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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRO REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO ESCOLA DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE TRANSPORTE NEONATAL INTER- HOSPITALAR DE UMA MATERNIDADE ESCOLA EMELINE NORONHA VILAR DE SOUZA NATAL-RN 2019

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

    PRO REITORIA DE PÓS GRADUAÇÃO

    ESCOLA DE SAÚDE

    PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE

    MESTRADO PROFISSIONAL EM PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO E SAÚDE

    AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE TRANSPORTE NEONATAL INTER-

    HOSPITALAR DE UMA MATERNIDADE ESCOLA

    EMELINE NORONHA VILAR DE SOUZA

    NATAL-RN

    2019

  • EMELINE NORONHA VILAR DE SOUZA

    AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE TRANSPORTE NEONATAL INTER-

    HOSPITALAR DE UMA MATERNIDADE ESCOLA

    Profa. Dra. Maria Claudia Medeiros Dantas de Rubim Costa

    Orientadora

    Natal/RN

    2019

    Dissertação submetida ao

    Programa de Pós-Graduação em

    Saúde e Sociedade da

    Universidade Federal do Rio

    Grande do Norte para obtenção do

    grau de Mestre Profissional em

    Práticas de educação e saúde.

  • Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

    Sistema de Bibliotecas - SISBI

    Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

    Souza, Emeline Noronha Vilar de.

    Avaliação do processo de transporte neonatal inter-hospitalar de

    uma maternidade escola / Emeline Noronha Vilar de Souza. - 2019.

    76 f.: il.

    Dissertação (mestrado profissional) - Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte, Escola de Saúde, Programa de Pós-Graduação em

    Saúde e Sociedade, Natal, RN, 2019.

    Orientadora: Profa. Dra. Maria Claudia Medeiros Dantas de Rubim

    Rocha.

    1. Recém-nascido - Dissertação. 2. Unidades de terapia intensiva

    neonatal - Dissertação. 3. Transporte de pacientes- Dissertação. I.

    Rocha, Maria Claudia Medeiros Dantas de Rubim. II. Título.

    RN/UF/BCZM CDU 616-053.31-083

    Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262

  • AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE TRANSPORTE NEONATAL INTER-

    HOSPITALAR DE UMA MATERNIDADE ESCOLA

    Dissertação de Mestrado Profissional apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

    Saúde e Sociedade da Escola de Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

    Como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem.

    Aprovada em: 26 de abril de 2019, pela banca examinadora.

    Presidente da banca:

    Profa. Dra. Maria Claudia Medeiros Dantas de Rubim Costa (presidente)

    Escola de Saúde UFRN

    Banca Examinadora:

    Dra. Anna Christina do Nascimento Granjeiro Barreto (titular)

    Instituto Federal do Rio Grande do Norte

    Dr. Wilton Rodrigues Medeiros (titular)

    Hospital Universitário Ana Bezerra UFRN

    Profa. Dra. Elisângela Franco de Oliveira Cavalcante (titular)

    Escola de Saúde UFRN

  • Dedico

    A Deus por tudo.

    A minha família, especial o meu

    marido, por me apoiar em todos

    os momentos e compreenderem

    as minhas ausências

  • AGRADECIMENTOS

    Primeiramente agradeço a Deus pelo dom da vida, pelo discernimento e sabedoria em

    todos os momentos.

    A minha família, por ter me proporcionado oportunidade para estudar e mostrado que o

    melhor caminho é a partir da educação e do amor.

    Ao meu marido Danilo, pelo apoio, carinho, amor e compreensão diária para a realização

    desse projeto. Por todas as vezes que baixou o som da televisão atendendo aos meus

    pedidos, pelas vezes que ficou me escutando lamentando-me pelas dificuldades impostas

    no processo e, mesmo assim, me estimulava, fazendo-me crê que no final tudo daria

    certo... e deu. Te amo muito!

    Aos meus pais Evânio (in memória) e Suelly, agradeço por tudo nessa vida, se eu sou o

    que sou hoje: devo aos senhores.

    Aos meus irmãos Evãnio Jr, Evelyne e Emília, pelo estímulo e apoio quando estavam

    próximos e que mesmo distantes não negaram. Vocês fazem parte da minha história e de

    todas as conquistas.

    Aos meus amigos, pela compreensão nos momentos de ausência, pelo estímulo diário e

    por todo o amor emanado. Não sei o que seria de mim sem a amizade de vocês.

    A minha professora e orientadora, Maria Claudia Rubin, pela leveza no desencadear desse

    processo, acolhimento, confiança, disposição e paciência que sempre teve comigo.

    Agradeço pela oportunidade que me proporcionou e por todo conhecimento transmitido.

    Ao professor Wilton Medeiros, pela paciência e disponibilidade em transmitir os seus

    conhecimentos sobre estatística e epidemiologia e ser tão fundamental e essencial nessa

    conclusão do trabalho.

    Aos mestres que participaram da minha formação e me permitiram crescer

    intelectualmente e pessoalmente. Em especial, agradeço a Deborah Mororó, enfermeira

    que me acolheu desde a época da graduação, apresentou-me o mundo da pediatria e a

    responsabilidade de ser enfermeira. A enfermeira Juliana Jales por sempre está ao meu

    lado nesse crescimento profissional, me orientando tanto pessoalmente como

    profissionalmente e que me incentivou para a realização desse sonho. A professora Nilba

    Lima por todo o encantamento e conhecimento transmitido na neonatologia, a sua

    humildade encanta a todos. Muito obrigada.

    A MEJC, pela oportunidade de desenvolver esse estudo, pelo estímulo e apoio no

    crescimento profissional dos seus funcionários. Em especial as minhas chefes Maria

  • Anakarinne Souza e Shennya Barros, pelo apoio, oportunidades e incentivo,

    representando todos que fazem parte dessa instituição, cuja integridade e profissionalismo

    de ambas são exemplos que tento seguir.

    A equipe de enfermeiras da UTI Neonatal da MEJC, que abraçou a minha idéia,

    contribuindo para a pesquisa, compreenderam os momentos em que estive ausente da

    rotina do serviço e torceram para a realização desse momento. Vocês me inspiram com o

    comprometimento e dedicação.

    A equipe de enfermeiras da UTI Neonatal da Maternidade Divino Amor, por todo o apoio,

    amizade e profissionalismo. Vocês são mais do que colegas de trabalho, são amigas de

    uma vida toda. A nossa ligação é muito além do ambiente de trabalho.

    Aos meus colegas de turma, por todo o apoio coletivo, companheirismo e pelos

    compartilhamentos das alegrias e das tristezas nos últimos dois anos. Agradeço pelos

    momentos de distrações quando a situação estava difícil e juntos fazíamos ela fluir como

    a leveza de uma pena. Por acreditarmos em nós quando nem nós achávamos que seria

    possível. Foi uma caminhada longa, só quem vivenciou sabe as pedras encontradas no

    caminho, cada um com as suas barreiras, porém com o mesmo objetivo.

    Finalmente, agradeço a todos que de alguma maneira contribuíram para realização desse

    trabalho.

  • “Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem

    metas, os sonhos não têm alicerces. Sem

    prioridades, os sonhos não se tornam reais.

    Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades

    e corra riscos para executar seus sonhos.

    Melhor é errar por tentar do que errar por

    omitir.”

    Augusto Cury

  • RESUMO

    O transporte neonatal consiste na transferência de um recém-nascido para uma unidade

    mais especializada. O mesmo pode ser classificado em intra-hospitalar e inter-hospitalar.

    Acredita-se que as condições do translado inter-hospitalar influencia na mortalidade

    neonatal, logo quando realizado de forma ideal deve contribuir com a redução dos

    coeficientes de mortalidade neonatal e infantil. Um dos grandes avanços da Neonatologia

    foi à implantação do Transporte Neonatal, que contribuiu efetivamente para a redução

    dos índices de mortalidade neonatal e infantil. Observa-se ainda uma lacuna na literatura

    com relação aos transportes inter-hospitalares proveniente de uma equipe capacitada pela

    instituição, sendo um dos pilares para a realização desse estudo. Têm-se como objetivo

    avaliar a qualidade do transporte neonatal inter-hospitalar de uma maternidade escola por

    meio do escore Ca-TRIPS. Trata-se de um estudo observacional descritivo do tipo

    transversal, antes e depois, com abordagem quantitativa. Os dados coletados foram

    inseridos em um formulário, seguido por uma análise bivariada dos dados, no qual se

    verificou a associação das variáveis independentes selecionadas, sendo essas, todas

    aquelas relacionadas ao perfil dos recém-nascidos transportados e características do

    transporte (duração e setor demandante) com a variável dependente (inadequação do

    transporte). Nesse momento da análise foi estimada suas respectivas razões de

    prevalência (RP), essas obtidas por meio da regressão de Poisson com variância robusta,

    também utilizada na análise múltipla. No modelo intermediário foram consideradas

    inicialmente as variáveis que tiveram um valor de p < 0,20, obtidos na análise bivariada,

    e permaneceram no modelo final se p < 0,05. Foi desenvolvido em uma maternidade

    escola referência no Rio Grande do Norte. A amostra foi constituída por 70 transportes

    neonatal inter-hospitalar, efetuados por profissionais e residentes da Instituição no

    período de maio a outubro de 2018. Foram realizados 70 transportes inter-hospitalar,

    destes 71,4% foram considerados adequados, apresentando uma predominância do sexo

    feminino (62,9%), peso ao nascer abaixo de 2.500g (62,9%) e idade gestacional

    prematuro (55,7%). A mediana da duração do transporte foi de 40 minutos com algumas

    falhas mecânicas. A maioria dos transportes (37,1%) foi para realizar exames e o setor de

    origem mais presente foi a UTI Neonatal (61,4%), 90% dos transportes foram feitos com

    acesso venoso e 55,7% dos RN encontravam-se em ar ambiente. Identificou-se que

    quanto menor o peso ao nascer do RN e/ou maior a duração do transporte, maior será a

    prevalência de inadequação do transporte. Uma equipe especializada contribui

    significativamente para a qualidade do transporte. O estudo mostrou que o transporte

    neonatal inter-hospitalar foi adequado na maioria dos transportes de acordo com o escore

    Ca-TRIPS.

    PALAVRAS-CHAVE: Recém-Nascido. Unidades de Terapia Intensiva Neonatal.

    Transporte de Pacientes.

  • ABSTRACT

    Neonatal transport consists of the transfer of a newborn to a more specialized unit. The

    same can be classified as intrahospital and interhospital. It is believed that the conditions

    of the inter-hospital transfer influence neonatal mortality, so when performed ideally, it

    should contribute to the reduction of neonatal and infant mortality rates. One of the great

    advances of Neonatology was the implantation of Neonatal Transportation, which

    effectively contributed to the reduction of neonatal and infant mortality rates. There is

    also a gap in the literature regarding interhospital transport coming from a team trained

    by the institution, being one of the pillars for the accomplishment of this study. The

    objective of this study was to evaluate the quality of the inter-hospital neonatal transport

    of a Maternity school through the Ca-TRIPS score. This is a cross-sectional, descriptive,

    observational study with a quantitative approach. The data collected were inserted into a

    form, after which a bivariate analysis of the data was performed, in which the association

    of the selected independent variables was verified, all of which were related to the profile

    of the NB transported and characteristics of the transport (duration and demanding sector)

    with the dependent variable (inadequate transport). At the time of analysis, their

    respective prevalence ratios (PR) were estimated, using poisson regression with robust

    variance, also used in the multiple analysis. In the intermediate model, the variables that

    had a value of p

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1- California Transport Risk Index of Physiologic Stability (Ca- TRIPS) ...... 26

    Quadro 2- Caracterização das variáveis dependentes que compõem o Ca-TRIPS. Natal,

    2018 ................................................................................................................................ 29

    Quadro 3- Caracterização das variáveis independentes do Recém-nascido. Natal, 2018

    ........................................................................................................................................ 32

    Quadro 4- Caracterização das variáveis independentes do transporte neonatal. Natal,

    2018. ............................................................................................................................... 31

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1- Valores de frequências absolutas e relativas da amostra segundo a adequação

    do Transporte Neonatal a partir do escore Ca-TRIPS e dimensões que o compõem, antes

    e depois do transporte. Natal- RN, 2019. ....................................................................... 33

    Tabela 2- Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis 25 e 75 e freqüências

    absolutas e relativas segundo as variáveis independentes dos recém-nascidos

    transportados. Natal-RN, 2019. ...................................................................................... 37

    Tabela 3- Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis 25 e 75 e freqüências

    absolutas e relativas segundo as variáveis independentes do transporte neonatal. Natal-

    RN, 2019. ........................................................................................................................ 35

    Tabela 4- Valores de frequências absolutas e relativas da amostra segundo as variáveis

    independentes relacionadas as condições do transporte. Natal –RN, 2019. ................... 37

    Tabela 5- Valores absolutos e percentuais, significância estatística, significância

    estatística ajustada, razão de prevalência, seu intervalo de confiança e seus valores

    ajustados para cada variável representativa das características do recém-nascido

    transportados em relação à adequação do transporte neonatal. Natal-RN, 2019. .......... 38

    Tabela 6- Valores absolutos e percentuais, significância estatística, significância

    estatística ajustada, razão de prevalência, seu intervalo de confiança e seus valores

    ajustados para as variáveis representativas das características do transporte em relação à

    adequação do transporte neonatal. Natal-RN, 2019. ...................................................... 39

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    Abrasco – Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva

    ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

    AVC – Acesso Venoso Central

    AVP – Acesso Venoso Periférico

    BLH – Banco de Leite Humano

    Ca- TRIPS - California Transport Risk Index of Physiologic Stability

    Cebes – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

    CNS – Conselho Nacional de Saúde

    Conasems – Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde

    Conass – Conselho Nacional de Secretários de Saúde

    CPAP – Continous Positive Airway Pressure

    DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde do Brail

    DP – Desvio-Padrão

    DT – Duração do Transporte

    EBSERH – Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares

    ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

    FIV – Fertilização In Vitro

    IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    IC – Intervalo de Confiança

    ICSI – Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides

    INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social

    MC – Método Canguru

    MEJC – Maternidade Escola Januário Cicco

    MS – Ministério da Sáude

    OMS – Organização Mundial de Saúde

  • PAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher

    PN – Peso ao Nascer

    PNHPN – Programa Nacional de Humanização do Pré-Natal e Nascimento

    PROASP – Programa de Assistência à Saúde Perinatal

    PSMI – Programa de Saúde Materno-Infantil

    RN – Recém-Nascido

    RNPT – Recém-Nascido Prematuro

    RP – Razão de Prevalência

    SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

    SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria

    SUS – Sistema Único de Saúde

    TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

    TN – Transporte Neonatal

    TRIPS – Transport Risk Index of Physiologic Stability

    UBS – Unidades Básicas de Saúde

    UCIN – Unidade de Cuidados Intermediários

    UCINCa – Unidade de Cuidados Intermedíarios Canguru

    UCINCo – Unidade de Cuidados Intermedíarios Convencional

    UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    UTIN – Unidade de Terapia Intensiva Neonatal

    VMI – Ventilação Mecânica Invasiva

    VPP – Ventilação por Pressão Positiva

    X – Valores da média

  • SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14

    2. OBJETIVO ................................................................................................................. 17

    2.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 17

    2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 17

    3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 17

    3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA A ASSISTÊNCIA AO RECÉM-

    NASCIDO. .................................................................................................................. 17

    3.2 O RECÉM-NASCIDO DE ALTO RISCO ........................................................... 22

    3.3 O TRANSPORTE NEONATAL .......................................................................... 24

    4. METÓDO ................................................................................................................... 27

    4.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 27

    4.2 LOCAL DA PESQUISA ...................................................................................... 27

    4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA .............................................................................. 28

    4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO .................................................... 28

    4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ...................................................... 28

    4.6 VARIÁVEIS ......................................................................................................... 29

    4.7 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ........................................... 32

    4.8 ANÁLISE DE DADOS ........................................................................................ 32

    4.9 ASPECTOS ÉTICOS ........................................................................................... 33

    5. RESULTADOS .......................................................................................................... 33

    5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ............................................................... 33

    5.2 ASSOCIAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES ESTUDADAS E A

    INADEQUAÇÃO/ QUALIDADE DO TRANSPORTE NEONATAL ..................... 38

    6. DISCUSSÃO .............................................................................................................. 40

    7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 46

    ANEXOS ........................................................................................................................ 52

    PARECER DO CÔMITE DE ÉTICA EM PESQUISA DA UFRN ........................... 52

    CARTA DE ANUÊNCIA DA MATERNIDADE ...................................................... 57

    APÊNDICES .................................................................................................................. 58

    APÊNDICE 1: FORMULÁRIO DE COLETA DE DADOS ..................................... 58

    APÊNDICE 2: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

    .................................................................................................................................... 60

    APÊNDICE 3: PROTOCOLO DE TRANSPORTE INTER-HOSPITALAR EM

    RECÉM-NASCIDO .................................................................................................... 62

  • 14

    1. INTRODUÇÃO

    O Brasil é o 10º país do mundo em número de nascidos vivos prematuros e o 16º em

    número de óbitos decorrentes de complicações da prematuridade (WHO, 2012). Dados do

    DATASUS apontam que cerca de três milhões de crianças nascem anualmente no Brasil, das

    quais 350.000 apresentam idade gestacional menor que 37 semanas e 40.000 peso ao nascer

    menor que 1.500g (BRASIL, 2013).

    Define-se como recém-nascido (RN) a criança que acabou de nascer até o 28º dia de

    vida (WHO, 1961), que pode ser classificado em pré-termo (menor que 37 semanas

    gestacional), a termo (37 a 42 semanas) e pós-termo (maior que 42 semanas) (TAMEZ, 2013).

    A sobrevida desses RN reflete a estrutura e a qualidade do cuidado antenatal, da assistência ao

    trabalho de parto, parto e do atendimento neonatal, principalmente dos recém-nascidos pré-

    termo (RNPT) (KIMURA, 2009).

    Mediante tal cenário, surge a necessidade de cuidados hospitalares especializados,

    realizados nas UTIN (Unidades de Terapia Intensiva Neonatal), que são direcionadas para o

    atendimento dos RN em estado grave ou com risco de morte, sendo um serviço de internação

    dotado de estruturas assistenciais que possuam condições técnicas adequadas à prestação de

    assistência especializada, incluindo instalações físicas, equipamentos e recursos humanos.

    As Unidades Neonatais são divididas de acordo com as necessidades do cuidado, nos

    seguintes termos: I- Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN); II- Unidade de Cuidado

    Intermediário Neonatal (UCIN), com duas tipologias: Unidade de Cuidado Intermediário

    Neonatal Convencional (UCINCo) e Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru

    (UCINCa) (BRASIL,2012).

    Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016, mostram que

    no Brasil existem 8.905 leitos de UTIN, sendo que 52,2% são do Sistema Único de Saúde

    (SUS). Dos 4.405 leitos que são da UCINCo, 2.142 são do SUS e dos 1.129 leitos de UCINCa,

    55% são do SUS. Ainda no Rio Grande do Norte, pode-se, encontrar dados bem alarmantes

    onde existem 124 leitos de UTIN, sendo 60,4% dos leitos destinados ao SUS (BRASIL, 2016).

    Em países desenvolvidos, estima-se que 15 a 20% dos RNs nascem em condições

    inadequadas, sendo necessária a transferência para uma UTIN (PIMENTA; ALVES, 2016). No

    Brasil, os números das transferências de RN para as UTINs ainda são subnotificados, o que

    pode dificultar a mensuração desse fenômeno. Entretanto, a implantação de equipes de

  • 15

    Transporte Neonatal (TN) capacitadas, contribuiu efetivamente para a redução dos índices de

    mortalidade neonatal e infantil (HERNANDO et al., 2013).

    O TN é a transferência de um RN para uma unidade mais especializada. O mesmo pode

    ser classificado em intra-hospitalar e inter-hospitalar. O intra-hospitalar é realizado quando os

    recém-nascidos internados necessitam ser deslocado de setor dentro da instituição. Já o inter-

    hospitalar, compreende a transferência de neonatos entre unidades de saúde públicas ou

    privadas (BRASIL, 2010).

    Desta forma, ambos os tipos de transporte devem ser considerados como uma extensão

    dos cuidados realizados na UTIN e constituem um fator de risco ao recém-nascido. Assim, a

    transferência deve ser feita, mediante a estabilização do quadro clínico do RN e com uma equipe

    de profissionais treinados e experientes no manejo ao recém-nascido grave. Embora existam

    riscos associados ao transporte de pacientes, os benefícios dos cuidados especializados para

    elucidar o diagnóstico podem superar o risco (ARAÚJO, et al. 2011).

    Buscando avaliar a qualidade do transporte preservando a segurança do paciente, sem

    piorar sua condição de saúde, é essencial utilizar métodos capazes de identificar seus efeitos.

    Para isso, o MS orientou a utilização, no Manual do Transporte do Recém-nascido de alto risco:

    Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria, do escore Ca-TRIPS (California Transport Risk

    Index of Physiologic Stability), que trata de uma modificação do escore canadense original

    TRIPS, validado em uma amostra de 21.279 transportes neonatais de emergência na Califórnia

    (MARBA et al., 2017).

    Apesar de se ter conhecimento sobre a importância do transporte neonatal e a sua

    eficiência na diminuição das taxas de mortalidade e morbidade neonatal, um dos principais

    desafios, encontrados no SUS, no campo perinatal é a organização da rede integral de

    assistência à mulher, á gestante e ao RN, desde o acompanhamento ginecológico, o

    planejamento familiar, até a assistência pré-natal, a assistência ao RN e á criança, sendo

    importante uma assistência integral e resolutiva que efetive a promoção da saúde e a redução

    dos agravos e mortes precoces e evitáveis de crianças (LANSKY et al., 2002).

    O sucesso do TN vai depender da qualidade do atendimento na sala de parto, do contínuo

    e adequado atendimento do RN na unidade neonatal enquanto a transferência não ocorre, da

    escolha do tipo de transporte, da equipe que fará a transferência e da qualidade do transporte

    até a unidade de referência. Salienta-se que qualquer etapa com uma assistência inadequada

    pode produzir danos irreparáveis ao neonato (ARAÚJO, et al.2011).

    O Ministério da Saúde com o intuito de concretizar as ações supracitadas, em 2011,

    lançou a Rede Cegonha, a qual foi normatizada pela Portaria Nº 1.594, de 24 de junho de 2011.

  • 16

    Tal estratégia visa à ampliação do acesso e melhoria da qualidade da atenção pré-natal, da

    assistência ao parto e puerpério e da assistência à criança até 24 meses de vida (BRASIL,

    2011a).

    Assim, a Rede Cegonha configura-se como uma importante estratégia do Governo

    Federal na medida em que objetiva enfrentar o problema do elevado número de óbitos de

    mulheres e de crianças por meio de iniciativas que provoquem mudança desse cenário existente

    no Brasil. As ações da estratégia buscam a melhoria da atenção destinada ao seu público-alvo

    e vão além de repasse de recursos atrelado ao aumento de leitos ou da oferta de procedimentos

    (CAVALCANTI, 2010).

    Mediante o cenário e com vistas a organização da Rede Cegonha para sua

    resolutividade, a implantação do transporte neonatal representa um importante aspecto da

    assistência perinatal, considerando elementos essenciais para o sistema de transferência

    neonatal tais como: organização, comunicação, pessoal, equipamentos e unidades de transporte,

    respeitando o princípio da integralidade do cuidado e bem como o sistema regionalizado e

    hierarquizado das redes de atenção perinatal.

    Dado a importância e a necessidade de um TN eficaz, a Gerência de Atenção a Saúde

    da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC) da Universidade Federal do Rio Grande do

    Norte (UFRN) e gerenciada pela EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) ,

    referência em gestação de alto risco no SUS, adquiriu equipamentos essenciais para um

    transporte neonatal de qualidade, como incubadora de parede dupla para transporte, monitor

    portátil, bolsa para armazenamento de insumos e materiais para intercorrências e investiu na

    qualificação dos profissionais com a oferta de cursos de transporte neonatal feitos pela

    Sociedade Brasileira de Pediatria.

    A necessidade de qualificação dos profissionais para realizar os TN e a aquisição de

    materiais se deu devido a alta demanda de transporte de recém-nascido para realização de

    exames, consultas inter-hospitalar e carência de leitos de UTIN no estado.

    A MEJC possui 20 leitos, porém não suprem, a contento, a demanda de vagas de UTIN

    para os RN graves que nascem e necessitam de cuidados especializados, predispondo a

    transferência desses RN para outras instituições de forma ágil para ter os cuidados ideais.

    Apesar de existir o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), a prioridade do

    serviço de urgência e emergência são para os casos em que a vítima está sem assistência, o que

    faz com que o RN permaneça por horas aguardando uma transferência, o que acarreta bloqueio

    de salas de centro cirúrgico e, às vezes, um agravamento do quadro clinico por falta de

    profissional habilitado para assistir o RN adequadamente.

  • 17

    Pode-se observar que um transporte neonatal realizado em condições ideais diminui a

    mortalidade e morbidade perinatal, desta forma faze-se necessárias estratégias para inserir o

    transporte neonatal no cuidado com esses pacientes. Surge, assim, o interesse em avaliar o

    transporte neonatal, realizado por profissionais capacitados visando à melhoria da qualidade do

    serviço prestado, visto que, ainda encontra-se uma lacuna na literatura em relação aos

    transportes inter-hospitalar proveniente de uma equipe implantada pela instituição, sendo algo

    de relevante contribuição para as demais instituições que prestam assistência ao neonato.

    Diante deste contexto e a partir da experiência da pesquisadora em TN há cinco anos, o

    presente estudo será norteado pelas seguintes questões de pesquisa: Qual o nível de qualidade

    do TN inter-hospitalar realizado por maternidade escola no estado do Rio Grande do Norte? Há

    relação entre o nível de qualidade do TN e as variáveis relacionadas às características do RN e

    do transporte?

    2. OBJETIVO

    2.1 OBJETIVO GERAL

    • Avaliar a qualidade do transporte neonatal inter-hospitalar de uma maternidade escola

    por meio do escore Ca-TRIPS.

    2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

    • Aferir o nível de qualidade do transporte inter-hospitalar dos RN, antes e depois do

    transporte, através do escore Ca-TRIPS.

    • Delinear o perfil dos RN submetidos ao TN inter-hospitalar de uma Maternidade

    pública do Rio Grande do Norte e associar ao nível de qualidade.

    • Caracterizar o transporte neonatal e associar ao nível de qualidade.

    3. REVISÃO DE LITERATURA

    3.1 POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PARA A ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO.

    No Brasil, ao longo das últimas décadas, as diversas intervenções voltadas para a

    atenção ao período da gestação e primeiro ano de vida constantemente esteve no alvo das

    políticas públicas de saúde (NETO, et al 2008). A elaboração de tais políticas voltadas ao

  • 18

    recém-nascido culminou na consolidação de diversas leis e programas de saúde, concernentes

    à atenção materno-infantil, os quais tiveram papel preponderante na organização dos sistemas

    e serviços de saúde (COSTA et al, 2010).

    As políticas públicas direcionadas a assistência á saúde materno-infantil iniciou-se na

    década de 70, com a implantação do Programa de Saúde Materno-Infantil (PSMI), cujas ações

    estavam voltadas para o acompanhamento do pré-natal, o controle dos partos domiciliares e do

    puerpério, e para as ações de promoção de saúde da criança. Ainda na década 70 ocorreram

    movimentos sociais na luta pela redemocratização do país. Destacando-se a reforma sanitária,

    tendo como principal argumento o direito á saúde como um direito de todo cidadão (LANSKY

    et al., 2002).

    Na década de 1980, as leis da assistência á saúde materno-infantil estavam voltadas para

    a mulher-mãe, estando o RN sintetizado no cuidado integral a mulher-mãe, não sendo tratado

    como sujeito do cuidado. Teve início, nesta década, as práticas humanizadas, direcionadas para

    o parto e puerpério, a partir da regulamentação do alojamento conjunto, na Portaria 18 do

    Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS) do MS, mesmo sendo

    uma medida de abrangência restrita a população, iniciava-se uma nova corrente de pensamento,

    focando na humanização do cuidado (BRASIL, 1982).

    Entre os programas relacionados à saúde da criança desenvolvidos na década de 1980,

    destaca-se o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno instituído em 1981 com

    a finalidade de incentivar o aleitamento materno e reduzir o desmame precoce. Também, pode-

    se citar a criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), sendo um

    programa inédito até então, não apenas voltado ao binômio mãe-filho, mas à atenção à saúde

    da mulher em sua totalidade e abrangência, tratando de assuntos não voltados apenas para o

    pré-natal, parto e puerpério, mas também para a prevenção do câncer e das infecções

    sexualmente transmissíveis (BRASIL, 1983).

    No final da década de 1980, através do Movimento Sanitarista e das Conferências de

    Saúde, fez-se a Constituição Federal de 1988 e foi idealizado o SUS com diversos artigos que

    fundamentavam e constituíam a base dos direitos reprodutivos. Dentre eles, destacam-se: o

    direito das presidiárias de permanecerem com seus filhos durante o período de amamentação;

    a proteção à maternidade e à infância; a licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário

    e com a duração de cento e vinte dias; a licença-paternidade, nos termos fixados em lei; a

    assistência gratuita aos filhos e dependentes, desde o nascimento até seis anos de idade em

    creches e pré-escolas; a proteção especialmente à gestante; e ao planejamento familiar

    (BRASIL, 1988).

  • 19

    Pode-se afirmar que o SUS foi a maior conquista da sociedade brasileira no campo da

    saúde e das políticas sociais. Sendo fruto de um trabalho árduo do Movimento da Reforma

    Sanitária Brasileira que teve vários atores no seu percurso, como: os movimentos sociais no

    campo da saúde, as universidades, as sociedades científicas como a Associação Brasileira de

    Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) e o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde

    (Cebes), os conselhos de gestores da saúde (Conselho Nacional de Secretários de Saúde

    (Conass) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)), o poder

    Legislativo, entre várias outras instituições e pessoas (BRASIL, 2009).

    Com a constituição do SUS e a concepção organizativa do sistema que preconiza uma

    rede de serviços definidos em níveis de complexidade tecnológica crescente (hierarquizada)

    dispostos numa área geográfica e atendendo a uma população definida (regionalizada), a

    assistência à mulher e à criança passaram a incorporar novos desafios. O poder decisório da

    utilização dos recursos e as competências relativas às ações e serviços de saúde, estavam, a

    partir de então, descentralizados ou distribuídos entre as três esferas de governo (municipal,

    estadual e federal). Previa, ainda, a participação de entidades de caráter privado, de forma

    complementar, desde que contratadas ou conveniadas, sob a fiscalização do Estado e do

    controle social (BRASIL, 2009).

    Na década de 1990, o Brasil ratifica os preceitos da Convenção Internacional dos

    Direitos da Criança ao promulgar a Lei Federal nº 8069, de 13/07/1990, conhecida como

    Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), surgindo o marco do cuidado ao RN, dando

    direitos de um atendimento que proporcione condições adequadas para realizar o aleitamento

    materno e alojamento conjunto em todas as instituições de saúde, ficando o berçário destinado

    para os RNs de risco (BRASIL, 2001). Logo em seguida foi instituído o Programa de

    Assistência à Saúde Perinatal (PROASP), definido a atenção perinatal como área programática

    nas diretrizes governamentais de atenção à saúde no Brasil. Dessa forma, as políticas iniciaram

    o esboço de ações que buscam contemplar o RN como sujeito do cuidado, na sua integralidade,

    considerando a sua individualidade e especificidade, ainda que, de forma incipiente (BRASIL,

    1991).

    Desde então, foram formulados e executados diversos programas e estratégias de saúde

    públicas voltadas à atenção materno-infantil, tanto para consolidar os direitos, como para

    qualificar o que já havia conquistado. Pode-se citar o Programa de Apoio à Implantação dos

    Sistemas Estaduais de Referência Hospitalar para Atendimento à Gestante de Alto Risco, o

    Programa Nacional de Humanização do Pré-Natal e Nascimento (PNHPN), tendo como

    objetivo efetivar os princípios do SUS no cotidiano das práticas de atenção e de gestão e

  • 20

    fomentar trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários para a produção de saúde e

    produção de sujeitos; e a Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso – Método

    Canguru (MC), originariamente proposto pelo Dr. Edgar Rey Sanabria no Instituto Materno-

    Infantil de Bogotá, na Colômbia, em 1978 e adaptado para a realidade brasileira em 2000

    (COSTA et al, 2010).

    O MC, no Contexto das Políticas de Saúde, é um modelo de assistência perinatal voltado

    para a melhoria da qualidade do cuidado e sua visão trouxe uma mudança do paradigma da

    atenção perinatal, onde as questões pertinentes à atenção humanizada não se dissociam, mas se

    complementam com os avanços tecnológicos clássicos. A atuação começa numa fase prévia ao

    nascimento de um bebê pré-termo e ou de baixo-peso, com a identificação das gestantes com

    risco desse acontecimento. Com o nascimento do bebê, inicia-se a primeira etapa do MC e,

    onde durante a permanência na UTIN ou na Unidade de Cuidados Intermediários, especial

    atenção é dada no sentido de estimular a entrada dos pais na unidade e estabelecer contato pele

    a pele com a criança, de forma gradual e crescente, de maneira segura e agradável (BRASIL,

    2011b).

    Ocorreu, ainda, em 2004, o lançamento da Agenda de Compromissos para a Saúde

    Integral da Criança e Redução da Mortalidade Infantil, o qual contribuiu tanto para a promoção

    da saúde materna, quanto infantil. Esta agenda destaca, dentro das linhas de cuidado, a atenção

    integral da saúde da criança, a redução da mortalidade infantil, as ações de saúde da mulher

    com atenção humanizada e qualificada à gestante e ao recém-nascido, e o incentivo ao

    aleitamento materno desde a gestação até o puerpério. Além disso, as principais estratégias de

    ação da vigilância à saúde, pela equipe de atenção básica; e da vigilância da mortalidade

    materna e infantil (BRASIL, 2004).

    Nesta perspectiva, em 2006, o MS, através da Portaria MS/GM n. 399, aprova o Pacto

    pela Saúde que estabelece como prioridades o Pacto pela vida e a redução da mortalidade

    materna, neonatal e infantil (BRASIL, 2006).

    Com a implantação dessas políticas, consegue-se observar uma evolução na assistência

    prestada á mulher e ao recém-nascido. Entretanto, um dos principais desafios, encontrados no

    SUS, no campo perinatal é enfrentar a realidade das altas taxas de mortalidade e organizar a

    rede integral de assistência à mulher, á gestante e ao RN, desde o acompanhamento

    ginecológico, o planejamento familiar, até a assistência pré-natal, a assistência ao RN e a

    criança. É importante uma assistência integral e resolutiva que efetive a promoção da saúde e a

    redução dos agravos e mortes precoces e evitáveis de crianças (LANSKY et al., 2002).

  • 21

    Várias iniciativas, no âmbito nacional, vêm sendo desencadeadas para apoiar a

    organização da rede de assistência á gravidez e ao nascimento, como: o Programa de Gestação

    de Alto Risco, o Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento, o Pacto Nacional pela

    Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, os Cômites de Prevenção do Óbito Infantil e Fetal

    e, mais recentemente, a Rede Cegonha (BRASIL, 2011b).

    Atualmente, a mortalidade neonatal é responsável por quase 70% das mortes no

    primeiro ano de vida, e o cuidado adequado ao recém-nascido tem sido um dos desafios para

    reduzir os índices de mortalidade infantil no país. (BRASIL, 2014).

    Neste sentido, o MS, reconhecendo iniciativas e acúmulo de experiências em estados e

    municípios, organizou uma grande estratégia, a fim de qualificar as Redes de Atenção Materno-

    Infantil em todo país, com vistas á redução das taxas, ainda elevadas, de morbimortalidade

    materna e infantil: que foi a Rede Cegonha. (BRASIL, 2014)

    A Rede Cegonha foi criada em 2011, por meio da Portaria MS/GM nº1459, e vem sendo

    operacionalizada pelo SUS em parceria com estados e municípios, gradativamente, em todo o

    território nacional, tendo como base os princípios do SUS, de modo a garantir a universalidade,

    a equidade e a integralidade da atenção à saúde. Ela traz um conjunto de iniciativas que

    envolvem mudanças no modelo de cuidado a gravidez, ao parto/nascimento e a atenção integral

    a saúde da criança, com foco nos primeiros 2 anos e, em especial no período neonatal. Baseia-

    se na articulação dos pontos de atenção em rede e regulação obstétrica no momento do parto,

    qualificação técnica das equipes de atenção primária e no âmbito das maternidades, melhoria

    da ambiência dos serviços de saúde (Unidades Básicas de Saúde – UBS e maternidades) e a

    ampliação de serviços e profissionais visando estimular a prática do parto fisiológico, a

    humanização e a qualificação do cuidado ao parto e ao nascimento. (BRASIL, 2011c)

    Assim, a Rede Cegonha se propõe a garantir á todos os RN boas práticas de atenção,

    embasadas em evidências científicas e nos princípios de humanização. Este processo se inicia,

    caso o RN nasça sem intercorrências, pelo clampeamento tardio do cordão, sua colocação em

    contato pele a pele com a mãe e o estímulo ao aleitamento materno ainda na primeira meia hora

    de vida. Também é objetivo a disponibilidade de profissional capacitado para reanimação

    neonatal em todo parto-nascimento, garantindo que o RN respire no primeiro minuto de vida

    (o “minuto de ouro”) (BRASIL, 2014).

    Quanto à atenção integral e humanizada ao RN grave ou potencialmente grave o MS

    liberou a Portaria MS/GM n° 930, de 3 de setembro de 2012, que vem definir diretrizes e

    objetivos para a organização da atenção ao RN e os critérios de classificação e habilitação de

    leitos de Unidade Neonatal no âmbito do SUS. Aborda, ainda, a organização dos leitos, serviços

  • 22

    oferecidos, infra-estrutura e equipe mínima necessária com respectivas titulações. Ainda dentro

    dos procedimentos que compõem a atenção integral neonatal, pode-se citar a realização dos

    testes de triagem neonatal: pezinho, olhinho e orelhinha, entre outros (BRASIL, 2014).

    Na Rede Cegonha também constitui uma grande preocupação do MS a qualificação da

    puericultura do RN/lactente na atenção básica, mas para tal é essencial uma chegada ágil e

    qualificada do RN para inicio de acompanhamento. De nada valerá um enorme e caro esforço

    pela sobrevivência neonatal intra-hospitalar, se os profissionais da unidade neonatal não

    investirem em um adequado encaminhamento para a continuidade da atenção neonatal, agora

    na atenção básica de saúde. Isso passa pelo contato com a unidade básica de referência de cada

    RN, pela qualificação do encaminhamento com cartas de encaminhamento mais do que

    relatórios de alta retrospectivos da atenção prestada, sejam orientadores do cuidado a ser

    seguido pelos profissionais da Atenção Básica em relação aqueles agravos que estejam afetando

    o RN. Neles também é importante que sejam pactuados os fluxos para encaminhamento pela

    unidade básica de RN que demande reavaliação pela equipe neonatal, bem como o cronograma

    de seguimento follow-up do RN de risco (BRASIL, 2014).

    Estes programas tornaram-se essenciais como contribuição para a transformação dos

    modelos tradicionais de gestão e atenção em saúde, estimulando as práticas de cogestão dos

    processos de trabalho e atendendo as demandas manifestadas pelos usuários e trabalhadores

    dos serviços de saúde. Quanto aos RNs; os programas promovem a equidade, integralizam a

    assistência, dão enfoque na assistência multiprofissional e preconizam a atenção humanizada e

    ao protagonismo da mãe e do pai nos cuidados ao RN (PEREIRA, 2014).

    3.2 O RECÉM-NASCIDO DE ALTO RISCO

    A taxa de mortalidade infantil é um indicador da condição de vida e saúde da população,

    e no Brasil vem apresentando queda progressiva. Esforços específicos por parte de toda a

    sociedade, em especial dos serviços e profissionais de saúde, são necessários para acelerar a

    sua redução. Dados do DATASUS apontam que em 2013, a mortalidade neonatal correspondeu

    a 69% dos óbitos infantis e, dos 26.730 óbitos neonatais, 76% ocorreram de forma precoce entre

    0-6 dias após o nascimento, e, portanto, avanços na saúde da criança brasileira requerem maior

    atenção à saúde do RN (BRASIL, 2013).

    A sobrevida de RNPT reflete a estrutura e a qualidade do cuidado antenatal, da

    assistência ao trabalho de parto, parto e do atendimento neonatal. A prematuridade é um dos

    fatores determinantes mais importantes da mortalidade infantil. No Brasil, 7,2% dos nascidos

  • 23

    vivos foram pré-termo em 2010, variando entre 5,6% e 8,2% nas regiões Norte e Sudeste,

    respectivamente, e 0,8% foi pós-termo. O baixo peso ao nascer (menor que 2.500 g) é o fator

    de risco isolado mais importante para a mortalidade infantil. É maior nos extremos de idade da

    mãe e está em torno de 8% no País: 7,9% em 1996, 8,2% em 2007 e 8,4% em 2010. A

    prevalência é maior no Sudeste (9,2%) e no Sul (8,7%), o que pode estar associado a maiores

    taxas de cesariana.

    Crianças de muito baixo peso ao nascer (menor que 1.500 g) representam de 1% (na

    região Norte) a 1,4% (na região Sudeste) dos nascidos vivos. Embora essa prevalência não seja

    alta, o peso menor que 1.500 g representou 27,9% e 42,1% dos óbitos infantis nas regiões Norte

    e Sul, respectivamente, o que reforça a importância da organização do sistema de assistência de

    saúde à gestante e ao RN de risco (BRASIL, 2014).

    O RNPT tem propensão à perda de calor por apresentarem pele fina, pouco

    queratinizada, com tecido adiposo subcutâneo escasso e peso relativamente baixo em relação à

    grande superfície corporal, existindo ainda a perda de calor central do sistema venoso a partir

    do seio cavernoso, localizado logo abaixo da fontanela bregmática não ossificada. A respiração

    logo após o nascimento é pouco efetiva, uma vez que há imaturidade estrutural dos pulmões,

    do sistema surfactante, da musculatura e da caixa torácica, acompanhada de imaturidade do

    sistema nervoso central responsável pelo controle do ritmo respiratório, portanto, observa-se

    que a necessidade de Ventilação por Pressão Positiva (VPP) e a de manobras avançadas de

    reanimação na sala de parto é bastante frequente em RNPT, especialmente naqueles de muito

    baixo peso (HILLMAN, 2012).

    Devido a essa instabilidade dos RNPT decorrente da sua imaturidade, todos os cuidados

    para o transporte do recém-nascido de alto risco devem receber atenção especial no prematuro

    extremo, seja inter-hospitalar ou intra-hospitalar, da sala de parto à UTIN ou desta para centros

    de imagem ou cirúrgico. Para realizar um transporte seguro, qualquer que seja a distância, serão

    necessários cuidados específicos relacionados à manutenção da temperatura corporal,

    permeabilidade de vias aéreas, suporte respiratório e acesso vascular. (MARBA, et al. 2017).

    Mediante esse cenário, consegue-se identificar que a mortalidade neonatal é mais baixa

    quando o nascimento de um paciente de alto risco ocorre em centros terciários bem equipados

    em termos de recursos materiais e humanos. No entanto, em algumas situações, o nascimento

    de um concepto pré-termo e/ou doente pode ocorrer em centros secundários ou mesmo

    primários. Nesse caso, o transporte inter-hospitalar é necessário. Assim, o transporte neonatal

    inter-hospitalar tem por objetivo propiciar condições para que o recém-nascido possa ser

    assistido em local com infraestrutura adequada em termos de espaço físico, equipe profissional,

  • 24

    equipamentos e recursos diagnósticos, diminuindo seus riscos de morbidade e mortalidade

    (MARBA et al, 2017).

    3.3 O TRANSPORTE NEONATAL

    Atualmente o TN é classificado em dois tipos. O primeiro deles, intra-hospitalar, deve

    ser realizado quando os RNs internados em UTIN necessitam de alguma intervenção cirúrgica

    ou procedimentos diagnósticos que possam ser realizados nas dependências do próprio hospital

    ou em locais anexos. O segundo, inter-hospitalar, compreende a transferência de neonatos entre

    unidades de saúde (públicas ou privadas) almejando propiciar uma assistência com cuidados

    intensivos ou complexos não disponíveis no local de origem, diminuindo riscos de morbidade

    e mortalidade (BRASIL, 2011). Em qualquer das duas situações, o transporte pode se tornar

    um risco a mais para o RN criticamente doente e, por isso, deve ser considerado como uma

    extensão dos cuidados realizados na UTIN (MARBA et al, 2017).

    Considerando assertiva, a estabilização pré-clínica inclui: manutenção do acesso

    venoso, suporte metabólico, monitorização hemodinâmica, avaliação da dor, suporte

    ventilatório e controle térmico (BRASIL, 2011), sendo esses dois últimos pontos cruciais, pois

    os mesmos estão associados, frequentemente, ao aumento da morbimortalidade (MARBA et al,

    2017).

    É indispensável que a transferência do RN aconteça em condições seguras para

    reduzir os riscos durante o transporte (ALBUQUERQUE, 2012), ou seja, continuidade dos

    cuidados intensivos prestados por equipe especializada. As medidas são necessárias, pois pode

    haver intercorrências, como alterações clínicas ou fisiológicas (variações na temperatura,

    pressão arterial, frequência cardíaca e respiratória) no RN e problemas de mau funcionamento

    dos equipamentos, fatores que somados à inexperiência da equipe de transporte ou à ausência

    de profissionais qualificados, acabam comprometendo a segurança do paciente em questão

    (PIMENTA E ALVES, 2016).

    As causas que levam ao estresse no RN transportado inter-hospitalar são muitas

    e podem ser independentes da equipe de transporte, mas esta precisa estar preparada para

    reconhecer e saber minimizá-las. Por ser um processo complexo e dinâmico, o TN busca

    organização e profissionais qualificados, com a capacidade de agir de forma independente fora

    de uma unidade de terapia intensiva neonatal (BOUCHUT et al., 2010).

    Observa-se que as intervenções com maior impacto nas mortes neonatais são mais

    dependentes de pessoas com habilidades do que de tecnologia e bens, sendo a escassez de

    profissionais treinados o maior problema para ampliação da atenção clínica adequada em países

  • 25

    com altas taxas de mortalidade neonatal, constituindo o investimento na formação dos

    profissionais uma importante estratégia para redução desses óbitos (KNIPPENBERG et al.,

    2005).

    Diante desta realidade, em 2011 a Sociedade Brasileira de Pediatria em conjunto com o

    Ministério da Saúde (MS), desenvolveram um manual e cursos de capacitação, com o objetivo

    de padronizar as condições ideais, a finalidade, composição da equipe e equipamentos

    necessários para realização do TN (MARBA, et al. 2017). Tais ações corroboram com as

    discussões anteriores ainda da década de 90, as quais ratificam que o transporte de recém-

    nascidos realizados em condições favoráveis reduz o risco de mortalidade e morbidade, sendo

    o treinamento e definição de guias de ação/orientação basilares para realização do TN com

    excelência (ALBUQUERQUE, et al. 2012).

    No que concerne ao veículo a ser selecionado para o transporte do RN, vai depender de

    diversos fatores, incluindo o estado clínico do paciente, a distância a ser percorrida, as

    condições climáticas, o número e qualificação dos profissionais de saúde necessários, o

    equipamento exigido para a estabilização do paciente e a disponibilidade do veículo no

    momento do transporte (MARBA et al, 2017).

    Para o transporte neonatal por via terrestre, deve-se dispor de ambulância de suporte

    avançado (tipo D). Tais veículos são eficazes para transportar pacientes graves ou instáveis em

    um raio de até cerca de 50km e pacientes estáveis num raio de até 160km. Helicópteros são

    preconizados para o transporte de pacientes graves num raio de 160 a 240 km de distância. A

    partir dessa distância indica-se, se possível, o uso de aeronaves de cabine pressurizada

    (MARBA et al, 2017).

    Sabendo que o transporte neonatal é um instrumento essencial no cuidado neonatal, não

    há uniformidade de opinião quanto ao melhor instrumento para avaliar o cuidado no transporte,

    ainda que haja instrumentos amplamente utilizados, no entanto, o MS orienta no Manual de

    transporte do recém-nascido de alto risco: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pediatria

    (SBP), a utilização do escore Ca-TRIPS como forma de avaliar a qualidade do transporte inter-

    hospitalar neonatal (MARBA et al., 2017).

    No início e ao final de cada transporte inter-hospitalar, calcula-se o escore Ca-TRIPS,

    que trata de uma modificação do escore canadense original Transport Risk Index of Physiologic

    Stability (TRIPS), validado em uma amostra de 21.279 transportes neonatais de emergência na

    Califórnia nos anos de 2007 a 2009. O escore Ca-TRIPS, de acordo com o quadro 1, é composto

    por cinco parâmetros empiricamente ponderados: temperatura, pressão arterial, estado

  • 26

    neurológico, status respiratório e uso de drogas vasoativas (GOULD et al., 2013; MARBA et

    al, 2017).

    Quadro 1- California Transport Risk Index of Physiologic Stability (Ca- TRIPS)

    VARIÁVEIS

    CATEGORIAS

    PONTOS

    Temperatura

    axilar (ºC)

    37.6ºC 6

    36.1–37.6ºC 0

    Status

    respiratório

    Apnéia ou gasping 21

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,75 – 1,00

    20

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,50 – 0,74

    18

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,21 – 0,49

    15

    Sem necessidade de

    suporte ventilatório

    0

    Pressão arterial

    sistólica

    40 mmHg 0

    Estado

    neurológico

    Sem resposta a

    estímulos,

    convulsão, em uso de

    relaxante muscular

    14

    Letárgico, não chora 10

    Ativo, chorando 0

    Vasopressores Sim 5

    Não 0 Fonte: Gould JB, Danielsen BH, Bollman L, Hackel A, Murphy B. Estimating the quality of

    neonatal transport in California. J Perinatol. 2013;33(12):964-70.

    O Ca-TRIPS vai variar de zero a 70, sendo mais alto à medida que os parâmetros

    avaliados estão mais distantes da faixa de normalidade. O escore é aplicado logo antes e

    imediatamente ao final do transporte. Quando calculados antes do transporte, este escore ajuda

    na avaliação do risco do paciente e permite a identificação de problemas que podem ser

    resolvidos antes da saída, melhorando a situação clínica pré-transporte. Os valores obtidos ao

    final do transporte se associam a chance de óbito até sete dias após o transporte, além de permitir

    a avaliação da qualidade do transporte por meio da variação do escore ao início e ao final do

    mesmo. Além disso, o Ca-TRIPS ajuda a priorizar as intervenções necessárias para diminuir o

    risco de morbimortalidade do paciente a ser transportado (MARBA et al, 2017).

  • 27

    4. METÓDO

    4.1 TIPO DE PESQUISA

    Trata-se de um estudo observacional descritivo do tipo transversal, antes e depois, com

    abordagem quantitativa e análise documental.

    O estudo descritivo permite ao profissional realizar o delineamento da realidade; uma

    vez que lhe permite observar, descrever, registrar, analisar e interpretar a natureza atual ou o

    processo dos fenômenos sem manipulá-los. Além de descobrir a frequência com que um

    fenômeno ocorre com a maior precisão possível. (CERVO; BERVIAN,1996, POLIT; BECK;

    HUNGLER, 2004).

    O estudo transversal, envolve a coleta de dados em uma ocasião, ou seja, coleta de dados

    em um ponto do tempo, onde os fenômenos sob estudo são obtidos durante um período de coleta

    de dados. (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

    A escolha pela abordagem quantitativa deve-se ao fato da mesma possibilitar a coleta

    sistemática de informação numérica, mediante condições de controle, medição e interpretação

    cuidadosa da realidade (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004).

    4.2 LOCAL DA PESQUISA

    O estudo foi desenvolvido na MEJC, que foi inaugurada em 1950 e é integrante do

    complexo hospitalar da UFRN, ligada ao Ministério da Educação e administrada pela EBSERH

    (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). A instituição é referência em gestação de alto

    risco, saúde da mulher e em cirurgia ginecológica no estado do Rio Grande do Norte. Contém

    141 leitos, desses, 20 são leitos na UTIN, 03 na UCINCo e 18 na UCINCa (DATASUS).

    Categorizada como hospital de referência terciária e certificada como hospital de ensino,

    a MEJC recebe alunos dos cursos de graduação, e no campo da pós-graduação lato sensu possui

    dois programas de residência médica (ginecologia e obstetrícia; neonatologia) e um programa

    de residência multiprofissional em intensivismo neonatal, que juntos, somam 49 residentes.

    Entre os vários serviços que a maternidade oferece, existe o Centro de Reprodução

    Assistida, o primeiro do Norte Nordeste 100% SUS. A MEJC está habilitada conforme a

    Resolução nº 23/2011, da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pertencente ao

    MS para realizar os seguintes procedimentos: inseminação artificial, FIV (fertilização in vitro)

    e ICSI (Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides). Este serviço contempla as diretrizes

    do Plano da Rede Cegonha, estratégia do MS que oferece os direitos reprodutivos à população.

    Além disso, a maternidade conta com o Banco de Leite Humano (BLH) fundado desde

    1995, que é referência no Estado e atualmente recebeu a Certificação da Qualidade de BLH.

  • 28

    Além do certificado, foi concedido o diploma de reconhecimento considerando a avaliação

    notável saber técnico-científico e pelos relevantes serviços prestados à causa pública e à classe

    dos profissionais.

    A MEJC foi escolhida como campo de pesquisa para o estudo devido o fato de ser a

    primeira e única instituição no estado do Rio Grande do Norte a possuir uma equipe de

    transporte neonatal e por ser o local de trabalho da pesquisadora, sendo possível, dessa forma,

    avaliar a qualidade da assistência neonatal prestada.

    4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

    Foi constituída por todos os transportes inter-hospitalar de neonatos internados na

    instituição no período de maio a outubro de 2018, realizados pelos profissionais e residentes da

    MEJC, totalizando 70 transportes.

    4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO

    Para dimensionamento da amostra da pesquisa, foram utilizados os seguintes critérios

    de inclusão:

    a) Transportes inter-hospitalares de recém-nascidos internados na MEJC no período de maio a

    outubro de 2018;

    b) Transportes inter-hospitalares de neonatos realizados pelos profissionais da MEJC.

    Como critérios de exclusão foram adotados:

    a) Os transportes de recém-nascidos realizados pelo SAMU ou por outros serviços e por

    profissionais não integrantes do quadro da instituição investigada;

    b) Os transportes neonatais decorrentes de outras instituições para a MEJC, feitos pelos

    profissionais da MEJC;

    Salienta-se que alguns pacientes foram analisados mais de uma vez no estudo, devido o

    fato de realizar mais de um transporte em ocasiões diferentes durante sua internação na

    instituição.

    4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

    Foi utilizado durante a coleta de dados, o relatório do transporte neonatal da MEJC

    preenchido a cada transporte por um profissional, o qual contempla a equipe responsável, dados

    clínicos, sinais vitais, o escore do Ca-TRIPS pré e pós transporte e relato das intercorrências

    ocorridas durante o trajeto e o livro de registro de transportes neonatal, onde possui todos os

    transportes realizados de forma organizada e sumarizada, contendo nome do RN, número do

  • 29

    prontuário, data da realização do transporte, local de destino e de saída e indicação do

    transporte. A coleta foi realizada uma vez por semana (pela pesquisadora), preenchendo os

    dados coletados em um formulário elaborado, também, pela pesquisadora (Apêndice 1).

    4.6 VARIÁVEIS

    A adequação do transporte foi avaliada a partir do escore Ca-TRIPS, com a pontuação

    antes e depois do transporte de acordo com as variáveis. O transporte é considerado adequado

    quando a pontuação do escore Ca-TRIPS, após o transporte, for igual ou menor do que a

    pontuação do escore antes do transporte. O aumento da pontuação depois do TN com relação à

    antes do TN, indicará transporte não adequado, podendo isso ocorrer por fatores como: piora

    clínica do RN, problemas mecânicos nos equipamentos ou equipe incompleta

    (ROMANZEIRA; SARINHO, 2015).

    Diante desta orientação do MS, foram consideradas variáveis dependentes, os

    parâmetros que compõem o escore Ca-TRIPS antes e depois do transporte (Quadro 2). As

    variáveis independentes serão o perfil do paciente transportado (Quadro 3) e as referentes ao

    transporte neonatal (Quadro 4).

    Quadro 2- Caracterização das variáveis dependentes que compõem o Ca-TRIPS. Natal, 2018

    VARIÁVEL DEPENDENTE

    NOME DA

    VARIÁVEL DEFINIÇÃO FONTE DE DADOS

    Temperatura axilar

    inicial

    Temperatura axilar

    identificada imediatamente

    antes do transporte.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Temperatura axilar

    final

    Temperatura axilar identificada

    imediatamente no final do

    transporte.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Status respiratório

    inicial

    Status respiratório identificado

    imediatamente no final do

    transporte

    Relatório de transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

    Status respiratório

    final

    Status respiratório identificado

    imediatamente no final do

    transporte.

    Relatório de transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

  • 30

    Pressão arterial

    sistólica inicial

    Pressão arterial sistólica

    mensurada antes do transporte

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Pressão arterial

    sistólica final

    Pressão arterial sistólica

    mensurada no final do transporte.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Estado neurológico

    anterior

    Estado neurológico observado

    anteriormente a realização do

    transporte.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Estado neurológico

    posterior

    Estado neurológico observado

    posteriormente a realização do

    transporte.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Uso de vasopressores

    no início

    Fármacos utilizados no início do

    transporte cuja ação característica

    é o aumento da pressão arterial

    através da vasonconstrição

    arterial e venosa.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Uso de vasopressores

    no final

    Fármacos utilizados no final do

    transporte cuja ação característica

    é o aumento da pressão arterial

    através da vasonconstrição

    arterial e venosa.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Fonte: SOUZA (2018)

    Quadro 3- Caracterização das variáveis independentes do Recém-nascido. Natal, 2018

    VARIÁVEIS INDEPENDENTES DO RN

    NOME DA

    VARIÁVEL DEFINIÇÃO FONTE DE DADOS

    Sexo Conjunto de caracteres que

    permite classificar os seres

    vivos em macho e fêmea

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Peso ao nascer Peso que o recém-nascido

    apresenta quando nasce

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Peso atual Peso em que o RN se encontra no

    momento do transporte.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

  • 31

    Idade Gestacional É o tempo que o recém-nascido

    apresenta ao nascer, medido em

    semanas ou em dias completos,

    decorrido desde a ovulação.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Idade atual Idade em que o RN se encontra

    no momento do transporte.

    Relatório de transporte de

    recém-nascidos da MEJC.

    Fonte: SOUZA (2018)

    Quadro 4- Caracterização das variáveis independentes do transporte neonatal. Natal,

    2018.

    VARIÁVEIS INDEPENDENTES DO TN

    NOME DA

    VARIÁVEL DEFINIÇÃO

    FONTE DE

    DADOS

    Indicação do

    transporte

    Motivo que levou o RN

    a submeter-se a um

    transporte.

    Relatório de

    transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

    Vias de acesso

    venoso

    Acesso venoso para

    administração de drogas

    endovenosas.

    Relatório de

    transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

    Duração do

    transporte

    Duração em que

    ocorreu o transporte neonatal.

    Relatório de

    transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

    Consentimento do

    responsável

    Autorização dos

    responsáveis para realizar do

    transporte neonatal.

    Relatório de

    transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

    Equipe de

    transporte

    Profissionais que

    realizaram o transporte do

    RN.

    Relatório de

    transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

    Condições do

    transporte

    Uso de incubadora de

    parede dupla, espaço físico,

    cinto de segurança, aparelhos

    carregados e cilindros cheios

    Relatório de

    transporte de recém-

    nascidos da MEJC.

    Fonte: SOUZA (2018)

  • 32

    4.7 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS

    Mediante a aprovação da carta de anuência da gestão de pesquisa da MEJC e do Comitê

    de Ética e Pesquisa (Parecer: nº 2.628.191 CAAE: 85587518.0.0000.5537), iniciou-se a coleta

    de dados. Seguidos os seguintes passos: apresentação do pesquisador, esclarecimento dos

    objetivos e propósitos do estudo e solicitação de leitura e preenchimento do Termo de

    Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 2), informando aos pais do RN

    transportado sobre o anonimato do mesmo, esclarecimento sobre os desconfortos e riscos

    mínimos associados à participação neste estudo, sigilo dos dados e guarda do material coletado

    sob a responsabilidade do coordenador da pesquisa.

    Como forma de minimizar qualquer constrangimento dos pais, o hospital conta com

    uma equipe multiprofissional, composta por enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e

    médicos que dará todo o suporte necessário.

    Após o consentimento dos responsáveis dos RN que se submeteram ao transporte inter-

    hospitalar, iniciou-se a coleta de dados, o qual ocorreu uma vez por semana com a análise

    documental dos relatórios dos transportes inter-hospitalar realizados e do livro de registro de

    transportes. Através do livro de registro de transportes, foi possível identificar todos os

    transportes de neonatos realizados na instituição; em seguida acessou-se o prontuário desses

    neonatos, localizando o relatório do transporte, coletando e acrescentando os dados em um

    formulário de coleta dos transportes elaborado pela pesquisadora (Apêndice 1) com todas as

    variáveis de acordo com cada transporte.

    Através do Microsoft Excel 2010, elaborou-se uma tabela na qual constava todas as

    variáveis; independentes e dependentes que foram preenchidas com os dados anotados no

    formulário de coleta dos transportes.

    4.8 ANÁLISE DE DADOS

    Os dados coletados foram organizados em um banco de dados do software Excel e

    analisados através do software SPSS 20.0. Inicialmente fez-se a estatística descritiva para cada

    variável, por meio da qual foi caracterizada a amostra.

    Posteriormente, fez-se a análise bivariada dos dados, em que se verificou a associação

    das variáveis independentes selecionadas, sendo essas, todas aquelas relacionadas ao perfil dos

    RN transportados e características do transporte (duração e setor demandante) com a variável

    dependente (inadequação do transporte). Nesse momento da análise foi estimada suas

    respectivas razões de prevalência (RP), estas obtidas por meio da regressão de Poisson com

    variância robusta, também utilizada na análise múltipla. No modelo intermediário foram

  • 33

    consideradas inicialmente as variáveis que tiveram um valor de p < 0,20, obtidos na análise

    bivariada, e permaneceram no modelo final se p < 0,05.

    Ao final, pressupostos de aderência e ajuste foram considerados; posteriormente serão

    apresentados.

    4.9 ASPECTOS ÉTICOS

    A pesquisa foi realizada na Maternidade Escola Januário Cicco no município de Natal.

    No entanto, para que os dados fossem coletados foi necessário o envio de ofícios á Gestão de

    Ensino e Pesquisa da MEJC, onde a pesquisa será desenvolvida. Nestes, os pesquisadores

    assumiram o compromisso de seguir os princípios Éticos e legais que regem a pesquisa

    científica com seres humanos, de acordo com a Resolução nº 416/12 do Conselho Nacional de

    Saúde (CNS). (BRASIL, 2012).

    Após tal autorização, o projeto foi enviado para o Comitê de Ética em Pesquisa Central

    da UFRN, recebendo a aprovação (Parecer: nº 2.628.191 CAAE: 85587518.0.0000.5537),

    conforme determinações da Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

    As questões éticas foram observadas em todos os momentos do estudo, a participação

    na pesquisa foi voluntária, mediante concordância dos responsáveis pelo RN, comprovada pela

    assinatura do TCLE.

    Os dados obtidos durante a pesquisa foram arquivados em documentos com tabelas e

    gráficos em um CD-ROM, para ficarem por um período de cinco anos, sob posse dos

    pesquisadores responsáveis pelo estudo, respeitando os princípios éticos de confidencialidade

    e privacidade das informações coletadas.

    5. RESULTADOS

    5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

    Os dados apresentados correspondem a 70 transportes inter-hospitalar de RN internados

    em uma maternidade escola do Município de Natal/RN no período de maio a outubro de 2018.

    A tabela 1 apresenta a distribuição da amostra a partir da classificação de adequação ao

    transporte neonatal segundo o escore Ca-TRIPS e dimensões que o compõem, antes e depois

    do transporte.

    Tabela 1- Valores de frequências absolutas e relativas da amostra segundo a adequação do

    Transporte Neonatal a partir do escore Ca-TRIPS e dimensões que o compõem, antes e depois

    do transporte. Natal, 2019.

    Variáveis Categorias N %

    Adequado 50 71,4

  • 34

    Adequação do

    Transporte

    Inadequado 20 28,6

    Temperatura

    Axilar antes

    36.1–37.6ºC 57 81,4

    37.6ºC 13 18,6

    Temperatura Axilar

    depois

    36.1–37.6ºC 40 57,1

    37.6ºC 30 42,9

    Status Respiratório

    antes

    Sem necessidade de

    suporte ventilatório

    40 57,1

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,21 – 0,49

    23 32,9

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,50 – 0,74

    7 10,0

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,75 – 1,00

    0 0

    Apnéia ou gasping 0 0

    Status Respiratório

    depois

    Sem necessidade de

    suporte ventilatório

    38 54,3

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,21 – 0,49

    23 32,9

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,50 – 0,74

    8 11,4

    Em suporte

    ventilatório com FiO2

    0,75 – 1,00

    1 1,4

    Apnéia ou gasping 0 0

    Pressão Arterial

    Sistólica antes

    >40 mmHg 68 97,2

    31-40 mmHg 0 0

    20–30 mmHg 1 1,4

    40 mmHg 68 97,2

    31-40 mmHg 0 0

    20–30 mmHg 1 1,4

  • 35

    relaxante muscular

    Vassopressores

    antes

    Sim 66 94,3

    Não 4 5,7

    Vassopressores

    depois

    Sim 66 94,3

    Não 4 5,7 Fonte: SOUZA (2019)

    De acordo com a tabela 1, identifica-se que na amostra estudada a maioria dos

    transportes foi avaliado como adequado. Nas dimensões do escore Ca-TRIPS, observa-se na

    temperatura axilar que 81,4% dos transportes iniciaram com RN normotérmico e ao final do

    transporte 57,1% permaneceram com esse quadro, sendo identificada variação na temperatura

    em 17 transportes. No que tange as demais dimensões, foi perceptível uma pequena variação

    no final com relação ao início.

    Tabela 2- Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis 25 e 75 e frequências absolutas

    e relativas segundo as variáveis independentes dos recém-nascidos transportados. Natal, 2019.

    Variável x ± dp Mediana Q25 -Q75

    Idade do RN (dias) 32,67 ± 34,98 18 5-51,5

    Peso atual (gramas) 2465,93 ± 796,48 2405 1926,3 – 3018,5

    Categorias N %

    Sexo Masculino 26 37,1

    Feminino 44 62,9

    Peso ao Nascer

    (gramas)

    ≤ 2500 44 62,9

    > 2500 26 37,1

    Idade Gestacional

    (semanas)

    < 37 39 55,7

    ≥ 37 31 44,3

    Apgar 1º minuto ≤ 6 30 42,9

    ≥ 7 40 57,1

    Apgar 5º minuto ≤ 6 12 17,1

    ≥ 7 58 82,9 Fonte: SOUZA (2019)

    A partir da análise da tabela 2, observa-se que a maior parte da amostra é composta por

    RN do sexo feminino, maioria possui peso ao nascer abaixo de 2.500 gramas e idade gestacional

    menor que 37 semanas. Possuem uma idade média de quase 33 dias de vida e a média do peso

    é 2.465 gramas.

    Tabela 3- Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis 25 e 75 e frequências absolutas

    e relativas segundo as variáveis independentes do transporte neonatal. Natal, 2019.

    Variável x ± dp Mediana Q25 -Q75

    Duração do transporte

    (minutos)

    62,7 ± 63,2 40 25 – 70

  • 36

    Categorias N %

    Indicação do

    Transporte

    Transferência 17 24,3

    Consulta Especializada 3 4,3

    Cirurgia 24 34,3

    Exames 26 37,1

    Vias de Acesso

    Venoso

    AVC 19 27,2

    AVP 39 55,7

    AVC e AVP 5 7,1

    Sem Acesso 7 10

    Modalidade

    Respiratória antes

    Ar Ambiente 39 55,7

    O2 Circulante 1 1,4

    Hood 5 7,1

    CPAP 1 1,4

    VMI 24 34,3

    Modalidade

    Respiratória final

    Ar Ambiente 38 54,3

    O2 Circulante 1 1,4

    Hood 4 5,7

    CPAP 1 1,4

    VMI 26 37,1

    Consentimento do

    Responsável

    Sim 64 91,4

    Não 6 8,6

    Equipe de Transporte Médico e Enfermeiro 67 95,7

    Enfermeiro 3 4,3

    Setor de Origem UTI Neonatal 43 61,4

    Outros 27 38,6

    Solicitação de Vaga Sim 41 58,6

    Não 0 0

    Não se aplica 29 41,4

    Documentação do

    Paciente

    Sim 70 100

    Não 0 0 Fonte: SOUZA (2019)

    De acordo com a tabela 3, relacionada as variáveis independentes do transporte,

    verificou-se que 37,1% dos transportes ocorreram para realização de exames, seguidos de

    34,3% para cirurgias. No que concerne à duração dos transportes, observa-se uma mediana de

    40 minutos. Em relação a variável de vias de acesso; mais de 55% possuiam AVP, e apenas

    10% não possuíam nenhum tipo de acesso venoso.

    Apesar da UTI Neonatal ser o setor que mais realizou transportes, totalizando 61,4%,

    observa-se que mais da metade da amostra encontrava-se em ar ambiente; tanto no início como

    no final do transporte, ainda assim, 95,7% dos transportes foram realizados com a presença de

    um médico na equipe.

    Os documentos do paciente durante o transporte, por sua vez, se apresentam de forma

    favorável, com 100% de presença. No que diz respeito, aos valores que não se aplica para

    solicitação de vaga, encontrou-se relação com a variável de indicação do transporte, no qual é

  • 37

    salientado que 41,4% dos transportes foram para realização de exames e consultas, não havendo

    necessidade de solicitação de vaga para leito.

    Tabela 4- Valores de frequências absolutas e relativas da amostra segundo as variáveis

    independentes relacionadas as condições do transporte. Natal, 2019.

    Variável Categorias N %

    Uso de Incubadora de Parede Dupla Sim 69 98,6

    Não 1 1,4

    Espaço Adequado Para Acomodação

    da Incubabora na Ambulância

    Sim 70 100

    Não 0 0

    Presença de Fonte de Energia Sim 0 0

    Não 70 100

    Presença de Fonte de Luz Sim 70 100

    Não 0 0

    Presença de Fonte de Oxigênio Sim 70 100

    Não 0 0

    Presença de Fonte de Ar Comprimido Sim 0 0

    Não 70 100

    Uso de Cintos de Segurança pela

    Equipe

    Sim 70 100

    Não 0 0

    Incubadora de Transporte Bateria carregada 55 78,6

    Bateria

    descarregada

    15 21,4

    Oximetro de Pulso Bateria carregada 60 85,7

    Bateria

    descarregada

    10 14,3

    Bomba de Infusão Bateria carregada 59 84,3

    Bateria

    descarregada

    11 15,7

    Conferência da bolsa de materiais Sim 70 100

    Não 0 0 Fonte: SOUZA (2019)

    Verifica-se na tabela 4 que 98,6% dos transportes foram realizados com incubadora de

    transporte. Todos os transportes apresentaram espaço adequado para a acomodação da

    incubadora de transporte com local seguro para fixar os rodízios, fonte de oxigênio, fonte de

    luz, espaço interno suficiente para manusear o recém-nascido em situação de emergência e

    cintos de segurança para a equipe. Nenhum transporte foi feito com cilindro de ar comprimido

    e com fonte de energia no veículo.

    Investigando-se a utilização dos equipamentos durante o transporte, constatou-se que a

    incubadora descarregou em 21,4%, a bomba de infusão parou de funcionar em 15,4% e 14,3%

    não foi possível monitorar os sinais vitais do RN durante todo o trajeto. Sobre a bolsa de

    materiais, em 100% a mesma esteve presente e conferida.

  • 38

    5.2 ASSOCIAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDEPENDENTES ESTUDADAS E A

    INADEQUAÇÃO/ QUALIDADE DO TRANSPORTE NEONATAL

    As variáveis independentes relacionadas às características do RN e do transporte

    (duração do transporte e setor de origem) foram confrontadas com o desfecho representado pela

    inadequação do transporte, requisito utilizado para avaliar a qualidade do transporte realizado.

    Nas próximas tabelas são apresentadas a distribuição das variáveis nos grupos de

    transporte inadequado e adequado, a significância estatística e razão de prevalência (RP)

    encontrada na análise bivariada e seu ajuste após a inserção no modelo multivariado final.

    A associação entre as variáveis independentes representativas das características dos RN

    transportados e a qualidade do transporte são apresentadas na Tabela 5.

    Tabela 5- Valores absolutos e percentuais, significância estatística, significância estatística

    ajustada, razão de prevalência, seu intervalo de confiança e seus valores ajustados para cada

    variável representativa das características do recém-nascido transportados em relação à

    adequação do transporte neonatal. Natal, 2019.

    Variável

    Categorias

    Grupo

    Não ajustado

    Ajustado

    Inadequado

    n (%)

    Adequado

    n (%) p

    RP (IC 95%)

    p RP (IC95%)

    Sexo** Masculino

    Feminino

    5 (19,2)

    15 (34,1)

    21 (80,8)

    29 (65,9)

    0,207 0,56 (0,23-1,37)

    -

    -

    Idade

    Gestacional

    (semanas)**

    < 37

    ≥ 37

    14 (35,9)

    6 (19,4)

    25 (64,1)

    25 (80,6)

    0,146 1,85 (0,81-4,26)

    -

    -

    Idade Atual

    (semanas)**

    ≤ 18 dias

    >18 dias

    5 (14,3)

    15 (42,9)

    30 (85,7)

    20 (57,1)

    0,016 3,00 (1,22-7,36)

    -

    -

    Peso ao

    Nascer

    (gramas)

    ≤ 2500

    >2500

    18 (40,9)

    2 (7,7)

    26 (59,1)

    24 (92,3)

    0,017

    5,32 (1,34-21,01)

    0,011

    5,52 (1,49-20,46)

    Peso Atual

    (gramas)*

    ≤ 2405g

    >2405g

    11 (31,4)

    9 (25,7)

    24 (68,6)

    26 (74,3)

    0,598 1,22 (0,58-2,58)

    -

    -

    Fonte: SOUZA (2019) *variável não entrou no modelo múltiplo

    **variável entrou no modelo múltiplo, mas não permaneceu

  • 39

    De acordo com os dados apresentados na tabela 5, verifica-se as variáveis relacionadas

    ao sexo, idade gestacional, idade atual e peso atual, esses dois últimos recategorizados a partir

    da mediana, não apresentaram associação estatisticamente significativa com a qualidade do

    transporte.

    No que se refere à idade atual do RN transportado, na análise bivariada a mesma

    apresentou diferença significativa em relação a inadequação do transporte. Todavia, quando da

    sua inserção no modelo multivariado essa significância estatistica não se manteve.

    Quanto a variável peso ao nascer, identificou-se uma associação estatisticamente

    significativa com a qualidade do transporte neonatal, onde o RN que possui peso menor que

    2500 gramas possui uma prevalência 5,5 vezes maior de inadequação do transporte do que

    aqueles com peso ao nascer igual ou acima de 2500 gramas.

    Na tabela subsequente é apresentada a análise inferência em relação à duração do

    transporte:

    Tabela 6- Valores absolutos e percentuais, significância estatística, significância estatística

    ajustada, razão de prevalência, seu intervalo de confiança e seus valores ajustados para as

    variáveis representativas das características do transporte em relação à adequação do transporte

    neonatal. Natal, 2019.

    Variável

    Categorias

    Grupo

    Não ajustado

    Ajustado

    Inadequado

    n (%)

    Adequad

    o

    n (%)

    p

    RP (IC 95%)

    p RP (IC95%)

    Duração

    do

    Transporte

    (mediana)

    ≤ 40 min

    >40 min

    5 (12,8)

    15 (48,4)

    34 (87,2)

    16 (51,6)

    0,01

    3,77 (1,54-9,24)

    0,002

    3,90 (1,67- 9,07)

    Setor de

    Origem*

    UTI

    Neonatal

    Outros

    13 (30,2)

    7 (25,9)

    30 (69,8)

    20 (74,1)

    0,700

    1,16 (0,53-2,55)

    -

    -

    Fonte: SOUZA (2019) *variável não entrou no modelo múltiplo

    A partir da análise da tabela anterior é possível aferir que o setor que demandou o

    transporte não apresentou associação com a qualidade do transporte neonatal. Enquanto que a

    duração do transporte apresentou associação, onde um transporte com duração maior que 40

    minutos possui uma prevalência 3,9 vezes maior de inadequação que aqueles com menor

    duração do transporte.

  • 40

    A equação representativa