versus magazine #04 novembro 2009

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4ª edição da Versus Magazine. Revista de Metal Portuguesa.

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VERSUS MAGAZINE

A/C Joel Costa VERSUS MAGAZINERua Adriano Correia Oliveira153 1B3880-316 Ovar

Telem.: 933 454 462Web: www.versus-magazine.comE-Mail: [email protected]: myspace.com/versusmagazineTwitter: twitter.com/versusmag

PUBLICAÇÃO MENSALDownload Gratuito

DIRECÇÃOCátia CunhaJoel Costa

EDIÇÃOCátia CunhaJoel Costa

GRAFISMOCátia CunhaJoel Costa

REDACÇÃO / COLUNISTASCátia CunhaDicoJoel Costa

FOTOGRAFIADisponibilizado pelas Bandas

CAPADesign: Joel Costa

Errata: Design da edição de Outubro com «Ho-Chi-Minh: Cátia Cunha

[email protected]

Todos os direitos reservados. A VERSUS MAGAZINE está sob uma licença Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a Obras Derivadas 2.5 Portugal.

O utilizador pode:copiar, distribuir, exibir e executar a obra

Sob as seguintes condições:Atribuição. O utilizador deve dar crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante.

Uso Não-Comercial. O utilizador não pode utilizar esta obra para fins comerciais.

Não a Obras Derivadas. O utilizador não pode alterar, transformar ou criar outra obra com base nesta.

Pois é... Foi desta que conseguimos uma entrevista com os «Walls Of Jericho»! Sinto-me diferente e com vontade de esquecer o underground e começar a tentar falar com aqueles que já toda a gente fala? Nem por isso. Ou melhor, de todo! O underground é e será sempre a fonte de vida da Versus Magazine. O mesmo não quer dizer que volta e meia não apareça aí um Sr. Fulano Tal conhecido, mas até aí vamos tentar não chegar aos do cos-tume. De momento estamos a combinar uma entrevista com os KMFDM. (E também tentamos chegar aos Rammstein mas nem vale a pena dizer o que aconteceu eheh). Tenho a informar que a Versus Magazine irá começar a publicar edições especiais juntamente com as habituais edições mensais, vocacionadas para a promoção do Metal. Para já temos previsto o lança-mento de especiais de Punk, Rock e bandas dos Açores. Para quando? Não se sabe. Quando houver tempo. E isto meus amigos, foi o editorial.

Este mês é rápido porque há algo que terei que falar, que é o lançamento do DVD dos AFTER HATE AO VIVO NO HEADBANGER FEST, evento que teve lugar no Glorys Bar, em Ovar, e foi organizado pela Versus Maga-zine. O DVD já se encontra pronto. Com produção da Elementos À Solta, o registo audiovisual poderá ser adquirido através do e-mail da banda: [email protected] ou através do nosso e-mail, [email protected]. Falem com a banda, informem-se e deliciem-se com um concerto que ainda hoje me deixa saudades. Temos novos eventos em vista e com «After Hate» no cartaz imaginário. Para a próxima apareçam!

04 NOTÍCIAS NACIONAIS05 NOTÍCIAS INTERNACIONAIS07 NOTÍCIAS «PEDRA DE METAL»08 ARTIGO AFTER HATE 11 PRÉMIOS VERSUS MAGAZINE12 ENTREVISTA // The Firstborn16 ENTREVISTA // Process Of Guilt18 ENTREVISTA // Pitch Black20 ENTREVISTA // Futile Existence22 ENTREVISTA // Walls Of Jericho (EUA)26 ENTREVISTA // Enday28 ENTREVISTA // Promethevs30 ENTREVISTA // No Tribe32 ENTREVISTA // Switchtense33 ENTREVISTA // Nableena34 REVIEWS41 REVIEWS GLOBAL TONE

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NOVO TEMA DOS CYCLES

Os «Cycles», banda oriunda do Porto, disponibilizaram hoje o seu novo tema «Anointing Of The Sick». No MySpace da banda, para além do novo tema, encontra-se também um vídeo com algumas imagens captadas durante o trabalho de estúdio dos Cycles. A banda é actualmente formada por Verá Sá, Augusto Peixoto, Nuno Silva, Sérgio Martins e Paulo Camisa.

MySpace: www.myspace.com/cycles

AFTER HATE E VERSUS MAGAZINE

Foi publicada no YouTube a primeira entrevista no formato de vídeo levada a cabo pela Versus Magazine. Os entrevis-tados foram os «After Hate», que para além da entrevista têm também publicado um vídeo de um tema ao vivo intitulado «Crawl On My Ashes». Os vídeos podem ser vistos aqui:

http://www.youtube.com/versusmagazine

VERTIGO STEPS: NOVO ÁLBUM EM 2010

«The Melancholy Hour» será o nome do próximo álbum de «Vertigo Steps», um projecto liderado por Bruno A. Com um alinhamento de 12 faixas, o registo que irá começar a ser gravado em Janeiro de 2010, contará com a presença de alguns convidados, incluindo Niko Mankined (Misery Inc.).

ARTCHOKE

Os «Artchoke» disponibilizaram para audição no MySpace o EP «Melodramatic Quests Blakened Jaws». Podem ouvir em www.myspace.com/artchoke

GATES OF HELL INICIAM TRABALHO DE ESTÚDIO

Os «Gates Of Hell», entrevistados pela Versus Magazine na edição passada, entraram recentemente nos SVStudios para a gravação do primeiro EP oficial. Este registo contará com cinco temas e a produção ficará a cargo de Paulo Lopes. Tem data prevista de lançamento para final do ano de 2009 ou início de 2010.

http://www.youtube.com/watch?v=FgWkdfzJs5M

AFTER HATECrawl On My Ashes - live @ glorys bar

http://www.youtube.com/watch?v=FSQFB8_2MG0

VERSUS MAGAZINE LIVE AND LOUDEntrevista: After Hate - parte 1 de 3

NOVO TEMA DOS HEAVENWOOD

Os «Heavenwood» disponibilizaram online um novo tema, intitu-lado «The Arcadia Order». Esta música, que pode ser ouvida no MySpace da banda, fará parte do próximo álbum de originais. Este novo disco foi composto em conjunto com o russo Dominic Joutsen, um compositor de música clássica. O álbum sairá ape-nas no próximo ano. Ainda sobre os «Heavenwood», o vídeo do tema «13th Moon» será incluído no sétimo episódio do IndiMusic TV, dia 14 de Novembro nos EUA.

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http://www.youtube.com/watch?v=A2aAH7uX-yY

THE AUTUMN OFFERINGThe Curtain Hits The Cast

http://www.youtube.com/watch?v=2VTvRs7cJ9k

SAY GOODBYESomething To Burn

http://www.youtube.com/watch?v=2VTvRs7cJ9k

IT DIES TODAYSomething To Burn

A DAY DO REMEMBER: Edição Antecipada

Os «A DAY TO REMEMBER» lançaram no dia 26 de Outubro uma edição antecipada de «Homesick: Deluxe Special Edi-tion». Este lançamento não só inclui faixas bónus acústicas, como possui também um DVD de edição limitada, que ape-nas poderá ser adquirido ao comprar este registo. A banda disponibilizou ainda um vídeo onde os fãs podem ter uma noção daquilo que está para vir. O vídeo inclui imagens de concertos na Suiça, cenas de bastidores e videoclips.

HELLBILLY DELUXE 2

Foi divulgada a capa para o próximo registo de originais de Rob Zombie, «Hellbilly Deluxe 2». O single «Waht» já se encon-tra disponível no iTunes e a tour de promoção do álbum ar-rancou no final do mês de Outubro. Tal como no registo an-terior «Educated Horses», também este CD conta com John5, Tommy Clufetos e Piggy D. A data de lançamento tem sido adiada constantemente devido ao facto de Rob Zombie se encontrar actualmente a promover o seu mais recente filme «Halloween 2».

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DEVILDRIVER COM NOVO ÁLBUM

Em entrevista à revista Metal Hammer, o vocalista dos «Devildriver» revelou que a banda iniciou a composição de novo material para integrar o próximo álbum, com lançamento previsto para Outubro de 2010.

KIRK HAMMET DESMENTE

Kirk Hammet, guitarrista dos Metallica, desmentiu a notícia que circu-lava pela web que falava de um possível concerto entre Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax. Não que tenha sido um boato falso, mas sim pela falta de compatibilidade nas agendas, conflitos pesso-ais e outros problemas.

REGRESSO DE FEAR FACTORY

A banda de Dino Cazares e companhia anunciou que irá lançar em Fevereiro de 2010 um novo álbum intitulado «Mechanized». Este re-gisto terá a produção a cargo da banda e de Rhys Fulber (Paradise Lost) e será masterizado por Greg Reely (Paradise Lost).

SWALLOW THE SUN COM NOVO TEMA

Os finlandeses «Swallow The Sun» publicaram no MySpace o seu mais recente tema, intitulado «Falling World». Esta faixa fará parte do novo registo, «New Moon», a ser lançado no dia 10 de Novembro.

FAITH NO MORE EM TOUR

Como tem sido habitual, os músicos aproveitam o Twitter para publi-carem algumas notícias importantes. O baixista dos «Faith No More» não foi excepção e usufruiu do Twitter para anunciar que a banda está a planear uma tour pelos Estados Unidos.

MESHUGGAH COM DVD EM 2010

Segundo a banda, no começo do ano que vem será lançado um DVD com imagens ao vivo. Mais informações serão dadas posterior-mente.

WINDS OF PLAGUE RECRUTAM NOVO MEMBRO

Lisa Marx, ex-Kittie, foi a escolhida para substituir Kristen Randall nas teclas, que havia deixado a banda recentemente.

OPINIÃOO semi-fenómenopor: Dico

Publiquei há dias, noutro local, um texto em que reflectia sobre o complexo de inferioridade e a falta de auto-estima tão característicos dos por-tugueses e que se reflectem de forma premente em muitas bandas Underground. Em sentido inver-so, nesse mesmo artigo referi ainda que algumas bandas, tendo-se em excessiva conta, fazem má figura pública. Mas também no maistream – espe-cialmente no mainstream – há grupos com auto-estima exacerbada que, além de não se justificar, muito menos lhes assenta bem.A propósito do êxito alcançado pelos Hoje, o men-tor do projecto, Nuno Gonçalves (dos The Gift), fez solicitamente no “Diário de Notícias” do passado dia 5 de Outubro a grave acusação de que “a unanimidade com que a crítica falou mal do disco funcionou a nosso favor. Raramente há um com-plô tão grande ao querer derrotar um disco (…). Surpreendeu-me ver tanta voluntariedade para criticar um disco (…)”. É sabido que os críticos em geral são considera-dos personas non gratas, vermes que ganham a vida a maldizer a obra alheia. Mas as opiniões são livres e subjectivas, desde que devidamente fun-damentadas, tendo os visados que desenvolver suficiente capacidade de encaixe para as acei-tar. Sim, porque os críticos não escrevem apenas o que os artistas (e as editoras) gostariam de ler. Aliás, se os músicos não querem arriscar receber críticas negativas então que reservem o seu traba-lho exclusivamente para consumo próprio e não o tornem público, mas sugerir a existência de um complô ultrapassa os limites do razoável.Mais à frente, o músico, transbordante de auto-estima, afirmava que “estamos quase a roçar o fenómeno sociológico”. Ora, se uma banda que vende 40 mil exemplares de um álbum e esgo-ta uma digressão se considera praticamente um fenómeno sociológico como deveremos então apelidar os Delfins (que venderam 300 mil cópias de Saber A-mar), Silence 4 (com 240 mil exempla-res vendidos do álbum de estreia, Silence Beco-mes It), Paulo Gonzo (que chegou à marca dos 240 mil com Quase Tudo), Pedro Abrunhosa (140 mil cópias vendidas do primeiro álbum, Viagens), Rui Veloso (cujos igualmente 140 mil exemplares de Mingos & os Samurais falam por si) ou Humanos (que ultrapassaram as 100 mil cópias vendidas do único álbum de estúdio)? Se incluirmos ainda nesta lista outros registos des-tes artistas (ou de tantos outros fenómenos como Resistência ou Rio Grande, independentemente de serem ou não pré-fabricados), bem como as sucessivas digressões esgotadas, que epíteto seria justo atribuir-lhes? O de fenómenos transcenden-tais? Cósmicos? Divinos? Portanto, é fundamental ter uma auto-estima ele-vada, mas sem que a vertigem do êxito nos faça levantar os pés da terra ou perder a humildade. É triste deixarmos que tal aconteça, pois tarde ou cedo a vida inflige-nos sempre importantes lições que nos fazem descer ao mundo real. Se aprovei-tamos esses ensinamentos e com eles evoluímos enquanto pessoas já é uma história bem diferen-te.

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CARPATHIAN FOREST: ÁLBUM AO VIVO

A Metal Mind Productions apresenta o álbum ao vivo da banda norueguesa de black metal CARPATHIAN FOREST.

O álbum, intitulado “We’ge Going to Hollywood For This - Live Perversions”, conta com gravações remasterizadas do concerto do grupo em Cracóvia, no início de 2004. O álbum terá músicas desde “Through Chasm, Caves and Titan Woods”, até o “Defending the Throne of Evil”.

A edição remasterizada estará disponível em uma edição em digipak limitada em 1.000 cópias.

FEAR FACTORY: RE-LANÇAMENTO DE «HATEFILES»

Os FEAR FACTORY vão relançar a coletânea de raridades “Hatefiles” em edição remasterizada e limitada a 1.000 cópias.

São 18 faixas digitalmente remasterizadas utilizando o pro-cesso de 24-bit e um disco dourado, sem contar a bela embalagem Digipak que acompanha o lançamento.

MY DYING BRIDE: NOVO EP

Os Britânicos My Dying Bride lançaram um novo EP com o nome de “Bring Me Victory”. O EP é cosntituido por quatro musicas e chegou às lojas no passado dia 26 de Outubro, via Peaceville Records.

“Bring Me Victory” traz três musicas gravadas no estúdio Futureworks, em Manchester, na Inglaterra, e mais uma versão ao vivo de “Vast Choirs” registrada durante uma apresentação do grupo no Graspop Metal Meeting, na Bélgica, em 2008.

SLAYER: EDIÇÃO LIMITADA DE «HATE WORLDWIDE»

Uma edição estritamente limitada do single “Hate Worl-dwide”, dos Slayer, saiu no mes de Outubro. Apenas mil cópias serão lançadas e estarão disponíveis exclusiva-mente através de lojas independentes.

O álbum “World Painted Blood” será lançado no dia 3 de Novembro, via American Recordings. O CD sairá ini-cialmente em quatro edições com capas especiais para colecionador. Cada uma terá um quarto de um provo-cativo mapa continental ilustrado com ossos e caveiras humanos. Quando reunidos, as quatro imagens formam um horrendo mapa do mundo

RAMMSTEIN: EDIÇÃO BOX COM BRINQUEDOS ERÓTI-COS

Com o lançamento do novo álbum de estúdio dos Rammstein, “Liebe Ist Für Alle Da”, o sexteto alemão anun-ciou que irá existir uma singular versão da edição limitada do álbum em formato Box que para além do habitual cd terá ainda seis objetos sexuais (corresponde ao número de elementos da banda), algemas e lubrificante. A disponibilidade, bem como preço e data de lança-mento serão anunciados em breve.um horrendo mapa do mundo.

INKILINA MORTE: NOVO PROJECTO

O projecto industrial português “Inkilina Mor+e”, e o escri-tor Pedro Sazabra, voltam á carga mas desta vez com um albúm inteiro.

Depois de se juntarem para fazer o tema; “Solta Ancora”, feito para promover o 1º livro de Pedro Sazabra, “As pas-seatas de Euclides”.

O novo projecto será denominado “INKILINA SAZABRA”, e será a banda sonora para o 2º livro de “As passeatas de Euclides”.

Para mais informações visitem o Myspace da banda em http://www.myspace.com/inkilinamorteoficial

DARK FUNERAL: ÁLBUM «ANGELUS EXURO PRO ETER-NUS»

A banda de Black Metal DARK FUNERAL revelou a capa do seu novo álbum, “Angelus Exuro Pro Eternus”, que será lançado no dia 18 de Novembro pela Regain Records.

De acordo com uma actualização da banda: “O álbum será lançado em diferentes formatos. Uma das primeiras informações oficialmente confirmadas é que a primeira edição terá dois discos com edição limitada (contendo 1 CD + 1 DVD ao vivo). O bónus do DVD ao vivo oferece aproximadamente 55 minutos de material inédito.emba-lagem Digipak que acompanha o lançamento.

TRIVIUM: BATERISTA DE FORA DA PRÓXIMA TOUR

O baterista Travis Smith, baterista dos TRIVIUM não vai fa-zer tour pelos Estados Unidos e que arranca amanhã em Atlanta, juntamente com os CHIMAIRA. Segundo a ban-da esta questão deve-se a problemas pessoais que Smith está a passar.

SUMMONED HELL: METAL AÇORIANO A RENASCER

A banda Summoned Hell de Ponta Delgada nos Açores acaba de lançar o primeiro tema, com o mesmo nome da banda, do seu futuro álbum com lançamento marca-do para Fevereiro de 2010. O tema Summoned Hell traz-nos um Death Metal Melódico que reflecte uma nova fase da banda e vem oferecer uma pré-escuta do que serão os 10 temas do primeiro álbum da banda.

O mesmo álbum vem dar início a uma nova fase de Sum-moned Hell que espera subir aos palcos em 2010 de forma a divulgar o seu novo trabalho assim como novos temas que não constam do primeiro suporte.

Para ouvirem a nova musica visitem o Myspace oficial da banda http://www.myspace.com/summonedhell

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Demorei algum tempo a compreen-der o Underground. Simplesmente não ouvia porque achava desneces-sário e sem valor. Vivia para as ban-das Mainstream porque não compre-endia a música, mas hoje sinto-me bastante feliz por ter dado uma se-gunda oportunidade às bandas de garagem e ouvir essas bandas com a mesma atenção com a qual ouço «Pantera» ou «Soulfly». Quem conhe-ceu o Marco Silva nos seus anos de Escola Secundária, nunca pensaria que o maluco por basquetebol que só ouvia sabe-se lá o quê, viria aca-bar como guitarrista numa banda de Metal. Mas não foi assim que co-nheci «After Hate»: foi numa entre-vista dada por mim e por David Pais, vocalista dos «Ashes», à Rádio Clube da Feira, onde o David menciona a banda como um “bom projecto de Ovar”. Na altura eu tinha um projecto musical experimental com o David e com outros amigos. Senti-me na pele das bandas underground e a verda-de é que soube bem lá estar, porque alguém pegou num EP de um puto de 17 anos e decidiu passá-lo na rá-dio e dar-lhe uma oportunidade de se fazer chegar a um público muito vasto. Criei então a webzine «HEA-DZUM.ORG», vocacionada para a promoção de bandas nacionais, que

não tivessem contratos discográficos nem muita promoção. Mesmo sem conhecer muito do que se passava no Underground, fiquei admirado por receber inúmeros e-mails a agrade-cer o facto de criar algo que apoias-se as bandas Portuguesas. Nasceu assim, o meu gosto pelas bandas de garagem. Voltando ao Marco: o facto de um amigo meu pertencer a uma banda underground, só fez com que fosse mais fácil chegar aos «Af-ter Hate». Foi uma questão de tempo até me decidir em ver um concerto ao vivo, convidá-los para tocar no primeiro evento de Metal organizado pela equipa da Versus e sentar-me no apartamento do Miguel (bateris-ta) para uma entrevista com os mem-bros da banda (menos o Luís - foto). Nunca tive a oportunidade de estar assim tão perto de uma banda e sa-ber aquilo que os motiva ou as dificul-dades que enfrentam para obter al-gum reconhecimento no nosso país. Vi-os pela primeira vez ao vivo no Art7, em São João da Madeira, antes de ter a Versus Magazine, e foi neste concerto que entendi o Underground e percebi o porquê de tanto gostar dele: por duas vezes tive a oportuni-dade de ver o meu ídolo, Max Cava-lera, a tocar «Refuse / Resist», no Porto e em Vigo, com «Soulfly», e cheguei

à conclusão que tanto faz ouvir este tema cantado por Max Cavalera ou pelo Bruno Tavares dos «After Hate», porque aquilo que sinto é igual. A vontade de transmitir o poder da mú-sica está na mesma lá e a sensação extraordinária que me passa pelo corpo como só a boa música o con-segue fazer, é exactamente igual. E melhor do que isso, é ouvir os temas originais da banda, quer seja o EP ou ao vivo. A humildade e a genialidade são dois factores muito importantes que certamente levarão esta banda longe. Mas claro que não é assim tão fácil por uma simples razão: estamos em Portugal. Eu continuarei a fazer o que tenho feito desde que me lem-bro: levar os meus ídolos aos ouvidos do maior número possível de pesso-as. Mas desta vez não darei a ouvir nem «Nirvana» nem «Metallica», mas sim «After Hate» e outras bandas no mesmo patamar, pois estes sim, são os meus ídolos. Um abraço ao Mar-co, ao Bruno, ao Luís, ao Miguel e ao Ricardo, por me deixarem entrar no círculo e fazer com que a minha acti-vidade para divulgar o que é “nosso”, só cresça cada vez mais. Às editoras nacionais: Peguem nestes gajos pah!

Joel Costawww.myspace.com/soundafterhate

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Estão abertas as inscrições para os prémios “Versus Magazine 2009”.

Estes prémios, exclusivos para bandas Metal ou Rock, divididos em algumas categorias, serão atribuídos aos melhores trabalhos nacionais e internacionais de 2009, através de um sistema de votos. Serão os leitores e fãs do Metal nacional a escolher os vencedores, sendo que a equipa da Versus escolherá apenas os vencedores de 2 prémios.

Para ganhar é preciso concorrer, pois os prémios só serão atribuídos a bandas inscritas.

Eis os prémios a ser atribuídos:

1. MELHOR EP 20092. MELHOR ÁLBUM 20093. BANDA REVELAÇÃO4. PRÉMIO VERSUS MAGAZINE PORTUGAL (prémio a ser atribuido pela revista)5. PRÉMIO VERSUS MAGAZINE INTERNACIONAL (prémio a ser atribuido pela revista)

Condições de Participação:

1. Podem concorrer bandas, com ou sem editora, que tenham lançado um EP entre Janeiro e Dezembro de 2009.

2. Podem concorrer bandas, com ou sem editora, que tenham lançado um álbum full-lenght entre Janeiro e Dezembro de 2009.

3. Podem concorrer bandas que tenham efectuado o seu primeiro lançamento discográfico, seja ele com ou sem edi-tora, entre Janeiro e Dezembro de 2009.

4. Todas as bandas Portuguesas que participaram nas edições da Versus Magazine entre Agosto e Dezembro de 2009 estarão habilitadas a ganhar este prémio.

5. Todas as bandas Internacionais que participaram nas edições da Versus Magazine entre Agosto e Dezembro de 2009 estarão habilitadas a ganhar este prémio.

COMO CONCORRER

As bandas que queiram participar devem enviar uma carta ou um e-mail com o CD candidato ao prémio, covers do CD em formato digital (JPEG, etc), fotografia da banda ou logotipo e informação sobre o CD: nome, tracklist, data de lançamento, etc. Não é obrigatório o envio de material original.

Envios p/ carta:

Versus MagazineA/C Joel CostaRua Adriano Correia Oliveira 153 1B3880-316 Ovar

Envios p/ e-mail:

[email protected]

Terão até ao final do mês de Dezembro para enviar as candidaturas. Em Janeiro todas as bandas inscritas estarão dis-poníveis para votações e o prémio será dado entre Fevereiro e Março.

Qual é o prémio? Por não termos qualquer apoio, prémios monetários estão fora de questão. Será atribuído um quadro semelhante aos discos de prata, ouro e platina entregues em Portugal. Será meramente simbólico mas um motivo de orgulho ainda que os prémios da Versus não sejam credíveis actualmente.

Se até lá conseguirmos algum tipo de apoio, podemos acrescentar algo aos prémios.

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Como descreveriam o vosso som?Bruno Fernandes: Considero sempre algo ingrato tentar descre-ver a nossa sonoridade a quem a não conheça, já que é uma mescla tão invulgar que, no papel, poderá até parecer absurda. O facto é que, a meu ver, conseguimos fazer com que resulte... sumariamente, po-der-se-á dizer que a base da ban-da assenta no Metal de cariz mais extremo, em estética e sonoridade, mas com uma componente atmos-férica baseada no conceito Budista que adoptámos como nosso há já algum tempo. Como tal, as paisa-gens sónicas por nós exploradas os-cilam da intensidade típica do Black e do Death Metal até a momentos de psicadelismo e devaneios World Music. A chave para integrar toda esta disparidade de elementos resi-de no conceito, que tudo une e tudo gera.

A presença do Sitar traz uma boa dose de originalidade e uma sonoridade vibrante. Como surgiu a ideia de in-cluir este instrumento numa banda Metal?

O Sitar é um instrumento clássi-co indiano, muito popular naque-le país e facilmente associado ao mesmo... deu-se na Índia a génese do Budismo, e como tal faz todo o sentido que, ao procurarmos trans-crever para a música as paisagens que pretendemos descrever nas letras, tentemos associar a nossa musicalidade à destes países onde o Budismo tem uma presença mais marcante. Fazê-lo sem descaracte-rizar a nossa própria sonoridade é o desafio mais complexo, e é um pro-cesso de alguma “tentativa-e-erro” até atingirmos o equilíbrio pretendi-do. Temos tido a felicidade de contar com a colaboração do Luís Simões (Saturnia / Blasted Mechanism) nas gravações e, esporadicamente, em actuações ao vivo, o que tem en-riquecido tremendamente a nossa textura musical.

Em 2008 estiveram algum tempo no Reino Unido. Fa-lem-nos um pouco da vossa passagem por lá.Foi uma viagem com um propósi-to muito claro, a gravação do nosso último álbum “The Noble Search”...

escolhemos os estúdios Foel, no País de Gales, para registarmos o disco e ficámos imensamente satis-feitos com o resultado final. O Foel é um estúdio muito vintage, fun-dado em 1974 por Dave Anderson, dos Hawkwind, e tem evoluído até aos dias de hoje, aliando o analógi-co aos meios mais actuais, e essa equação pareceu-nos ser a ideal para captar o que pretendíamos no “The Noble Search”. Passámos lá cerca de um mês a trabalhar dia e noite, perdidos num vale galês, li-teralmente no meio do nada, e foi uma experiência muito intensa e gratificante.

Que tipo de reacções tiveram com o lançamento de «The Noble Search»?Felizmente, as reacções têm sido muito positivas, e temos tido desta-que em publicações já com alguma relevância no meio internacional, o que recompensa todo o esforço dis-pendido para conseguirmos um dis-co com a qualidade do “The Noble Search”. Temos tido também mais propostas para actuar fora de por-tas, o que perspectiva tempos inte-ressantes para o futuro próximo.

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Já trabalharam em ideias no-vas desde esse lançamento ou estão concentrados ape-nas nos concertos?Já iniciámos há algum tempo a com-posição do próximo registo, a par dos concertos, e tudo parece en-caminhar-se para que consigamos gravá-lo durante o próximo ano. As ideias estão ainda numa fase bas-tante embrionária, mas começam já a ganhar formas e contornos muito interessantes, algo diferen-tes do “The Noble Search”, sem no entanto cortar radicalmente com a estética do mesmo... creio que o próximo disco terá uma sonoridade ainda mais orgânica, e sobretudo, explorará ainda mais as atmosferas que ocasionalmente temos vindo a incluir nos nossos registos. Haverá provavelmente ainda mais texturas para descobrir audição após audi-ção, já que pretendemos elaborar ainda mais os temas ao nível dos pequenos detalhes, sem jamais descurar a noção de “canção” que é a essência da nossa música.

Quais foram as principais in-fluências para criar a sono-

ridade única dos «The First-born»?É difícil dizer ao certo, a única gran-de influência que consigo discernir é a filosofia Budista que alterou por completo o rumo conceptual e, por consequência, musical da banda... quanto ao resto, obviamente have-rá momentos inspirados neste ou naquele grupo, mas creio que se-rão muito pontuais, já que - para o melhor e para o pior - encontrámos aquilo que poderemos afirmar ser o nosso som. Respeitamos sobretudo artistas que têm tido a coragem de quebrar barreiras, desafiar o status quo e fazer o inesperado. Essa é a grande inspiração da qual bebe-mos.

Agora um pouco sobre a vos-sa formação... como se for-mou a banda e qual a origem do nome?A banda formou-se há década e meia, com um propósito completa-mente distinto e com uma forma-ção também diferente, da qual res-to apenas eu... ou talvez nem isso, já que tinha na altura 16/17 anos, e era uma pessoa com tão poucas semelhanças com aquilo que hoje

sou que quase se poderia dizer ser outrém. De qualquer forma, co-meçámos por tocar um híbrido de Black Metal muito em voga na altu-ra, com letras e estética condizen-tes, apresentando-nos então sob o nome “Firstborn Evil”. Passados alguns anos, evoluímos o suficien-te para considerarmos o nome algo redutor, e optámos pelo mais vago e apelativo “The Firstborn”, que até hoje utilizamos. As interpretações poderão ser várias, e prefiro deixá-las à subjectividade de cada um.

Para concluir, alguma pala-vra que queiram deixar aos leitores da Versus?Espero que não tenham achado as minhas respostas demasiado enfa-donhas, e que, pelo contrário, vos tenham despertado o interesse pela banda e pelo conceito que aborda-mos... venham ver um concerto ou apreciem a nossa música em casa, ficamos satisfeitos de igual forma.

Entrevista: Joel Costa

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Falem-me um pouco da vossa formação. Como sur-giu a ideia de formar a banda e que objectivos tra-çaram no começo?No início não houve, propriamente, um masterplan que procurássemos seguir, apenas nos limitámos a cumprir os pequenos objectivos a que nos íamos propondo, tais como arranjar um line-up, gravar a primeira maqueta, re-alizar os primeiros concertos. Tudo fluiu de forma sempre muito natural e normal, sendo que o único pressuposto que procurámos, desde o início, assegurar, correspondia à natureza da nossa música e ao nosso comprometimento e satisfação para com a mesma. Julgo que ainda possu-ímos a mesma convicção, que continua a mover-nos en-quanto músicos e enquanto banda.

O álbum «Renounce» chegou a sair em Cassete e também em CD. Qual dos dois formatos em que o álbum foi editado é que foi melhor distribuído?A edição em formato CD correspondeu a um número mui-to superior à edição em cassete, pelo que a sua distribui-ção foi, também, assegurada por uma maior rede, rela-cionada com a Major Label Industries (MLI), sendo que a edição em formato cassete, neste momento, possui ape-nas distribuição através dos sites da Bubonic e de Process of Guilt. Tratando-se de formatos diferentes e de edições com objectivos e públicos disttintos não nos é possível tra-çar um paralelo entre as duas edições. Podemos referir, no entanto, que a edição em cd se encontra esgotada e que, apenas, nos restam alguns exemplares da edição em cassete, pelo que a distribuição de ambos terá atingido, pelo menos, o público alvo a que se propunha.

Já contam com alguns lançamentos na bagagem. Como descrevem a vossa evolução enquanto músi-cos e compositores?A nossa evolução enquanto músicos e compositores pas-sa decisivamente por uma noção de aperfeiçoamento relativamente ao nosso objectivo musical, que é o de criar

música que realmente nos preencha e satisfaça tanto en-quanto executantes como ouvintes. Olhando para o nosso trajecto em termos de lançamentos, há, sob a nossa pers-pectiva, uma evolução que, actualmente, nos coloca um pouco à margem daquelas que foram as nossa influências iniciais e que nos situa de forma bem mais próxima no que respeita à obtenção de um registo que, de facto, seja re-conhecido como a nossa própria sonoridade.

Onde vão buscar a vossa inspiração para a compo-sição dos temas?Muita coisa surge naturalmente em plena jam sessionao longo dos ensaios, que depois procuramos despir de tudo o que é acessório para podermos chegar ao ‘cerne’ do riff, tentando desenvolvê-lo de acordo com a nossa per-cepção do que deverá constituir uma música nossa. Mas, basicamente, a inspiração surge do nosso quotidiano, do que ouvimos, do que experienciamos, do que almejamos. Concentrando-nos na toada mais negra destes aspectos conseguimos encontrar o fio condutor para a nossa lingua-gem enquanto Process of Guilt.

«Erosion» é o CD mais recente lançado por vocês. Como foi gravá-lo?Foi uma experiência bastante gratificante, tal como a maior parte das vezes em que traduzimos para o formato audio as nossa intenções. A grande diferença passou pelo à vontade com que encaramos este processo desta vez e procurámos melhorar outros aspectos que não tinham cor-rido tão bem em gravações anteriores. Basicamente, de-pois de um processo de composição concentrado em cer-ca de quatro meses, estivemos no estúdio ao longo de um período de duas semanas que nos permitiu concluir a fase de captação e, em seguida, talvez, mais duas semanas, para as primeiras misturas. Tratando-se de um estúdio com o qual estamos muito à vontade e cuja localização apela a um certo estado espírito mais contemplativo, tratou-se, de facto, de uma experiência bastante positiva. O proces-so referente à masterização a cargo do Collin Jordan aca-

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bou por ser, também, uma mais valia que permitiu, ainda, rever alguns aspectos da gravação e tornar o produto final algo com que ainda hoje nos identificamos. Este registo foi muito bem recebido pela crítica. Para quem não quer ler as reviews que fizeram sobre «Ero-sion», como descreveriam o vosso álbum?O «Erosion» corresponde ao nosso lançamento em que mais perto estamos do que almejamos enquanto músicos, aquele em que melhor traduzimos as nossas experiências e nos afastamos de um conjunto de influências e espectro com os quais decisivamente não nos queremos identificar. Assim sendo, quem encontrou no «Renounce» uma boa fonte de riffs e ambiências melancólicas e abrasivas, por certo, também, pode encontrar a extensão e o amadure-cimento desses mesmos elementos no nosso último registo. O «Erosion» representa um ciclo, um álbum onde todos os temas se encontram relacionados e em que todos foram pensados de forma a constituírem um todo, e neste ciclo coincidem influências de sons que decididamente podem ser classificados como doom, mas também atmosféricos, sludge, ou mesmo post- qualquer coisa, à falta de melhor definição. Podemos dizer que no «Erosion» se concretiza-ram uma série de ideias que tínhamos aquando da grava-ção do «Renounce» e que só agora conseguimos traduzir do melhor modo.

Têm tido notas máximas em todos os meios de co-municação que fizeram uma review ao vosso CD, onde foram até disco do mês na Loud!. Sentiram que o vosso esforço na gravação deste álbum foi recom-pensado ou a vossa recompensa está noutro lado que não a crítica?É, de facto, recompensador ver que há um bom número de pessoas no meio que reconhecem a validade do nosso trabalho e o elogiam como peça musical que representa. Por outro lado, não é, certamente, esse o aspecto que nos move. A nossa recompensa reside, em primeiro lugar, no grau de satisfação que obtemos da nossa música, desde a sua composição, ensaio e gravação, seguido pelas reac-ções de quem nos acompanha e vê ao vivo, absorvendo a nossa entrega ao interpretarmos cada música.

Dia 24 de Outubro vão tocar na Holanda e no dia de Halloween vão tocar na vossa terra. Qual deste tipo de concertos vos cria mais expectativas?O concerto em Roterdão, por tratar-se de um festival que já vai na sua oitava edição e por obrigar a uma logística maior, suscitou-nos uma maior preocupação, já que se tra-tava de um público que não nos conhecia. Acabou por ser, à semelhança do que se passou em Madrid, um dos momentos em que maior e melhor reacção obtivemos por parte da audiência, tendo por certo sido um dos capítulos mais enriquecedores no trajecto de Process of Guilt. Quan-to ao Festival do próximo dia 31 de Outubro, o mesmo irá constituir o nosso primeiro concerto em Évora desde o lan-çamento de «Renounce» do início de 2007, pelo que, ob-viamente, também, possuímos grandes expectativas em relação a voltar a tocar naquela que é a nossa cidade de origem.

Para finalizar, que podemos esperar de vocês para o futuro? Há novas ideias em mente?Neste ponto, após os concertos de apresentação do «Ero-sion» e a nossa participação em alguns festivais que pos-sibilitaram, pela primeira vez, levarmos a nossa música a outros países, ambicionamos expandir o nosso leque de actuações ao vivo o máximo possível a outros locais distin-tos daqueles onde já actuámos. Por outro lado, temos al-guns planos em termos de lançamentos musicais para 2010 que vamos tentar concretizar, pelo que vamos aguardar um pouco e ver o que o próximo ano nos poderá trazer.

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Têm alguns concertos marcados até Janeiro de 2010. Qual é aquele que aguardam com mais ex-pectativa?Bem, sem dúvida que será o Invicta X-Massacre no Porto em Dezembro 2009 e o 16º HardMetal fest de Mangualde em Janeiro 2010. No primeiro teremos o prazer de partilhar o palco com os Holocausto Canibal e Web, nossos amigos de longa data e com toda a certeza que será uma noite em cheio! Em relação ao segundo, não será a nossa es-treia no festival e sempre que lá fomos regressamos com excelentes recordações. Não só por o Rocha ser um resis-tente supremo nestas andanças mas também um grande amigo. E esse festival tem sempre grande espírito e con-vívio. Para além de que as condições são excelentes e este ano teremos o prazer de partilhar o palco com uma grande banda de Thrash alemã que são os Contradiction! Pelo que já pude comprovar, como pessoas também são 5 estrelas.

Possuem um contador no MySpace que contabili-za as visitas de todo o mundo. Como é para vocês saber que a vossa música chega pelo menos a 60 países diferentes?Antes não era nada assim. Fazer chegar o nome da ban-da a todo o lado através de flyers, tape-trading e fanzi-nes era imensamente mais difícil e as coisas tardavam em acontecer. Os tempos mudam e, em alguns aspectos, o avanço da tecnologia trouxe bastantes vantagens. Refi-ro-me, naturalmente, ao MySpace apenas para citar um exemplo. Conseguimos fazer com que mais pessoas co-nheçam a banda numa semana do que há 12 anos atrás alguma vez conseguiríamos em meio ano. No entanto, o número de visitas pode nem sempre reflectir a variedade de pessoas que gostam da banda mas o feedback que temos e os e-mails que recebemos já são outra história. E a nível internacional nunca tivemos tão boa receptivida-

de como agora com este novo álbum. Seja pelo MySpa-ce ou simplesmente por a nossa música andar por aí na internet para download, temos vendido mais material lá para fora como nunca! E temos tido muito mais retorno do que com o anterior trabalho. É muito gratificante sa-bermos que conseguimos chegar a tanta gente distinta de diferentes países e essas mesmas pessoas gostarem do que fazemos.

Já contam com alguns anos de existência ainda que alguns tenham sido sob outro nome. A que se deveu a mudança?Isso aconteceu numa das maiores fases transitórias que alguma vez já passamos. E não foi propositado! Simples-mente aconteceu porque tinha de acontecer e foi um processo natural. A banda estava num ponto bastante alto da carreira, por acaso. Tínhamos ganho o prémio de melhor maqueta de Metal de 1998 na única cerimónia ofi-cial que já alguma vez existiu em Portugal. Tocamos em eventos de grande projecção, inclusivé no festival Pare-des de Coura de 1999. Isso e outras coisas, deram à ban-da bastante projecção e fizeram chegar o nosso som a pessoas que nos receberam muito bem e que até então não conheciam a música. Mas eis que o vocalista, o ba-terista e pouco tempo depois o guitarrista abandonam a banda e ficamos sem 3 elementos, 2 dos quais bastante difíceis de encontrar substitutos à altura. E isso obrigou-nos a 2 anos e meio de ausência dos palcos. Ou seja, o nosso trabalho ficou a meio mas foi nessa altura que, por en-contrarmos determinados músicos, pudemos re-definir as nossas prioridades e iniciar uma nova fase. Tínhamos as mesmas ideias para a banda e a prioridade era evoluir. Mas como tínhamos estado tanto tempo afastados dos palcos e estavamos mais fortes que nunca, com um line-up renovado, resolvemos aparecer de cara lavada, com novo nome e uma atitude musical mais madura e coesa.

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Foi assim que tudo se passou e os Pi-tch Black (sob essa designação) surgi-ram em 2001. Tiveram a oportunidade de tocar com alguns nomes internacionais e já ganharam 5 concursos. Estão satisfeitos ou ambicionam mais?Muito mais! Portugal é pequeno, não? Quando tens lá fora editoras que in-vestem nos trabalhos que editam, tours infindáveis e festivais como o Hellfest ou o Wacken, nunca poderí-amos estar 100% satisfeitos (hehe). No fundo, para nós, isto ainda é o início. O problema é que, apesar de já ter-mos 14 anos de banda, as coisas em Portugal tardam muito a acontecer, por isso é que o caminho aqui é bas-tante difícil e é necessária muita per-sistência.

Qual foi a vossa melhor experiên-cia até à data?Cerveja à descrição em alguns con-certos que demos! Haha estou a brin-car (ou não)! Com toda a certeza (e sem conseguir mencionar algo em concreto) toda a vivência e convívio com pessoas maravilhosas e grandes amigos em vários sítios por onde pas-samos. Essa troca de experiências e ideias são, sem dúvida, o ponto mais alto. É fantástico conhecer pessoas que se identificam com o nosso traba-lho ou mesmo aquelas com quem be-bemos uns copos e se tornaram nos-sos amigos. A nossa visita aos Açores foi algo de memorável também. Cla-ro que poder partilhar o mesmo palco com bandas como Exodus, Tankard, Onslaught ou Nuclear Assault e ouvir elogios dos próprios músicos em rela-ção à nossa música é simplesmente excelente!!

«Hate Division» proporcionou-vos uma projecção avassaladora em termos de concertos e exposição. Ainda assim, se voltassem atrás mudariam alguma coisa no vosso álbum?Algumas coisas, sim. Mas estamos satisfeitos com o que fizemos! Temos sempre é vontade de fazer ainda me-lhor num próximo trabalho. Estamos sempre ansiosos pelo que virá a se-guir mas nunca temos pressa. Primeiro porque temos as nossas vidas e não vivemos disto (risos) e segundo por-que queremos sempre dar um passo de cada vez, de maneira a que sejam sempre os passos correctos.

Tocaram no primeiro «Metalicidio On Stage». Como foi tocar nos Açores e o que acharam do fes-tival?Até fico sem palavras! Mas posso afir-mar seguramente que foi uma das melhores experiências que já tivemos e que nunca nos vamos esquecer. As pessoas que lá nos levaram são gran-des amigos e quem ainda não era, passou a ser porque é gente honesta, humilde, simpática e prestável. Não nos faltou nada e o ambiente foi sim-plesmente espantoso. Estivemos 2 dias em S. Miguel e todos os segundos fo-ram memoráveis. O concerto correu muito bem, a receptividade foi exce-lente e o convívio do melhor! Não há nada melhor do que sermos bem re-cebidos e, neste caso, não foi apenas isso mas também todos que, de uma maneira geral, são afáveis, simpáticos e todos têm o espírito do Metal. Algo que saliento positivamente é o facto de não existirem tantos preconceitos em termos de gostos nos sub-géneros do Metal e o pessoal ser bastante des-contraído. Nunca iremos esquecer a experiência, disso não há dúvida al-guma!

Nem todas as bandas se sentem apoiadas por Portugal. Acham que falta alguma coisa ao nosso país ou está bem como está?Não está bem como está, isso é ine-gável. Muita gente teria de mudar a sua mentalidade mas isso também é um reflexo do que nos ensinam no nosso país e da nossa própria cultura e educação. É verdade que é frus-trante para quem anda há tantos anos nisto, ver as coisas em constante mutação. Por vezes, parece até que (para uma banda) temos sempre de começar do zero. Num dia as pessoas gostam de Thrash, no outro de Black e por aí fora. Já para não falar dos que de repente deixam de se inte-ressar por qualquer vertente musical mais pesada. Mas isso só acontece a quem não conhece o verdadeiro es-pírito disto. Disso não tenho dúvidas. Agora, também posso afirmar com toda a convicção de que estamos numa situação muito melhor do que há uns bons anos atrás. Actualmen-te consegue haver uma união muito forte entre muitas bandas. Enquanto que antes isso acontecia com 7 ou 8, hoje em dia acontece com 30 ou 40. Para além disso temos pessoas que andam no meio há anos e conse-guiram afirmar-se não só em bandas

mas também com distribuidoras, pro-gramas de rádio, eventos, festivais e por aí fora. Posto isto, só posso chegar à fácil conclusão de que temos uma cena muito forte em que apenas faz mais falta o apoio das pessoas que estão do lado de fora! Como sempre costumo dizer, onde andam os 40 000 “metaleiros” que enchem o Rock In Rio ou outro festival qualquer onde to-cam os Metallica?

Para concluir, planos para o futu-ro...Trabalhar, trabalhar e tentar sempre fazer cada vez melhor. Vamos andar nisto durante muitos mais anos e há, pelo menos, 8 anos que ando a dizer isso. E aqui continuamos, vivos, activos, fortes e persistentes. Neste momento vamos continuar com os concertos, a divulgar o nosso som e a fazer os pos-síveis para vender mais CD’s. Depois faremos uma pausa onde poderemos aparecer uma ou outra vez em algum evento mas estaremos, essencialmen-te, a trabalhar em novo material. E fu-turo mesmo é o que desejo à Versus por ser uma iniciativa louvável dentro deste género musical. O Underground é isso mesmo!! Never give up!

Entrevista: Joel Costa

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Ouvindo o tema que têm disponível no vosso MyS-pace, dá para concluir que a vossa música e as vossas letras são bastante agressivas, coisa que se entende como positiva no Metal. E quanto aos vos-sos ensaios? De onde vem essa agressividade? A agressividade surge-nos de coisas básicas do quotidia-no. O que é triste é que não temos que nos esforçar muito para rapidamente nos revoltarmos com injustiças, guerra ou pobreza que paira neste mundo infectado pelo capi-talismo, onde se dá mais valor a papel verde do que a se-res humanos. E quando isso acontece, não podemos estar numa situação normal, num Mundo normal. Este quotidia-no de violência, morte e sofrimento que já temos como certeza há que ser denunciado (ainda mais) para que al-guém faça alguma coisa. Portanto, é fácil (infelizmente!) ir buscar “inspiração” para a elaboração de uma letra ou tocar de uma forma agressiva, pois ao tocá-la revivemos e sentimos a dor e ódio de quem não o pode expressar.

Formaram-se em 2003 sob o nome de SpeculuM. O que vos fez mudar? Essencialmente, uma completa mudança da (nossa) ideia do conceito de “banda” que foi adquirido com a matu-ridade que fomos ganhando com o decorrer do tempo. Tivemos a necessidade de dar uma nova imagem à ban-da e isso coincidiu com a entrada de novos elementos que deram uma toda nova dinâmica ao som até então praticado. Quando tudo começou em 2003, a ideia de ter uma banda estava presente, mas não passava disso. Não se ensaiava com regularidade, não havia a serieda-de que neste momento há e, acima de tudo, a maturida-de era praticamente inexistente. Actualmente apenas um elemento que fez parte dos então «SpeculuM» está no line up actual, e portanto, promoveu-se uma reconstrução de imagem e, consequentemente, de nome que se enqua-drasse com os membros.

Já se passaram alguns anos e o vosso maior pro-blema debate-se em conseguir um line up fixo para gravarem o vosso disco de apresentação. O que é que está a falhar? Realmente a banda parece mais velha do que é, mas na verdade é que durante praticamente dois anos, esteve inactiva devido à falta de pessoal disponível para “fazer barulho”. O que está a falhar é uma tremenda falta de sorte na busca de pessoas que sejam capazes de encarar uma banda como algo sério, algo que lhes dê prazer em fazer, algo pelo qual se tenha que fazer sacríficios quan-do necessário, algo pelo que se lute contra tudo e con-tra todos. É essa a nossa filosofia, esforçamo-nos, lutamos, sacrificamo-nos quando tem que ser, em prol da banda, pois não queremos ficar à sombra da bananeira, passan-do a expressão. Todos nós sabemos a realidade musical que Portugal enfrenta e não é tendo uma posição passiva ou indiferente que se vai conseguir mudar isso. Portanto, é de fácil percepção que não levamos de ânimo leve quando somos confrontados com uma falta de interesse ou um esforço reduzido, pois para cá estar tem que ser de corpo e alma. Dentro do Metal, podemos ser considera-dos “só mais uma” banda, mas que pelo menos, sejamos uma com vontade e interesse dos próprios elementos que a compõem, porque senão gostarmos do que estamos a fazer mais vale ficar em casa. Para além dos problemas internos, há algo que pre-ocupe a banda a nível externo? Actualmente, os problemas internos estão ultrapassados pois todos nós sabemos o que temos q fazer e como fazer. Todos nós estamos empenhados em trazer cá para fora a/o Demo/EP, e julgamos que esteja para muito breve pois todos nós trabalhamos nesse sentido. Respondendo à pergunta, a nível externo não há assim nada que nos preocupe de modo a que possa pôr em causa os alicer-

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ces da banda. Preocupamo-nos em gostar do que com-pomos em primeiro lugar, e em darmos o nosso melhor, no entanto, sabemos que nem toda a gente irá apreciar o nosso trabalho, mas se todos fossemos iguais o mundo se-ria uma chatice! Portanto, é justo dizer que não há assim nada que nos preocupe extremamente a nível externo ou interno neste momento, que ponha em causa o trabalho até agora efectuado.

Já têm ideias para a gravação do vosso primeiro registo? Falem-nos um pouco das vossas expecta-tivas. Sim, já temos até a ideia toda elaborada e pensada, po-rém, novas ideias não param de surgir. Dentro de meses teremos cá fora a nossa primeira demo, que terá, em prin-cípio cerca de 4 músicas, no entanto, já temos material suficiente para a elaboração de um EP. Podemos adian-tar até que se lançarmos EP antes, este terá o nome de “Brainwashed”, tendo como tema principal a guerra e como todas aquelas pessoas foram vítimas de uma lava-gem cerebral de modo a que matem tudo o que se mexe, não olhando a sexo ou idade, com uma total ausência de sentimentos. Além de já termos a ideia da capa concreti-zada, temos também pensado um conjunto de merchan-dise que, no futuro, póssamos usar de forma a espalhar a imagem e nome da banda. Quanto às nossas expectati-vas, não podiam estar mais altas! Com muita vontade de mostrar a toda a gente o que temos feito durante este tempo e mostrar que uma banda não tem que soar a X ou a Y. Isso é algo que nos agrada. Não temos um estilo defi-nido e “dançamos” muito entre várias vertentes do metal. A nós parece-nos algo positivo, mas daqui a uns meses esperemos que não sejamos os únicos a dizê-lo!

Para concluir, o que esperar dos «Futile Existence» a curto prazo?

Trabalho, trabalho e também trabalho. Embora estejamos no anonimato, esforçamo-nos para que esta filosofia não desapareça porque, e permitam-nos o estrangeirismo, “no pain, no gain”. Além de muito trabalho, pode-se esperar um possível Demo ou EP dentro de poucos meses. Já há demasiado tempo que anda a ser pensado e NECESSITA de ser materializado a todo o instante! E, esperançosa-mente, que entremos em 2010 já com este gravado, de modo a puder mostrar o nosso trabalho e facilitar assim o agendamento de concertos. Para finalizar, gostaríamos de agradecer à direcção da Versus Magazine por esta oportunidade de divulgar o nosso nome.

Entrevista: Joel Costa

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Depois da tour pela América do Sul, Dustin Schoenhofer, baterista dos norte-americanos «Walls Of Jericho», tirou um tempinho para partilhar algumas palavras com a Versus Maga-zine. Dustin fala do que correu mal com o último lançamento e das novidades dos «Walls Of Jericho» reservadas para os próximos tempos.

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Passou-se um ano desde o vosso último lançamento, «The Ameri-can Dream». Há planos para en-trar em estúdio novamente?Dustin Schoenhofer: Neste momento estamos a fazer uma pausa e esta-mos a pensar em começar a compôr coisas novas depois do ano novo.

Esse álbum foi o mais pesado que vocês alguma vez fizeram. Como é que as músicas soam ao vivo?As músicas ao vivo são excelentes e ficam ainda mais pesadas quando as tocamos no palco.

Como foi o processo de grava-ção? Podes falar um pouco dis-so?Gravar este álbum foi muito compli-cado pelo facto da nossa editora não ter conseguido pôr-nos em es-túdio quando devia, pois eles não têm dinheiro. Devido a isso, na minha opinião, as músicas ficaram na sua forma mais crua, o que as faz estar

mais pesadas pois não tivemos tem-po algum para as suavizar. Apenas limitámo-nos a gravar conforme as nossas demos e ficou assim.

Têm estado a gravar um DVD com algumas imagens ao vivo. Pode-mos esperar esse lançamento para breve?Eu tenho caixas e caixas de cassetes e estamos naquela fase de experi-mentar coisas e seleccionar alguns vídeos para incluir no DVD.

Agora que os Festivais de Verão acabaram, quais são os vossos planos para o resto do ano?Acabamos agora a nossa tour na América do Sul e foi muito bom. Em meados de Novembro e Dezembro estaremos de volta à Europa para a «Persistence Tour».

Recentemente, a Candace Kuc-sulain (vocalista) esteve indis-ponível para actuar devido a

problemas pessoais, o que fez com que vocês tivessem que to-car com membros dos «The Red Chord». Como é que isto funcio-nou para os Walls Of Jericho?Nós estavamos todos muito nervosos de início mas resultou muito bem. O Guy, o Gunface e o Chris, todos eles cantaram e passamos um bom bo-cado. A melhor coisa que podería-mos ter feito era tirar o melhor partido da situação e continuar com a tour até que a Candace voltasse.

Em Abril deste ano, tocaram no HELL XIS FEST em Portugal. Gosta-ram dos fãs Portugueses?Yeah! Foi o nosso primeiro concerto em Portugal e foi altamente!

Para concluir, alguma coisa que queiras dizer aos leitores Portu-gueses?Sim, até breve!

Entrevista: Joel Costa

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Estão há algum tempo sem dar notícias pelo MySpace. Com as gravações torna-se difícil perder tempo com a Internet? Sim tem sido difícil de facto... como todas as bandas bem o sabem, o período de gravações é altamen-te stressante. Por um lado estamos sempre entusiasmados e ansiosos por ouvir gravados os temas nos quais estivemos a trabalhar, por ou-tro lado sabemos que não convém estarmos muito tempo parados pois uma banda deve manter-se presen-te a todo o custo. O que é certo é que o processo criativo não passa só pela música... passa também por dar “cara” ao trabalho... conceito, artwork, video clip, myspace, site... é muito importante consolidar to-dos estes aspectos de forma a que o trabalho final fale por sí como um todo, e com a autenticidade de um universo artístico paralelo. Pertence-mos a um movimento em que a mú-sica não faz sentido caso não haja uma forte exclamação subjacente a isto tudo... talvez este seja um dos aspectos que no passado nos ligou ao rock mais do “punk”... um álbum tem que ser uma metáfora que par-te de um presuposto pessoal e que cause impacto em éticas e morais de uma determinada sociedade, num determinado contexto. O fac-tor tempo é sem dúvida um inimigo neste processo, mas tanto as bandas como o público já estão habituados a este ritmo “português”. Da forma

como esta indústria está montada, são poucas as bandas (à parte do circuito das telenovelas) que conse-guem lançar um álbum, meter o ví-deo na TV, ir em tour e ainda terem tempo para enviar press releases no espaço de um ano. Logo no início deste ano assina-ram um contrato com a editora dos Estados Unidos «Cal Rock Records». Que vantagens é que este acordo vos irá trazer? Este acordo já nos trouxe muitas van-tagens. Enquanto que em Portugal ninguém quis arriscar na edição do “Drowning In Pictures” pelo simples facto de se tratar de um EP, a editora americana Cal Rock Records editou-nos o trabalho em varios pontos dos EUA, começando pela Califórnia. Num curto espaço de tempo come-çamos a ter mais visitas, plays e co-mentários no myspace e facebook, as inscrições para a mailing list tam-bém dispararam. Começámos a ser contactados por várias empresas de publicidade, distribuição e merchan-dising que trabalham em conjunto com bandas de referência interna-cional e que desempenham papéis de extrema importância no circuito mundial das bandas e editoras inde-pendentes. Afinal de contas o que poderia ser mais vantajoso que esta projecção nos EUA para uma ban-da que se debatia para lançar o seu primeiro trabalho no seu país de ori-gem, e onde a maior parte dos “fee-

dbacks” ou prognósticos apresenta-vam alguns entraves e receios? Nunca tivemos receios em relação aos prognósticos, que até sempre foram muito positivos. Nunca tivemos medo de feedbacks, aliás, sempre soubemos distinguir uma crítica cons-trutiva de outras que não nos interes-sam. Os nosso objectivos em Portu-gal são os mesmos que no resto do mundo, tocar e sermos ouvidos pelo maior número de gente. Já têm o vosso álbum preparado para sair para o mercado. Quan-do é que vamos poder ouvir o vosso trabalho e em que lugares o vamos poder encontrar? De momento, e à parte dos EUA, temos já um contrato negociado com uma editora inglesa e uma vez mais, encontramo-nos a negociar a melhor hipótese de editar o CD em Portugal. Fizemos os possíveis para lançar o trabalho em Dezembro, mas apesar de todos os esforços este só deve estar cá fora em Janeiro. Caso as coisas corram conforme planeado poderão encontrá-lo em várias lojas do país, mas as encomendas através do site e myspace estão sempre ac-tivas... podem sempre encontrar este e anteriores trabalhos também nas bancas dos concertos. Como foi todo o processo de gra-vações? Pelo que sei, levaram alguns meses para concluir essa tarefa...

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O processo é sempre o mesmo... compor, fazer uma pré-produção rudimentar apenas para estipular ou alterar estruturas com mais objecti-vidade, ir para estúdio fazer a cap-tação e mistura,e por fim masteriza-ção. Na verdade este álbum foi todo composto e gravado em dois meses. Na pré-produção tivemos a ajuda de Rodrigo Fortes (Starvan), nosso amigo e companheiro de trabalho também noutros projectos. Duas músicas che-garam mesmo a ser compostas em estúdio, cada uma numa tarde... foi uma corrida conta o tempo devido aos dias de estúdio de que dispuse-mos. Gravar um álbum é uma despe-sa das boas para uma banda pagar. A única razão pela qual estamos a demorar para por o album cá fora é a seguinte: decidimos lançar o CD apenas quando tivessemos o video-clip gravado. Experiências anteriores já demonstraram que esta é uma de-cisão bastante sensata. Devagar se vai ao longe! Alan Douches, conhecido por trabalhar com Sepultura e Mas-todon, ficou a cargo da masteri-zação. Acham que vosso álbum ficou nas mãos certas? Sem dúvida... Alan é um excelente engenheiro de som, caso não con-fiássemos no seu trabalho não o te-ríamos escolhido pois estas decisões são sempre reservadas à banda. É importante salientar que a qualida-de de um CD não depende apenas

da masterização, todo o processo é importante... a masterização apenas puxa os níveis definidos pela mistu-ra até ao seu máximo, ao mesmo tempo que os regula. Gostaríamos obviamente de ter a oportunidade de gravar um CD inteiramente no es-trangeiro com um produtor de reno-me internacional. Um álbum é muito mais que a qualidade sonora nele “impressa”, a sociedade habituou-se a dar muito valor a isso quando o verdadeiro crédito está no trabalho intelectual que houve durante toda a sua criação. Estão a pouco tempo de lança-rem o álbum, pelo que se avizi-nham tempos preenchidos. Já têm alguma estratégia de divul-gação planeada? Como vai ser em termos de concertos? Bem... a estratégia é lançar o vídeo umas semanas antes do CD, gra-var outro vídeo, fazer uma mini-tour promocional, meter o novo vídeo a passar na TV, tentar ir aos festivais e tentar tocar la fora depois do ve-rão... a ordem ideal dos planos seria esta, mas as vezes temos que “dan-çar conforme a música”, infelizmente nem tudo é tão linear como gostaria-mos que fosse. O vosso novo trabalho é algo mais pessoal ou abrange uma série de temas? Abrange uma série de temas mas de um ponto de vista muito pessoal. Fala

de amor, ódio, guerra e paz... mas tem sempre uma mensagem de es-perança... o “Green Smooke!” é um apelo à consciência da condição humana, tão depressa somos vítimas como vilões... o confronto com o ver-dadeiro “eu” da-se através de uma série de passagens da vida, e são precisamente essas passagens que se encontram retratadas nas músi-cas. Para finalizar, como descreve-riam o vosso novo álbum para os leitores curiosos da Versus? O nosso album é uma mistura de vi-vências, sentimentos, opiniões. Fala de amor, fala de guerra e sobretudo de esperança. Somos todos muito positivos. Somos felizes porque faze-mos por isso. Gostamos dos peque-nos prazeres da vida e somos todos amigos. “Green Smoke!” fala disso tudo. Este álbum é feito com muitas doses de café, nervos... mas tudo vestindo a camisola ENDAY, cada vez mais larga com experiências. Oiçam o álbum! Leiam as letras!Critiquem, digam mal! Façam música a gozar connosco, montagem de photoshop alucinantes... Odeiem-nos ou amem-nos..mas por favor, não passem ao nosso lado indiferentes.

Entrevista: Joel Costa

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Para uma banda com poucos anos de existência, qual foi o maior pro-blema que enfrentaram até hoje? André: Encontrar o quinteto ideal. Feliz-mente, hoje, esse problema está resolvi-do com a recente entrada de um velho amigo e fã da banda, o Quim.

O vosso nome vem da mitologia grega. Pegam em mais elementos mitológicos para se definirem en-quanto banda ou este factor recaiu apenas no nome? Promethevs surgiu como uma espécie de metáfora para o preço a pagar por tentar alcançar algo.Para além do nome Promethevs, pretendemos tam-bém seguir-lhe a ideologia, o “roubar o fogo” para dar aos homens. Em nós enquadra-se na partilha de pedaços do nosso mundo interior com as pessoas, expressos através da música.

Em 2008 lançaram o vosso primeiro EP. Como definem «From Our He-arts»? Acima de tudo foi uma descoberta! Um trabalho que com o passar do tempo nos apercebemos que não correspon-deu às nossas expectativas. Contudo podemos considerar que foi uma fase de aprendizagem, o que nos fez alcan-

çar uma evolução natural, pois as nossas músicas novas terão pouco a ver com o From Our Hearts. Estamos contentes aci-ma de tudo, no sentido em que fizemos algo que algumas bandas da região nunca tiveram a oportunidade de fazer, gravar um CD/EP.

Li que já trabalharam em alguns te-mas novos desde esse lançamen-to. Em termos musicais, podemos encontrar coisas diferentes nestes novos registos ou procuraram fazer algo aproximado a «From Our He-arts»? No sentido da resposta anterior, From Our Hearts já é passado, temos que se-guir em frente e concentrarmo-nos no futuro. Como podem ouvir no novo sin-gle, A Dark Cloud Lies In My Existence, as coisas modificaram-se bastante. Não admitindo que todos os novos registos sejam idênticos ao single, pelo contrário, estamos a trabalhar em músicas mais experimentais e mais pesadas! Esses re-gistos serão gravados em breve e com-pletamente produzidos por Promethevs.

Logo após o lançamento do vosso EP, promoveram-no com algumas bandas conhecidas. Mas mais do que saber como foi tocar com al-

guns nomes de conhecimento ge-ral, digam-me como foi para vocês ter a oportunidade de mostrarem o vosso trabalho ao público? Actuar com nomes sonantes do pano-rama musical nacional e internacional para nós, nessa fase, foi uma pressão extra, que conseguimos ultrapassar na-turalmente. Sinceramente foi uma mais-valia para a banda. Quanto ao público nos shows, é sempre grande orgulho tê-lo a cantar as nossas músicas. Para te dizer a verdade nós já tocávamos al-guns temas, que posteriormente saíram no From Our Hearts, ao vivo. No entanto foi mais fácil essa mostragem do nosso trabalho ao público depois da saída ofi-cial do EP. No começo deste ano, entraram em estúdio para a gravação de um novo tema. Como foi a recepção do mesmo perante a vossa audiência? Foi bastante acolhedor, temos tido crí-ticas bastante positivas em relação ao single, A Dark Cloud Lies In My Existence. Penso que ninguém esperava um single assim. Acho que quem já gostava de Promethevs ficou ainda a gostar mais e que quem não ligava a Promethevs co-meçou a dar algum valor. Tivemos um mês em estúdio só para gravar uma mú-

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sica e tivemos um mês para gravar o From Our Hearts todo, aí está a diferença. Desta vez foi um empenho mútuo entre as duas partes, banda e produtor. O trabalho final está á vista de todos e cabe a vocês (criti-ca) comentá-lo. Para concluir, algumas informações relevantes que queiram deixar aqui... Para concluir, queremos agradecer esta entrevista a ti, Joel e a toda a equipa da Versus Magazine, queremos também de-sejar boa sorte para todas as bandas que estão a participar no concurso para a capa da revista deste mês. Quanto a Promethevs, vamos ter agora em Novembro vários con-certos, estamos também á espera da con-firmação, por parte do nosso manager, de dois concertos em Espanha, Barcelona e Madrid. Para finalizar então, apelar a toda a gente que apareça nos concertos, pois vamos apresentando malhas novas! Vão passando pelo myspace para saber de no-vidades.

www.myspace.com/promethevs

Abraço a todos e continuem a apoiar as bandas nacionais.

Entrevista: Joel Costa

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Ao ver o vídeo do making of do vosso EP «Primordial», deu para en-tender que as gravações foram di-vertidas. Lidaram bem com o stress de estar em estúdio ou houve partes menos boas que preferiram não in-cluir na edição das filmagens? Isi: Creio que o “Making Of” de-monstra, essencialmente, o bom ambiente entre nós. Podem-se ver partes em que trabalhamos afinca-damente e outras de pura diversão num vídeo que não foi planeado e era para ser apenas um registo para a banda. Mas decidimos par-tilhar este bom ambiente com toda a gente porque faz parte da nossa forma de estar. Tiago: Como dedicámos várias ho-ras de ensaio à preparação deste EP, as gravações acabaram por se

tornar num processo bastante na-tural. Enfrentámos o “stress de estar em estúdio” com trabalho, concen-tração e boa disposição, que é ba-sicamente o mesmo ambiente que levamos para cada ensaio. E sim, a gravação do EP foi um excelente momento de diversão. Isi: Existe uma excelente relação en-tre todos os elementos e apesar dos diferentes backgrounds, sinto que empurramos todos na mesma direc-ção, o que é algo essencial... diria mesmo “Primordial”.

Os No Tribe já existem há alguns anos e tiveram que lidar desde sem-pre com alterações na formação da banda. Acham que a sonoridade original dos No Tribe mudou devido às mudanças no lineup?

Isi: Inevitavelmente. A dinâmica do grupo assim o obriga uma vez que todos participam de forma activa no processo criativo e isso culmina numa amálgama sonora com a “im-pressão digital” de cada um. Cada elemento, deixa a sua marca, tanto a nível sonoro como ideológico e preservamos este legado mas intro-duzimos a nossa forma de ver, sentir e ser No Tribe.Tiago: Sempre tivemos a lógica de que cada elemento deve ser ver-dadeiramente activo e influente em tudo o que fazemos. É a única forma de estar que conhecemos e acho que funciona muito bem. O processo criativo e de composição da banda é altamente partilhado e cada um dos novos elementos foi in-tegrado como um elemento tão im-

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portante como qualquer outro. Para nós, No Tribe sempre significou isso, fazer músicas de forma livre e sem pensar em rótulos, por isso foi natu-ral que os novos elementos introdu-zissem uma nova dinâmica e novas influências.

Já tive o prazer de ouvir o vosso EP e achei-o muito interessante. Como têm sido as reacções ao vosso pri-meiro lançamento? Isi: Temos tido reacções geralmen-te positivas. Temos tido algumas críticas positivas de autores de blo-gs e recebido vários pedidos de CDs para rádios de norte a sul do país para promoção. Quero desde já agradecer o apoio que nos tem sido dado. Agrada-me o facto de o EP ser eclético. Temos, inclusive, re-cebido feedback positivo de várias pessoas ligadas a outros estilos mu-sicais que gostam sempre de, pelo menos, uma música. Fiquei algo triste ao ler a crítica redi-gida pela Loud!, em que preferiram atacar o que, no entender deles, estava mal, ao invés de procurar realçar o que estava bom. A crítica negativa afecta-vos enquanto ban-da? Isi: Uma crítica reflecte uma opinião pessoal e como tal, a sua importân-cia é sempre relativa. Respeitamos todas as opiniões, todos os gostos e todas as posições tomadas mas isso não nos afecta enquanto ban-da porque acreditamos no nosso trabalho. Não fazemos música para agradar a esta ou aquela pessoa em particular, fazemos música por-que temos algo a transmitir com rit-mos, melodias e palavras. Não nos limitamos a tocar um estilo de mú-sica e se calhar essa dificuldade na categorização poderá levar a que algumas críticas sejam menos boas mas, como disse anteriormente, o

feedback tem sido geralmente po-sitivo. Estando o EP lançado, já há planos para trazer No Tribe aos palcos Por-tugueses? Isi: Estamos a trabalhar nesse sen-tido. Mantemos contacto com al-gumas bandas, bares e recintos de espectáculo de forma a poder apre-sentar “Primordial” ao vivo. Não tem sido um trabalho fácil uma vez que não estamos ligados a nenhuma produtora ou agência de manage-ment mas acredito que teremos no-vidades nesse sentido brevemente. Queria realçar também o reduzido número de recintos de espectácu-lo que aceitem bandas de originais na zona de Lisboa. Temos assistido nos últimos anos a um decréscimo acentuado nos bares com música ao vivo em Lisboa e as poucas ca-sas que existem apenas têm datas disponíveis para o próximo ano. Penso que com o «Primordial» con-seguiram ter um bom arranque para um possível registo full lenght. Têm trabalhado em novas composições já com um álbum novo em vista ou preferem focar a vossa atenção no EP? Isi: A composição de novos temas é quase inevitável. Aliás, tivemos de deixar de fora alguns temas que já tí-nhamos composto para “Primordial” e depois da gravação já voltamos a compor novos temas. O objectivo não será, de imediato, um registo full lenght mas não deixa de ser algo no horizonte. Queremos primeiro levar “Primordial” para a estrada.Tiago: Neste momento a nossa prio-ridade passa por tocar ao vivo. Queremos muito mostrar o trabalho para o máximo de pessoas possíveis, para sentir a reacção e para testar os temas que temos além EP. Sen-

timos que somos uma banda com um bom felling quando tocamos nos ensaios, e por isso acreditamos que as pessoas vão gostar de partilhar essa energia connosco. Uma futura gravação é uma inevitabilidade a ser encarada na altura certa. Para concluir, e porque é importan-te promover o vosso lançamento, como descreveriam o vosso EP e o que diriam aos nossos leitores para os convencer a adquirir «Primor-dial»? Isi: Na minha opinião, o EP “Primor-dial” é uma descarga de várias energias, um “dar um murro na mesa” enquanto gritamos bem alto. É algo que se sente logo à partida, um misto de texturas suaves e enru-gadas. Estas faixas foram compostas com raça e com alma e rodeamo-nos das melhores pessoas nos ajudar a transmitir isso mesmo. A qualidade da produção faz a diferença, con-tudo, não é um EP pretensioso mas antes um trabalho directo e hones-to.Tiago: Este EP deu-nos muito prazer a fazer e pelas reacções que temos tido também dão gozo às outras pessoas. Existem riffs, ritmos e ideias interessantes que dão vontade de abanar a cabeça e por o volume mais alto… e isso continua a ser um dos factores mais importantes numa malha rock.

Entrevista: Joel Costa

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Agora que têm editora, que diferen-ças notam no que toca a promover o vosso material? É mais fácil de che-gar às pessoas? Hugo: Antes de mais quero agradecer à VERSU MAGAZINE pela oportunidade que nos é dada para promover a banda e o disco de estreia. Sem dúvida que o facto de o álbum ter sido editado pela Rastilho Records nos permitiu chegar a muito mais gente... A Rastilho é uma editora muito activa e tem ajudado bastante a fortale-cer o nosso nome no panorama. A tudo isto somam-se os milhares de quilómetros que a nossa CONFRONTOUR tem percor-rido durante este ano de 2009, e que se vai estender até ao ano que vem, o que nos permite chegar ainda a mais gente...na estrada é que se fazem amigos, e no palco é que se mostra a verdadeira es-sência desta banda.

Aos poucos estabelecem-se no pa-norama musical Português como uma das melhores bandas de Metal. Chegam a perceber todo esse cres-cimento ou passa-vos ao lado? Obrigado pelo elogio... é muito impor-tante para nós que seja essa a ideia so-bre a nossa banda! Temos a perfeita no-ção do crescimento do nosso nome e da nossa actividade! Aliás, nao faria sentido se não percebessemos, pois trabalhamos exactamente para esse objectivo: solidi-ficar e crescer o nome dos SWITCHTENSE. A ideia passa por tocar muito ao vivo e chegar ao maior número de pessoas, tanto cá em Portugal como lá fora. Com o andar da carruagem podemos afirmar que nos estamos a sair bem!

Já tocaram com algumas bandas internacionais de renome. Com qual

delas gostaram mais de tocar? Dew-Scented porque são uma referên-cia para nós, e porque já estabelecemos uma relação muito próxima com eles! É uma situação especial, porque é uma banda que todos nós nos SWITCHTENSE gostamos... À vários anos atrás ouvíamos os álbuns deles e pensavamos “epah era altamente um dia estes gajos virem a Por-tugal“. Ou seja, o facto de os ver ao vivo num concerto já era fantástico, mas par-tilhar o mesmo palco por mais que uma ocasião ainda foi mais especial. E mais importante se tornou quando tivemos a oportunidade de tocar com eles em 2 datas na Alemanha no passado mês de Junho. Hatesphere também é outra das bandas com quem ja tocámos que gos-tamos bastante e com a qual pudemos trocar umas palavras, cds e t-shirts! São uns passados do clima sem comparação (risos)!

«Confrontation Of Souls» já está no mercado e já há reacções. O feed-back foi o que esperavam? Sim... pensamos que a missão foi cum-prida e bem!! Muita gente teve contac-to com o álbum, e posso dizer que atá ao momento as vendas foram em muito bom número, tanto em concertos, como nas lojas, como lá fora através da Cargo Records que fez a distribuição na Alema-nha e Holanda... As reviews foram alta-mente positivas e o público que comprou o disco ainda hoje o elogia através de e-mail, myspace ou fóruns! Criou o bur-burinho que queriamos e agora so resta trabalhar no próximo....Como se dá o vosso processo de composição? Estão sempre a pensar em ideias novas ou preferem apro-fundar aquilo que têm?

Depois da gravação do álbum con-centrámo-nos exclusivamente em tocar aquilo que tínhamos gravado... Optámos por não compor nada durante esta al-tura, até porque isso ajuda a distanciar-mo-nos daquilo que fizemos para este primeiro álbum! Não quero dizer com isto que vamos mudar radicalmente a nossa direcção musical, mas o facto de termos uma extensa actividade ao vivo durante o ano fez com que não necessitassemos de compor nada novo.. mas agora o “bi-cho” ja começa a mover-se novamente (risos).

Como foi gravar o «Confrontation Of Souls»? Foi uma expriência brutal..aprendemos muito e divertimo-nos à grande! Passá-mos 15 dias nos Ultrasound Studios em Braga com o Daniel e com o Pedro, e conseguimos levar o barco a bom porto! Para quem já passou a expriência, 15 dias seguidos a ouvir metrónomos, baterias, solos e a ouvir minuciosamente as músi-cas satura, cansa e desgasta... mas com a nossa vontade em fazer o melhor tra-balho possivel, isso foi levado com toda a motivação! Estar em estúdio é uma altu-ra muito boa para uma banda!

Para finalizar, o que podemos espe-rar dos Switchtense a curto prazo? Mais concertos, mais poder e mais devas-tação ao vivo... em 2010 queremos vol-tar a fazer mais umas datas lá fora para promover o CONFRONTATION OF SOULS, e entretanto, começar a pensar num dig-no sucessor deste primeiro álbum!!

Entrevista: Joel Costa

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Como se classificam musicalmente?Fusion Death Metal.

Estão a preparar o vosso primeiro ál-bum, após 6 anos de existência. Qual o motivo de terem esperado tanto tempo?O motivo principal foi sempre a falta de um line-up sólido. No início a ban-da chegou a funcionar sem vocalista, uma vez que numa terra tão pequena era difícil encontrar alguém que se en-quadrasse no nosso estilo, e que tivesse disponibilidade para acompanhar os ensaios. Destes 6 anos de existência, só os últimos 3 tiveram o apoio da voz à parte instrumental.

Lançaram uma promo com dois te-mas no Live Summer Fest, nos Açores. Como foi o feedback do público?O público não estava à espera da surpresa, pois foi preparada no maior segredo. No entanto, os sortudos que conseguiram as 50 demos que dis-tribuímos gratuitamente durante o fes-tival, ficaram bastante satisfeitos, e as reacções locais foram muito positivas. A malta cá é bastante unida, e sem-pre vai apoiando a “prata da casa”.

Que tipo de apoios têm tido nos

Açores? Acham que tanto a nível continental como nas ilhas, Portugal tem condições para apoiar o under-ground?Portugal tem todas as condições para apoiar o underground. É preciso algum dinamismo e algum espírito do “de-senrasca”, mas com alguma teimosia as bandas vão conseguindo fazer al-guma coisa. Nos Açores, o apoio que recebemos é apenas moral, e muito pontualmente monetário, quando so-mos requisitados para algum concerto de maior dimensão. No entanto, não somos de cobrar aos pobres, e damos alguns concertos de borla. Nos Açores vão-se conseguindo alguns apoios governamentais para apoio ao lança-mento de CDs de bandas locais, mas estes apoios são muito pontuais e es-porádicos pelo que acabam por ter pouca relevância.

O que podemos esperar do vosso CD de estreia?É difícil definir o nosso CD de uma for-ma imparcial. Mesmo a nossa opinião varia muito à medida que o vamos ou-vindo ao longo do tempo. No entanto, penso que é seguro dizer que podem esperar ouvir Death Metal livre de pre-conceitos, com algumas influências

étnicas, e insulares.

Como foi planeado o vosso registo? Serão gravados temas novos ou será um resumo dos vossos 6 anos?Este CD acaba por ser uma homena-gem a todas as pessoas que passaram pelos Nableena. 6 anos é muito tem-po, e naturalmente, todos os que pas-saram pelos Nableena deixaram algo de si, que serviu para tornar a nossa musica mais madura e consistente. Mas este CD terá também temas muito recentes, idealizados com o line-up actual, e nesta Promo mostramos isso mesmo com os 2 temas mais recentes da banda “Filth” e “Unknown Visibles”.

Para concluir, o que mais podemos es-perar dos Nableena no futuro?Para já vamos vamos tentar promover ao máximo este trabalho.

Entrevista: Joel Costa

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RAZOR OF OCCAM«Homage Of Martyrs»[Metal Blade / 2009]

Na filosofia, a navalha de Occam refere-se ao princí-pio que permite purgar um modelo da realidade de postulados infundados desprovidos de qualquer poder explicativo. No disco em apreço, todo ele centra-do na temática do conflito entre ciência e religião, e fortemente inspirado na obra dos grandes intelec-tuais do chamado Novo Ateísmo: Richard Dawk-ins, Cristopher Hitchens, Sam Harris, entre out-ros, o postulado a extir-par é claramente toda a noção de entidades sobre-naturais desnecessárias - deuses. Em contraste com este background lírico algo rebuscado, a música, uma mistura arrasadora de thrash old-school e

black metal, é bem mais padronizada, mas soma pontos pela vitalidade que a banda lhe injecta à conta de riffs memo-ráveis, leads de guitarra rasgados e torrentes bru-tais de blast-beats debi-tados com uma convicção assustadora. O som dos estúdios Necromorbus deixa transparecer todos os detalhes instrumentais mas ostenta ao mesmo tempo um tipo de suji-dade e aspereza que traz à memória nomes como Angel Corpse, os lendári-os Order from Chaos e até Absu. Embora o colectivo tenha origem na Austrália (reside actualmente no Reino Unido) e inclua dois membros dos Destroyer 666, este álbum de es-treia mostra que os Razor of Occam estão empen-hados numa abordagem comparativamente mais frenética e destruidora. Com um poder de impacto que não chega ao nível de um «Reign in Blood» como sugerido exageradamente pela editora, «Homage to Martyrs» constitui ainda assim a melhor meia hora de metal que ouvi nos úl-timos meses.

Ernesto Martins

1349«Revelations of the Black Flame»[Candlelight/ 2009]

Se não soubesse, não di-ria que é o novo álbum dos 1349. É que, até ao disco anterior, lançado em 2004, a banda norue-guesa era conhecida por produzir um black metal demolidor, dominado in-teiramente por catadupas de blast-beats capazes de provocar a combustão es-pontânea de meia dúzia de igrejas, enveredando agora, inesperadamente, por uma mudança sonora tão radical que os deixa praticamente irrecon-hecíveis. Surpreendam-se pois porque este quarto álbum é feito sobretudo de elementos ambientais com alguns toques indus-triais, e onde o pouquís-simo black surge profun-damente diluído numa

atmosfera minimalista e sombria (com influências marcadas de Celtic Frost) que é mais caracterís-tica do doom. Para ser mais preciso, apenas dois dos nove temas tem algo que ver com o passado da banda. Por acaso es-tes até figuram provavel-mente entre as melhores músicas compostas pelo grupo, o problema é que as passagens ambientais, para além de numerosas e longas, resultam ou in-consequentes, ou mesmo maçadoras numa boa parte dos casos. A sur-preendente interpretação do original dos Pink Floyd “Set the controls for the heart of the sun”, acred-ite-se ou não, assenta como uma luva no espírito do álbum. Embora não se equipare aos trabalhos de black metal moderno lançados recentemente, «Revelations...» marca uma viragem experimen-tal bem-vinda nos 1349, que não só os afasta de um estilo, convenhamos, desgastado, como poderá ser o ponto de partida para voos criativos bem mais interessantes.

Ernesto Martins

«Liebe Ist Für Alle Da»[Metal Blade / 2009]

Os «Rammstein» têm revolucionado a música por uma década e ag-ora com «Liebe Ist Für Alle Da» a banda vem provar o porquê de ter-em alcançado um es-tatuto inegável nestes últimos anos. Com o lançamento do single «Pussy», facilmente en-tendemos que a banda se iria aventurar num mundo desconhecido, mas Pussy é dos te-mas que mais passa ao lado se ouvirmos o ál-bum na íntegra. «Ram-mlied» é o tema de ab-

ertura, que nos mostra uns Rammstein fiéis às suas raízes. «Ich Tu Dir Weh» dá lugar a uma vocalização trabalha-da e bem conseguida da parte de Till Linde-mann, que contribui em muito para fazer de «Liebe Ist Für Alle Da» um dos melhores trabalhos da banda. A forma como combina-ram a suavidade e a harmonia com o poder saudável e inimitável de «Rammstein», foi arriscado. Contudo, fez com que este trabalho

ficasse ainda mais es-pecial. As gravações não foram fáceis. Entre dezenas de músicas, a banda viu-se obrigada a seleccionar apenas 11, o que me faz crer que teremos outro «Rosen-rot» à vista para breve, com material não edi-tado. O meu destaque vai para «Mehr», que é quase um resumo da-quilo que se passa ao longo dos 11 temas que compõem este magnífi-co álbum. Sem dúvida, um dos melhores do ano.

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MY DYING BRIDE«The Lies I Sire»[Peaceville / 2009]

Conhecidos por transfor-mar como ninguém os re-cantos mais sombrios das emoções humanas em peças únicas de música e poesia com tanto de sub-lime como de avassalador, os My Dying Bride estão de regresso com o disco que melhor resume, em termos estilísticos, tudo o que o colectivo britânico produziu nos últimos dez anos de actividade - desde o gothic/doom (aqui um pouco mais ‘radio friend-ly’) até às ocasionais ti-radas death/black. Con-tudo o aspecto que mais sobressai é sem dúvida a reintegração do violino, cuja sonoridade confere a este décimo álbum um carácter que é por um lado ‘vintage’ e por outro moderno em virtude do

estilo de Katie Stone, a recém-chegada violinista, ser bem diferente do de Martin Powell. A utilização de voz de apoio em alguns temas e o facto de Aaron Stainthorpe se aventurar pontualmente em inter-pretações invulgares (e.g. em tons mais altos) são outros dos aspectos in-éditos e atractivos deste novo disco. Todavia nem todas as ideias apresen-tadas resultam no melhor dos efeitos, havendo mo-mentos menos inspirados com riffs e transições que soam algo dissonantes no contexto do que conhec-emos do grupo, e que re-duzem o impacto final de algumas faixas. No seu todo «The Lies I Sire» não é propriamente impressio-nante, particularmente se observado à luz de todo o trabalho anterior da ban-da. Ainda assim contém o suficiente para constituir uma adição imprescindív-el na colecção dos fãs, os quais terão novamente a oportunidade de se deixar envolver nesta expressão mais negra de desolação e melancolia que, para-doxalmente, lhes traz tan-ta felicidade.

Ernesto Martins

HO-CHI-MINH«It Has Begun»[Raging Planet / 2009]

O que seduz desde logo neste álbum de estreia do colectivo de Beja é a forma como aliam excer-tos electrónicos criativos a uma base sónica feita de construções pesadonas e simples com o seu quê de industrial, que se as-sociam ora ao metalcore ora ao nu-metal. Eficaz e directa, a música os-cila entre momentos de pura agressão e refrães melódicos cujo apelo ime-diato se deve em grande medida ao vocalista Ska-tro e ao notável registo limpo que imprime nestas ocasiões, as quais surgem intercaladas entre passa-gens de expressão vocal mais típica do hardcore. A excelente produção de Eddy Apolónia não fica a dever nada aos trabalhos

nacionais gravados com os produtores da berra, e confere ao disco um som vivido que realça bem o poder esmagador dos riffs. Fico com alguma pena que a banda não tenha grava-do todos os quatro temas da demo de 2004 (o disco inclui apenas dois), dado que estes não iriam certa-mente destoar, muito pelo contrário. O contraste aci-ma referido entre os ele-mentos sintéticos e a força bruta das guitarras funcio-na de facto tão bem que dá para lamentar o facto de não terem levado esta simbiose um pouco mais longe, por exemplo fazen-do sobressair os aponta-mentos electrónicos mais no meio dos temas e não apenas quase só no início. Mesmo assim «It Has Be-gun» é um trabalho sólido e electrizante que não só promete bons momentos de headbanging, como não deixa dúvidas quanto ao talento deste quinteto alentejano.

Ernesto Martins

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CHIMAIRA«The Infection»[Nuclear Blast / 2009]

Todos nós sabíamos que seria difícil para os Chi-maira superar o registo anterior, «Ressurection». Ainda assim, a banda norte-americana que de álbum para álbum passa por uma metamorfose, infectou-nos com um re-gisto impiedoso e pesado. «The Infection» é muito lento em relação aos ál-buns anteriores. Todas as músicas presentes neste disco estão envoltas de uma atmosfera negra e arrepiante. São consisten-tes, vorazes e sombrias. Este novo registo apre-senta alguns grooves len-tos que acabam por abrir passagem a riffs com o único objectivo de atacar e matar e à voz gutural de Hunter. O single «Destroy And Dominate» mostra-

nos um resumo de todas as fases dos Chimaira e é um adjectivo perfeito para descrever este álbum. Para além da voz de Mark Hunter, a bateria continua a ser um dos pontos for-tes da banda, onde nem nas partes mais lentas o duplo bombo não dei-xa de estar presente. É um tema muito melódico, com uma presença notória dos teclados, que lhe dão um toque especial. Penso que foi o primeiro álbum dos Chimaira onde se nota uma perfeita harmonia entre todos os membros da banda. O protagonis-mo deixou de ser dado ao vocalista e agora os riffs de guitarra e até a linha do baixo abrem um novo caminho na obra deste co-lectivo. Outras músicas de destacar são «On Broken Glass» e «Try To Survi-ve», onde os guitarristas Rob Arnold e Matt Devries se tentam superar um ao outro, dando lugar a um espectáculo digno de se ouvir. «The Infection» criou muitas expectativas para uma banda que cres-ce ano após ano, mas até que venha um novo regis-to, teremos que ficar por aqui.

Joel Costa

ABSU«Absu»[Candlelight / 2009]

Após a perda de dois mem-bros da formação original, incluindo o principal com-positor, e de uma crise in-terna que se viria a saldar em oito anos de paragem sem concertos nem grava-ções, poucos esperariam que os Absu regressassem com a pujança criativa de antigamente, e muito menos com o melhor ál-bum de sempre. Partin-do da fórmula incendiá-ria de thrash técnico com contornos de black metal que caracterizou «Tara», o novo álbum vê a banda Texana evoluir no sentido de uma composição mais diversificada e dinâmica, com algumas subtilezas psicadélicas, padrões rít-micos invulgares e uma miríade de detalhes atrac-tivos que fazem a diferen-

ça no meio da explosão de riffs debitados ferozmen-te a toda a velocidade. O trabalho percussivo de Proscriptor McGovern é ao mesmo tempo fenomenal e devastador enquanto a sua voz, pontuada em quase-sincronismo com a bateria e sempre perfei-tamente engrenada nas estruturas da música, im-pregna os encantamentos e imprecações que expe-le em nome de deidades Sumérias de uma malig-nidade mais virulenta do que nunca. Gravado com a participação de uma sé-rie de ilustres convidados entre os quais se contam Rune Eriksen dos Ava In-feri e Bruno Fernandes dos The Firstborn, e muni-do de uma fantástica capa uma vez mais da autoria de Kris Verwimp, «Absu» é, sobre todos os pontos de vista, a maior realiza-ção até hoje do colectivo norte-americano e um dos primeiros sérios candida-tos a álbum do ano.

Ernesto Martins

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ECHOES OF ETERNITY«As Shadows Burn»[Nuclear Blast / 2009]

Levar o Metal ao extremo sempre foi vontade dos Echoes Of Eternity. Tal factor já se havia notado no álbum de estreia e ve-rifica-se novamente com «As Shadows Burn». Esse extremo é, no entanto, confrontado por Francine Boucher, que vocalizou o álbum de uma forma limpa e organizada que preenche o instrumental poderoso deste registo. Evoluíram em relação ao «The Forgotten Goddess» e penso que tentaram até corrigir alguns erros pas-sados e agradar aos que no passado os criticaram. Agora, a voz de Francine já não parece algo saído dos céus, mas sim uma vocalista feminina que usa a sua voz para fazer algo bom e... normal. Os

temas são rápidos e bem conseguidos, tendo como única falha a presença do baixo, que pouco se faz ouvir. Erros à parte, «As Shadows Burn» é um tra-balho sólido que projecta os Echoes Of Eternity di-rectamente para um pa-tamar acima daquele que haviam estado no pas-sado. Temas como «The Scarlet Embrace» e «Twi-light Fire» são alguns dos que melhor representam este lançamento. De des-tacar é a performance do guitarrista Brandon Pat-ton, cuja presença marca todo o som com harmo-nias bem conseguidas às quais não ficamos imu-nes. O álbum poderia ter ficado muito diferente se a escolha para a produção do mesmo recaísse nou-tro nome que não Logan Mader. O produtor, antigo guitarrista dos Machine Head e Soulfly, conseguiu fazer um bom trabalho, ao assegurar que a diversi-dade de estilos presentes nas faixas que compõem o álbum não resultassem num salgueiral mal con-cebido de composição, tornando-o assim em algo especial.

Joel Costa

ALICE IN CHAINS«Black Gives Way To Blue»Virgin / 2009]

Passaram-se quase 15 anos desde o útlimo lan-çamento de originais dos Alice In Chains, uma das bandas mais influentes dos anos 90. Eles estão de volta mas não da manei-ra que muitos fãs deseja-riam. Não porque o álbum esteja mau! Nada disso. Estou mesmo a falar do vocalista, que venha quem vier, e neste caso veio William DuVall, ninguém se esquecerá do lendário Layne Staley. Como já era habitual, Jerry Cantrell assumia os vocais em di-versos temas dos Alice In Chains. Tal facto verifica-se de novo, mas desta vez tendo o maior destaque, deixando para segun-do plano o novo vocalis-ta, DuVall. Não deixa de ser mau, porque só des-

ta maneira terá o factor «Alice» presente. Só em «Last Of My Kind» é que DuVall mostra que está a fazer muito mais do que apenas substituir Staley, explicando porquê que a banda o escolheu para as-sumir a voz. DuVall não é substituto de ninguém, pois Layne será insubs-tituível, mas é uma nova presença, cheia de força e vontade de trazer Alice In Chains aos anos 2000, sem os tirar dos 90. Missão impossível? De todo. O ál-bum foi dos mais bem re-cebidos do ano, atingindo as pontuações máximas em todos os meios de co-municação que se aventu-raram a criticá-lo. Quanto aos fãs que não vêm com bons olhos esta iniciativa, há que dizer o seguinte: os Alice In Chains nun-ca foram banda de um só homem. Estão também lá presentes Jerry Cantrell, Mike Inez e Sean Kinney, que têm todo o direito de prosseguir com uma ban-da que já existia antes de Layne. Os Alice In Chains estão bem vivos e a prova está aqui!

Joel Costa

«Megadeth» não é nem nunca foi um dos meus projectos musicais fa-voritos. No entanto, até eu vejo o nível de su-perioridade com o qual «Endgame» traz con-sigo. Não será, obvia-mente, nenhum «Rust In Piece», ou até mes-mo outra peça de mo-biliário que faz parte do mundo «Megade-th». Ainda assim, é um trabalho consistente e bom, editado por uma banda que revolucionou o Trash Metal, à sua ma-neira. Problemas à par-

te, e sem pegar nas re-centes acções de Dave Mustaine, «Endgame» apresenta um fenome-nal registo de guitarras, da parte do seu mentor e do novo guitarrista, Chris Broderick. Este novo lineup pode não ser dos melhores que já passou pelos «Mega-deth», mas a experiên-cia dos músicos e a sua vontade de continuar a produzir bom Trash faz toda a diferença. Este álbum mostrou a todos aqueles que não acre-ditavam num regresso

de Dave Mustaine, que ele ainda estará por cá mais algum tempo. Se conseguirá voltar aos tempos áureos? Quem sabe... Mas que conti-nua capaz de fazer mú-sica sólida e vibrante, isso sim. «Endgame» possui uma quantida-de estrondosa de solos, bons duelos de guitar-ra, tal como podemos ouvir em «Dialectic Chaos» e com «This Day We Fight», temos o porquê de este álbum ser um “must-have”. O fenómeno continua!

«Endgame»[Roadrunner / 2009]

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THE BLACK DAHLIA MURDER«Deflorate»[Metal Blade / 2009]

«Deflorate» não só é pe-sado como também é in-tenso. Não faz o meu es-tilo favorito, mas consigo entender a realiza deste registo e acima de tudo compreender a arte mu-sical presente no mesmo. Pelo menos assim acho. Os The Black Dahlia Mur-der mantêm-se fiéis ao som que têm vindo a criar desde a sua formação e com este novo álbum vol-tam a reinventar-se de um modo que se traduz numa obra prima algo extrema. É incrível como após tan-tas mudanças de mem-bros nestes últimos anos, eles conseguem continuar a produzir o som típico de álbuns anteriores. Apesar disto, os The Black Dahlia Murder não são uma ban-da que se adjective como

“vira o disco e toca o mes-mo”, pois por muito que nos pareça igual à pri-meira, a verdade é que se ouvirmos com aten-ção conseguimos distin-guir as diferenças e notar uma evolução crescente. Apesar dos membros da banda não serem leva-dos muito a sério na cena Metal Mundial, o colectivo formado por Trevor Str-nad e companhia leva a cabo uma produção séria e mostra que se focaram em fazer de «Deflorate» algo que caia no esqueci-mento. No final de contas, este álbum acaba por ser aquilo que a juventude recém-convertida ao Me-tal acaba por ouvir. Pode não agradar aos fãs de Old School mas a mistu-ra de Hardcore com Death Metal e até mesmo Me-talcore, faz de «Deflora-te» um álbum intrínseco, essencial para a evolução desta banda, que certa-mente irá continuar a ter os olhos postos no futuro e a apresentar discos con-sistentes e acima de tudo competentes.

Joel Costa

SHADOWS FALL«Retribution»[Everblack Industries / 2009]

Tenho vindo a adiar esta coisa de ouvir Shadows Fall desde a primeira vez que ouvi falar deles, em 2002. Com «Retribution», decidi-me a não adiar o inevitável e facilmente deixei-me levar pela hip-nose de «Still I Rise», o single escolhido para a promoção do álbum. Após uma focada pesquisa em registos anteriores, foi fá-cil chegar à conclusão que os Shadows Fall têm vin-do a tentar estabelecer-se num mercado onde todos os dias surgem coisas novas. Não foi fácil, mas conseguiram e por mérito próprio. Isto porque não tiveram grande sorte com as editoras, que falharam na promoção da banda, deixando-os à deriva. Certamente que mesmo

perdidos lá encontraram maneira de seguir um rumo certo. A mudança de editora de disco para disco não foi saudável e cada lançamento foi como se fosse o primeiro e ti-vessem que começar tudo de novo. Talvez por isso tenha havido a decisão de criarem eles próprios uma editora e fazerem as coi-sas à maneira deles. Com «Retribution» consegui-ram afirmar-se enquanto banda Metal que marca pela diferença. Se não se deixam convencer pelo single, certamente ficarão convencidos com «War», onde um Brian Flair impla-cável se entranha no nosso corpo e alma. A presença de Randy Blythe dos Lamb Of God era a pitada de sal que faltava, onde a sua voz, em dueto com Brian Flair, faz de «King Of No-thing» um dos melhores temas gravados neste ano de 2009, que até agora só nos trouxe coisas boas. O álbum culmina com dois dos melhores temas, sen-do eles «A Public Execu-tion» e «Dead and Gone». Aos fãs da banda, espa-lhem a palavra: os Sha-dows Fall estão de volta e mais fortes que nunca!

Joel Costa

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SKELETONWITCH«Breathing The Fire»[Prosthetic Records / 2009]

Para aqueles que acham que o Trash Metal morreu e não conseguem aceitar o material recente de Me-tallica, Slayer e Megadeth, então ouçam «Breathing The Fire», dos «Skele-tonwitch». Apesar de se notar uma ou outra pitada de Black Metal, a verda-de é que o Trash está de volta e em força. Depois de «Municipal Waste», os «Skeletonwitch» parecem ter acordado um monstro adormecido e fazer-nos recuar um pouco no tem-po. Ameaçaram algo em 2007 com o lançamento de «Beyond The Perma-frost» e agora regressam com «Breathing The Fire», onde mostram que ama-dureceram, sabem com-pôr boas melodias e aci-ma de tudo, sabem fazer

Trash e é uma questão de tempo até se tornarem ex-perts na matéria. A banda procurou criar um álbum com uma sonoridade forte e única. Não sei se ainda é desta que conseguem ter o seu nome como ad-jectivo desta variação de Trash Metal, pois toda a gente continua a associá-los a outras bandas. Con-tudo, penso que fizeram um bom trabalho. É certo que não quebraram ne-nhuma barreira no mundo do Metal, mas fizeram um bom álbum e merecem toda a nossa atenção. «Breathing The Fire» será um alívio para os amantes deste género musical, que vivem focados no passa-do (nos clássicos grava-dos por Metallica, Slayer e Megadeth) e têm agora a possibilidade de ouvir algo novo e entender que aqui-lo que os anos 80 nos de-ram em termos de Metal não morreu e que muitas coisas novas virão. É de destacar o single «Repul-sive Salvation», cujo ví-deo pode ser visto no nos-so site oficial.

Joel Costa

KITTIE«In The Black»[E1 Music / 2009]

«In The Black», o quinto álbum de originais das Kit-tie, foi dos melhores regis-tos que ouvi este ano. De-pois de muitas mudanças de membros e editoras, as «Kittie» voltam agora com uma presença muito sóli-da e com um lineup mais forte em relação aos an-teriores. Em «In The Bla-ck» existe toda uma mis-tura de intensidade com melodia. Possui temas como «My Plague» e «Cut Throat» que são rápidos e agressivos, com bons riffs e solos de guitarra e ao mesmo tempo temas como «Falling Down», com Morgan Lander a exi-bir uma voz mais melódica e a deixar a agressividade de lado. A evolução em relação a registos ante-riores foi notória e o mes-

mo percebe-se logo após os primeiros segundos do tema de abertura «King-dom Come». O primeiro single extraído do álbum «Cut Throat» e «Forgive & Forget» são os melhores temas deste lançamento, pois a mistura do intenso com o melódico resultou perfeitamente bem. As irmãs Lander têm sido o foco principal nos álbuns das «Kittie», posição essa que é posta algo em causa com a prestação incrível da guitarrista Tara McLe-od, que é responsável pela criação de alguns so-los brutais, que assentam como uma luva na nova sonoridade do colectivo feminino. Todo o ambien-te criado em «In The Bla-ck» é bastante atractivo e combina vários elementos musicais que ajuda nesta luta que as «Kittie» tra-vam constantemente para se definirem enquanto banda. Mais um projec-to que merece os nossos olhos postos no futuro à espera de ver o que virá nos próximos anos.

Joel Costa

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EVILE«Infected Nations»[Earache / 2009]

Não gosto muito de recor-rer a comparações para exemplificar determinado trabalho de uma banda. Mas se tivesse que apre-sentar os «Evile» a al-guém que não conheces-se, diria que com o seu primeiro lançamento em 2007 tentaram ser o que os «Metallica» foram com «Kill ‘Em All». Nesse ano aproveitaram a onda que trouxe o Trash Metal de volta e fazem agora um regresso em grande com «Infected Nations», um registo formidável e letal que resultou da fantásti-ca evolução dos «Evile» enquanto compositores. Mais uma comparação? Como alguém comentou na imprensa estrangeira, «Infected Nations» será um filho de «Seasons In

The Abyss» dos Slayer e de «The New Order» dos Testament. Apesar de ain-da se encaixarem no Trash Metal, a realidade é que parece que neste álbum a banda não se preocupa muito com isso e prefe-rem compôr algo saudável e bom do que seguir um rótulo que conseguiram com o seu álbum de es-treia. Uma decisão acerta-da, na minha maneira de ver. A voz melhorou mui-to em relação ao primeiro álbum, assim como a gui-tarra. Não só foi uma evo-lução dos músicos, como também da produção, que está de parabéns com o resultado final de «Infec-ted Nations». Esta evo-lução torna-se algo cho-cante pelo facto da banda estar apenas no segundo algo e não ter adquirido a experiência que mui-tos “grandes” alcançaram após décadas e décadas. Seria algo muito mais po-sitivo se não me fizesse duvidar de um próximo ál-bum, pois as expectativas serão certamente difíceis de superar para qualquer um que esteja afim dos «Evile» e que veja neste álbum algo grandioso.

Joel Costa

REVOLUTION WITHIN«Collision»[Rastilho / 2009]

Os «Revolution Within» assinaram pela Rastilho Records e agora têm como principal missão produzir o seu novo álbum, edita-do no mês de Outubro, «Collision». Nesta edição da Versus, no que toca às críticas, já deu para repa-rar que o Trash Metal está de volta e também decidiu marcar alguma presen-ça, pelo simples facto de este álbum ser curto, em Portugal. Os «Revolution Within» mostram que o importante não é só fa-zer solos, mas criar toda uma estrutura de guitarra bem pensada, com gran-des fluxos de criatividade e com boas harmonias. Nenhum instrumento em «Collision», nem mesmo as cordas vocais, fica em segundo plano. O álbum

transmite toda uma ener-gia nova e desconhecida até à data. Quem teve a oportunidade de ouvir material dos «Revolution Within» antes do álbum estar editado, percebe ra-pidamente toda a evolução pela qual a banda oriunda de Santa Maria da Feira / São João da Madeira pas-sou. Foi uma transforma-ção imensa que deu bons frutos, pois o resultado do novo trabalho da banda é uma boa dose de poder e de Metal como poucos o sabem fazer. Os «Revolu-tion Within» conseguem agora nivelar-se ao som de outros Trash Portugue-ses, como «Headstone» ou «Switchtense». Não sendo isto um espaço de críticas bem estruturadas com palavreado rodeado dos mais belos adjectivos que a língua Portugue-sa pode conter, mas sim um espaço onde eu, Joel Costa, no Português que sei e conheço transmito a minha opinião e convenço de alguma forma os leito-res a ouvir os álbuns, digo que o vosso trabalho de casa é visitar o MySpace da banda, procurar onde vão tocar ao vivo, adquirir o álbum e orgulharem-se de se fazerem trabalhos assim no nosso país.

Joel Costa

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DEATH BY STEREO«Death Is My Only Friend»[2009]

Quatro anos depois do úl-timo «Death for Life», os Death By Stereo estão de regreso para o seu quin-to álbum de originais, que marca também a es-treia da sua própria edi-tora, depois de termina-da a “aventura Epitaph” da banda. «Death Is My Only Friend» mantém a “tradição” de títulos com

a palavra “death” ou “die” por parte do colectivo de Orange County e reforça a posição da banda como uma das mais brilhantes propostas na fusão de metal, punk e hardcore. Ao invés de misturarem tudo homogeneamente e repetirem a receita a cada tema, os Death By Stereo variam entre temas de quase-puro metal e qua-se-puro hardcore, com alguns a puxarem o lado punk melódico mais para a frente. Nestes, o espec-tro de Ignite paira sempre um pouco por ali, mas em termos gerais tudo o que é apresentado em «Death Is My Only Friend» é feito com qualidade e convicção suficientes para manter os Death By Stereo como uma das melhores bandas do metal/hardcore/punk.

GOREZONE«Brutalities Of Modern Domination»[2009]

Formados no final dos anos 90 por elementos e ex-elementos de Holy Mo-ses, Ebola Beach Party e Infested, os Gorezone são uma das mais intensas e francamente interessan-tes bandas da cena de-ath/grind alemã actual. «Brutalities Of Modern Domination» é o terceiro longa-duração do grupo e mergulha de cabeça numa

sonoridade death/grind ultra-técnica – sobretudo a nível de bateria – que deve mais à sonorida-de old-school de bandas como Cryptopsy e Deeds Of Flesh do que à recen-te vaga de deathcore que assola o metal extremo. O novo vocalista Karsten Schöning tem um senhor “grunho” e complementa a sonoridade hiper-ex-trema dos Gorezone com uma série de canções de temática gore e letras gráficas, embora imper-ceptíveis. A execução é impecável e sem falhas e a produção é clara e vis-ceral, o que deixa os Go-rezone, apesar do death/grind “batatas com carne” que preconizam, com um dos melhores discos do estilo este ano, capaz de rivalizar com nomes de topo como Devourment, Disgorge ou os já referi-dos Deeds Of Flesh.

INCITE«The Slaughter»[2009]

Depois de andar “à boleia” do pai Max Cavalera, em digressões de Cavalera Conspiracy e Soulfly, Ri-chie Cavalera tem aqui a estreia em longas-duração da sua própria banda. Ob-viamente, vindo da família que vem, as vocalizações de Richie são pura energia e reminiscentes do estilo do pai, enquanto o esti-

lo apresentado em «The Slaughter» é um thrash metal injectado de groove que, se por um lado atinge momentos de óbvia quali-dade, por outro lado não afasta completamente o espectro de generalista e sofre de uma produção de bateria demasiado clínica. Ainda assim, «The Slau-ghter» cumpre na perfei-ção o papel de álbum de estreia de uma nova ban-da liderada por alguém com o peso “Cavalera” no nome e pode facilmente fazer as delícias dos fãs de Sepultura e Cavalera Conspiracy, mas também Gojira ou Dagoba.

LIFELOVER«Decadens EP»[2009]

Se existem mistérios no metal extremo actual, um deles é com certeza a fal-ta de maior popularidade (ou pelo menos reconhe-cimento) dos suecos Li-felover. Com três álbuns editados desde a sua for-mação em 2005, a banda pratica um black metal suicida com fortes influ-ências de rock depressivo

com uma estética franca-mente interessante. «De-cadens» é o novo trabalho da banda e aproxima, mais que nunca, o black metal de tendência misantrópi-ca da banda do universo decadente gótico de uns Sisters Of Mercy, especial-mente em «Letargy» e no tema de abertura «Lugu-ber Framtid». O resulta-do é invulgar e brilhante, espelhando a melancolia decadente urbana como poucos projectos actuais – tirando possivelmente os Shining – conseguem fa-zer. Numa cena em que o black metal parece perder progressivamente o seu brilho e elitismo de outros tempos, é inspirador ouvir um EP como «Decadens» trazer alguma da origina-lidade e espiritualidade ao lado mais suicida e de-pressivo do black metal.

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MANDRAGORA SCREAM«Volturna»[2009]

Prestes a celebrar uma dé-cada de carreira, os Man-dragora Scream não têm grande concorrência no que diz respeito ao trono do dark metal gótico em Itália. Apesar de estar lon-

ge dos tempos áureos em que a banda era lançada pela Nuclear Blast, «Vol-turna» refina a sonoridade do grupo e entra por ter-ritórios mais electro-dark e neo-clássicos, aproxi-mando os Mandragora Scream de um estilo mais “germânico” e, a espaços, do romanticismo de uns Dark Sanctuary. Por so só, essa abordagem chega para desculpar a falta de inspiração em alguns dos temas. Depois, há duas versões que enriquecem o trabalho: «Bang Bang» (um original de Cher) e «Fade To Grey» (dos Vi-sage). Sem dúvida uma boa aposta para quem dá ênfase ao lado “gótico” do “metal gótico”.

SIDEWAYTOWN«Years In The Wall»[2009]

Markus Baltes é uma es-pécie de super-músico alemão com queda para a melancolia, ou não tivesse tido influência directa – ou apenas dado uma mãozi-nha – em projectos como

Autumnblaze, Shiver Trip, Flaming Entity, Mysterium e Paragon Of Beauty. Si-dewaytown é o seu pro-jecto a solo (acompanha-do de baixista e baterista convidados, sendo este último Ulf Theodor Schwa-dorf, dos Empyrium e The Vision Bleak) e explora o lado mais sonhador e pós-rock apresentado por Autumnblaze (por volta do EP «Lighthouses», em 2002). Isto é o mesmo que dizer que, quem ou-vir «Years In The Wall», vai ouvir uma irresistível mistura dos melhores ele-mentos musicais de The Cure e Radiohead, mis-turados com a tendência natural de Markus Baltes para tudo o que é melan-colicamente belo.

V/A«Jam On Guitars»[2009]

Com o simples conceito de produzir um disco de fu-são com espírito da cultu-ra “jam-band”, a nova-ior-quina Magnatude Records juntou alguns dos mais reputados artistas do seu catálogo e o resultado é este «Jam On Guitars». Variedade e virtuosismo são as palavras-chave

num lançamento que con-ta com nomes como Alex Skolnick (Testament), Steve Morse (Dixie Dregs, Deep Purple), Oz Noy, Jake Cinninger (Umphrey’s Mc-Gee) e Michael Lee Firkins, entre outros. Os temas são essencialmente ins-trumentais e variam entre o puro jazz, blues-rock ou mesmo a abordagem étni-ca de Fareed Haque, que no tema «Gulab Jammin» mistura música indiana e rock psicadélico com uma mestria irrepreensível. Há de tudo para todos os gos-tos em «Jam On Guitars», embora o carácter alta-mente experimental da fusão de todos os temas o torne mais apetecível, obviamente, a guitarristas e apreciadores da técnica do instrumento em geral.

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