, do nvel de

    automao e nvel de autonomia, normalmente de 15 km. Vale

    ainda ressaltar que, em geral as cadeiras disponveis

    comercialmente em sua maioria no so dotadas da capacidade

    de interao com o ambiente de navegao.

    Esse trabalho visa obteno de melhorias para a

    potencialidade das cadeiras de rodas, quanto mobilidade em

    ambientes fechados. O prottipo desenvolvido utiliza uma

    cadeira de rodas convencional no motorizada, que foi

    modificada com a incluso de um motor de CC (Corrente

    Contnua) para tracionar cada roda, sensores de velocidade e

    distncia e circuitos de instrumentao, controle e

    acionamento, caracterizando-a como um sistema robtico

    mvel. O objetivo dotar o prottipo com autonomia suficiente

    para locomoo em ambiente estruturado, com trajetria pr-

    definida e a capacidade de evitar colises.

    A principal motivao das arquiteturas reativas permitir a

    implementao de sistemas de controle que possam responder

    de forma rpida a uma variedade de eventos ou situaes no

    ambiente, fazendo com que robs possam operar em ambientes

    no-estruturados. Uma das primeiras arquiteturas reativas foi

    introduzida por Brooks (1986), organizada em camadas de

    competncia atravs de uma hierarquizao de

    comportamentos. Os nveis mais altos correspondem

    execuo dos objetivos das tarefas especificadas, enquanto as

    de nveis mais baixos correspondem s tarefas bsicas, como as

    que garantem a sobrevivncia e integridade do rob.

    A navegao autnoma de plataformas mveis um foco de

    pesquisa bastante explorado na atualidade, e tm sido obtidas

    importantes contribuies a este tema com o uso de tcnicas de

  • 2 Mostra Nacional de Robtica / 18 a 21 de Setembro de 2011

    inteligncia artificial (ANDRADE, 2001). Um subproblema

    deste enfoque a gerao de trajetria, cuja soluo, a

    definio de um caminho que permita o deslocamento da

    plataforma de uma posio e orientao inicial, conforme

    ilustrado na figura 1, at a posio e orientao final pr-

    estabelecida, respeitando condies cinemticas de interesse, e

    evitando colises. Para a determinao de trajetrias sem

    coliso, os mtodos mais importantes foram compilados por

    Latombe (1991).

    Neste trabalho, apresentada uma proposta de soluo para a

    navegao autnoma de uma cadeira de rodas, com sistema de

    locomoo em configurao trao-diferencial, utilizada em

    ambiente fechado. Esta proposta se baseia em uma mescla de

    gerao de trajetria por uso de polinmios paramtricos de

    terceiro grau proposto por Pedrosa (2002), e a deteco de

    obstculos com ajuste da velocidade de locomoo, a partir de

    uma inferncia nebulosa sobre a distncia da cadeira ao

    obstculo e a velocidade atual da cadeira.

    Figura 1 Representao da cadeira no espao.

    A inferncia nebulosa utilizada para definio do

    comportamento reativo evitar colises, permite uma eficiente aproximao entre a deciso computacional e a deciso

    humana, o que viabiliza o ajuste da dirigibilidade da cadeira ao

    conforto do usurio, com suaves transies entre distintas

    situaes durante a locomoo (KULITZ, 2004).

    Com o uso da lgica nebulosa foi possvel tratar relaes entre

    a velocidade da cadeira (medida por encoder ptico), e a

    distncia desta aos obstculos (medida por ultrassom),

    atribuindo a cada uma destas variveis trs distintas

    classificaes (valores lingusticos), a citar: curta, mdia e

    longa para distncia, e baixa, mdia e alta para velocidade. A

    partir destas relaes, a inferncia nebulosa define a velocidade

    compatvel locomoo, aliando conforto para o usurio e

    segurana ao evitar colises.

    2 ARQUITETURA DE CONTROLE

    Uma arquitetura de controle deve assegurar a realizao das

    tarefas do rob de maneira robusta e estvel. Assim, este

    projeto apresenta a implementao de uma arquitetura de

    controle hbrida, que combina as caractersticas dos paradigmas

    deliberativo e reativo (GRASSI, 2006), para o controle de

    locomoo da cadeira.

    Com esta abordagem, a cadeira pode ser submetida tarefa de

    realizar uma trajetria pr-definida, cuja modelagem

    processada em um notebook (nvel hierrquico superior), e

    simultaneamente detectar e evitar a coliso com obstculos que

    estejam ao longo desta trajetria, sendo este processamento

    embarcado. Ou ainda, a cadeira pode realizar a tarefa de vagar

    em um ambiente, evitando colises, viabilizando a funo de

    mapeamento por explorao.

    A Figura 2 ilustra a realizao de uma trajetria retilnea

    interrompida pela presena de um obstculo (armrio de ao),

    detectado pelos sensores de ultrassom.

    Figura 2 - Reao da cadeira de rodas ao encontro de um

    obstculo.

    A figura 3 ilustra a funcionalidade da arquitetura de controle

    proposta.

    Figura 3 Diagrama da arquitetura hierrquica proposta.

    Na figura 4, so ilustradas simulaes que apresentam as

    execues de duas trajetrias que possuem o mesmo incio e

    destino, porm, na imagem b um obstculo inserido no caminho, o que exige o processamento do comportamento

    reativo e a redefinio da trajetria para que seja evitada uma

    coliso.

    Figura 4 Resultado da simulao de trajetrias sem e com a presena de obstculos.

    Gerao de

    Trajetrias

    Atuadores

    s

    Controle e

    Acionamento

    Sensores

    Planejamento

    Coordenao

    Atuao

  • Mostra Nacional de Robtica / 18 a 21 de Setembro de 2011 3

    3 GERAO DE TRAJETRIA

    O controle de sistemas embarcados deve ser caracterizado por

    baixo custo computacional, tanto em hardware como em

    software, o que viabiliza portabilidade, velocidade de

    processamento, controle em tempo real e maior autonomia.

    Em funo destas caractersticas, foi escolhido o mtodo de

    gerao de trajetria proposto por (PEDROSA, 2002) a ser

    aplicado na cadeira, pois, a definio do caminho obtida

    atravs de uma equao fechada, e de processamento rpido o

    suficiente para permitir o clculo de posio e orientao da

    cadeira a cada passo de amostragem.

    Para uma trajetria cujos parmetros iniciais e finais so:

    Os polinmios de terceiro grau apresentados abaixo

    representam geometricamente a trajetria parametrizada por (sendo (0,1) e para = 0 inicio da trajetria e = 1 final da trajetria), e definem a posio cartesiana do rob ponto-a-

    ponto da trajetria gerada.

    (1)

    (2)

    Sendo:

    (3)

    Onde di = tan i, df = tan f , x = xf - xi e y = yf - yi

    Logo:

    (4)

    (5)

    (6) O ngulo de orientao imposto de forma a respeitar o deslocamento da cadeira ao longo da trajetria, portanto, a cada

    passo de amostragem o ngulo depender da posio anterior

    ( - 1) e da posio atual (). Para a condio inicial ( = 0), a equao 6 no satisfeita, ento:

    Atravs da ferramenta de simulao desenvolvida com

    linguagem de programao C em um ambiente de programao

    visual (LabWindows), a trajetria traada conforme a figura

    abaixo:

    Figura 5 Trajetria gerada a partir de polinmios de terceiro grau.

    4 INFERNCIA NEBULOSA

    Com as informaes recebidas dos sensores ultrassnicos para

    medio da distncia da cadeira aos obstculos, e o

    sensoriamento com encoders para a velocidade de

    deslocamento, possvel identificar a tendncia de coliso

    durante a realizao da trajetria desejada.

    Neste trabalho a inferncia nebulosa foi implementada com

    duas funes de pertinncia de entrada, definidas para as

    variveis lingusticas velocidade de locomoo e distncia

    frente entre a cadeira e o obstculo, sendo estas compostas por

    trs conjuntos nebulosos com valores lingusticos baixa, mdia

    e alta para velocidade, e curta, mdia e longa para distncia.

    Esta inferncia inclui ainda a varivel de sada que definida

    como velocidade futura da cadeira, cuja funo de pertinncia

    tambm subdividida em trs conjuntos nebulosos para os

    valores baixa, mdia e alta (JUNIOR, 2003).

    Os conjuntos nebulosos mais utilizados so aqueles que

    possuem uma funo de pertinncia regular, ou seja, sem

    mudanas bruscas, que mostram claramente a passagem

    progressiva da no-satisfao para a satisfao da propriedade

    qual eles esto associados (Campos, 2004). O tringulo e o

    trapzio foram utilizados, pois, representam bem estes tipos de

    conjuntos, indicados na figura abaixo:

  • 4 Mostra Nacional de Robtica / 18 a 21 de Setembro de 2011

    Figura 6 Funes de pertinncia de entrada e sada.

    A partir dos conjuntos nebulosos de entrada e sada, foram

    definidas nove regras (tabela 1) que mapeiam as condies

    atuais de locomoo na definio da velocidade futura da

    cadeira. O mtodo de inferncia utilizado foi o de mx-min de

    Mamdani (MAMDANI, 1975) e as regras compostas de acordo

    com o seguinte padro:

    SE a distncia frente curta E a velocidade atual alta ENTO a velocidade futura baixa.

    Tomando como referncia o modus ponens generalizado, podemos representar a regra acima da seguinte forma:

    (7)

    Onde:

    Grau de pertinncia da varivel velocidade

    futura para o conjunto nebuloso baixa;

    Grau de pertinncia da varivel distncia para o

    conjunto nebuloso curta;

    Grau de pertinncia da varivel velocidade atual

    para o conjunto nebuloso atual.

    Tabela 1 Regras Fuzzy utilizadas no sistema.

    Entrada Sada

    Distncia

    frente

    Velocidade

    atual

    Velocidade

    futura

    Curta Baixa Baixa

    Curta Mdia Baixa

    Curta Alta Mdia

    Mdia Baixa Mdia

    Mdia Mdia Mdia

    Mdia Alta Mdia

    Longa Baixa Mdia

    Longa Mdia Alta

    Longa Alta Alta

    A definio das regras deve tambm considerar algumas

    restries dos dispositivos usados para realizar o sensoriamento

    do ambiente. Por exemplo, o sensor ultrassnico utilizado para

    medir distncia a um obstculo, tem alcance mximo de trs

    metros, dessa maneira para uma distncia considerada longa a cadeira de rodas no dever ter velocidade de locomoo

    mxima.

    A partir da definio das regras, e dos valores de entrada

    (distncia e velocidade atual) fuzzificados, a inferncia

    nebulosa processa o operador mn sobre as pertinncias de cada

    antecedente (conforme j foi descrito acima) para definio da

    pertinncia do consequente de cada regra disparada, e o

    operador mx para a definio da pertinncia resultante dos

    consequentes inferidos (disparados), em cada conjunto

    nebuloso da funo de pertinncia de sada. Os coeficientes das

    regras de sada podem ser representados da seguinte forma:

    (8)

    (9)

    (10)

    No processo de defuzzificao foi escolhido o mtodo do

    centro de rea (PATEL, 2005) em funo de seu baixo custo

    computacional o que favorece o uso de uma arquitetura de

    controle embarcada de baixa complexidade.

    5 PROTTIPO A plataforma foi criada a partir de uma cadeira de rodas

    convencional, adaptada mecanicamente como pode ser visto na

    figura 7, tendo sido incorporados os motores de trao e

    sensores.

    A cadeira de rodas possui um sistema de controle

    microcontrolado pelo PIC16F877A, dois motoredutores de CC

    cada um com potncia de CV, e relao de reduo de 60:1,

    duas placas para acionamento de potncia (drivers) sendo uma

    para cada motoredutor com capacidade para 20 A. Os

    motoredutores so sensoriados por encoders pticos com dois

    canais em quadratura (um para cada roda), para medio de

    velocidade e tambm utilizado um sensor ultrassnico para

    medio de distncia frente em relao a obstculos.

    Figura 7 Estrutura da cadeira (original e adaptada).

    A medio de distncia atravs de sensor ultrassnico impe

    algumas restries como: curta distncia de alcance

    (aproximadamente trs metros), reflexo em quinas gerando

    um falso obstculo, no deteco quando o obstculo faz um

  • Mostra Nacional de Robtica / 18 a 21 de Setembro de 2011 5

    ngulo menor que 45 e pouca preciso para deteco de

    pequenos obstculos. Estas restries so informadas pelo

    prprio fabricante do sensor, esto ilustradas na figura 8, e

    tambm foram constatadas aps vrios testes realizados, sendo

    a inferncia nebulosa sintonizada para o melhor desempenho

    de monitoramento em ambiente fechado.

    Figura 8 Restries para medio de distncia com sensor ultrassnico.

    Assim como o controle de baixo nvel (acionamento dos

    motores), o tratamento das informaes recebidas do sensor

    ultrassnico tambm realizado a partir de um

    microcontrolador PIC 16F877A. A distncia calculada em

    funo do tempo de voo da onda refletida (eco) e da

    temperatura do ar, conforme as equaes abaixo:

    (11)

    (12)

    Sendo:

    Var: Velocidade do som no ar em m/s;

    Tar: Temperatura do ar em C;

    t: Tempo de voo da onda refletida em segundos;

    D: Distncia ao obstculo em metros.

    A figura 9 ilustra a instalao do sensor ultrassnico na

    cadeira, assim como, apresenta em imagem detalhada o suporte

    (base em alumnio) a qual esto fixados os sensores utilizados.

    Figura 9 - Sensor ultrassnico adaptado cadeira de rodas.

    A figura 10 apresenta o encoder utilizado na cadeira, acoplado

    ao eixo de sada da reduo. Embora, esta configurao para o

    acoplamento do encoder no seja a mais adequada obteno

    de maior grau de preciso no controle de velocidade e posio,

    mecanicamente esta configurao foi a nica possvel, pois o

    eixo do motor no est disponvel.

    Figura 10 - Encoder acoplado ao eixo da roda-redutor.

    O hardware embarcado de controle utiliza um PIC16F877A

    para processamento de duas malhas de controle PID, e gerao

    de sinal de controle por modulao PWM, e ainda estabelece

    uma interface de comunicao com o PC no nvel de

    coordenao, e ainda um segundo processador PIC16F877

    responsvel pelo monitoramento dos sensores e tomada de

    deciso atravs da inferncia nebulosa. O objetivo de

    implementar uma arquitetura de hardware descentralizada

    permitir maior modularidade e expansibilidade para execuo

    de trabalhos futuros.

    Figura 11 Hardware embarcado.

    A figura 12, por sua vez, ilustra como os dispositivos que

    compem o sistema de controle interagem entre si.

    Figura 12 Diagrama de funcionamento do sistema.

    6 CONCLUSO

    O estgio atual de desenvolvimento deste trabalho permitiu a

    comprovao da validade dos resultados de simulao atravs

  • 6 Mostra Nacional de Robtica / 18 a 21 de Setembro de 2011

    de um sistema de controle embarcado em uma cadeira real. A

    deteco de obstculos a frente da cadeira define a reao com

    reduo de velocidade e parada evitando a coliso, o que j

    permite a locomoo da cadeira em estruturado preservando a

    integridade fsica do usurio. O uso da inferncia nebulosa

    proporciona suavidade no controle da reao tendncia de

    coliso, pois, o ajuste das funes de pertinncia de entrada e

    sada viabiliza o controle fino de transio entre os nveis de

    velocidade futura a partir da transio de estados da velocidade

    atual e distncia aos obstculos. A partir da implementao do

    comportamento reativo, inicia-se o desenvolvimento do

    controle para a execuo de trajetrias pr-definidas pelo

    mtodo de polinmios de terceira ordem. A integrao entre a

    realizao de trajetrias e o comportamento reativo dota a

    cadeira com a capacidade de executar tarefas, em ambiente

    estruturado, com metas que incluam locomoo entre origem e

    destino livres de colises, viabilizando tambm, para trabalhos

    futuros, a otimizao de rotas.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA

    Andrade, J. F. A. Gerao de Trajetrias para Robs Mveis

    Autnomos Via Redes Neurais Artificiais. 2001. 150 f.

    Dissertao (Mestrado em Engenharia Mecnica) Faculdade de Engenharia Mecnica, Universidade

    Estadual de Campinas. 2001.

    Brooks, R. A. 1986. A Robust Layered Control System For A

    Mobile Robot. IEEE Journal of Robotics and

    Automation. 1986, Vols. RA-2.

    Campos, M. M.; Saito, K. Sistemas Inteligentes em Controle e

    Automao de Processos. Rio de Janeiro: Cincia

    Moderna, 2004. 235 p.

    Grassi Jr, V. 2006. Arquitetura Hbrida para Robs Mveis

    Baseada em Funes de Navegao com Iterao

    Humana. Tese de Doutorado - Universidade de So

    Paulo. So Paulo: s.n., 2006.

    Junior, M. B. V.; Kronbauer, D.; Miranda, P. Sistema de

    Controle Difuso de Mamdani e Aplicaes: Pndulo

    Invertido e outras. 2003.61 f. Projeto de graduao em

    Anlise de Sistemas Centro de Cincias Exatas e Tecnologia, Universidade Federal de Mato Grosso do

    Sul, Mato Grosso do Sul. 2003.

    Kulitz, H. R. Modelagem e Controle Fuzzy de Robs e

    Veculos Multiarticulados. 2004. Tese (Doutorado em

    Engenharia Eltrica) Universidade Federal do Esprito Santo, Vitria. 2004.

    Latombe, J.-C. Robot Motion Planning, Kluwer Academic

    Publishers, 1 Edio, 1991.

    Mamdani, E.; Assilian, S. An experiment in linguistic synthesis with a fuzzy logic controller, International Journal of Man Machine Studies, Vol. 7, No. 1, pp. 1-

    13. 1975.

    Patel, A. V. Simplest Fuzzy PI Controllers under Various

    Defuzzification Methods. International Journal of

    Computational Cognition, Vol. 3, No. 1, Maro 2005.

    Pedrosa, D. P. F., Medeiros, A. A. D. e Alasina, P. J. Gerao

    de caminhos ponto a ponto para robs mveis com

    rodas, Congresso Brasileiro de Automtica, Natal. 2002.