valentino fialdini | zipper galeria

9

Upload: zipper-galeria

Post on 10-Mar-2016

221 views

Category:

Documents


3 download

DESCRIPTION

Catálogo da exposição de Valentino Fialdini realizada na Zipper Galeria | De 01 de Junho a 02 de Julho, 2011

TRANSCRIPT

Page 1: Valentino Fialdini | Zipper Galeria
Page 2: Valentino Fialdini | Zipper Galeria

Valentino Fialdini

VALENTINO FIALDINI

Rua Estados Unidos, 1494CEP 01427 001São Paulo - SP - Brasil+55 (11) 4306 [email protected]

2 a 6 10:00 - 19:00sábados 11:00 - 17:00

Rua Estados Unidos, 1494CEP 01427 001São Paulo - SP - Brasil+55 (11) 4306 [email protected]

2a a 6a 10:00 - 19:00sábados 11:00 - 17:00

Page 3: Valentino Fialdini | Zipper Galeria
Page 4: Valentino Fialdini | Zipper Galeria
Page 5: Valentino Fialdini | Zipper Galeria
Page 6: Valentino Fialdini | Zipper Galeria

Ninguém habita os espaços fotografados por Valentino Fialdini. No entanto, essas imagens de arquitetu-ras assépticas atraem todos os olhares quando se apresentam em público. Um dos atributos mais mar-cantes das fotografias de Fialdini, para quem as acompanha desde que começaram a ser impressas, há um ano, é o poder de sedução que exercem sobre o espectador. Parto então da seguinte questão: o que essas obras têm de tão desejáveis?

A conclusão a que chegarei nesse texto não é exatamente um elogio à obra: as fotografias de Valentino Fialdini seduzem por serem frias, artificiais, absolutamente controladas, limpas, por terem um ar de am-biente corporativo e brilharem como um carro novo. Nada está fora do lugar nessas arquiteturas feitas de plástico, e o espectador é o soberano central de um espaço ilusionista baseado na perspectiva renascentista.

A história da arte recente desalojou o observador dessa posição de prestígio. Exigiu-se nas últimas déca-das um participador, um co-criador, que trabalhasse junto do artista na transformação da arte, papel mui-to diferente daquele do mecenas, para quem o artista produzia e a quem deveria agradar. Do espectador passou-se a esperar envolvimento. Em vertentes mais conceituais, exigiu-se do espectador um grande esforço mental, ou ao menos o respeito pela condição intelectual superior do artista. O espectador franzia o cenho e trabalhava com afinco, cerebralmente, para ser incluído num clube seleto dos capazes de se re-lacionar com a obra de arte. As fotografias de Valentino Fialdini, ao contrário, são aparentemente abertas do lado do espectador, oferecem uma espécie de sala vip, às vezes com janelas, às vezes com iluminação zenital em um espaço facilmente compreensível, com diagonais coincidindo com o ponto em que estou olhando, bem no centro. A composição foi feita pensando em mim. É muito reconfortante finalmente perceber-se novamente no centro de uma obra de arte, com a linha do horizonte coincidindo com o olhar em uma composição que se oferece, colorida como um brinquedo, ao agora poderoso espectador. Nada se exige dele, só que se sinta o dono daquele espaço. E que o venere.

Evidentemente, o fotógrafo está explorando a vaidade do espectador, oferecendo-lhe um poder ilusó-rio. Não há nada mais inacessível do que os espaços dessas fotografias, separadas do mundo real pela barreira do metacrilato, que confere à foto um brilho sensual e provocador, algo como o gloss transpa-rente nos lábios de uma mulher, que não funciona como convite, mas sim como barreira intransponível. Tanto na fotografia brilhante de Fialdini quanto na mulher que aplicou brilho nos lábios, a mensagem é “olhe mas não toque”, para não deixar marcas de dedos, para não borrar. Um espaço praticado teria poeira, riscos, imperfeições, marcas de uso, como uma boca beijada. O asséptico engendra o ascético. Os espaços plastificados das fotografias de Fialdini são virginalmente vazios, como o sonho de um arquiteto modernista, que não suportaria ver a pureza austera de sua obra estragada com o ordinário maravilhoso do dia-a-dia. As imagens dessas fotografias seduzem o espectador para a causa da defesa da arquitetura moderna, do “less is more”, das linhas retas e secas, da elegância à custa do conforto de uma cadeira Red and Blue de Rietveld. Mas há algo de sacrílego em misturar um brinquedo à construção de fotografias que são homenagens ao moderno. Soa como uma piada. Há algo do pós-moderno aqui, ou no reino da Dinamarca, terra do designer inventor dos Legos.

Corroborando a autoridade mascarada dessas imagens -- aparentemente convidativas porém controla-damente inacessíveis --, o artista traz para a exposição um grande paralelogramo transparente, com dois metros de altura, instalado no centro da galeria. As faces visíveis dessa caixa de acrílico exibem enormes ampliações das fotografias das arquiteturas construídas com blocos de Lego. Silencioso, esse paralelogramo de acrílico toma ares de objeto de culto. E desconfio que toda a sedução calculada das fotografias intentam aliciar o espectador na veneração a esse grande totem. Cinco réplicas menores do paralelogramo ficam afixadas à parede, em uma repetição com intervalos constantes, après Donald Judd. Minimalmente, o fotógrafo desrespeita tabus, flerta com a arquitetura e transforma-se em es-cultor. Disfarça tamanho sacrilégio erigindo um totem, em torno do qual reúne admiradores que nunca irão tocá-lo. Fecha-o em caixas de acrílico invioláveis e protege-o com metacrilato. Pai primevo, o Mo-dernismo, foi devorado pelos filhos. Daí uma possível explicação para o desejo que essas fotografias despertam: a veneração de um Modernismo cuja autoridade foi afrontada pela arte contemporânea.

Paula Braga

No one inhabits the spaces photographed by Valentino Fialdini. However, these sterile architectural images attract every eye when presented to the public. One of the most striking attributes of Fialdini’s photography, for someone who has kept up with them ever since they started being printed, a year ago, is its power of seduction exercised upon the spectator. I set forth the following question: what do these works have that make them so desirable?

The conclusion I will come to in this text does not exactly praise the work: Valentino Fialdini’s photographs are seductive for being cold, artificial, absolutely controlled, clean, shiny like a brand new car and for having a corporate air. Nothing is out of place in these architectures made of plastic, the spectator is the central sovereign of an illusionist space based on the Renaissance perspective.

The history of art has recently dislodged the observer from this position of prestige. The last decades have demanded a participant, a co-creator, who would work alongside the artist in the transformation of art, a role much different than that of a patron, to whom the artist should produce for and to whom he should please. Involvement began to be expected from the spectator. On the more conceptual slopes, a great mental effort was expected of the spectator, or at least a respect for the superior intellectual condition of the artist. The spectator would frown and work with insistence, cerebrally, in order to be included in a club made up of a select few who were able to relate to the work of art. Contrary to this, Valentino Fialdini’s photographs are apparently open to the side of the spectator, offering a sort of VIP room, sometimes with windows, sometimes with zenithal lighting in an easily comprehensible space, with diagonals coinciding with the point which I am looking at, right at the center. The composition was created with me in mind. It is very comforting to finally find one’s self at the center of an artwork, with the horizon line coinciding with the eye in a composition as colorful as a toy that offers itself to the now mighty and powerful spectator. Nothing is expected of him, only that he feels himself owner of that space. And that he worships it.

Evidently, the photographer is exploring the spectator’s vanity, offering him an illusionary power. There is nothing more inaccessible than the spaces in these photographs, separated from the real world by the Diasec barrier that bestows a sensual and provocative shine upon the photo, something like the transparent gloss on a woman’s lips, not serving as an invitation, but as an impassable barrier. So much in Fialdini’s brilliant photograph as the woman who applied on the gloss, the message is “look, but do not touch”, so as to not leave any fingerprints, to not smudge. An experimented space would have dust, scratches, imperfections, markings, just like lips that have been kissed. The aseptic generates the ascetic. The plastified spaces in Fialdini’s photographs are immaculately empty, like a modernist architect’s dream, who could not bear to see the austere purity of his work ruined by the marvelous ordinary of daily life. The images of these photographs seduce the spectator in favor of the defense of modern architecture, of the “less is more”, the dry and straight lines, of elegance at the cost of comfort in Rietveld’s Red and Blue chair. But there is something sacrilegious about combining a toy with the construction of photographs that pay homage to the modern. It sounds like a joke. There is something post-modern here, or in the kingdom of Denmark, land of the designer who invented Legos.

Corroborating the masked authority of these images -- aparently inviting although controllably inaccessible --, the artist brings to the exhibit a large transparent parallelogram, two meters high, installed at the center of the gallery. The visible facets of this acrylic box exhibit enormous amplifications of photographs of the architecture built with Lego blocks. Silently, this acrylic parallelogram takes on an air of a cult object. And I suspect that every calculated seduction of the photographs attempt to allure the spectator into worshipping this great totem. Five smaller replicas of the parallelogram are fixed onto the wall, in a repetition with constant intervals, after Donald Judd. Least to say, the photographer disrespects taboos, flirts with architecture and transforms himself into a sculptor. He disguises such sacrilege by erecting a totem, around which he brings together admirers who will never touch it. He encloses it in inviolable acrylic boxes and protects it with Diasec. Modernism, the primordial father, has been devoured by his sons. From this, there is a possible explanation for the desire triggered by these photographs: the worshipping of a Modernism whose authority has been confronted by contemporary art.

Paula BragaTranslation by: Nathalie Hlebanja Beltran

Page 7: Valentino Fialdini | Zipper Galeria

Valentino FialdiniSão Paulo, Brasil [Brazil], 1976

> Vive em [lives in] São Paulo, Brasil [Brazil]

> Fotógrafo profissional desde 1995 [professional photographer since 1995]

> Leciona fotografia na [teaches photography at] Escola São Paulo, Brasil [Brazil]

Exposições Individuais [Solo Exhibitions]

2011> Zipper Galeria, São Paulo, Brasil [Brazil]

Exposições Coletivas [Group Exhibitions]

2011> SP Arte, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Fundação Bienal de São Paulo, Brasil [Brazil]

2010> Silêncio, Zipper Galeria, São Paulo, Brasil [Brazil]

> SP Arte, Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Fundação Bienal de São Paulo, Brasil [Brazil]

2006> Parcial, Galeria Virgílio, São Paulo, Brasil [Brazil]

2004> Retratos, Espaço Cultural Vivo, São Paulo, Brasil [Brazil]

2001> O Tempo do Olhar, Conjunto Cultural da Caixa, São Paulo, Brasil [Brazil]

Page 8: Valentino Fialdini | Zipper Galeria

Sem título, 2011, fotografia montada em metacrilato, 200x150x150 cm.Untitled, 2011, photograph mounted on Diasec, 78.7x59x59 in.

Sem título, 2011, fotografia montada em metacrilato, 160x220 cm.Untitled, 2011, photograph mounted on Diasec, 62.9x86.6 in.

Sem título, 2011, fotografia montada em metacrilato, 160x220 cm.Untitled, 2011, photograph mounted on Diasec, 62.9x86.6 in.

Sem título, 2011, fotografia montada em metacrilato, 160x220 cm.Untitled, 2011, photograph mounted on Diasec, 62.9 x 86.6 in.

Sem título, 2011, fotografia montada em metacrilato, 150x150 cm.Untitled, 2011, photograph mounted on Diasec, 59x59 in.

Realização I Accomplished by

Impressão I Printed by

Projeto Gráfico l Graphic Design

© maio 2011

Page 9: Valentino Fialdini | Zipper Galeria