women's way

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1 ISSO É COISA DE MULHER! 2015 ESTÁ ! ESPORTE E SUCESSO NA NATUREZA Uma triatleta, uma dentista e uma jornalista mostram como o esporte pode transformar vidas As seleções femininas estão preparadas para dar show Gosto pelo turismo de aventura cresce entre as mulheres Atletas do rúgbi e do roller derby mostram que ser feminina tem tudo a ver com a prática esportiva

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Page 1: Women's way

1

Isso é coIsa de mulher!

2015 já está aí!

esporte e sucesso

Na Natureza

Uma triatleta, uma dentista e uma jornalista mostram como o esportepode transformar vidas

As seleções femininasestão preparadas para dar show

Gosto pelo turismo de aventura cresce entre as mulheres

Atletas do rúgbi e do roller derby mostram que ser feminina tem tudo a ver com a prática esportiva

Page 2: Women's way

2 3Women’s Way

Page 3: Women's way

4 5Women’s Way

EDITORIAL/EXPEDIENTE

prepare-se! eXpedIeNte

Editora-chefe: Sirlene Farias

Diretor de arte: Mauro de Oliveira

Designers: Juliana Miyahira,

Silene Bastos e Sirlene Farias

Diretora comercial: Silene Bastos

Repórteres: Juliana Miyahira,

Mauro de Oliveira, Silene Bastos

e Sirlene Farias

Colaboradores: Alex Sandro Crema,

Maria Eduarda Alves, Mauro de

Oliveira e Nathália Almeida

Revisão: Sirlene Farias

Capa: Mauro de Oliveira

Impressão: AroPrint Gráfica

Tiragem: 25 mil exemplares

Circulação: Nacional

Quem Faz a WomeN’s WaY

A editora-chefe Sirlene Farias já jogou handebol, futebol e praticou atletismo. Atualmente, sua modalidade favorita é a corrida, mas vez por outra arrisca deslizar sobre patins. E con-fessa: “Sou um desastre!”

Diretora comercial, repórter, fotógrafa e designer. Dá pra ver que a jornalista Silene Bastos é multitarefa. E ainda ri das trapalhadas de sua editora quando as duas saem para patinar.

Juliana Miyahira é repórter, designer e fã de adrenalina e es-portes radicais. Atualmente pratica stand up paddle e já de-monstra pleno domínio sobre a prancha.

Repórter, fotógrafo e diretor de arte, Mauro de Oliveira analisa as mulheres muito além do alcance de suas lentes. Gosta de pedalar, mas ainda não encontrou um modo de manter o equi-líbrio e segurar a câmera ao mesmo tempo.

EQUIPE

A decisão de sair do sedentarismo passa por processo semelhante

ao do processo de criar uma nova revista. É preciso acreditar no

potencial futuro, nos benefícios trazidos e assumir uma postiura

ativa. Essa é uma das razões por que estamos aqui. A outra, é você,

leitora.

Há muito tempo observamos uma imensa lacuna dentre os veícu-

los impressos. Não havia no mercado uma revista que tratasse o

esporte com a merecida seriedade que lhe cabe e que, ao mesmo

tempo fosse voltada para mulheres.

Não somos o tipo de mulher que faz do esporte um benefício para

o corpo. Somos um grupo que acreditamos que o esporte vai além

dos benefícios para o corpo: é um estilo de vida, que nos interessa

enquanto praticantes de atividades físicas, enquanto torcedoras

e enquanto apaixonadas pela prática esportiva como um todo. É a

revista que trata do esporte do seu jeito.

Prepare-se. Esta é só a primeira edição da Women’s Way, e ainda

há muito o que explorar. Esperamos que você tenha com a leitura o

mesmo prazer que tivemos com a produção.

Um abraço,

Sirlene FariasEditora-chefe

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Page 4: Women's way

6 7Women’s Way

SUMÁRIO

Cidade

41 Orientação nutricional ao alcance das paulis-tanasAtletas amadoras da megalópole confessam não consultar especialista

43 Vai pra onde? Para aquela mulher que tem muito mais o que fazer

45 Na esteira da saúde Pilates: benefícios em qualquer idade

46 No prato Pausa para um lanche saudável

PolítiCa Brasileira

8 Esporte, mulher e política: um belo exercício de açõesComo o poder público, atletas e ex-atletas podem mudar a sociedade

eConomia

12 Verba desclassificatóriaFalta de patrocínio impede equipes femininas de participar de competições

internaCional

16 A Copa do Mundo é em 2015Após anos de proibição, 24 seleções femininas competem pelo título de melhor equipe do globo

meio amBiente

20 Aventura na natureza: combinação ao gosto femininoA paixão pelo turismo de aventura tem crescido entre as mulheres

arte e Cultura

24 Maratona na PalestinaA jornalista Adriana Mabília conta como o preparo físico a auxiliou no desenvolvimento de seu novo livro

27 Mente em movimento O que há de melhor em esporte e cultura

esPorte

30 Que nem macho, não!Atletas mostram que envolvimento com o esporte tem tudo a ver com feminilidade

33 Palavra de homem O prazer feminino na prática esportiva

34 Perfil/Capa De jaleco e tênis de corrida

36 Papo de boleira Futebol: esporte para todos

38 Território feminino (Con)vivendo com o feminino

39 Eu testei! Rexona MotionSense

40 Shopping Sabor e saúde

nesta ediÇÃo...

Page 5: Women's way

8 9Women’s Way

POLÍTICA BRASILEIRAPOLÍTICA BRASILEIRA

Fernanda Keller não é política, é atleta;

a deputada Luci Choinacki não é atleta, é

política. Ambas atuam em áreas distintas

e têm como foco incluir os excluídos do

esporte em patamares que os possibilite

competir por pódios sociais. Suas inicia-

tivas provam que não somente o governo

deve agir em prol da sociedade, mas que

pessoas detentoras de conhecimento e

influência esportiva têm o esporte como

uma arma eficaz contra o preconceito e

a ausência de ações sociais.

A triatleta Fernanda Keller faz política

sem ser política ao atuar no esporte há

mais de 20 anos correndo, pedalando e

nadando. Ela é a única atleta feminina

a participar por 22 anos consecutivos do

Campeonato Mundial de Ironman (prova

que inclui 3,8 km de natação, 180 km de

ciclismo e 42 km de corrida). Às vésperas

de completar 50 anos, ainda em ativi-

dade, consegue fôlego para trabalhar

em um instituto que leva seu nome e

que tem como objetivo principal ajudar

crianças menos favorecidas por meio do

esporte.

Segundo o site do instituto, ela oferece

“gratuitamente, projetos sociais em Ni-

era nociva à sua saúde, especialmente

à maternidade. “Além da participação

feminina no esporte, as mulheres têm

muitas dificuldades, principalmente em

relação aos patrocínios, que são fracos

e difíceis”, afirmou Luci. Ela destacou,

ainda, o “empreendedorismo” da presi-

denta Dilma Rousseff e o “engajamento”

de várias desportistas nos preparativos

da Copa 2014 e das Olimpíadas de 2016.

As atletas Ana Moser (vôlei), Carmem

de Oliveira (atletismo), Hortência (bas-

quete), Luisa Parente (ginástica artís-

tica) e mais 39 atletas fazem parte do

ATLETAS, organização sem fins lucrativos

TANTO KELLER QUANTO ChOINACKI ACREDITAM QUE O ESPORTE fAz BEM à SAúDE fÍSICA E MENTAL E SãO óTIMAS

fERRAMENTAS A SEREM USADAS EM PROL DO SOCIAL.

a necessidade de programas e medidas

para a superação dessas questões.

Exemplos como os da jogadora Marta e

até mesmo de toda a seleção brasilei-

ra feminina de futebol, além de atletas

em busca de apoio e patrocínio e com

dificuldades para competir, são algumas

das justificativas do projeto de lei. A de-

putada ressalta que de 1965 a 1986, a

legislação brasileira proibiu as mulhe-

res de praticarem lutas, futebol, pólo

aquático, rúgbi e beisebol, pois, naquela

época, segundo ela, cultivava-se a ideia

de que a prática de futebol por mulheres

que, segundo o site, reúne, em iniciati-

va inédita no mundo, atletas e ex-atletas

de diferentes gerações e modalidades

esportivas para chamar a atenção, sen-

sibilizar, conscientizar e mobilizar a so-

ciedade no apoio a causas importantes

para o Brasil.

Exemplo dos efeitos positivos do esporte

na vida das pessoas é o caso da Amanda

Costa de Sena. “Fiz balé, caratê, futsal,

handebol, e hoje, depois que me mudei

para São Paulo, não faço nada disso,

mas ando de skate, esporte pelo qual me

PARCERIAS QUE DãO

RESULTADO

Fernanda Keller conta

com orgulho de seu pro-

jeto “correndo por um

ideal”, em parceria com

a Nestlé. “Ele é voltado

para nutrição e estamos

indo para o terceiro ano,

agora, rumo a Washing-

ton, representando o Bra-

sil na Conferência Mun-

dial de Saúde Infantil e de

Valores Compartilhados.”

O Instituto buscou inse-

rir essas duas estudan-

tes, já formadas, em um

contexto social melhor,

mostrando a importância

da educação. Elas com-

petem e participam de

eventos representando a

universidade. “Ainda não

temos um projeto de alta

performance, mas é um

sonho futuro conseguir

incentivos para treinar e

preparar atletas.” Revela

a atleta.

www.institutofernan-

dakeller.com.br

foto

ESPORTE, MULhER E POLÍTICA: UM BELO EXERCÍCIO DE AçõES

Conquistar algo em favor do soCial mereCe destaque. o poder, a influênCia e a CapaCidade de dar algo ao outro são neCessários na

soCiedade do esportepor Mauro de Oliveira

terói, sua cidade natal, em conjunto com

uma equipe de profissionais especiali-

zados, voltados para o atendimento de

crianças e adolescentes de baixa renda,

com idades entre 7 e 18 anos, todos es-

tudantes da rede pública de ensino”.

Uma ação importante em prol de atletas

do gênero feminino, porém com pouco

destaque, ocorrida na política, foi o pro-

jeto de lei da deputada Luci, que insti-

tuiu 2013 como ano nacional do esporte

feminino. O objetivo do projeto é divul-

gar as conquistas femininas na área,

denunciar os obstáculos e preconceitos

de gênero e incluir na agenda política

Amanda Sena acompanha a movimentação de skatistas no Parque

Villa-Lobos, em São Paulo. Foto: Mauro de Oliveira

Page 6: Women's way

10 11Women’s Way

POLÍTICA BRASILEIRAapaixonei”, conta. “Uso essa atividade

para sair da rotina da internet e para me

distrair um pouco”, diz ela, que confes-

sou ter visto pessoas relacionando essa

prática também ao uso de drogas. Re-

cém-saída da adolescência, já viu pesso-

as usarem entorpecentes, mas aprendeu

que o esporte faz bem e acha que todas

as crianças deveriam ter o mesmo incen-

tivo que teve.

O cientista político Antonio Roberto Vig-

ne diz que vê com bons olhos iniciativas

de pessoas que buscam fazer a sua parte

dentro da sociedade, ajudando a corrigir

erros do sistema social, mas faz um aler-

ta: “Não dá para dizer que são, de fato,

consciência social todas as ações que

se veem por aí, lembrando que investir

no social isenta de imposto de renda e

auxilia na imagem junto à mídia, au-

mentando lucros na venda de produtos

agregados que promovem a imagem do

atleta junto aos meios de comunicação”,

esclarece. “Mas, claro, pode ter fundo

social verídico em alguns casos, não em

todos“.

o fato de o projeto de lei que instituiu

2013 como ano nacional do esporte fe-

minino não ter inspirado grandes maté-

rias e debates sobre o assunto não signi-

fica que esse tema sofra preconceito ou

desinteresse. Segundo Vigne, pode signi-

ficar simplesmente que o governo fede-

ral não comprou a ideia totalmente, não

investindo o suficiente em publicidade

nesse sentido. Para o cientista político,

a razão pode ser, talvez, por haver outras

prioridades em mídia, como a Copa das

Confederações, os Jogos Olímpicos e a

Copa do Mundo – além de temas políti-

cos já em voga.

Ações sociais são bem-vindas. Vigne diz

que iniciativas pessoais de alguns atle-

tas, como Fernanda Keller, são o exem-

plo do que um ser humano pode fazer de

diferença por simplesmente tentar algo.

“Pode parecer insuficiente, quixotesco

em alguns casos, utópico em outros, mas

sem pessoas como esta, não haveria os

bons exemplos e, por certo, o esporte é

A triatleta e ativista do esporte, Fernanda Keller. Foto: arquivo pessoal

uma ferramenta que mostra pessoas as-

sim ao mundo, tanto quanto a boa polí-

tica, correta e ética, independentemente

de qual for a ideologia professada, em

um processo democrático pleno”.

Todos lucram com boas ações.

Page 7: Women's way

12 13Women’s Way

ECONOMIA ECONOMIA

VERBA DESCLASSIfICATóRIA

a falta de patroCínio tem deixado as equipes femininas do esporte brasileiro fora de Competições

por Sirlene Farias

A história do esporte inevitavelmente nos

remete à Grécia antiga. Há registros de

que as primeiras competições, que deram

origem aos Jogos Olímpicos, surgiram

por volta de 2.500 a.C. Naquele período,

o esporte era um meio de se reverenciar

Zeus, mas a participação era restrita a um

grupo seleto de homens – as mulheres

eram proibidas de se envolver em qual-

quer modalidade.

Ao longo dos séculos, o esporte foi se

tornando mais democrático e adapta-

do aos diferentes gêneros. Deixou de

ser um modo de se reverenciar um deus

para tornar-se uma máquina de fazer di-

nheiro aos patrocinadores e, por meio do

marketing esportivo, um importante im-

pulsionador da economia mundial. “Dos

grandes eventos até a própria indústria

esportiva que consome o esporte, como o

futebol, por exemplo, que tem faturamen-

to alto com os grandes clubes, a economia

sofre impacto quando falamos do esporte

como um todo, e o marketing esportivo

está dentro disso”, explica o diretor de

marketing e vice-presidente do Instituto

Brasileiro de Marketing Esportivo (IBME),

Rafael Zanette.

O especialista está correto. Segundo es-

tudo da consultoria AT Kearney, o esporte

movimenta mais de 64 bilhões de dólares

ao ano no mundo todo, em uma via de

mão dupla em que atletas e empresas são

mutuamente beneficiadas – os atletas

têm aporte financeiro para manter-se nas

competições e a empresa agrega valor à

sua imagem.

De acordo com dados da Fundação Getú-

lio Vargas, no Brasil, o esporte movimenta

cerca de 3,3% do PIB, algo em torno de

R$ 30 milhões por ano. Existe, portanto,

um grande potencial a ser explorado pe-

equipe da baixada santista, em um mo-

mento em que a própria torcida afirmava

que atuavam melhor que sua contrapar-

te. Mas em janeiro de 2012, as Sereias

da Vila – nome dado à equipe feminina

do Santos Futebol Clube – anunciaram o

encerramento das atividades por conta de

falta de patrocínio. As jogadoras não se

conformaram e apelaram, no Twitter, a

colegas do time masculino, mas não con-

seguiram reverter a situação.

À época, o presidente do Santos, Luís Ál-

varo de Oliveira Ribeiro, o Laor, disse, em

modalidades também sofrem em virtude

da falta de patrocínio. Em 2012, a equipe

do voleibol do Mackenzie abandonou a

Superliga Feminina de Vôlei, temporada

2012/2013, devido à falta de patrocínio,

que impossibilitava às jogadoras viajar e

se hospedar nas cidades onde aconteciam

os jogos. Em São Bernardo do Campo, ao

questionar rapidamente a jogadora do

ASA/São Bernardo, Natalia Mammana, de

17 anos, sobre problemas com patrocínio,

a resposta foi curta e incisiva: “Na minha

categoria, estamos sem nenhum patrocí-

nio”.

“‘TALVEz O RESULTADO DO ESPORTE MASCULINO NO BRASIL SEjA MELhOR, LOgO A EXPOSIçãO MAIOR’.

– RAfAEL zANETTE, DO IBME. AO MENOS PARA O fUTEBOL, ESSA AfIRMAçãO NãO SE APLICA”

las empresas brasileiras, principalmente

considerando que a Copa do Mundo de

Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de

2016 serão realizados em território nacio-

nal.

Entretanto, diferentes modalidades têm

visibilidade distinta, o que reduz o inte-

resse das empresas em patrocinar o es-

porte. Mais: se a modalidade for feminina

– mesmo no futebol, que movimenta 28

bilhões de dólares ao ano –, a dificuldade

é ainda maior.

A seleção brasileira de futebol feminino

teve, em 2011, nove representantes da

entrevista coletiva, que a falta de patro-

cínio e a baixa exposição da modalidade

foram responsáveis por esse resultado

tão sombrio. “As condições objetivas da

modalidade não têm sido devidamente

apreciadas com uma visão um pouco mais

ampla e um pouco mais de longo prazo”.

Essa ponderação reflete a opinião da se-

reia Erika Cristiano dos Santos. “Eu espero

que alguém veja tudo isso e possa, de al-

guma forma, arranjar patrocínios e divul-

gar mais o futebol feminino”, comentou

enquanto enxugava as lágrimas, reflexo

de sua decepção.

Atletas do gênero feminino de outras

Natalia, que pratica esportes desde os 8

anos, procura conciliar escola com trei-

nos, mas demonstra desânimo ao avaliar

a falta de interessa das empresas em

patrocinar equipes femininas. “É compli-

cado uma equipe entrar em campeonatos

sem dinheiro. Trazer meninas de fora da

cidade custa caro. Existem as viagens para

jogar, pagamento de árbitros, transferên-

cia de jogadoras”, explica, antes de fazer

uma surpreendente declaração: “Muitas

vezes já vendemos rifas para pagar árbi-

tros e uniformes”.

Responsáveis por mediar o contato entre

patrocinador e patrocinado, especialistas A jogadora de basquete do São Bernardo, Natalia Mammana, conta que sua categoria enfrenta o problema

da falta de patrocínio. Foto: Sirlene Farias

Page 8: Women's way

14 15Women’s Way

ECONOMIAdo marketing esportivo negam que não

haja interesse das empresas em patroci-

nar o esporte feminino. Rafael Zanette,

do IBME, diz não saber até que ponto

isso é verdade, mas afirma que, caso isso

efetivamente aconteça, trata-se de uma

questão cultural do Brasil. “A cultura do

país quer apenas retorno de curto prazo e

não sabe usufruir do patrocínio como lhe

é devido”, explica.

Falta visibilidade

Em dado momento, porém, Zanette dá a

chave da questão. “Talvez o resultado do

esporte masculino no Brasil seja melhor,

logo a exposição maior”. Ao menos para o

futebol, a afirmação do vice-presidente do

IBME não se aplica. Há pelo menos quatro

anos a seleção brasileira de futebol mas-

culino tem mostrado resultados inferiores

aos do futebol feminino. A chave está no

termo visibilidade.

O marketing esportivo visa o desenvol-

vimento de marcas por meio do esporte,

bem como o gerenciamento de atletas de

alto nível. Logo, mais do que investir no

esporte como um todo, as empresas que-

rem é maior visibilidade, e, para isso, é

preciso que o atleta e/ou equipe em que

investiu esteja em evidência. Por razões

históricas, não é uma vantagem do espor-

te feminino, que tem razões históricas.

Em 1900, nos Jogos Olímpicos de Paris,

havia apenas 16 mulheres, competindo

em uma única modalidade. Em 1908,

eram 36 mulheres em um meio que abar-

cava mais de 2 mil homens. Membros de

alguns países, revoltados com a iniciativa

feminina, chegaram a esboçar um boicote

quando, em 1912, a natação foi aberta

para as mulheres.

Quanto ao futebol feminino, o Decreto-

-Lei 3.199, de 1941, que ficou vigente

até 1975, proibia às mulheres a prática

do futebol no Brasil. Em 1964, o Conselho

Nacional de Desportos (CND) proibiu mais

uma vez o futebol feminino de ser prati-

cado, decisão que foi anulada 17 anos de-

pois, mas ainda impedia as mulheres de

se profissionalizar. O futebol feminino só

se tornou um esporte olímpico em 1996.

Uma alternativa às equipes e atletas do

gênero feminino, segundo Rafael Zanette,

seria cobrar um posicionamento mais fir-

me das confederações para que busquem

estratégias para equilibrar a visibilidade

do esporte feminino ao masculino. A Lei

de Incentivo ao Esporte também é uma

alternativa viável, uma vez que prevê às

empresas que patrocinem a prática es-

portiva dedução de 1% do imposto devido.

Tudo isso, porém, depende de um envol-

vimento conjunto de atletas, diretoria de

equipes e confederações. Do contrário,

outras equipes terão o mesmo destino das

Sereias da Vila, que viram investimento

de mais de R$ 25 milhões no futebol mas-

culino, e quanto a elas, a cifra destinada

fora inferior ao R$ 1,5 milhão necessário

para manter a equipe em plena atividade.

AS CIfRAS DO ESPORTE

Quanto movimentam os esportes mais populares do mun-

do.

Futebol – US$ 28 bilhões

Futebol Americano – US$ 8,1 bilhões

Beisebol – US$ 7,7 bilhões

Fórmula 1 – US$ 4,2 bilhões

Basquete – US$ 3,8 bilhões

Hóquei - US$ 2,8 bilhões

Tênis – US$ 2,7 bilhões

Golfe – US$ 1,9 bilhão

Outros – US$ 5 bilhões

Fonte: AT Kearney

Page 9: Women's way

16 17Women’s Way

INTERNACIONAL INTERNACIONAL

Quando se fala em Copa do Mundo, logo

se pensa em futebol. Masculino, cla-

ro. Mas desta vez, o mundial é delas. A

próxima edição da Copa do Mundo Fe-

minina da Fifa (Federação Internacional

de Futebol Associado) acontecerá de 6

de junho a 5 de julho de 2015, em seis

cidades-sede: Edmonton, Moncton, Mon-

treal, Ottawa, Vancouver e Winnipeg, to-

das no Canadá.

ESTA SERÁ A PRIMEIRA VEz QUE A MAIOR COMPETIçãO ESPORTIVA úNICA PARA AS MULhERES ACONTECERÁ COM

A PARTICIPAçãO DE 24 EQUIPES

ou três da América do Sul, além do país-

-sede, que está automaticamente classi-

ficado.

Criado em 1991, o campeonato ainda

está em sua sétima edição, mas já dá

grandes passos para fortalecer o inte-

resse crescente pelas boleiras que vêm

nos próximos anos. “É certo que o even-

to terá um efeito positivo em todos os

níveis do futebol no país inteiro, tanto

masculino quanto feminino, mas é mais

certo ainda que ajudará a inaugurar uma

nova era no futebol feminino”, afirma o

presidente do Comitê Organizador Local

do Canadá 2015, Peter Montopoli.

O Canadá, país anfitrião da competição,

manha, com 2163, e os Estados Unidos,

que ocupam a primeira posição há cinco

anos consecutivos, com 2215 pontos.

Em comparativo com o Ranking Mundial

Masculino, as mulheres saem em dispa-

rado. O Brasil está na 19ª colocação, com

902 pontos, e os estadunidenses ocu-

pam o 29º lugar, com apenas 779 pon-

tos. A Espanha lidera com 1538 pontos.

Ainda assim, há muito trabalho a ser fei-

to. Atualmente, as meninas treinam na

Granja Comary, no Rio de Janeiro, e já se

preparam para o Sul-Americano de 2014

de Futebol Feminino Sub-20. O técnico

afirma que sua meta é a renovação da

Seleção. “O projeto da minha comissão

29 milhões de integrantes do dito sexo

frágil jogam futebol em todo o mundo,

e na intenção de aumentar ainda mais

esse número e de dar uma oportunida-

de para essas mulheres entrarem em

uma competição mundial, um grupo de

futebolistas já profissionais criaram a

campanha Live Your Goals – em portu-

guês, “Viva seus Objetivos” – que está

na ativa desde a última edição da Copa,

em 2011, realizada na Alemanha.

A iniciativa tem por objetivo transformar

o sonho de meninas e mulheres que al-

mejam chegar ao futebol profissional,

e ao mesmo tempo divulgar as compe-

tições femininas de futebol que existem

espalhadas em todo o mundo.

também será sede da Copa do Mundo

Feminina Sub-20 da FIFA, que acontece-

rá um ano antes do evento principal.

Seleção brasileira

Apesar de o país nunca ter sido campeão,

claro que, no Brasil do futebol, entre as

mulheres, a fama não poderia ser dife-

rente. A comando do treinador Márcio de

Oliveira, hoje a equipe brasileira ocupa

a quarta posição no Ranking Mundial

Feminino, com 2038 pontos, perdendo

apenas para o Japão, com 2096, a Ale-

é buscar e trazer novos talentos para a

seleção brasileira. É claro que não pos-

so abrir mão de jogadoras experientes

e, por isso, Andreia Suntaque, Formiga,

Rosana e Fabiana estão no grupo”.

Empurrão nelas

No entanto, o patrocínio para o futebol

feminino é mais restrito, de modo que

dezenas de meninas não conseguem

chegar ao time de base, quem dirá à se-

leção de seu país.

Segundo a Fifa, hoje aproximadamente

A COPA DO MUNDO é EM 2015

elas saem das arquibanCadas e vão para os gramados. a bola da vez é feminina na sétima edição do Campeonato mundial de futebol

por Juliana Miyahira e Silene Bastos

Futebol com muito charme. Faltam apenas dois anos para a Copa do Mundo Feminina de Futebol.

Foto: Silene Bastos

E quem pensa no torneio como um even-

to ofuscado pela Copa masculina de

2014, não poderia estar mais engana-

do. Esta será a primeira vez que a maior

competição esportiva única para as mu-

lheres acontecerá com a participação de

24 equipes do mundo todo, o que mostra

o crescimento do interesse pelo esporte

tanto por parte das jogadoras, quanto

dos torcedores. “O futebol continua a

crescer tanto em número de praticantes

quanto de espectadores no nosso país, e

as mulheres representam quase a meta-

de”, declara o presidente da Federação

Canadense de Futebol, Dominique Ma-

estracci.

Para o presidente da Fifa, Joseph Blat-

ter, o aumento de visibilidade da com-

petição feminina também é motivo para

entusiasmo. “O futebol feminino conti-

nua amadurecendo, e fico contente por

ver que torcedores de cidades de todo o

país, de leste a oeste, terão a oportuni-

dade de participar”.

A dois anos do campeonato, a fase pre-

liminar teve início em abril deste ano e

vai até novembro de 2014, de onde sai-

rão oito seleções europeias, cinco asiáti-

cas, três africanas, um time da Oceania,

três ou quatro das Américas Central e do

Norte, incluindo o Caribe, e mais duas

Page 10: Women's way

18 19Women’s Way

INTERNACIONAL

ANO201120072003199919951991

CAMPEÃOJapão

AlemanhaAlemanha

EUANoruega

EUA

VICEEUA

BrasilSuécia

China PRAlemanhaNoruega

FINAL2x2 (3x1)*

2x02x1

0x0 (5x4)*2x02x1

SEDEAlemanha

ChinaEUAEUA

SuéciaChina PR

*penais

CAMPEONATO MUNDIAL DE fUTEBOL fEMININO

Conheça as equipes vencedoras nas seis últimas edições da competição.

Seleção feminina da Granja Viana já se prepara para as seletivas. Foto: divulgação

Page 11: Women's way

20 21Women’s Way

MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE

Sensação de bem-estar e melhorar a

qualidade de vida é uma combinação

que muitos procuram para fugir da

rotina de estresse cotidiano e do se-

dentarismo. Para aqueles que gostam

de estar em contato com a natureza,

e ao mesmo tempo se aventurar pelas

preocupam com o lixo que produzem,

e deixam pelo caminho restos de co-

mida e embalagens, o que acaba com-

prometendo a saúde da floresta e dos

bichos que nela habitam.”

Iniciativa feminina consciente

Algumas mulheres que já tomaram

gosto pelos esportes que envolvem a

natureza conseguem definir o senti-

mento prazeroso em unir duas coisas

de uma só vez. A agente de reservas

Ana Paula dos Santos Oliveira já re-

aliza esse tipo de atividade há sete

anos. Ela começou quando ainda era

estudante de Turismo e Hotelaria.

“Durante o curso, algumas viagens de

ecoturismo me despertaram o desejo

de praticar esportes radicais e, desde

então, procuro destinos com esse ob-

jetivo”, lembra. Ana Paula relata, ain-

da, que “a melhor parte da prática de

um esporte radical é quando se tem a

integração com a natureza”. Para ela,

AVENTURA NA NATUREzA: COMBINAçãO AO gOSTO fEMININO

esportes radiCais relaCionados ao meio ambiente despertam o interesse de mulheres antenadas Com as preoCupações ambientais

e que proCuram alternativas para superar desafiospor Silene Bastos

foto

ONDE PRATICAR

No site www.ambiente.

sp.gov.br, está disponível

uma lista de trilhas es-

palhadas por São Paulo

e separadas por grau de

dificuldade.

A Estação Ecológica da

Universidade Federal de

Minas Gerais oferece aos

seus visitantes opções

trilhas e caminhadas. Elas

fazem parte de projetos

de educação ambiental

desenvolvidos pela insti-

tuição. Variam em exten-

são e grau de dificuldade

e podem atingir de 600 a

4 mil metros de percurso.

Contato: (31) 3409-2295

/ 3409/2296 ou eeco@

[email protected].

No Rio de Janeiro, a

empresa especializada em

turismo de aventura Rio

Natural Ecotourism ofe-

rece serviços de turismo

ecológico e cultural, com

trilhas que podem variar

de 1 hora até 3 dias de

duração. Bico do Papagaio,

Pico da Tijuca e Trilha do

Morro da Urca são algu-

mas das opções. Contato:

(21) 9643-7424 / 9992-

1666 ou contato@rionatu-

ral.com.br.

Interagir com o meio ambiente é sinônimo de respeito à fauna e à flora durante a prática do turismo de aventura.

Foto: Juliana Miyahira

belezas que ela consegue oferecer, o

turismo de aventura é uma boa opção.

T

rilhas em mata fechada, montanhis-

mo, tirolesa, arvorismo e rafiting, são

esportes que conseguem garantir esse

ajuste e cada dia vêm ganhando o gos-

to do público feminino. Mas apesar de

o contato com a natureza ser o ponto

positivo desses esportes, o rastro dei-

xado pelas pessoas que os praticam

pode ser um problema.

Segundo um estudo do Instituto Nacio-

nal Francês de Estatística e Economia,

divulgado em 2009, as mulheres são

mais “verdes” do que os homens, ou

seja, elas são ambientalmente mais

conscientes e, sendo assim, poluem e

agridem menos o meio ambiente. Em

palestras e seminários sobre conscien-

tização ambiental, a bióloga e am-

bientalista Melissa Anjos relata que é

possível compreender essa diferença.

“É comum percebermos que o maior

interesse por esse assunto seja do pú-

blico feminino, geralmente os homens

acham a discussão cansativa, já as

mulheres estão mais pré-dispostas a

ouvir sobre o tema”.

Melissa alerta que as atividades es-

portivas realizadas em meio à natu-

reza merecem uma atenção especial,

tendo em vista que possíveis agres-

sões podem ser prejudiciais ao meio

ambiente. “Muitas vezes grupos que

realizam trilhas longas e acabam

precisando acampar na mata não se

As trilhas apresentam lixeiras para o descarte do lixo produzido durante as

caminhadas. Foto: Juliana Miyahira

Page 12: Women's way

22 23Women’s Way

MEIO AMBIENTEquando se está “no meio do mato, no

alto de uma montanha ou na corre-

deira de um rio sentimos a natureza

de forma bruta e pura no seu melhor,

temos visões privilegiadas. Todo o es-

forço tem sua recompensa, e quando a

natureza faz parte disso, sempre vale a

pena”, explica.

O interesse pela conservação do meio

ambiente fez com que Ana Paula saís-

se de sua cidade, em São Paulo, para

conferir pessoalmente as iniciativas

ALgUMAS MULhERES QUE TOMARAM gOSTO POR ESPORTES QUE ENVOLVEM A NATUREzA DEfINIR O SENTIMENTO PRA-

zEROSO DE UNIR DUAS COISAS DE UMA Só VEz.

neste sentido. “Em um grupo de ami-

gos, montamos um desafio de sair de

São Bernardo do Campo, no começo da

serra do mar, para chegar à praia de

Itanhaém. O objetivo era de conhecer

mais sobre a Mata Atlântica e também

verificar o estado de preservação nes-

sa região”.

A fisioterapeuta Raphaela Valory tam-

bém é favorável à união do esporte com

a natureza desde 2009, quando reali-

zou sua primeira trilha para a Chapa-

da dos Guimarães, no Mato Grosso. “A

relação do esporte com a natureza é

essencial. Todo o visual, a descoberta

de cada ponto faz o momento ainda

CUIDADOS NA hORA DE SE AVENTURAR

As iniciantes devem se informar sobre os cuidados para

encarar a aventura. Veja algumas dicas de como se prote-

ger e de como se divertir sem agredir o meio ambiente.

- Pessoas alérgicas ou com doenças crônicas devem por tar

seus medicamentos e viajar em companhia de quem saiba

utilizá-los.

jaquetas pesadas e roupas escuras, pois atraem insetos.

- Em relação às crianças, evite levá-las a trilhas em que,

eventualmente, não conseguirão caminhar durante todo o

percurso.

- Bonés, protetor solar, repelentes, mochilas e roupas le-

ves são grandes aliados para uma trilha na floresta.

- Leve sempre sacolinhas onde poderão ser descartados os

lixos acumulados durante o percurso. Papéis, embalagens,

latinhas e garrafas plásticas poluem a mata e podem ferir

animais nativos.

melhor, sinceramente acho que todo

esporte, em contato com a natureza,

nos faz refletir sobre o cuidado com o

meio ambiente”, afirma.

A relação do ser humano com a natu-

reza é benéfica à saúde. Os estudos

de psicologia experimental já com-

provam que este contato promove o

aumento da energia e da sensação de

bem-estar. Uma pesquisa publicada

no Jornal de Psicologia Ambiental da

Universidade de Rochester, em 2010,

mostra que, além do bem-estar físico

e mental, é possível adquirir resistên-

cia a doenças físicas que possam vir a

acontecer futuramente.

Quem consegue se aventurar pela

natureza para realizar suas práticas

esportivas, sem perder de vista a con-

servação ambiental, obtém resultados

positivos, não somente em seu corpo,

mas também em seu papel de cidadão

conscientizado, bem como contribui

para um mundo mais “verde”.

Page 13: Women's way

24 25Women’s Way

ARTE E CULTURA ARTE E CULTURA

Escrever vai muito além do que unir um

amontoado de palavras e frases em tor-

no de expressões de dizer – ele disse, ela

comentou, entre outras tão conhecidas.

A arte da escrita exige de quem se pro-

põe a desenvolvê-la um pacto de com-

prometimento, principalmente quando

se revela fatos que muito provavelmente

trarão à luz informações das quais o lei-

tor não tinha pleno domínio. A jornalista

Adriana Mabília assinou esse pacto e

após três anos de pesquisa e preparação,

lançou, no final de abril, o livro Viagem à

Palestina – Prisão a Céu Aberto, em que

conta, sem estereótipos, os conflitos da

região.

Nascida em São Paulo, Mabília traba-

lhou em emissoras como TV Cultura e

TV Gazeta. Atualmente, é editora de

internacional no Jornal Hoje, da Rede

Globo, onde está há 4 anos. A jornalista

especializou-se em jornalismo interna-

cional e assuntos do Oriente Médio pela

Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo (PUC-SP), onde começou a desen-

volver o projeto que deu origem ao livro.

Para ela, no entanto, estar no Brasil não

seria suficiente para tratar do assunto

com propriedade, o que a levou, entre

2009 e 2011, à maratona de viagens à

Palestina, a fim de observar de perto a

região de conflito. “Durante o trabalho

de pesquisa, tive muito contato com os

palestinos, e percebi que isso dava um

livro”, conta a jornalista. “Pouco a pouco

as palavras foram tomando forma, mas

tudo com muito sacrifício e planeja-

mento”, explica, tratando do equilíbrio

necessário para transformar ideias e en-

trevistas em algo palpável.

A jornalista encontra esse equilíbrio por

meio de um diferente pacto, desta vez,

consigo mesma, por meio da prática es-

portiva, que costuma aliar à atuação jor-

nalística. Embora durante as viagens não

pudesse cuidar da saúde como gostaria,

Mabília afirma ter atentado à alimenta-

ção e que não abriu mão do alongamen-

to. “É o momento que você se dedica a

si mesma, e os resultados refletem no

corpo e também no emocional”, aponta.

Para ela, o fato de manter uma rotina

de alongamentos antes e durante as

viagens auxiliou para que os resultados

fossem tão positivos quanto os que se

observa por meio de seu livro. “Se você

está relaxado, trabalha melhor”, opina

a jornalista.

“EM ALgUNS MOMENTOS, OS SOLDADOS EMPURRAVAM A CERCA PARA ASSUSTAR OS PALESTINOS. A CRIANçADA E EU CORRÍAMOS.” – adriana mabília, jornalista

Eles são um povo confinado”, revela.

O efetivo choque cultural foi trazido pe-

los chamados check points. Trata-se de

pontos de controle sobre quem entra e

quem sai da Palestina rumo a Israel. De

acordo com o governo israelense, trata-

-se de uma forma de inibir a ação de

terroristas. “Ao ser construído, o muro

tomou muitas áreas da Palestina. Toda a

área verde ficou do outro lado, ou seja,

em Israel”, contrapõe Mabília, para

quem na realidade, o muro fere direitos

palestinos.

Ela aponta outras ocorrências tão cho-

cantes quanto. Em muitos casos, o muro

invade casas, dividindo-as em duas. “Há

foto

Viagem à Palestina foi, para ela, um de

seus melhores trabalhos. O livro aborda

uma série de temas relacionados aos

conflitos e à cultura da região. A jorna-

lista, entretanto, destaca sua surpresa

ao encarar o Muro da Cisjordânia, um

tipo de barreira construída por Israel

que passa por territórios palestinos. Sua

extensão é de cerca de 800 quilômetros

e, em alguns pontos, chega a ter 8 me-

tros de altura. “Quando vi o muro, levei

um baita susto. Na hora me lembrei de

uma icônica cena de 1989, quando os

alemães destruíam o muro de Berlim. A

comparação é inevitável”, relata Mabí-

lia, que completa: “É assustador”.

Ela precisou de muito pique para ca-

minhar pelos vilarejos, revelando sua

preparação para os longos percursos. As

caminhadas também reservaram surpre-

sas à jornalista, entre elas, o fato de que

os palestinos gostam da imprensa, de

contar o seu lado da história. “Os pales-

tinos gostam de falar. Eles querem con-

tar sobre o que acontece nos territórios

ocupados. Independentemente de raça,

religião e etnia, aquilo não é humano.

Adriana Mabília autografa livro cuja produção exigiu via-

gens à Palestina e bom preparo físico. Foto: arquivo pessoal

O sucesso da jornalista tem como forte aliada a prática de atividades físicas.

Foto: Sirlene Farias

MARATONA NA PALESTINApara a jornalista adriana mabília, o bom preparo físiCo foi

essenCial para venCer obstáCulos e finalizar seu livropor Sirlene Farias

Page 14: Women's way

26 27Women’s Way

ARTE E CULTURA MENTE EM MOVIMENTOsituações em que o muro passa dentro

de um quintal. Em outras, divide cômo-

dos ao meio. As famílias palestinas tive-

ram de pedir autorização, que nem todas

tiveram, para frequentar o outro lado

da casa. Parece piada, mas é verdade”,

ironiza. Pessoas morreram em virtude da

ação israelense. “Entrevistei uma moça

cujo tio enfartou. Não suportou a situa-

ção”, lamenta.

Passar pelos check points não é tarefa

das mais simples – exigia calma e equi-

líbrio, os quais ela atribui também ao

alongamento. Segundo ela, os oficiais

que cuidam dos postos lhe fizeram uma

série de perguntas, respondidas sempre

acompanhadas do passaporte. “Eu dizia

que era cristã e que estava em peregri-

nação”, esclarece, mas ressalta que teve

muita sorte, a qual não era compartilha-

da com os palestinos, que chegavam a

levar horas para atravessar. “A famílias

de Hebron [cidade da Cisjordânia, sob

ocupação de Israel], por exemplo, ge-

ralmente enviam crianças para receber

comida enviada por organizações não

governamentais porque elas têm mais

facilidade de passar pelos check points”.

As ruas de Hebron também são assom-

bradas pelo medo. De acordo com a jor-

nalista, colonos extremistas israelenses

combatem com violência a presença

palestina na região, e, em disputa por

casas, cometem atentados, jogando

água quente em palestinos e ateando

fogo em suas casas. “Quando cheguei a

Hebron, uma casa havia sido incendiada

na noite anterior. É uma situação triste”,

comenta.

A população palestina, no entanto, não se

aquietou mediante o muro. Juntamente

com israelenses pacifistas, realizam, às

sextas-feiras, manifestações contrárias à

existência do Muro da Cisjordânia. “Uma

delas aconteceu em Al MasRAH, um vila-

rejo de Belém, e uma palestina me levou

CURIOSIDADE: AS MULhERES NA PALESTINA

“As mulheres muçulmanas são recatadas, não gostam de se expor. Em encontros

em que só havia mulheres, elas falavam com mais abertura. Na rua, independente-

mente de serem jovens ou senhoras, elas não falavam.

Mas uma coisa interessante é que nenhum homem mexe com uma mulher na Pa-

lestina, porque qualquer outro homem tomará partido para defendê-la. A princípio,

eu estava preocupada, mas chegou uma hora em que eu relaxei. Dez horas da noite,

após alguma entrevista, era possível me encontrar caminhando pelas ruas.”

Adriana Mabília, jornalista

pra eu conhecer a manifestação”. Se-

gundo Adriana Mabília, a manifestação

é pacifica e os palestinos não se armam,

mas em dados momentos, os soldados

empurram uma cerca de segurança para

assustar os manifestantes.

Por outro lado, há casos em que os pró-

prios manifestantes fazem provocações

contra os soldados israelenses. “Já vi

manifestantes com megafones na cara

dos soldados, que estão sempre forte-

mente armados. Quando eles vão pra

cima, a coisa fica tensa”, relata, ressal-

tando sua atitude em situações do gê-

nero: “A criançada e eu corríamos”, diz,

mencionando sua preparação para mo-

mentos de conflito e lembrando que os

homens da linha de frente sempre aca-

bavam machucados, mas que ela, cujos

corpo e mente estavam condicionados,

saía ilesa.

Esporte sempre foi assunto para macho. Nos jornais impressos, os donos de artigos e colunas de opinião esportiva são

homens. Na televisão, o primeiro nome que nos vem à cabeça é Galvão Bueno. Hoje em dia, Tiago Leifert é a nova aposta

da Rede Globo para comandar as tardes, noites e domingos de futebol, Neymar, Pato, Ganso, Tite. Mas e as mulheres?

Pensando nessas musas que cada vez mais se envolvem em diferentes modalidades esportivas, a equipe da Women’s Way

traz uma seleção de filmes, documentários e álbuns para fazer a cabeça delas!

True SpiriT

Livro e documenTário conTam a incríveL hiSTória de JeSSica WaTSon: uma garoTa de 16 anoS que, Sozinha, deu a voLTa ao mundo a bordo de um barco.FoTo: True SpiriT – divuLgação

garoTa FanTáSTica – Whip iT (2009)

dirigido por dreW barrymore, o Longa narra a hiSTória de bLiSS

cavender, uma adoLeScenTe que Se inScreve no roLLer derby para

conTrariar a mãe.

FoTo: garoTa FanTáSTica – divuLgação

SoL & SaL

cLaudinha gonçaLveS viaJa peLo mundo em buSca de ondaS noS

meLhoreS picoS para SurFe.

TodaS aS quarTaS, àS 19h30

canaL oFF

FoTo: SoL & SaL – divuLgação

crioLo

não é muLher, maS TriLhaS como “não exiSTe amor em Sp”

encabeçam aS pLayLiSTS daS SkaTiSTaS.

FoTo: crioLo – caroLine biTTencourT

Fot

o: C

arol

ine

Bit

tten

cour

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O QUE hÁ DE MELhOR EM CULTURA E ESPORTElivros, filmes, doCumentários e músiCa para inspirar

e aCompanhar sua atividade favoritapor Juliana Miyahira

Imag

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Page 15: Women's way

28 29Women’s Way

Page 16: Women's way

30 31Women’s Way

ESPORTE ESPORTE

Na academia ou nas quadras, a prática

esportiva sempre foi uma atividade ge-

nuinamente masculina. Nas arquiban-

cadas de jogos mais populares, como

futebol e vôlei, já é comum ver uma

quantidade maior de mulheres, que

chamam a atenção mais pela beleza que

pela torcida. Afinal, mulher não entende

nada de esportes, certo? Errado!

Ainda que para a televisão e revistas fe-

mininas, atividade física para mulher se

resuma a pilates, ioga e algum exercício

localizado para eliminar as gordurinhas

extras, poucas, porém fortes, guerreiras

já vêm quebrando as regras e mostran-

do que lugar de mulher é em campo, e

em esportes com tanto contato físico nos

quais nem todo macho teria coragem de

se arriscar.

Isso porque elas gostam de adrenalina.

Seja sobre rodas ou com uma bola na

mão, na hora do tête-à-tête, o que faz

a cabeça dessas meninas é o sentimento

de superação. “Quando comecei a jogar

rúgbi, não fiquei pensando se era peri-

goso e se eu corria risco de me machucar.

Eu só queria aprender a jogar. Não fiquei

presa a essas questões e tão pouco me

importei por ser um esporte pouco co-

nhecido, pelo contrário, achei o máximo

começar a praticar um esporte que as

pessoas ainda não entendiam como ele

era”, conta Paula Ishibashi, jogadora do

São Paulo Athletic Club e da seleção bra-

sileira de rúgbi.

Para as desavisadas de plantão, esta é

uma modalidade esportiva de alto con-

tato físico, muito popular no Reino Uni-

do, e principalmente na Nova Zelândia,

onde se corre com a bola nas mãos até

o gol do adversário, desviando de joga-

dores que tentam impedir a pontuação

a todo custo, valendo até derrubar uns

aos outros. Achou perigoso demais? Pois

pasmem! A seleção brasileira feminina

de sete jogadoras é considerada a me-

lhor equipe da América Latina, com seis

títulos sulamericanos, e já se prepara

para disputar o campeonato nacional

Super Sevens, que começa em julho des-

te ano, e será uma preparatória para as

Olimpíadas de 2016, além da Copa do

Mundo, que será disputada em junho,

em Moscou.

Outra modalidade que vem conquistan-

do a mulherada é o roller derby – roller,

do como um esporte olímpico, já foi até

inspiração para o filme dirigido por Drew

Barrymore, Whip It, traduzido em portu-

guês como Garota Fantástica, lançado

em 2009 e estrelado por Ellen Page.

As regras, porém, são rígidas para que

ninguém se machuque (muito) e a uti-

lização de equipamentos de proteção é

requisito básico. Ainda assim, é preciso

tomar certos cuidados, como ensina a

jogadora Celice Lopes, da liga Ladies

of Helltown: “Quando você aprender a

cair, vai criar um instinto de cair nessas

[melhores] posições. Se você sempre cair

em cima da proteção, não vai sofrer fe-

rimentos, mas aleatoriamente pode cair

de um jeito errado e sofrer uma fratura”.

“é responsabilidade dela [jogadora] saber do seu limite” – CeliCe lopes

em português, significa patins, e derby,

uma partida clássica. Logo, o objetivo

do esporte é disputar entre dois times

de cinco jogadoras cada a maior pontu-

ação, conquistada justamente à base de

esbarrões nas adversárias.

Criado na década de 1930 como uma ati-

vidade masculina, o interesse feminino

pela modalidade tem crescido tanto que,

em alguns países como o Brasil, onde as

20 ligas somam 400 participantes, todas

as jogadoras são mulheres. E o sucesso é

tanto que, mesmo não sendo reconheci-

Ou seja, no patins ou no rúgbi, as chan-

ces de sair com um olho roxo ou um braço

quebrado são grandes, mas nem por isso

as meninas são masculinizadas. “Outro

dia ouvi dizer ‘nossa, mas você tem as

unhas feitas, achei que estariam destru-

ídas’. Só porque jogamos rúgbi não sig-

nifica que somos largadas, sujas, fedidas

e descabeladas! Só dentro do campo!”,

defende aos risos a jogadora da seleção

brasileira, Paula Ishibashi, que comple-

ta: “E ainda tem aquelas que mesmo

que nem maCho, não!bem preparadas, as mulheres têm se arrisCado Cada vez mais em esportes de alto Contato físiCo. ainda assim, elas garantem que a

feminilidade não fiCa para trás por Juliana Miyahira

Força, técnica e feminilidade não faltam na seleção brasileira de rúgbi.

Foto: divulgação

ONDE PRATICARPara ingressar nos clubes, é necessário entrar em contato e participar de uma seleção. Abaixo, uma lista de times com inscri-ções abertas:

- Rio Rugby Clube Rio de Janeiro – [email protected]

- SPAC (São Paulo Athle-tic Club)São Paulo – SPAvenida Robert Kennedy, 1448Santo [email protected]

- Cuiabá Rugby ClubeCuiabá – MTRua 24 de Outubro, 6Centro(65) 3624-0510

Para quem se interessou pelo roller derby, é só ficar de olho nos locais de treinos das ligas mais próximas. Veja alguns dos times espalhados pelo Brasil:

- Ladies of Hell TownSão Paulo – [email protected]

- Sugar Loathe Derby GirlsRio de Janeiro – [email protected]

- Royal Victory Derby Girls Manaus – [email protected]

- Horrorcats Roller DerbyCaxias do Sul – [email protected]

Page 17: Women's way

32 33Women’s Way

ESPORTE PALAVRA DE hOMEMjogando, continuam superestilosas. Nós

gostamos de tratar o cabelo, a pele, as

unhas, enfim, como mulheres comuns”.

Além do capricho e da autoestima das

meninas, ambas as modalidades são

inclusivas, e abertas a todos os tipos

físicos. Segundo Ishibashi, não há pré-

-requisito para começar a jogar, basta

disposição e comprometimento. Celice,

por sua vez, considera a diversidade um

fator interessante. “É bastante vantajoso

ter meninas de bastantes biotipos numa

liga para executar tarefas diferentes

dentro da quadra, mas é responsabilida-

de dela [jogadora] saber do seu limite”.

Falta grave

Apesar do crescente interesse feminino,

os incentivos – principalmente priva-

dos – são poucos, porém necessários.

No caso do rugby, que já é um esporte

olímpico reconhecido e baseado por

uma federação internacional, as meni-

nas ainda sentem as diferenças entre

os gêneros. “Hoje não temos que gastar

nada do nosso bolso quando estamos

atuando pela seleção, mas nenhuma jo-

gadora é patrocinada individualmente,

só no masculino. Nenhuma menina hoje

é patrocinada por alguma marca/empre-

sa. O incentivo do governo, por sua vez, é

o programa Bolsa Atleta, que contempla

os atletas que obtêm medalha/taça de 1ª

a 3ª colocação em torneios nacionais e

internacionais”, explica Paula Ishibashi.

Durante anos, várias culturas negaram

às mulheres o prazer e também o direito

à prática esportiva. Com a evolução das

espécies, as mudanças vieram, e não há

como negar que a mulher goza de uma

liberdade maior para praticar esporte e

também sentir prazer ao mesmo tempo.

Não entendeu? Vamos lá. A mulher faz

dieta, exercícios, tratamento de beleza,

academia, cirurgia plástica a fim de exi-

bir um físico trabalhado, usar roupas que

valorizem certas partes do corpo, ter boa

saúde e estar bem consigo mesma. O re-

sultado de todo esse trabalho é benéfico

e a deixa feliz. Agora, imagine se durante

esse processo existir prazer no físico, situ-

ações que provoquem sensação de bem-

-estar. Para alguns, pode parecer apenas

sacrifícios. Mas a ciência vem mostrar o

que muitas mulheres já sabiam e viviam

durante a prática esportiva.

Um estudo do Centro de Promoção da

Saúde Sexual da Universidade de Indiana,

Debby Herbenick, após enviar um questio-

nário on-line para mais de 300 mulheres

que fazem academia, descobriu que elas

sentem prazer sexual com a prática espor-

tiva. O estudo revelou que pessoas do sexo

feminino que exercitam a região abmo-

ninal já sentiram algum tipo de orgasmo

durante a prática. Porém, há relatos de

que outras regiões também exercitadas

produziram dado tipo de prazer. Segundo

a pesquisa, o prazer sexual ocorre sem que

ela nem mesmo esteja pensando em sexo.

E até mesmo uma virgem alegou, duran-

te o estudo, ter tido um tipo de orgasmo

durante um exercício que envolvia a re-

gião do abdome. Herbenick continua com

a pesquisa para descobrir por que esses

orgasmos ocorrem, já que não há dúvidas

de que eles realmente acontecem. A esse

fenômeno é dado o nome de coregasmos,

por causa da ligação dos músculos abdo-

minais. Herbenick crê que novas desco-

bertas nesse sentido tendem a melhorar

a vida sexual da mulher. “Muitas dessas

mulheres disseram que isso começou a

acontecer desde crianças”.

Curioso. Por mais informações relaciona-

das ao tema, e pensando nas mulheres

do nosso país, fui perguntar às colegas

se isso realmente era possível, uma vez

que esse estudo ocorreu pela primeira

vez em 1953, com norte-americanas.

Queria saber se uma mulher teria cora-

gem de afirmar ser isso também possível

acontecer com as brasileiras. Não que eu

duvidasse ou achasse que esse fenômeno

fosse um privilégio de grupos femininos

que possuem uma cultura, vida, ou se ali-

mentem de maneira distinta à nossa. Eu

queria ouvir de alguém próximo, saber o

que a brasileira tinha a revelar a respei-

to. Colegas relataram que já sentiram um

tipo de “fisgada”, acompanhada de uma

“sensação gostosa” e que o orgasmo é

algo real durante essas atividades. Algu-

mas também deixaram claro que, sem o

prazer sexual, exercitar-se, por si só, já é

algo extremamente prazeroso.

E os homens, como ficam nisso? O que

poderia ser motivo de preocupação para

eles acaba sendo uma boa notícia, uma

vez que se sentir bem com elas mesmas

praticando exercícios é, sem dúvida, um

ingrediente que aumentará as chances de

serem autoconfiantes nas relações amo-

rosas, já que possuem o desejo natural de

querer compartilhar tudo de que gostam

e o que sentem com pessoas com quem se

relacionam. Os homens acabam se bene-

ficiando em vários sentidos.

Por isso, incentivar a mulher com quem

ele se relaciona acaba sendo uma atitude

sábia, pois, com a prática de esporte, o

humor fica em alta, as relações se enri-

quecem e, com ou sem orgasmo durante a

atividade, todos ganham. O prazer acaba

sendo não só delas, do homem também.

mauro de olIveIra é jORNALISTA, ESCRITOR E ARRISCA PEDALAR NAS hORAS VAgAS

Já no roller derby, os patrocínios sim-

plesmente não existem, e quem real-

mente tem interesse em participar de

competições ainda precisa arcar com to-

das as despesas, como afirma Celice Lo-

pes. “Depende muito da jogadora em si

ter condição de, por exemplo, se tiver um

jogo nos Estados Unidos, bancar todos

os custos da viagem, inclusive uniformes

para ir para lá”.

E a falta de estímulos não é apenas

financeira. Na mídia, os esportes pra-

ticados por mulheres quase nunca são

destaque, à exceção de um ou outro jogo

de vôlei que passa na TV. Garra e compe-

tência para serem tão bem reconhecidas

quanto os homens elas já mostraram que

têm. No eleito “Ano da Mulher no Espor-

te”, agora só é preciso unir forças e lutar

para um futuro melhor para essas belas,

porém nada frágeis, representantes.

A jogadora de roller derby Celice Lopes acredita que é possível ser atleta e

ser feminina ao mesmo tempo. Foto: Mauro de Oliveira

o prazer feminino na prátiCa esportiva

por Mauro de Oliveira

Page 18: Women's way

34 35Women’s Way

PERfIL PERfIL

Ela chega para a entrevista demonstrando bastante firmeza. Não foi preciso muito para saber que o rubor de suas bochechas nada tinha a ver com qualquer traço de ti-midez: era a mostra de que, embora fosse pouco mais de nove horas da manhã de sábado, as atividades esportivas da den-tista Michelle Liberti, de 28 anos, haviam começado horas antes. “Estava pedalando com alguns amigos”, contou ela, enquanto se preparava para o bate-papo e a sessão de fotos com a equipe da Women’s Way.Formada em odontologia pela Universi-

de jaleCo e tênis de Corridaa dentista miChelle liberti readaptou sua rotina para ConCiliá-la à prátiCa esportiva. o resultado voCê Confere no perfil a seguir

por Sirlene Farias

dade de Campinas, Michelle vem de uma família adepta à prática de atividades físi-cas, mas suas escolhas eram nada usuais comparadas às de suas predecessoras. “Todas as mulheres da minha família fa-ziam balé, mas eu não tinha interesse”, relata, sorridente. “Comecei a prática es-portiva pela ginástica olímpica, passando pela natação e outros esportes até inter-romper tudo, ao ingressar na faculdade”.

O comprometimento exigido pelo curso não permitiu que Michelle pudesse con-

ciliar as atividades desenvolvidas com seu gosto pelo esporte. Ela se formou em 2007 e passou a atuar como dentista, atenden-do diferentes perfis de pacientes, inclusive com necessidades especiais.

Em sua vida profissional, ela relata haver situações em que é preciso ter jogo de cin-tura. Michelle conta já ter diagnosticado oito cáries nos dentes de uma criança de apenas seis anos, motivo pelo qual preci-sou ser dura com o pai, que a acompanha-va. “Conversei com ele [o pai da criança]

num tom de bronca, para ver se melhorava a higienização da boca da criança” Segun-do, ela, na consulta seguinte, descobriu que ele a chamara de chata em virtude da cobrança.

“o esporte deixa voCê mais forte” – miChelle liberti

Esse mesmo jogo de cintura foi adotado quando decidiu voltar à prática esportiva. Foi a sugestão de um chefe maratonis-ta que, em 2008, deu-lhe o impulso ne-cessário para as primeiras passadas. No entanto, seus resultados iniciais foram preocupantes. “Corri por 15 minutos e fiquei ofegante. Eu estava com 23 anos, jovem para já estar sem fôlego”. Para ela, a superação era uma questão de orgulho. Hoje, ela conta com participação em dife-rentes modalidades, inclusive na Corrida de São Silvestre.

Mas é uma rotina disciplinada para conci-liar a vida pessoal, a profissão e a prática esportiva: corre três vezes por semana e, há seis meses, pedala todos os sábados, uma medida auxiliar à corrida. “Comprei uma bicicleta em dezembro para alternar

com a corrida, porque esta modalidade gera muito impacto que podem resultar em lesões”, explica a dentista, para quem o ciclismo ajuda a melhorar a corrida.

A corrida trouxe à vida de Michelle diver-sos fatores positivos, como novos círculos de amizade e a possibilidade de evoluir como pessoa, tornando-a mais resistente. “Não é qualquer problema que te abala”, afirma a dentista. Ela conta que quem corre 21 km está o tempo todo conectado com o próprio corpo, mas que, em alguns

momentos, a vontade de desistir é intensa. “Mas você não desiste, porque quer cruzar a linha de chegada. Então, quando tem um problema, faz o mesmo: não desiste, por-que se tornou mais forte. O esporte deixa você mais forte”.

fIChA DE INSCRIçãO

Nome: Michelle Santana

Liberti

Idade: 28 anos

Profissão: dentista

Modalidades que

pratica: ciclismo

e corrida

Esporte em uma

palavra: democrático

Para Michelle, a corrida é um modo de conectar-se consigo mesma, esvaziando a mente e livrando-se do es-

tresse. Foto: Mauro de OliveiraA dentista Michelle Liberti prepara-se para correr no parque Villa-Lobos, em São Paulo. Foto: Mauro de Oliveira

Page 19: Women's way

36 37Women’s Way

PAPO DE BOLEIRA

O futebol é uma paixão nacional. No Bra-

sil, 70% dos cadernos de esporte abor-

dam o tema futebol, mas pouco se fala

na participação feminina neste contexto.

Há diversas formas de interação do gêne-

ro feminino com o futebol, mas a maior

delas é na torcida. A torcida feminina é

apaixonada, tanto quanto a masculina,

porém esse apoio pode se manifestar

por conta de tipos variados de influên-

cia externa. No estádio, observamos que

a maioria das torcedoras comparece

acompanhada de figuras masculinas,

pais, maridos, namorados, irmãos etc.

Elas, de alguma forma, são suscetíveis a

estímulos masculinos quando o assunto

é futebol. Quando crianças, pelos pais,

quando adolescentes, pelos namorados,

e quando casadas, pelos maridos.

Muito embora seja comum que esse

gosto pelo futebol apareça por meio da

paixão de “outros”, há muitas mulheres

que, uma vez extasiadas pelo esporte,

passam a acompanhá-lo até mesmo so-

zinhas, frequentar estádios e tudo mais.

Ainda há preconceito sobre a visão fe-

minina do e no futebol. Apesar de os

tempos atuais mostrarem grande avanço

no que diz respeito ao acolhimento da

mulher no meio futebolístico, notamos o

preconceito gratuito, daquele mais gros-

seiro e de raiz machista: “uma mulher

nunca vai entender o que é um impe-

dimento”, “lugar de mulher é em casa,

não em um estádio”. Não devemos ge-

neralizar! Ainda que existam as “Maria-

-chuteiras”, que vão a campo somente

para apreciar o corpinho dos jogadores

ou coisa afins, não significa que todas

nós somos dessa maneira!

A inserção da mulher no futebol é gran-

de, há comentaristas, bandeirinhas, ár-

bitras, jogadoras e torcedoras fanáticas.

O Brasil tem a melhor jogadora de fute-

bol do mundo por cinco anos consecuti-

vos. Isso mostra, mais uma vez, a vontade

das mulheres de estarem presentes nes-

te esporte, e o amor pelas quatro linhas.

Em alguns países, como o Irã, sabemos

que as mulheres são privadas de muitas

coisas, seus direitos são extremamente

limitados e, por justificativa religiosa,

não podem sequer entrar em um estádio.

Difícil de acreditar, mas é uma verdade.

Outro fator que faz com que as mulhe-

res permaneçam longe dos gramados é

o medo da violência que ainda permeia

tal ambiente. Eu, sinceramente, nas idas

aos estádios, nunca presenciei uma bri-

ga ou alguma falta de respeito, mas tor-

ço para um time que não desperta tanta

rivalidade. Então, não sei explicar uma

partida: Palmeiras versus Corinthians,

por exemplo, envolvida em tamanha ten-

são. Penso que o que atrapalha bastante

seja a tal da torcida organizada.

Hoje, os times fazem promoções para

levar as mulheres ao estádio, como des-

contos nos ingressos ou até a isenção do

pagamento, se estiver trajada com a ca-

misa do time. Estas promoções dão um

charme todo feminino, aumentam o gri-

to da torcida e incentivam os jogadores.

Sou completamente apaixonada por fu-

tebol, pelo estádio e pela Lusa, e grito

aos quatro ventos que a arquibancada

é lugar para mulheres, sim, pois essa

paixão nacional é passível de qualquer

gênero. Senão diríamos: “paixão mascu-

lina”, e não “paixão NACIONAL”!

futebol: esporte para todos por Nathalia Oliveira

NathalIa almeIda é ESTUDANTE DE CIêNCIAS CONTÁBEIS E TORCEDORA DA PORTUgUESA DE DESPORTOS

Page 20: Women's way

38 39Women’s Way

EU TESTEI!

Sou fã de esportes com muito movimento.

Por isso, quando vi o anúncio do desodo-

rante antitranspirante Rexona Motion-

Sense, fiquei supercuriosa para saber se

realmente funcionava. A ideia é simples:

quanto mais você se movimenta, mais

proteção ele oferece – em tese – por até

48 horas. Não hesitei em correr ao super-

mercado para comprar um e fazer um re-

view. Será que funciona mesmo?

Para começar, não foi tão simples encon-

trá-lo em supermercados e perfumarias.

Tive de recorrer a um estabelecimento de

uma das chamadas “regiões nobres” da

capital paulista para adquirir o produto, e

isso me causou estranheza.

O segundo problema foi com relação às

fragrâncias. Entendo que seja uma ques-

tão de gosto, mas ambas as disponíveis no

supermercado – Cotton e Bamboo – eram

bastante fortes. Optei pela Cotton por me

parecer um pouco mais suave, embora

ainda não satisfizesse meu gosto pessoal.

Resolvi utilizá-lo em duas modalidades

de corrida, na academia e fora dela, em

dias diferentes. No primeiro dia, antes de

ir para a academia, ao pressionar o spray

fui surpreendida com as partículas libera-

das que ficam no ar. Ao respirá-las, senti

bastante coceira na garganta, que só pas-

sou com uns bons goles d’água. Mesmo

assim, fui em frente.

A academia que frequento tem um siste-

ma de ar-condicionado que libera ar pe-

las esteiras. Confesso, portanto, que não

senti qualquer diferença. Transpirei do

mesmo modo, mas o desodorante mante-

ve sua fragrância (como não gostei dela,

não considero um benefício).

Dois dias depois, fui correr no Parque

Ecológico Vila Prudente, no qual há uma

pista de terra batida muito utilizada por

corredores. Desta vez, cuidei para não

aspirar as tais partículas do desodorante,

aproximando um pouco mais o frasco da

axila. O resultado não foi bom: ele forma

bolinhas que precisam ser retiradas antes

de vestir a camiseta.

Uma vez no parque, comecei pela ca-

minhada. A manhã tinha temperatura

amena, portanto, propícia para o tes-

te. Durante a caminhada, percebi que o

produto realmente reteve a transpiração,

mas bastou apertar o passo e transformar

a caminhada em corrida para tudo mudar.

Correndo, não vi qualquer diferença entre

meu desodorante do dia a dia e o Rexona

MotionSense. Uma pena.

Veredicto: para caminha-

das, pode até funcionar.

Para a prática esportiva, é

apenas mais do mesmo.

Nota: 6

Em meio à correria de São Paulo, os do-

mingos são sagrados. E parece mesmo um

ritual. Depois daquele almoço tamanho

família para curar a ressaca, as pessoas

seguem em comboio para os parques e

represas da cidade, como se fossem ga-

rantir uma vida saudável com algumas

horas de atividade física em compensa-

ção a noites inteiras celebrando o deus

grego Dionísio. E apesar de praticante

assíduo de esportes radicais desde os

8 anos de idade, comigo não podia ser

diferente, e eu também sempre tiro um

domingo ou – quando dá – o final de se-

mana inteiro para praticar e me divertir.

Viciado em adrenalina que sou, outro dia,

porém, me peguei sentado, apenas como

admirador em um parque da capital.

Vendo o sobe-e-desce da ladeira dividido

entre caras largados e os shorts colori-

dos das meninas, me lembrei de quando

comecei a andar de skate, na década de

1980, quando, além de um esporte mar-

ginalizado e discriminado, este era um

mundo paralelo à existência feminina.

Graças a Deus, Alá, Shiva e a todos os

deuses da humanidade, o movimento foi

tão forte que da época em que eu fre-

quentava a Urbania – balada que unia

bandas de rock a uma pista de skate nos

anos 1990 – até hoje, as meninas deixa-

ram de ser apenas as namoradas dos ska-

tistas e agora já saem por aí dando slides

que muito marmanjo nem sonha em dar.

No surfe então, nem se fala. Tirando a

impressionante Maya Gabeira, surfista

brasileira de ondas gigantes cinco ve-

zes campeã do Billabong XXL Big Waves

Awards, o Oscar dos big riders, hoje já

não é difícil ver cara intimidado na praia

quando chega um grupo de mulher com

prancha debaixo do braço. Não que es-

sas meninas sejam feias, pelo contrário.

Depois de ver as curvas perfeitas delas,

é vergonhoso olhar pra baixo e ver que

o levantamento de copo não está com

nada.

Isso sem contar os esportes que elas já

dominam ou se misturam tão bem, que

nem parece haver diferença entre os se-

xos, como o roller skate ou a patinação,

que tem como representante a Fabíola da

Silva, oito vezes campeã dos X-Games e

inspiração para a profissionalização das

mulheres na modalidade.

Eu poderia ficar aqui citando mil exem-

plos, mas a minha maior felicidade foi

ter apresentado o stand up paddel para

a minha namorada, que não só gostou,

como hoje me liga e diz “mor, vamos para

a praia remar?”. E eu me pego pensando

como é que em pleno ano de 2013, mes-

mo depois de tantas provações femininas

da habilidade delas, ainda pode existir

preconceito em uma atividade tão demo-

crática como o esporte.

É, meninas, vocês estão tomando con-

ta do pedaço. E nós, pobres mortais, só

podemos abrir alas. Nos crowds do mar,

das pistas, dos tatames e onde mais for,

gentlemen que somos, não vamos brigar

– pelo menos não os mais inteligentes. É

provável, na verdade, que vocês nos dei-

xem parados, babando, enquanto pegam

todas as ondas e ladeiras que quiserem.

Claro que as Marias-rolamento, parafina,

chuteira e afins sempre vão existir, mas

se isso servir como um incentivo para

que cada vez mais mulheres conquistem

seu espaço nos esportes, pelo menos nos

radicais, eu garanto que ninguém do sexo

masculino vai reclamar. E digo mais: não

vejo a hora de começar a ver uns Joões-

-parafina dando sopa por aí. Quem sabe?

aleX saNdro crema éADMINISTRADOR DE EMPRESAS E PRATICANTE DE SKATE, SURfE, PATINAçãO, TAEKwONDO, jIU-jÍTSU...

TERRITóRIO fEMININO

(Con)vivendo Com o feminino por Alex Sandro Crema

rexona motionsensepor Sirlene Farias

Fot

o: S

irle

ne F

aria

s

Page 21: Women's way

40 41Women’s Way

ShOPPINg CIDADE

A cidade de São Paulo possui 1.769 esta-

belecimentos de saúde que envolvem os

mais variados tipos de atendimento. Entre

essas especialidades estão profissionais

da nutrição capacitados a atuar visando à

segurança alimentar. São formados para

atenderem as necessidades nutricionais

de indivíduos ou grupos para a promo-

ção, manutenção e recuperação da saúde.

Para pessoas que praticam esporte, esses

profissionais dão orientações indispensá-

veis. Muitas mulheres têm dúvidas sobre

o que exatamente esses profissionais da

saúde fazem e onde atuam.

A nutricionista Lisa Afonso informa que

trabalha com metabolismo, esportes e

com programa nutricional. Ela busca en-

sinar aos pacientes não só aplicar uma

dieta, mas entender o porquê da com-

posição dos nutrientes na dieta, bem

como a importância de cada um deles no

organismo. “Faço uma avaliação clinica,

antropométrica (cálculos que apresentam

informações para a previsão e a estima-

ção dos vários componentes corporais de

sedentários ou atletas no crescimento,

desenvolvimento e envelhecimento) bem

como hábitos alimentares para assim

poder indicar uma alimentação perso-

nalizada e balanceada, de acordo com

orientação nutriCional ao alCanCe das paulistanasnutriCionistas de são paulo auxiliam mulheres a obter bons

resultados Com orientação nutriCional e atividade físiCapor Mauro de Oliveira

A analista de risco Kamila de Paula Rossi assume: “nunca procurei

um especialista”. Foto: Mauro de Oliveira

os objetivos de cada paciente.” Informa a

profissional.

A nutricionista esportiva Giovanna Cec-

colini informa que os principais objetivos

a serem alcançados são auxiliar com um

programa de exercícios; aumentar força;

diminuir massa gorda e aumentar massa

magra. No atendimento nutricional es-

portivo, ela avalia medidas antropomé-

tricas, modalidade esportiva, rotina de

treinos e competições, alimentação pré e

pós-treino, necessidade de suplementa-

ção e hidratação.

Falta de orientação

Muitas mulheres não procuram a orienta-

ção de um nutricionista qualificado antes

de dar início às atividades físicas, ação

esta que dificulta a tarefa de conquistar

sabor e saúdeuma seleção de barras de Cereais para saCiar a fome no intervalo

entre os treinospor Sirlene Farias

As barras de cereais são práticas de carregar, saudáveis e quebram um galhão no intervalo entre os treinos. Por serem fontes de

fibra, contribuem para a melhora do sistema digestivo e fornecem toda a energia necessária para quem não quer perder o pique,

dentro ou fora da academia.

Existe uma infinidade de marcas e sabores, mas apresentaremos as mais populares – nossas favoritas – por conta da relação custo–

benefício (preço e resultado). M as fique atenta: as barrinhas cobertas de chocolate são saborosas, porém mais calóricas e menos

nutritivas. Caso esta seja a sua escolha, esteja ciente de que não é a opção mais recomendada.

trIo

As barras de cereais Trio são ricas em nutrientes essen-ciais para o bom funcionamento do organismo. Esta, sa-bor brigadeiro, tem a desvantagem de apresentar maior teor de gordura, ainda que tenha apenas 84 calorias. Por outro lado, é uma excelente opção ao chocolate.Preço médio: R$ 1,50

Fot

o: M

auro

de

Oliv

eira

Foto: Mauro de Oliveira

Imagem: Nestlé/divulgação

Quacker

A tradicional empresa de alimentos Quaker também entrou no ramo das barrinhas de cereais e trouxe algu-mas inovações, como o sabor torta de limão. Ela tem 94 calorias e 0% de gorduras trans.Preço médio: R$ 1,80

Nestlé

O nicho das barras de cereais também foi vantajoso para a Nestlé, que já chegou ao mercado com uma série de novos sabores. A barra de frutas vermelhas, além das míseras 62 calorias, tem o diferencial de, em sua com-posição, ter 15% de frutas. Saudável, não?Preço médio: R$ 1,50

Page 22: Women's way

42 43Women’s Way

CIDADE VAI PRA ONDE?medidas consideradas ideais, bem como

a manutenção da saúde em médio e longo

prazos.

A analista de risco Kamila de Paula Rossi

faz academia há três anos e diz que evita

refrigerante e exageros, mas nunca pro-

curou orientação de um especialista.

A analista de atendimento Maria Apareci-

da de Sousa Ribeiro já fez muay-thai duas

vezes por semana e hoje pratica muscu-

lação diariamente. Após a maternidade,

começou a achar desinteressante, para

ela, ser apenas uma “gordinha gosto-

sa”. Ao desejar um corpo mais “enrijeci-

do”, passou a fazer academia, mas sem

orientação de um nutricionista para sua

alimentação.

Também analista de atendimento, Dayane

Severiano de Lacerda não foi a um espe-

cialista, embora tenha o mesmo desejo

de muitas mulheres adeptas à prática

esportiva: alcançar um físico “durinho”

e bem definido. Ela resolveu buscar suas

orientações em pesquisas na internet. “Lá

descobri que é preciso comer uma quanti-

dade alta de proteínas após o treino, pois

dizem serem elas as responsáveis pelos

músculos. Então, sigo a orientação de in-

gerir bastante carboidrato”, conta Daya-

ne. Embora tenha se assustado acredita-

do que poderia ganhar peso, foi adiante,

por “ter consultado vários sites”.

Há pessoas, por outro lado, que não dis-

pensam a orientação de especialistas.

Este é o caso da técnica de enfermagem

Viviane Silva de Sousa, que frequenta

academia desde 2011, quatro vezes por

semana. Sua alimentação é orientada

por seu professor, formado em educação

física, e por uma nutricionista em quem

ela confia. “Acredito ter um corpo ideal

já que tenho peito, bunda, perna, tudo

o que uma mulher deseja ter dentro dos

padrões”, opina Viviane. “Para isso, mi-

nha alimentação é baseada em proteínas,

fibras e um pouco de carboidrato”, diz

ela, orgulhosa dos resultados alcançados.

Viviane afirma, ainda, que o melhor de

tudo é poder sentir e ver o que conseguiu

e confessa ficar feliz com a boa saúde que

apresenta.

Os profissionais afirmam que a mulher

que pratica esporte precisa estar atenta e

buscar uma alimentação balanceada para

desfrutar de bom equilíbrio físico e, as-

sim, obter os resultados desejados. Cada

pessoa possui um perfil físico específico,

por isso, precisa de orientação de um

especialista, que fornecerá informações

particulares para cada indivíduo.

Atletas, por sua vez, têm alimentação

diferenciada, que propicia os nutrientes

necessários para as diversas práticas es-

portivas. Uma mulher que luta jiu-jítsu,

muay-thai e boxe, por exemplo, têm um

cardápio próprio, que deve ser indicado

por um nutricionista. Quem pratica ativi-

dades físicas deve ter alimentação ade-

quada.

Já ouviu falar em SUP? O stand up paddle vem conquistando adeptos, principalmente entre as mulheres, por misturar surfe

com remada. Além disso, pode ser praticado em rios, lagoas ou no mar com e sem onda.

Alguns praticantes mais experientes já inventaram até o SuPPilates (pilates + SuP) e o Yoga SuP (Yoga + SuP).

Gostou? Então se liga nas dicas da equipe Women’s Way e comece a praticar já!

Foto: II Festival de Remada – Herbert Passos Neto/divulgação

foto: Rio Itamambuca – Juliana Miyahira

repreSa biLLingS

Avenida Montemor, 169 – AlvarengaSão Bernardo do Campo – SPDivisa com a Serra do Mar, a represa localiza-se na Grande São Paulo e, aos finais de semana, recebepraticantes da mo-dalidade. Lá, rola até o Festival de Remada do Grande ABC.Para praticar, basta alugar o equipamento em um dos clubes que ficam à beira da Billings. A maioria dos clubes também tem instrutores para as primeiras aulas. Preço sob consulta.

rio iTamambuca

Praia de Itamambuca

Ubatuba – SP

Em uma das praias mais procuradas por surfistas de todo o

Brasil, no Rio Itamambuca é possível alugar equipamentos

de SuP e caiaques nas barracas que ficam à beira-mar. O pre-

ço varia entre R$ 50 e R$ 60.

Lagoa de araruama

Araruama – RJ

Localizada a 122 km da capital carioca, a lagoa completa

os atrativos turísticos da cidade que leva o mesmo nome.

Ali, é possível praticar outros esportes aquáticos além do

SuP, como o widsurf e o kitesurf.

Se você não tiver o equipamento necessário, é só alugar

em um dos clubes disponíveis. Preço sob consulta.

NóS INDICAMOS

A Women’s Way recomenda

algumas clínicas para quem

procura auxílio nutricional

para acompanhar a prática

esportiva.

Giovanna Ceccolini

Nutrição e gastronomia

funcional

Rua Itacolomi, 333 - cj 73

Higienópolis - São Paulo

Estacionamento no local

Tel.: (11) 2157-5205

Tel.: (11) 99111-2729

http://www.giovannacecco-

lini.com.br/

Jafet Nutrição

Especializada

Rua Santa Justina, 222

Vila Olímpia, São Paulo

(11) 3849-0592

(11) 3849-8512

http://www.jafetnutricao.

com.br

Andrezza Botelho

Rua Borges Lagoa, 1065 -

conj. 35

Vila Mariana - São Paulo SP

Tel.: (11) 5082-1598

http://www.andrezzabote-

lho.com.br/oquee.html

para aquela mulher que tem muito mais o que fazerpor Juliana Miyahira

Foto: Juliana Miyahira

Foto: SuP na Araruama – Renata Cristiane /divulgação

Page 23: Women's way

44 45Women’s Way

NA ESTEIRA DA SAúDE

O método pilates é uma técnica criada

em 1934, com o nome inicial de Crontro-

logia, por Joseph Humbertus Pilates, na

Alemanha, com o objetivo de melhorar

a saúde através dos exercícios físico com

base no desenvolvimento harmonioso

do corpo, mente e espírito. Durante a 1ª

Guerra Mundial, ele aplicou exercícios de

solo com seus colegas de acampamento

e, posteriormente, utilizou as macas e a

molas para criar exercícios de resistência

para os feridos de guerra recuperarem

sua saúde e condicionamento ainda nas

enfermarias.

Um pouco antes de sua morte, Joseph

Humbertus Pilates descreveu os princí-

pios de desempenho correto e afirmou

que seus exercícios físicos podem preve-

nir doenças coronárias, aumentar a força

muscular e reduzir o risco de doenças res-

piratórias.

A técnica original é baseada em alguns

princípios, sendo os mais importantes a

respiração correta tridimensinal, a con-

tração da musculatura profunda, também

chamada “Power house”, e os movimen-

tos fluidos e controlados.

Nos dias atuais, o Pilates é um método

muito procurado, principalmente por mu-

lheres que buscam uma melhor qualidade

de vida e estética corporal. Sua prática

pode ser feita com aparelhos específicos,

com bola e no solo (Mat Pilates), tanto em

estúdios quanto em domicílio.

É comprovado cientificamente que o pila-

tes melhora a resistência muscular global

e a postura, garante maior flexibilidade,

a capacidade funcional, a coordenação,

o equilíbrio e até o desempenho sexual.

Também melhora a autonomia funcional

e o equilíbrio em mulheres idosas com

exercícios duas vezes por semana por

no mínimo oito semanas. Além disso,

alguns estudos sugerem que o pilates

auxilia mulheres sedentárias e obesas a

reduzir peso, IMC, percentual de gordura,

circunferência da cintura, tríceps, bíceps

e aumentar a massa magra, após oito

semanas de treinamento durante quatro

vezes por semana.

A prática pode ser feita em qualquer ida-

de, desde crianças que compreendam os

comandos até em idosos, durante e após

a gestação, por mulheres sedentárias

com ou sem sobrepeso ou que praticam

modalidades esportivas diversas, pessoas

portadoras de lombalgia crônica, inconti-

nência urinária, depressão, fibromialgia e

demais entidades patológicas, principal-

mente ortopédicas e reumatologias.

Pilates deve ser feito no mínimo duas ve-

zes por semana, com sessões que variam

de 50 a 60 minutos. A seguir, algumas di-

cas para você que é praticamente e para

você que se interessou pela técnica e gos-

taria de começar a treinar:

- Praticantes: iniciar os exercícios com

pré-pilates para aquecer e mobilizar as

articulações do corpo. Durante os exercí-

cios, realizar a ativação correta do “Power

house”, fazer as inspirações entre o final

e o início de cada movimento e expirar

durante os movimentos.

- Iniciantes: solicitar avaliação minucio-

sa, levar exames clínicos e conversar com

seu médico, caso possua comorbidades.

Deve-se fazer as aulas livre de preocupa-

ções, prestando atenção nos movimentos

corporais adequados, na respiração corre-

ta e na postura.

pilates: benefíCios em qualquer idade por Maria Eduarda Alves

marIa eduarda alves

é fISIOTERAPEUTA E INSTRUTORA DE PILATES. PóS-gRADUANDA EM REABILITAçãO MUSCOESQUELéTICA.

Page 24: Women's way

46 47Women’s Way

NO PRATO

BEIRUTE LIGHTEste lanche requer um pouco mais de tempo para cortar os alimentos, mas pode ser feito em uma quantidade maior e conservado na geladeira. As-sim, será fácil montá-lo para sua refeição.

Para o vinagrete1 tomate cortado em cubos pequenos; 1 cebola pe-quena cortada em cubos pequenos; 1 pepino japo-nês sem sementes, cortado em cubos; 20 folhas de hortelã cortadas finamente; 2 colheres de sopa de azeite; 1 colher de café de sal; 1 pimenta-do-reino preta, moída na hora; 1 copo de suco de limão.

Para o sanduíche4 pães sírios; 400g de peito de peru defumado; 200g de queijo muçarela; ½ maço de alface ame-ricana.

Modo de preparo - Pré-aqueça o forno em temperatura média.- Em uma vasilha, misture bem todos os ingredien-tes do vinagrete e leve-a à geladeira, coberta com plástico-filme.- Abra os pães sírios e recheie-os com o peito de peru e a muçarela; aqueça os sanduíches no forno até o queijo derreter.- Retire-os do forno, coloque uma porção de vina-grete e as folhas de alface. Feche com a outra meta-de do pão e sirva a seguir.

Antes da atividade física, é essencial estar bem ali-

mentado. Muitas vezes, a falta de tempo durante a

rotina faz com que as lanchonetes e fast-foods se

tornem a opção mais viável entre um intervalo e

outro das refeições principais do dia. O difícil é con-

viver com a dor na consciência por ter exagerado no

refrigerante, nas frituras e nos petiscos.

A seleção dos ingredientes para o recheio do pão

pode fazer grande diferença na hora de optar por

um lanche. Dependendo de como é feito, ele pode

se tornar uma refeição leve, gostosa, saudável e que

não vai lhe causar arrependimentos posteriores.

Boa alimentação é sinônimo de vida saudável e, com

certeza, traz resultados mais positivos no desempe-

nho das atividades físicas. Pensando nisso, esta edi-

ção da Women’s Way traz a receita de um lanche

rápido e apetitoso para garantir uma alimentação

gostosa, saudável e nutritiva.

pausa para um lanChe saudávelpor Silene Bastos

Page 25: Women's way

48 Women’s Way