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Yvna da Silva Vieira AVALIAÇÃO DO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR SONDA ENTERAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO HOSPITAL GERAL PUBLICO DE PALMAS PALMAS TO 2014.

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Yvna da Silva Vieira

AVALIAÇÃO DO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR SONDA

ENTERAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO HOSPITAL GERAL

PUBLICO DE PALMAS

PALMAS – TO

2014.

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Yvna da Silva Vieira

AVALIAÇÃO DO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR SONDA

ENTERAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO HOSPITAL GERAL

PÚBLICO DE PALMAS

Monografia apresentada como requisito parcial da disciplina TCC em Ciências Farmacêuticas do curso de Farmácia coordenada pela Profª. MSc. Grace Priscila Pelissari Setti, no Centro Universitário Luterano de Palmas.

Orientador(a): Profª. MSc. Márcia Germana Alves de Araújo Lobo

PALMAS – TO

2014

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Yvna da Silva Vieira

AVALIAÇÃO DO PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR SONDA

ENTERAL NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO DO HOSPITAL GERAL

PUBLICO DE PALMAS

Monografia apresentada como requisito parcial da

disciplina TCC em Ciências Farmacêuticas do curso

de Farmácia coordenada pela Profª. MSc. Grace

Priscila Pelissari Setti, no Centro Universitário

Luterano de Palmas.

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

Profª. M.Sc. Márcia Germana A. A. Lobo Centro Universitário Luterano de Palmas

Profª. M.Sc. Grace Priscila Pelissari Setti Centro Universitário Luterano de Palmas

Profª. Esp. Elisângela Luiza Vieira L. B. Santos

Centro Universitário Luterano de Palmas

PALMAS – TO

2014

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço à Deus, pai de todos nós que me dá vida e forças para

continuar o meu trajeto de sonhos e transformações. Sem a fé que eu tenho nele nada teria

o sentido e o valor que tem hoje.

Aos meus pais, Edilson e Francinete, que com muita garra, esforço, dedicação

extrema e contínua me ajuda em todos os sentidos. Foram estas as pessoas que me deram

a vida e acima de tudo me transformaram na pessoa que eu sou hoje. Minha vida sem eles

não haveria como existir.

À Ivisson e Wesley, que se dedicaram sempre em colaborar com meu empenho e

dedicação aos estudos, que souberam me compreender e ter paciência, acima de tudo,

diante dos problemas enfrentados.

Agradecer, a minha orientadora Márcia Germana que me aconselhou e ajudou na

elaboração desta monografia e à Keyliane, farmacêutica do HGPP que me apoiou, me

auxiliou dentro do hospital e me deu a grande ideia da elaboração deste trabalho.

Também agradecer em especial à minha coordenadora Grace, professora Marta e

professora Elisângela às quais me ofereceram grande parcela de contribuição para

continuar pesquisando e ir a buscar dos meus ideais.

Às minhas amigas e amigos, primas e primos, tias e tios que também fizeram parte

dessa parte da minha vida e estavam comigo nos bons e maus momentos. Oferecendo uma

palavra amiga, um conselho, uma piada, um sorriso.

Obrigada a todos aqueles que mesmo indiretamente me ajudaram neste trajeto.

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“Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão

sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá

vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se

acomodam nas vitórias.”

Roberto Shinyashiki

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RESUMO

VIEIRA, Yvna Silva. Avaliação do Preparo e Administração de Medicamentos por

Sonda Enteral na Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Geral Público de

Palmas. 2014. 49f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso de Farmácia,

Centro Universitário Luterano de Palmas, Palmas/TO, 2014.

O controle de qualidade na terapia intensiva é um tema muito importante e cada vez mais discutido. O suporte nutricional é visto como mais uma ferramenta terapêutica destes cuidados, tendo um papel fundamental no manejo do paciente quando a ingestão oral não é possível. Este trabalho tem como objetivo geral avaliar o preparo e administração de medicamentos via terapia nutricional enteral em pacientes na UTI do HGPP. Trata-se de um estudo observacional do tipo transversal, sem modelo de intervenção. O objeto de estudo foi a investigação do padrão de doses de medicamentos preparados e administrados por sonda enteral. Os resultados demonstraram que 61,2% de erros estavam no preparo de medicamentos sólidos e líquidos, sendo que a trituração dos sólidos apresentava erro em 60,67% das doses e a diluição dos líquidos apresentou erro em 61,1% das doses. Na avaliação quanto à administração foi detectado erro de 38,8%. Deste número de erros foi detectado 43,3% de doses de medicamentos que necessitavam de pausa da nutrição enteral e não tiveram. Em relação a lavagem da sonda em 100% das doses analisadas não ocorreu a lavagem antes da administração, no entanto em 95,3% das doses administradas ocorreu a lavagem das sondas em seguida, conforme preconizada pela literatura. Sendo assim, observa-se a necessidade de uma melhoria das técnicas aplicadas pela equipe para que haja uma maior segurança ao paciente e maior eficácia no tratamento.

Palavras-chave: medicamento por sonda enteral, nutrição enteral, erros de medicação.

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

ASPEN Sociedade Americana de Nutrição Enteral e Parenteral

GI Gastrintestinais

HGPP Hospital Geral Público de Palmas

NE Nutrição Enteral

SE Sonda Enteral

SNE Sonda de Nutrição Enteral

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TNE Terapia de Nutrição Enteral

UTI Unidade de Terapia Intensiva

VSE Via Sonda Enteral

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Algoritmo de Naysmith e Nicholson para a decisão de administração de

medicamentos por sonda ..................................................................................................... 16

Figura 2 - Distribuição das diferentes formas farmacêuticas sólidas por dose observadas na

UTI do HGPP (n=89) .......................................................................................................... 22

Figura 3 - Distribuição das diferentes formas farmacêuticas líquidas por dose na UTI Adulto

do HGPP (n=18) .................................................................................................................. 23

Figura 4 – Distribuição do erro das doses sólidas e líquidas preparadas na UTI Adulto do

HGPP .................................................................................................................................. 27

Figura 5 - Técnica correta de preparo para comprimidos simples ........................................ 30

Figura 6 - Percentual de erro de preparo por forma farmacêutica de sólidos e líquidos na

UTI Adulto do HGPP .................................................................................................... 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de formas farmacêuticas por dose dos medicamentos avaliados na

UTI Adulto do HGPP ............................................................................................................ 21

Tabela 2 - Quantidade de doses analisadas, por princípio ativo, na UTI Adulto do HGPP ... 25

Tabela 3 – Distribuição dos erros de trituração por dose de medicamentos sólidos na UTI

Adulto do HGPP .................................................................................................................. 27

Tabela 4 - Apresentações sólidas que não devem ser trituradas ......................................... 29

Tabela 5 – Distribuição da categoria de erro no preparo por dose de medicamentos líquidos

na UTI Adulto do HGPP ....................................................................................................... 31

Tabela 6 – Medicamentos que foram preparados juntos na UTI Adulto do HGPP ............... 33

Tabela 7 - Distribuição dos erros de administração por dose na UTI Adulto do HGPP ........ 34

Tabela 8 – Recomendações para administração dos fármacos avaliados em estudo na UTI

Adulto do HGPP .................................................................................................................. 35

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 10

2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 12

2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 12

2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 12

3 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................ 13

3.1 Preparo dos medicamentos para administração por sonda enteral ............................... 13

3.2 Administração dos medicamentos por sonda enteral .................................................... 14

3.3 Assistência farmacêutica no preparo e administração de fármacos por sonda enteral .. 17

4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 18

4.1 Desenho de estudo ........................................................................................................ 18

4.2 Objeto de estudo............................................................................................................ 18

4.3 Local e período de realização da pesquisa ................................................................... 18

4.4 Critérios de inclusão e exclusão .................................................................................... 18

4.5 Variáveis ....................................................................................................................... 19

4.6 Instrumentos de coleta de dados, estratégias de aplicação, processamento, análise e

apresentação de dados ....................................................................................................... 19

4.7 Aspectos éticos .............................................................................................................. 20

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 21

5.1 Frequência dos erros no preparo de medicamentos pela sonda enteral ........................ 26

5.1.1 Sólidos ........................................................................................................................ 27

5.1.2 Líquidos ...................................................................................................................... 31

5.2 Frequência dos erros na administração de medicamentos pela sonda enteral ............. 34

5.3 Sínteses dos resultados ............................................................................................... 37

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 39

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1 INTRODUÇÃO

No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) criou o “Uso Racional

de Medicamentos” como uma ferramenta de melhoria das condutas que envolvem

medicamentos (MARIN et al., 2003). Uma das intervenções mais praticadas em âmbito

hospitalar é a utilização de medicamentos e ao longo dos anos, evidências de erros no

tratamento medicamentoso têm causado grandes prejuízos aos pacientes. Desta forma, os

profissionais da saúde devem buscar conhecimentos em relação às medidas de conduta

para prevenção de erros, tendo como foco sempre a segurança do paciente (SILVA;

CASSIANI, 2004).

O controle de qualidade na terapia intensiva é um tema muito importante e cada vez

mais discutido. O suporte nutricional é visto como mais uma ferramenta terapêutica destes

cuidados, tendo um papel fundamental no manejo do paciente, quando a ingestão oral não é

possível (CARTOLANO; CARUSO; SORIANO, 2009). Em unidade de terapia intensiva (UTI)

frequentemente se encontra pacientes que recebem nutrição enteral (NE) por dispositivos

como sondas. Potenciais complicações podem ocorrer no uso dessa via durante a

administração de medicamentos, se não for executado corretamente (GORZONI; TORRE;

PIRES, 2010).

Neste ponto, é importante observar que os medicamentos, em geral, não são

produzidos com o objetivo de serem administrados por sonda. Além disso, também é

importante saber que a maioria dos medicamentos orais apresenta um equivalente para a

via parenteral, mas que existe uma parcela para qual esta afirmação não se aplica. É

especialmente para estes medicamentos que deve haver um acompanhamento para que

exista uma administração correta que garanta a sua eficácia. Quando o alimento e o

medicamento precisam ser administrados pelo mesmo tubo, é necessário analisar não só a

administração pura e simples do medicamento por esta via, mas também as potenciais

interações entre o fármaco e o nutriente envolvidos nesta administração (FERRACINI;

BORGES FILHO, 2011).

A administração de um medicamento por sonda enteral (SE) requer que ele esteja na

forma líquida. Sendo assim, preferencialmente, deve-se empregar uma formulação líquida já

disponível. Porém, preparações líquidas hiperosmolares devem ser diluídas para prevenir a

obstrução de sondas e reações adversas nos pacientes, como diarréia, cólica, distensão

abdominal e vômito. Isto ocorre por administrar rapidamente o medicamento no estômago

ou diretamente no intestino (HOEFLER; VIDAL, 2009).

Na ausência de medicamentos na forma injetável ou líquida e quando somente

disponível a forma sólida, a administração deste por SE demanda uma transformação em

suas características físicas originais, que pode levar a conseqüências na efetividade e

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segurança do mesmo. Quando um medicamento realmente necessário ao paciente estiver

disponível apenas em forma farmacêutica sólida de uso oral, deve-se analisar a viabilidade

de transformá-lo em forma líquida com o auxílio de um veículo adequado, compatível e que

possa, possivelmente, passar por uma trituração prévia (LÓPEZ; PISÓN, 2008).

A forma de conduzir esta prática requer uma adição de tempo da equipe de

enfermagem, a ausência disso causa desconforto ao paciente e interrompe

temporariamente a administração da terapia de nutrição enteral (TNE), sendo que isso pode

afetar a eficácia do tratamento e aumentar os custos assistenciais. Uma sonda pode ser

obstruída em decorrência de viscosidade da NE, enxágüe insuficiente, material ou dobra da

sonda, administração incorreta do medicamento e incompatibilidade entre nutriente e

medicamento (HOEFLER; VIDAL; 2009).

Para considerar sobre a probabilidade de manipulação dos medicamentos, bem

como as implicações deste método em relação às suas características farmacocinéticas ou

à atividade do fármaco, é imprescindível saber o motivo que justifica esta formulação, o

conhecimento do tipo de forma farmacêutica, além da instabilidade do fármaco em outras

formas, inconstância do fármaco em pH ácido do estômago, irritação da mucosa gástrica

pelo pH do fármaco e, ainda necessidade do medicamento em obter uma liberação

constante. Quando se manipula determinadas formas farmacêuticas pode ocorrer a

alteração da eficácia do medicamento (LISBOA, 2011).

Esta pesquisa tem sua relevância, pois trata de um tema relacionado à saúde e

segurança dos pacientes que necessitam utilizar medicamentos concomitantes à TNE, visto

que é uma prática extensamente realizada, principalmente em UTI, com pacientes críticos,

sujeitos à complicações inerentes aos procedimentos da TNE, por isso, estudos

desenvolvidos sobre esta atividade , sobretudo em hospitais de alta complexidade como no

Hospital Geral Público de Palmas (HGPP), podem auxiliar na identificação de oportunidades

de melhoria na orientação prestada.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Averiguar a prática de preparo e administração de medicamentos concomitantes à

terapia de nutrição enteral em pacientes da unidade de terapia intensiva do Hospital Geral

Público de Palmas.

2.2 Objetivos Específicos

Avaliar o tipo e a frequência de erros que ocorrem no preparo e na administração

de medicamentos sólidos e líquidos concomitantes à terapia de nutrição enteral.

Demonstrar as formas farmacêuticas mais empregadas via sonda enteral na

Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral Público de Palmas.

Evidenciar os fármacos mais utilizados por sonda enteral na Unidade de Terapia

Intensiva do Hospital Geral Público de Palmas.

Apresentar as categorias de erros mais observadas durante a terapia de nutrição

enteral na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Geral Público de Palmas.

Demonstrar através dos resultados obtidos com a pesquisa, que o

acompanhamento farmacêutico pode contribuir com a eficácia da terapia de

nutrição enteral.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Preparo dos medicamentos para administração por sonda enteral

Quando o paciente necessita utilizar a sonda enteral para alimentação é porque não

consegue deglutir, muitas vezes por motivos de sedação, então, nos casos de

medicamentos orais deve ser feita uma seleção do medicamento ideal para preparar e

passar pela sonda e em seguida administrar juntamente com a nutrição. A primeira atitude a

ser realizada é conhecer a sua forma farmacêutica e nestas situações o fármaco necessita

sofrer transformações em sua forma física e isso pode ter consequências na sua efetividade

e segurança (HEYDRICH, 2006).

Malagoli & Colaboradores (2009), descrevem as principais formas farmacêuticas

sólidas de administração oral que são:

Comprimidos simples: preparações sólidas que liberam seus princípios ativos logo

após sua desintegração no estômago;

Comprimidos revestidos: aqueles que possuem liberação modificada, podendo

retardar ou prolongar sua dissolução;

Comprimidos efervescentes: formas que devem ser dissolvidas completamente em

água antes de deglutir.

Comprimidos sublinguais: se desintegram debaixo da língua e fazem ação sistêmica

e na mucosa oral.

Pós e granulados: formas sólidas destinadas à administração oral;

Cápsulas gelatinosas duras: compostas por duas partes alongadas que se fecham

uma na outra e dentro contém princípios ativos;

Cápsulas moles: constituídas de substâncias como sorbitol ou glicerina e seu

conteúdo é formado por substâncias líquidas ou pastosas;

Quando se trata de formas sólidas há muitas variações quanto à técnica correta de

preparo, pois algumas não podem ser trituradas. De um modo geral, comprimidos simples

podem ser triturados e solubilizados com 15 a 30 mL de água. Já para cápsulas duras e

gelatinosas podem ser abertas, e o pó constituinte ser misturado com 10 a 15 mL de água.

As cápsulas com conteúdo oleoso, menos comuns, podem ser dissolvidas em água morna

(20º C). As formas farmacêuticas que não podem ser trituradas são as de revestimento

entérico, de liberação prolongada e sublingual (LÓPEZ; PISÓN, 2008). O preparo adequado

de cada forma farmacêutica está descrito com mais detalhes no APÊNDICE 1.

A forma líquida é a mais adequada, comparada aos sólidos, pois já se apresenta em

forma fluida, facilitando a administração. A tolerância dos pacientes frente às formas líquidas

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dependerá basicamente da osmolaridade do medicamento, especialmente se a posição da

sonda for pós pilórica já que a osmolaridade fisiológica do trato gastrintestinal varia entre

100 e 400 mOsm/kg3, em formulações líquidas, como xaropes, geralmente apresentam

osmolaridade média acima de 1000 mOsm/kg3 (HOEFLER; VIDAL, 2009).

Ainda deve se ater à preparações com grande quantidade de sorbitol, pois podem

provocar quadro de intolerância gastrintestinal (GI), como cólicas, diarréia e vômitos.

Medicamentos hiperosmolares não devem ser administrados, preferencialmente,

diretamente no intestino e nem rapidamente no estômago (WHITE; BRADNAM, 2007).

Um estudo realizado por Lisboa (2011) teve como objetivo observar os técnicos de

enfermagem sobre o padrão de preparo e administração dos medicamentos em pacientes

na UTI que recebem NE concomitante. Foram observadas 350 doses de 52 medicamentos,

destes 92% estavam na forma farmacêutica sólida. Encontrou-se um percentual de 67,71%

de erros no preparo dos medicamentos e a categoria de maior erro foi a trituração, 45,47%.

3.2 Administração dos medicamentos por sonda enteral

A administração inadequada de um medicamento pode causar a obstrução da sonda

enteral, por isso se deve atentar para detalhes como: viscosidade e pH, certas medicações

não podem ser administradas simultaneamente devido a possibilidade de formar

precipitados; e, comprimidos de liberação prolongada e entérica quando triturados e

misturados podem formar uma espécie de massa ou gel, obstruindo a sonda. Um

medicamento administrado por via oral necessita ser absorvido inicialmente pelo estômago

e intestino, mas esse método pode ser restrito pela preparação do fármaco e por suas

características físicas e químicas (LIMA; NEGRINI, 2009).

Bankhead & Colaboradores (2009), no Guia de Recomendações da Sociedade

Americana de Nutrição Enteral e Parenteral (ASPEN) recomendam evitar misturas de

medicamentos na mesma sonda, pois há risco de ineficácia terapêutica, incompatibilidades

físicas e químicas, além de obstrução do cateter. A probabilidade de obstrução da sonda é

maior quando se administra medicamentos preparados juntos. A ASPEN indica ainda que

deve ser consultado o farmacêutico em casos de administração de medicamentos por

sonda.

Também a ausência de lavagem da sonda antes e depois a administração aumenta

mais ainda as chances do evento acontecer. Portanto é indicada a lavagem com 10 a 30 ml

a depender da medicação utilizada (LÓPEZ; PISÓN, 2008).

Uma pesquisa realizada por Mota & Colaboradores (2010), objetivou considerar o

conhecimento do enfermeiro de UTI sobre a correta administração de medicamentos, por

sondas nasogástrica e nasoenteral. No estudo 51% declarou ter mais de cinco anos de

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experiência em UTI. Observou-se que 36,7% dos profissionais não se atentam às formas

farmacêuticas e, 34,7% acreditam que a formulação não interfere na ação do medicamento.

Boa parte dos enfermeiros, 65,3%, atribui ao médico o encargo do conhecimento e

determinação sobre a absorção do fármaco.

No Hospital Nacional Edgardo Rebagliati Martins, em Lima – Peru, foi realizada uma

investigação sobre as potenciais incompatibilidades e interações entre medicamentos e

nutrição enteral artificial (IIMNEA). Este estudo foi realizado com 66 pacientes, detectando-

se 290 casos potenciais IIMNEA, onde 232 foram interações farmacodinâmicas, 56

farmacocinéticas, uma incompatibilidade física e química e uma incompatibilidade

farmacêutica, sendo esta caracterizada pelos autores como uma alteração na forma

farmacêutica que interfere na eficácia e na potência do fármaco, como por exemplo, a

trituração de um comprimido revestido. Foi realizada também uma entrevista com a equipe

de enfermagem responsável pela administração de medicamentos por sonda de nutrição

enteral (SNE), onde foi encontrado que 94% utilizam técnicas incorretas, as demais não têm

noção do mecanismo de absorção do medicamento (RODRIGUÉZ; ALLAHUA , 2004).

Um estudo realizado por Renovato, Carvalho e Rocha (2010), avaliaram o preparo e

administração de medicamentos por SE no Hospital Geral de Dourados, MS. Em relação ao

preparo e administração dos fármacos por sondas foram vistos 78,26% em nasogástrica e

21,74% em sonda nasoentérica, nas 23 situações observadas. Dos medicamentos utilizados

97,06% estavam em forma sólida e apenas 2,94% em forma líquida e, em todas as

situações o recipiente utilizado para trituração dos comprimidos foi um copo descartável. O

líquido auxiliar para trituração foi água destilada ou água potável. Quando se tratava de

administração e preparo de mais de um medicamento foi observado que todos foram

administrados ao mesmo tempo.

As recomendações para administrar os medicamentos pela SE de forma correta

devem levar em consideração as formas farmacêuticas, se pode ser triturado e se existe

opções de troca para melhor adequação à sonda. Tem-se como exemplo o algoritmo (Figura

1) que funciona como um guia no momento de tomar a decisão correta (LÓPEZ; PISÓN,

2008).

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Figura 1 – Algoritmo de Naysmith e Nicholson para a decisão de administração de

medicamentos por sonda

FONTE: Adaptado de LÓPEZ; PISÓN, 2008.

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3.3 Assistência farmacêutica no preparo e administração de fármacos por sonda

enteral

O farmacêutico como conhecedor do medicamento pode estabelecer uma prática

segura entre o manejo da sonda enteral e a administração de fármacos, estabelecendo uma

garantia de eficácia farmacoterapêutica maior para o paciente. A atividade deste profissional

é requerida para a resolução de complicações como a alteração de uma forma farmacêutica

para a forma ideal no preparo e administração por SE. Isso implica na elaboração de um

guia de administração de medicamentos por sonda para reduzir a possibilidade de erros e

auxiliar na tomada de decisões no momento da prática, contribuindo para a melhoria da

segurança do paciente (SÁNCHEZ et al., 2006).

Um estudo publicado pela Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar Serviço de

Saúde São Paulo, teve como foco analisar as interações entre medicamentos e SE, foram

analisadas 65 prescrições. Para 17 medicamentos (36%), há informações na literatura sobre

suas presumíveis interações com a nutrição. Considerando as prescrições, em 62 pacientes

foram observadas interações potenciais (95,4%), neste caso, a maioria das prescrições

ofereceu medicamentos que tinham potencial para interagir com nutrientes. Foi concluído

que para a prevenção dos problemas pautados à administração de medicamentos por SE, é

imprescindível estimular o estudo de utilização de medicamentos concomitantes à NE

(CARVALHO et al., 2010).

Um estudo realizado por Sánchez & Colaboradores (2006), que teve como objetivo

detectar as complicações e interações entre medicamentos e a NE demonstrou as

intervenções realizadas pelo farmacêutico e mostrou que 11 pacientes (78,57%) obtiveram

complicações associadas à NE, ressaltando que o motivo principal se relacionou com a

administração de medicamentos por cateteres nasogástricos. Uma das recomendações

farmacêuticas realizadas foi a troca da forma farmacêutica sólida para a líquida. Outra

intervenção importante foi a recomendação para preparar o omeprazol, já que este não

pode ser triturado, e a utilização do soro glicosado 5% para preservar o revestimento

entérico do mesmo. Este estudo concluiu que a incorporação de um farmacêutico à equipe

de suporte nutricional ajuda na resolução de problemas surgidos na administração e preparo

de medicamentos em SE.

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4 METODOLOGIA

4.1 Desenho de estudo

Quanto à finalidade metodológica trata-se de pesquisa aplicada, a abordagem da

pesquisa é quantitativa, em relação ao objetivo metodológico é pesquisa descritiva. O

procedimento experimental trata-se de pesquisa documental, experimental e levantamento

de dados. O local de realização metodológico foi em Pesquisa de Campo. Trata-se de um

estudo observacional transversal consistindo no monitoramento do preparo a administração

dos medicamentos por SE.

4.2 Objeto de estudo

O objeto de estudo foi a investigação de medicamentos preparados e administrados

por SE em pacientes da UTI Adulto, com base em recomendações encontradas na

literatura, determinando o tipo e a frequência de não conformidades.

A amostra foi composta de 107 doses de medicamentos preparados e administrados

por SE.

4.3 Local e período de realização da pesquisa

A pesquisa foi realizada no período de 14 de Abril de 2014 a 04 de Maio de 2014, no

HGPP.

O local foi especificamente na UTI Adulto do hospital, por constituir-se em um lugar

onde estão restritos pacientes que são submetidos à terapia com diversos medicamentos e

que necessitam de suporte nutricional enteral.

4.4 Critérios de inclusão e exclusão

Foram inclusas todas as doses preparadas e administradas aos pacientes admitidos

na UTI Adulto do HGPP, que estiveram em uso de medicamento por SE durante o período

do estudo que totalizou 20 dias de monitoramento ininterruptos, sendo excluídos os

pacientes em precaução de contato e aerossóis para evitar riscos ao paciente e à

pesquisadora.

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19

4.5 Variáveis

Para avaliar o preparo das doses de medicamentos, as seguintes variáveis foram

observadas: trituração, diluição e misturas, para formas farmacêuticas sólidas e, para os

medicamentos líquidos somente a diluição e misturas.

Para avaliar a administração das doses, as variáveis observadas foram: pausa e

lavagem da sonda.

4.6 Instrumentos de coleta de dados, estratégias de aplicação, processamento,

análise e apresentação de dados

A técnica de coleta de dados foi a observação direta não participante. Neste estudo a

observação foi realizada, tendo como instrumento um roteiro tipo Check-list, onde foram

delineadas as variáveis que foram observadas durante o preparo e administração das doses

nos pacientes, para posteriormente avaliar se está “conforme” ou “não conforme”.

(APÊNDICE 2)

O instrumento foi adaptado de Lisboa (2011), nele foram contemplados dados sobre

os medicamentos como: nome por princípio ativo e forma de apresentação: sólida ou

líquida. Para as formas sólidas: comprimido simples, comprimido revestido, cápsula de

gelatina mole, cápsula de gelatina dura, comprimido de liberação prolongada e pós. Para

formas líquidas: xaropes, elixires, emulsões e gotas.

Em relação à preparação: se foi triturado (apenas para formas sólidas) diluído com

solução fisiológica ou água destilada (formas sólidas e líquidas) volume da diluição até 10

ml, até 15 ml, até 20 ml, entre 50 e 100 ml.

Em relação à administração: se foi feito pausa na dieta, se houve lavagem da sonda

antes e com quantos ml, lavagem depois e com quantos ml, entre as medicações com

quantos ml.

A coleta de dados foi realizada nos horários de 14h00min as 16h00min e de

20h00min as 22h00min. Esta demarcação de tempo foi estabelecida de acordo com

pesquisa de consulta de horários de maior administração de medicamentos, levando em

consideração que a equipe de enfermagem padroniza horários para esta prática e que as

mesmas trabalham em regime de plantão de 12 horas.

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20

4.7 Aspectos éticos

O referido projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Plataforma Brasil

do Governo Federal, com número do parecer 607.659 (ANEXO 2), e pela instituição

Sesau/HGPP onde foi realizada a pesquisa (ANEXO 1).

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi observado o preparo e administração de 23 medicamentos diferentes VSE, nas

formas líquidas e sólidas, em pacientes internados na UTI do HGPP. Deste modo, será

demonstrada a seguir a quantidade de doses dos medicamentos infundidos por SE,

analisadas de acordo com suas formas farmacêuticas (Tabela 1), já que as formas

interferem no modo como prepará-las e administrá-las.

Tabela 1 - Quantidade de formas farmacêuticas por dose dos medicamentos avaliados na

UTI Adulto do HGPP

Forma Farmacêutica n %

Sólidos 89 83,17%

Líquidos 18 16,83%

Total 107 100%

Os dados da Tabela 1 revelam a utilização de uma maior quantidade de fármacos na

forma sólida (83,17%), estes resultados são compatíveis com o estudo realizado no Hospital

Universitário do Ceará, em que a maioria dos medicamentos VSE foram prescritos nas

formas farmacêuticas sólidas, correspondendo a 84% e 16% de formas líquidas

(CARVALHO et al., 2010). Outro estudo efetivado por Heydrich (2006) detectou também o

emprego de 95% dos medicamentos, por meio de sonda enteral, em forma sólida enquanto

que para os líquidos obtiveram apenas 5% de uso. Resultados semelhantes a estes foram

observados em uma pesquisa que encontrou 97,06% dos fármacos administrados VSE

estavam na forma farmacêutica oral sólida (comprimidos e cápsulas) e apenas 2,94% na

forma líquida (RENOVATO; CARVALHO; ROCHA, 2010).

Apesar dos resultados, as formas líquidas são as mais indicadas para serem

inseridas VSE porque já se estão fluídas, porém alguns cuidados devem ser observados

para que os medicamentos não causem incompatibilidades como obstrução da sonda,

efeitos adversos indesejáveis e prejuízo da ação do fármaco, igualmente aos sólidos

preparados e infundidos de forma inadequada.

Diante dos resultados deste estudo acredita-se que o uso de uma maior quantidade

desta forma farmacêutica ocorra devido ao desconhecimento de que a forma líquida é

melhor do que a sólida e neste sentido não é realizada a troca por outro princípio ativo com

ação terapêutica idêntica, existente na forma líquida, ou a possibilidade de utilizar outras

vias de administração. Pode ser ainda que isso seja justificado por possivelmente haver uma

pequena quantidade de medicamentos em forma líquida padronizadas no hospital.

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A análise das diferentes formas farmacêuticas sólidas e líquidas se faz importante,

pois o risco é maior ou menor a depender do tipo de forma utilizada, uma vez que existem

diversas possibilidades a saber, cápsula, comprimido simples, revestido e de liberação

prolongada ou xaropes, emulsões, gotas, cada um com suas particularidades.

Em seguida estão descritas as formas farmacêuticas sólidas e líquidas analisadas

neste estudo de acordo com as doses dos medicamentos, conforme Figura 2 e Figura 3,

respectivamente.

.

Figura 2 - Distribuição das diferentes formas farmacêuticas sólidas por dose observadas na

UTI do HGPP (n=89)

65%

26%

7%

1% 1%

Comprimido Simples

Comprimido Revestido

Comprimido de liberaçãoprolongada

Cápsula de gelatina dura

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Figura 3 - Distribuição das diferentes formas farmacêuticas líquidas por dose na UTI Adulto

do HGPP (n=18)

Um estudo realizado por Heydrich (2006) que objetivou descrever o padrão de

utilização de medicamentos em pacientes que fizeram uso da nutrição enteral encontrou

resultados semelhantes para a detecção da forma farmacêutica mais utilizada, os

comprimidos simples com 71,9% empregados no preparo e administração dos

medicamentos. Assim como Lisboa (2011) mostrou que a forma farmacêutica utilizada por

SE com maior prevalência foi o comprimido simples (72,86%), seguido da cápsula de

gelatina dura (9,63%), pó (7,14%), comprimidos revestidos e liberação prolongada (3,11% e

0,61%), respectivamente.

Ao analisar opções de troca de medicamentos para utilização em terapia nutricional

enteral, Cervo (2013) verificou que os comprimidos simples foram as formas farmacêuticas

que apresentaram maior número de prescrições (69%). Destes, 33,3% possuíam opção de

troca para forma farmacêutica líquida.

Ao considerar a Figura 2 verifica-se que as formas farmacêuticas predominantes nos

sólidos foram os comprimidos simples (58%), mostrando concordância com outros estudos,

e a única forma não utilizada foi a cápsula de gelatina mole. O emprego de comprimidos

simples não é tão criterioso quanto, por exemplo, comprimidos com revestimento e de

liberação controlada que exigem uma atenção maior durante o preparo.

Para preparar e administrar medicamentos por SE é necessário que seja realizado

de forma adequada, pois podem ocorrer alterações na sua biodisponibilidade e eficácia

como, por exemplo, comprimidos de liberação prolongada, que a sua formulação original

56%

44% Gotas

Xarope

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libera o fármaco lentamente, permitindo menos doses ao dia. Se este é manipulado de

forma inadequada sua ação farmacológica será comprometida.

Ao analisar as formulações líquidas na Figura 3 observa-se que só foram utilizadas

duas formas, xarope e gotas, sendo que ambos tiveram quantidades de doses de

medicamentos praticamente iguais, contudo a utilização do xarope em quase 50% das

doses não é interessante devido a sua elevada viscosidade e, portanto, são propensos a

obstruir a sonda quando administrados com a NE.

Porém medicamentos em gotas com presença de sorbitol em sua formulação deve-

se ter atenção, pois pode provocar no paciente reações de intolerância GI, como vômitos e

diarréia (HOEFLER; VIDAL; 2009).

É importante ressaltar os princípios ativos utilizados já que eles apresentam

particularidades quanto a sua forma farmacêutica e que, portanto podem comprometer a

segurança no uso destes. A seguir a Tabela 2 apresenta a lista de todos os medicamentos

utilizados com suas respectivas quantidades de doses e formas farmacêuticas.

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Tabela 2 - Quantidade de doses analisadas, por princípio ativo, na UTI Adulto do HGPP

Princípio Ativo Forma

Farmacêutica

Nº de doses

N %

Ácido Acetil salicílico Cp. simples 1 0,95

Ác. Valpróico Xarope 4 3,8

Acebrofilina Xarope 4 3,8

Acetilcisteína Pó 1 0,95

Amitriptilina Cp. Revestido 13 12,25

Anlodipina Cp. Simples 2 1,9

Atenolol Cp. Simples 8 7,5

Azitromicina Cp. Revestido 1 0,95

Carbonato de Cálcio Cp. Simples 2 1,9

Diazepam Cp. Simples 6 5,7

Domperidona Cp. Simples 3 2,8

Fenitoína Cp. Simples 12 11,3

Fenobarbital Cp. simples 9 8,5

Haldol Gotas 3 2,9

Ibuprofeno Gotas 1 0,95

Lamotrigina Cp. Simples 9 8,5

Loperamida Cp. Simples 1 0,95

Losartano Cp. Revestido 3 2,9

Nimodipino Cp. Revestido 6 5,7

Oseltamivir Cáps. Gelatina dura 1 0,95

Paracetamol Gotas 6 5,7

Simeticona Cp. Simples 5 4,8

Venlafaxina Cp. Liberação

Prolongada

6 5,7

Total (n) 107 100

LEGENDA: Cp.: Comprimido; Cáps.: Cápsula.

Ao analisar a Tabela 2 observa-se a amitriptilina com o maior número de doses

utilizadas 12,25% o que corresponde a 13 doses. Este fármaco é um comprimido revestido

e, portanto deve-se ter bastante atenção ao prepara-lo, pois sua formulação tem a finalidade

de prevenir a sua destruição pelo suco gástrico, reduzir efeitos GI e retardar o começo da

ação do fármaco, deste modo ele não pode ser macerado durante o seu preparo. Além

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disso, este medicamento sofre ação da luz e, portanto deve ser rapidamente administrado

após o preparo.

Em um estudo realizado na Unidade de Terapia Intensiva de pacientes adultos e

Clínica Médica de um Hospital Universitário do interior do Rio Grande do Sul analisou,

dentre outros parâmetros, a frequência de medicamentos prescritos VSE e os que

apresentaram maior frequência foram: lorazepam, complexo B e ácido fólico, óleo mineral,

enalapril e lactulose, ácido acetilsalicílico, anlodipino e tiamina, clonazepam e cloreto de

potássio (CERVO, 2013).

Farias & Colaboradores (2011), relataram um estudo de caso onde a descrição dos

medicamentos com maior número de preparo por SE são: paracetamol (8,65%), captopril

(6,3%), docusato/bisacodil (4,68%), diazepam (4,44%), AAS (4,44%), clonidina (3,48%) e

metadona (3,36%).

Em outro estudo realizado por Gorzoni, Torre e Pires (2010), os medicamentos que

não são aconselháveis administrar por SE mais prescritos foram: fenitoína, lactulona,

ranitidina, captopril, omeprazol, ácido fólico, complexo B, tramadol, nifedipino, e bromoprida.

Sendo que para 15 dos 23 fármacos haviam alternativas para se fazer o uso correto. Neste

estudo, realizado na UTI adulto do HGPP, também foi encontrada a fenitoína como um dos

fármacos mais utilizados no preparo e administração de doses (Tabela 2), trata-se de um

comprimido simples e, portanto pode e deve ser triturado e diluído antes de administrá-lo.

Contudo, deve se ter cuidado com este fármaco no momento de administrá-lo já que o

mesmo pode ter seus níveis alterados quando infundido VSE.

A fenitoína tem sido bastante estudada, quanto a seu mecanismo de interação e

apesar de não estar bem esclarecido, supõe-se que a diminuição da sua concentração

sérica quando associada a nutrição se dá devido a ligação do fármaco aos sais de caseínato

presentes nas fórmulas enterais ou devido as soluções ácidas presentes na nutrição,

interação com o cálcio e por conseguinte complexação com proteínas presentes na nutrição

(CURASI, 2005; IZCO et al., 2001; SILVA et al., 2010).

O tipo e quantidade de cada fármaco variam de acordo com os estudos encontrados,

que se alteram a partir da padronização dos medicamentos de cada hospital e também com

os medicamentos observados no período da pesquisa. Sendo assim, encontra-se

discordância em quantidades e tipos de fármaco, porém a intenção do estudo é a mesma.

5.1 Frequência dos erros no preparo de medicamentos pela sonda de nutrição enteral

.

A categoria relacionada ao preparo deteve 61,2% dos erros totais, sabendo que das

107 doses, preparadas e administradas, foi detectado no mínimo um erro para cada dose e

que a mesma dose de medicamento participou de mais de uma categoria de erro.

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Os resultados para cada tipo de erro serão demonstrados e comentados

separadamente, de acordo com a forma farmacêutica. Na Figura 4 será demonstrado de

forma geral a quantidade de erros de preparo com fármacos sólidos e líquidos.

Figura 4 – Distribuição do erro das doses sólidas e líquidas preparadas na UTI Adulto do

HGPP

5.1.1 Sólidos

Entre as formas farmacêuticas sólidas havia comprimidos simples, comprimidos

revestidos, comprimidos de liberação prolongada, cápsula de gelatina dura e pó. A

quantificação dos erros de acordo com cada uma será demonstrada na Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição dos erros de trituração por dose de medicamentos sólidos na UTI

Adulto do HGPP

Forma Farmacêutica Nº de doses %

Comprimido Simples (n=58) 33 57

Comprimido Revestido (n=23) 15 65,2

Comprimido de liberação prolongada (n=6) 6 100

Total (n=89) 54 60,67

Sólidos Líquidos Total

193

15

208

92,8

7,2

100

Doses erradas Taxa de erro (%)

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O medicamento que mais obteve erros de trituração foram os comprimidos de

liberação prolongada, que se deteve à um único fármaco, a venlafaxina. Este por sua vez,

foi triturado enquanto não deveria e dessa forma perdendo suas características

farmacocinéticas e farmacodinâmicas, além de ao triturá-lo e dilui-lo este vira um líquido

viscoso, com grandes chances de obstruir a sonda. A verificação dos erros de preparo foi

seguida mediante um resumo de técnicas de preparo de medicamentos, de acordo com a

forma farmacêutica, presente no APÊNDICE 1.

Em um estudo que verificava as técnicas de preparo pelos técnicos de enfermagem

verificou-se também a trituração de um comprimido de succinato de metoprolol de liberação

controlada, com ação sobre o sistema cardiovascular, o que poderia acarretar risco

potencial de toxicidade, além de configurar prática irracional (RENOVATO; CARVALHO;

ROCHA, 2010).

Um estudo descrito por Lisboa (2010) verificou que foram trituradas indevidamente

10 doses (100%) de medicamentos com revestimento, dentre eles cloridrato de hidralazina,

nimodipino e pentoxifilina. Neste estudo, na UTI Adulto do HGPP, ocorreu resultados

semelhantes, os comprimidos revestidos de um total de 23 doses, 15 foram trituradas, ou

seja, preparadas erroneamente. Dentre estas doses alguns fármacos, amitriptilina (n=13)

com 8 doses preparadas erradas, nimodipino (n=6), 5 doses preparadas erradas. Estes

fármacos são formulados para que ao entrarem em contato com o pH ácido do estômago

permaneçam intactos e só se dissolvam em pH intestinal.

É válido ressaltar que, durante a coleta de dados, a amitriptilina quando não era

triturada passava por diluição, com duração de 30 minutos à 1 hora em copo descartável de

material transparente, prática incorreta pois, segundo as literaturas encontradas este

fármaco possui sensibilidade à luz e, portanto deve ser administrado rapidamente para não

ser degradado (MALAGOLI et al., 2009; NASCIMENTO, 2009; WHITE; BRADNAM, 2007).

Ação semelhante à esta foi encontrado em um estudo conduzido por Heydrich

(2006), que observando auxiliares de enfermagem descreveu que os comprimidos eram

deixados de “molho” até a hora de administração e só se trituravam as drágeas já que não

“desmancham” sozinhas. Pesquisa realizada por Mota & Colaboradores (2010), ressaltou

que 36,7% dos técnicos de enfermagem não se atentam às formas farmacêuticas,

oferecidas pela farmácia, e 34,7% acreditam que a formulação não interfere na ação do

fármaco.

A Tabela 4 relata algumas justificativas das apresentações que não devem ser

trituradas.

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Tabela 4 - Apresentações sólidas que não devem ser trituradas

Apresentações Orais Abreviações usuais

Razões da formulação original e

de contraindicação em sondas de

nutrição

Revestimento entérico (enteric-coated)

EC = Enteric-Coated

Planejado para passar intacto pelo estômago e iniciar a liberação do fármaco no intestino.

Sua formulação: - Previne a destruição do fármaco pelo suco gástrico - Reduz sintomas estomacais - Atrasa o início de ação do fármaco

Administrado pela sonda de nutrição: - Não é protegido da ação do suco gástrico - Ação farmacológica imediata e em

dose total

Liberação prolongada (extended-release)

CD = Controlled Delivery CR = Controlled Release LA = Long Action AP/PA = Prolonged Action SR = Slow Release XL = Extended Release XR = Extended Release

Planejado para liberar o fármaco

lentamente, permitindo menos doses

ao dia.

Sua formulação apresenta: - Camadas ou microgrânulos com tempo de dissolução progressivo - Revestimentos programados para

liberação lenta do fármaco

Administrado pela sonda de nutrição: - Não é protegido da ação do suco gástrico - Ação farmacológica imediata e em

dose total

FONTE: GORZONI; TORRES; PIRES, 2010

O quantitativo de erros que se detém aos comprimidos simples é por ausência de

trituração quando deveria. Fármacos detectados em maior evidência de erros são

lamotrigina (n=9), 7 doses preparadas erradas, fenobarbital (n=9), 5 doses preparadas

erradas, atenolol (n=8), 5 doses com erro. De um modo geral todos estes comprimidos

devem ser triturados antes de serem administrados pela sonda, conforme as técnicas no

APÊNDICE 1 e Figura 5.

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Figura 5 – Técnica correta de preparo para comprimidos simples

FONTE: MALAGOLI et al., 2009.

A consequência ao deixar de triturar os comprimidos é a obstrução da sonda, devido

ao acúmulo de partículas na parede do cateter. Isso leva a um trabalho extra por parte da

equipe, pois terá que desobstruir a sonda ou até mesmo retirá-la e recoloca-la. Além disso,

o desconforto para o paciente é indiscutível, pois terá que passar novamente o cateter para

retomar a nutrição, podendo ter risco de infecção.

Um estudo conduzido por Cervo (2013), em cinco meses de acompanhamento dos

pacientes com SE, observou-se uma obstrução da SE, representando uma taxa de

incidência de 2,2% por 100 pacientes.

Em uma análise de 234 medicamentos padronizados no Hospital Israelita Albert

Einstein, em São Paulo, os resultados alcançados indicativos aos problemas relacionados à

administração de medicamentos via sonda enteral foram divididos em: alteração da

farmacocinética da droga (38); danos ao TGI (9); obstrução da sonda (40); interação droga-

nutriente (7); e sem informação (33). Desse modo, 132 possíveis problemas com a

administração de medicamentos VSE (LIMA; NEGRINI, 2009).

Quanto à diluição dos medicamentos, o resultado de 100% de erro foi devido à

quantidade insuficiente de água durante o preparo. De uma forma geral todos os

medicamentos devem ser diluídos antes de serem administrados e ao observar as técnicas

realizadas a maior parte das doses foram diluídas, porém, com apenas 10 ml. Sendo assim

o erro foi caracterizado por ausência de diluição e quantidade insuficiente de água. A

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ausência de diluição aumenta a viscosidade do fármaco e isso leva a uma obstrução da

sonda, como já foi mencionado anteriormente na categoria da “trituração”.

Nas literaturas encontradas preconiza-se o uso de 20 a 30 ml, de modo geral, e

mesmo em algumas literaturas que indicam menos de 20 ml ainda assim aconselham no

mínimo 15 ml e havendo ainda fármacos que podem necessitar de até 60 ml de água

destilada (BANKHEAD et al., 2009; LECHUGA et al., 1998; LÓPEZ; PISÓN, 2008;

MALAGOLI, et al., 2009).

É válido ressaltar que apesar de não ter sido o foco desse estudo foi observado,

durante o processo de coleta de dados, alguns técnicos utilizando água potável para diluir

os medicamentos. Bankhead & Colaboradores (2009), no Guia de Recomendações da

ASPEN recomendam que a água utilizada deve ser estéril pois a água potável,

principalmente quando não se tem certificação da sua qualidade, pode ter presença de

metais pesados, microrganismos, pesticidas e até restos de medicamentos.

E, em um estudo conduzido por Heydrich (2006), verificou também que para o

preparo dos medicamentos a diluição foi feita tanto com água da torneira (78%) quanto com

água destilada (22%).

5.1.2 Líquidos

Entre as formas farmacêuticas líquidas haviam apenas xaropes e gotas. A

quantificação dos erros de acordo com cada uma será demonstrada na Tabela 5.

Tabela 5 – Distribuição da categoria de erro no preparo por dose de medicamentos líquidos

na UTI Adulto do HGPP

Par

a as formas líquidas se deteve à técnica de diluição já que não ocorre trituração. Os xaropes

com 63,6% detiveram maior taxa de erro, os fármacos que compuseram essa amostra foram

ácido valpróico (n=4), onde nenhuma dose foi diluída, acebrofilina (n= 4), havia 3 doses sem

diluir. O ácido valpróico possui osmolaridade de aproximadamente 1783 mOsm/Kg, teor de

sorbitol de aproximadamente 50 mg/mL (MALAGOLI et al., 2009). A intenção é que o

fármaco tenha osmolaridade mais próxima possível das secreções gastrintestinais que ficam

Forma Farmacêutica Categoria do erro: DILUIÇÃO

N° de doses %

Xarope (n=8) 7 87,5

Gotas (n=10) 4 40

Total (n=18) 11 61,1

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em torno de 100 a 400 mOsm/Kg, então se a osmolaridade do fármaco é ≥ 1000 mOsm/Kg

se torna obrigatória a diluição deste.

Quanto ao sorbitol, doses superiores a 10g/dia podem causar aerofagia, enquanto

que doses superiores a 20g/dia podem causar espasmos abdominais e diarreia. (IZCO et

al., 2001). Um estudo realizado por Lechuga & Colaboradores (1998), relatam que 90% das

formas farmacêuticas presentes no formulário do Hospital de la Santa Creu i Sant Pau,

Barcelona tinham uma osmolaridade ≥ 1000 mOsm/Kg.

Abaixo, na Figura 6 está demonstrada as formas farmacêuticas utilizadas, tanto

sólidas quanto líquidas, e suas respectivas percentagens de erro durante o preparo de

medicações para serem administradas por SE.

Figura 6 – Percentual de erro de preparo por forma farmacêutica de sólidos e líquidos na

UTI Adulto do HGPP

Em relação à categoria “mistura” houve 17 associações entre fármacos e 36 doses

com 100% de erros, já que não pode haver mistura de medicamentos durante o preparo e

nem administração em SE, tanto envolvendo as formas sólidas quanto líquidas. Na Tabela 6

está descrito a categoria “misturas” mais ocorridas e as que aconteceram na junção de três

fármacos.

57

65,2

100

87,5

40

0

20

40

60

80

100

120

Comprimidossimples

Comprimidorevestido

Comprimido deliberação

prolongada

Gotas Xaropes

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Tabela 6 – Medicamentos que foram preparados juntos na UTI Adulto do HGPP

Misturas Medicamentos Nº de doses

Preparo com três fármacos

Dimeticona + Amitriptilina +

Domperidona 1

Losartana + Ác. Valpróico +

Lamotrigina 1

Preparo com dois fármacos Fenobarbital + Ác. Valpróico 5

Fármaco que mais foi

preparado com outros

Fenitoína 5

Fenobarbital 6

Misturas não devem ocorrer durante o preparo dos medicamentos já que podem

ocorrer incompatibilidades físicas e químicas e interações entre eles provocando obstrução

da sonda, efeitos indesejáveis para o paciente, diminuição, aumento ou inibição do efeito

terapêutico. Portanto devem ser preparadas separadamente e ainda deve ser dado um

intervalo entre uma medicação e outra. Foram avaliadas potenciais interações entre os

fármacos preparados e administrados juntos utilizando as ferramentas de base de dados do

Micromedex® e Nursing Reference Center®.

O fenobarbital foi o mais utilizado, destacando que ele foi utilizado cinco vezes com o

ácido valpróico, que caracteriza potente interação medicamentosa uma vez que pode

resultar em toxicidade do fenobarbital e diminuição da eficácia do ácido valpróico. O

fenobarbital foi observado, em mistura, uma vez com o diazepam que também indica

interação medicamentosa ocorrendo potencialização dos efeitos de ambos, podendo induzir

depressão respiratória no paciente.

Interações importantes também foram relatadas da utilização da fenitoína com a

venlafaxina, associação realizada duas vezes, onde o paciente pode ter uma maior

depressão do sistema nervoso central. A venlafaxina foi utilizada com o losartano uma vez e

isso pode induzir hipotensão no paciente em uso concomitante das duas medicações.

Em um estudo foi detectado que a maioria dos auxiliares preparou dois

medicamentos ao mesmo tempo, havendo casos em que também se realizavam misturaras

e neste caso, sete e até oito medicamentos para serem administrados em pacientes em uso

de SNE. Algumas das situações em que ocorreu o preparo de sete fármacos em um mesmo

recipiente foi entre prednisona, cefuroxima, metformina, captopril, metronidazol,

hidroclorotiazida, ranitidina. E em outro caso, a junção de codeína, paracetamol, AAS,

metoclopramida, ranitidina, poliestirenosufonato de cálcio e metoprolol (HEYDRICH, 2006).

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5.2 Frequência dos erros na administração de medicamentos pela sonda de nutrição

enteral

Com relação à administração dos fármacos, este parâmetro obteve uma taxa de

38,8% de erros, relacionados ao total de doses administradas e preparadas. Nas categorias

relacionadas à “pausa” foram analisados os medicamentos que foram administrados

concomitantemente à NE e que obrigatoriamente não deveria ou não seria aconselhável. A

categoria “lavagem da sonda” foi avaliada se houve lavagem da sonda antes da

administração, entre as medicações e depois da administração. A Tabela 7 revela a

distribuição dos itens avaliados e a frequência das doses na administração do medicamento

tanto para forma sólida quanto líquida, pois nesta categoria os critérios envolvidos na

avaliação são os mesmos.

Tabela 7 - Distribuição dos erros de administração por dose na UTI Adulto do HGPP

Pausa (Inexistente) Lavagem da Sonda

Técnica Nº

doses % Antes Entre Depois

Obrigatório

pausar (n=53) 23 43,4

doses %

doses %

doses %

Aconselhável

pausar (n=8) 2 25 107 100 36 100 5 4,7

Na categoria de “pausa” delimitou-se a avaliar quais fármacos poderiam ser

administrados junto com a NE e quais os que não poderiam ser administrados. Dessa forma,

foi elaborado um quadro com os medicamentos que fazem parte do estudo e nele foi

relatado sobre a forma correta de administração destes concomitantes à nutrição. A Tabela

8 foi escrita a partir das literaturas encontradas incluindo guias de administração de

medicamentos por sonda enteral.

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Tabela 8 – Recomendações para administração dos fármacos avaliados em estudo na UTI

Adulto do HGPP

Princípio Ativo Recomendações para administração

AAS (cp.)** Pode ser administrado com a NE. (1,6,8)*

Ác. Valpróico (xp.)** Não se aconselha administrar com a NE; retarda a absorção e

reduz suas concentrações séricas. (5,6,10)*

Acebrofilina (xp.)** Não se aconselha administrar com a NE; risco de obstrução. (7)*

Acetilcisteína (pó)** Não se aconselha administrar com a NE; risco de obstrução. (11)

Amitriptilina (cp.)** Pode administrar com NE. (1,6,8)*

Anlodipina (cp.)** Pode ser administrado com a NE; diminui os efeitos GI. (1,6,8)*

Atenolol (cp.)** Não se aconselha administrar com NE; pode reduzir em 20% suas

concentrações séricas. (5,6,10)*

Azitromicina (cp.)** Pode administrar com NE; diminui os efeitos GI. (5,6,10)*

Carbonato de Cálcio

(cp.)** Não é aconselhável administrar com NE; pode obstruir a sonda. (2)*

Diazepam (cp.)** Não se aconselha administrar com NE; pode elevar os níveis do

fármaco. (6,8,10)*

Domperidona (cp.)** Não se aconselha administrar com NE; reduz sua absorção. (2)*

Fenitoína (cp.)** Não se aconselha administrar com NE; reduz os níveis em 35% a

80%. (5,6,8,10)*

Fenobarbital (cp.)** Pode administrar com NE. (5,6,8)*

Haloperidol (gts.)** Não se aconselha administrar com NE; pode obstruir a sonda. (5,6,8)*

Ibuprofeno (gts.)** Não se aconselha administrar com NE; risco de obstruir a sonda.

(3,5)*

Lamotrigina (cp.)** Pode administrar com NE. (4,5)*

Loperamida (cp.)** Não há informações na literatura.

Losartano (cp.)** Pode administrar com NE. (5,6,8)*

Nimodipino (cp)** Não é aconselhável administrar com NE; tem sua absorção

diminuída. (1,6,8)*

Oseltamivir (cap.)** Não há informações na literatura.

Paracetamol (gts)** Pode administrar com NE. (5,6,8)*

Simeticona (cp.)** Não há informações na literatura sobre comprimidos; trocar por

gotas. (6,8)*

Venlafaxina (cp.)** Não é aconselhável administrar com NE; risco de obstruir a sonda.

(2,4,9)*

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LEGENDA: * (1) CERVO, 2013, (2) JAMAL; DUMKE, 2012, (3) LECHUGA et al, 1998, (4) LIMA; NEGRINI, 2008, (5) LÓPEZ; PISÓN, 2008, (6) MALAGOLI et al, 2009, (7) Micromedex®, (8) NASCIMENTO, 2009, (10) Consórcio Paraná Saúde, 2011, (11) HEYDRICH, 2006. ** (cp.) comprimido; (cap.) cápsula; (gts.) gotas, (xp.) xarope. NOTA: Fármacos em negrito ressaltam

interação com a NE.

É válido ressaltar que as doses que compuseram o tópico “aconselhável pausar” são

os fármacos listados que não foi encontrada informação na literatura, deste modo como

forma de segurança admitiu-se que para estes seria aconselhável a pausa da NE.

Há ainda aqueles que também devem ser mencionados, onde aconselha-se

administrá-los juntamente a NE para evitar efeitos GI são eles, anlodipino e azitromicina que

foram administrados juntamente a dieta, ou seja não foram considerados erros de

administração.

Dentre os fármacos relacionados os mais criteriosos, ou seja, que obrigatoriamente

não deveriam ser administrados junto com a NE, em meio aos que mais obtiveram erros:

acebrofilina (n=4), 4 com erro de administração; haloperidol (n=3), 2 com erro de

administração; fenitoína (n=12), 4 com erro de administração; diazepam (n=6), 2 com erro

de administração. Lisboa (2011), detectou em seu estudo 60 doses administradas sem

pausa referentes a 17 (32,69%) medicamentos diferentes, os fármacos em prevalência

foram cloridrato de amiodarona e captopril.

A acebrofilina, xarope, exige uma atenção maior devido a sua osmolaridade elevada

e, por conseguinte, elevada viscosidade, além disso, esta ainda detém uma grande

quantidade de sorbitol o que eleva o risco de reações indesejadas no trato GI do paciente. O

haloperidol, gotas, apresenta um pH inferior a 3,5 e portanto ácido, podendo causar

precipitação e obstruir a sonda. Carvalho & Colaboradores (2010) observou em seu estudo

que dos 48 medicamentos encontrados, 33% havia possíveis interações com a nutrição,

58% dos medicamentos existiam informações sobre a sua viabilização na administração por

SE. Do total de pacientes analisados 95,4% apresentaram interações potenciais.

A fenitoína tem seus níveis séricos reduzidos em até 80% quando administrados com

a NE, isso é devido a sua complexação com proteínas presentes na dieta. O diazepam

eleva seu nível ao entrar em contato com a NE. Uma pesquisa conduzida por Gorzoni, Torre

e Pires (2010), desenvolveram um estudo sobre medicamentos e sondas enterais o qual

detectou média de fármacos por esta via 5,6 ± 2,2, onde havia 316 itens medicamentosos

nas prescrições divididos em 64 fármacos, sendo 129 itens e 23 fármacos impróprios para

esta via. Dentre os mais prescritos a fenitoína foi detectada com erro de administração,

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igualmente à este estudo realizado no HGPP, o estudo também encontrou ranitidina,

captopril, complexo B e omeprazol.

Um estudo in vitro de formas farmacêuticas sólidas administradas por sonda enteral

demonstrou que a fenitoína em 1h30min após ser infundida ela está 91,33% complexada

com proteínas da nutrição, porém essa união com as proteínas vai diminuíndo de forma

gradativa e ao fim de 4 horas 68,62% da fenitoína está recuperada (CURASI, 2005).

A categoria lavagem da sonda foi 100% ausente antes da administração do

medicamento e entre as medicações, até porque como já foi comentado anteriormente os

fármacos foram misturados não havendo dessa forma como lavar entre as medicações.

Seguindo as técnicas descritas no APÊNDICE 1 a lavagem da sonda é feita com no mínimo

15 ml de água destilada, para tanto a técnica observada durante a lavagem após a

administração do fármaco utilizou, em todas as vezes, 20 ml de água, ressaltando que

apenas para cinco doses não foram realizadas a lavagem neste sentido.

Um estudo com resultados semelhantes foi relatado por Heydrich (2006), que

observou 60 técnicos de enfermagem durante o preparo a administração de fármacos por

SE e observou que 75% lavaram a sonda após administração do medicamento e 5%

lavaram a sonda antes e depois da administração e 25% não lavaram a sonda. Farias &

Colaboradores (2011), também observaram dados análogos onde 77,6% das vezes

administraram-se 20 ml de água após infundir o medicamento pela SE, porém apenas 7,9%

utilizaram água antes da administração do mesmo.

E, em uma pesquisa foi avaliado o conhecimento dos enfermeiros sobre a

administração de fármacos por sonda enteral e nasogástrica, dos 49 entrevistados 9

(18,30%) responderam que não tinham conhecimento (MOTA et al., 2010). Ao analisar a

frequência e o tipo de erro ocorrido nesta pesquisa observa-se que estes encontram-se em

concordância com outros estudos. Portanto é de suma importância uma melhoria das

técnicas do auxiliares de enfermagem que são os que lidam diretamente com o preparo e

administração de medicamentos por sonda enteral.

5.3 Síntese dos resultados

A forma farmacêutica que mais apresentou doses de medicamentos foi a sólida,

representando 83,17% com predominância de comprimidos simples (65%);

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Na forma líquida houve quase uma equivalência da quantidade de doses

utilizadas para gotas e xaropes;

Dos 24 medicamentos descritos o que obteve maior número de doses foi a

amitriptilina seguida da fenitoína;

Para o total de erros detectados o preparo foi a categoria em que mais houve

erros (61,2%);

A forma que mais apresentou preparo de doses erradas foi o comprimido de

liberação prolongada (100%), que se deteve ao fármaco venlafaxina;

A diluição de sólidos ocorreu erro de 100% e todas as misturas ocorridas foram

consideradas erradas;

A administração dos medicamentos obteve 43,4% de erro na categoria

“obrigatório pausa”, dentre eles, a fenitoína, destacando-se como medicamento

de maior risco de interação com os nutrientes da sonda;

A lavagem da sonda detectou 100% de ausência na lavagem antes de

administrar o medicamento;

No entanto, 95,3% realizaram a técnica correta ao lavar o cateter depois da

infusão do fármaco.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os pacientes internados em UTI estão em sua grande maioria em uso de sondas de

alimentação, devido ao comprometimento da deglutição, dessa forma ao ser necessário a

ingesta de medicamentos em forma oral deve-se realizar o preparo para posterior

administração pela sonda.

Cada passo para realização do preparo e administração é de suma importância e

deve se ter bastante atenção ao realiza-los, pois um erro em qualquer parte deste trajeto

trará complicações ao paciente e à sonda artificial.

Considerando os resultados nesse estudo verificou-se muitos erros, principalmente

no preparo do medicamento para ser administrado pela sonda. A lavagem da sonda antes

de infundir o medicamento demonstrou a categoria mais relevante, pois houve 100% de

ausência na lavagem.

É válido ressaltar que poderia haver um alinhamento entre o farmacêutico da UTI e a

Comissão de Farmacoterapêutica do HGPP no momento de elaborar a padronização de

medicamentos do hospital visando atender as necessidades da UTI em relação à demanda

de fármacos em forma líquida para utilização por SE.

Esta pesquisa mostrou-se importante para ressaltar que erros e até acertos de

técnicas que antes eram desconhecidas pelos funcionários do HGPP terão a chance de

serem adequadas e melhoradas diante dos resultados deste estudo

Foi observado que prevalece um padrão de técnicas entre os auxiliares de

enfermagem da UTI do HGPP, pois a maioria dos erros cometidos por alguns outros

também cometeram e do mesmo modo foram observados com os acertos.

Deste modo, conclui-se que há necessidade de uma melhoria das técnicas aplicadas

pela equipe para que haja uma maior segurança para o paciente e maior eficácia no

tratamento, e para isso o farmacêutico como conhecedor das formulações dos

medicamentos seria o profissional adequado para instruir a forma correta das técnicas.

Contudo, seria ideal a elaboração de um manual de orientações para preparo e

administração de medicamentos por sonda enteral, já que o hospital não dispõe deste

material.

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ANEXOS

ANEXO 1 – Aprovação da Sesau/HGPP

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ANEXO 2 – Parecer do Comitê de Ética da Plataforma Brasil

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APÊNDICE

APÊNDICE 1 – Técnicas para preparo de medicamentos por sonda

Comprimido Simples

- Lavar o gral e o pistilo com água e sabão, secar e realizar desinfecção com álcool 70%; - Triturar até obter um pó fino e homogêneo; - Transferir com uma espátula para uma seringa de 20 ml (prévia retirada do êmbolo); - Lavar os utensílios de trituração utilizados com 5 a 10 ml de água, transferir para a seringa, completar até 15 ml e agitar. - Administrar pelo cateter imediatamente; - Lavar a seringa com 15 ml adicionais de água pelo cateter.

Comprimidos dispersíveis

- Retirar o êmbolo de uma seringa de 20 ml; - Colocar o comprimido sem triturar na seringa e agitar periodicamente até a forma farmacêutica está desintegrada; - Administrar pelo cateter imediatamente; - Lavar a seringa com 15 ml adicionais de água pelo cateter.

Comprimidos efervescentes - Colocar o comprimido em um copo descartável; - Acrescentar 20 a 30 ml de água; - Administrar ao terminar a efervescência.

Comp. Com revestimento; de liberação controlada

- Retirar o êmbolo de uma seringa de 20 ml; - Colocar o comprimido sem triturar na seringa e agitar periodicamente até a forma farmacêutica está desintegrada; - Administrar pelo cateter imediatamente; - Lavar a seringa com 15 ml adicionais de água pelo cateter

Cápsulas de gelatina dura

- Abrir e esvaziar seu conteúdo em uma seringa de 20 ml (prévia retirada do êmbolo); - Colocar o êmbolo e acrescentar 15 a 20 ml de água e agitar; - Se o produto final ficar muito viscoso diluir até 60 ml de água em seringa de 60 ml com bico cateter e agitar; - Lavar a seringa com 15 ml adicionais de água pelo cateter.

Cápsulas de gelatina mole

- Extrair o conteúdo da cápsula com uma seringa; - Completar com o diluente e volume adequado (seguir recomendação por princípio ativo) - Administrar pelo cateter imediatamente.

Xaropes - Aspirar a quantidade prescrita e diluir em 10 a 30 ml de água;

Suspensão

- Agitar o frasco do medicamento e aspirar a quantidade prescrita; - Verificar a quantidade de sorbitol e osmolaridade para avaliar a necessidade de diluição do medicamento.

FONTE: ROCHA, 2006; WILLIAMS, 2008 Apud LISBOA, 2011.

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APÊNDICE 2 – Observação dos medicamentos na UTI Adulto do HGPP

DATA/ HORA:

MEDICAMENTO

Nome do PA:

SÓLIDO LÍQUIDO

Cp. Simples Xarope

Cp. Revest. Entérico Emulsão

Cp. Gel. Mole Elixir

Cp. Gel. Dura Gotas

Cp.Liber.Prolongada

PREPARO DE MEDICAMENTOS

OBSERVAÇÃO SIM NÃO

Triturou

Diluiu com Soro Fisiol.

Água Destil.

Vol. até 10 mL

Vol. até 15 mL

Vol. até 20 mL

Vol. 50 – 100 mL

ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS

OBSERVAÇÃO SIM NÃO

Adm. c/ dieta

Interrompeu a dieta.

Lavou Sonda antes. Com quantos ml

Lavou Sonda depois. Com quantos ml

Lavou entre as medicações. Com quantos ml