© 2009 birdlife international quito, ecuador. fax: +593 2...

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© 2009 BirdLife International Juan de Dios Martínez Mera N35-76 y Av. Portugal Casilla 17-17-717 Quito, Ecuador. Tel: +593 2 2277059 Fax: +593 2 2469838 [email protected] www.birdlife.org BirdLife International is a UK-registered charity No. 1042125 ISBN: 978-9942-9959-0-2 Recommended citation: DEVENISH, C., DÍAZ FERNÁNDEZ, D. F., CLAY, R. P., DAVIDSON, I. & YÉPEZ ZABALA, I. EDS. (2009) Important Bird Areas Americas - Priority sites for biodiversity conservation. Quito, Ecuador: BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 16). To cite this chapter: DEVELEY, P. F. & GOERCK, J. M. (2009) Brazil. Pp 99 – 112 in C. Devenish, D. F. Díaz Fernández, R. P. Clay, I. Davidson & I. Yépez Zabala Eds. Important Bird Areas Americas - Priority sites for biodiversity conservation. Quito, Ecuador: BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 16). The purpose of the information contained in this book is to support conservation initiatives in the Americas, for which it may be reproduced. Using this information for commercial purposes is not permitted. If part or all of this information is used or included in any other publication, BirdLife International must be cited as copyright holder. Those who provided illustrations or photographs in this book have copyright over them and these are not permitted to be reproduced separately to the texts accompanying them. The presentation of material in this book and the geographical designations employed do not imply the expression of any opinion whatsoever on the part of BirdLife International concerning the legal status of any country, territory or area, or concerning the delimitation of its frontiers or boundaries. Membership of BirdLife International does not imply any opinion or position with respect to sovereignty issues on the part of BirdLife International Partner organizations. Graphic design: Alejandro Miranda Baldares ([email protected]) Translations: Christian Devenish, Ítala Yépez Zabala & Amiro Pérez-Leroux Maps: David F. Díaz Fernández, Ítala Yépez Zabala & Christian Devenish Edition of Spanish language country chapters: Ítala Yépez Zabala, Carlos Huertas Sánchez & David F. Díaz Fernández Graphic design volunteer (Spanish language country chapters): Adriana Valencia Tapia This publication and all country/territory chapters in their native languages are available for download at www.birdlife.org/

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© 2009 BirdLife InternationalJuan de Dios Martínez Mera N35-76 y Av. PortugalCasilla 17-17-717Quito, Ecuador.Tel: +593 2 2277059Fax: +593 2 2469838

[email protected]

BirdLife International is a UK-registered charity No. 1042125ISBN: 978-9942-9959-0-2

Recommended citation: DEVENISH, C., DÍAZ FERNÁNDEZ, D. F., CLAY, R. P., DAVIDSON, I. & YÉPEZ ZABALA, I. EDS. (2009) Important Bird Areas Americas - Priority sites for

biodiversity conservation. Quito, Ecuador: BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 16).

To cite this chapter: DEVELEY, P. F. & GOERCK, J. M. (2009) Brazil. Pp 99 – 112 in C. Devenish, D. F. Díaz Fernández, R. P. Clay, I. Davidson & I. Yépez Zabala Eds.Important Bird Areas Americas - Priority sites for biodiversity conservation. Quito, Ecuador: BirdLife International (BirdLife Conservation Series No. 16).

The purpose of the information contained in this book is to support conservation initiatives in the Americas, for which it may be reproduced. Using this information for

commercial purposes is not permitted. If part or all of this information is used or included in any other publication, BirdLife International must be cited as copyright holder.

Those who provided illustrations or photographs in this book have copyright over them and these are not permitted to be reproduced separately to the texts accompanying

them.

The presentation of material in this book and the geographical designations employed do not imply the expression of any opinion whatsoever on the part of BirdLife International concerning the legal status of any country, territory or area, or concerning the delimitation of its frontiers or boundaries. Membership of BirdLife International does not imply any opinion or position with respect to sovereignty issues on the part of BirdLife International Partner organizations.

Graphic design: Alejandro Miranda Baldares ([email protected])Translations: Christian Devenish, Ítala Yépez Zabala & Amiro Pérez-LerouxMaps: David F. Díaz Fernández, Ítala Yépez Zabala & Christian DevenishEdition of Spanish language country chapters: Ítala Yépez Zabala, Carlos Huertas Sánchez & David F. Díaz Fernández Graphic design volunteer (Spanish language country chapters): Adriana Valencia Tapia

This publication and all country/territory chapters in their native languages are available for download at www.birdlife.org/

BRASIL

O Pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) em crítico risco de extermínio provoca critérios do IBA em apenas cinco IBAs no Brasil. Têm uma população global de menos de 250 indivíduos e é ameaçada pela barragem e a poluição dos rios do Cerrado e da Mata Atlântica.Foto: Adriano Gambarini; www.rarebirdsyearbook.com

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Brasil

milhões de quilômetros quadrados o Brasil é o maior país da América do Sul e o quinto maior dido em 26 estados e o Distrito Federal, agrupados em cinco macro-regiões: Norte, Nordeste, ro-Oeste. Tal divisão considerou características político-administrativas, físicas, econômicas, is. As cinco regiões diferem amplamente e possuem grande desigualdade social. As regiões sul desenvolvidas economicamente com índices de desenvolvimento humano e social superiores aos rdeste e Centro-Oeste. O sistema de governo é do tipo república presidencialista, com o presidente de forma direta, a cada quatro anos. O presidente governa juntamente com o Parlamento bicameral Federal e pelo Senado.

a é em sua maioria branca ou mestiça. De acordo com os últimos dados da FUNAI (Fundação nda vivem no Brasil 460 mil índios, sendo que, em alguns pontos da região norte, existem tribos prévio contato. A colonização européia contribuiu severamente para a redução das populações nção da cultura e dos costumes tradicionais dos grupos remanescentes continua um desafio.

grandes biomas: Amazônia (incluindo a parte norte e sul), Caatinga, Cerrado, Chaco (Pantanal), pa, além das Zonas Costeira e Marinha. É considerado um país Megadiverso, com cerca de 13% ial (Lewinsohn e Prado 2005) e 45 ecoregiões (Olson & Dinerstein 1998). A Bacia Amazônica 0% de todas as florestas tropicais do mundo (Peres 2005) e o Pantanal representa a maior área do o planeta. Infelizmente os números referentes à perda da diversidade também são altos. A Mata a a segunda maior floresta tropical do continente americano sendo que hoje restam apenas cerca original (Fundação SOS Mata Atlântica e INPE 2001). Situações graves de perda de vegetação rem no Cerrado e no Pampa, onde agricultura, pecuária e plantações de árvores exóticas estão em Duas regiões foram identificadas como hotspots devido a perda de habitat e elevada diversidade rrado; Myers et al. 2000). No caso da Amazônia a situação ainda não é muito séria e apesar das smatamentos, cerca de 80% da floresta ainda permanece preservada.

afios enfrentados atualmente no Brasil é a conciliação de um desenvolvimento e crescimento stentável aliado ental. Apesar da

apresentar uma om as questões

não se conhece a ser seguido e ara muitos dos

uns casos essa flete em ações riação de novas

vação públicas e enças ambientais ara implantação mpreendimentos,

o-governamentais etidas, atuantes om o governo e

da mídia para o

Mamirauá IBA (BR023) é uma estado de área protegida que abrange mais de um milhão de hectáreas na Amazônia brasileira. O lugar suporta globalmente importantes populaçoes de Wattled Curassow (Crax globulosa) e Harpia (Harpia harpyja)Foto: Pedro F. Develey

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Seguindo acordo firmado durante a 7ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) o Brasil estabeleceu, em 2006, um Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP) com o compromisso de reduzir a taxa de perda da biodiversidade por meio do estabelecimento e manutenção de sistemas nacionais e regionais de áreas protegidas. O Governo Brasileiro trabalhou com a sociedade civil através do Fórum Nacional de Áreas Protegidas na elaboração do plano. O PNAP é o instrumento de planejamento e gestão que define princípios, diretrizes, objetivos e estratégias para o estabelecimento de um sistema abrangente de áreas protegidas, ecologicamente representativo e efetivamente manejado. Há um acordo de cooperação para a implementação do PNAP, instituído por decreto presidencial, representado pelos governos federal, distrital, estaduais e municipais, povos indígenas, comunidades quilombolas e extrativistas, setor empresarial e sociedade civil.

O PNAP engloba prioritariamente as categorias definidas no Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), legalmente estabelecido em 2000: 1 - unidades de proteção integral, cujo objetivo principal é conservar amostras representativas dos ecossistemas e da biodiversidade que contêm; e 2 - unidades de uso sustentável, cuja função primordial é a exploração sustentável dos recursos naturais e como objetivo secundário a proteção da biodiversidade (MMA-SNUC 2000), juntamente com as terras indígenas e as terras quilombolas. As demais áreas protegidas, as Áreas de Preservação Permanente (APPs) previstas no Código Florestal brasileiro (áreas com declividade superior a 45º ou beiras de córregos e corpos d’água, entre outras) e as Reservas Legais (Lei no. 4.771/1965), onde uma porcentagem de qualquer propriedade rural é mantida com vegetação nativa (essa porcentagem apresenta variações de acordo com o bioma ou tamanho da propriedade, de 80% no caso da Amazônia Legal a 20% no caso da Mata Atlântica e demais formações vegetais).

A proteção de grandes áreas de hábitat intocado é, sem dúvida, a maneira mais eficaz para a conservação das espécies. As áreas de proteção integral somam 37 milhões de hectares, enquanto as unidades de uso sustentável totalizam 111 milhões de hectares (Rylands e Brandon 2005). Além das unidades de conservação na Amazônia, as reservas indígenas representam

quase 20% de todo o território (Rylands e Brandon 2005). Entre os conservacionistas existe uma discussão grande em relação à efetividade das unidades de uso sustentável e de terras indígenas e quilombolas dentro do conceito de áreas protegidas. No entanto, existem casos onde terras indígenas muitas vezes acabam barrando o desmatamento e a exploração madeireira na região (Schwartzman e Zimmerman 2005). Assim, num sistema ideal, as categorias de proteção integral e uso sustentável devem se complementar de acordo com as realidades de cada local.

Além da proteção de áreas, mecanismos políticos podem contribuir para a conservação da biodiversidade, através de convenções, acordos e tratados internacionais planejados na escala governamental. Algumas dessas convenções das quais o Brasil faz parte são: Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB); Convenção Ramsar em áreas úmidas de importância internacional; Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES); Convenção do Patrimônio Mundial (WHC); entre outras.

Especificamente em relação às aves, ainda não existe no Brasil uma estratégia nacional para a sua conservação. No entanto, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) órgão federal de meio ambiente, vem publicando, em parceria com organizações da sociedade civil e institutos de pesquisa, planos de ação para a conservação de espécies ou grupos de espécies. Algumas das espécies que já tem o plano publicado são: a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari; IBAMA 2006), o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus Hughes et al. 2006), o mutum-do-sudeste (Crax blumenbachii Silveira et al. 2005), o grupo dos albatrozes e petréis (Neves et al. 2006) e o soldadinho-do-araripe (Antilophia bokermanni; Aquasis 2006). A meta do ICMBio é que todas as aves ameaçadas no país estejam contempladas em algum plano de ação específico. Além de funcionar como um guia detalhado de todas as ações necessárias para a conservação das espécies, enfocando desde a pesquisa científica até políticas públicas, esses planos também podem ajudar na captação de recursos financeiros para as espécies, já que existem alguns editais públicos enfocando espécies com planos de ação já publicados.

Apenas à 40 km de Manaus no Rio Negro, o Arquipélago de Anavilhanas (BR024)

Foto: Pedro F. Develey

Fazendeiros de cacau em Serras das Lontras e do Javi (BR110) implementaram um sistematradicional de cultivo, favorecendo a conservação da biodiversidade (Quadro 3).Foto: Joaquim Blames

“Vários planos de ação das espécies provêem de um guia detalhado para a

preservação das espécies comotambém são ferramentas vitais para

arrecadação de fundos. “

“O Plano de Ação Nacional de Áreas Protegidas compromete-se à redução da medida de perda de biodiversidade através de sistemas nacionais e regionais de áreas protegidas. “

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Brasil

Alagoas Barranqueiro(Philydor novaesi)Foto: Ciro Albano

O Brasil possui o maior número de espécies de distribuição restrita(A2) e restritas ao bioma (A3) nas Américas. Um total de 75 espéciesestão restritas a 15 Endemic Bird Areas (sete estão localizadasexclusivamente no país) e nove Áreas Secundárias (Stattersfield et al.1998). Esse total inclui o caranguejeiro (Buteogallus aequinoctialis)proposto para uma nova Área Secundária nos manguezais situados nacosta da Guiana Francesa e do Brasil. Um total de 470 espécies estãorestritas a um dos sete biomas brasileiros utilizados para identificação

O Brasil possui 1822 espécies de aves sendo que 232 são endêmicas dopaís (CBRO 2008). O Brasil está entre os três países do mundo com amaior riqueza de aves (juntamente com a Colômbia e o Peru), porém éo primeiro em número de espécies globalmente ameaçadas de extinçãocom um total de 122 espécies, sendo 23 criticamente ameaçadas, 30 emperigo, 66 vulneráveis, e 93 quase-ameaçadas (BirdLife International2007).

A lista nacional de aves ameaçadas considera um total de 160táxons, incluindo subespécies ameaçadas o que, em parte, explica asdiferenças em relação à lista global (Machado 2005). A maior partedas aves brasileiras é residente; apenas algumas áreas, localizadasprincipalmente na costa sul do país, podem ser consideradasimportantes pontos de alimentação para cerca de 63 espécies

Araripe Manakin(Antilophia bokermanni)Foto: Ciro Albano

Restinga Formigueiro(Formicivora littoralis)Foto: Joao Quental

O Brasil tem mais espécies criticamente em risco de extermínio do que qualquer outro país no mundo. O Programa de Prevenção de extinções da BirdLife (ver P25) saiu para parar que essas espécies sejam

ações de conservação e da Species Guardians para implementá-los.

no programa, com projetos de conservação de três anos atualmente em curso para ambos Soldadinho-do-araripe e Formigueiro-do-litoral.

“O Brasil tem o incrível número de 232 espécies endêmicas e 122 espéciesde aves globalmente ameaçadas.“

102

O programa mundial de IBAs da BirdLife International foi oficialmente apresentado à comunidade ornitológica brasileira durante o VIII Congresso Brasileiro de Ornitologia, em 2000. Em abril de 2001, uma parceria com a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul deu início ao programa geral de identificação de IBAs no Brasil. Na ocasião, definiu-se a estratégia de trabalho a ser adotada, bem como se estabeleceu um cronograma de ação. A partir de então, iniciaram-se contatos com organizações governamentais e não-governamentais envolvidas na coordenação de iniciativas prévias de identificação de áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade no Brasil, com o intuito de se obter amplo acesso às informações reunidas durante esses levantamentos. Em março de 2006 foi lançado o livro “Áreas Importantes para a Conservação das Aves no Brasil, Parte I – Estados do Domínio da Mata Atlântica” (Bencke et al. 2006). A identificação das áreas importantes para a conservação das aves nesta região preencheu a primeira etapa de atividades do programa de IBAs no Brasil. A Mata Atlântica foi escolhida entre os biomas brasileiros como ponto de partida para o trabalho de identificação das IBAs no país. Esta escolha justificou-se duplamente, tanto pelo elevado nível de ameaça a que estão expostos os ecossistemas que compõem o domínio da Mata Atlântica, quanto pelo volume relativamente grande de informações disponíveis sobre a avifauna do bioma. A segunda parte da identificação das IBAs no Brasil inclui todos os estados situados na região Norte e Centro Oeste, englobando três biomas: Amazônia, Cerrado e Pantanal (De Luca et al. 2009).

“A Mata Atlântica foi escolhida como um

devido ao seu alto nível de ameaças, como tambem à grande quantidade deinformações sobre sua avefauna.

hectares que representam 11% de todo o território nacional. Noventae três IBAs ou 40% não se encontram oficialmente protegidas dentrodo sistema nacional de áreas protegidas, noventa e duas (39%) estãoparcialmente protegidas e apenas 51 (21%) são consideradas de proteçãointegral. No total, as áreas protegidas dentro das IBAs correspondema 27.687.893 hectares. A maior IBA no Brasil é a Tabocais (BR 059),entre os estados do Amazonas e Acre, com 7.351.066 hectares eapenas uma espécie ameaçada e quatro quase–ameaçadas. A menosIBA é a Ilha dos Currais (BR 209) com apenas 13 hectares identificadadevido a presença de uma colônia reprodutiva de Fragatas (Fregatamagnificens). No estado de Pernambuco existem 16 IBAs que abrigam18 espécies ameaçadas, totalizando 529.104 hectares sendo 70 mildentro de unidades de conservação. Em contraste, no Amazonas foramdefinidas 13 IBAs, totalizando 28,5 milhões de hectares que abrigamseis espécies ameaçadas e 8,5 milhões de hectares dentro unidades deconservação. Essa comparação deixa clara a grande diferença entre asIBAs no Brasil e reforça a importância de um processo de priorizaçãona determinação das áreas que necessitam ações imediatas paraassegurar a sua conservação.

A ameaçada especie endêmica Saíra-pintor (Tangara fastuosa)provoca critérios do IBA em 14 locais no Brasil.

“Considerando os limitados recursos dis-poníveis para a conservação, um exercício

de atividades práticas para garantir a sobre-vivência à longo prazo das aves ameaçadas.“

O criticamente ameaçado e endêmico Periquito-sujo (Pyrrhura griseipectus) só sobrevive em um lugar, Serra do Baturité (BR041).Fotos: Ciro Albano

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Brasil

Figura 1. Localização das Áreas Importantes de Aves no Brasil.

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Tabela 2. Importantes Áreas de Aves no Brasil

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BR048BR049BR050BR051BR052BR053BR054BR055BR056BR057BR058BR059BR060BR061BR062BR063BR064BR065BR066

Tepuis de RoraimaSavanas do Rio CotingoLavrados de RoraimaCampinas e Várzeas do Rio BrancoParque Nacional do Cabo OrangeParque Nacional Montanhas do TumucumaqueGoiabal / PiratubaSavanas do AmapáIlha de MarajóReserva Biológica do Rio TrombetasVárzeas de Monte AlegreCaxiuanã / PortelRio CapimBaixo Rio XinguParque Nacional da AmazôniaJamanxim / AltamiraSerra dos CarajásNovo ProgressoCristalino / Serra do CachimboTepuis do AmazonasParque Nacional do JaúVárzeas do Médio Rio AmazonasMamirauáArquipélago de AnavilhanasÁrea de Relevante Interesse Ecológico ProjetoDinâmica Biológica de Fragmentos Florestaise EntornoBaixo Rio JavariAlto SucunduriCampos de Humaitá-LábreaCampo do Alto MarmelosReentrâncias Maranhenses/ParaensesGurupiBaixada MaranhenseDelta do ParnaíbaBarragem de Boa EsperançaParque Nacional da Serra da CapivaraEstação Ecológica de Uruçuí-UnaParque Nacional da Serra das ConfusõesNascentes do Rio ParnaíbaSerra de IbiapabaSerras de Maranguape e da AratanhaSerra do BaturitéChapada do AraripeAtol das RocasMata EstrelaEstação Ecológica do SeridóSão Pedro da Água BrancaMonumento Natural das Árvores Fossilizadas e AdjacênciasCerrados do Nordeste de TocantinsLizardaParque Estadual do CantãoMatas Ciliares do Rio do Coco e AfluentesJalapãoFormoso do AraguaiaVale do Rio PalmeirasInterflúvio dos Rios Tocantins e ParanãAurora do Tocantins / TaguatingaMamanguapeMata do Pau-FerroTabocaisParque Nacional da Serra do DivisorAlto JuruáArquipélago de Fernando de NoronhaMata do EstadoSerra do MascarenhasIgarassuBrejo de Taquaritinga

RoraimaRoraimaRoraimaRoraimaAmapáAmapá, ParáAmapáAmapáParáParáParáParáParáParáAmazonas, ParáParáParáParáMato Grosso, ParáAmazonasAmazonasAmazonas, ParáAmazonasAmazonasAmazonas

AmazonasAmazonasAmazonas, RondôniaAmazonas, RondôniaMaranhão, ParáMaranhão, ParáMaranhãoCeará, Maranhão, PiauíMaranhãoPiauíPiauíPiauíMaranhão, Piauí, TocantinsCearáCearáCearáCeará, PernambucoRio Grande do NorteRio Grande do NorteRio Grande do NorteMaranhão, Pará, TocantinsTocantins

TocantinsTocantinsTocantinsTocantinsBahia, TocantinsTocantinsTocantinsGoiás, TocantinsTocantinsParaíbaParaíbaAcre, AmazonasAcreAcrePernambucoPernambucoPernambucoPernambucoPernambuco

248,2501,499,4541,477,2733,859,627

410,4243,882,120

968,625766,643

3,910,144409,585

2,664,8343,422,6122,141,584

622,2661,161,3791,541,6281,223,6102,621,2961,123,5624,429,5752,377,8892,875,7521,124,000

197,81246,208

77,1584,629,9002,724,632

451,0171,134,8521,392,9742,045,444

217,139280,54791,849

203,445523,924730,191146,171

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394,42635,1866,9301,124

112,297152,140

1,296,041349,19390,017

138,7211,187,017

169,672272,225472,744370,93419,52813,693

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TapacuráComplexo GurjaúReserva Ecológica Maurício DantasBrejo dos CavalosGuadalupeParque Nacional do CatimbauSerra Negra (Floresta)Serra do UrubuJi-Paraná / RooseveltSaltos das Andorinhas e de DardanelosInterflúvio dos Rios das Mortes e AraguaiaAlto Rio JuruenaTirecatinga / UtiaritiRio ClaroCampos do EncantoParque Nacional da Chapada dos Guimarães e AdjacênciasEstação Ecológica Serra das ArarasCáceresReserva Particular do Patrimônio Natural SESC Pantanal e EntornoJamariAbunãVale do Guaporé CuraçáRaso da CatarinaSento Sé / Campo FormosoMangue SecoParque Estadual do Morro do ChapéuMatas de Conde e BaixiosSerra de BonitoItanagraMata da Campina e Fragmentos AdjacentesIbiquera / Ruy BarbosaSanto Amaro / CachoeiraParque Nacional da Chapada DiamantinaJaguaquaraBaixo-SulJequiéRio ArrojadoBoa Nova / Serra da OuricanaIlhéus / ItabunaVitória da ConquistaSerra do TeimosoUnaSerras das Lontras e do JaviSerra BonitaFoz dos Rios Pardo e JequitinhonhaSanta Cruz Cabrália/BelmonteEstação VeracruzParque Nacional do Pau Brasil/TrancosoParque Nacional de Monte PascoalSerra de ItamarajuParque Nacional do DescobrimentoRio MucuriSão José da Laje / CanhotinhoEngenho Coimbra (Usina Serra Grande)MuriciReserva Biológica de Pedra TalhadaUsina CachoeiraSerra de Itabaiana e Matas de Areia BrancaMata do Crasto e Restingas de Itaporanga e EstânciaTerra RoncaParque Nacional da Chapada dos Veadeiros e AdjacênciasParque Nacional das EmasMocambinhoVale do PeruaçuJanuáriaBandeira / Macarani

PernambucoPernambucoPernambucoPernambucoPernambucoPernambucoPernambucoPernambucoAmazonas, Mato Grosso, RondôniaMato GrossoMato GrossoMato GrossoMato GrossoMato Grosso Mato Grosso

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Mato GrossoRondôniaRondôniaRondôniaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaBahiaAlagoas, PernambucoAlagoasAlagoasAlagoas, PernambucoAlagoasSergipeSergipeGoiás

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1,664,43932,680

400,626584,813

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Fazenda SantanaReserva Biológica da Mata EscuraAlto CaririChapada do CatuniBotumirimBaixo Rio das VelhasParque Estadual do Rio PretoParque Estadual do Pico do Itambé eSerra do GaviãoSerra do CipóParque Estadual do Rio DoceCaratingaSerra do CaraçaSerra da CanastraOuro Preto/MarianaParque Estadual da Serra do BrigadeiroLaranjal/MiracemaParque Estadual da Serra do PapagaioEstação Ecológica de Águas EmendadasParque Nacional de BrasíliaCerrados ao Sul de BrasíliaNhumirimMaciço do Urucum e AdjacênciasRios Negro e AquidauanaPantanal de NabilequeParque Nacional da Serra da Bodoquena e EntornoSooretama/LinharesSanta TeresaItaranaReserva Biológica de Duas BocasFazenda Pindobas IV e ArredoresParque Nacional do CaparaóEncostas da Região de Domingos MartinsComplexo Pedra Azul / Forno GrandeTrindade e Martim VazIlhas do Litoral Sul do Espírito SantoCafundó e Bananal do NorteItirapinaSerra da MantiqueiraSão Francisco Xavier / Monte VerdeParque Estadual da Serra do Mar(entre Caraguatatuba e Picinguaba)Serra da CantareiraParque Estadual da Serra do Mar(entre Santos e São Sebastião)BertiogaParque Estadual de IlhabelaParque Estadual da Serra do Mar(entre Pedro de Toledo e Cubatão)Itanhaém / MongaguáArquipélago dos AlcatrazesMaciço Florestal de ParanapiacabaEstação Ecológica de Juréia-ItatinsIlhas Comprida e CananéiaParque Estadual do Desengano e EntornoParque Nacional de ItatiaiaRegião Serrana do Rio de JaneiroReserva Biológica UniãoSerra dos ÓrgãosReserva Biológica de Poço das AntasSerra do TinguáMaciços da Tijuca e Pedra BrancaRestinga de Maçambaba e Ilha de Cabo FrioIlha GrandeSerra da Bocaina / Paraty / Angra dos ReisParque Nacional de Ilha GrandeJaguariaívaCânion do GuarteláParque Estadual das Lauráceas e EntornoGuaraqueçaba / Jacupiranga / Cananéia

Bahia, Minas GeraisMinas GeraisMinas GeraisBahia, Minas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas Gerais

Minas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas GeraisMinas Gerais, Rio de JaneiroMinas GeraisDistrito FederalDistrito FederalDistrito FederalMato Grosso do SulMato Grosso do SulMato Grosso do SulMato Grosso do SulMato Grosso do SulEspírito SantoEspírito SantoEspírito SantoEspírito SantoEspírito SantoEspírito Santo, Minas GeraisEspírito SantoEspírito SantoEspírito SantoEspírito SantoEspírito SantoSão PauloMinas Gerais, São PauloSão Paulo

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5,25350,87222,1295,091

24,47610,10714,9277,358

74,24435,9471,288

29,500197,81096,14613,17318,01422,92910,54731,89518,95243,887

118,718287,852468,274326,89260,64423,1675,9104,3056,711

31,76324,15111,1681,664

6442,7562,907

153,71445,20899,935

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30,876243

437,646108,18122,79444,52128,08455,3512,923

16,8855,065

27,92415,98120,24718,029

159,011107,91710,85931,55446,509

624,000

107

Brasil

A conservação das aves no Brasil ainda representa um grande desafio.Dez por cento de todas as espécies de aves globalmente ameaçadasestão no Brasil e muitas correm risco de extinção eminente. Ao mesmotempo o número de novas aves descritas é crescente: 21 novas espéciesforam descritas no Brasil entre os anos de 1996 e 2006. As duas maioresflorestas tropicais brasileiras também apresentam situações opostas:a Mata Atlântica é uma das florestas tropicais mais ameaçadas emtodo o planeta, com cerca de 7% de florestas remanescentes enquantona Amazônia, 80% da floresta ainda permanece preservada. Essescontrastes fazem do Brasil um país único em termos de conservação dabiodiversidade, mas com perspectivas bastante favoráveis. Atualmenteexiste um interesse crescente da sociedade pelas aves. Nos últimos trêsanos o número médio de participantes nos congressos brasileiros deornitologia foi de cerca de 500 pessoas/ano, em sua grande maioriaestudantes. A Sociedade Brasileira de Ornitologia (SBO) também estácrescendo e hoje já conta com mais de 800 membros. A feira nacionalde observadores de aves, Avistar, vem se estabelecendo no Brasil eteve, em sua última edição em 2008 a participação de 5.000 pessoas.

“Dez por cento de todas as aves globalmente ameaçadas são encontradas no Brasil e muitas estão em risco de extinção iminente.“

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BR234

Campos Gerais do ParanáVárzeas da Região Metropolitana de CuritibaSerra do MarumbiParque Estadual do Rio GuaraniBaixo Curso do Rio NhundiaquaraParque Nacional do IguaçuCorredor do IguaçuRio GuaraguaçuÁrea de Proteção Ambiental de GuaratubaIlhas dos CurraisVárzeas do Curso Médio-Superior do Rio IguaçuVárzeas em Tijucas do SulGeneral CarneiroBaía da BabitongaSalto do PiraíCampos de Água Doce e PalmasRegião de BlumenauParque Estadual da Serra do TabuleiroPainel/UrupemaUrubiciParque Nacional de São JoaquimParque Estadual do TurvoCampos do Planalto das Araucárias

Banhado São DonatoCampos de Cima da SerraRegião dos Aparados da Serra

Banhado dos PachecosMédio Rio CamaquãParque Nacional da Lagoa do PeixeCampos da Região de BagéRegião de Pinheiro MachadoEstuário da Laguna dos PatosVárzea do Canal São GonçaloBanhado do Maçarico e Cordões Litorâneos AdjacentesBanhado do Taim

ParanáParanáParanáParanáParanáParanáParanáParanáParanáParanáParanáParanáParanáSanta CatarinaSanta CatarinaParaná, Santa CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaSanta CatarinaRio Grande do SulRio Grande do Sul,Santa CatarinaRio Grande do SulRio Grande do SulRio Grande do Sul,Santa CatarinaRio Grande do SulRio Grande do SulRio Grande do SulRio Grande do SulRio Grande do SulRio Grande do SulRio Grande do SulRio Grande do Sul

Rio Grande do Sul

23,18419,58966,8422,1132,749

169,69629,1514,370

126,59713

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2,605387,23836,722

108,836151,352103,75682,15964,703

111,272

Para obter informações sobre as espécies de cada IBA, consulte as contas individuais no site: www.birdlife.org/datazone/sites/

O desprotegido IBA de Matas Ciliares do Rio do Côco e Afluentes (BR051) detêm globalmente populações importantes de uma espécie criticamente ameaçada de Kaempfer Woodpecker (Celeus obrieni) e o vulnerável chororó-de-goiás (Cercomacra ferdinandi).Foto: Pedro F. Develey

108

A elaboração de um plano estratégico único para a conservaçãodas aves no país considerando todas essas particularidades é uma medida extremamente importante que deve ser realizada de maneira participativa envolvendo ONGs, pesquisadores e setores governamentais. As IBAs constituem uma ferramenta básica naelaboração dessa estratégia e podem ser adotadas como base deplanejamento de conservação na escala da paisagem. No caso da Mata Atlântica as IBAs já vêm contribuindo de modo concretocom o planejamento da conservação, levando à criação de novasunidades de conservação. Por exemplo, Murici (BR 122; Quadro 2) onde foi criada uma Estação Ecológica. As IBAs também sãoferramentas úteis em campanhas de disseminação e educação levando uma mudança da percepção ambiental da comunidade local (Boa Nova, Serra do Urubu). A definição das IBAs também auxiliam na busca de alternativas de renda para a população de

maneira sustentável e alinhada à conservação ambiental (Serradas Lontras; Quadro 3) e na pesquisa científica enfocando aves ameaçadas (Chapada do Araripe, Maçambaba). Finalmente aidentificação das IBAs tem ajudado na ampla participação noprocesso de definição de áreas prioritárias para a conservação nopaís liderado pelo governo federal.

“A conclusão do inventário do IBA é umacontribuição inestimável para a conservação

de aves no Brasil, porém este é apenas o primeiro passo de um longo processo.“

áreas protegidas. Um dos grandes resultados do projeto foi a mudança de comportamento e percepção da população local em relação ao meio ambiente. As campanhas de disseminação e educação atingiram, até o momento, 1.100 pessoas entre crianças e adultos e acabaram levando à adoção do gravatazeiro pela comunidade como ave símbolo da cidade. Proprietários de terra estão engajados no projeto,

ser encontrada. Uma proposta de criação de uma unidade de conservação com 32 mil hectares foi elaborada e se encontra para avaliação junto ao Governo Federal. Em paralelo,

a biologia do gravatazeiro, inclusive a descrição inédita do ninho e de seu comportamento reprodutivo. Os próximos passos é restaurar áreas degradadas e nascentes com participação da comunidade e continuar a articulação com o governo federal para a criação da unidade de conservação.

Quadro 1

Boa Nova (BR 105), localizada no sul do estado da Bahia, é de grande importância para as aves por estar situada em uma área de transição entre a Mata Atlântica e a Caatinga levando a uma elevada diversidade local com 391 espécies

consideradas globalmente ameaçadas de extinção. Nesta área de transição encontra-se a mata-de-cipó, hábitat do ameaçado gravatazeiro (Rhopornis ardesiacus) uma das aves mais raras no Brasil. Apesar de sua riqueza biológica, a região vem sofrendo constante pressão causada pela

de animais silvestres, e desmatamento para agricultura e pastagens. A SAVE Brasil desenvolve, desde 2004, um programa de conservação em Boa Nova com ações em

sensibilização ambiental, manejo da paisagem e articulação de políticas públicas, especialmente voltadas à criação de

Programa de conservação muda a percepção da comuni-dade local em relação ao meio ambiente em Boa Nova

Boa Nova (BR105)Foto: Pedro F. Develey

Gravatazeiro(Rhopornis ardesiacus)Foto: Ciro Albano

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Brasil

O Complexo Florestal de Murici é uma das mais importantes

localizado em uma região rica em biodiversidade e com uma história evolutiva única: o Centro de Endemismo Pernambuco. Nessa região está inserida a Estação Ecológica de Murici (ESEC Murici) com 6.116 hectares localizada na Zona da Mata Alagoana. Murici possui 14 espécies de aves globalmente ameaçadas de extinção, entre elas algumas criticamente ameaçadas, como o gavião-de-pescoço-branco (Leptodon forbesi), a choquinha-de-alagoas (Myrmotherula snowi) e o limpa folha-do-nordeste (Philydor novaesi). As ações em Murici tiveram início em 2000. Atualmente o trabalho é realizado em parceria com outras sete organizações que, juntamente com a SAVE Brasil, formam o Pacto Murici, que visa assegurar a conservação

foco principal é Murici. O principal resultado do projeto foi a criação da Estação Ecológica de Murici (ESEC Murici)

área. Após a criação da ESEC os trabalhos vêm enfocando a capacitação de comunidades locais que vivem no entorno

da reserva e o apoio à formação de gestores de unidades de conservação na região. Um passo necessário é a elaboração e implantação do plano de manejo da unidade. Também há um trabalho em conjunto com grandes proprietários locais (produtores de cana-de-açucar) nas ações de restauração

Centro Pernambuco.

Pacto Murici assegura conservação de centro de endemismo de aves com importância global

Quadro 2

Assinatura do Pacto Murici, Senado Federal, maio de 2004.Foto: Anon.

Mata Atlântica, em Murici (BR122).Foto: Pedro F. Develey

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Produção tradicional de cacao favorece a conservação na Serra das Lontras

Quatro 3

Localizado no sul da Bahia, o complexo montanhoso da Serra

gradiente altitudinal e de vegetação permite a ocorrência de uma rica diversidade de aves: 310 espécies foram registradas até o momento, 18 delas globalmente ameaçadas de extinção

e duas novas para a ciência. A região é caracterizada pelo tradicional cultivo de cacau em cabruca, sistema

associado a áreas de Mata Atlântica nativa. A SAVE Brasil vem trabalhando em parceria com organizações locais

para implementar um modelo de desenvolvimento sustentável

agricultura ambientalmente adequada e o desenvolvimento social das comunidades locais. Através da capacitação técnica dos agricultores na produção orgânica, e de cooperativas e associações locais no gerenciamento dos negócios e comercialização nos mercados nacional e internacional o

disso, 650 hectares de Mata Atlântica estão em processo de averbação de Reserva Legal e uma proposta de criação de um Parque Nacional com 16 mil hectares se encontra em avaliação pelo Governo Federal. A SAVE Brasil também

para avaliar os impactos das técnicas da agricultura sustentável na comunidade de aves, enfocando nas espécies ameaçadas e endêmicas. Alguns obstáculos a serem superados na continuidade do projeto se refere a estratégia de marketing do cacao orgânico considerando a pequena escala de produção e a necessidade de fortalecimento das cooperativas locais.

Chocolate orgânico (à esquerda) produzido pelosistema Cabrucá na Serra das Lontras (BR110).

Foto: Patricia Ruggiero

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Brasil

Fontes de dadosNational IBA DirectoriesÁreas Importantes para a Conservação das aves no Brasil. Parte 1 - Estados doDomínio da Mata Atlântica (Bencke et al. 2006)

Áreas Importantes para a Conservação das aves no Brasil. Parte II - Amazônia,Cerrado e Pantanal (De Luca et al. 2009)

Informação de contatoPedro F. Develey ([email protected])Jaqueline M. Goerck ([email protected])

Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil - SAVE BrasilRua Fernão Dias 219 cj. 2 05427-010 – São Paulo – SP, BrazilTel. +55 11 38152862www.savebrasil.org.br

Os resultados base para elaboração deste capítulo são produtos do trabalho deinúmeros ornitólogos, pesquisadores, conservacionistas e colaboradores que contribuíram com a identificação das IBAs no Brasil, especialmente GlaysonC. Bencke, Giovanni Mauricio, e Andre C. De Luca. Também agradecemos atoda equipe da BirdLife Americas pelo apoio e ajuda na identificação das IBAse o trabalho com o World Bird Database. Ítala Yepez e Christian Devenish gentilmente editaram e traduziram a versão preliminar deste capítulo.

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A arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) é uma espécie criticamente ameaçada que provoca critérios do IBA em apenas dois locais.Foto: Andy & Gill Swash; www.rarebirdsyearbook.com

112