~: semiÓtica

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+ Charles Sanders Peirce ~ : SEMIÓTICA ~\l1l PERSPECTIVA ~,,,~

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Page 1: ~: SEMIÓTICA

+ Charles Sanders Peirce

~: SEMIÓTICA

~\l1l PERSPECTIVA ~,,,~

Page 2: ~: SEMIÓTICA

9. O que é o Significado?, de Lady Welbyª

171 . O pequeno volume de Lady Victoria Welby não é aquilo que se entende por livro científico . Não é um tratado. e está isento de qualquer sombra de pedantismo ou pretensão. Pessoas

. diferentes atribuir-lhe-ào valores bem diferentes. 1~ um livro fe-. minino. e uma mente demasiado masculina poderá achar que al -gumas de suas partes são dolorosamente fracas. Recomendaríamos

a. Os parágrafos 171- 1 75 são uma a_preciação critica do livro de Lady Welby What is Meaning 1 (MacMillan. 1903. 321 p.). in The Nation (IS de outubro de 1903 nº 77. p. 308-309.)

. O parágrafo 176 é da-; lowe/1 lectures de 1903 (da Conferência 1. v. 2. ime-diatamente após 1.611 -615), Widcner 182-4, com uma citação acrescentada em 176 DOta 3.

Os parágrafos 177- 185 são de um longo manuscrito, sem data. constante de ' Widener 183a. Referências existentes indicam que este manuscrito é parte de uma

cana. mas o trecho existente não contém nem a saudação nem a assinatura. Este ma-auscrito exigiu, por parte do editor, mais mudanças na pontuação. etc., do que a maior parte dos manuscritos publicados nesta obra.

Cf. a correspondência com Lady Welby no Livro li dos Collected Papel'5 . A apreciação crítica do livro de Lady Welby em The Nation foi feita junto com

uma breve menção dos Tire Principie.~ of Mathematics . de Bertrdnd Russel. v. 1 (University Press. Cambridge: MacMillan. New York. 1903 . 534 p.) A critica conjunta começa com o seguinte par.igrafo : "Estes são dois trabalhos em lógica real -mente importantes; ou. de qualquer forma, merecem tomar-se importantes, se os lei-tores fii.erem a parte que lhes cabe. Todavia, é quase grotesco indicá-los juntos, tão profundamente d~intas são as características de um e de outro. Este não é o lugar

•. para falar do livro do sr. Russel, que dificilmente pode ser chamado de literatura. Já é uma recomendação preliminar de resolução e engenhosidade. bem como de alta in-

,: tdi~ncia. o fato de ele oontinuar estes trabalhos tão severos e escolásticos por tanto ICmpo, trabalhos pelos quais mais de um de seus ancestrais tomou-se fa!]loso. Aquele

'.1 , que desejar uma introdução adequada ás notáveis pesquisas no campo da lógica matc-,f, mática que foram feitas nestes últimos sessenta anos, e que jogaram uma luz inteira-. mente nova sobre a matemática e sobre a lógica, fará bem cm guardar este livro. Mas i .- não achará fácil sua leitura. De fato. o assunto do segundo volume provavelmente , ,. oonsistirá. pelo menos nove-décimos dele, em seqüência~ de símbolos". A parte res-1'' '· tante da crítica é aqui publicada. ',

Page 3: ~: SEMIÓTICA

158 SE

MIÓ

TIC

A

•· ao leitor m

asculino que lesse com· atenção os capítulos X

XII á<}j X X V antes de ler o todo. pois esses suportam

uma segunda leiturn;if~

A questão que se discute nesses capítulos diz respeito a com

o os[•-hom

ens prim

itivos vieram

a

acreditar em

suas

absurdas:. superstições. Em

termos gerais. sem

pre se acreditou ser esta a mai~;,

simples das questões.

Lady V

ictoria não se digna m

encionar :(1 bonita fábula de

La Fontaine (a sexta do nono livro; todas età,~~

valem a pena de serem

relidas. se o leitor já as esqul!ceu) sobre o es,·, cultor e sua estátua de Júpiter:

J~. ·•L' artisan exprim

a si bien

Le caractére de J'ldole. Q

u'on trouva qu'il ne m

anquait rien A

J upiter que la parole.

"Mêm

e l'on dit que l'ouvrier Eút à peine achevé l'im

age. Q

u'on le ,•it

frémier le

premier.

Et redouter son propre ouvrage.

-·-· --

---·--···-·

·------·---

--··· --11 était enfant en ceei: Les

enfanL<; n·ont ·rãm

e occupée Q

ue du continuei souci Q

u·on ne

fãche point leur poupée.

.. Le coeur suit aisement J'esprit

De cette source est descendue

L'erreur payenne qui se vit

Chez tant de peuples répandue

----··--·-···-------···---

-------·· "C

hacun tourne en réalités, A

utant qu'il peut. ses propres songes. L

'homm

e est de glace aux ventes: li

est de feu pour les

mensonges"~

s.i,•' [:a

172. A teoria de La Fontaine é um

tanto complexa. e faz mais L

concessões ao impulso artístico do que o

fizeram

os modernos Y{

etnólogos. Estes

preferem

fazer da

mitologia

uma

tentativa de · explicação

filosófica dos

fenômenos.

Mas

a autora

demonstra,)·

através de uma análise cuidadosa. que todas essas teorias -

tanto li r de

La Fontaine

quanto as

atuais -

são absolutam

ente,,: irreconciliáveis

com

aqueles traços

da m

ente prim

itiva quu

impressionaram

a Tylor. Spencer e aos etnólogos em geral com

o ·.,. sendo os m

ais profundamente gravados. N

o lugar dessas teorias, '.,· ela

propõe um

a hipótese

própria, e

o leitor

vê-se tentado llii•

impacientar-se com

ela pelo fato de a autora considerá-la como

~:1, um

a hipótese provisória. tal é a força com que essa hipótese. s11:)j

•. Em tradução livre: "O

arusão exprimiu tão bem

/O caráter do Ídolo/Q

ue se J>llti{i sou

nada faltar/a Júpiter a não ser falar. D~

-sc mesm

o que o artífice/Mal tendo

~ term

inado a imagem

/Foi o primeiro a tR

mcr/E

a temer sua própria obra. Nlstu.olf'

':' uma crian~

/As ~

ças só têm

a alma ocupada/C

om a contínua pn:ocu~

. çao/D

e que nao oo

n~

cm seus bonecos.,O

,oorat;l\o segue com facilldlldo o<·'oll•

pirito:II>esta ~onte-_o,tsili,0)-1·~(9' erro )i!IP,~.,C(~l;

~pathou / entre tanlOA 'pl>','.IJI, - 1 T'?"os.,~

~r;~~num1 í:tjl.!~

~!-T•ntof9uan_!j?,\PódO!fl, liCUH próprios 11onh011 ! :: •O!f, -

,.:.bºmcm""ê'-~e: 'aç_lo, pafa •IS v.!=!'.~~ai)/~ Uo'• folll)·'pa(i1'/.11,'1'~,nontl1111,!!;(N0 \IO ·'r,I 1;,~,. ·

"'\. ::: •• -.

--.:L ~~-·~--;à~~"'&:~~~&~.~\ ~,:)«-:t;~J~rP:;LSli:~'é~~

O Q

UE

t O

SIGN

IFIC

AD

O?. D

E L

~D

Y W

EL

BY

159

.!,é,~pienda a

si m

esma.

até que

ela apresente

uma

visão nJ~IJ:~~nte

diferente o

que. deve-se

admitir.

tem

sua -~

!1b_1hdade . .. ~:JFJ,

O m

aior serviço que esse livro pode prestar é o de

mgar · a

pergunta que

lhe serve

de titulo.

uma

pergunta :nd~·m

ental em lógica e que norm

almente tem

recebido respostas {

frfic.iais. formalistas. Sua im

portãncia vital de longo alcance tem

p~ignorada

mais

ainda do que

habitualmente

acontece com

,.,q'iit~s· de interesse universal e onipresente. O objetivo essencial

_ Í~'l~~livro é o de chamar a atenção para esse assunto com

o sendo im

'1Vquestão que requer estudo. tanto sob aspecto teórico quanto

iírt'iêõ·.- 0·Mas. ao fazer isto. a autora. incidentalm

ente. contribuiu ·;1i~,â-1resposta da pergunta. ao indicar a exi,.tência de três ordens "-líigrljfj'cação. Sabiam

ente. ela se absteve de qualquer tentativa de lffifr:form

almente estes três m

odos de significação. Ela só nos diz ~iü}:pensa do m

ais baixo dos três sentidos. Ir mais longe seria

ri~r-se :numa longa e desnecessária discus.,;ão.

iv~,tlt74. Pode-se ver. apesar de ela não o res.,;altar. que seus três ~gs-"de significado correspondem

. de modo aproxim

ado. aos três ,(~

s do pensamento'•'form

~~ados por 1Hegel.-

1A distinção que ela ~'!_igualm

ente coincide. em parte. com

algo que jâ. foi dito há uJtó

tempo atras.

a saber. que

c2_!!!QI.e..ender um

a __ ~ra ou

Wi1,Y.Ja-P.ode co.nsi.súr .. em

primeir~

gar. __ numa tal fam

ilianaaae-(m:

éssa palay..ra_ .ou Jó rm u la que

é possi ve.Làs_ Q

.§.5Q~

ªQli~-la.

-~.m

~.nl~; ou. em segundo Jugar._pos;le_ g

insistir numª_ an-ªlts~

!,l.@1ª.J!.ª. çoncepção ou compreen_sâo de suas relações intelectuais

~ljl o.ut~os--conceitos: ou. e r_n .terceiro lugar. p_o_cle co~isti_r -~um

:tAJlh,ecim

ento-do-possível resultacio fenomenal e_prátic.o.da_ass~rçA

o -·•ijiconceito·ª. Poderiam

os indicar outras interessantes filiações do J!.ôsàm

ento da autora. suficientes para mostrar que ela deve estar

lffi'.;caminho certo.

~:t 175.

No entanto. Lady V

ictoria não desej"ã que o assunto seja lrâtado apenas sob o ângulo do estudo lógico. Ela frisa que as ~

~~oas não levam na devida consideração a ética da linguagem

. Ela ·~.rf'. que as concepções

modernas exigem

m

odernas figuras

do vlllêurso; M

as receamos que ela não se dá conta de quão fundo teria

~fpe,netrar a faca no corpo do discurso para torná-lo realm

ente 1.1lantifico.

Teríamos de

formar

palavras tais como as

utilizadas ~

J_,;s quimicos -

se é que elas podem ser cham

adas de palavras. ,R,m

particular. ela

prega a

necessidade de

fazer da

lógica -:)ljlanifics'". com

o ela a designa. mas seria a lógica -

a base ou o êôrnc

da educação. Todos esses ideais merecem

ser levados em

~onsidcração. O

livro

é m

uito rico

em

ilustrações tiradas

da 1llJcrutura contem

porânea. .t>

i-•. ~-\J _ 176. Foi lançado. recentem

ente. um pequeno livro de Lady

:,oria Wetby intitulado O

que é o sign({icado. Esse livro tem

los méritos. entr~ os quais o de m

ostrar que há três modos de

.. -~ 1inc11do. Mas, seu m

aior feito é o de abrigar a pergunta --o que~ '"' ·'·gn1ficado:··.-· li m

a•palavra possui um significado. p

· idu.i;9r;q~~~

~;:gmM2s .. ~r

u1iliz~~la,;;p!lfa'. SOllJll .. _. __

_lCClmc;t!!f,1.~'1.:"'.Q.~tQ-~ C

~"!~:me(ff~a.,eyy

,q~~ sg!)!OS' ·cªRª~Fi'; gi, , ··:;

'Gtf~~-'½~r,;;~:~.--if·-.~•::;•.• ... \, · ·-

., · · --· · -~-·"'-e r

-., 4

-• •-™

Page 4: ~: SEMIÓTICA

< l J ] 1 ,l

160 SEM

IÓTIC

A

l!PJeeJu.ler Q conhecim

enl~ 9_l!.e Q~_Qw

rOS..J'_!"Q

_C_ll!~!!l_~~un_!_~~-Esle é o grau m

ais baixo do s1gmlicado. 9 s1g111(tcado âe um

a pala_v_r:;d~-d.e.J!!!]..!!__f~_m__a ~filS C,:9_I!1.Q)e1ª,-ª..som

a__toJa~ de todas ~s predições condicionais pelas quaisyess~

q_ue_a_u_I.iliz.ª-JU.e.t_emfe

iorl)aC:li.e .. responsayi,Loll_pr~tenc!e ru:gar. Essa i111e11çào consciente ou quase-consciente

no uso da

palavra e seu segundo grau de

significado. M

as. além

da-;

conseqüências com

as

quais conscientem

ente se comprom

ete a pessoa que aceita uma palavra.

há um am

plo oceano de conseqüências imprevistas que a aceitação

da palavra

està destinada

a não

apenas conseqüências

de conhecim

ento ma-;. talvez. revoluções na sociedade. N

unca se pode dizer qual o poder que pode haver num

a palavra ou numa frase.

par.1 m

udar a face

do m

undo: e a soma destas conseqüências

perfazem o terceiro grau do significadoª

177. [Minha

definição de

um

signo é:] U

m

Signo é um

C

ognoscível que.__QQ_!:_U~

~~

de~~rmi"-ª.9.Q

(u .. especializadõ: bes1im

1111) e_o_r

~lgo __ q_~e não

ele m

esmo.

denominado

de...._seu O

bjeto b, e_i:iquanto.

por. oütro-Tãao.

"érétermina algum

a M

~l)Je -l concreta

Q_l!_ _!)_\)t_!!nCil\l,_ de1en!1Jria]ào

ésta que

denomi11Õ

de-·

lnt~etan_te c_ria90

pelo Signo.

de tal

forma

. que·e.\Sa M

ente Interpretante é assiniâéiern:i1naâa m

ediatamente

pelo Objeto e.

. 178.

Isto implica abordar·o assunto de um

modo 111éoinum

. Pode-se perguntar. por exem

plo. como .: que um

Signo mentiroso

ou erróneo é determinado por seu O

bjeto. ou como é que sucede se.

caso que não e

infreqüente. o O

bjeto é dado à existência

pelo Signo.

Ficar intrigado por este

fato e urna

indicação de que a

palavra .. determ

inar"· está

sendo tornada

num

sentido m

uito estreito.

Um

a pessoa

que diz

que !\apoleão

era um

a criatura

, letárgica tem

sua mente determ

inada. evidemem

e111e. por Napoleão.

'·· Pois.

ca\o con1ràrio. ela

não poderia atentar para N

apoleão de m

odo algum

. M

as tem

os aqui

um

paradoxo. ..\

pes.-;oa que

interpreta essa

sentença (ou

qualquer outro

Signo) deve

ser determ

inada pelo seu Objeto através de um

a ohservação colateral totalm

ellle independente da ação do Signo. Caso contrário. e_la não

será determinada a pensar nes.\e objeto. Se ela. antes. nunca ouviu

falar de Napoleáo. a sentença não signilicara para ela apenas que

uma pessoa ou coisa a que foi atribuído l> nom

e ··Napoleão'· era

uma criaturn

letárgica. Pois .. N

apoleão·· não

pode determinar a

a C

f. ··How

10

make

our ideas

ri:d.··. 5.388-410

Em seu pedido de um

a bolsa da Carnegie lnslilution. 1902. W

idener VBS. Peir•

ce descreve sua proposla biografia de trinla segundos. 011 Dt.'{i11i1iri11 u11d 1he Cleur• ness of /dea.,. nos seguin1es lerm

os: .. Em janeiro de 1878 publiquei um

breve eshn· ço desle as.sunlo onde enunciava um

a cerla máxim

a de ·Pragmalism

o· que. mais l.lr·

de. atraiu alguma a1enção 1al com

o de falo o fez quando apareceu no Jo11mul fhi/,,.

sophique. Ainda com

parlilho daquela doutrina. mas ela necessila de um

a definiç,in m

ais precisa a fim de enfrenlar a cenas objeções e de evilar algum

as más aplicaçúc,

que dela se tem feilo. A

lém do m

ais meu ensaio de 1878 era im

perfeilo por pcrmilir

tacitamente a colocação segundo a qual a m

áxima do pragm

a1ismo conduzia ao úlli•

mo eslágio da clareza. A

gora. pre1endo mostrar que não é esle o caso e enconlrur

uma série de C

a1egoria da clareza... -:e

b. A

parece aqui. entre parênteses. o seguin1e: .. (ou. em alguns casos. com

o nn '.-~. caso de o _Signo ser_~ sentença ·C

aim m

atou Abel". na qual C

aim e A

bel são, ig11Kli :/' ~

nte ?bJetos Parciais. pode ser, m

ais .conveniente dizer quu uquilo que detcrmlriu o'.•;~

S1~0 e_ o,.C~m

plexo. ou T?talidade/de.O

bje1ós Parciub. E oní 101los os casoli, 'ú'~\ O

bJeto e_ p!F1samen1e o U

n_,~~

-d?,9!111k!l Objeto E~pa:1~1-• _rn~!.llb!l), 011 pano);'' i11

",. .. , ..

:,C-~~f{fél,, 8:~para um~l,~~J,l'.llfit"1~

f~b100~

.~IJR1l,tf,,i~7~::...;;,·, .• ~">',.;:'~

, . .. , ;:~~t~~:!il.irti-tst.ii½~:ti:~~~]j' .,L~~~~~-~· 1:~:~it~~~~i~lji~:JiL:.~~)I~'

O Q

UE

É O S

IGN

IFIC

AD

O?, D

E LA

DY

WELB

Y

161

mente Ja pess,ia a m

enos que a palavra na sentença atraia sua

atcnçiw para o hom

em certo e isto só pode acontecer se. de m

odo :independente. se estabeleceu nessa pes.-;oa um

hábito pelo qual ·es.-;a !palavra

traz à tona um

a variedade de atributos de_ Napoleão. o

homem

. Quase tudo isso é verdadeiro em

relação a qualquer signo. N

a sentença que serve de exemplo. N

apoleão não é o único Objeto .

t0utro Objeto Parcial é Letargia: e a sentença não pode veicular seu

fsignilicado a menos que a experiência colateral tenha ensinado a seu

}!ltérprete o que é Letargia. ou o que é que ··1etargia .. significa nesta ~n1ença. O

Objeto de um

Signo pode ser algo a ser criado pelo iigno. Pois o O

bjeto de .. Napoleão .. é o U

niverso da Existência na m

edida em

que é determinado

pelo fato

de N

apoleão ser um

Mem

bro deste. O

Objeto da sentença .. H

amlet era louco ..

é o . ti'niverso

da C

riação de

Shakespeare na

medida

em

que é

~eterminado pelo fato de H

amlet ser um

a parte dele. O O

bjeto da t)rdem

··Om

bro. armas! .. é a ação im

ediatamente subseqüente dos

soldados na medida em

que é afetada pela voliçào ª cxpres.-;a na -~

rdem. Ela não pode ser com

preendida a menos que a observação

'iêolateral demonstre a relação do elocutor com

a fileira de soldados. . ~

-leitor pode dizer. se quiser. que o Objeto está nll U

niverso da-; ...-.'iiéóisas desejada~ pelo capitão naquele m

omento. O

u. uma vez que se

"~pera. cm

termos absolutos. a obediência. ela está lltl U

niverso de -1a,;

expectativas. D

e qualquer

forma.

ela determ

ina o

Signo · bora deva ser criada pelo Signo através da circunstãncia de que u U

niverso e relativo ao estado mom

ent.àneo da mente do oficial.

179. Passemos agora

ao Interpretante.

Estou

longe de ter

·"talmente explicado qual seja o O

bjeto de um Signo. m

as cheguei -~ ponto

em

que a

exposição ulterior

deve pressupor

alguma

~bmpreensào sobre o que é o Interpretante. O

Signo cria algo na ~

~_nte do ln_térpre_te. algo que. pelo fa!o de ser assim criado pelo

~r1gno. tambem

fo1. de um m

odo mediato e relalil'II. criado pelo

~!?jeto do Signo. em

bora o Objeto seja essencialm

ente outro que hã.o o Signo. E esta criação do signo é cham

ada de 1 nterpretantc. É J

ri,áda pelo Signo. mas não pelo Signo quu m

embro de quai~qucr

~'q:s Universos

a que

pertence: foi

criado pelo

Signo cm

sua

pacidade de suportar a determinação pelo O

bjeto. É criado numa

._,Jnte (quão deve ser real

esta m

ente é o que

veremos). T

oda ,,a:,~µela

parte da

compreensão

do Signo

para a

qual a

Mente

lnte_rpretante necessitou

de observação

colateral está

fora do

.fn(erpretante. Por

··observação colateral''

não quero

di1.er Jainiliaridade com

o sistema de signos. O

que é a-;sim obtido não e

UfO.LATERA L. É.

pelo contni.rio. o pré-requisito

para se obter 9ualquer idéia significada pelo signo. M

as. por observação colateral ~·j)terido um

a prévia familiaridade com

aquilo que o signo denota. ~t

~~im.

se o

Signo_ for

a ~entença

"Ham

let era

louco ... para

· iJ.'!mpreender o que isto s1g111fica deve-se saber que. às vezes. os

llli!llens ficam

nes.'ie

estado estranho: deve-se ter

visto hom

ens J~uéo_~ ou deve-se ter lido sobre eleS: e será m

elhor se se souber . ~lljie~ificam

ente (e

não houver

neces.,idade de

ser im

pelido a

·-"'·~11111ir). qual cm a noção que Shakespeare tinha da insanidade.

.'.~P.R-isso _é obSll~uç:iQ

i:colaterahe~·não faz parte do Interpretante.

M~ll}L~CUOlr .os_ ~.\fílrcnt~·~ !i.Ujii}ll?Sf;-,lar

co,mó, p signo_;os:,representa

"'l<",l!; • ·

' -,~~~.:.i'tb~·''•,-·•· -

'•

e •

• e,

\ -~_.·--·'· ,,-,, .. ,,,_.~

J,;~r~, .. '· ·\

-;i:··;!'t:"•,•. :,·_,f.,~'•.;1

,:·~.·::;c':','/i·:,-;1..·~.':,_ ·.·._.-'

íJt;Jt;~::c:r.:.s,Jgã.-1 -,,~

~·;;

.. : " ·: · · •.

~. -._ •::;,;.::~•·:.íxi"',. 2':-, _. -::.:tf-~

'J •~. P

,.,~-.~-~~

"7

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_:t.: , .'.Í~lU '..

-·.__

:;_~

~~

~

Page 5: ~: SEMIÓTICA

~,

162 SE

MIÓ

TIC

A

O Q

UE

E O SIG

NIF

ICA

DO

?, DE LA

DY

WELB

Y

163

lacl·onados -essa é a

principal <i.e. a força) do

qualidade da

sensação, isso

só poderã

ser conhecido

pelo enquan10.

re •

· s·

. Se

· , ,,.

. )

-•

• • -

formador do Interpretante. Tom

e-se. como ex_em

p~l~: ~~

-n~:.u.~~ ,, nti~ento_ "e

e_ling. M

as se

se estiver

refenndo a

condiçao pinturn de género. N

um3 -~e)a

tiE:~?°:ra-::-=g;:er.tlmente.

Real .'

existencial, que

faz com

a

luz em

itida tenh~ _u~ coisas __ qJi__c-

só podem

ser

comp_reend1da~

a traves de

um~

-com

pn~ento de_ onda ~rto, .. Langley

p_rovou que a pro~~>Slçao e ram

ffiãridade com os costum

es. O esulo dos vesudos._ por exe_m

plo. v~rdade1ra.

A~1m

, o

Sol po~e

sigmficar

uma

ocasiao para

não faz parte cJ.ásíi:11(1íciifãii:t.e., do _discur.;o da pintura. So diz

d_1ve~s sensaç~s, e desta [orma e O

bjeto I~ediato, _ou então pode qual é seu .rnieiw

. S11Jeito e Ohieto sao um

a mesm

a coisa exceto s1gm

ficar nossa mterpretaçao habitual de tais sensaçoes em

termos

por algumas distinções insignifican~es. ..

Mas aquilo que o au_tor

de h~gar, de m

assa: etc. q~

ndo se toma O~j':_to :D

inâmico. E

~

pretendeu indicar ao leitor. pr_esumm

do que o lenor tenha toda relaçao tanto ~o O

bJeto lmed!ato quanto ao D

mam

1co. a verdade e inform

ação colateral neces.-;ana.

o que quer dizer exatamente a

que o conhecimento deles nao pode ser dado por um

Retrato ou

qualidade do

elemento

entendedor da

situação. em

g:ral

; D~

rição, nem por qualquer outro signo que tenha o Sol por

um elem

en10 bastante familiar -

provavelmente algo que o leitor

ObJeto. Se um

a pessoa aponta para ele e diz. Olhe!• A

quilo é o que nunca visualizou de form

a tão clara antes -isso é o lnterprcta111e

-chamam

os de "Sol", o Sol não é o Objeto daquele signo.-É o Signo

do Signo -sua "significância".

do Sol, a Palavra "sol" ã qual se refere esta declaração; e devemos

180. Tudo isto eslà. até aqui. m

uito confuso devido a ausência ter um

conhecimento dessa palavra através de um

a experiência de cenas distinç<ies que passo a indicar. apesar de que ,·ai ser difícil

colateral. Seja o caso de um professor de francês que diz a um

torna-la, 101almc.:11tc com

preendidas. aluno de língua inglesa que lhe pergunta "com

ment appelle+on

181. Em

primeiro lugar. deve-se observar que na m

edida em

Ça?"·, apootando para o Sol. .. "C

'est le soleil"••. principiando ele que

O Signo denota o O

bjeto. ele não exige nenhuma inteligi:ncia

'aqui a propiciar aquela experiência colateral ao falar em francês do

ou Ra:iio

particular da pane de seu Intérprete. Para ler-se u!11

próprio Sol. Suponha-se.

por outro lado. que o

professor diga Signo.

e distinguir

um

Signo do

outro. o

que se

reque_r sao

::{Notre m

ot cst soleil" •••; neste caso. ao invés de expressar-se

pcrcepçi)es delicadas

e fam

iliari~ade com

aquilo

_ que sa?

os ~iretall!ente na língua e descrever a palavra._ele está oferecendo um

concom

itantes usuais de tais aparenc1as. e com aquilo que sao as

puro !cone dela. O

ra. o ObJeto

de um

Icone é absolutam

ente con\'ençócs do sistem

a de signos. Para conhecer o ObJeto. 0 _que se

indefinido, equivalente a

"algo". Ele

está virtualm

ente dizendo

requer é cxpcriéncia pré,·ia desse Objeto lndivid_ual. ? ObJ_eto ~e

:(nossa palavra é assim": e faz o ruído correspondente. Ele inform

a todo Signo é um

Individual. normalm

ente uma C

oleçao i nd,v,dual a.o aluno

que a

palavra (significando.

naturalmente.

um

certo de lndi~

iduais. Seu S11ieito. i.e .. as Partes do Signo_ que denotam os

,.ábito) tem

um efeito que ele

retrata acusticamente. M

as. um

O

hi<'I"-~ Parciais. são ou i11struçlies para_ descohnr os Oh1; 111s ou

·. ~trato puro sem

_uma legenda diz apenas que "algo é assim

:". É são C

irióide,. u .. ,ignos de Objetos sm

gulares ... :ª 1s sao. _ por .• ~~rdade. ele nom

eia aquilo que equivale a uma legenda. M

as isso só exem

plo. todos

os substantivos

abstmtr1.~.'. que

sao no;esm

~: .torna

sua sentença an~loga. a

um

retrato que

dizemos

ser de

carnctcres singulares.

os pronom

es pes~oa,s.

os pr

no , -1.çopardi com

Leopardt escrito embaLX

o. Veicula sua inform

ação dem

onstrativo e

relativo. etc. Po_r. m

str~çoes _para d~s?obrn ;. ::~

ra uma pessoa que sabe qu~m

foi Leopardi. e para qualquer outra O

bjetos. para as quais so _con~egu1 .. mventar ~-pa_l~vra

i·Sel~

~•t\; j

~oa esse _r~~ato apenas d12 que "algo cham

ado Leopardi tinha refiro-m

.: a instruçóes tais como

Qualquer

! ,., .. q1 alq q .

..,ta aparenc1a . O

aluno de nosso exemplo está na condição de um

a queira).

"\lgum"

(i.e.. um

_adequadam

ente escolh'1oo\/:~~ J~ssoa que tem

toda a ~erteza de que realmente existiu um

homem

C

onhecer o

lnterpretallle. qu~

agUI(o

que :J.l __ p_ropr · g de ;i

,ljàmado Leopar~i. pois ele tem

certeza de que deve haver uma

expressa. pode

ser. algo que

requeira o

mais_ alto _

_ poder ,.-~

avra em frances para o sol e, assim

. Já tem conhecim

ento dela. racioci nio.

· · ·· ··-

· ·-·

· -----· ----.

. . •. •

. s '.!li~ sabe ndo apenas com

o ela soa quando falada nem com

o se -

rnrc

:m

segundo lugar.

para obt:_r

noçoes m

ais disu;r~i

t~rece quando escrita. C

reio que. a esta altura. o leitor já deve estar Sobre O

que é. em geral. 0 O

bjeto de um Signo. e o que e. em

g. d·• lntçndendo o que pretendo dizer quando digo que signo algum

·

. . .

· ·. ·

· t e dois senltdos

Ili,,! t

d'd 0

Interpretante. e md1spensavel .?'s.un~u,r en r

· ·

s , ~

e ser en en 1 .º -ou, pelo m

enos, que nenhuma proposição

"Objeto .. e trés de .. , nterpre~nte . -Sena prefenvel aprofunda_r ~-

-~de

se_r entend1dl!,

--:-. a

menos

que o

intérprete tenha

um

di\'isào. m

as as

duas div1soes

sao o

bastante para

ocupar mi

: Ç,Onhec1m

ento colateral de cada um

de seus Objetos. E

m relação a

durante os anos que m

e restam

viver...

. 'l~Pl: m

ero_ substantivo, deve-se ter em m

ente que ele não é parte 183. Q

uanto ao

Objeto,

pode .. ser o

ObJeto

en~uan'.o -lrid1spensavel de Uf!J

discurso. A

s linguas

semíticas

parecem

conhecido no Signo. e portanto uma Ideia. ou pode ser_ o O

bJet~ U1l leNCender de

uma hngua que não tinha "substantivos com

uns". com

o é. independentemente de qualquer aspecto par11cular se , o Uma tal palavra, na verdade. não passa de um

a forma vazia de

· strado

por um

estudo · 1rop

· · s · ·

· •

Objeto

em

relaçoes tais

como. sena

mo

. . ,

11 ~~•çao, e o

_uJetto e esse vazio, e um vazio só pode significar

definitivo e

ilimitado.

Ao

pnme,ro

des_tes dc~om

,~o O

bJclo ;111110 ou algo am

da mais indefinido. A

credito. agora. que posso /m

ediato. ao último. O

bjeto Dinàm

ico. Pois O ultim

o e 0 O?JCltl :

~ar o loitor entregue II um

n cuidadosa apreciação sobre se minha

que a ciência da D

in?mica (aq_uilo

,ttualmcntc se cha•~:ir"'. ~•

; .J,.trinn, é. corrctn Oll"r\llO, '

n

ciência "Objetiva") pode. inye,~t,gar. ScJn. pnr CX~!nr,lo, li m

llcnÇl • •{;; "Ç

o no ~--u~·.,tlM· í•Ml'Í"·ÍN

t ·r ,_, "o Sol é arnl", Scus,9

bjctos s(10 "_o. sor-e "o uw

l. • Se Plll' mcl1'. tll ·

, , /•; ,,1 { u .80 1'-'; \N,.' ii;,~,) . ~} '.:.~!,., ~·• :·o_ · ni.~~~-

P{:<~i~ut

~,~'•-~k2}'2~'1~.#l,',;~!>~~l<~t.} 11J_ud}d~ 1~

~-~~

•: ·l • •.J;•_:'Nu• .... P hiv ".-t:,(l)ll·1N,, ,t~',I'

Page 6: ~: SEMIÓTICA

..

, , . ,..,~_ • --~!)\,i•~•

-~·-::~l,!.r-\;tr;/· ., • , \, :I~ ,, /.18~. Q

uanto··ao lnterpretamç .. ou 1111:lhOJ':'U

~,slgn_1fica~ao .ou

l°inter.pretação" :'de. um·: signg·~

-c!~vemof

;dl_s!/iigüjr1 t.~ntr.e

urn Interpretante Im

ediato e outro,D_inâinico. tal~cÔ'm

o~z;é,~<j'];Eom

os O

bjetos Imediatos e D

inãmicos. Todavia. curripré obsft".·ar .. taritbém

que

existe um

terceiro

tipo de

Interpretante. que · denom

ino Interpretante Final porque é aquilo quefi11alm

e11te-se' decidiria ser a interpretação verdadeira se se considerasse o assunto de um

modo

tão profundo que se pudesse chegar a uma opinião definitiva:· Lady

; •,~ W

elby. minha am

iga. diz-me que devotou toda sua vida ao estudo

· ' 1J, da sign({ics. que é aquilo que eu descreveria com

o o estudo da ·''

relação do signo com seus interpretantes: contudo. parece-m

e que ela

se preocupa

particularmente

com

o estudo

das palavras.

Também

ela chega à conclusão de que há três sentidos em que as 1l

pãíavra podem

ser interpretadas.

Denom

ina-os Seniícf.~

• '?' --slgiií.f{cãdo e Significação. A Signl!lcaçãO

lo_

mais profunCfo e ~!

mai~ elevado

cie{es_

e. sõb este-aspecto.

conc..o.r,d.a...c.o.llL.11]eU • '! !ntêrpretan1e Final: e _Siin_ificâçãõ parece ser:pari este sentido.~

--~: excelente nom

e. Senticj___o parece ser a análise lógica ou definição .. ;~

sendo que

prefiro·-ater=-m

e ao -

termo

antigo Acepção.--Por

SJ.g11.ificado ela_en.t~.11de_a..i11tençã_o __ d_i: _ _cu!~m se exprim

e. 185. C

ontudo. parece-me que todos os sintom

as de doença. sinais do tem

po. etc .. não têm um

enunciador. pois não creio que possam

os dizer que Deus e111111cia algum

signo quando Ele é o C

riador de todas as coisas. Mas quando Lady W

elby diz. como o

faz. que isto está ligado à Volição. eu im

ediatamente observo que o ''°

elemento volicional da Interpretação é o !111erpre1a111e Di11timico.

Na Segunda Parte de m

eu Ensaio sobre o Pragmatism

o. in The

Popular Science Month(v de novem

bro de 18 77 e janeiro de 18 78. ?-

-a O

·

· ,-?I

estabeleci trê~_ graus de clare~a_c_i_~-l_!1t~ _ _r11retaca-0 ._..Q!:!!!le1ro era a . ,01

familiaridade que um

a pessoa !C!!I com !!111 s_i&!!Q.i!_ que a torna ªpta __ p

a úiilizá-lo

oú--foterpretá~fo. Em

sua

con_!!~iê~ga. eJa

te!!!_ ~-,

impressão de senti_r:.-s_i~ti._ vo111aâil ·coITf"? __ Signo,-._ Em

. resumo. e

Interpretação no Se_nJj_mento. O

~gundo er:a.ª Anahs~ __ L_og1ca = ao

Sentido de Laqy Welb.Y.-Q

~rc~iro ... Ana(Jse_p~

g~!

ca.~_g_ma_

parecer um

a A

nálise D

inâm_ica.

m~

1dent1fica-se

com

o J

lnterpretaf!te Final. 8

-

a. V

er (Bibliografia) G

-1877-5ª e 5b, 5.358-387 e 5.388-410 respa::uvamente

dos Collected l'apers. Os três tipos de clareza são discutidos no segundo destes dois

artigos. Os dois artigos não form

avam um

a unidade na série original. mas posterior-

mente Peirce considerou a possibilidade de republicá-los oomo duas partes de um

cnsulo únioo.

(cf. Bibliografia G

-1909-ll. H, C

[,; 5.476;· 5.491.

1 ~,,V

~· --~.

i±•; . .,~. ·, ,,. t

_.., ..... ,;: ... :-

..

De "Correspondênciá1 ._.-..

•·,/ ·,-~-