0701-l - implantação do plano diretor da atenção primária à saúde - o sistema de apoio...
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Os projetos prioritários que estão sendo implantados em todo o estado pela Secretaria de Estado de Saúde, MG, tem por objetivo, estabelecer "a vida saudável para toda a população mineira, como um benefício direto e claramente perceptível.TRANSCRIPT
Oficina 10
O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
Guia do Tutor/Facilitador
Belo Horizonte, 2010
ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAISAv. Augusto de Lima, 2.061 - Barro Preto - BH - MG
CEP: 30190-002 - www.esp.mg.gov.br
Tammy Angelina Mendonça Claret MonteiroDiretora Geral da Escola de Saúde Pública
do Estado de Minas Gerais
Thiago Augusto Campos HortaSuperintendente de Educação ESP-MG
Onofre Ricardo de Almeida MarquesSuperintendente de Pesquisa ESP-MG
Adilson Meireles PachecoSuperintendente de Planejamento, Gestão e Finanças ESP-MG
Michael Andrade MolinariCoordenador de Educação Permanente - SEDU/ESP-MG
Patrícia da Conceição ParreirasCoordenadora do Núcleo de Gestão Pedagógica - SEDU/ESP-MG
Eleni Fernandez Motta de LimaReferência Técnica/Coordenadoria de Educação Permanente - SEDU/
ESP-MG
Harrison MirandaAssessor de Comunicação Social
Audrey Silveira BatistaAssessor Jurídico
Nina de Melo DávelAuditora Geral
Revisão Técnico-Pedagógica:Agda Soares Martins
Dinalva Martins Irias
Dulcinéia Pereira da Costa
Patrícia da Conceição Parreiras
Thiago Augusto Campos Horta
Wagner Fulgêncio Elias
Produção Gráfica: Autêntica Editora
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAISRua Sapucaí, 429 - CEP: 30150-050 - Belo Horizonte - MGwww.saude.mg.gov.br
Marcus Vinícius Caetano Pestana da SilvaSecretário de Estado de Saúde de Minas Gerais
Antônio Jorge de Souza MarquesSecretário Adjunto de Estado de Saúde de Minas Gerais
Helidéa de Oliveira LimaSubsecretária de Políticas e Ações de Saúde
Jomara Alves da SilvaSubsecretária de Inovação e Logística em Saúde
Juliana Barbosa e OliveiraSuperintendente de Gestão de Pessoas e Educação em Saúde
Aline Branco MacedoGerente de Educação Permanente
Marco Antônio Bragança de MatosSuperintendente de Atenção à Saúde
ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE:
Eugênio Vilaça MendesConsultor da Secretaria de Estado de Saúde
Maria Emi ShimazakiConsultora Técnica
Marco Antônio Bragança de Matos Superintendente de Atenção à Saúde
Fernando Antônio Gomes LelesEmpreendedor PúblicoGerente Adjunto do Projeto Estruturador Saúde em Casa
Wagner Fulgêncio EliasAssessor de Normalização
Luciana Maria de MoraesTécnica da Assessoria de Normalização
Marli NacifTécnica da Gerência de Atenção Primária à Saúde
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
SUMÁRIO
1. COMPETÊNCIAS .............................................................................................................. 5
2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 5
3. ESTRATÉGIAS E ATIVIDADES............................................................................................. 5
4. PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES................................................................................. 6
1° Dia ................................................................................................................................. 7
Atividade I - Introdução e dinâmica inicial ........................................................................ 7
Atividade II - Apresentação das atividades realizadas no período de dispersão ................................................................................... 7
Atividade III - Apresentação e análise do consolidado microrregional ............................. 8
Atividade IV - Exposição dialogada: os protocolos clínicos dos principais exames laboratoriais da atenção primária à saúde .................................... 8
Atividade V - A aplicação dos protocolos clínicos pelas equipes da atenção primária à saúde .......................................................... 9
2° Dia ............................................................................................................................... 39
Atividade VI - Organização das fases pré e pós-analíticas - estudo de caso..................... 39
Atividade VII - A programação dos exames laboratoriais segundo as linhas guias de pré-natal, hipertensão e diabetes nas equipes de saúde da APS ......................................................................... 43
Atividade VIII - O plano de trabalho do período de dispersão ........................................ 51
Atividade Ix - Avaliação da oficina .................................................................................. 56
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
1. COMPETÊNCIA
Esta oficina tem como propósito que os participantes desenvolvam com-petência para utilizar os protocolos clínicos dos principais exames labora-toriais da Atenção Primária à Saúde, organizar os processos de trabalho relacionados às fases pré-analíticas e pós-analíticas nas unidades de saúde e programar os exames laboratoriais relacionados às linhas-guias de pré-natal, hipertensão e diabetes.
2. OBJETIVOS
Relatar as atividades realizadas no período de dispersão; •
Apresentar e analisar os consolidados microrregionais referente à:•
- Macro Centro (Oficina 8 para facilitadores e Oficina 6 para tutores);
- Macro Leste, Sul e Triângulo do Sul (Oficina 8 para facilitador e Oficina 7 para tutores);
Conhecer os protocolos dos principais exames laboratoriais relacionados • à carteira da APS;
Discutir a utilização destes protocolos pelas equipes da APS nos muni-• cípios;
Organizar as fases pré-analíticas e pós-analíticas nas unidades de saúde • da APS;
Programar os exames laboratoriais relacionados às linhas-guias de pré-• natal, hipertensão e diabetes pelas equipes da APS nos municípios;
Programar as atividades do período de dispersão.•
3. ATIVIDADES
Apresentação das atividades realizadas no período de dispersão; •
Apresentação dos consolidados microrregionais;•
Os protocolos clínicos referentes aos principais exames laboratoriais da • carteira da APS;
A aplicação dos protocolos clínicos dos exames laboratoriais na APS;•
A organização dos processos de trabalho relacionados aos exames labora-• toriais na APS;
A programação dos exames laboratoriais preconizados nas linhas-guias de • pré-natal, hipertensão e diabetes;
Elaboração do plano de trabalho de dispersão.•
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
4. PROGRAMAÇÃO DAS ATIVIDADES
PRIMEIRO DIA
HORÁRIO TEMA ATIVIDADE
8:00 – 8:30 Introdução e dinâmica inicial
8:30 – 9:30 Trabalho em gruposApresentação das atividades do período de dispersão
9:30 – 10:30 PlenáriaApresentação das atividades do período de dispersão
10:30 – 10:45 Intervalo
10:45 – 12:00 Apresentação dos consolidados microrregionais
12:00 – 14:00 Intervalo para almoço
14:00 – 16:00 Exposição dialogadaOs protocolos clínicos referentes aos principais exames laboratoriais da carteira da APS
16:00 – 16:15 Intervalo
16:15 – 17:00 Estudo dirigidoA aplicação dos protocolos clínicos dos exames laboratoriais na APS
17:00 – 18:00 Relato dos grupos
SEGUNDO DIA
8:00 – 9:00 Exposição dialogada
A organização dos processos de trabalho relacionados aos exames laboratoriais na APS
9:00 – 10:00 Estudo de caso
10:00 – 10:15 Intervalo
10:15 – 11:00 Relato dos grupos
11:00 – 12:00 Estudo dirigidoA programação dos exames laboratoriais preconizados nas linhas-guias de pré-natal, hipertensão e diabetes
12:00 – 14:00 Intervalo para almoço
14:00 – 15:00 Estudo dirigido (continuação) A programação dos exames laboratoriais preconizados nas linhas-guias de pré-natal, hipertensão e diabetes15:00 – 16:00 Relato dos grupos
16:00 – 16:15 Intervalo
16:15 – 17:00 Trabalho em grupos Elaboração do plano de trabalho de dispersão
17:00 – 17:45 Relato dos grupos Elaboração do plano de trabalho de dispersão
17:45 – 18:00 Avaliação da oficina e encerramento
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
1º DIA
ATIVIDADE IINTRODUÇÃO E DINÂMICA INICIAL
Objetivos:
Saudar os participantes;•
Apresentar os objetivos e programação da oficina;•
Explicar a metodologia de trabalho;•
Pactuar os compromissos com os participantes.•
Desenvolvimento:
Cada tutor/facilitador deverá desenvolver a atividade de acordo com a realidade de local.
ATIVIDADE IIAPRESENTAÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO PERÍODO DE DISPERSÃO
Objetivos:
Relatar e avaliar as atividades do período de dispersão;•
Conhecer os produtos desenvolvidos pelas equipes das UAPS, dos mu-• nicípios e consolidados por microrregião.
Desenvolvimento:
Apresentar, de forma objetiva e sintética, a avaliação feita pelos tutores • das atividades realizadas no período de dispersão, levando em conside-ração os seguintes ítens:
A realização da oficina pelos facilitadores: análise de pontos fortes, e • pontos fracos e proposições de encaminhamentos;
Os produtos do período de dispersão.•
Cada relator terá 10 minutos para a apresentação.•
Tempo estimado: 30 minutos
Tempo estimado: 2 horas
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
ATIVIDADE IIIAPRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO CONSOLIDADO MICRORREGIONAL
Objetivo:
Apresentar e analisar o consolidado microrregional referente à:•
Macro Centro (Oficina 8 para facilitadores e Oficina 6 para tutores);•
Macro Leste, Sul e Triângulo do Sul (Oficina 8 para facilitadores e Ofi-• cina 7 para tutores).
Desenvolvimento:
Apresentar a análise do consolidado microrregional, de forma objetiva • e sintética, dos produtos do período de dis´persão;
O relator terá aproximadamente 10 minutos para a apresentação.•
ATIVIDADE IVOS PROTOCOLOS CLÍNICOS DOS PRINCIPAIS EXAMES LABORATORIAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Objetivo:
Apresentar e discutir os protocolos clínicos dos principais exames labo-• ratoriais relacionados à carteira da APS.
Desenvolvimento:
Realizar exposição dialogada sobre os protocolos clínicos dos principais • exames laboratoriais relacionados à carteira da APS.
ATIVIDADE VA APLICAÇÃO DOS PROTOCOLOS CLÍNICOS PELAS EQUIPES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Objetivo:
Conhecer e compreender os protocolos clínicos dos exames laborato-• riais;
Tempo estimado: 1 hora e 15 minutos
Tempo estimado: 1 hora e 45 minutos
Tempo estimado: 2 horas
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
Preencher o plano para aplicação dos protocolos clínicos dos exames • laboratoriais.
Desenvolvimento:
Dividir em grupos;•
Cada grupo deve eleger um coordenador e um relator;•
O grupo deve reportar-se aos textos de apoio para preencher:•
A Matriz 1:• O plano para a aplicação dos protocolos clínicos dos exames laboratoriais pelas equipes de saúde da APS no município;
A Matriz 2:• O plano para a aplicação dos protocolos clínicos dos exames laboratoriais pela Secretaria Municipal de Saúde no município;
Cada relator terá 10 minutos para apresentar o relatório do grupo.•
TEXTO DE APOIO 1
OS PROTOCOLOS CLÍNICOS DOS EXAMES LABORATO-RIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 1
Os exames laboratoriais estão entre os principais e mais utilizados recursos no apoio diagnóstico à prática clínica, o que traz repercussões importantes no cuidado ao paciente e custos ao sistema de saúde. A elevação de tais custos nos últimos 20 anos contribuiu, substancialmente, para a inflação dos custos gerais da assistência à saúde. Sob o ponto de vista dos aportes financeiros federais, os repasses relativos à Patologia Clínica/Medicina Laboratorial representam o segundo maior gasto vinculado ao elenco de procedimentos do primeiro nível da média complexidade ambulatorial.
Tem sido demonstrado que, na atenção primária, os erros médicos relacio-nados à investigação complementar (exames laboratoriais e de imagem) representam 18% do total, seguindo os erros relacionados a processos administrativos (29%) e os erros relacionados ao tratamento (26%). Estes erros refletem, provavelmente, deficiências na organização e competência técnica da atenção primária como um todo e, no que tange a Medicina Laboratorial, refletem a complexidade inerente ao serviço. A organização destes serviços representa uma tarefa complexa, por exigir a combinação de tecnologias diversificadas e sua adaptação às características locais e restrições orçamentárias, particularmente em relação à saúde pública. No Brasil, a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) definiu os requisitos para o funcionamento dos laboratórios clínicos e postos de coleta laboratorial, públicos ou privados, que realizam atividades na área de análises clínicas, patologia clínica e citologia. Trata-se da RDC nº. 302, de 13 de outubro de 2005, cujos princípios e requisitos devem, inclusive, nortear a seleção dos estabelecimentos prestadores de serviço na área.
1 Texto elaborado por Luciana de Gouvêa Viana, Letícia Maria Henriques de Resende e Pedro Guatimosim Vidigal, Professores de Patologia Clínica da Faculdade de Medicina da UFMG, 2009.
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
A implantação de estratégias voltadas à otimização e uso apropriado de exames laboratoriais tem sido bem sucedidas em serviços médicos ambula-toriais e hospitalares. Essas incluem programas educativos, desenvolvimento e implantação de protocolos clínicos e propedêuticos, auditorias, envolvi-mento do corpo clínico, incentivos econômicos, tais como a bonificação mediante redução no número de exames solicitados, além de restrições administrativas.
A coleção de Protocolos de Patologia Clínica vai ao encontro da estratégia atual da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) que visa capacitar o médico e propiciar ferramentas para que este possa fazer uso racional dos exames laboratoriais, contribuindo, assim, para a melhoria da qualidade da assistência prestada ao usuário do sistema de saúde e a otimização dos custos assistenciais.
Essa coleção faz parte de uma estratégia mais ampla de educação permanen-te dos atores da atenção primária a saúde. A prática educativa, porém, deve ser entendida como parte integrante das ações em saúde e deve favorecer a mudança, tendo na transformação seu aspecto mais relevante.
Para a elaboração dos protocolos foram considerados os exames laborato-riais constantes nas linhas-guias do Programa de Saúde em Casa da SES/MG, publicadas anteriormente, que incluem: Atenção ao Pré-natal, Parto e Puerpério, Atenção à Saúde da Criança, Atenção Hospitalar ao Neonato, Atenção à Saúde do Adolescente, Atenção à Saúde do Adulto (Hipertensão e Diabetes, Tuberculose, Hanseníase, HIV/AIDS), Atenção à Saúde do Idoso, Atenção em Saúde Mental e Atenção em Saúde Bucal.
O conteúdo dos protocolos contempla informações técnico-científicas atu-alizadas e contextualizadas à realidade regional da assistência em saúde. Foram consideradas também as diretrizes propostas pelas Boas Práticas de Laboratório e pelo Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial.
Os protocolos foram estruturados de acordo com o processo da assistência laboratorial conforme se segue:
Figura 1: Fluxo processual da assistência laboratorial.
Assim, cada protocolo destaca os principais aspectos relacionados às in-dicações clínicas do exame; preparo do paciente; cuidados com coleta e manuseio da amostra biológica; principais fatores pré-analíticos e interfe-rentes; métodos mais utilizados para a realização dos testes; critérios para interpretação do resultado e os Comentários do Patologista Clínico. Nessa
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
última seção, chama-se a atenção para questões relevantes em relação ao teste e/ou resultado, com o intuito de contribuir para melhor utilização da propedêutica laboratorial; seja na solicitação do exame, seja na interpre-tação do resultado.
TEXTO DE APOIO 2
ASSISTÊNCIA LABORATORIAL PÚBLICA EM MINAS GERAIS: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS PARA IMPLANTAÇÃO DE UM NOVO MODELO 2
Os exames laboratoriais estão entre os principais e mais utilizados recursos no apoio diagnóstico à prática clínica, o que traz repercussões importantes no cuidado ao paciente e custos ao sistema de saúde. Sob o ponto de vista dos aportes financeiros federais, repasses relativos à Patologia Clínica/Me-dicina Laboratorial representaram 30,5% em 2003, sendo 66,1% vinculados ao elenco de procedimentos do primeiro nível da média complexidade ambulatorial (Andréa, 2004).
Dados não publicados referentes à avaliação da assistência laboratorial na área de abrangência do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Alto do Rio Grande (CISMARG), em Minas Gerais, apontam para a solicitação de exames laboratoriais em cerca de 50% das consultas médicas realizadas no âmbito da atenção primária a saúde (APS). Outra informação interessante deste estudo diz respeito à média de quatro exames por solicitação e à grande limitação na diversidade de exames ofertados à atenção primária.
Essa situação traz consigo reflexões acerca da lógica quantidade versus qua-lidade, seja pela ótica dos recursos disponibilizados pelos agentes públicos para sua cobertura, seja pela sua efetiva contribuição na ação cotidiana dos profissionais médicos. Além da assertividade, o conceito da qualidade inclui também a resolutividade da assistência laboratorial frente a situação clínica, o que pressupõe agilidade na realização dos exames laboratoriais.
Rosser e colaboradores (2005), avaliando o perfil de erros médicos na aten-ção primária no Canadá, apontam a investigação complementar (exames laboratoriais e de imagem) como responsável por 18% destes, seguindo os erros relacionados a processos administrativos (29%) e erros relacionados ao tratamento (26%). Dados referentes a cinco outros países e considerados no mesmo estudo apresentam semelhanças no perfil de erros.
Estes erros refletem, provavelmente, deficiências na organização e com-petência técnica da atenção primária como um todo e, no que tange a Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, refletem a complexidade inerente ao serviço. A organização destes serviços representa uma tarefa complexa, por exigir a combinação de tecnologias diversificadas e sua adaptação às características locais e restrições orçamentárias, particularmente em relação à saúde pública.
2 Texto elaborado por Luciana de Gouvêa Viana, Letícia Maria Henriques de Resende e Pedro Guatimosim Vidigal, Professores de Patologia Clínica da Faculdade de Medicina da UFMG, 2009.
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
Nos últimos anos a dinâmica operacional dos laboratórios clínicos apresentou mudanças marcadas principalmente por:
Automação dos processos analíticos com aumento da precisão, 1.
exatidão e segurança para a realização de exames laboratoriais;
Informatização dos processos pré-analíticos, analíticos e pós-2.
analíticos;
Ampliação da capacitação de recursos humanos (médicos, biólogos, 3.
biomédicos, bioquímicos e técnicos);
Necessidade de conformidade dos processos pré-analíticos, analíticos 4.
e pós-analíticos com requisitos legais que passaram a regulamentar o
setor;
Implantação de programa de gestão da qualidade que é uma exigência 5.
legal.
Aliar qualidade operacional, desenvolvimento tecnológico, otimização de recursos humanos e custo racional em propedêutica laboratorial tem sido a grande preocupação nas instituições que zelam pela aplicação das boas práticas na especialidade.
Os laboratórios da rede pública também enfrentam esta realidade, pois, para atenderem as demandas dos pacientes do SUS, precisam manter relação de exames disponíveis, muitas vezes, incompatíveis com seus recursos tec-nológicos e financeiros. A situação atual da assistência laboratorial em vários municípios de Minas Gerais pode ser caracterizada conforme quadro abaixo.
Baixa produtividade;•
Ineficiente - tempo prolongado: coleta e a entrega do resultado;•
Terceirização de exames para laboratórios da rede privada;•
Valor gasto com exames laboratoriais/ano R$125.000.000,00 (2004; • SES/MG);
Controle da Qualidade ausente ou inadequado;•
Laboratórios não certificados ou acreditados;•
Ausência de indicadores de desempenho dos serviços.•
Experiências nacionais e internacionais (Canadá, Itália e Áustria, p.ex.), públicas e privadas, têm demonstrado a necessidade de uma mudança de paradigma na assistência laboratorial pública: descentralizar o atendimento direto ao paciente e centralizar o processamento do material biológico. Dessa forma, ocorrerá a convergência da demanda de exames para um laboratório centralizado, regional, e terceirização das rotinas de menor demanda ou mais complexas para laboratórios de referência.
Quadro 1: Características da assistência laboratorial em vários municípios de Minas Gerais.
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
A reestruturação da assistência laboratorial em uma rede, conforme esque-ma apresentado abaixo, parece ser a alternativa gerencial mais adequada. Ressalta-se a importância da integração dos estabelecimentos através do flu-xo de amostras e laudos de exames para implantação dessa alternativa.
REfERÊNCIAS:
ANDRÉA S. Retrato do Estado do Rio de Janeiro na ótica do laboratório. Rio de Janeiro: 2004. Mestrado [Dissertação em Saúde Pública] – Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz.
ASH K.O. Impact of cost cutting on laboratories: new business strategies for laboratories. Clin Chem 1996; 42:822-26.
DI STANISLAO F, GARDINI A, NARDI V. Is there a future for clinical labo-ratories? Experience in the Marche Region, Italy. Clin Chim Acta 2002; 319:107-10.
FAGG KL, GORDON P, REIB B, MCGANN JT, HIGA TE, KINNIBURGH DW, CEM-BROWSKI GS. Laboratory restructuring in metropolitan Edmonton: A model for laboratory reorganization in Canada. Clin Chim Acta 1999; 290:73–91.
ROSSER W, Dovey S, Bordman R, White D, Crighton E, Drummond N. Medical. Erros in primary care: results of an international study of family practice. Can Fam Physician (51): 386-387, 2005.
Figura 3: Reestruturação da assistência laboratorial
Figura 2: Descentralização do atendimento direto ao paciente e centralização do processamento do material biológico
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
SARKOZI L, SIMSON E, RAMANATHAN L. The effects of total laboratory automation on the management of a clinical laboratory. Retrospective analysis of 36 years. Clin Chim Acta 2003; 329:89-94.
TEXTO DE APOIO 3
OS PROTOCOLOS CLÍNICOS DOS EXAMES LABORATO-RIAS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 3
D0SAGEM DE GLICOSE1. NOME DO EXAME
Dosagem de glicose (sangue)•
1.1 Sinonímia
Glicemia•
Glicemia de jejum•
2. INDICAÇÃO CLÍNICA
Diagnóstico e monitoramento do diabetes mellitus e dos distúrbios • da homeostase glicêmica.
Rastreamento do diabetes gestacional.•
3. PREPARO DO PACIENTE
Jejum - obrigatório:•
Adulto: entre 8 e 12 horas•
Crianças de 1 a 5 anos: 6 horas•
Criança menores que 1 ano: 3 horas•
4. AMOSTRA
Plasma (Fluoreto)•
5. CUIDADOS PARA COLETA
A coleta da amostra de sangue deve ser realizada pela manhã, já que • há uma variação diurna significativa indicando que a glicemia de jejum média é maior pela manhã do que à tarde.
Ver anexo 1 – Orientação para coleta de sangue venoso (Anexo Pro-• tocolo)
3 Protocolos Clínicos dos Exames Laboratoriais, Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (no prelo).
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
6. ORIENTAÇÃO PARA TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
Caso o exame não possa ser prontamente realizado, manter a amostra • refrigerada, entre 4 – 8° C, durante transporte e armazenamento.
O analito é estável na amostra por 1 dia entre 20 e 25 °C ou 3 dias • entre 4 – 8 °C.
7. MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO
Enzimáticos colorimétricos (glicose oxidase; hexoquinase)•
8. INTERPRETAÇÃO
8.1 Valores de referência
Critérios para o diagnóstico do diabetes mellitus e outras categorias • de distúrbios na homeostase glicêmica aplicáveis a adultos, crianças e adolescentes, excetuando-se gestantes:
Tabela 1: Critérios para o diagnóstico do diabetes mellitus
1- Repetir a cada 3 anos em indivíduos com idade ≥ 45 anos; anualmente ou mais preco-cemente se houver os fatores de risco para diabetes. Atualmente, a Associação Americana de Diabetes (ADA) preconiza valor ≤100 mg/dL como limite de normalidade;
2- Realizar teste oral de tolerância a glicose. Atualmente, a ADA preconiza o intervalo entre 100 e 125 mg/dL para classificar como “glicose de jejum alterada”;
3- Para o estabelecimento do diagnóstico de diabetes, resultado ≥126 mg/dL (7,0 mmol/L) deve ser obtido em nova amostra colhida em outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda ou sintomas óbvios de diabetes;
4- Quando associada com sintomas clássicos de diabetes como poliúria, polidipsia e inexplicada perda de peso. Nesse caso, não se requer que a glicemia seja em jejum.
Diabetes Gestacional
Para o rastreamento do diabetes gestacional, o ponto de corte • é igual a 85 mg/dL, independente do momento da gravidez, conforme mostrado na tabela que se segue:
Tabela 2: Critérios para o rastreamento do diabetes gestacional
1 Realizar teste oral de tolerância a glicose;2 Para o estabelecimento do diagnóstico de diabetes, resultado ≥110 mg/dL (6,1 mmol/L) deve ser obtido em nova amostra colhida em outro dia.
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
8.2 Valores críticos
Tabela 3: Valores críticos para a dosagem de glicose
8.3 Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes
Tabela 4: Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes
Hemólise, hiperbilirrubinemia e lipemia podem levar a resultados de • glicemia falsamente elevados quando se utiliza métodos enzimáticos.
A determinação da glicemia com o método da glicose oxidase sofre • interferência de ácido ascórbico (vitamina C) e de hiperuricemia, levando a resultados falsamente diminuídos.
8.4 Exames relacionados
Teste oral de tolerância a glicose•
Dosagem de hemoglobina glicada•
Dosagem de frutosamina•
Microalbuminúria •
Dosagem de creatinina•
9. COMENTÁRIOS DO PATOLOGISTA CLÍNICO
Para a dosagem de glicose na investigação laboratorial do diabetes • mellitus e outras categorias de distúrbios na homeostase glicêmica, não se consideram os valores de referência com base populacional, mas sim os valores definidos como critério para o diagnóstico do diabetes e demais distúrbios.
A dosagem de glicose é útil no diagnóstico e no monitoramento do • paciente diabético, havendo relação direta entre o grau de controle glicêmico e o risco de desenvolver as complicações do diabetes.
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
Em gestantes deve ser realizada glicemia na primeira consulta do pré-• natal. Um resultado <85 mg/dL é considerado rastreamento negativo. Um resultado ≥85 mg/dL é considerado rastreamento positivo e indica a necessidade de confirmação que pode ser feita repetindo-se a glice-mia de jejum ou realizando-se um teste oral de tolerância a glicose.
Como a dosagem de glicose é o método de referência para o diag-• nóstico do diabetes mellitus, portanto, a qualidade dessa dosagem é fundamental para diagnóstico adequado. Os métodos atualmente utilizados apresentam desempenho satisfatório, permitindo medi-ção precisa e exata, desde que sejam atendidas as especificações da qualidade analítica desejadas, entretanto, a variabilidade biológica intra-individual relativamente grande da glicemia (de até 7%) pode produzir interpretações equivocadas.
10. REfERÊNCIAS
AMENRICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care, 28 (suppl 1): S37-42, 2005.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção a Saúde do adulto: hipertensão e diabetes. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 198 p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo Viva Vida. 2 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2006. 84 p.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Conselho brasileiro sobre diabe-tes - diagnóstico e classificação do Diabetes Mellitus e tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2. 2002. Disponível em: http://www.sbd.org.br.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Atualização Brasileira sobre Dia-betes. Rio de Janeiro – 2006. Disponível em: http://www.sbd.org.br.
SACKS DB, Bruns DE, Goldstein DE. Guidelines and Recommendations for Laboratory Analysis in the Diagnosis and Management of Diabetes Mellitus. Clinical Chemistry 48 (3): 436-72, 2002.
THE EXPERT COMMITTEE ON THE DIAGNOSIS AND CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS. Report of the Expert Committee on the diagnosis and classification of Diabetes Mellitus. Diabetes Care 1997; 20: 1183-97.
THE EXPERT COMMITTEE ON THE DIAGNOSIS AND CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS. Follow up report on the diagnosis of Diabetes Mellitus. Diabetes Care 2003; 26: 3160-3167.
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
DOSAGEM DE POTÁSSIO1. NOME DO EXAME
Dosagem de Potássio (K+)•
Sinonímia1.1
Calemia•
2. INDICAÇÃO CLÍNICA
O teste é útil na avaliação do equilíbrio hidroeletrolítico e acidobási-• co.
A monitorização do potássio sérico é útil no acompanhamento de pa-• cientes em terapia com diuréticos, em nefropatias, principalmente com insuficiência renal, na cetoacidose diabética, no manejo da hidratação parenteral e na insuficiência hepática.
3. PREPARO DO PACIENTE
Jejum mínimo de 4 horas - recomendável.•
Evitar atividades físicas vigorosas 24 horas antes do teste•
Manter o uso de drogas que não possam ser interrompidos•
Não utilizar anticoagulante do tipo EDTA, citrato•
4. AMOSTRA
Soro•
5.CUIDADOS PARA COLETA
Evitar movimentos de abrir e fechar a mão no momento da coleta•
Evitar agitação do tubo de coleta•
Evitar garroteamento excessivo•
Ver anexo 01-Orientações para coleta de sangue venoso (Anexo Pro-• tocolo)
6. ORIENTAÇÃO PARA TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
Separar soro até 1 hora após a coleta.•
Caso o exame não possa ser prontamente realizado, manter amostra • refrigerada entre 4-8º C.
Analito é estável na amostra por 1 semana entre 4 e 8ºC ou entre 20º • e 25ºC
7. MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO
ISE (eletrodo seletivo)•
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8. INTERPRETAÇÃO
8.1 Valores de referência Observação: os valores de referência podem variar em função do método e dos reagentes utilizados; portanto esses valores devem estar claramente citados nos laudos de resultados dos exames laboratoriais.
Adultos: 3,5 a 5,1 mmol/L (ou meq/L)•
Recém nascidos: 3,7 a 5,9 mmol/L (ou meq/L)•
8.2 Valores críticos
Menor ou igual a 2,5 mmol/L(hipocalemia)•
Maior ou igual a 6,5 mmol/L (hipercalemia) •
8.3 Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes
Fatores que aumentam a dosagem:
Hemólise•
Lipemia•
Icterícia•
Trombocitose•
Leucocitose•
Hiperproteinemia•
Biológicos: idade, gravidez, exercícios. vigorosos•
Drogas: laxantes, diuréticos, heparina, • Fatores que diminuem a dosagem:
Penicilinas, anfotericina B, insulina•
8.4 Exames relacionados
Sódio•
Gasometria•
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9. COMENTÁRIOS DO MÉDICO PATOLOGISTA CLÍNICO
É o principal cátion intracelular, sendo mantido as necessidades do • corpo apenas pela dieta.
O potássio participa de vários processos, entre eles a manutenção • do tamanho, o crescimento e divisão celular, a síntese protéica e de DNA, o controle intracelular de pH, a manutenção da excitabilidade e a contratilidade das células musculares (principal reservatório).
A homeostase do K+ depende do balanço interno (passagem entre o • meio intracelular e extracelular) e o balanço externo (ingestão, trans-porte gastrointestinal e reabsorção e eliminação renal).
A hipopotassemia corresponde a concentração de potássio abaixo • de 3,5 meq/L e a hiperpotassemia corresponde a concentração acima de 5,5 meq/L .
Causas de hipocalemia
1- Falta de ingestão (anorexia nervosa e bulemia)
2- Vômitos
3- Diarréia crônica
4- Diuréticos (manitol, furosemida, tiazídicos)
5- Alcalose tubular renal
6- Acidose tubular renal
7- Hipertensão arterial sistêmica
8- Hipertiroidismo
Causas de hipercalemia
1- Acidose metabólica
2- Falta de insulina
3- Hipoaldosteronismo
4- Insuficiência renal
5- Diuréticos (espironolactona, amilorida e secundário)
6- Drogas em pacientes com risco de disfunção renal (sulfametoxazol e trimetoprim, antiinflamatórios não hormonais, inibidores de ECA)
O idoso apresenta maior risco de hipercalemia quando em uso de • drogas como diuréticos e inibidores de ECA.
A dosagem de potássio na urina separa as hipopotassemias de origem • renal daquelas não renais. Se a excreção de potássio está abaixo de 20mmol/24horas a perda é não renal e acima de 40mmol/24horas a causa é de origem renal.
O método de ISE permite a dosagem do K+ tanto no soro quanto no san-• gue total e possui a vantagem de usar pequenos volumes de amostras.
No sangue total os valores são 0,1 a 0,7 mmol/L mais baixos que no soro.•
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10. REfERÊNCIAS:
Burtis CA, Ashwood ER, Bruns DE. Tietz. Textbook of Clinical Chemistry and Molecular Diagnostics, 4th edition 2006.
Henry JB. Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods. 21th edition, 2007.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção a saúde do adulto: hipertensão e diabetes. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 198 p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do idoso. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 186 p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Assistência Hospitalar ao Neonato. Belo Horizonte, 2005. 296p.
HBsAg1. NOME DO EXAME
HBsAg (sangue)•
Sinonímia1.2
Antígeno de superfície do HBV•
Antígeno Austrália•
2. INDICAÇÃO CLÍNICA
Diagnóstico de hepatite B, aguda ou crônica.•
3. PREPARO DO PACIENTE
Jejum mínimo de 8 horas – recomendável •
4. AMOSTRA
Soro•
Em algumas metodologias, plasma de EDTA ou heparina pode ser • empregado
5. CUIDADOS PARA COLETA
Nenhum cuidado especial. Ver Anexo I – Orientações para Coleta • Venosa. (Anexo de Protocolo)
6. ORIENTAÇÃO PARA TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
Separar o soro até 3 horas após a coleta.•
Caso o exame não possa ser prontamente realizado, manter a amostra • refrigerada entre 4 e 8 ºC.
Analito é estável no soro até 7 dias entre 2 ºC e 8 ºC e até 30 dias a • -20 ºC .
Amostra pode ser congelada e descongelada por uma única vez. Após • descongelamento, a amostra deve ser homogeneizada e centrifugada para retirada de material em suspensão.
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7. MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO
Quimioluminescência•
Ensaio imunoenzimático •
Radioimunoensaio: em desuso•
Para testes qualitativos, podem ser empregados os chamados testes • rápidos: imunocromatografia.
8. INTERPRETAÇÃO
Valores de referência
Negativo•
Valores críticos
Não se aplica•
Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes
Hemolise•
Lipemia•
Pacientes heparinizados.• Essas situações podem levar a resultados errôneos .
Exames relacionados
Anti-HBs•
Anti-HBc IgM•
Anti-HBc IgG•
HBeAg•
Anti-HBe•
ALT, AST (aminotransferases)•
Bilirrubinas•
9. COMENTÁRIOS DO MÉDICO PATOLOGISTA CLÍNICO
HBsAg é uma proteína de superfície do HBV (vírus da hepatite B) lo-• calizado no envoltório viral, de forma que sua presença no soro indica que o paciente encontra-se infectado.
É o primeiro marcador a positivar na infecção aguda pelo HBV e sua • persistência após seis meses da provável exposição ou quatro meses após fase aguda indica evolução para hepatite crônica.
Pode ser detectado a partir de três semanas após exposição ao vírus, • precedendo geralmente os sintomas da doença aguda e elevação das transaminases.
Na infecção autolimitada, de bom prognóstico e que ocorre em apro-• ximadamente 95% dos adultos, o HBsAg persiste na circulação por um a quatro meses, variando de acordo com a quantidade de vírus à qual o paciente foi exposto.
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Seu desaparecimento ocorre juntamente com o surgimento do seu • anticorpo, o anti-HBs, refletindo cura da infecção e conferindo imuni-dade duradoura.
Os critérios utilizados para definir a infecção crônica, cujo prognóstico • é variável de acordo com a presença ou não de atividade viral são:
Persistência do HBsAg por mais de seis meses•
Transaminases persistentemente elevadas•
Ausência de anti-HBs•
Os marcadores sorológicos usados para avaliar atividade viral são o • HbeAg e seu anticorpos anti-HBe. Pacientes sem atividade viral persis-tirão como portadores assintomáticos do vírus (HBeAg- e anti-HBe+) enquanto aqueles com atividade viral desenvolverão hepatite crônica (HBeAg+ e anti-HBe-).
Reações falso-positivas foram descritas em pacientes heparinizados ou • com distúrbios da coagulação e no período pós-vacinal imediato após a vacinação para hepatite B. Resultados positivos em testes qualitativos deverão sempre ser confirmados por outro teste.
Reações falso-negativas ocorrem quando HBsAg encontra-se em níveis • inferiores à sensibilidade do método utilizado, especialmente nos estágios muito iniciais da infecção, no chamado período de “janela imunológica” (quando já pode estar indetectável mas o anti-HBs ainda não positivou) ou eventualmente nas infecções crônicas.
IMPORTANTE: O DIAGNÓSTICO DA HEPATITE B DEVE SEMPRE SER ORIENTADO DE ACORDO COM PROVÁVEL fASE DA INfECÇÃO: fASE AGUDA, ESTADO DE PORTADOR CRÔNICO ASSINTOMÁTICO, fASE CRÔNICA.
Diante da suspeita clínica de hepatite B aguda, deve-• se solicitar HBsAg e anti-HBc IgM.
Se a suspeita for infecção crônica, deve-se solicitar • inicialmente HBsAg e anti-HBc total ou IgG. Se HBsAg for positivo, pesquisa-se HBeAg e anti-HBe, para de-finir estado de portador inativo (HBeAg- e anti-HBe+) ou hepatite crônica (HBeAg+ e anti-HBe-).
O USO APROPRIADO DOS DIfERENTES MARCADORES SOROLÓGICOS É ESSENCIAL PARA O DIAGNÓSTICO CORRETO ALÉM DE REDUZIR GASTOS DESNECESSÁRIOS.
10. REfERÊNCIAS:
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção a saúde do adulto: HIV/AIDS. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006, 68p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo Viva Vida. 2 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2006. 84p.
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MANDELL GL, Bennett JE, Dolin R, editors. Principles and Practice of Infectious Diseases. 6ª ed. Orlando: Churchill Livingstone; 2006.
HENRY JB. Clinical Diagnosis and Management by laboratory meth-ods. 21th edition, 2007.
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Guia de Vigilância Epidemiológi-ca. 5. ed. Brasília : FUNASA, 2002.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Controle das DST. Disponível em: http://www.aids.gov.br/assistencia/manualcontroledst.pdf
SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEPATOLOGIA. Consenso Sobre Condu-tas nas Hepatites Virais B e C – 2005. Disponível em: http://www.cdc.gov/hepatitis/
EXAME DE URINA ROTINA
1. NOME DO EXAME
Exame de urina de rotina
1.1 Sinonímia
Urina do tipo 1;•
Urina parcial;•
EAS (elementos anormais e sedimento);•
Sumário de urina;•
EQU (exame químico de urina);•
ECU (exame comum de urina); •
PEAS (pesquisa dos elementos anormais e sedimento).•
2. INDICAÇÃO CLÍNICA
Diagnóstico e monitoramento de:
Doenças renais e do trato urinário;•
Doenças sistêmicas ou metabólicas;•
Doenças hepáticas e biliares;•
Desordens hemolíticas.•
3. PREPARO DO PACIENTE
Recomenda-se que a coleta seja realizada após 8 horas de repouso, • antes da realização das atividades físicas habituais do indivíduo e, preferencialmente, em jejum.
Alternativamente, a amostra de urina pode ser coletada em qualquer • momento do dia, preferencialmente após 4 horas da última micção.
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O paciente deve ser orientado com relação ao procedimento de coleta • de urina de jato médio (Anexo 2 – Procedimento de coleta de exame de urina de jato médio).
4. AMOSTRA
Amostra de escolha: Primeira urina da manhã, jato médio, sem pre-• servativos.
Alternativa: Amostra de urina aleatória, colhida após 4 horas da última • micção.
5. CUIDADOS PARA COLETA
Utilizar frascos descartáveis, não reutilizados e estéreis. •
Não adicionar agentes conservantes a amostra de urina.•
Ver Anexo 2 – Procedimento para coleta de urina de jato médio.•
6. ORIENTAÇÃO PARA TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
Manter a amostra ao abrigo da luz. Transportar a amostra para o la-• boratório imediatamente.
Caso a amostra não possa ser examinada em até duas horas após a • coleta mantê-la sob refrigeração, entre 4 e 8° C, imediatamente após a coleta.
A refrigeração preserva a maioria dos elementos pesquisados com a • tira reagente por 6 a 8 horas (ver item 9)
7. MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO
Caracteres gerais - Inspeção visual•
Pesquisa de elementos anormais (exame químico) - Tira reagente•
Exame do sedimento urinário (sedimentoscopia) – Microscopia ótica•
8. INTERPRETAÇÃO
8.1 Valores de referência;
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8.2 Valores críticos
Não aplicável•
8.3 Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes
Principais influências pré-analíticas:•
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Quadro 1: Principais influências pré-analíticas
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8.4 Exames relacionados
Gram de gota de urina não centrifugada•
Urocultura •
Proteinúria de 24 horas•
Pesquisa de hemácias dismórficas•
9. COMENTÁRIOS DO PATOLOGISTA CLÍNICO
As principais causas de erro e de resultados falsos do exame de urina • estão relacionadas à fase pré-analítica (preparo do paciente, coleta, transporte e armazenamento da amostra).
Em urinas armazenadas entre 4 e 8°C pode haver a precipitação de • solutos como uratos e fosfatos que interferem no exame microscópi-co. Leucócitos e hemácias podem sofrer lise e os cilindros podem se dissolver, com redução significativa de seu número após 2 a 4 horas. Quanto maior o tempo de armazenamento, maior a decomposição dos elementos, especialmente quando a urina está alcalina (pH >7,0) e a densidade é baixa (≤ 1,010).
Proteinúria: é provavelmente o achado isolado mais sugestivo de do-• ença renal, especialmente se associado a outros achados do exame de urina (cilindrúria, lipidúria e hematúria).
Glicosúria: pode ocorrer quando a concentração de glicose no sangue • alcança valores entre 160 e 200 mg/dL ou devido a distúrbio na reab-sorção tubular renal da glicose: desordens tubulares renais, síndrome de Cushing, uso de corticoesteróides, infecção grave, hipertireoidismo, feocromocitoma, doenças hepáticas e do sistema nervoso central e gravidez.
Cetonúria: As principais condições associadas são diabetes mellitus • e jejum prolongado.
Sangue: a hematúria resulta de sangramento em qualquer ponto do • trato urinário desde o glomérulo até a uretra, podendo ser devido a doenças renais, infecção, tumor, trauma, cálculo, distúrbios hemorrá-gicos ou uso de anticoagulantes. A pesquisa de hemácias dismórficas auxilia na distinção das hematúrias glomerulares e não glomerulares. A hemoglobinúria resulta de hemólise intravascular, no trato urinário ou na amostra de urina após a colheita. Os limites de detecção das tiras reagentes são: 5 hemácias por campo de 400X (hematúria) ou 0,015 mg de hemoglobina livre por decilitro de urina (hemoglobinúria).
Leucocitúria (ou piúria): está associada à presença de processo inflama-• tório em qualquer ponto do trato urinário, mais comumente infecção urinária (pielonefrite e cistite), sendo, portanto, acompanhada com freqüência de bacteriúria. A tira regente detecta tanto leucócitos ín-tegros, como lisados, sendo, portanto, o método mais sensível.
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Nitrito: sugere o diagnóstico da infecção urinária, especialmente quan-• do associado com leucocitúria. Indica a presença de 105 ou mais bactérias/mL de urina, capazes de converter nitrato em nitrito, prin-cipalmente Escherichia coli.
Bilirrubinúria: observada quando há aumento da concentração de bi-• lirrubina conjugada no sangue (> 1 a 2 mg/dL), geralmente secundária a obstrução das vias biliares ou lesão de hepatócitos.
Urobilinogênio aumentado: observado nas condições em que há produ-• ção elevada de bilirrubina, como nas anemias hemolíticas e desordens associadas a eritropoiese ineficaz, e nas disfunções ou lesões hepáticas (hepatites, cirrose e insuficiência cardíaca congestiva).
Cilindros: importantes marcadores de lesão renal, podem aparecer • em grande número e de vários tipos dependendo da gravidade e do número de néfrons acometidos. Cilindros largos, em geral céreos ou finamente granulosos, são característicos da insuficiência renal crônica. Cilindros leucocitários podem ocorrer em condições inflamatórias de origem infecciosa ou não-infecciosa, indicando sempre a localização renal do processo. A presença de cilindro eritrocitário está associada à hematúria glomerular.
Células epiteliais: as escamosas revestem a porção distal da uretra • masculina, toda a uretra feminina e também a vagina e são as mais comumente encontradas no exame do sedimento urinário. A presença de número aumentado de células epiteliais escamosas indica conta-minação da amostra de urina com material proveniente da vagina, períneo ou do meato uretral.
Flora bacteriana: A presença de bactérias na urina pode estar rela-• cionada à infecção urinária, mas apresenta baixa especificidade para esse diagnóstico.
10. REfERÊNCIAS:
EUROPEAN CONFEDERATION OF LABORATORY MEDICINE – European Urinalysis Group. European Urinalysis Guidelines. Scand J Clin Lab Invest, 2000; 60:1-96.
NATIONAL COMMITEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS. Urinalysis and Collection, Transportation, and Preservation of Urine Specimens; Ap-proved Guideline. 2 ed. NCCLS document GP16-A2. Wayne, PA, 2001.
RINGSRUD KM, Linné J.J. Urinalysis and body fluids: a colortext and atlas.1.ed. St. Louis: Mosby, 1995:249.
FULLER CE, Threatte GA, Henry. Basic Examination of Urine. In: Henry JB ed. Clinical and Diagnosis Management by Laboratory Methods. 20a. Ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 2001:367-402.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção a saúde do adulto: hipertensão e diabetes. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 198 p.
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MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do idoso. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 186 p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Assistência Hospitalar ao Neonato. Belo Horizonte, 2005. 296p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo Viva Vida. 2 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2006.
CULTURA DE URINA1. NOME DO EXAME
Cultura de Urina•
Sinonímia1.3 Urocultura•
Cultura de urina qualitativa e quantitativa•
2. INDICAÇÃO CLÍNICA
Exame útil no diagnóstico de infecção do trato urinário (ITU).•
3. PREPARO DO PACIENTE
A amostra de urina pode ser coletada em qualquer momento do dia, • preferencialmente após 4 horas da última micção.
O paciente deve ser orientado com relação ao procedimento de coleta • de urina de jato médio (Anexo 2 – Orientações para coleta de urina)
4. AMOSTRA
Amostra de escolha: Primeira urina da manhã, jato médio, sem pre-• servativos.
Alternativa: Amostra de urina aleatória, colhida após 4 horas da última • micção.
Outros materiais: urina colhida por meio de aspiração suprapúbica, • cateterização ou com o auxílio de coletor adesivo.
5. CUIDADOS PARA COLETA
Utilizar frascos descartáveis, não reutilizados e estéreis. •
Não adicionar agentes conservantes a amostra de urina.•
Ver Anexo 2 – Orientações para coleta de urina.•
6. ORIENTAÇÃO PARA TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
Transportar a amostra para o laboratório imediatamente. •
Caso a amostra não possa ser examinada em até duas horas após a • coleta mantê-la sob refrigeração, entre 4 e 8° C, imediatamente após a coleta.
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7. MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO
Cultura qualitativa e quantitativa •
8. INTERPRETAÇÃO
Valores de referência1.1
Valores críticos1.2 Não se aplica •
Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes1.3 A utilização de antibióticos interfere no exame, podendo levar a re-• sultados falso-negativos.
Infecções em seu estágio inicial podem não apresentar crescimento • bacteriano devido ao pequeno número de microrganismos presentes na urina.
Infecções urinárias que têm como agente etiológico micobactérias, • Clamídia e anaeróbios não são diagnosticadas pela urocultura con-vencional.
Exames relacionados1.4 Exame de urina rotina•
Gram de gota de urina não centrifugada•
DEFINIÇÃO DE BACTERIÚRIA SIGNIFICATIVA> 102 UFC (coliformes)/mL em mulher sintomática
> 103 UFC/mL em homem sintomático
> 105 UFC/mL em indivíduos assintomáticos em duas amostras consecutivas
> 102 UFC/mL em pacientes cateterizados
Qualquer crescimento bacteriano em material obtido por punção suprapúbica
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9. COMENTÁRIOS DO MÉDICO PATOLOGISTA CLÍNICO
Mais de 95% das infecções urinárias são causadas por um único agente • etiológico. Escherichia coli é a causa mais comum de ITU não compli-cada, sendo o agente etiológico de 75 a 95% de todas as infecções. Staphylococcus saprophyticus encontra-se em segundo lugar, respon-dendo por 5 a 20% das infecções. Espécies de Proteus e Klebsiella e o Enterococcus faecalis ocasionalmente causam infecção urinária não complicada.
As infecções urinárias complicadas são causadas por uma variedade • maior de microrganismos, bactérias e fungos, e a freqüência de infec-ções polimicrobianas é superior àquela observada nas infecções não complicadas. Apesar da E. coli ainda constar como o principal patógeno, outras bactérias aparecem com mais freqüência, como Pseudomonas, Proteus, Klebsiella e E. faecalis. Dentre os fungos, destacam-se as espécies de Candida.
O ambiente hospitalar é um importante determinante da natureza da • flora bacteriana na ITU. Espécies de Klebsiella, Proteus, Pseudomonas e Enterobacter, estafilococos e enterococos são os agentes mais fre-quentemente isolados.
Diante da suspeita clínica de infecção do trato urinário não complicada, • encontram-se indicados o Gram de gota de urina não centrifuga e o exame de urina rotina e a urocultura, sendo essa abordagem para a maioria dos casos.
O diagnóstico definitivo de infecção do trato urinário é firmado pelo • isolamento do microrganismo na urocultura. A bacteriúria significativa, habitualmente, caracteriza-se por crescimento superior a 105 UFC/mL. Valores inferiores, porém, devem ser valorizados em circunstâncias específicas.
10. REfERÊNCIAS:
JACOBS DS, Oxley DK, DeMott WR. Laboratory Test Handbook, Hudson: Lexi-Comp Inc., 2001.
HENRY JB. Clinical Diagnosis and Management by Laboratory Methods, Philadelphia: W.B. Saunders Company, 1996.
MANDELL GL, Bennett JE, Dolin R, editors. Principles and Practice of Infec-tious Diseases. 6ª ed. Orlando: Churchill Livingstone; 2006.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção a saúde do adulto: hipertensão e diabetes. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 198 p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção à saúde do idoso. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 186 p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Saúde. Assistência. Hospitalar ao Neonato. Belo Horizonte, 2005. 296p.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção ao pré-natal, parto e puerpério: protocolo Viva Vida. 2 ed. Belo Horizonte: SAS/SES, 2006.
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MICROALBUMINÚRIA1. NOME DO EXAME
Microalbuminúria•
1.1 Sinonímia•
Não aplicável•
2. INDICAÇÃO CLÍNICA
Diagnóstico precoce de nefropatia e avaliação de risco aumentado • para doença cardiovascular e morte em pacientes diabéticos e hiper-tensos.
A determinação da microalbuminúria deve ser realizada imediata-• mente após o diagnóstico do diabetes mellitus tipo 2 e após 5 anos do diagnóstico de diabetes mellitus tipo 1. Posteriormente, deve ser determinada a cada 6 meses ou 1 ano.
A determinação de microalbuminúria tem sido proposta também na ava-• liação de pacientes com pré-eclampsia e lúpus eritematoso sistêmico.
3. PREPARO DO PACIENTE
Não fazer esforço físico durante a coleta.•
4. AMOSTRA Amostra de urina de 24 horas•
Primeira urina da manhã•
Amostra de urina aleatória•
5. CUIDADOS PARA COLETA
Utilizar frascos de coleta descartáveis, não reutilizados.•
Não adicionar agentes conservantes.•
No caso de amostra de urina aleatória, a coleta deve ser realizada 3 • horas após última micção.
Ver Anexo 2 – Orientações para coleta de urina (Anexo Protocolo)•
6. ORIENTAÇÃO PARA TRANSPORTE E ARMAZENAMENTO
Caso o exame não possa ser prontamente realizado, manter a amostra • refrigerada, entre 4 – 8° C, durante transporte e armazenamento.
7. MÉTODOS MAIS UTILIZADOS NO LABORATÓRIO CLÍNICO
Nefelometria•
Turbidimetria •
Quimioluminescência•
8. INTERPRETAÇÃO
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8.1 Valores de referênciaAmostra de urina de 24 horas: até 30 mg/24 h •
Primeira urina da manhã ou amostra aleatória: até 30µg/g*•
*Quando não se utiliza amostra de urina de 24 horas, é recomendada • a realização concomitante de dosagem de creatinina na amostra de urina, liberando-se o resultado em miligramas de albumina por gramas de creatinina (µg/g).
8.2 Valores críticosNão aplicável8.3 Principais influências pré-analíticas e fatores interferentes
Exercício físico vigoroso, gravidez, febre, infecção urinária, hematúria, • picos de hiperglicemia, insuficiência cardíaca, proteinúria postural benigna e estresse são fatores capazes de aumentar a excreção de albumina na urina e podem levar a resultados falsamente positivos.
8.4 Exames relacionadosDosagem de glicose•
Dosagem de creatinina•
9. COMENTÁRIOS DO PATOLOGISTA CLÍNICO
A excreção urinária de pequena quantidade de albumina, entre 30 e 300 • mg/24 horas ou entre 30 e 300 30µg/g, caracteriza a microalbuminúria e representa sinal precoce de nefropatia e fator de risco aumentado para doença cardiovascular e morte em pacientes diabéticos e hiper-tensos. A intensificação do controle da glicemia e da pressão arterial contribuem para reduzir a evolução da nefropatia.
A sensibilidade de detecção de microalbuminúria varia entre 66 e • 91%.
Não há consenso na literatura quanto ao tipo de amostra de urina que • deve ser colhida para a determinação da microalbuminúria. A primeira urina da manhã parece ser a alternativa preferível na prática clínica já que os resultados obtidos através da relação albumina:creatinina com esse tipo de amostra apresentam menor variação intra-individual quando comparados com os resultados obtidos com amostras aleatórias colhidas ao longo do dia.
A grande variação intra-individual da excreção urinária de albumina, • que pode chegar a 36%, é o fator determinante para a necessidade de confirmação de microalbuminúria através da realização do exame em 3 amostras
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10. REfERÊNCIAS:
KARALLIEDDE J, Viberti G. Microalbuminuria and cardiovascular risk. Am J Hypertens, 2004; 17:986-983.
MARRE M. Microalbuminuria and prevention of renal insufficiency and cardiovascular diseases. Am J Hypertens, 1998; 11:884-886.
MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Atenção a saúde do adulto: hipertensão e diabetes. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. 198 p.
MOGENSEN CE, Keane WF, Bennett PH, Jeruns G, Parving HH, Passa P, et al. Prevention of diabetic renal disease with special reference to microalbuminuria. Lancet, 1995; 346:1080-1084.
MOGENSEN CE. Microalbuminuria and hypertension with focus on type 1 and type 2 diabetes. J Intern Med, 2003; 254:45-66.
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Tempo estimado: 2 horas e 45 minutos
2º DIA
ATIVIDADE VIORGANIZAÇÃO DAS fASES PRÉ E PÓS-ANALÍTICAS - ESTUDO DE CASO
Objetivo:
Discutir a organização dos processos de trabalho relacionados às fases • pré-analíticas e pós-analíticas nas unidades de saúde da APS, pelas equi-pes de saúde.
Desenvolvimento:
Dividir em grupos;•
Cada grupo deve eleger um coordenador e um relator;•
O grupo deve proceder à leitura e discussão dos Casos 1 e 2;•
Discutir sobre os problemas identificados, suas causas e conseqüências • e sobre as soluções que o grupo propõe;
A seguir, considerando as Fases Pré e Pós-analíticas, preencher as Matrizes • 3 e 4 com os problemas e soluções, definindo para esta última, as ações, responsáveis e tempo necessários;
Cada relator terá 10 minutos para apresentar o relatório do grupo.•
CASO 1
A paciente MBS, gestante, residente da zona rural se dirigiu a unidade básica de saúde de sua localidade para realização de primeira consulta de pré-natal. Foram solicitados os seguintes exames laboratoriais: Grupo sanguíneo e fator Rh, hemograma, glicemia de jejum, sorologia para toxoplasmose, para HIV, pesquisa de HBsAg, exame de urina de rotina.
A paciente foi orientada a procurar o laboratório conveniado com a prefei-tura do município para a realização dos exames.
Dois dias depois, a paciente se encaminhou ao laboratório localizado na região urbana do município e agendou a coleta do material biológico para a semana seguinte.
Trinta dias após, a gestante retornou à consulta, conforme agendado, sem os resultados dos exames, informando que esses ficariam prontos em 15 dias. Além disso, a pesquisa de HBsAg não foi realizada devido a falta de material, e não havia previsão para normalização de atendimento dessa demanda.
Na terceira consulta de pré-natal a paciente entregou ao médico seus re-sultados, exceto a pesquisa de HBsAg, e esse lhe informou que o resultado de exame de urina de rotina era inconclusivo, sugerindo que a coleta da urina foi inadequada.
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CASO 2
Paciente AJF diabético há 10 anos foi à consulta médica na Unidade de Atenção Primária de Saúde. Foram solicitados os seguintes exames: glicemia de jejum, hemoglobina glicada e microalbuminúria, com a recomendação de realização o mais breve possível. O paciente não retornou para consulta. O agente de saúde obteve dos familiares a informação de que o paciente procurou o laboratório conveniado e que agendou a coleta dos materiais biológicos. Porém, o paciente sentiu-se mal e foi encaminhado pelos fami-liares para hospital privado na capital onde permanece internado. O familiar informou ainda que foi diagnosticada doença renal secundária ao diabetes melito nessa internação.
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Tempo estimado: 3 horas
ATIVIDADE VIIA PROGRAMAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS SEGUNDO AS LINHAS GUIAS DE PRÉ-NATAL, HIPERTENSÃO E DIABETES NAS EQUIPES DE SAÚDE DA APS
Objetivo:
Programar os exames laboratoriais relacionados às linhas-guias de pré-• natal, hipertensão e diabetes pelas equipes da APS nos municípios.
Desenvolvimento:
Dividir em grupos.•
Cada grupo deve eleger um coordenador e um relator;•
Considerando as definições das Linhas-guias de Atenção ao Pré-natal, • Parto e Puerpério e de Atenção à Saúde do Adulto – Hipertensão e Dia-betes, realizar a programação dos exames laboratoriais necessários para a população definida;
Para tanto, utilizar as Matrizes 5, 6 e 7;•
Cada relator terá 10 minutos para apresentar o relatório do grupo.•
ESTUDO DE CASO
Município: Quero Quero
Bairro: Coqueiral
Equipe de PSF: Santa Terezinha
População adscrita total: 3.196 pessoas
População adscrita por faixa etária e sexo:
Tabela 1: Distribuição da população por faixa etária e sexo
Distribuição da População por faixa etária e sexo
Faixa etária População Total Masculino Feminino
< 1 ano 106 49 57
1 a 4 anos 238 117 121
5 a 9 anos 379 184 195
10 a 14 anos 251 122 129
15 a 19 anos 346 165 181
20 a 59 anos 1633 796 837
60 a 79 anos 226 107 119
> 80 anos 17 6 11
Total 3.196 1.546 1.650
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
PARÂMETROPOP. ALVO ESTIMADA
GESTANTE
GestanteNo total de gestantes do ano anterior (número de DNV) + 10%
Gestantes de Risco Habitual e de Alto Risco que podem ser acompanhadas na UAPS
85% das gestantes
Gestantes de Alto Risco que devem ser encaminhadas ao Serviço de Referência
15% das gestantes
HIPERTENSÃO (inclui adulto e idoso)
Total de hipertensos 20% da população adulta e idosa
Baixo risco 40% dos hipertensos
Médio risco 35% dos hipertensos
Alto e muito alto risco 25% dos hipertensos
Tabela 2: Definição da população alvo estimada
Para a organização do Sistema Municipal de Saúde, decidiu-se por:
Implantação das linhas-guias de atenção à saúde, de maneira especial 1)
a LG de Atenção ao Pré-natal, Parto e Puerpério, a LG de Atenção ao
Adulto – Hipertensão e Diabete e os Protocolos Clínicos dos Exames
Laboratoriais.
Modelagem e implantação das Redes de Atenção à Saúde da Mulher e 2)
da Criança e ao Adulto com Doenças Cardiovasculares e Diabetes.
Organização do sistema de apoio diagnóstico laboratorial, privilegiando-3)
se os exames para o pré-natal e para o controle da hipertensão e
diabete.
Após o planejamento da implantação dos Protocolos e da organização dos processos de trabalho das fases pré e pós-analíticas, a equipe realizou o dimensionamento dos exames necessários para garantir a qualidade da atenção à gestante e ao hipertenso e diabético.
Para tanto, seguiu os seguintes passos:
Definição da população alvo estimada1)
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
Definição da meta de cobertura:2)
O município decidiu que, por ser prioridade, o acompanhamento de pré-na-tal deve ser ofertado a 100% das gestantes de risco habitual e alto risco.
Com relação aos hipertensos e diabéticos, o diagnóstico inicial mostrou uma cobertura baixa: apenas 30% dos hipertensos e 27% dos diabéticos estavam cadastrados na UAPS. Assim, na programação decidiu-se por uma progressão na captação e acompanhamento, definindo-se a meta de 50% de cobertura para os hipertensos e diabéticos no primeiro ano de programação.
Assim, o resultado da programação mostrou o seguinte quantitativo de cidadãos beneficiados:
Tabela 3: Quantitativo de cidadãos beneficiadosPOP. ALVO ESTIMADA(calculada
acima)
META DE COBERTURA
POP. A SER ATENDIDA
GESTANTE
Gestante 100%
Gestantes de Risco Habitual e de Alto Risco que podem ser acompanhadas na UAPS
100%
Gestantes de Alto Risco que devem ser encaminhadas ao Serviço de Referência
100%
HIPERTENSÃO (inclui adulto e idoso)
Total de hipertensos 50%
Baixo risco 50%
Médio risco 50%
Alto e muito alto risco 50%
DIABETE (inclui adulto e idoso)
Total de diabéticos 50%
Sem tratamento medicamentoso 50%
Não usuário de insulina sem hipertensão 50%
Não usuário de insulina com hipertensão 50%
Usuário de insulina 50%
DIABETE (inclui adulto e idoso)
Total de diabéticos8% da população adulta e idosa
Sem tratamento medicamentoso
20% dos diabéticos
Não usuário de insulina sem hipertensão
30% dos diabéticos
Não usuário de insulina com hipertensão
35% dos diabéticos
Usuário de insulina 15% dos diabéticos
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
Dimensionamento do número de exames necessários:3)
A LG de Atenção ao Pré-natal, Parto e Puerpério recomenda que na primeira consulta de pré-natal sejam solicitados para a gestante os seguintes exames: Grupo sanguíneo e fator RH; Coombs indireto, se necessário; Hemograma; Glicemia jejum; VDRL; Toxoplasmose; Urina rotina; Urocultura; Colpocito-logia oncótica; Teste anti HIV, após aconselhamento e consentimento da paciente; HBsAg.
Posteriormente, na 30ª semana de gestação, devem ser solicitados: glicemia de jejum, VDRL e urina rotina.
Outros exames poderão ser solicitados a qualquer momento, se necessário.
A LG de Atenção ao Adulto – Hipertensão e Diabete recomenda que os hipertensos e diabéticos realizem exames laboratoriais conforme os qua-dros abaixo.
Figura 1: O atendimento programado aos hipertensosFontes: Baseado no livro Hipertensão Arterial Diagnóstico e Tratamento, 2005.
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Figura 2: Subsídios para a agenda da unidade de saúde no atendimento programado dos diabéticos
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A partir destes parâmetros, foi possível realizar a programação de exames laboratoriais necessários:
Tabela 4: Parâmetros para realizar a programação de exames laboratoriais
GESTANTE
PARÂMETRORISCO
HABITUALALTO RISCO TOTAL
População beneficiada(calculada acima)
Grupo sanguíneo
1 exame na 1ª consulta
Fator RH1 exame na 1ª consulta
Coombs indireto
1 exame na 1ª consulta
Hemograma1 exame na 1ª consulta
Glicemia jejum
1 exame na 1ª consulta e 1 na 30ª semana
VDRL
1 exame na 1ª consulta e 1 na 30ª semana
Toxoplasmose1 exame na 1ª consulta
Urina rotina
1 exame na 1ª consulta e 1 na 30ª semana
Urocultura1 exame na 1ª consulta
Colpocitologia oncótica
1 exame na 1ª consulta
Teste anti HIV1 exame na 1ª consulta
HBsAg1 exame na 1ª consulta
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Dimensionamento do número de exames necessários no município:4)
Na etapa subseqüente, a coordenação central da SMS fará o consolidado de todas as equipes do quantitativo de exames necessários para o acom-panhamento da gestante, hipertenso e diabético e organizará o sistema de apoio diagnóstico para garantir a realização destes exames.
ATIVIDADE VIIIO PLANO DE TRABALHO DO PERÍODO DE DISPERSÃO
Objetivo:
Planejar as atividades do Período de Dispersão.•
Desenvolvimento:
Formar grupos;•
Nomear um coordenador e um relator;•
Cada grupo deverá elaborar a programação para o Período de Dispersão, • definindo para cada um dos produtos das atividades a serem realizadas e os responsáveis, prazos, e recursos necessários para a sua realização;
Cada relator terá 10 minutos para apresentar as conclusões do grupo.•
Período
O trabalho de dispersão deverá ser realizado no período de ____/____/ 2009 a ____/___/2009.
OS PRODUTOS DO TRABALHO DE DISPERSÃO
1. REPASSE DO CONTEÚDO DA OfICINA PARA AS EQUIPES DE SAÚDE.
Deverá ser realizado pelos facilitadores, conforme escala pré-definida;•
Repassar o conteúdo da oficina para todos os profissionais das equipes • de saúde das UAPS;
Divulgar o conteúdo da oficina para o Secretário e demais profissionais • da SMS, para o prefeito e gabinete, demais secretarias e para o Conselho Municipal de Saúde.
2. PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DOS PROTOCOLOS CLÍNICOS DOS EXAMES LABORATORIAIS NAS EQUIPES E NO MUNICÍPIO
Esta atividade deverá ser realizada pelos facilitadores e pelas equipes • de profissionais das UAPS;
Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
Realizar o planejamento para a implantação dos protocolos minima-• mente das linhas-guias de pré-natal, hipertensão e diabetes na equipe, definindo os objetivos, as ações, as metas, os responsáveis, os prazos e os recursos necessários;
Enviar o planejamento realizado para o coordenador municipal.•
3. ORGANIZAÇÃO DAS fASES PRÉ E PÓS-ANALÍTICAS DO APOIO DIAGNÓSTICO NA EQUIPE
Esta atividade deverá ser realizada pela equipe de profissionais das • UAPS;
Discutir, identificar e sistematizar os problemas relacionados às fases • pré e pós-analíticas;
Discutir e apontar soluções possíveis para a organização, com a definição • das ações, responsáveis e tempo necessário;
Enviar o planejamento realizado para o coordenador municipal.•
4. ORGANIZAÇÃO DAS fASES PRÉ E PÓS-ANALÍTICAS DO APOIO DIAGNÓSTICO NO MUNICÍPIO
Esta atividade deverá ser realizada pelos facilitadores, gerentes e coor-• denações do nível central da SMS;
Analisar o planejamento realizado pelas equipes, identificando os pro-• blemas comuns e as soluções propostas;
Discutir, identificar e sistematizar os problemas relacionados aos pro-• cessos das fases pré e pós-analíticas que se desenvolvem entre as UAPS e o laboratório;
Discutir e apontar soluções possíveis para a organização, com a definição • das ações, responsáveis e tempo necessário;
Definir as diretrizes para a organização dos processos nas UAPS;•
Este planejamento deve, juntamente com o próximo produto, integrar • o Plano Municipal para Organização do Apoio Diagnóstico Laboratorial no município.
5. PROGRAMAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS PELA EQUIPE
Esta atividade deverá ser realizada pela equipe de profissionais das • UAPS;
Extrair da Planilha de Programação o número de gestantes, hipertensos e • diabéticos, segundo a estratificação de risco, programados (ver: Planilha de programação \ Adulto ou Gestante \ Meta programada \ Usuários);
Lançar os dados na Planilha de Programação de Exames Laboratoriais • que fará o cálculo do quantitativo final de todos os exames.
Enviar a programação realizada para o coordenador municipal.•
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Implantação do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde – Oficina 10: O Sistema de Apoio Diagnóstico Laboratorial
6. PROGRAMAÇÃO DOS EXAMES LABORATORIAIS NO MUNICÍPIO
Esta atividade deverá ser realizada pelos facilitadores, gerentes e coor-• denações do nível central da SMS;
Fazer o consolidado da programação de exames das equipes, calculando • o quantitativo total (municipal) de exames necessários por ano para cada uma das condições;
Confrontar o resultado final com a oferta de exames laboratoriais no • município;
Discutir os problemas relacionados à oferta de exames e fazer um pla-• nejamento para melhoria do apoio diagnóstico laboratorial;
Elaborar o Plano Municipal para Organização do Apoio Diagnóstico Labo-• ratorial no município com o objetivo de melhorar a cobertura e a quali-dade dos exames realizados, incluindo (i) o planejamento da implantação dos protocolos; (ii) o planejamento da organização dos processos das fases pré e pós-analíticas e (iii) a programação de exames laboratoriais;
Enviar o Plano Municipal para a o Técnico da GRS, para que seja elaborado • o consolidado / análise microrregional.
7. CONSOLIDADO MICRORREGIONAL
Esta atividade deverá ser realizada pelo Técnico da GRS;•
Recolher os Planos Municipais elaborados pelos municípios;•
Fazer a análise microrregional do planejamento da implantação dos • protocolos e do planejamento da organização dos processos das fases pré e pós-analíticas;
Fazer o consolidado microrregional da programação de exames laborato-• riais, confrontando a necessidade programada com a oferta de exames definida pelos municípios e com a oferta pactuada na PPI;
Identificar os itens que devem ser apresentados e discutidos na CIB • microrregional;
Discutir o resultado do consolidado e/ou análise microrregional com os • tutores e enviar para o Coordenador da Universidade;
Apresentar este resultado na próxima oficina.•
Prazos:
A replicação das oficinas para as equipes deverá ser iniciada imediatamen-• te após a oficina de facilitadores, conforme o planejamento realizado;
Os produtos descritos acima deverão ser concluídos dentro do período • de dispersão, tendo como prazo máximo a data da próxima oficina.
Planejamento do período de dispersão:
Elaborar o planejamento do período de dispersão, utilizando a matriz • apresentada a seguir;
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Cada grupo, considerando os objetivos e produtos definidos acima, de-• verá elaborar a programação para o período de dispersão, definindo para cada um dos produtos as atividades a serem realizadas e os responsáveis, prazos e recursos necessários para a sua realização.
PRóxIMA OFICINA:TEMA:DATA: ____/___/ 2009.
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ATIVIDADE IX AVALIAÇÃO DA OfICINA
Objetivo:
Aplicar o instrumento de avaliação da oficina.•
Desenvolvimento:
Preencher a ficha de avaliação da Oficina;•
Receber a avaliação, tabular e entregar os dados consolidados para o • coordenador da Universidade;
O Coordenador Universitário deverá enviar os dados tabulados (conforme • cronograma pré-estabelecido), à ESP - MG através do email: [email protected] . Caberá à ESP-MG consolidar os dados das ações educacionais e enviar o consolidado da avaliação para a Superintendência de Atenção à Saúde / SES;
Comentários finais;•
Data e Local da Próxima Oficina;•
Encerramento da oficina.•
Tempo estimado: 15 minutos
OfICINA 10: O SISTEMA DE APOIO DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
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