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“Leituras de Leo Waibel: natureza e técnica na agricultura catarinense de ontem e de hojeCurso de Extensão a Distância Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas Programa de Pós-graduação em Geografia Organização: Renata Rogowski Pozzo Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Urbano Bolsista CAPES/REUNI Sidnei Niederle Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano Bolsista CNPq Aula 5 1

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“Leituras de Leo Waibel:

natureza e técnica na agricultura catarinense

de ontem e de hoje”

Curso de Extensão a Distância Universidade Federal de Santa Catarina Centro de Filosofia e Ciências Humanas

Programa de Pós-graduação em Geografia

Organização: Renata Rogowski Pozzo

Doutoranda em Desenvolvimento Regional e Urbano Bolsista CAPES/REUNI

Sidnei Niederle

Mestrando em Desenvolvimento Regional e Urbano Bolsista CNPq

Aula 5

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Aula 5 – 24 a 30/10 O texto “O que aprendi no Brasil” foi escrito por Leo Waibel para uma conferência de despedida que realizou no IBGE, em 1950, portanto, dois anos depois da publicação do texto que lemos nas aulas anteriores, “Princípios de Colonização Européia no Sul do Brasil”. Ao chegarmos ao final do curso, acabamos percebendo que pouco foi falado sobre a biografia de Waibel. Algumas coisas são importantes mencionar. Waibel nasceu no ano de 1888 em uma pequena cidade do sudoeste da Alemanha, e por volta de 1910 vai estudar Zoologia, Botânica e Geografia na Universidade de Berlim. Durante a 1ª Guerra manteve estudos na África, sendo que após seu retorno é nomeado professor de Geografia nas Universidades de Kiel e Bonn, onde lidera pesquisas sobre a América Central. Anos depois, em 1939, em virtude da 2ª Guerra migra para os Estados Unidos, permanecendo até 1946, quando empreende diversas viagens de estudos para as terras tropicais, dentre elas o Brasil. Seus estudos sobre o Brasil compreendem seus últimos esforços científicos, já que, em 1951, um ano depois de se despedir de nosso país, Waibel veio a falecer. Sua obra “Capítulos de Geografia Tropical e do Brasil”, em que se encontram os textos trabalhados neste curso dentre muitos outros, foi publicada pela primeira vez em nosso país em 1958 pelo IBGE. Importante citar, também, a contribuição de Waibel para a formação dos quadros que seriam os fundadores do Instituto que conhecemos hoje como IBGE, em especial Orlando Valverde, seu orientando nos EUA, assistente nas pesquisas realizadas no Sul do Brasil e primeiro Geógrafo a ter carteira de trabalho assinada pelo IBGE.

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Durante estas quatro semanas de curso, nos concentramos no objetivo de mirar os escritos deWaibel com nosso olhar atual, passados 60 anos de sua estadia no Brasil. É indiscutível que muito do que ele escreveu está desatualizado, tendo em vista o vertiginoso crescimento econômico vivido pelo sul do Brasil desde os anos 1950, o que reconfigurou a base econômica de várias micro-regiões e com ela a estrutura fundiária, as relações de propriedade, a estrutura de classes, enfim, modernizou o espaço geográfico. Mesmo assim, a leitura destes textos clássicos é importante porque traz à tona diversos temas para discussão, como notou-se ao longo do curso. Entre eles destacam-se as diferentes formações sociais que Waibel acentua entre as Áreas de Campo e de Mata, áreas onde se estabeleceram tradicionalmente a pecuária em grandes propriedades e a agricultura nas pequenas propriedades. Neste sentido, este último texto é importante, porque nele Waibel retoma e reavalia muitos dos assuntos que tratamos neste curso até o presente momento, por isso, uma leitura atenciosa é necessária. Waibel destaca nesta despedida, seus temas centrais de estudo no Brasil: a utilização da terra e a colonização. Já naquela época, percebia a grande potencialidade a ser desenvolvida em nosso país, que, segundo ele, possuía apenas ¼ de suas terras ocupadas, e com uma reserva de terras virgens que não era representada por desertos ou cordilheiras, mas terras férteis, agriculturáveis. Além disso, Waibel reafirma neste texto a caracterização do fenômeno que ele denominou de colonização européia: “entendo por colonização européia o estabelecimento de europeus em pequenos lotes de terra, que eles exploram sem auxílio de qualquer mão-de-obra estranha” (p. 315). Esta colonização, percebe-se, é típica das terras de mata.

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Durante a passagem de Waibel pelo sul do Brasil, o geógrafo presenciou estas pequenas propriedades em sua fase primitiva de acumulação. É perceptível, neste sentido, a precariedade da rede urbana regional, resultado da escassa drenagem de renda do campo para a cidade (neste ponto é interessante comparar as fotos das cidades colocadas por Waibel e as que acrescentamos ao texto, das mesmas cidades, 60 anos depois). No entanto, sabemos que exatamente neste momento germinava em muitas destas pequenas propriedades e nos até então pequenos empreendimentos artesanais urbanos ligados a elas um processo de acumulação que viria se configurar alguns anos depois como a industrialização do Sul do Brasil. É claro que este processo de diferenciação social não foi nada democrático. Poucos foram os que prosperaram; a grande maioria dos imigrantes continuou a depender do trabalho familiar para sobreviver, muitas das família se desagregaram, filhos e netos migraram para os centros urbanos para estudar, trabalhar na indústria ou no comércio. E, analisando o cenário atual, os escritos de Waibel nos fazem atentar para estes descompassos da história, dentro de uma mesma sociedade ou de uma grande região. Neste sentido, uma importante contribuição dos conceitos e temas trazidos à luz com a leitura destes textos é a sinalização para importantes agendas de pesquisa, que podem servir de insigt para TCC's e outros escritos dos colegas que participaram deste curso. No Brasil, ainda temos quase uma Argentina de gente vivendo no meio rural e, em Santa Catarina, o dinamismo dos espaços rurais faz importantes cidades cada vez mais pujantes economicamente (vide Chapecó, por exemplo). Bem, deixamos as demais leituras e relações por conta de vocês. Ainda, pegando carona no tom de despedida do texto de Waibel, como estamos em nossa última aula, pedimos como Atividade apenas um comentário geral sobre as leituras realizadas durante o curso. Isso pode ser feito no blog, em um Fórum que está aberto sob o título de Comentários Finais. No dia 31, postaremos no blog um comentário geral de encerramento e também informações relativas aos certificados. Sem mais demoras, fiquem agora com o último texto de nosso curso, e, como sempre, uma boa leitura!

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