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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO SALVADOR 2008 MARCIO FERRAZ MONTEIRO AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO FERTILIZANTE SUPERFOSFATO SIMPLES

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DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIAESCOLA POLITÉCNICA

MESTRADO PROFISSIONAL EMGERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO

SALVADOR 2008

MARCIO FERRAZ MONTEIRO

AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO FERTILIZANTE SUPERFOSFATO SIMPLES

i

MARCIO FERRAZ MONTEIRO

AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA DO FERTILIZANTE SUPERFOSFATO SIMPLES

Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo – Ênfase em Produção Limpa, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Orientadora: Drª Rosana Fialho V. de Melo Co-orientador: Dr. Asher Kiperstok

Salvador 2008

ii

Monteiro, Marcio Ferraz Avaliação do Ciclo de Vida do Fertilizante Superfosfato

Simples/ Marcio Ferraz Monteiro. – Salvador, 2008. 179p.: il.color

Orientador: Profa. Dra. Rosana Fialho Vieira de Melo Co-orientador: Prof. Dr. Asher Kiperstok Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia.

Escola Politécnica, 2008.

1. Ciclo de Vida (Avaliação) 2. Aspectos Ambientais 3. Superfosfato Simples. I.Melo, Rosana Fialho Vieira de. II.Titulo.

iii

RESUMO

Neste trabalho a Análise de Ciclo de Vida – ACV, ferramenta para avaliação

sistemática dos aspectos ambientais de um produto compreendendo todos os estágios do

seu ciclo de vida, foi aplicada para efetuar uma avaliação da produção do superfosfato

simples (SSP), usando a abordagem do “berço ao portão de fábrica”. As categorias

selecionadas para o estudo foram as de potencial de aquecimento global (PAG),

potencial de redução de ozônio (PRCO), criação de oxidantes fotoquímicos (PCOF),

depleção abiótica (PDA), radiação radioativa (RRD), potencial de acidificação (PA) e

potencial de eutrofização (PE). Os resultados do estudo apontaram que solubilização do

concentrado fosfático por ácido sulfúrico traz consigo uma grande carga ambiental

proveniente principalmente do estágio de produção do enxofre (41,6 %), além dos

estágios de transporte marítimo do enxofre (18,4 %) e do processo produtivo do ácido

sulfúrico (10,2 %). Outro fator importante é o tipo de sistema viário adotado pelo Brasil

– transporte rodoviário – que acarreta na segunda maior contribuição à carga ambiental

do produto (18,4%).

Palavras-Chave: Avaliação do Ciclo de Vida, aspectos ambientais, superfosfato

simples.

iv

ABSTRACT

In this work Life Cycle Assessment (LCA), a tool for systematic evaluation of

the environmental aspects of a product through all stages of its life cycle, was applied to

perform an environmental evaluation of super simple phosphate (SSP) production, using

a “cradle to gate” approach. In order to perform the life cycle impact assessment (LCIA)

the following impact categories were selected: global warming potential (GWP), ozone

depletion potential (ODP), photochemical ozone creation (POCP), abiotic depletion

(ADP), radioactive radiation (RAD), acidification potential (AP) and eutrophication

potential (EP). The results show that the major environmental impact is due to the sulfur

production stage (41,6%), further to the stages of maritime transport of sulphur (18.4%)

and the production process of sulphuric acid (10.2%). Another important factor is the

type of road system adopted by Brazil - road - which carries the second largest

contribution to the total environmental score of the product (18,4%).

Keywords: Life Cycle Assessment, environmental aspects, super simple phosphate.

v

AGRADECIMENTOS

Aos docentes, colegas e funcionários – principalmente a Jaqueline Mendonça e Loriana

Reis – da Rede de Tecnologias Limpas (TECLIM da UFBA), pelo aprendizado,

convívio e prestatividade, respectivamente.

À Cecília Makishi, sempre prestativa, pelo enorme ensino sobre o software Gabi 4.0.

Aos colegas do projeto ACV-COELBA (TECLIM): Lucas Almeida, Flávia Melo e

Priscilla Pereira pela troca de experiências a respeito do software Gabi 4.0, e a Mª de

Lourdes Silva pelas discussões da temática ACV.

À Ângela Lima pela gentileza e disponibilização de materiais relacionados ao tema da

ACV.

À Linda Carla Bulhosa pela atenção e compartilhamento do conhecimento de

formatação do trabalho segundo as normas ABNT.

Aos orientadores Drª Rosana Melo (UFBA) e Dr. Asher Kiperstok (UFBA/TECLIM),

bem como ao Dr. Armando Caldeira (UNB) e ao Dr. Doneivan Ferreira (UFBA), cujas

opiniões, sugestões e informações técnicas foram fundamentais ao trabalho.

Aos meus irmãos, Daniel Monteiro pelos materiais didáticos e informações referentes

aos processos produtivos do diesel refinado e recuperação de enxofre, e Juliana

Monteiro pelo incentivo ao trabalho realizado.

Aos meus pais, a quem devo minha formação pessoal e profissional que me

possibilitaram chegar até este ponto da minha vida.

Em especial à Virgínia Seixas, pelas horas de convívio subtraídas, pelo conforto,

carinho, compreensão da importância deste trabalho para mim e enorme apoio.

A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para a realização deste trabalho.

vi

Buliram muito com o planeta

O planeta como um cachorro eu vejo

Se ele não agüenta mais as pulgas

Se livra delas num sacolejo

Raul Seixas – As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor

vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACV – Avaliação de Ciclo de Vida;

AICV: Avaliação de Impactos de Ciclo de Vida;

ANDA – Associação Nacional para Difusão de Adubos;

CML – Center of Environmental Science;

COV – Compostos Orgânicos Voláteis;

CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais;

DA/DC – Processo de Dupla Absorção e Duplo Contato;

DALY – Disability Adjusted Life Years;

DAP – Fosfato de Diamônio;

DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral;

FMP – Termofosfato Magnesiano Fundido;

IAP – Indicador Ambiental Ponterado;

ICV - Inventário de Ciclo de Vida;

IFB - Instituto de Fosfatos Biológicos;

ISO - International Organisation for Standardization;

MAP – Fosfato de Monoamônio;

MME: Ministério das Minas e Energia;

MRI – Midwest Research Institute;

PA – Potencial de Acidificação;

PAG – Potencial de Aquecimento Global;

PCOF – Potencial de Criação de Oxidantes Fotoquímicos;

PDA – Potencial de Depleção Abiótica;

PE – Potencial de Eutrofização;

PIP - Política Integrada de Produtos;

PRCO – Potencial de Redução da Camada de Ozônio;

REPA – Resource EnvironmentalProfile Analysis;

RRD – Radiação Radioativa;

SETAC – Society of Enviromental Toxicology and Chemistry;

SSP – Superfosfato Simples;

TSP – Superfosfato Triplo;

UNEP – United Nations Program Environmental;

URE – Unidade de Recuperação de Enxofre;

WMO – Organização Meteorológica Mundial.

viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1

2. OBJETIVOS ................................................................................................................. 2

2.1. Objetivo geral ........................................................................................................ 3

2.2. Objetivo específico ................................................................................................ 3

3. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 3

3.1. Princípios da Avaliação de Ciclo de Vida ............................................................ 3

3.2. Histórico ................................................................................................................ 6

3.3. Interface da ACV com a Produção Mais Limpa ................................................... 7

3.4. Aplicações da ACV ............................................................................................ 9

3.5. Procedimentos para uma ACV ........................................................................ 11

3.5.1. Definição do escopo e objetivo .................................................................... 11

3.5.2. Inventário do Ciclo de Vida (ICV) ............................................................... 16

3.5.3. Avaliação dos Impactos Ambientais ............................................................ 20

3.5.4. Interpretação dos resultados ........................................................................ 33

3.6. Softwares de Avaliação de Ciclo de Vida ........................................................... 37

3.6.1. Gabi .............................................................................................................. 38

3.7. Nutrientes das plantas .......................................................................................... 41

3.8. Fertilizantes fosfatados ........................................................................................ 43

3.8.1. Super Fosfato Simples (SSP) ........................................................................ 49

3.8.2. Rocha fosfática ............................................................................................. 50

3.8.3. Ácido sulfúrico ............................................................................................. 52

3.9. Cadeia produtiva do SSP ..................................................................................... 53

3.9.1. Mineração de rocha fosfática ........................................................................ 54

3.9.2. Beneficiamento de rocha fosfática ............................................................... 55

3.9.3. Produção de ácido sulfúrico ......................................................................... 59

3.9.4. Produção de Superfosfato Simples (SSP) ..................................................... 64

3.9.5. Recuperação de enxofre................................................................................ 66

3.9.6. Produção de cal hidratada ............................................................................. 69

3.9.7. Tratamento de água ...................................................................................... 70

3.9.7.1. Remoção de compostos orgânicos da água ........................................... 71

3.9.7.2. Desmineralização de água ..................................................................... 71

3.9.8. Produção de soda cáustica em escamas ........................................................ 74

ix

3.9.9. Commodities – Diesel refinado e energia elétrica. ....................................... 76

3.10. ACV – Superfosfato Simples ............................................................................ 77

4. ACV DO FERTILIZANTE SUPERFOSFATO SIMPLES PRODUZIDO PELO

GRUPO GALVANI ....................................................................................................... 79

4.1. Introdução ............................................................................................................ 79

4.2. Objetivos .............................................................................................................. 80

4.3. Escopo ................................................................................................................. 80

4.3.1. Sistema de Produto ....................................................................................... 80

4.3.1.1. Subsistema de produção do enxofre elementar ..................................... 83

4.3.1.2. Subsistema de logística portuária de exportação do enxofre elementar 83

4.3.1.3. Subsistema de transporte marítimo ....................................................... 84

4.3.1.4. Subsistema de logística portuária de importação do enxofre elementar 84

4.3.1.5. Subsistema de produção de cal hidratada .............................................. 84

4.3.1.6. Subsistema de tratamento de água ......................................................... 85

4.3.1.7. Subsistema de produção de soda cáustica (escamas) ............................ 85

4.3.1.8. Subsistema de produção do ácido sulfúrico .......................................... 86

4.3.1.9. Subsistema de lavra da rocha fosfática .................................................. 86

4.3.1.10. Subsistema de beneficiamento da rocha fosfática ............................... 87

4.3.1.11. Subsistema de produção do fertilizante SSP ....................................... 87

4.3.1.12. Subsistema de transporte rodoviário.................................................... 88

4.3.1.13. Subsistema de produção do diesel refinado ......................................... 88

4.3.1.14. Subsistema de produção de energia em hidrelétrica ............................ 89

4.3.2. Função do produto ........................................................................................ 89

4.3.3. Unidade funcional ........................................................................................ 90

4.3.4. Fronteiras do sistema de produto .................................................................. 90

4.3.4.1. Fronteiras em relação ao sistema natural ............................................... 90

4.3.4.2. Fronteira em relação a outros sistemas .................................................. 90

4.3.4.3. Fronteira geográfica ............................................................................... 91

4.3.4.4. Fronteira temporal ................................................................................. 92

4.3.4.5. Fronteira relacionada aos bens de capital e pessoal .............................. 92

4.3.4.6. Fronteira tecnológica ............................................................................. 93

4.3.4.6. Procedimentos de alocação .................................................................... 94

4.3.4.6.1. Alocação - Subsistema de produção da soda cáustica .................... 94

4.3.4.6.2. Alocação - Subsistema de produção do ácido sulfúrico ................. 94

x

4.3.4.6.3. Alocação - Subsistema de produção do fertilizante SSP ................ 94

4.3.4.6.4. Alocação - Subsistema de produção de diesel ................................ 95

4.3.5. Tipos de impacto & metodologia de avaliação e interpretação .................... 95

4.3.5.1. Tipos de impactos ambientais ............................................................... 95

4.3.5.1.1. Consumo de recursos energéticos................................................... 96

4.3.5.1.2. Emissões Atmosféricas ................................................................... 97

4.3.5.1.3. Efluentes líquidos ........................................................................... 97

4.3.5.1.4. Resíduos sólidos ............................................................................. 98

4.3.6. Metodologia de Avaliação e Interpretação ................................................... 98

4.3.7. Requisitos da qualidade dos dados iniciais ................................................ 100

4.3.8. Suposições .................................................................................................. 101

4.3.9. Limitações .................................................................................................. 102

4.3.10. Tipo de análise crítica ............................................................................... 102

4.4. Inventário do Ciclo de Vida – ICV .................................................................... 104

4.4.1. Modelagem do ICV .................................................................................... 104

4.4.2. Coleta de dados ........................................................................................... 107

4.4.2.1. Fluxogramas de processos & identificação dos aspectos ambientais .. 108

4.4.3. Avaliação do Inventário do Ciclo de Vida ................................................. 133

4.4.3.1. Procedimento ....................................................................................... 133

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 141

5.1. Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida – Apresentação dos Resultados ......... 141

5.2. Discussão dos resultados ................................................................................... 149

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................ 151

7. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 154

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma dos subsistemas vinculados diretamente ao processo produtivo

do SSP. ..................................................................................................................... 2

Figura 2: Ciclo de vida de um produto. ............................................................................ 6

Figura 3: Estrutura das fases da ACV ............................................................................ 11

Figura 4: Elementos da fase de AICV ............................................................................ 21

Figura 5: Etapas da Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida. ........................................ 30

Figura 6: Elementos da fase de Interpretação dentro da ACV ....................................... 34

Figura 7: Fixação do P por reações químicas ................................................................. 44

Figura 8: Ação de microorganismos formando complexos estáveis com o Al, Ca e Fe. 45

Figura 9: Processos utilizados no Brasil para produção de fertilizantes fosfatados ....... 47

Figura 10: Fluxograma do processo de beneficiamento de rocha fosfática em rota

úmida.. .................................................................................................................... 56

Figura 11: Fluxograma do processo de beneficiamento de rocha fosfática em rota a

seco. ........................................................................................................................ 58

Figura 12: Diagrama do processo de dupla absorção para a produção de ácido sulfúrico

................................................................................................................................ 60

Figura 13: Fluxograma esquemático do processo produtivo de SSP. ............................ 66

Figura 14: Fluxograma de uma Unidade de Recuperação de Enxofre . ......................... 69

Figura 15: Fluxograma do processo produtivo da cal hidratada. ................................... 70

Figura 16: Configurações típicas de projeto de desmineralização por troca iônica ....... 74

Figura 17: Fluxograma esquemático da produção de soda cáustica ............................... 76

Figura 18: Modelagem qualitativa do ciclo de vida do fertilizante SSP ........................ 82

Figura 19: Escopo geográfico delimitado pelas unidades de produção e logística. ....... 92

Figura 20: Modelagem quali-quantitativa do ciclo de vida do fertilizante SSP .......... 106

Figura 21: Exemplo de utilização do processo de movimentação interna de insumos –

Subsistema: Produção de SSP .............................................................................. 108

Figura 22: Discriminação da carga ambiental do subsistema: Transporte Rodoviário. 143

Figura 23: Discriminação da carga ambiental do subsistema: Produção de Diesel. .... 143

Figura 24: Discriminação da carga ambiental do subsistema: Logística Portuária. ..... 144

Figura 25: Contribuição das categoria de impacto nos subsistemas do ciclo de vida do

produto. ................................................................................................................. 145

xii

Figura 26: Reavaliação da contribuição das categoria de impacto nos subsistemas do

ciclo de vida do SSP. ............................................................................................ 146

Figura 27: Porcentagem de contribuição de cada subsistema na carga ambiental do

produto. ................................................................................................................. 147

Figura 28: Porcentagem de contribuição de cada categoria de impacto na carga

ambiental do produto. ........................................................................................... 147

Figura 29: Porcentagem de contribuição de cada subsistema no total de cada categoria

de impacto. ........................................................................................................... 148

xiii

LISTA DE FOTOS

Foto 1: Planta de refino de enxofre – Port Arthur / Texas (EUA) ................................. 83

Foto 2: Logística de importação - Port Arthur / Texas (EUA). ...................................... 83

Foto 3: Transporte marítimo do transporte de enxofre elementar. ................................. 84

Foto 4: Logística de descarregamento/ armazenamento do enxofre importado. ............ 84

Foto 5: Planta de produção de cal hidratada – Formoso do Araguaia (TO). .................. 85

Foto 6: Processo de tratamento de água por filtragem (carvão ativado) e troca iônica. . 85

Foto 7: Planta de produção de soda cáustica – Diadema (SP)........................................ 86

Foto 8: Planta de produção de H2SO4 – Complexo Industrial Luiz Eduardo Magalhães

(BA). ....................................................................................................................... 86

Foto 9: Lavra de rocha fosfática – Unidade de Mineração Angico (BA). ...................... 87

Foto 10: Planta de beneficiamento de rocha fosfática – Unidade de Mineração Angico

(BA). ....................................................................................................................... 87

Foto 11: Planta de produção de SSP – Complexo Industrial Luiz Eduardo Magalhães

(BA). ....................................................................................................................... 88

Foto 12: Caminhões utilizados para o transporte de produtos e insumos. ..................... 88

Foto 13: Planta de produção de diesel – Refinaria Landulfo Alves Mataripe (BA). ..... 89

Foto 14: Geração de energia elétrica – Hidrelétrica de Sobradinho (BA). ..................... 89

xiv

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Características dos principais fertilizantes fosfatados comercializados no

Brasil.. ..................................................................................................................... 47

Tabela 2: Principais produtores nacionais de superfosfato simples ............................... 50

Tabela 3: Principais produtores nacionais de H2SO4...................................................... 53

Tabela 4: Balanço Energético para a produção industrial de H2SO4 ............................. 63

Tabela 5: Processos de remoção de sólidos dissolvidos. ................................................ 72

Tabela 6: Subsistemas considerados e excluídos na ACV do SSP. ................................ 90

Tabela 7: Ecobalanço do subsistema de logística portuária (exportação). ................... 112

Tabela 8: Ecobalanço do subsistema do transporte marítimo ...................................... 113

Tabela 9: Ecobalanço do subsistema de logística portuária (importação)................... 114

Tabela 10: Ecobalanço do subsistema de tratamento de água. ..................................... 118

Tabela 11: Ecobalanço do subsistema de produção ácido sulfúrico. ........................... 120

Tabela 12: Ecobalanço do subsistema de lavra de rocha fosfática. .............................. 122

Tabela 13: Ecobalanço do subsistema de beneficiamento de rocha fosfática. ............. 124

Tabela 14: Ecobalanço do subsistema de produção de SSP. ........................................ 126

Tabela 15: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de enxofre elementar. 128

Tabela 16: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de cal hidratada. ....... 129

Tabela 17: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de soda cáustica. ....... 130

Tabela 18: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de concentrado fosfático.

.............................................................................................................................. 130

Tabela 19: Fatores de normalização do método CML 2001 ........................................ 135

Tabela 20: Fatores de ponderação do método CML 2001............................................ 135

Tabela 21: Fatores de normalização: “CML2001, World”........................................... 135

Tabela 22: Fatores de ponderação: “CML2001, Experts IKP (Southern Europe)” ...... 136

Tabela 23: Perfil ambiental do fertilizante SSP ........................................................... 136

Tabela 24: Avaliação da qualidade dos dados utilizados nos planos e processos da ACV.

.............................................................................................................................. 138

xv

LISTA DE ANEXOS

Anexo 1: Softwares de análise do ciclo de vida. .......................................................... 160

Anexo 2: Ecobalanço do processo de produção de enxofre. ........................................ 161

Anexo 3: Ecobalanço do processo produtivo de cal hidratada. .................................... 163

Anexo 4: Ecobalanço do processo produtivo de soda cáustica. ................................... 166

Anexo 5: Ecobalanço do processo produtivo de diesel (produzido nos E.U.A). ......... 169

Anexo 6: Ecobalanço do processo produtivo de diesel (produzido no Brasil). ............ 172

Anexo 7: Ecobalanço da usina de geração de energia (hidrelétrica). ........................... 174

1

1. INTRODUÇÃO

A questão ambiental diz respeito ao modo contraditório pelo qual a espécie

humana tem marcado sua atuação ao longo do tempo sobre a superfície da Terra. Ao

mesmo tempo em que busca satisfazer suas necessidades básicas e melhorar as

condições de vida, buscando o desenvolvimento, as atividades antrópicas têm gerado

alterações significativas nos processos e recursos naturais terrestres, cujas

conseqüências ambientais e socioeconômicas parecem hoje ameaçar sua própria

existência e trazer incertezas em relação ao futuro do planeta (BITAR, 2004).

Cresce a preocupação das questões voltadas para avaliação do impacto

ambiental do produto, levando em consideração todas as etapas da sua vida. Este tipo de

abordagem traz como estratégia necessária à inserção de políticas ambientais eficazes

na empresa, particularmente ligada à produção limpa, a fim de não se transferir o

impacto ambiental para outra etapa do ciclo de vida do produto.

Quanto mais a empresa adiar as ações ambientais, menos tempo terá para

conseguir as reduções exigidas pela legislação e mercado e, conseqüentemente, as

medidas terão que ser ainda mais profundas. As empresas que hoje já empreendem de

forma mais responsável estão conseguindo agregar valor aos seus produtos e serviços e

à sua própria marca. Alguns desses valores, antes considerados intangíveis, atualmente

encontram-se perceptivos para a sociedade, os acionistas e investidores, e

principalmente os consumidores que já diferenciam esses valores (ROMM, 2004).

Os recursos naturais se tornam cada vez mais escassos, e os diferentes atores da

cadeia de valores devem estar conscientes de que, para competir, devem não só inovar

produto ou serviço, mas também introduzir uma visão mais sustentável na forma de

conduzir os negócios. É por isso que a introdução de uma gestão ambiental estratégica,

envolvendo todo o ciclo de vida de um produto irá propiciar maiores possibilidades para

sustentabilidade do negócio, de forma a ser um elemento que não só agregue valor, mas

também contribua para o desenvolvimento dos membros envolvidos em todo o processo

(ROMM, 2004).

As oportunidades de redução da geração de rejeitos e do consumo de matérias

primas e energia devem ser analisadas de forma sistêmica, visando interligar o destino

de materiais e de sua transformação em produto por meio de vários processos. A

Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) constitui uma ferramenta indispensável para o

melhor acompanhamento dos ciclos de produção e a identificação de alternativas de

interação entre processos.

2

Os solos do território brasileiro são, em geral, ácidos e mineralmente pobres dos

nutrientes principais. Tais características condicionam ao país a necessidade do

emprego maciço de fertilizantes, não só dos fosfatados, para repor as quantidades dos

elementos vitais retirados do solo pelos processos de intemperismos geológicos

(SOUSA, 2001).

Considerando a importância do agronegócio no país e a larga escala da produção

do fertilizante superfosfato simples (SSP) para o setor agropecuário, se faz necessário o

conhecimento dos impactos ambientais das transformações industriais envolvidas no

ciclo de vida do SSP. Assim poder-se-á estabelecer diretrizes para avaliar alternativas

mais sustentáveis para o processo produtivo deste produto.

No intuito exclusivo de situar o leitor quanto à dimensão do estudo é

apresentado o contorno do sistema, contemplando os estágios vinculados diretamente ao

ciclo de vida do SSP produzido pelo grupo GALVANI (figura 1). A modelagem quali-

quantitativa do ciclo de vida do SSP está representada mais adiante na figura 23.

Figura 1: Fluxograma dos subsistemas vinculados diretamente ao processo produtivo do SSP.

2. OBJETIVOS

Os objetivos do estudo pretendido estão relacionados ao conhecimento dos

aspectos ambientais para um melhor planejamento de políticas ambientais,

Produção de: H2SO4& H2O Desmin.

Produção de: S & Ca(OH)2

Produção deSSP

Beneficiamento daRocha fosfática Contorno do Sistema

Lavra da rocha fosfática

Uso de SSP

3

especificamente ao planejamento ambiental do Grupo GALVANI. Ambos objetivos são

individualizados a seguir.

2.1. Objetivo geral

O presente trabalho tem por objetivo principal realizar a Avaliação do Ciclo de

Vida do processo produtivo do fertilizante superfosfato simples – SSP produzido pelo

grupo GALVANI.

2.2. Objetivo específico

De modo mais específico, pode-se afirmar que os objetivos deste trabalho são:

- Conhecer melhor a ACV, suas limitações, dificuldades e vantagens;

- Avaliar do desempenho ambiental das transformações industriais envolvidas no

ciclo de vida do SSP;

- Identificar os aspectos ambientais mais significativos para o caso das

transformações industriais envolvidas no ciclo de vida do SSP;

- Identificar o subsistema de maior impacto ambiental das transformações

industriais envolvidas no ciclo de vida do SSP;

- Propor ações para melhoria do desempenho ambiental das transformações

industriais envolvidas no ciclo de vida do SSP.

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Princípios da Avaliação de Ciclo de Vida

A análise do ciclo da vida (ACV) é uma ferramenta de gestão ambiental que

permite avaliar todo os possíveis efeitos ambientais propiciados ao longo da trajetória

do produto, desde a extração da matéria-prima, passando pela produção e uso, as

possibilidades de reciclagem e reuso, até sua disposição final.

Boustead (1995) entende que a ACV, sistematicamente, identifica e avalia

oportunidades para minimizar as conseqüências globais sobre o meio ambiente

referente ao uso de recursos naturais e as emissões.

Benjamin (2002) esclarece que a ACV não irá determinar qual produto ou

processo é melhor, apenas aquele que pode carregar menor carga ambiental. A

informação desenvolvida em uma ACV deve ser usada como uma componente para

uma decisão mais focada na análise do processo em relação a custo e performance.

4

A padronização dos procedimentos da ACV pela ISO se deu dentro da estrutura

da ISO 14000 – Sistema de Gestão Ambiental. As normas relacionadas a ACV são:

- ISO 14040: ACV – Princípios Gerais e Estrutura

- ISO 14041: ACV – Definição de Escopo e Avaliação de Inventário

- ISO 14042: ACV – Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida

- ISO 14043: ACV – Interpretação do Ciclo de Vida

A norma ISO 14040 – Princípios e Estrutura - especifica a estrutura geral,

princípios e requisitos para conduzir e relatar estudos de avaliação do ciclo de vida, não

incluindo as técnicas de avaliação do ciclo de vida em detalhes.

A norma ISO 14041 – Definição de escopo e análise do inventário - orienta

como o escopo deve ser suficientemente bem definido para assegurar que a extensão, a

profundidade e o grau de detalhe do estudo sejam compatíveis e suficientes para atender

ao objetivo estabelecido. Da mesma forma, esta norma orienta como realizar a análise

de inventário, que envolve a coleta de dados e procedimentos de cálculo para quantificar

as entradas e saídas pertinentes de um sistema de produto.

A norma ISO 14042 – Avaliação do impacto do ciclo de vida - especifica os

elementos essenciais para a estruturação dos dados, sua caracterização, a avaliação

quantitativa e qualitativa dos impactos potenciais identificados na etapa da análise do

inventário.

A norma ISO 14043 – Interpretação do ciclo de vida - define um procedimento

sistemático para identificar, qualificar, conferir e avaliar as informações dos resultados

do inventário do ciclo de vida ou avaliação do inventário do ciclo de vida, facilitando a

interpretação do ciclo de vida para criar uma base onde as conclusões e recomendações

serão materializadas no Relatório Final.

A norma ISO 14040 define a ACV como: “Compilação dos fluxos de entrada e

saída e avaliação dos impactos ambientais associados a um produto ao longo do seu

ciclo de vida. Esta norma define ainda ciclo de vida como: Estados consecutivos e

interligados de um produto, desde a extração de matérias-primas ou transformação de

recursos naturais, até a deposição final do produto na Natureza”.

Para Kiperstok e outros (2003) a utilização da ACV, como ferramenta de análise

de impacto ambiental, ajuda a evitar a substituição de um problema por outro, no

sentido de evitar um possível deslocamento de impacto ambiental de um estágio do

ciclo de vida para outro.

5

Um ponto extremamente importante para obter sucesso na ACV de um produto é

a definição do que será avaliado, de modo a evitar a inclusão de impactos ambientais

mínimos em relação aos impactos provenientes do processo produtivo. Desta forma a

adoção e execução das recomendações do relatório final deverão ser mais factíveis.

Chehebe (1998) alerta que na prática, o delineamento do contorno do sistema a

ser estudado deve ser realizado com extremo cuidado, pois existe uma limitação natural

dos recursos financeiros e do tempo. À medida que se adicionam detalhes profundos ao

modelo de estudo, adiciona-se ao mesmo tempo complexidade, despesas e utilidade

reduzida.

Os limites do estudo devem ser analisados de acordo com o objetivo proposto.

Kiperstok e outros (2002) afirmam que a definição dos limites do estudo deve levar em

consideração os itens que representem maior custo ambiental.

Segundo Tosta (2004), conhecer a ACV não se restringe ao domínio de sua

definição, sendo necessário conhecer profundamente os objetivos, limitações,

potencialidades e condições adequadas de uso, a fim de evitar resultados equivocados, e

consequentemente a perda de credibilidade da ferramenta.

A utilização desta ferramenta possibilita a saída dos limites da indústria e a

realização de uma avaliação completa, definindo em que etapa da vida de um produto

representa o maior risco ambiental. Desta forma, segundo Kiperstok e outros (2002)

podem ser identificadas, adequadamente, oportunidades de melhorias ambientais.

Na ACV são avaliados os descartes gerados nas diferentes etapas do ciclo, tais

como as emissões atmosféricas, a geração de efluentes líquidos e resíduos sólidos, o

consumo de energia e de matérias-primas e as conseqüências ambientais do uso e

disposição do produto.

Lindorfs e outros (1995) ressaltam que a ACV deve abordar os impactos

ambientais relativos à saúde humana e ao ecossistema, levando em consideração a

depreciação e degradação dos recursos naturais, não tendo o propósito de avaliar

efeitos econômicos ou sociais.

A Helsink University of Technology (1996) apud SANTOS (2006) elaborou um

esquema simplificado do sistema de ACV, ilustrado na figura 2.

6

Meio Ambiente Natural

Produção de Energia

Manufatura Distribuição Uso

Disposição

MatériasPrimas

MateriaisAuxiliares

Reciclagem

Reúso

Incineração

AterroContorno

do Sistema Figura 2: Ciclo de vida de um produto (Helsink University of Technology, 1996 apud SANTOS,L., 2006).

3.2. Histórico

No final da década de 60, nos Estados Unidos, foram desenvolvidos os

princípios que envolvem a técnica de ACV, com o objetivo de avaliar os impactos

ambientais de produtos. O estudo mais conhecido desta fase inicial da ACV foi a

análise que a Coca-Cola encomendou para o Midwest Research Institute - MRI, cujo

relatório foi publicado em 1969, comparando diversas embalagens de bebida no que diz

respeito a disposição de resíduos e consumo de recursos naturais (CHRISTIANSEN,

1996; VIGON e outros,1993 apud RIBEIRO, 2003 ). Este tipo de estudo passou a

receber o nome de Resource EnvironmentalProfile Analysis -REPA (WENZEL e

outros, 1997). Paralelamente, na Europa, desenvolvesse o método conhecido como

Ecobalance (CHRISTIANSEN, 1996 apud RIBEIRO,2003), similar ao REPA.

Esse modelo foi aprimorado em 1974 pelo MRI, durante a realização de um

estudo para a EPA (Environmental Protection Agency), e é muitas vezes referenciado

como um marco para o surgimento do que hoje conceituamos como Avaliação do

Ciclo de Vida - ACV (Life Cycle Assessment). Posteriormente, na Europa, foi

desenvolvido um procedimento similar chamado Ecobalance (CHEHEBE, 1998).

Entre o final da década de 60 e o início da década de 70, Fava e outros (1993)

apud Tosta (2004) contabilizaram cerca de 12 estudos desenvolvidos nos Estados

Unidos sobre o “ciclo do combustível”, estimando custos e implicações ambientais

7

associadas com fontes alternativas de energia. Após este período, segundo Tosta (2004),

alguns anos se passaram sem a ocorrência de grande evolução da ACV.

Na década de 70, os estudos vincularam-se principalmente ao consumo de

energia, devido à primeira crise do petróleo. Entre 1973 e 1975 governos começaram a

demandar uma grande quantidade de estudos, do tipo ACV, a fim de viabilizar

alternativas energéticas aos combustíveis fósseis. Com o fim do período crítico da crise

o interesse pelos estudos, utilizando ACV, decresceu (RIBEIRO, 2003).

No inicio da década de 80, a opinião pública européia passa a alertar sobre a

crescente utilização dos recursos, a preocupação com o destino de resíduos,

principalmente de embalagens de bebidas. Ressurge o interesse por ferramentas de

comparação e avaliação de desempenho ambiental (VIGON e outros, 1993 apud

RIBEIRO, 2003). Nesta época, vários paises europeus realizaram estudos para avaliar a

carga ambiental e os potenciais impactos decorrentes de embalagens de bebidas

(SANTOS, 2006).

O final da década de 80 e toda a década de 90 foram pautados pelo esforço

internacional para normalizar os princípios e técnicas da ACV e para desenvolver

procedimento de boa conduta (SANTOS, 2006). A normalização da ACV, começou na

International Organization for Standardization (ISO) e European Comitee for

Standardization (CEN).

Mais recentemente, na década atual, a Sociedade para Toxicidade e Química

Ambiental (SETAC) na América do Norte e a Agência de Proteção Ambiental

Americana (EPA) estão realizando workshops e outros projetos para desenvolver e

promover um consenso sobre uma estrutura para a condução da análise de inventário

do ciclo de vida e avaliação de impactos (TOSTA, 2004).

Tosta (2004) entende que devido à grande demanda de tempo e dinheiro,

associado à necessidade de tornar a ACV mais objetiva na sua aplicação a casos

específicos, conduziu naturalmente ao desenvolvimento de estudos que otimizassem os

procedimentos, através de cortes na sua extensão, profundidade ou largura, ou através

da realização de estudos puramente qualitativos.

3.3. Interface da ACV com a Produção Mais Limpa

A Produção Mais Limpa é definida pelo Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA/UNEP) como a aplicação contínua de uma estratégia

8

integrada preventiva ambiental para a redução de riscos em processos e produtos para

seres humanos e meio ambiente.

A UNEP procura, em cooperação com a SETAC, ser um catalisador global de

transferência de conhecimento em abordagens de ciclo de vida, destacando a

importância de se trabalhar as questões ambientais, sociais e econômicas de forma

conjunta (SOLGAARD, 2002; UNEP,2000 apud TOSTA,2004).

Segundo Tosta (2004) a ACV não é uma demanda formal do programa da

UNEP, mas esta instituição tem promovido e procurado facilitar a integração entre essas

ferramentas. A disseminação dos resultados dos programas de produção mais limpa

pode ser uma fonte de informações para a ACV.

Avaliação de ciclo de vida é na essência uma abordagem sistêmica para tornar a

empresa verde e eficiente. Resulta em eficiência energética e alta produtividade com

baixo nível de desperdício (ROMM, 2004).

O uso da ACV permite a identificação de oportunidades de produção limpa ao

longo do ciclo de vida do produto. Segundo Tosta (2004) existem autores como Ekvall

(2002) que trata a ACV como uma ferramenta de produção limpa. Dentro deste

contexto, Romm (2004) ressalta que uma empresa pode realizar grandes economias em

três momentos: reduzindo o uso de recursos e poluição antes do processo de fabricação,

na utilização do produto e quando ele for descartado. Uma abordagem que leva em

conta o ciclo de vida do produto é necessária para minimizar os custos totais e não

somente os custos iniciais requerendo, portanto uma abordagem sistêmica da produção.

Uma análise de ciclo de vida para qualquer aquisição leva em conta todos os

custos envolvidos na produção durante muitos anos, inclusive os gastos em energia,

operações e manutenções. Desta forma, os investimentos ambientais levam em conta os

futuros gastos operacionais (ROMM, 2004).

Se as empresas respondem a pressões ambientais apenas quando obrigadas, elas

perderão importantes oportunidades de ganhar a vantagem competitiva que só cabe

aos pioneiros. Instalar novas tecnologias antes do impacto de novos regulamentos

permite evitar atrasos e maiores custos no futuro. Da mesma forma, as empresas que

dão prioridade à produtividade dos recursos, mudanças de processo e inovação nos

produtos conseguirão ganhos importantes no desempenho, com investimentos

menores. Ademais, irão descobrir mais oportunidades comerciais, ao responderem à

necessidade permanente de fornecer produtos e serviços com valor agregado (DE

SIMONE,L.D. & POPOFF, F., 1997 apud ROMM, 2004).

9

3.4. Aplicações da ACV

As técnicas de análise do ciclo de vida têm diferentes aplicações. Internamente, as

indústrias podem, através das técnicas de ACV, desenvolver novos produtos ou otimizar

produtos e processos, reduzindo os impactos ambientais. Externamente, elas podem

utilizar as técnicas para divulgar ao consumidor ou a órgãos ambientais melhorias dos

aspectos ambientais de seus produtos e processos, ou ainda comparar qualidades

ambientais com outros competidores (SANTOS, 2006).

Os esquemas montados, chamados na Europa de Selos Verdes e no Brasil de

Rótulos Ambientais, freqüentemente baseados em análises do ciclo de vida de produtos

do tipo berço ao túmulo, levaram as empresas a iniciar esforços no sentido de um

melhor entendimento e gerenciamento do ciclo de vida de seus produtos (CHEHEBE,

1998).

Chehebe (1998) entende que a Avaliação do Ciclo de Vida de produtos pode ser

utilizada em uma grande variedade de propósitos. Segundo o autor, as informações

coletadas na ACV e os resultados de suas análises e interpretações podem ser úteis para

tomadas de decisão, na seleção de indicadores ambientais relevantes para avaliação da

performance de projetos ou reprojetos de produtos ou processos e/ou planejamento

estratégico.

A Sociedade para Toxicologia e Química Ambiental - SETAC (1993) enumera

possíveis aplicações da ACV:

- Desenvolvimento do planejamento estratégico;

- Otimização, melhoria e projeto de produtos e processos;

- Identificação de oportunidades de melhoria ambiental;

- Auxílio ao estabelecimento de procedimentos comerciais ou especificações;

- Suporte à auditoria ambiental e à minimização de resíduos;

- Desenvolvimento do marketing ambiental;

- Seleção de critérios para a rotulagem ambiental;

- Definição de políticas públicas e privadas;

- Auxílio às metodologias educacionais.

Instituições públicas podem usar a ACV para analisar os sistemas de serviços

públicos, propondo melhorias ambientais, além de ter uma ferramenta para controle da

performance ambiental tanto de indústrias, como de outros setores como construção

civil e agropecuária.

10

Para Chehebe (1998) a grande importância da Avaliação de Ciclo de Vida está

na utilização desta ferramenta de gestão ambiental no aprimoramento das questões de

todo o sistema vinculado à produção de um bem e, conseqüentemente, aprimorar os

aspectos ambientais do mesmo. Existe uma tendência da ACV tornar-se um instrumento

capaz de estabelecer modificações no sistema tributário mundial – tributo

sócioambiental - através do qual os produtos seriam taxados de acordo com sua carga

ambiental, avaliada ao longo de todo o seu ciclo de vida (Helsink University of

Technology, 1996 apud SANTOS, 2006). Obviamente que para isso será necessário a

elaboração de um banco de dados mundial consistente sobre a carga ambiental dos

diversos produtos.

Na visão de Benjamin (2002) as diversas regulamentações impostas para o

controle da poluição, fazem com que algumas empresas verifiquem os benefícios de se

ir além da conformidade da legislação. Assim, as empresas estão encontrando

benefícios holísticos em suas operações, através do procedimento de ACV.

Apesar das importantes aplicações da ACV, Chehebe (1998) comenta sobre a

existência de uma crença de que a ACV poderia ser manipulada para reproduzir os

resultados que o patrocinador do estudo desejar. Isso porque a ACV não parece ser uma

ferramenta fácil de ser aplicada e reproduzir os mesmos resultados a despeito de quem

conduza o estudo.

Segundo Curran (1996), várias empresas responderam às preocupações

ambientais providenciando produtos "verdes" e usando processos "verdes". Benjamin

(2002) acredita que a performance ambiental de produtos e processos se tomou um

assunto chave, isto explica o porque de algumas companhias procurarem caminhos para

minimizar seus efeitos sobre o meio-ambiente. Várias companhias vêm encontrando

vantagens na utilização de estratégias de prevenção à poluição e sistemas de

gerenciamento ambiental para melhorar suas performances ambientais, através do

procedimento sistemático da ACV.

Na prática, segundo Ribeiro [200-], as indústrias encontram grandes dificuldades

para conseguir inventários detalhados do ciclo de vida, maiores ainda em relacionar os

mesmos com uma análise de impacto defensável e, enormes, em transformar os

resultados dos dois primeiros estágios da ACV em ações adequadas.

11

3.5. Procedimentos para uma ACV

A metodologia da técnica de ACV inclui, de acordo com a ISO 14040, quatro

fases principais:

1) Definição do escopo e objetivo da análise;

2) Análise de inventário dos processos envolvidos;

3) Avaliação dos impactos ambientais associados às entradas e saídas do sistema.

4) Interpretação dos resultados.

Cada uma destas fases relaciona-se de maneira iterativa, conforme representado

na figura 3.

Definição de Meta eEscopo

Análise de

Inventário

Avaliação de Impacto

Interpretação

Estrutura de uma ACV

Figura 3: Estrutura das fases da ACV (ISO 14040, 1997)

Caldeira-Pires, Rabelo e Xavier (2002) afirmam que muito freqüentemente, a

ACV realiza-se apenas nas duas primeiras fases, dando-se ênfase ao inventário.

Devendo neste caso, segundo os autores, designar-se Inventário do Ciclo de Vida - ICV.

3.5.1. Definição do escopo e objetivo

A etapa inicial da ACV, definição do escopo e objetivos são delimitadas às

condições de contorno, os objetivos e limitações da análise, os processos envolvidos e

o ciclo de vida do produto. Kiperstok e outros (2002) afirmam que a exeqüibilidade da

12

ACV depende fundamentalmente de um objetivo muito claro ao longo de todo o

processo.

Definição de objetivo e escopo, de acordo com Guineé & Heijungs (1993), é a

fase do processo de ACV que define o propósito e os métodos para inclusão dos

impactos ambientais do ciclo de vida dentro do processo de tomada de decisão.

Segundo Kulay (2000) durante o processo de definição de objetivos, devem ser

avaliados fatores como as expectativas do cliente quanto às conclusões do estudo, assim

como os custos e o tempo de duração envolvidos.

Na fase do escopo e objetivos é necessário definir os limites do estudo

estabelecendo quais os elementos serão analisados na etapa seguinte. Os critérios dos

limites devem ser identificados e justificados no escopo, de forma a estabelecer a

própria validade do estudo (KIPERSTOK e outros, 2002).

Nessa fase, a norma ISO 14040 preconiza que seja esclarecida de forma clara e

inequívoca a utilização que se pretende dar aos resultados, bem como o tipo de audiência

que se destina e o processo de revisão crítica a ser adotado. Segundo a ISO 14040, a

definição do escopo de uma ACV deve considerar e claramente descrever, pelo menos,

os seguintes itens:

• Sistema de Produto: Coleção de operações que representam uma ou mais

funções definidas. As unidades de processo, segundo Kulay (2000),

correspondem a conjuntos formados pelas operações e atividades contidas no

sistema e agrupados por fronteiras próprias. As ligações entre as unidades de

processo são realizadas por correntes internas de matéria e energia. As unidades

de processo são ligadas umas às outras por fluxos intermediários de produtos e/ou

resíduos para tratamento, a outros sistemas por fluxos de produtos, e ao meio

ambiente por fluxos elementares (CHEHEBE,1998). As cargas ambientais

associadas a bens de capital (como equipamentos) ou construções utilizados pelas

unidades de processo, usualmente não afetam os resultados da ACV (KULAY,

2000);

• Função do Sistema de Produto: Trata-se, de acordo com Chehebe (1998), da

definição clara das características de performance do produto a ser modelado.

Define a que se presta o sistema que está sendo analisado, ou seja, qual sua

função (RIBEIRO, 2003; KULAY, 2004). Caldeira-Pires (2007) esclarece que a

13

função do sistema permite a comparação de produtos diferentes, por exemplo,

toalhas de papel e secadores elétricos de mão fornecem a mesma função de secar

mãos.

• Unidade Funcional: É a unidade que define a qualificação das funções

identificadas no estudo, devendo ser previamente estabelecida no escopo da

ACV. Deve prover uma referência para a qual as quantificações das entradas e

saídas do sistema (aspectos ambientais) serão normalizadas (ISO 14041, 1998);

• Fronteiras do Sistema de Produto: A definição das fronteiras do estudo

representa a delimitação da sua abrangência, considerando diversas dimensões.

Segundo Tillman & Baumann (1995) apud Kulay (2004), as fronteiras de um

sistema de produto podem ser provenientes de diversas origens. São elas:

- Fronteiras em Relação ao Sistema Natural: são os limites que indicam

onde seu ciclo de vida se inicia e termina, em relação ao meio natural;

- Fronteiras em Relação a Outros Sistemas: em geral, cada sistema de

produto tem associado uma rede de outros sistemas, como produção de

insumos, obtenção de matérias-primas, co-produtos gerados, etc. Deve-se

delimitar dentro desta rede quais processos serão ou não estudados, sob

pena de estarmos tentando abranger um universo demasiadamente

amplo;

- Fronteiras Geográficas: define onde cada processo será considerado

como realizado, uma vez que cada localidade possui características que

podem fazer o resultado se tornar inadequado (por exemplo, cada país

possui uma matriz energética, e o uso de um modelo de geração do

Brasil, por exemplo, é inadequado ao europeu);

- Fronteira Temporal: considera o momento para o qual os dados

levantados terão validade, ou seja, se será estudada uma situação atual,

passada ou ainda cenários de futuro;

14

- Fronteiras de Bens de Capital: determina se serão incluídas ou não no

estudo as infra-estruturas necessárias para a realização dos processos

(edifícios das fábricas, estradas, etc).

• Procedimento de Alocação: Diversos processos possuem mais de uma saída de

interesse para o sistema produtivo. Além de poder haver mais de um produto,

pode-se gerar subprodutos, que são incorporados a processos através de reuso ou

reciclagem. Uma vez que todos estes são resultados de interesse para o sistema

de produto, é justo que cada um seja responsável por parte do conjunto de

aspectos ambientais do sistema. Para isso desenvolve-se o procedimento de

alocação, que busca criar um método de distribuição das contribuições aos

impactos entre os diferentes resultados do sistema (WENZEL e outros, 1997).

As soluções sugeridas à alocação de impactos, de acordo com Santos (2006), é

a determinação do peso, do conteúdo energético ou do valor dos produtos

individuais como uma base para alocação. Entretanto, Guinée (1993) apud

Kulay (2004) adverte que o fato de não existir consenso em torno de um critério

universal de alocação faz com que a escolha do mesmo seja definida em função

do contexto em que o estudo se realiza;

• Tipos de Impacto e Metodologia de Avaliação de Impactos e Interpretação

Subseqüente: Para que seja dada seqüência aos estudos, após o inventário, é

necessário que sejam estabelecidos critérios para avaliação dos aspectos

ambientais (RIBEIRO, 2003). As classes de problemas ambientais são definidas

de acordo com os propósitos específicos a que o estudo se destina (KULAY,

2004). A metodologia de avaliação de impacto e a interpretação subseqüente a

ser usada são abordadas pelas normas ISO 14042 e ISO 14043, tratadas

detalhadamente mais adiante;

• Suposições: Entendem-se como conjecturas de fatos a fim de se possibilitar uma

avaliação direta tanto em termos qualitativos como quantitativos;

• Limites do Sistema: Os limites do estudo devem ser analisados de acordo com o

objetivo proposto. Segundo Chehebe (1998), os limites do sistema determinam

15

quais unidades de processo deverão ser incluídas dentro da ACV. A norma ISO

14041 ressalta que algumas decisões para omitir estágios do ciclo de vida,

processos ou entrada devem ser claramente declarado e justificado. Segundo a

norma ISO 14041, o critério usado na seleção de limites do sistema dita o degrau

de confidencia garantindo que os resultados do estudo não tenham sido

comprometidos e que o objetivo seja alcançado.

• Requisitos da Qualidade dos Dados: Os requisitos da qualidade dos dados

especificam em termos gerais as características dos dados necessários ao estudo,

devendo ser definidos para possibilitar o alcance dos objetivos propostos.

Segundo a norma ISO 14041, os requisitos da qualidade dos dados devem

incluir os seguintes parâmetros:

- Período de tempo coberto: A idade dos dados coletados (por exemplo, dentro

dos últimos 5 anos) e o período mínimo para a coleta dos dados (por exemplo,

de l ano);

- Área Geográfica Coberta: A área geográfica em que os dados das unidades

de processo serão coletados devem satisfazer o objetivo estabelecido no

estudo, que pode ser: local, regional, nacional, continental ou global;

- Tecnologias Cobertas: Deve ser considerada a variação tecnológica, por

exemplo, uma média dos níveis tecnológicos empregados, a melhor

tecnologia disponível ou a tecnologia típica empregada. Santos (2006)

ressalta que a otimização de tecnologias industriais faz com que os dados

relativos às emissões ambientais tornem-se rapidamente obsoletos.

De acordo com o nível de detalhes requerido pelo estudo, podem ser

considerados também os seguintes parâmetros (GALDIANO, 2006):

- Precisão: Medida da variabilidade dos valores de cada categoria de dados,

sendo empregada, por exemplo, a variância;

- Completitude: Percentagem de dados primários em relação ao total de

dados para uma unidade de processo;

16

- Representatividade dos Dados: Avaliação qualitativa do nível em que os

dados refletem o sistema real de interesse (por exemplo, período de tempo,

área geográfica e tecnologias cobertas);

- Consistência: Avaliação qualitativa da uniformidade da metodologia

empregada para os vários componentes analisados;

- Reprodutibilidade: Avaliação qualitativa da extensão das informações sobre

a metodologia e os dados coletados, permitindo que um especialista

independente reproduza os resultados obtidos no estudo.

• Tipo de Análise Crítica: Para a norma ISO 14040, a análise crítica pode ser

realizada para facilitar a compreensão e aumentar a credibilidade de estudos de

ACV, por exemplo, envolvendo as partes interessadas. Segundo a mesma norma,

o processo da análise critica deverá verificar se: os métodos usados para realizar

a ACV são consistentes com o padrão internacional; os métodos usados para

realizar a ACV são cientificamente e tecnicamente válidos; os dados usados são

apropriados e razoáveis com relação ao objetivo do estudo; as interpretações

refletem as limitações identificadas, bem como o objetivo do estudo; o relatório

do estudo apresenta-se de forma transparente e consistente.

• Tipo e Formato do Relatório Final: Segundo a norma ISO 14040, os resultados

de uma ACV devem ser relatados ao público alvo de forma fiel, completa e

exata, e o tipo e formato deste relatório devem ser definidos na etapa de

definição do escopo. Assim deve haver total isenção dos elaboradores do estudo

em relação ao contratante.

3.5.2. Inventário do Ciclo de Vida (ICV)

A segunda etapa do estudo refere-se a coleta de dados de entrada e saída do

sistema, envolvendo recursos naturais, energia, produtos, emissões atmosféricas,

resíduos sólidos e efluentes líquidos envolvidos no ciclo de vida.

É importante salientar que a construção do ICV é iterativa, e com o decorrer dos

dados obtidos e consequentemente maior conhecimento do sistema, deve-se proceder

sempre que necessário a novas definições de meta e escopo.

Quanto à estrutura do ICV, a ISO 14041 apresenta as seguintes etapas:

17

- Preparação para coleta de dados

Os dados deverão ser coletados para cada unidade de processo constante das

fronteiras do sistema. Conforme a norma ISO 14041, a etapa de definições de escopo e

objetivo fornecerá tanto a relação destes processos como a categoria de dados que

devem ser obtidos. Uma vez que estes processos podem estar bastante distribuídos no

espaço e no tempo, é recomendável que se sigam alguns passos para garantir a

uniformidade e consistência do sistema modelado. Estes, segundo a referida norma,

incluem:

- Construção de fluxogramas dos processos unitários, incluindo suas inter-

relações;

- Descrição de cada processo e listagem das categorias de dados a estes

associadas;

- Determinação das unidades de medida;

- Determinação dos métodos de coleta e cálculo para cada categoria de dado;

- Provisão de instruções para documentação de casos especiais, irregularidades,

etc.

- Coleta de dados

A coleta de dados é a tarefa mais demorada de uma ACV (WENZEL e

outros,1997), e segundo a norma ISO 14041 pode ser igualmente intensiva na demanda

de recursos. Este problema, entretanto, pode ser enfrentado, principalmente através da

criação de bancos de dados, constituídos paulatinamente com a incorporação dos

resultados de estudos realizados. A adoção desta prática leva, progressivamente, à

redução do tempo e custo de obtenção das informações necessárias para a execução de

ACV (RIBEIRO, 2003).

De acordo com Chehebe (1998), as principais fontes de informação incluem:

- Informações internas nas empresas;

- Normas técnicas;

- Licenças ambientais;

- Literatura técnica;

- Associações de classe;

- Fornecedores reais ou potenciais;

- Banco de dados de ACV.

18

O procedimento adotado para a coleta de dados varia entre diferentes estudos e

também entre diferentes tipos de processos, mas é sempre importante registrar todas as

informações, fontes dos dados e hipóteses admitidas. De acordo com Wenzel e outros

(1997), este procedimento de coleta pode ser realizado, por exemplo, através de: revisão

bibliográfica, aplicação de questionários específicos, cálculos teóricos a partir de

modelos ou medições de campo.

- Procedimentos de cálculo

Após coletar os dados faz-se necessário que sejam feitos cálculos com o intuito

de adequá-los aos processos unitários e à unidade funcional, além de avaliar sua

qualidade (RIBEIRO, 2003). Este procedimento, segundo a ISO 14041, pode ser

dividido nas seguintes etapas:

• Validação dos dados: envolve verificações do tipo de balanços de massa e

energia, análises comparativas, etc. A intenção destes procedimentos é detectar

ainda numa fase inicial quaisquer anomalias existentes. Deve-se também

determinar o que será feito na ausência do dado desejado;

• Adequação dos dados à unidade de processo unitário: significa transpor os

dados obtidos na coleta à base unitária do processo (por exemplo: 1 kg de

cimento, 1 MJ de energia, etc.), fazendo tanto as necessárias alocações das

cargas ambientais como a conversão de unidades;

• Adequação dos dados à unidade funcional: Para que possamos realizar cálculos

sobre todo o sistema (sobre a função deste na verdade) devemos transformar os

valores obtidos para cada processo, na base unitária de cada um, a uma mesma

base de cálculo referente à unidade funcional;

• Agregação dos dados: Por último, nesta etapa deve-se agregar os dados obtidos

numa única tabela.

Uma observação importante sobre o tratamento de dados refere-se à unidade na

qual são medidos os processos de transporte de materiais na ACV. Embora nenhuma

19

norma estabeleça este procedimento, é usual nos estudos de ACV que as etapas de

transporte de materiais sejam sempre expressas numa unidade denominada “tonelada-

quilômetro” (t.km). Esta unidade refere-se aos aspectos ambientais do transporte de uma

tonelada de carga por cada quilômetro percorrido.

Na verdade, a medição dos aspectos das etapas de transporte em t.km existe

como uma forma de alocar, a cada tonelada transportada, apenas a respectiva parcela

dos aspectos ambientais dentre o total impingido ao meio pelo meio de transporte

considerado. Desta forma, o cálculo dos valores das contribuições aos aspectos em t.km

é obtido dividindo-se cada um dos aspectos referentes a um quilômetro percorrido pelo

meio de transporte em questão pela capacidade de carga em toneladas.

- Refino das fronteiras do sistema

A norma ISO 14041 recomenda (considerando processo iterativo da análise) que

as fronteiras do sistema sejam revistas, identificando necessidades de novos

refinamentos e dados adicionais. Devem ser realizadas análises de sensibilidade quando

necessário, de modo a avaliar a pertinência de:

- Excluir estágios do ciclo de vida ou processos que não sejam significantes;

- Excluir aspectos ambientais sem representatividade no resultado final;

- Incluir novos processos ou aspectos que sejam julgados relevantes.

Chehebe (1998) ressalta que os resultados deste processo de refinamento do

sistema e da análise de sensibilidade devem ser documentados.

Ao final das etapas descritas, o que se obtém é um inventário, que segundo

Santos (2006) é uma lista das quantidades de materiais e energia, dos produtos e

subprodutos gerados, bem como dos resíduos e emissões para o meio ambiente. Tal

inventário é denominado de ICV, balanço de materiais e energia ou ecobalanço.

A análise do inventário do ciclo de vida é uma parte essencial da ACV,

responsável pela coleta de todos os dados relativos às entradas e saídas de matéria e

energia ao longo de todo o ciclo de vida do produto (GALDIANO, 2006).

De acordo com Kulay (2000), para realização de um Inventário de Ciclo de Vida

é preciso ter em mente que, em termos práticos, será impossível considerar todos os

aspectos ambientais de um sistema. O autor refere-se a enorme quantidade de variáveis

ambientais de pouca significância envolvidos no sistema. Daí a necessidade de um

20

especialista conduzir o estudo, de forma a selecionar adequadamente os ecovetores

relevantes envolvidos na ACV.

Chehebe (1998) afirma que um grande volume de dados deverá ser coletado das

unidades de processo associadas aos locais de produção dentro dos limites do sistema.

Esses dados podem ser obtidos de diversas fontes, devendo ser organizados de forma a

permitir uma análise seletiva.

Segundo a norma ISO 14041, os grandes títulos sob quais dados podem ser

incluídos são:

- Energia, matérias-primas, materiais auxiliares, outras entradas físicas;

- Produtos;

- Emissões para o ar, emissões para a água, emissões para a terra, outras

emissões.

Dentro desses títulos, a norma ISO 14041 define que, as categorias individuais

podem ser posteriormente detalhadas para satisfazer os objetivos do estudo. Sob o

título emissões para o ar, por exemplo, categorias de dados tipo monóxido de

carbono, dióxido de carbono e óxidos de enxofre podem ser separadamente

identificadas.

De acordo com Santos (2006) os dados ambientais do inventário são

agrupados para cada etapa envolvida ao longo do ciclo de vida do produto,

identificando, desta forma, a análise da completa carga ambiental associada ao

produto.

Os resultados da fase de inventário são apresentados em tabelas para realização

da próxima fase, a avaliação do impacto. As quantidades de material e energia de cada

ciclo da tabela são provenientes do inventário detalhado de cada etapa que compõe o

ciclo [RIBEIRO, 200-].

3.5.3. Avaliação dos Impactos Ambientais

A avaliação de impacto, segundo Chehebe (1998), é uma etapa da ACV que

procura identificar, caracterizar e avaliar, quantitativa e qualitativamente, impactos

potenciais das intervenções ambientais identificadas na etapa de análise do

inventário.

A norma ISO 14042 define o objetivo de uma Avaliação de Impacto do Ciclo de

Vida (AICV) como sendo o de examinar o sistema de produção sob uma perspectiva

21

ambiental usando categorias de impactos e indicadores de categorias conectados com os

resultados do inventário.

Segundo a ISO 14042 os itens que devem constituir a AICV são:

1) Seleção de categorias de impactos, indicadores de categorias e modelos de

caracterização;

2) Relacionar os resultados do ICV à categoria de impactos;

3) Cálculo de indicadores de categorias resultantes.

Em termos de estrutura, segundo a norma ISO 14042, a AICV é composta por

duas classes de elementos: obrigatórios, e opcionais. Os elementos obrigatórios referem-

se aos procedimentos de classificação e caracterização de aspectos ambientais, enquanto

que os elementos opcionais tratam-se da normalização, agrupamento e valoração destes

aspectos (figura 4).

Normalização

Agrupamento

Valoração (Ponderação)

Atribuição dos resultados do ICV a cada categoria de impacto (CLASSIFICAÇÃO)

Cálculo dos valores de cada indicador de categoria (CARACTERIZAÇÃO)

ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS

Seleção de categorias de impacto e de indicadores de categoria

ELEMENTOS OPCIONAIS

DEFINIÇÃO DO PERFIL DE IMPACTO

Análise qualitativa dos dados

Figura 4: Elementos da fase de AICV (ISO 14042, 2000).

A fase da avaliação de impactos, a qual consistem as fases de classificação,

caracterização e normalização (opcionalmente), objetiva converter o inventário do

22

produto estudado em efeitos ambientais potenciais (SANTOS, 2006). Esta fase inicia-se

pela etapa de classificação com o objetivo de atribuir, a cada uma das categorias

selecionadas e identificadas, os dados correspondentes do inventário.

Na avaliação de impacto os dados são estruturados, examinados, condensados

e simplificados de forma a permitir sua análise por parte dos tomadores de decisão.

Para coleta de dados, Chehebe (1998) frisa ser necessário além de fluxogramas bem

feitos, formulários padronizados devem ser cuidadosamente elaborados para facilitar a

tarefa de coleta de dados. Nesta etapa todas as entradas e saídas do inventário que

contribuem para causar impacto sobre o meio ambiente são classificadas e

caracterizadas de acordo com o tipo de problema para o qual elas contribuem.

A ISO 14042 descreve os elementos obrigatórios da seguinte forma:

- Seleção e Definição dos Indicadores e Categorias de Impacto

Nesta etapa realiza-se a identificação das categorias de impactos, indicadores

ambientais, modelos de caracterização e associação dos resultados do ICV. Dependendo da

metodologia de avaliação selecionada, poderão ser empregados em uma ACV tanto

indicadores intermediários de impacto, conhecidos como midpoints, quanto indicadores

finais: endpoints.

Kulay (2004) explica que os indicadores de midpoint procedem à avaliação de

impactos valendo-se de indicadores relativos, restringindo-se em sua grande maioria aos

efeitos primários provocados pela disposição (ou consumo) de determinado aspecto

ambiental no meio ambiente. São exemplos desses indicadores os potenciais de:

aquecimento global, toxicidade humana, ecotoxicidade aquática e terrestre, depleção de

recursos naturais (materiais e energéticos), diminuição de camada de ozônio, acidificação,

eutrofização (ou nutrificação) entre outros.

Os indicadores do tipo endpoints, segundo o mesmo autor, concentram-se por sua

vez na avaliação dos efeitos finais provocados por determinado aspecto ambiental. A

norma ISO 14042 cita como exemplo, a categoria de mudança climática que representa

emissões dos gases do efeito estufa (resultado do ICV), utilizando radiação infravermelha

como indicador ambiental. Para este caso, Chehebe (1998) exemplifica a ordem dos

enpoints:

- Efeito de 1º ordem: perturbação no balanço da radiação;

- Efeito de 2º ordem: aumento da temperatura global;

- Efeito de 3º ordem: derretimento das camadas de gelo;

23

- Efeito de 4º ordem: elevação do nível dos oceanos como resultado do

derretimento das camadas de gelo;

As categorias de impacto, em geral, são estabelecidas com base no conhecimento

cientifico e nos mecanismos ambientais referentes. Como isso nem sempre é possível,

admite-se que, em alguns casos específicos, o julgamento de valores possa substituir parte

do conhecimento científico (CHEHEBE, 1998).

De acordo com Santos (2006) há um consenso de que as categorias de impacto

sejam definidas em três tipos de problemas ambientais: Consumo de recursos; Impacto à

saúde humana; Impactos ecológicos.

As categorias de impactos ambientais normalmente utilizados em sistemas de

Avaliação de Impactos do Ciclo de Vida (CHEHEBE, 1998) são:

• Depleção abiótica: refere-se ao consumo dos recursos naturais não bióticos que

são utilizados como insumos no ciclo de vida do produto. Chehebe (1998)

destaca dentre eles, a extração de combustíveis fósseis e minérios. Suppen &

Abitia [200-] afirmam que as propostas de cálculos para esta categoria, somente

consideram a extração dos recursos e os impactos associados às atividades

relacionadas com a extração Segundo Santos (2006), esta categoria utiliza

algoritmos relacionando a reserva do recurso natural com o seu uso. Chehebe

(1998) explica que o resultado desta categoria é medida em relação à oferta

global do recurso;

• Aquecimento global: o aumento da radiação térmica junto a superfície do globo

eleva sua temperatura, podendo trazer desequilíbrios ecológicos como o degelo

das calotas polares e consequentemente, a diminuição da área ocupada do

planeta (Kulay, 2000). Este aumento de temperatura provém principalmente da

crescente quantidade de CO2, N2O, CH4, aerossóis e outros gases na atmosfera

terrestre, os quais impedem a dispersão dos raios solares que atingem o planeta.

Os fatores de conversão para transformação dos gases do efeito estufa em CO2

equivalente são denominados Potenciais de Aquecimento Global (PAG). O

potencial de determinada substância é a taxa entre a contribuição à absorção do

calor irradiado resultante da emissão instantânea de 1 kg de um gás de efeito

24

estufa e uma emissão igual de CO2 integrado em um dado tempo (SANTOS,

2006);

• Depleção da camada de ozônio: a exaustão da camada de ozônio conduz a um

crescimento na quantidade de raios ultravioletas que atingem a superfície da

Terra, o que pode resultar no aumento de doenças, bem como danos a diversos

tipos de materiais e interferências no ecossistema (CHEHEBE, 1998). Kulay

(2000) explica que o uso de aerossóis a base haletos orgânicos como o

clorofluorcarbono (CFC-11) e seus derivados sãos os principais agentes de

depleção da camada de ozônio. Lindfors e outros (1995) acreditam que esta

categoria de impacto será menos importante no futuro, devido à diminuição da

emissão dos compostos clorofluorcarbonos e halons. O modelo de caracterização

utilizado para medir impactos dessa natureza foi desenvolvido pela Organização

Meteorológica Mundial (WMO) e define o Potencial de Depleção de Camada de

Ozónio (PDCO) para os mais diferentes gases em termos de kg CFC-11

equivalente/kg emissão. O escopo geográfico do PDCO é mundial e seu horizonte

temporal é infinito (KULAY, 2004);

• Toxicidade humana: a exposição do ser humano a substâncias tóxicas através do

ar. da água ou do solo, principalmente por intermédio da cadeia alimentar, pode

causar problemas à saúde humana (CHEHEBE, 1998). Os fatores que

caracterizam a toxicidade humana, descritos como Potencial de Toxicidade

Humana (PTH), são calculados por meio de modelos do tipo dose-resposta,

cujos horizontes temporais serão normalmente infinitos (KULAY, 2004). O valor

de PTH para uma dada substância, segundo Chehebe (1998) é medido como a

massa do corpo humano que estaria exposta ao limite toxicológico aceitável por 1

kg de substância. Kulay (2004) afirma que o escopo geográfico do efeito em

questão é determinado, em síntese, pela capacidade de dispersão da substância,

podendo, portanto, variar de local a global;

• Ecotoxicidade: a exposição da fauna e da flora a substâncias tóxicas pode trazer

conseqüências irreversíveis, entre as quais o desbalanceamento da cadeia

alimentar, que poderá resultar inclusive na extinção de espécies. A ecotoxicidade

pode ser aquática ou terrestre (Kulay, 2000). Segundo Kulay (2004), o Potencial

25

de Ecotoxicidade Aquática (PEa) poderá ser calculado também com base em um

modelo de dose-resposta, por meio do qual se podem estimar os efeitos causados

por substâncias tóxicas aos meios em questão, para um horizonte de tempo infinito.

Chehebe (1998) explica que os resultados do (PEa) referem-se ao volume de água

poluída a um nível crítico por kg de substância, enquanto que os resultados do

Potencial de Ecotoxicidade Terrestre (PEt) referem-se à massa de solo poluída a

um nível crítico por kg de substância. Tais indicadores podem ser aplicados às

escalas local, regional, continental e mesmo à escala global (KULAY, 2004);

• Acidificação: a deposição ácida no solo ou na água - resultante da emissão de

óxidos de nitrogênio e enxofre para a atmosfera - pode alterar o teor de acidez

desses meios, trazendo assim efeitos tanto para a fauna quanto para a flora.

Segundo Santos (2006), as emissões de dióxido de enxofre e óxidos de

nitrogênio são transformadas na atmosfera, por onde podem percorrer milhares

de kilômetros até se depositarem como chuva ácida, neve, poeira ou gás. Os

Potenciais de Acidificação (PAc) de emissões atmosféricas são calculados por um

modelo de dispersão, o qual descreve não apenas os mecanismos de dispersão das

substâncias enquadradas nessa categoria, mas também, a forma como ocorre sua

deposição. Os PAc são expressos em kg de SO2 equivalentes/ kg emissão, seu

horizonte temporal é infinito e a escala geográfica varia entre local e continental.

• Oxidação fotoquímica: a reação entre o óxido de nitrogênio e substâncias

voláteis sob a ação de raios ultravioleta provoca a formação de oxidantes

fotoquímicos. Esses últimos causam nevoeiros que entre outros efeitos, podem

levar a diminuição da atividade biológica fotossintética de vegetais por redução

da taxa de luminescência solar (KULAY, 2000). Os fatores de conversão para

transformação dos compostos transformadores de oxidantes fotoquímicos em

etileno equivalentes são denominados de Potencial de Formação de Oxidantes

Fotoquímicos (PFOF). O PFOF é a taxa entre a mudança na concentração do

ozônio devido a uma emissão de um composto orgânico volátil e a mudança na

concentração de ozônio devido à emissão de etileno (SANTOS, 2006);

• Eutrofização (ou nutrificação): a adição de nutrientes à água ou ao solo aumenta

a produção de biomassa nesse meio. Dessa forma há uma diminuição da taxa de

26

oxigênio livre, o que afeta outros organismos vivos como os peixes. Tanto no

solo quanto na água, a eutrofização pode levar à alterações indesejáveis no

número de espécie no ecossistema, e, portanto a problemas relativos à

biodiversidade (CHEHEBE, 1998). De acordo com Kulay (2004), o

estabelecimento do chamado Potencial de Eutrofização (PEn) baseia-se em um

procedimento estequiométrico proposto por Heijungs (1992), cujos resultados

são expressos em kgPO4 equivalentes/ kg emissão. Apesar de Chehebe (1998)

também citar a medida em relação ao efeito de 1 kg de fosfato, Santos (2006)

demonstra que o PEn também pode expressar os resultados em kgNO3

equivalentes/ kg emissão. Esta dubiedade entre a unidade de equivalência da

categoria de eutrofização é perfeitamente compreensível, uma vez que os

principais elementos causadores da eutrofização são o fósforo e o nitrogênio.

• Radiação radioativa: caracteriza a emissão de radiações ionizantes, que segundo

Cesana (2006) podem ser de três tipos: núcleos de hélio (partículas alfa);

elétrons (partículas beta) e radiação eletromagnética (radiação gama). Elevada

energia de radiação pode ser resultado direto da presença de materiais

radioativos em produtos ou resíduos (SETAC, 1993). Tal radiação pode resultar

no aumento de doenças graves, bem como danos a diversos tipos de ecossistema.

Os resultados do Potencial de Radiação Radioativa São expressos em DALY -

“Disability Adjusted Life Years”, anos de incapacidade e de vida perdidos.

Existem ainda diversos impactos ambientais passíveis de serem considerados nos

estudos de ACV, como por exemplo, exaustão de recursos hídricos, redução de espaço

físico, poluição sonora ou odor. Esses impactos precisam, entretanto, ser ainda melhor

avaliado em termos de mecanismos ambientais (KULAY, 2000).

Para a caracterização dos impactos ambientais é necessária a existência de uma

matriz de conversão que é responsável pela transformação das intervenções em

impactos ambientais, num processo que se denomina de classificação/ caracterização

(CALDEIRA-PIRES, RABELO E XAVIER, 2002).

- Classificação

Após a definição dos impactos ambientais que serão considerados no estudo,

passa-se então ao processo de classificação que consiste em organizar os aspectos

27

ambientais pelos impactos a eles associados. Chehebe (1998) explica que na medida do

possível a classificação deve ser completa, independente, operacional, prática, devendo ser

claramente explicitadas as categorias levadas em consideração. Entretanto, segundo o autor

em casos específicos, havendo motivos relevantes, algumas categorias poderão ser deixadas

de lado. A definição das categorias do estudo deve estar nos processos ambientais

envolvidos, pois isto permite basear a análise de impacto em conhecimento científico

relacionado a estes processos (SETAC, 1993).

Nesta fase, todos os dados do ecobalanço, que contribuem com impacto

ambiental, são classificados de acordo com o tipo de problema para o qual elas

contribuem. Por exemplo: a atribuição do fosfato à categoria de nutrificação

(CHEHEBE, 1998). A norma ISO 14042 esclarece que os resultados do ecobalanço

podem se relacionar com mais de uma categoria de impacto, como por exemplo, o SO2

que pode ser relacionada tanto na categoria de saúde humana, quanto de acidificação.

Devido a isto, Ribeiro (2003), afirma que devem ser tomados cuidados com o modo de

realizar a classificação, a fim de se evitar equívocos.

Para um melhor entendimento, Chehebe (1998) exemplifica a cadeia do efeito

estufa. Se na etapa de seleção tiver sido escolhido o aquecimento global como uma de

suas categorias do estudo, deve-se então na classificação atribuir os dados do

ecobalanço relativo aos gases de CH4, CO2, CO, N2O e NOx a essa categoria. Pois,

segundo o autor, o mecanismo básico de suas ações consiste em aprisionar as radiações

infravermelhas conduzindo a uma elevação da temperatura do planeta.

Desse modo, a fase de classificação estabelece a correspondência entre um

conjunto de intervenções ambientais listadas no inventário e um conjunto de categorias

ambientais. Essa correspondência é efetuada através da atribuição de pesos que

ponderam a contribuição das diversas intervenções ambientais em cada categoria de

impactos ambientais, mas não estabelece qualquer relação entre estes (CALDEIRA-

PIRES, RABELO E XAVIER, 2002).

- Caracterização

A caracterização consiste na quantificação da classificação, ou seja, na

determinação numérica de qual é a contribuição de cada aspecto a cada categoria de

impacto (CONSOLI e outros, 1993 APUD RIBEIRO, 2003). Este procedimento,

segundo a norma ISO 14042, é feito por meio da conversão dos resultados do ICV em

28

unidades comuns e posterior agregação de resultados, dentro de cada categoria de

impacto.

Esta fase, de acordo com Santos (2006), promove a definição de fatores de

equivalência a cada entrada e saída culminando na identificação do impacto potencial

associado ao produto. Os fatores de caracterização são utilizados para calcular os efeitos

diretos do composto original emitido. Podem existir efeitos indiretos tanto positivos

quanto negativos quando os compostos individuais reagem quimicamente no meio

ambiente.

Segundo Chehebe (1998), vários modelos ambientais têm sido desenvolvidos

para determinar a equivalência destes fatores, que indicam quanto uma determinada

substância contribui para um determinado problema ambiental comparado a uma

substância de referência. Após terem sido aplicados os respectivos fatores de

equivalência a cada um dos aspectos ambientais, essas quantidades podem então ser

somadas para totalizar o valor do Indicador. O conjunto de Indicadores de impacto

representa o Perfil Ambiental do sistema em estudo.

Ao final da Caracterização obtém-se um valor total de contribuição daquele

ciclo de vida para cada categoria de impacto. Este resultado muitas vezes já é o

suficiente para os propósitos da ACV, uma vez que permite conhecer, dentro das

hipóteses admitidas, as contribuições do ciclo de vida do produto para as categorias de

impacto (RIBEIRO, 2003).

Em muitos casos, os diferentes Indicadores de impacto definidos pela

caracterização são difíceis de serem interpretados por apresentarem unidades diferentes.

Para contornar essa dificuldade, é possível utilizar um recurso denominado

normalização.

Em relação aos elementos opcionais, a ISO 14042 os descreve da seguinte

forma:

- Normalização

Após a caracterização são delimitadas as categorias de impacto ambientais, que

são normalizadas a fim de aumentar o fator de comparação entre as diferentes categorias

de impacto e obtendo-se, desta forma, uma mensuração dos impactos gerados por cada

categoria. A normalização é um processo que permite a conversão de todos os

29

Indicadores de impacto a uma única base de referência, a fim de que esses possam

então ser comparados (ver figura 5).

De acordo com Chehebe (1998), a normalização é feita dividindo-se os

valores dos parâmetros pela referência escolhida. Se tal expressão tornar-se muito

grande com o crescimento dos parâmetros (como no caso de expressões econômicas),

o valor recíproco deve ser usado como valor de referência. Se a expressão tornar-se

muito pequena, as expressões podem ser utilizadas diretamente ou ter suas unidades

alteradas.

Kulay (2000) explica que a normalização é feita em duas etapas. Na primeira,

todos os aspectos ambientais levantados para uma unidade de processo são convertidos

para uma base de cálculo comum à própria unidade. Finalmente, a normalização da

unidade de processo acontece, dividindo-se todas as demais correntes relacionadas à

unidade de processo por essa base comum.

Após a normalização dos aspectos ambientais a base de cálculo da unidade de

processo, pode então ser construída a Tabela Bruta de Valores, que lista todos aspectos

ambientais relevantes para o estudo, em suas respectivas unidades de processo.

Na segunda fase, segundo Kulay (2000), são calculados os chamados fatores de

ajuste à unidade funcional, dividindo-se as bases de cálculo de cada unidade de processo

por essa última. Os fatores de ajuste são então multiplicados pêlos valores das correntes

já normalizadas para cada unidade de processo.

Chehebe (1998) afirma que a etapa de normalização pode, por exemplo,

relacionar a poluição causada por uma determinada substância à poluição total em um

ano, ou seja, se um processo emite l tonelada de poluição, e a emissão global de todas

as fontes para o mesmo item de poluição é um milhão de toneladas em um ano, o

impacto ambiental do processo sobre esse problema é equivalente a um milionésimo

de um ano (lx10-6 anos, ou em unidades mais fáceis de entender, 31,54 segundos).

A fim de se organizar as categorias de impacto é que se pode realizar o

agrupamento. Segundo Caldeira-Pires (2007), esta é uma etapa da análise de impacto

em que as categorias de impacto estão agregadas em mais de um grupo definido na fase

do objetivo e abrangência. Caldeira-Pires (2007) explica ainda que esta etapa pode se

apresentar como uma hierarquização e uma classificação. A hierarquia é o método de

agregação pelo qual as categorias de impacto são classificadas seguindo sua importancia

(por exemplo: alta, média, e baixa prioridade), aplicando escolha de valores. Enquanto a

classificação é o método de agregação pelo qual as categorias de impacto são

30

distribuídas em bases nominais, por exemplo, por características tais como emissões e

uso de recursos, ou escalas espaciais global, regional e local.

De acordo com Kulay (2004), assim como no caso da normalização, o

agrupamento é também um recurso bastante útil em processo de tomada de decisão que

sejam decorrentes da realização de estudos de ACV. Apesar desta consideração,

Caldeira-Pires (2007) ressalta que existem poucos estudos na operacionalização desta

etapa.

Após ter sido normalizado, o Perfil Ambiental do sistema poderá, por

exemplo, ser útil para a hierarquização de ações de melhoria de desempenho

ambiental, atividade esta, inerente ao processo de tomada de decisão.

A avaliação constitui a última fase da análise de impacto ambiental associada a

uma ACV, onde são alcançados os indicadores ambientais. A figura 5 ilustra a interação

entre as fases da avaliação do impacto do ciclo de vida de um produto.

Intervenções Ambientais

Categorias de Impactos Ambientais

Impactos por Categorias

Indicador Ambiental

Classificação/Caracterização

Normalização Avaliação

CO2

CFC's

CH4

NOx

SO2

Efeito estufa

Diminuição da Camada de Ozônio

Acidificação

% do efeitoglobal

% do efeitoglobal

% do efeitoglobal

DesempenhoAmbiental

Figura 5: Etapas da Avaliação de Impacto de Ciclo de Vida (CALDEIRA-PIRES, RABELO E XAVIER,

2002).

Benjamin (2002) entende que ao se usar fatores de caracterização científica uma

Avaliação de Impactos pode calcular o impacto que cada emissão tem sobre o meio

ambiente em problemas como smog ou aquecimento global.

Com os indicadores ambientais definidos, as decisões sobre as ações para

minimização de impacto ambiental de um produto ou serviço tornam-se exeqüível.

31

Chehebe (1998) explica que a base para a atribuição de valores é o perfil

ambiental do sistema estudado. O índice ambiental é formado atribuindo-se pesos a

cada problema ambiental em termos de sua importância, somando-se, após isso, os

resultados ponderados. O fator de ponderação difere de país para país (ou dentro do

próprio país), em função das diferenças nas condições locais. O ponto de vista político

também afeta o processo de ponderação, como um resultado, por exemplo, de

diferentes opiniões sobre a importância relativa de problemas locais.

Segundo Ribeiro [200-] o impacto é avaliado por meio da utilização de fatores

de impacto e fatores de peso, mas esta aproximação gera controvérsias por não

considerar as condições locais onde ocorre a emissão. Por isso, de acordo com Chehebe

(1998), a fase de atribuição de valores tem sido altamente criticada devido a seu

caráter subjetivo. Segundo o mesmo, é verifica-se uma clara distinção entre a fase de

caracterização e essa fase.

- Ponderação

De acordo com Kulay (2004), consiste na atribuição de pesos às categorias de

impacto que formam o Perfil Ambiental do produto, segundo seu grau de importância.

Soma-se após isso, os resultados ponderados. Chehebe (1998) afirma que o fator de

ponderação difere de país para país, em função tanto de diferenças das condições locais

como do ponto de vista político (devido a diferentes opiniões sobre a importância relativa

de problemas locais). Caldeira-Pires (2007) explica que a ponderação é baseada na

escolha de valores, como por exemplo: valores monetários, padrões, júri de

especialistas etc.

Não há um consenso sobre qual método a ser utilizado. Daí, Chehebe (1998)

afirmar o caráter subjetivo da fase de atribuição de pesos. Apesar desta subjetividade, a

norma ISO 14042 afirma que a aplicação e uso dos métodos desta valoração devem ser

consistentes com o objetivo e escopo do estudo de ACV, além de ser totalmente

transparente. Esta norma ressalta ainda outro ponto importante; no estudo de ACV pode

ser desejável o uso de vários e diferentes fatores de definição de pesos, métodos de

valoração, e conduta da análise de sensibilidade para alcançar as conseqüências dos

resultados da ACV.

32

-Agrupamento:

Nada mais é do que uma reordenação da apresentação das categorias de impacto

(RIBEIRO, 2003; KULAY, 2004). De acordo a norma ISO 14042, existem duas

possibilidades de realizar este processo:

- Selecionar as categorias de uma base comum, por exemplo, de características

tais quais emissões e recursos ou regional/ global e escala espacial local;

- Organizar as categorias de impacto, segundo o critério não numérico da

ordem de importância (ex: alta, média e baixa importância).

A norma ISO 14042 afirma que a aplicação e uso dos métodos de agrupamento

devem ser consistentes com o objetivo e escopo do estudo de ACV, de forma

absolutamente transparente. Esta norma ressalta que diferentes indivíduos, organizações, e

sociedades podem ter diferentes preferências, por isso é possível que as distintas partes

alcancem diferentes resultados se baseado no mesmo resultado de indicador (normalizado

ou não).

-Análise Qualitativa dos Dados

Técnicas adicionais e informação podem ser necessárias para melhorar o

entendimento da significância, incerteza e sensibilidade dos resultados da ACV a fim de

(ISO 14042, 2000):

- Ajudar na identificação de diferenças significativas dentro da ACV;

- Remover negligências nos resultados do ICV;

- Guiar a iteratividade do processo de AICV.

A necessidade para escolha das técnicas depende da precisão e detalhe

necessários para cumprir os objetivos e escopo do estudo da ACV. A norma ISO 14042

propõe as seguintes técnicas para cumprimento desta fase:

- Análise de seriedade: (ex: análise Pareto) é um procedimento estatístico o

qual identifica os dados de maior influência para o resultado do indicador;

- Análise de incertezas: descreve a variabilidade estatística no grupo de dados

a fim de determinar se os resultados do indicador provenientes da mesma

categoria de impacto são significantemente diferentes entre eles;

33

- Análise de sensibilidade: mede a extensão de quais mudanças, por exemplo,

nos resultados de ICV, influenciam os resultados do indicador.

3.5.4. Interpretação dos resultados

É na fase de interpretação que cada uma das etapas anteriores, com seus

respectivos aspectos ambientais, são contabilizadas e comparadas. Nesta fase, segundo

Chehebe (1998), deve-se: analisar os resultados obtidos nas fases anteriores, tirar

conclusões compatíveis com os objetivos estabelecidos, explicar as limitações do estudo

e identificar as oportunidades de melhoria de acordo com o objetivo.

Segundo a norma ISO 14043, as características-chave da Interpretação do Ciclo

de Vida são:

- O uso de um procedimento sistemático para identificar, qualificar, checar,

avaliar e apresentar resultados baseados nas conclusões de toda a ACV ou

apenas de indicadores do ciclo de vida atendendo aos requisitos definidos no

objetivo e escopo do estudo;

- O uso de um procedimento iterativo, fazendo interpretações a partir das

demais fases da ACV;

- A previsão de links entre a ACV e outras técnicas de gestão ambiental

enfatizando os pontos fortes e as limitações do estudo.

Para Chehebe (1998) e Curran (1999) a fase de interpretação de uma ACV

compreende as três etapas seguintes:

1) Identificação das questões ambientais mais significativas baseadas nos

resultados da análise do inventário e/ou ACV;

2) Avaliação - que pode incluir elementos tais como a checagem da integridade,

sensibilidade e consistência;

3) Conclusões, recomendações e relatórios sobre as questões ambientais

significativas.

A norma ISO 14043 apresenta esquematicamente as relações dos elementos

dentro da fase de interpretação com as outras fases da ACV, conforme ilustrado na

figura 6.

34

Análise de

Inventário

Definição de Objetivos e

Escopo

Avaliação de

Impactos

Identificação de assuntos significativos

Avaliação por:- Checagem de Integridade- Checagem de Sensibilidade- Checagem de Consistência- Outros tipos de Checagem

Interpretação

- Conclusões- Recomendações- Relatórios

Estrutura de uma ACV

Figura 6: Elementos da fase de Interpretação dentro da ACV (ISO 14043, 2000).

O processo de identificação deve ser realizado levando-se em consideração os

objetivos e o escopo do estudo, de forma iterativa com a etapa de avaliação. O

objetivo do processo de avaliação é fazer uma síntese do estudo basea do nas fases

anteriores da ACV e nos dados estruturados na primeira etapa da interpretação.

Após a elaboração da ACV completa, todo o material deve ser integralizado

dentro de um relatório compreensível do estudo, de forma clara e organizada. Isto,

segundo Benjamin (2002), irá ajudar a se comunicar os resultados do estudo de forma

confiável, completa e precisa aos outros interessados nos resultados. O referido relatório,

segundo a autora, deverá apresentar o resultado, dados, métodos, hipóteses e limitações em

detalhe suficiente para permitir ao leitor compreender as complexidades e as inter-

relações inerentes do estudo de ACV.

De acordo com a norma ISO 14043 existem três elementos básicos na

interpretação:

- Identificação dos temas de relevância;

- Avaliações;

- Conclusões, recomendações e relatório.

Uma vez que os resultados do inventário do ciclo de vida (ICV) e da avaliação

do impacto do ciclo de vida (AICV) corroboram com a meta e escopo do estudo, deve-

35

se proceder à identificação dos pontos mais relevantes do estudo. Segundo a norma ISO

14043 a identificação de temas de relevância pode ser:

Aspectos do inventário ou suas categorias como energia, emissões,

resíduos, etc.);

Categorias de impacto;

Contribuições essenciais dos estágios do ciclo de vida do produto, como

operações unitárias de processos ou grupo de processos como transporte,

produção de energia.

Ribeiro (2003) ressalta que existem diversas técnicas para esta identificação, e

os procedimentos a serem seguidos variam de caso a caso.

Segue-se à identificação de temas relevantes, uma avaliação por meio da qual

será determinada a confiabilidade dos resultados obtidos, devendo ser apresentada ao

cliente de forma clara e compreensível. Para tanto a norma ISO 14043 recomenda que

sejam considerados os seguintes elementos:

Análise de integridade: Tem como objetivo verificar se todas as

informações relevantes e dados necessários estão disponíveis e

completos (RIBEIRO, 2003). Chehebe (1998) adverte que ao haver uma

informação relevante incompleta ou não disponível devem ser tecidas

considerações sobre tal fato, devendo ser realizada uma revisão na

análise do inventário e na avaliação de impacto, ou quando necessário

um ajuste nos objetivos e escopo do estudo.

Análise de sensibilidade: Tem como objetivo descobrir, e em que

extensão, pequenas mudanças nos dados influenciam o resultado final

(CHEHEBE, 1998). Segundo Kulay (2004), este avaliação deve levar em

conta as hipóteses e simplificações feitas na etapa de definições, as

análises de sensibilidade e incerteza já realizadas nas etapas de ICV e

AICV e também a opinião de especialistas na área e experiências

anteriores. Santos (2006) afirma que o uso de sensibilidade deve ser uma

parte integrada da construção da árvore de processo, da descrição dos

processos e da elaboração do inventário;

36

Análise de consistência: Visa o estabelecimento de um determinado grau

de confiança para os resultados do estudo, de acordo com seu objetivo

geral (CHEHEBE, 1998). Verifica-se, por exemplo, as diferenças de

qualidade de dados entre as diferentes etapas do ciclo de vida, se houve

consideração de variações temporais/espaciais, se a aplicação de

alocação e estabelecimento de fronteiras foi adequada, se os elementos

da avaliação de impacto estão de acordo com o estabelecido ao início, etc

(RIBEIRO, 2003).

Os dois elementos seguintes da etapa de uma interpretação de uma ACV

consistem do estabelecimento das conclusões e recomendações, bem como elaboração

final do estudo (KULAY, 2004). A norma ISO 14043 define o atendimento destes

requisitos é realizado seguindo as seguintes recomendações:

Conclusões: Segundo a norma ISO 14043, devem ser estabelecidas de

modo iterativo com outros elementos da etapa de interpretação,

considerando sempre a seqüência lógica;

Recomendações: Sempre que apropriado à meta e escopo estabelecidos,

devem ser feitas recomendações aos tomadores de decisão que irão

utilizar os resultados da ACV (RIBEIRO, 2003). De acordo com a ISO

14.043, as recomendações devem ser justificadas e baseadas nas

conclusões de modo a refletir as conseqüências lógicas e razoáveis

destas;

Relatório: Uma vez que já se tenha considerado o estudo terminado, seus

resultados devem ser relatados ao público alvo (RIBEIRO, 2003). De

acordo com Chehebe (1998), o tipo e o formato deste relatório devem ser

definidos na fase de escopo do estudo. , embora a norma ISO 14.040

(ISO, 1997) relacione alguns itens fundamentais.

Ribeiro (2003) ressalta, à título de observação final, que a norma ISO 14.040

ainda requer, após o término do estudo a condução de uma avaliação, denominada de

Análise Crítica, que deve verificar o atendimento da norma pelo estudo quanto à

metodologia, dados e relatório. Tanto o realizador do estudo como o modo de condução

37

do mesmo devem ser definidos a priori, e a referida norma traz considerações a respeito

dos objetivos, necessidades, processo e responsáveis por este procedimento.

3.6. Softwares de Avaliação de Ciclo de Vida

Em anos recentes, a ACV tem sido aceita como uma ferramenta para

múltiplos usos, tais como a rotulagem ambiental, a melhoria ambiental do produto, a

concepção do projeto ambiental do produto, a avaliação ambiental de processos e a

definição de políticas ambientais (VIGON & JENSEN,1995; MENKE e outros,

1996).Em conseqüência disto, segundo Vigon & Jensen (1995), foram desenvolvidos

softwares e bancos de dados para se conduzir ACV de forma ágil e adequada. Vários

destes softwares e bancos de dados estão disponíveis para licença ou aquisição.

Benjamin (2002) acredita que a condução de uma ACV seria praticamente

inviável sem o apoio dos recursos da informática. Este apoio faz-se necessário nas

diferentes etapas da metodologia e com diferentes finalidades. É fácil perceber que a

utilização de um software de apoio seria conveniente e de grande valia para a

execução das diversas etapas do processo de análise de ciclo de vida de um produto.

A primeira é a etapa do inventário, onde o número de informações é muito extenso e

o tratamento complexo, uma vez que os dados devem ser transformados para a base

de cálculo escolhida, e posteriormente fazer o tratamento matemático especifico para

transformar em emissões equivalentes de algum aspecto potencial de poluição,

identificando desta forma o impacto ambiental equivalente (avaliação de impactos).

Benjamin (2002) afirma que a utilização de uma biblioteca compatível (banco

de dados) como fonte de referência e classificação, e que possua a capacidade de

adaptar as informações para as condições dos processos analisados através de um

pacote matemático adequado, minimize o tempo exigido para esta etapa de vital

importância para a qualidade do estudo.

Os tratamentos dos aspectos associados aos impactos também podem ser

viabilizados por softwares que transformam a magnitude de cada par aspecto/impacto

e montam uma comparação levando todos a uma mesma variável e assim justificando

urna análise comparativa de influência e porte. Desta forma, Benjamin (2002) afirma

que a utilização de softwares é fundamental na interpretação de resultados, pois o

mesmo facilita o refino das informações, deixando que o pesquisador possa ocupar-se

com as conclusões e conseqüentes recomendações para a montagem de um plano de

ação de acordo com os objetivos a que se propõe o estudo.

38

Benjamin (2002) verificou em sua pesquisa que nas etapas do inventário e

avaliação de aspectos, o pacote matemático e a biblioteca são fundamentais, isto é,

quanto mais completos e diversificados forem, maior será a abrangência de utilização

do mesmo software de apoio com relação a diferentes escopos e metas. Entretanto,

segundo a autora, é fundamental a possibilidade de inclusão de novos dados, alterando-

se assim o banco de dados inicial, pois dados colhidos e transformados diferem de país

para país, segundo grau de desenvolvimento, matriz energética, etc e seria interessante

que o software pudesse readaptar sua biblioteca para ser compatível com estes novos

dados de referência.

Até 1996 Menke e outros (1996) identificaram 37 softwares para análise do

ciclo de vida nos Estados Unidos e Europa (Anexo 1). Alguns softwares foram

desenvolvidos exclusivamente para indústrias específicas, e não estão disponíveis

comercialmente (SANTOS, 2006).

3.6.1. Gabi

O software Gabi (versão 4.0), utilizado no presente estudo, é desenvolvido pela

PE Europe GMBH, sendo um programa aplicável em plataforma Windows e não requer

conhecimento aprofundado em softwares. Além disso, o Gabi (versão 4.0) contém um

assistente que guiará o usuário passo por passo, não exigindo desta forma,

conhecimento de um expert na complexa modelagem de ACV.

O programa gera resultados para análise de ciclo de vida usando claras etapas

definidas, através da elaboração de modelagem simples e análises de produtos e

processos. O software é detalhado abaixo:

- Banco de dados

O banco de dados do Gabi inclui cerca de 800 fluxos diferentes de matéria e

energia, sendo cada fluxo pertencente a um grupo de fluxos o que permite ao usuário

desenvolver um sistema hierárquico (BENJAMIN, 2002).

O banco de dados contém informações dos parâmetros das fases de vida do

produto. O usuário especifica a fase (categoria, tipo), através da seleção do sumário de

parâmetros, pré-existentes no banco de dados do software, aplicados dentro da fase

analisada. Por exemplo: fosfatos pertencem ao grupo de matérias primas; um cabo de

cobre pertence ao grupo de composição e CO2 pertence ao grupo de emissões para o ar.

39

Dez tipos de processos genéricos, os quais contêm 400 processos industriais

específicos estão também incluídos no banco de dados. Os dez processos incluem

(BENJAMIN, 2002): Processos industriais; Transporte; Mineração; Plantas de energia;

Processos de transformação; Serviços; Limpeza; Manutenção; Recobrimento e;

Processos de redução de consumo.

Os fluxos estão contidos dentro destes processos; caixas de diálogo multi-

funcionais permitem ao usuário acrescentar e editar dados e comentários. Além dos

processos comuns provenientes de bibliografias atualizadas, o banco de dados possui

dados especiais provenientes de pesquisas desenvolvidas pelo fornecedor do software,

em cooperação com a indústria de diversos setores da indústria alemã.

- Interface com usuário:

O usuário desenvolve o sistema de produto para análise através de urna planilha

gráfica do Windows. A edição de dados e entradas desta janela é fornecida. Além disso,

conforme explicitado, o software oferece uma ajuda on-line, assim como a edição de

imagens e textos.

- Métodos para cálculos de Inventário:

O desenho modulado distingue seis áreas de trabalho: inventário (ex: fluxos);

cenários; métodos; balanços; avaliação e ferramentas gerais.

Um sistema é desenvolvido usando a planilha gráfica do programa. Sub-

processos do sistema podem ser desenvolvidos em planilhas separadas, salvas, e depois

combinadas no sistema. A conexão destas planilhas do software permite o fácil

deslocamento entre as camadas. Planilhas são desenvolvidas por simples arraste, tipo

industrial de caixa de ferramenta apresentadas na janela da planilha (Windows). Fluxos

entre sistemas industriais são criados através do desenho de uma linha entre eles.

Parâmetros de banco de dados podem ser vistos por qualquer tipo de planilha. O uso de

editor de texto e imagem permite ao usuário mudar planilhas e especificar dados de

processos (BENJAMIN, 2002).

O Gabi define a estrutura do produto do usuário de acordo com as informações

contidas na lista das partes do produto, através da inserção de pesos destas partes.

Então, o usuário, especifica as partes e componentes, do produto estudado, através de

escolha de material e escolha do processo de manufatura. Na etapa da especificação de

40

um produto baseado na sua composição material é feita a definição de produto através

de escolha de material (BENJAMIN, 2002).

O software realiza a definição da fase do fim de vida utilizando opções pré-

progamadas de restabelecimento e menus “Scroll-Down” [GABI, 200-].

- Métodos de cálculos para Avaliação de Impactos:

A área de avaliação do software permite o usuário definir os critérios de

avaliação. Monetário, técnico e análises ecológicas são possíveis. Pesos para os critérios

de valoração permitem ao usuário perceber preferências individuais (BENJAMIN,

2002).

A partir de algoritmos são feitas a integralização e compatibilização dos dados

do inventário, obtendo-se a avaliação dos mesmos. O método padrão para Avaliação de

Impacto é subdividido em cinco estágios; seleção dos campos críticos ecológicos;

classificação; determinação dos impactos correlatos, padronização, e avaliação

(BENJAMIN, 2002).

Campos ecológicos podem ser classificados usando índices estocados no banco

de dados (ex: consumo de recursos; degradações da camada de ozônio; liberação efetiva

de substâncias tóxicas, acidificação, etc)

- Apresentação dos Resultados :

O software define os resultados a serem apresentados de acordo com a escolha

do usuário. Estes resultados podem incluir: Nível de inventário; Avaliação de Impacto;

Resultados normalizados provenientes da Avaliação de Impacto; Balanços avaliados

[GABI, 200-].

Diversas folhas de balanço estão disponíveis dentro do software, incluindo

energia, e balanços avaliados. Exportar folhas de balanço para aplicativos do Excel é

possível.

Finalmente, os resultados são apresentados dentro de um relatório esquemático

mostrando tabelas e diagramas, cujas informações podem ser exportadas para o

Microsoft Word [GABI, 200-].

Benjamin (2002) adverte que ao se escolher um programa para uso, é importante

além de verificar o software em si, considerar a assistência técnica que será

disponibilizada pelo fornecedor, como updates de bancos de dados com frequência

41

regular e custo razoável, além de apoio para a fase de aprendizagem e dúvidas no

manuseio do aplicativo.

Segundo Benjamin (2002), o software GaBi, ao lado do Sima Pró e Team™,

estão entre os melhores softwares do mercado, no que diz respeito à análise de ciclo de

vida. Entretanto, a autora ressalta que não existe nada universalmente aceito para

requisitos óbvios que compõem a qualidade de um software, deixando claro que as

necessidades variam com cada usuário ou tomador de decisão, de acordo com suas

expectativas.

3.7. Nutrientes das plantas

Os nutrientes essenciais são requeridos pelas plantas em determinadas

quantidades, variáveis conforme a espécie e o estado de desenvolvimento. Esses

elementos encontram-se nos solos em diferentes combinações químicas, sendo só

algumas destas, passíveis de serem absorvidas pelas plantas.

Os nutrientes que são consumidos pelas plantas em elevadas quantidades são

designados macronutrientes. Estes macronutrientes são: fósforo, potássio, enxofre,

cálcio e magnésio, que por isso se designam por macronutrientes.

Entretanto as plantas também necessitam de pequenas quantidades de boro,

manganês, zinco, cobre, molibdênio, ferro e cloro, pelo que se designam estes por

micronutrientes ou oligoelementos.

Os nutrientes são necessários para a planta levar a cabo determinadas funções,

pelo que a carência e o excesso comprometerão o seu desenvolvimento, podendo

ocasionar a morte do vegetal.

Dentre os nutrientes o fósforo (P) é o nutriente que mais limita a produção

vegetal em regiões de solos tropicais s subtropicais (RAIJ, 1991 APUD RODRIGUES,

2006; NOVAIS & SMYTH, 1999). Padilha (2005) cita algumas funções importantes do

P, são elas:

- Faz parte dos compostos essenciais ao metabolismo vegetal, que participam

de fenômenos como respiração, fotossíntese e comunicação genética;

- Estimula o crescimento e formação de raízes;

- Auxilia na floração e na formação das sementes;

- Acelera a maturação;

- Favorece o desenvolvimento das bactérias do solo;

- Melhora o valor dos alimentos e forrageiras.

42

Devido à grande quantidade de sítios de adsorção, ricos em óxidos de Fe e Al,

além de Ph baixo, os solos tornam-se fortes drenos para o Anion fosfato, competindo

com a planta pelo nutriente (NOVAIS & SMYTH, 1999).

O fósforo presente no solo ocorre sob diferentes formas e o equilíbrio entre estas

está diretamente envolvido com a adição e remoção desse nutriente no sistema. Este

nutriente adicionado, via fertilizantes, transforma-se inicialmente em “P lábil” e com o

passar do tempo em “P não lábil”, tornando-se indisponível para as plantas.

O P presente no solo encontra-se sob três diferentes formas. A primeira, em

solução, predominantemente na forma de ácido fosfórico (H3PO4). A segunda, o P

encontra-se precipitado ou adsorvido aos colóides do solo, criando um equilíbrio

químico com a solução do solo (P-lábil). A terceira maneira, o P econtra-se fixado no

solo como compostos de baixa solubilidade (precipitado) ou adsorvido às partículas do

solo, estando indisponível para as plantas (P-não lábil) (LARSEN, 1967; RAIJ, 1991;

NOVAIS & SMYTH, 1999).

Rheinheimer & Anghinoni (2001) afirmam que as maiores concentrações de P

inorgânico encontram-se em formas moderadamente lábeis, independentemente do tipo

de solo, do método de preparo, da sucessão de cultura e da camada amostrada.

Entretanto, Rodrigues (2006) entende que a maior parte do P inorgânico, presente no

solo, encontra-se na forma de compostos insolúveis estáveis (não lábil) que podem

transformar-se, muito lentamente, em P-lábil. Alguns pesquisadores (Malavolta, 1981;

Lopes, 1983; Raij, 1991; Novais & Smyth, 1999) concordam que a concentração de

óxidos de Al e Fe, acidez e teor de argila são proporcionais ao processo de fixação do P

nos solos dos trópicos.

Além dos óxidos de Al e Fe, o CaO tem facilidade em reagir com o P

acarretando também em insolubilidade do P e consequentemente indisponibilidade para

as plantas. Segundo Muniz e outros (1985) o P também pode fazer parte de compostos

orgânicos, que através da mineralização, acrescenta fosfatos inorgânicos ao sistema. O

fósforo ocorre em teores proporcionais ao conteúdo da matéria orgânica (RODRIGUES,

2006).

Em geral, nos solos minerais o P orgânico compreende 20 à 25% do P total, pois

a maior parte do P encontra-se na forma inorgânica devida elevada capacidade de

fixação (MOREIRA & SIQUEIRA, 2002 apud RODRIGUES, 2006). Entretanto a

presença dos compostos orgânicos no solo é de grande importância. Pois devido a ação

bacteriana, a matéria orgânica tem a capacidade de formar complexos estáveis com o

43

Al, Ca e Fe, reduzindo a precipitação do P, aumentando assim a disponibilidade do P-

lábil para as plantas.

3.8. Fertilizantes fosfatados

O Brasil é um país situado na faixa intertropical, de clima úmido, solos ácidos e

mineralmente pobres dos nutrientes principais. Sanchez & Salinas (1981) afirmam que a

deficiência de P nos solos tropicais é intensa graças ao pH ácido e à presença de grandes

proporções de argila sesquioxídica, o que aumenta muito a adsorção de fosfatos e a

formação de precipitados com Fe e Al, reduzindo, conseqüentemente, a disponibilidade

de P para as plantas. Segundo Souza (2001), estas características geológicas

condicionam ao país a necessidade do emprego maciço de fertilizantes, não só dos

fosfatados, para repor as quantidades dos elementos vitais retirados do solo pelos

processos de intemperismos durante bilhões de anos.

Hoffland e outros (1989) apud Nahas; Fornaseieri; Assis (1994) afirmam que o

processo de solubilização do fósforo ocorre graças à produção de ácidos orgânicos tanto

pelas raízes das plantas, mas, principalmente, por microrganismos do solo que atuam

diretamente na dissolução do macronutriente ou pela ação quelante sobre os cátions

liberando fosfatos solúveis, além de suas necessidades, que podem ser aproveitados

pelas plantas.

Na produção de mudas, Souza (1983) apud Almeida [200-] relatou que os

materiais orgânicos utilizados nos substratos são escolhidos em função da

disponibilidade e das suas propriedades físicas. Assim, muitas vezes, substratos com

baixos teores de nutrientes são usados, tornando-se necessária a adição de fertilizantes

químicos. Além disso, Almeida [200-] afirma que, os materiais orgânicos apresentam

composição química variável, podendo apresentar excessos, carências e desequilíbrios

de nutrientes. Desta forma, o enriquecimento desses substratos, com fertilizantes

químicos, sem o devido conhecimento, pode acarretar problemas nutricionais às mudas

(NEVES e outros, 1990).

Bedin e outros (2003) afirmam que as características de solubilidade das fontes

de P são de grande importância em relação à sua eficiência: os fosfatos de maior

solubilidade (fertilizantes minerais), sendo mais prontamente disponíveis, favoreceriam

a absorção e o aproveitamento do nutriente, propiciando um desenvolvimento mais

rápido da planta. Entretanto, ainda segundo Bedin e outros (2003), essa rápida liberação

do P pode também favorecer o processo de adsorção e precipitação das formas solúveis

44

pelos componentes do solo, originando compostos fosfatados de baixa solubilidade e

indisponibilizando o nutriente para as plantas (figura 7).

Figura 7: Fixação do P por reações químicas (Adaptado de Folder - Instituto de Fosfatos Biológicos, 2006).

Kunishi e outros (1982) apud Rheinheimer & Anghinoni (2001) já tinham

observado que os fertilizantes fosfatados aplicados na superfície do solo sob Sistema de

Plantio Direto - SPD permaneciam por maior tempo como fosfatos de Ca, devido à

diminuição da adsorção com os colóides minerais. Essa fração tem sido considerada

não-lábil (BALLOELHO e outros, 1993; SCHMIDT e outros, 1996; SELLES e outros,

1997;GUO & YOST, 1998) APUD RHEINHEIMER & ANGHINONI (2001). Segundo

Rheinheimer & Anghinoni (2001) este comportamento reforça a hipótese de que

adições constantes de fertilizantes fosfatados na superfície do SPD aumentam muito o P

da solução do solo e pode ocorrer a neoformação de fosfatos de Ca de menor

solubilidade.

Tal colocação é observada no trabalho de Novais & Smyth, (1999), onde os

autores afirmam que os fertilizantes de menor reatividade (fertilizantes orgânicos), ao

SSP

45

disponibilizarem mais lentamente o P, minimizariam os processos de fixação e poderia

favorecer maior eficiência de utilização do nutriente pelas culturas (figura 8).

Figura 8: Ação de microorganismos formando complexos estáveis com o Al, Ca e Fe (Adaptado de Folder - Instituto de Fosfatos Biológicos, 2006).

Rodella & Alcarde (1994) afirmam que quando se utilizam, na agricultura,

fertilizantes orgânicos, pretende-se usufruir dos benefícios que os adubos minerais não

podem proporcionar, mas que também não são oferecidos indistintamente por qualquer

material orgânico. Uma das vantagens do fertilizante orgânico, segundo empresas do

ramo como Biorgan e IFB, é a fertilização eficaz, não poluente, maior poder de nutrição

e menor custo.

A preocupação associada ao P no ambiente é o seu efeito na eutrofização de

ecossistemas aquáticos, devido sua presença em excesso.Um procedimento interessante

para minimização dos impactos ambientais da agricultura, ao longo do ciclo de vida do

uso agrícola da terra é a utilização do procedimento de rotação de colheitas. Van Zeijts e

outros (1999) afirmam que a rotação de colheitas é importante não somente pelo fator

Fertilizante Orgânico

46

econômico, como contribui diretamente para a fertilidade natural do solo. Além disso, o

autor afirma que tal posicionamento propicia um controle natural de ervas daninhas.

Segundo Kulay (2000), para que o fósforo possa exercer seu papel no

crescimento de culturas, a estrutura do concentrado fosfático deve sofrer modificações

de forma que o leve a se tornar um composto solúvel na solução edáfica, também

conhecida por "solubilização do fósforo". Para tanto, foram desenvolvidas pela

indústria de fertilizantes fosfatados duas rotas de solubilização: rota térmica e rota

úmida (KULAY, 2004).

Kulay (2004) afirma que os processos que compõem a rota térmica valem-se, por

sua parte, de energia na forma de calor para transformar a estrutura da apatita (mineral

rico em fósforo). Kulay (2000) afirma que o Brasil produz apenas o Termofosfato

Magnesiano Fundido – FMP. Este é um produto obtido através da fusão de uma mistura

de rocha fosfática com materiais que sejam fontes de sílica e magnésio.

Segundo Cekinski (1990) processo de solubilização de rocha fosfática por via

térmica, consiste em calcinação ou fusão, e tem por objetivo destruir a estrutura da

apatita, convertendo o fósforo para uma forma disponível aos vegetais, denominada

termofosfato.

Kulay (2004) afirma que a indústria brasileira demonstra clara predileção pela

rota úmida. Por meio dessa via de processamento são gerados aproximadamente 97%

de toda a produção anual de fertilizantes fosfatados do país a cada ano. O autor ressalta

que em termos qualitativos, a rota úmida compreende uma ampla gama de produtos,

dentre os quais merecem destaque o Superfosfato Simples - SSP, o Superfosfato Triplo

- TSP e os Fosfatos de Mono e Diamônio (MAP e DAP, respectivamente).

Os processos compreendidos pela rota úmida caracterizam-se pela digestão do

concentrado fosfático por um ácido mineral. Segundo Lobo & Silva (1984), o modelo

brasileiro de produção de fertilizantes fosfatados está calcado na utilização de ácido

sulfúrico (H2SO4) como agente de solubilização do fósforo.

Do ataque direto do concentrado fosfático pelo ácido sulfúrico obtém-se

respectivamente, o fertilizante SSP e o ácido fosfórico (H3PO4). O ácido fosfórico

obtido é utilizado em larga escala como agente de solubilização do concentrado

fosfático, processo pelo qual obtém-se o fertilizante superfosfato triplo (TSP). O H3PO4

também é largamente utilizado para reagir, com amônia anidra, formando

respectivamente os fertilizantes fosfatados de mono e diamônico (MAP e DAP,

respectivamente).

47

Silva (1998) apud Kulay (2004) apresenta esquematicamente as várias

alternativas de processo praticadas pelas indústrias brasileiras para a manufatura de

fertilizantes fosfatados pelas vias úmida e seca (figura 9).

Ácido Sulfúrico (H2SO4)

Superfosfato Simples

(SSP)

Superfosfato Triplo(TSP)

Fosfato deMonoamônio

(MAP)

Fosfato deDiamônio

(DAP)

Termofosfato(FMP)

Concentrado Fosfático

Ácido Fosfórico

(H3PO4)

Amônia (NH3)

Figura 9: Processos utilizados no Brasil para produção de fertilizantes fosfatados (SILVA, 1998 apud KULAY, 2004).

Fernandes & Dias (2006) apresentam algumas características dos principais

fertilizantes fosfatados comercializados atualmente no Brasil (tabela 1).

Tabela 1: Características dos principais fertilizantes fosfatados comercializados no Brasil. (www. fertipar.com.br. apud FERNANDES & DIAS, 2006).

48

As indústrias brasileiras utilizam-se na grande maioria dos casos, do chamado

processo contínuo run of pile process. Esse tipo de processo presta-se não apenas à

produção do superfosfato simples, como também do superfosfato triplo e do fosfato

parcialmente acidulado (BRUNO e outros, 1985 apud KULAY, 2004).

Dispondo de tal tecnologia, dezesseis empresas representadas por vinte e uma

unidades fabris processaram, ao longo de 1993, um total de 2.785.872 t SSP e 525.030 t

de TSP (ANDA, 1993 apud KULAY, 2004). Nessa época, segundo o autor, apareciam

como líderes desse segmento de mercado respectivamente as empresas MANAH, IAP,

GALVANI e TREVO.

Forçado a expandir-se para continuar dando suporte ao mercado agrícola, o

parque industrial interno viu-se obrigado a passar por sucessivas re-estruturações em

um período curto de tempo. Dessa forma, ao cabo de escassos quatro anos outro

panorama de mercado já se fazia notar.

Em 1997, a produção de SSP - agora praticada por doze empresas em vinte

unidades - alcançava a marca de 3.378.933 toneladas anuais. Ao mesmo tempo, a

manufatura do TSP tendeu a estagnação, já que apenas a terça parte dos mesmos grupos

dedicou-se à obtenção do produto, gerando um volume de produção que não chegou a

alcançar sequer as 590 mil toneladas (ANDA, 1997 apud KULAY, 2004).

Um novo horizonte balizava também a divisão de mercados nesse período.

Estruturadas em termos estratégicos segundo o conceito antes descrito de produção

verticalizada, empresas como a FOSFERTIL e a SERRANA unem-se à TREVO e à

GALVANI na liderança do mercado (KULAY, 2004).

Dados mais recentes mostram que a produção nacional de fertilizantes

fosfatados cresceu 33,08% entre 2001 e 2004, embora as importações tenham

aumentado 83,26%, em conseqüência, tanto num caso quanto no outro, do crescimento

de 58,54% do consumo aparente. Em 2004, as exportações, crescentes em anos

anteriores e mantidas, na média, em torno de cem mil t, baixaram a apenas 14 mil t,

significando somente 0,67% das importações, as quais se mantiveram em 52,41% do

consumo aparente nacional, próximas da média nacional (FERNANDES & DIAS,

2006).

Segundo Kulay (2004), atualmente, o mercado de fertilizantes fosfatados

apresenta-se ainda mais consolidado em torno do SSP, que se mantém absoluto à frente

dos demais fertilizantes fosfatados. Em 2002, segundo o autor, o SSP atingiu um

volume de produção próximo as 4,3 milhões de toneladas. Esse resultado, que reflete o

49

estorço de onze empresas representadas por dezenove unidades produtivas, suplanta em

26,4% o desempenho conseguido cinco anos antes.

De acordo com os dados do DNPM/DIDEM – Mineral Commodity Summaries

– ANDA/IBRAFOS (2006) apud Souza (2006) a produção nacional de produtos

fertilizantes, em 2005, foi de 6,69 milhões de toneladas de produtos fertilizantes (1,72

milhões t P2O5).

3.8.1. Super Fosfato Simples (SSP)

O primeiro fertilizante químico fabricado industrialmente foi o superfosfato

simples (18-20% P2O5), através da solubilização de ossos moídos e, posteriormente

rochas fosfatadas com ácido sulfúrico em tachos de ferro.

Lawes e Murray, em maio de 1842, obtiveram a patente na Inglaterra, desse tipo

de processo de produção de fertilizantes. Nesse momento nasceu a indústria dos

superfosfatos (PADILHA, 2005).

O superfosfato simples é constituído principalmente de fosfato monocálcio

mono-hidratado e de sulfato de cálcio. Entretanto, existem impurezas tais como: fosfato

bi e tricálcio, ácidos fosfóricos e sulfúricos livres, fosfatos e sulfatos de cálcio,

magnésio, ferro, alumínio, sílica, matéria orgânica parcialmente atacada pelo ácido

sulfúrico, entre outros (PADILHA, 2005). Segundo Malavolta (1967) apud Kulay

(2000), tais impurezas são provenientes principalmente das matérias-primas.

O fertilizante SSP disponibiliza três macronutrientes: P, S e Ca. Sendo o P e Ca

provenientes do mineral da apatita, e o enxofre oriundo do H2SO4 utilizado para

solubilização da apatita.

De acordo com Padilha (2005), o SSP apresenta no mínimo 18 % e geralmente

19% de P2O5, solúvel em citrato neutro de amônio mais água e 15% em água, além de

no mínimo 8% de S e 16% de Ca, reação ácida (pH 4 a 5) e pequena higroscopicidade.

Devido à alta solubilidade em água, o superfosfato simples é um fertilizante de

ação relativamente rápida. Para Malavolta (1967) apud Kulay (2000), essa característica

torna esse produto altamente recomendável para plantas com ciclo curto de cultivo,

como batatinhas, hortaliças em geral, e para culturas que crescem em condições de

clima ou solo, onde é difícil a dissolução dos fosfates naturais. Além disso, Giovane;

Barroti; Ely Nahas (2000) afirmam que o P da bioamassa microbiana, nos solos,

aumenta em razão da calagem e/ou da adubação com o fertilizante superfosfato simples.

50

Tais propriedades e o menor preço, em relação aos outros fertilizantes

fosfatados, fazem com que o SSP seja um produto líder de produção e consumo no

Brasil. Kulay (2004) apresenta uma lista dos principais produtores nacionais de

superfosfato simples (tabela 2).

Tabela 2: Principais produtores nacionais de superfosfato simples (Atualizado de KULAY, 2004).

BUNGE Araxá (MG) 20,0 679.000

BUNGE Cubatão (SP) 20,0 596.000

BUNGE Guará (SP) 20,0 342.000

BUNGE Rio Grande (RS) 20,0 168.000

BUNGE Uberaba (MG) 18,0 183.000

COPEBRÁS Catalão (GO) 18,0 558.000

COPEBRÁS Cubatão (SP) 18,0 251.000

FOSFERTIL Uberaba (MG) 18,0 280.000

FOSFERTIL Patos de Minas (MG) 18,0 100.000

GALVANI Paulínia (SP) 18,0 600.000

GALVANI L. E. Magalhães (BA) 18,0 300.000

ROULIER Rio Grande (RS) 20,0 264.000

TREVO Rio Grande (RS) 18,0 551.000

ULTRAFERTIL Catalão (GO) 18,0 350.000

PRODUÇÃO NACIONAL - SUPERFOSFATO SIMPLES (SSP)

Empresa Localização Teor de P2O5(%)

Capacidade de Produção (t/ano)

Como pode ser observada na tabela acima, a BUNGE é a maior produtora de SSP no

Brasil, apresentando uma capacidade produtiva anual de 1.968.000 t. Em seguida vem a

GALVANI e a COPEBRÁS, com produção anual de 900.000 t e 809.000 t,

respectivamente.

Ocupando o quarto lugar dos produtores nacionais, com uma capacidade produtiva

anual de 551.000 t está a TREVO. E abaixo da capacidade produtiva anual de 500.000 t,

estão a FOSFÉRTIL, ULTRAFÉRTIL, e ROULIER (respectivamente em ordem

decrescente de produção).

3.8.2. Rocha fosfática

A principal matéria-prima dos fertilizantes fosfatados é o concentrado fosfático,

obtido a partir do beneficiamento da rocha fosfática. Este tipo de rocha é mineralizada

com P, devido a presença dos minerais de fósforo. Souza (2001) afirma que a maioria

51

dos minérios de fósforo são pertencentes ao grupo da apatita, que é um fosfato cristalino

de cálcio com flúor, representado pela fórmula: Ca5 (F,Cl,OH) (PO4)3.

Os depósitos fosfáticos têm três tipos de origens: sedimentares, ígneos e

biogenéticos. Os depósitos sedimentares e os depósitos de origem ígnea são os mais

importantes do ponto de vista econômico. Isso porque os depósitos biogenéticos,

conhecidos com o Guano, são originados de concentrações orgânicas nitrogenadas,

provenientes de dejetos de aves, não constituindo grandes reservas de fosfato, em geral.

Os chamados depósitos ígneos ou magmáticos são normalmente pobres em

sílica, possuem textura simples e contêm rochas associadas do tipo carbonatitos e

ultrabásicas. Em termos mundiais, suas reservas apresentam maior incidência em países

como Rússia, Finlândia, Brasil e África do Sul (CEKINSKI, 1990).

Os depósitos de fosfato têm uma minerologia extremamente complexa, contendo

impurezas de influência marcante no rendimento (recuperação) de fósforo (P2O5) nas

usinas de beneficiamento, resultando em elevadas quantidades de rejeitos,

consequentemente altos custos de produção.

OBA (2004) entende que devido ao fato de no Brasil predominarem os depósitos

magmáticos de rochas fosfática, cujas viabilidades econômicas são mais difíceis que

aquelas de depósitos sedimentares, inviabilizam a explotação mineira de muitos

depósitos de rochas fosfáticas.

Segundo dados do balanço mineral brasileiro apresentado por Sousa (2001), o

patrimônio de depósitos de rocha fosfática está distribuído nos Estados produtores de

Minas Gerais com 73,8%, Goiás com 8,3% e São Paulo com 7,3%, que juntos

participam com 89,4% das reservas totais do país, seguido dos Estados de Santa

Catarina, Ceará, Pernambuco, Bahia e Paraíba, com os 10,6% restantes.

De acordo com os dados do DNPM/DIDEM – Mineral Commodity Summaries

– ANDA/IBRAFOS (2006), o Parque Industrial Brasileiro de Rocha Fosfática

movimentou, em 2005, um volume superior a 34 milhões de toneladas de Run of Mine

com um teor médio próximo dos 13,5% de P2O5, que representou uma produção de 5,49

milhões de toneladas de concentrado fosfático (equivalente a 2,044 milhões de nutriente

P2O5). O parque industrial de fosfatados brasileiro ocupa a 8ª colocação dentre os

produtores mundiais de concentrado de rocha fosfática com 3,7% de participação.

Segundo o estudo elaborado, em 2001, pelo grupo SMM/MME/CPRM, sobre a

projeção da demanda nacional para fosfato, expresso em P2O5, sinalizou para 2010 um

consumo da ordem de 2,93 milhões de toneladas, à taxa de crescimento de 4,57% a.a.

52

De acordo com Kulay (2004), a produção nacional de concentrado fosfático é

dominada atualmente por três empresas: FOSFÉRTIL/ULTRAFÉRTIL, detentora de

51,9% da oferta interna de insumos fosfatados; BUNGE FERTILIZANTES - 30,4%; e a

COPEBRÁS S.A., cuja participação monta cerca de 13,5%.

3.8.3. Ácido sulfúrico

Atualmente, embora possa ser feito ácido sulfúrico à concentração de 100%, tal

solução perderia SO3 por evaporação, de maneira que restaria no final ácido sulfúrico a

98,3%. A solução a 98% é mais estável para a armazenagem e por isso é a forma usual

do ácido sulfúrico "concentrado".

O ácido sulfúrico é um líquido muito polar, com uma constante dielétrica de

cerca de 100. Isto é pelo fato de o ácido sulfúrico ser capaz de dissociar-se e protonar a

si próprio, em um processo conhecido como autoprotólise, que acontece a um grau 10

bilhões de vezes maior que na água, conforme a reação abaixo:

2H2SO4 ↔H3SO4+

+ HSO4¯

Este fato permite que prótons sejam altamente móveis em H2SO4 e faz do ácido

um excelente solvente para muitas reações químicas.

O ácido sulfúrico pode ser obtido principalmente, a partir de enxofre elementar -

seja ele natural ou recuperado de sulfetos metálicos (SILVA, 1982 apud KULAY,

2000). Neste segundo caso, o ácido sulfúrico é um subproduto do processamento

minaral.

De acordo com Silva (1982) apud Kulay (2000), dentre essas fontes o enxofre

elementar é a mais empregada, por se tratar da matéria-prima mais econômica.

Entretanto, Bacic (2006) afirma que as previsões são de incremento da oferta mundial

de enxofre recuperado a partir do processamento do petróleo. Uma das explicações para

isso é a determinação legal (a nível mundial) da retirada do enxofre presente no

combustível fóssil, a fim de se evitar a emissão atmosférica de sulfetos durante o uso do

combustível fóssil.

De acordo com Kulay (2000), no Brasil 85% do enxofre é importada na forma de

enxofre elementar. Os 15% restantes, segundo o autor, são produzidos no país, a partir

da recuperação do enxofre existente no petróleo e gás natural, ou em sulfetos de metais não

ferrosos.

53

Este produto é uma das mais importantes matérias-primas na indústria, tendo no

complexo industrial de fertilizantes a sua maior demanda. Mais de 85% de enxofre,

anualmente consumido no mundo, é convertido em ácido sulfúrico (TEIXEIRA, 2001).

No Brasil, segundo Teixeira (2001), cerca de aproximadamente 78% de S é

usado na fabricação de ácido sulfúrico, com objetivo de atender as indústrias de

fertilizantes .

Fernandes & Dias (2006) apresentam uma lista dos principais produtores

nacionais de ácido sulfúrico (tabela 3).

Tabela 3: Principais produtores nacionais de H2SO4 (Adaptado de FERNANDES & DIAS, 2006).

BUNGE (?)

BUNGE (?)

BUNGE 180.000

CARAIBA METAIS 570.000

CPM 130.000

COPEBRAS 145.000

COPEBRAS 620.000

ELEKEIROZ 250.000

FOSFERTIL 1.915.000

GALVANI 350.000

GALVANI 120.000

MILLENNIUM 132.000

MINEIRA DE METAIS 100.000

MORRO VELHO 130.000

MSF 100.000

NITRO QUIMICA 325.000

ULTRAFERTIL 400.000

ULTRAFERTIL 132.000

PRODUÇÃO NACIONAL - ÁCIDO SULFÚRICO (H 2 SO 4 )

Empresa Capacidade de Produção (t/ano)Localização

Araxá (MG)

Dias D'Avila (BA)

Catalão (GO)

Cubatão (SP)

Cajati (SP)

Cubatão (SP)

Varzea Paulista (SP)

Cubatão (SP)

(?)

Uberaba (MG)

Paulinia (SP)

Tres Marias (MG)

Nova Lima (MG)

Luis Eduardo Magalhães (BA)

Camaçari (BA)

Juiz de Fora (MG)

Fortaleza de Minas (MG)

S.Miguel Paulista (SP)

3.9. Cadeia produtiva do SSP

Um estudo de ACV que se propuser a avaliar os impactos ambientais gerados ao

longo das etapas do ciclo de vida do SSP deverá compreender necessariamente em seu

escopo os seguintes subsistemas (KULAY, 2004):

- Mineração da rocha fosfática;

54

- Beneficiamento da rocha fosfática;

- Produção de ácido sulfúrico;

- Produção de superfosfato simples (SSP).

No Brasil, esta cadeia produtiva, em geral, é desenvolvida pelo próprio grupo

empresarial responsável pela manufatura final do SSP (KULAY, 2004). Além dos

subsistemas incluídos nas etapas ditas diretas da manufatura do SSP, para que este tipo

avaliação torne-se mais fidedigna a proposta de estudos de ACV, é interessante avaliar

também os subsistemas indiretos deste ciclo de vida, a saber:

- Recuperação de enxofre;

- Produção de cal hidratada;

- Desmineralização da água;

- Produção de soda cáustica;

- Produção de diesel refinado;

- Produção de energia elétrica.

Com exceção da etapa de desmineralização de água, os demais subsistemas

indiretos são executados externamente aos grupos do segmento de fertilizante

fosfatados.

3.9.1. Mineração de rocha fosfática

Para satisfazer a necessidade de adubação dos solos brasileiros é preciso passar

por algumas etapas até alcançar a fase de fabricação do fertilizante. A primeira delas é a

extração de rocha fosfática a fim de fazer o aproveitamento do fósforo.

A matéria-prima para a produção de fertilizantes fosfatados é a rocha fosfática.

Trata-se de um recurso natural onde o fósforo apresenta-se, principalmente, na forma de

apatita, que não é assimilável, diretamente, pelos vegetais.

A explotação nacional do minério de fosfato está restrita à minas à céu aberto,

produzindo concentrados de rocha com média nacional de 35,5% de P2O5 contido. Em

termos de concentrado de rocha, os consumidores nacionais são as unidades químicas

de fertilizantes e as de ácido fosfórico, uma vez que as quantidades dessa matéria-prima

aplicadas diretamente ao solo, ainda, são de reduzida participação (SOUZA, 2001).

Em jazidas cujo contexto geológico apresenta as chamadas rochas “duras”, a

extração da rocha fosfática é realizada com auxílio de cargas de dinamite,

55

adequadamente instaladas ao longo do corpo mineralizado. Enquanto em jazidas, onde o

minério tem características friáveis, a lavra é feita apenas com a utilização de

retroescavadeiras.

Os trabalhos de lavra do minério fosfático são precedidos de estudos detalhados,

realizados através de sondagem ao longo do corpo mineralizado. A partir de um teor de

corte pré-definido é feita a extração do minério, através de retroescavadeiras (com ou

sem auxílio de dinamites). Finalmente, o minério fosfático é transportado via caminhões

basculantes até a usina de beneficiamento.

3.9.2. Beneficiamento de rocha fosfática

O minério fosfático (rocha) antes de seguir para a unidade industrial de

fabricação de fertilizantes fosfatados, deve passar por um processo de concentração do

P2O5. O processo de concentração é conhecido como beneficiamento e consiste

basicamente na remoção dos minerais acessórios da rocha fosfática. Tal processo é

consagrado mundialmente pela rota úmida.

O minério lavrado é descarregado em uma moéga, onde a partir daí iniciam as

operações do seu beneficiamento. Primeiramente, segundo Kulay (2004), a rocha é

fragmentada em um britador e classificada em um diâmetro compatível com o resto do

circuito produtivo. Antes de o material seguir o circuito, deve passar por uma etapa de

homogeneização. Tal necessidade é proveniente da relativa variabilidade da composição

mineralógica da rocha fosfatada.

Após as etapas de britagem e homogeneização, Kulay (2004) explica que o

material segue para as operações de moagem, desmagnetização, deslamagem,

condicionamento, flotação, desaguamento, filtração e secagem. Cekinski (1990)

apresenta a seqüência típica das operações de beneficiamento, bem como o os fluxos de

entradas de cada etapa do circuito na figura 10.

Segundo Kulay (2004) a moagem da rocha é realizada a úmido, normalmente

em moinhos de barras. Silva (1998) apud Kulay (2004) explica que nesta etapa a

granulometria do material é definida pelo grau de moabilidade, que estabelece o

percentual de separação entre os grãos de apatita e os dos demais componentes da rocha

fosfática. Silva (1998) apud Kulay (2004) adverte que a definição do grau de

moabilidade está intimamente relacionada ao consumo de energia despendido durante a

moagem. Deve ser ressaltado ainda que a determinação deste parâmetro está

diretamente ligada às características físico-química da rocha fosfática.

56

Após a etapa de moagem/classificação o material segue, segundo Cekinski

(1990), para a etapa de separação magnética, na qual os minerais de magnetita presente

na rocha estudada serão removidos.

fosfato lavrado

energia elétrica BRITAGEM

HOMOGENEIZAÇÃO

SECAGEM

MOAGEM &CLASSIFICAÇÃO

energia elétrica

Vapor

energia elétrica

energia elétrica

DESMAGNETIZAÇÃO

água

DESLAMAGEMenergia elétrica

agentes coletores

agentes depressores CONDICIONAMENTO

FLOTAÇÃO

DESAGUAMENTO &FLITRAÇÃO

Concentradofosfático

Figura 10: Fluxograma do processo de beneficiamento de rocha fosfática em rota úmida. (Adaptado de CEKINSKI, 1990).

A desmagnetização se inicia pelo transporte do material moído por esteiras

rolantes até um tanque de armazenamento, no qual será adicionada água suficiente para

formar uma suspensão. A desmagnetização é realizada a úmido, colocando-se a

suspensão minério-água em contato com um cilindro imantado que, valendo-se das

57

propriedades magnéticas da magnetita, separa esse mineral dos demais constituintes da

rocha. Segue-se à desmagnetização a operação de deslamagem na qual se processa a

separação de partículas de tamanho reduzido - geralmente com diâmetro aparente

inferior a 20µm - pela da passagem da suspensão minério-água por hidrociclones

(CEKINSKI, 1990).

Segundo Kulay (2004), o estágio seguinte tem por objetivo separar a apatita dos

demais minerais acessórios ainda presentes na rocha fosfática, dentre os quais, irá

merecer especial destaque a calcita. Para realizar a referida separação, faz-se necessário

o condicionamento prévio do meio no qual os minerais encontram-se em suspensão.

Leal (1991) descreve o condicionamento como a adição à suspensão minério-água dos

chamados agentes coletores e depressores, os quais por agirem modificando as

propriedades superficiais do sistema, garantem que a concentração dos minerais de

minério de fósforo ocorra com maior grau de eficiência.

O mecanismo usualmente empregado para a separação da apatita é a flotação,

geralmente em três estágios consecutivos Assim, a polpa condicionada é alimentada a

baterias de células de flotação, nas quais é introduzido ar atmosférico (KULAY, 2004).

A fração sobrenadante proveniente da flotação é submetida a uma operação de

espessamento, de onde será transferida para um filtro a vácuo. Por outro lado, a calcita

que deixa o sistema pelo fundo do flotador é enviada a um pálio de estocagem para ser

eventualmente comercializada (CEKINSKI. 1990).

Finalmente, o material concentrado é encaminhado para etapa de secagem, onde

um secador rotativo deixa o produto com a umidade ideal. Ao término do processo de

beneficiamento é obtido o concentrado fosfático, cujo teor de P2O5. varia entre 32 e

36%.

O processo de beneficiamento em rota úmida, descrito acima, é bastante

conhecido e difundido. Entretanto, existe uma outra rota desenvolvida e patenteada pela

GALVANI para o processo de concentração da rocha fosfática.

O beneficiamento da rocha fosfática em rota a seco, não só deixa de utilizar

água no processo produtivo, como também não há necessidade da utilização de agentes

coletores e depressores. Entretanto, o beneficiamento neste tipo de rota tem duas

limitações. A primeira é o tipo de minério que deve ser uma rocha com alto teor de P2O5

(> 15%). A segunda é a recuperação do processo, a qual é cerca de 20% inferior à

recuperação em rota úmida.

58

A concentração da rocha fosfática em rota a seco é em concepção composto

da seqüência de: britagem, homogeneização, secagem, moagem, classificação

granulométrica, resfriamento e desmagnetização (Figura 11).

SILVA & Kulay (2000) ressaltam que o beneficiamento de minério fosfático

gera grande quantidade de resíduos sólidos, seja em rota a seco ou em rota úmida,

tratando-se de um problema consagrado da indústria de fertilizantes, cuja busca de

alternativas de reuso, reciclagem e revalorização se constituem em desafio para o futuro.

Por sua vez, Oba (2004) afirma que estes rejeitos podem ser reutilizados na fabricação

de um fertilizante organo-fosfatado, baseado no processo Humifert, desenvolvidos pelos

pesquisadores franceses F. Sternicha (1988) e A. Bernard. Oba (2004) explica que o

processo humifert propõe a manufatura de um novo fertilizante organo-fosfatado, de

simples fabricação, através da solubilização nítrica dos fosfatos, a partir da mistura de

rejeitos fosfáticos moídos e de matérias orgânicas umidificadas.

fosfato rico lavrado

energia elétrica

vapor

Concentradofosfático

BRITAGEM

HOMOGENEIZAÇÃO

SECAGEM

MOAGEM &CLASSIFICAÇÃO

RESFRIAMENTO

DESMAGNETIZAÇÃO

energia elétrica

energia elétrica

energia elétrica

energia elétrica

Figura 11: Fluxograma do processo de beneficiamento de rocha fosfática em rota a seco.

59

3.9.3. Produção de ácido sulfúrico

A tecnologia para fabricação de ácido sulfúrico é bastante conhecida e madura.

Devem ser ressaltados alguns dos últimos desenvolvimentos tecnológicos, como a

inovação do processo de Dupla Absorção – DA (figura 12), que maximizou a

recuperação de calor com emissão de SO2 menor do que 100 ppm (FERNANDES &

DIAS, 2006).

Kulay (2004) ressalta que as empresas voltadas para o ramo de fertilizantes

utilizam, em sua totalidade, a tecnologia de processo de DA para proceder a fabricação

em escala econômica de ácido sulfúrico.

O processo produtivo do ácido sulfúrico pode resumidamente ser dividido nas

seguintes etapas:

- Fusão e filtragem de enxofre;

- Combustão de enxofre;

- Conversão de SO2 em SO3;

- Absorção do SO3;

- Circulação, Resfriamento e Estocagem do H2SO4.

O processo de fusão inicia-se com a adição de cal hidratada – Ca(OH)2 para

corrigir a acidez natural do enxofre. A partir daí o material é levado até o fundidor a

uma temperatura média de 120ºC, onde por troca térmica com vapor saturado derrete-se

o enxofre.

Após o processo de fusão, o enxofre líquido é bombeado do fundidor para o

filtro prensa com o objetivo de se remover as impurezas. O enxofre filtrado e limpo é

estocado em um tanque, enquanto o material retido no filtro denominado de borra de

enxofre é segregado em local apropriado.

A partir daí o enxofre liquefeito é transferido, por bombas verticais centrifugas,

para o queimador, onde se inicia o processo de queima do S a uma temperatura interna

chega a 1000ºC.

O ar para a combustão do enxofre é fornecido por um soprador de ar, acionado

por uma turbina à vapor superaquecido. O ar atmosférico, antes de entrar no queimador

o ar atmosférico passa por uma torre de secagem. Nesta torre a umidade do ar é

absorvida por acido sulfúrico (recirculado), que a atravessa contra corrente, obtendo-se

o ar seco que alimenta o forno.

60

Figura 12: Diagrama do processo de dupla absorção para a produção de ácido sulfúrico (KULAY, 2004).

61

No queimador, o enxofre líquido é borrifado por um maçarico, entrando em

contato com o O2 seco, ingressando em um processo de combustão. Este processo

exotérmico gera dióxido de enxofre (SO2), liberando muita energia.

Sander (1977) apud Kulay (2004) relata que somente a combustão do enxofre

elementar gere perto de 3,03 GJ de energia para cada tonelada de ácido sulfúrico

produzido. Por conta disso, a temperatura dos gases emanados da câmara de combustão,

varia entre 950 e 1100°C.

A reação estequiométrica de combustão do enxofre elementar aparece

representada a seguir pela equação 1:

S(s) + O2 → SO2(g)

Na reação acima as proporções de S e O2 são ajustadas de forma a se produzir

um gás com cerca de 11% de SO2. O excesso de ar garante a “sobra” de oxigênio, o que

de acordo com Silva (1998) apud Kulay (2004) é desejável por razões cinéticas para a

etapa de conversão catalítica.

A considerável quantidade de energia liberada que eleva a temperatura dos

gases no queimador para até 1000ºC deve ser reduzida para uma temperatura entre

430ºC e 440ºC, de modo a permitir uma maior eficiência para próxima etapa do

processo. Para isso acopla-se ao queimador uma caldeira tubular, chamada de caldeira

do queimador, a qual gera vapor pela troca térmica entre os gases quentes que passam

no feixe tubular e água contida no vaso.

Após adequação de temperatura, segue a etapa de transformação de dióxido de

enxofre (SO2) em trióxido de enxofre (SO3). Este processo é realizado em um conversor

catalítico, o qual é dividido internamente em 4 leitos horizontais independentes. Nestes

leitos está depositado o catalisador da reação: o pentóxido de vanádio (V2O5).

Para evitar perdas de rendimento no conversor, provenientes da fragmentação

do leito catalítico de V2O5 em decorrência de seu uso sucessivo, Dalo & Vilani (1984)

sugerem que parte desse material seja substituída periodicamente.

Os gases provenientes da caldeira do queimador entram no primeiro leito do

conversor, a cerca de 430ºC, onde a mistura gasosa de SO2, O2, e N2 fluem através do

leito onde encontra-se o catalisador permeando-se no mesmo. Assim o SO2 reage com o

O2 e libera mais energia, conforme a equação 2:

2SO2(g) + O2(g) → 2SO3(g) V2O5

62

A temperatura na saída do primeiro leito eleva-se para uma temperatura de até

620ºC, devendo ser reduzida para 430ºC novamente, para que na entrada do segundo

leito a reação de conversão seja otimizada e assim sucessivamente nos demais leitos.

O resfriamento dos gases na saída do primeiro leito é realizado em um trocador

de calor chamado superaquecedor de vapor. Este equipamento é alimentado com vapor

saturado obtendo-se, após a troca térmica, vapor superaquecido a 420ºC, o qual é

utilizado para funcionamento da turbina do soprador de ar principal.

A Planta de ácido sulfúrico pode, utilizando o vapor superaquecido, produzir

energia elétrica através de um turbo gerador. Após o segundo leito catalítico, já com

87% do SO2 convertido em SO3, os gases com temperatura por volta de 515ºC são

resfriados para cerca de 420ºC. Este processo dar-se em um trocador de tubos tipo

gás/gás que é alimentado pelos gases da torre de absorção intermediaria.Na saída do

terceiro leito, o gás com aproximadamente 96% de SO2 convertido a SO3, a uma

temperatura de cerca de 460ºC atravessa a torre de absorção intermediaria.

O principio de funcionamento da torre de absorção é similar ao da torre de

secagem, de forma que o gás circula contra corrente do H2SO4 (a 98%), propiciando a

absorção do SO3 pela água contida no ácido sulfúrico. Para atingir um nível eficiente

absorção, os gases que fluem do terceiro leito devem ser resfriados a 220ºC no

economizador.

Na saída da torre de absorção intermediaria o gás livre de SO3 à 80ºC deve ser

reaquecido a 420ºC para continuar a reação de conversão de SO2 para SO3 no quarto

leito do conversor. Para esta finalidade o gás passa através de dois trocadores de calor

intermediários, dispostos em série.

Após a conversão final de SO2 em SO3 no quarto leito catalítico, o gás é

resfriado de 450ºC para 210ºC no trocador intermediário, o que acarreta em

aquecimento do gás proveniente da torre de absorção intermediaria. O processo de

conversão do SO2 em SO3 atinge uma atinge uma taxa superior a 99,7%.

A próxima etapa compreende a circulação, resfriamento e estocagem do

H2SO4. Primeiramente, um tanque de recirculação recebe o H2SO4 diluído (que

absorveu a umidade do ar da torre de secagem) e o H2SO4 mais concentrado

proveniente das torres de absorção (intermediária e final). No tanque de recirculação

adiciona-se H2O na quantidade que permita garantir a concentração do H2SO4 em 98%.

63

Do tanque de recirculação o H2SO4 é bombeado até o topo das torres, onde é

distribuído de forma uniforme para garantir o melhor contato liquido/gás, após ser

resfriado em um trocador de calor.

O produto que vai para a estocagem, corresponde à reação da água adicionada

no tanque de circulação com o SO3 alimentado nas torres de absorção (intermediária e

final), conforme reação da equação 3:

SO3(g) + H20(l) → H2SO4(l)

Ressalta-se novamente o caráter exotérmico das reações de produção do ácido

sulfúrico. Sander e outros (1984) apud Kulay (2004) reportam que em virtude do caráter

exotérmico das reações envolvidas nesse processamento, por volta de 5,4GJ de energia

na forma de calor são produzidas em média durante a fabricação de uma tonelada de

ácido sulfúrico (100%) a partir de enxofre elementar. Destas, conforme explicitado

anteriormente, 3,03 GJ são geradas na etapa de combustão.

Na tabela 4, está apresentado o balanço energético típico para a produção de

ácido sulfúrico (a 98%) a partir de enxofre elementar.

Tabela 4: Balanço Energético para a produção industrial de H2SO4 (98%) (KULAY, 2004).

Reação exotérmica: S ↔ H2SO4 97 Vapor superaquecido (40 kgf/cm² e 400ºC) 60Energia elétrica 3 Energia perdida em diversos estágios 37

Emissões atmosféricas 2,5Ácido sulfúrico (98%) 0,5

TOTAL 100 TOTAL 100

BALANÇO ENERGÉTICOEntrada de Energia Saída de Energia

Origem (%) Origem (%)

De acordo com Kulay (2004) cerca de 40% do total dessa geração acaba por se

perder nos seguintes pontos do processo: absorção intermediária (28%), circuito de

absorção final (7%), secagem do ar de combustão (1%), resfriamento do ácido sulfúrico

(1%), junto às emissões atmosféricas (2,5%) e finalmente, incorporado ao próprio ácido

produzido (0,5%).

O vapor de alta pressão gerado por conta da recuperação de calor é produzido em

dois pontos do processo: na caldeira, por ocasião do resfriamento dos gases emanados

64

do combustor que deverão depois seguir para o conversor, e nos equipamentos de troca

térmica usados para a refrigeração das correntes gasosas que circulam entre os leitos

catalíticos (KULAY, 2004).

3.9.4. Produção de Superfosfato Simples (SSP)

O fertilizante Superfosfato Simples (SSP) é um fertilizante fosfatado produzido

a partir da reação direta entre concentrado fosfático e ácido sulfúrico. Segundo Padilha

(2005), é conveniente que concentrado fosfático contenha mais de 50% de fosfato

tricálcico e menos de 2% de óxidos de ferro e de alumínio. O autor adverte que caso o

teor destes for maior que 4%, o adubo resultante será prejudicado em suas propriedades

físicas, além consumir maiores quantidades de H2SO4 na sua manufatura.

Atualmente a produção de SSP pode ser efetuada por meio de diversas rotas

processuais. No Brasil, a tecnologia mais difundida é a do processo contínuo, composto

por um misturador de alta intensidade e por um reator do tipo correia (SILVA, 1982

apud KULAY, 2000).

De acordo com Padilha (2005), a fabricação de 1t de produto consiste na mistura

de 40 litros de água, 360 litros de ácido sulfúrico sobre 600 kg do fosfato natural moído.

A primeira etapa do processo é a moagem do concentrado fosfático. A partir daí,

um misturador é alimentado com rocha fosfática moída, ácido sulfúrico concentrado

(98%) e água.

De acordo com Kulay (2000), a decomposição da apatita, existente na rocha

fosfática, pelo ataque do H2SO4 acontece em dois estágios. No primeiro estágio, o ácido

sulfúrico reage com parte do minério fosfático gerando ácido fosfórico, sulfato de

cálcio (geralmente hemi-hidratado) e ácido fluorídrico. Esta reação é rápida e forma uma

suspensão no interior do misturador. Segundo o autor, a reação no misturador é

exotérmica, o que faz com que a temperatura na saída do misturador atinja cerca de

125°C.

A equação (1), apresentada por Hill (1964) apud Kulay (2000), representa a

reação ocorrida no primeiro estágio:

0,7Ca10(PO4)6F2 + 7H2SO4 + 3,5H2O → 4,2H3PO4 + 7CaSO4.1/2H2O + 1,4HF (Eq. 1)

A massa formada no misturador é descarregada continuamente em uma correia

enclausurada de reação, denominada DEN, onde o material solidifica-se após alguns

minutos, onde ocorre o segundo estágio da reação. Kulay (2000) explica que neste

65

estágio, ácido fosfórico produzido na primeira etapa ataca o mineral fosfático não

reagido, formando fosfato monocálcico e ácido fluorídrico. Trata-se de uma reação

lenta, onde a suspensão formada começa a se solidificar.

A equação (2), também citada por Hill (1964) apud Kulay (2000), representa o

segundo estágio de reação:

0,3Ca10(PO4)6F2 + 4,2 H3PO4 + 3 H2O → 3 Ca(H2PO4)2. H2O + 0,6 HF (Eq. 2)

Kulay (2000) ressalta que ao final deste período o material deve estar a uma

temperatura próxima aos 90ºC, devendo o calor excedente ser removido por circulação

de ar sobre o mesmo.

Apos o término da reação, no final da DEN, o material passa por um conjunto de

lâminas, para corte da “torta de SSP” formada. O produto é transportado, em geral por

correias transportadoras, para a próxima etapa, a curagem.

Segundo Cekinski (1990), é na curagem que as reações de solubilização do

concentrado fosfático e minerais contaminantes se completam.

A cura do fertilizante SSP tem um período de duração sempre superior a 10 dias,

podendo, em alguns casos, exceder quatro semanas. É também nesse período que se

iniciam reações químicas colaterais de formação de sais complexos, capazes de afetar a

solubilidade e disponibilidade do fósforo contido (UNIDO, 1980 apud KULAY, 2000).

Um ponto importante do processo produtivo do SSP é a geração de efluentes

líquidos ácidos. Como explicitado na equação 2, a acidulação da rocha fosfática acaba

por gerar gases contendo umidade e ácido fluorídrico (HF). Estes gases são captados

através de uma coifa removendo-os através de dutos para o sistema de lavagem. Neste

sistema, o HF é absorvido após reação com sílica, proveniente do concentrado fosfático,

e água se transformando em ácido hexafluorsilícico (H2SiF6), conforme equação 3:

6HF + SiO2 + H2O → H2SiF6 + 3H2O (Eq. 3)

O sistema de lavagem deve garantir que a emissão de fluoretos pela chaminé

esteja sempre abaixo de 0,1 Kg./Ton. P2O5 alimentado.

O ácido fluorsilícico concentrado a 20% passa por um filtro prensa para a

retirada de sólidos a fim de se obter um sub-produto adequado para futura

comercialização, ou reutilizá-lo como agente de solubilização da rocha fosfática em

substituição parcial do ácido sulfúrico.

66

Os sólidos removidos pelo filtro-prensa podem ser reaproveitados na unidade de

granulação de fertilizantes, já que contém elementos como cálcio, enxofre e fósforo,

nutrientes de fertilizantes.

A seguir é apresentado esquematicamente o processo produtivo do SSP.

H2SO4 (98%)

H2O

Concentrado fosfático (34% P2O5)

MOAGEM

Sistema de vácuo

TRATAMENTO DE GASES

gasesgases

tratados

H2SiF6

CURA(>10 dias)

MISTURA

CORREIA DE REAÇÃO

DESISNTEGRAÇÃO

SSP (18% P2O5)

H2O

Figura 13: Fluxograma esquemático do processo produtivo de SSP.

3.9.5. Recuperação de enxofre

A fim de se cumprir a legislação vigente, as empresas petrolíferas retiram o

enxofre presente no combustível fóssil. Segundo Abadie (2002) isso é feito em uma

Unidade de Recuperação de Enxofre (URE), sendo uma continuação natural do

Tratamento do Dietil Amina – DEA. Esse tratamento retira o H2S do Gás Combustível e

do GLP, produzindo uma corrente de gás ácido. Esta corrente, onde o teor de H2S é

elevado, da ordem de 90% em volume, podem ter dois destinos: queima no "flare"

químico da refinaria, ou utilização como carga para a Unidade de Recuperação de

Enxofre. A URE também pode receber gás ácido de outras unidades, tais como

Hidrotratamento, Hidrocraqueamento, Reforma Catalítica, Coqueamento Retardado,

etc.

67

A produção de enxofre é conseguida por meio da oxidação parcial do H2S

contido no gás ácido, através do processo Clauss. É queimando 1/3 do H2S presente,

reagindo o restante com o SO2 formado, conforme as reações abaixo:

H2S + 3/2O2 → SO2 + H2O (Eq. 1)

2H2S + SO2 → 3S +2H2O (Eq. 2)

Para que a máxima produção de enxofre possa ser obtida é importante que a

vazão de ar necessária à reação (1) seja estequiometricamente controlada. Globalmente

as reações são bastante exotérmicas, e o calor liberado é aproveitado para a geração de

vapor d'água de média pressão.

Abadie (2002) explica que a primeira etapa do processo de recuperação de

enxofre é marcada pela carga de gás ácido proveniente do Tratamento DEA, sendo

dividida em duas partes: uma delas, em maior quantidade segue para uma câmara de

combustão, indo o restante para os queimadores em linha.

Na câmara de combustão a carga de gás ácido recebe a quantidade de ar

requerida para a combustão de 1/3 do H2S e hidrocarbonetos. O H2S não convertido e o

SO2 reagem parcialmente, produzindo cerca de 60% do total de enxofre recuperável. A

temperatura no interior da câmara de combustão pode atingir valores superiores a

1200°C. Abadie (2002) ressalta que o enxofre tem, à pressão atmosférica, ponto de

fusão de 119°C, e seu ponto de ebulição é de 444°C. Assim, no interior da câmara, ele

se encontra na fase vapor, em comum com vapor d'água, SO2 e H2S gasoso. Esta

primeira etapa é responsável pela produção de enxofre por meio de uma conversão

térmica.

O gás da câmara principal passa através de uma caldeira recuperadora de calor,

para ser resfriado, e ao mesmo tempo, gerar vapor de média pressão. A temperatura é

rebaixada para 300°C, provocando a condensação do enxofre. Este produto vai para um

pote de selagem, e daí para o tanque de enxofre.

A parte não condensada deixa a caldeira recuperadora, passando para o 1°

condensador, abaixando a temperatura dos gases para aproximadamente 195°C. O

enxofre líquido resultante vai para outro pote de selagem, seguindo para o tanque de

enxofre.

O gás remanescente do 1° condensador é novamente aquecido no 1º queimador

de linha, onde uma parte de H2S que foi desviado da câmara de combustão, é aqui

utilizado como combustível, sendo também queimado com deficiência de ar. Os gases

68

afluentes deste primeiro queimador atingem temperaturas de cerca de 230°C, seguindo

diretamente para o primeiro reator.

No primeiro reator há um leito de catalisador de bauxita ativada (Al2O3),

convertendo o H2S e o SO2, remanescentes em enxofre, por meio catalítico. O gás

efluente do primeiro reator à uma temperatura próxima a 300°C, é resfriado no 2°

condensador, ocorrendo mais uma condensação de enxofre, uma vez que a temperatura

dos gases é resfriada a 180°C.

O gás proveniente do 2º condensador flui para o 2° queimador de linha, onde sua

temperatura é elevada para 220°C, seguindo para o segundo reator. Em face do menor

teor de reagentes, a temperatura chega a cerca de 250°C. As reações (1) e (2)

novamente ocorrem, formando um pouco mais de enxofre elementar.

O efluente do segundo reator é resfriado no 3° condensador, havendo mais uma

condensação do enxofre, que, após passar pelo vaso de selagem, vai para tanque. Nesse

equipamento, o líquido condensado e os gases são resfriados a 165°C.

Os gases desse 3º condensador vão para o 3º queimador de linha, onde, pela

queima do H2S, a temperatura chega a 205°C. A seguir os gases vão ter ao terceiro

reator para a repetição das reações do processo Clauss. A temperatura atinge à saída

desse vaso a 220°C.

O gás efluente desse último reator é finalmente resfriado a 160°C no

4ºcondensador, o último da série, causando mais uma liquefação do enxofre. O gás

residual que deixa o condensador final vai para um vaso coalescedor, onde se processa a

última recuperação. Por fim, esse gás residual vai para o incinerador, onde é totalmente

queimado e transformado em SO2. Da base do incinerador os gases fluem para uma

chaminé de grande altura, sendo lançados na atmosfera.

Todas as correntes de enxofre condensadas passam por potes de selagem e são

reunidas indo para o tanque de enxofre líquido, onde há, evidentemente, um sistema de

aquecimento próprio.

A Unidade de Recuperação de Enxofre pode recuperar valores superiores a 93%

do H2S como enxofre liquido, com uma pureza superior a 99,8%. Em algumas unidades

existem apenas dois reatores, ao invés dos três conversores acima descritos (ABADIE,

2002). A URE pode ser visualizada esquematicamente por meio da figura a seguir.

69

Figura 14: Fluxograma de uma Unidade de Recuperação de Enxofre (ABADIE, 2002).

3.9.6. Produção de cal hidratada

O processo de produção de cal hidratada industrial mais comum é bastante

simplório, compreendendo apenas as etapas de: britagem, moagem, calcinação e

hidratação.

O processo produtivo inicia-se fisicamente, pela britagem da rocha calcária

(CaCO3) passando posteriormente pela moagem. Pezente (2007) explica que em

seguida, na parte química do processo, o calcário recebe à ação do calor (processo

denominado calcinação) em fornos apropriados, com temperatura entre 850 e 1200ºC.

70

Nesta reação química, o carbonato de cálcio, sob a ação do calor, se decompõe,

formando o óxido de cálcio (cal) e o dióxido de carbono, sendo que este gás se

desprende resultando basicamente a cal. A equação química abaixo ilustra a reação

ocorrida nesta fase:

CaCO3 + calor → CaO + CO2 (Eq. 1)

Porém, o óxido de cálcio é muito instável na presença de umidade, sendo sua

forma mais estável a do hidróxido de cálcio, conhecida como cal hidratada. Para se

alcançar esta estabilidade química, é feito o processo de hidratação do óxido de cálcio,

conforme a reação abaixo:

CaO + H2O → Ca(OH)2 + CO2 (Eq. 2)

O processo de produção de cal hidratada pode ser visualizado esquematicamente

por meio da figura a seguir:

Calcário

energia elétrica BRITAGEM

MOAGEM

energia elétrica

CALCINAÇÃO

HIDRATAÇÃO

Cal Hidratada

Vapor

Água

Figura 15: Fluxograma do processo produtivo da cal hidratada.

3.9.7. Tratamento de água

A água utilizada no processo de produção de ácido sulfúrico deve passar por um

tratamento prévio. Quando a água utilizada é proveniente de aqüíferos (subterrâneos),

em geral, o tratamento é realizado em duas etapas: remoção de compostos orgânicos e

posteriormente a desmineralização.

71

3.9.7.1. Remoção de compostos orgânicos da água

A remoção de compostos orgânicos da água pode ser realizada através de

oxidação, adsorção de carvão ativado, processos biológicos, destilação e extração.

Dentre este processos, as unidades de produção de ácido sulfúrico utilizam, a de

adsorção com carvão ativado face à sua simplicidade e pouca área necessária. Desta

forma, a seguir, será apresentado apenas o processo de adsorção com carvão ativado.

O Carvão Ativado pode ser produzido nas formas pulverizada ou granulada. O

tamanho de partícula do carvão pulverizado é no máximo 0,18 mm e o do granulado

varia de 0,25 a 5,0 mm. As aplicações dos dois tipos de carvão são bastante distintas. O

carvão pulverizado é usado somente em adsorções em fase líquida, onde o carvão é

misturado diretamente ao líquido a ser purificado. Após a adsorção, o carvão é separado

do líquido por filtração, decantação ou centrifugação; este tipo de carvão não permite

regenerações. Já o carvão granulado é empregado tanto nas adsorções em fase líquida

quanto nas gasosas. Ele é produzido a partir de matérias-primas duras, por exemplo,

casca de coco, resultando em um produto de rígida estrutura. Isto proporciona alta

dureza, permitindo regenerações sucessivas, que podem ser realizadas através de vapor,

solventes ou ar comprimido (MUSTAFA, 2006). A regeneração do carvão ativado pode

ser também realizada com água. Este, aliás, é o agente de regeneração utilizado pela

GALVANI.

As aplicações industriais do Carvão Ativado fundamentam-se no fenômeno da

adsorção, tanto em fase líquida quanto em fase gasosa. Quase sempre a adsorção sobre o

Carvão Ativado provém de forças fracas de Van Der Waals, resultantes de uma atração

intermolecular (adsorção física). O Carvão Ativado (adsorvente) e os compostos

adsorvidos (adsorbato) não sofrem alterações químicas (MUSTAFA, 2006).

A eficiência da adsorção é função da compatibilidade entre o tamanho das

moléculas a serem adsorvidas e o tamanho dos poros. Mustafa (2006) explica que uma

das grandes aplicações do Carvão Ativado é no tratamento de águas potáveis e

industriais e de efluentes líquidos. Os carvões pulverizados e granulados são

empregados para eliminação da cor, turbidez, odor, sabor, pesticidas e outros poluentes.

Eles são utilizados, também, para a descloração de águas com alto teor de cloro.

3.9.7.2. Desmineralização de água

As principais tecnologias de remoção de sólidos dissolvidos existentes

atualmente são: osmose reversa, troca iônica, evaporação e eletrodiálise reversa.

72

Existem outras menos significativas com pouca aplicação prática, tais como:

congelamento à vácuo e piezediálise (MUSTAFA, 2006).

As faixas normais de operação das tecnologias de remoção de sólidos

dissolvidos em função da concentração na corrente de alimentação estão apresentadas

na tabela abaixo:

Tabela 5: Processos de remoção de sólidos dissolvidos (MUSTAFA, 2006).

Troca iônica 10 a 600

Osmose Reversa 50 a 50.000

Eletrodiálise Reversa 300 a 10.000

Evaporação >20.000

Concentração de Sólidos Dissolvidos (mg/l)Processos

A desmineralização em unidades de ácido sulfúrico é em geral realizada pelo

processo de troca iônica. Desta forma os outros três processos de remoção de sólido

dissolvidos não serão descritos.

- Troca Iônica

A desmineralização de água pelo processo de troca iônica é um sistema clássico

de purificação entre as unidades produtivas de ácido sulfúrico, utilizado para remoção

de íons, compostos fracamente ionizáveis (sílica e dióxido de carbono), compostos

fenólicos e ácidos orgânicos.

Mustafa (2006) explica que inicialmente, a corrente de alimentação passa por

vasos de pressão contendo resina catiônica (R - H), onde ocorre a troca dos cátions

(M+n) presentes pelos íons hidrônios (H+) da resina:

nR – H + M+n → Rn – M + nH+ (Eq. 1)

A corrente de saída desses vasos, que é denominada de água descationizada,

possui caráter ácido em função dos íons hidrônios liberados pela resina.

Em seguida, ocorre a troca dos ânions (N-m) por íons hidroxilas (OH-), através de

vasos de pressão contendo resina aniônica (R - OH):

mR – OH + N-m → Rm – N + mOH- (Eq. 2)

73

Os ânions ficam retidos nessa resina e os íons hidroxilas produzidos na troca

iônica neutralizam, os íons hidrônios provenientes das resinas catiônicas, formando

mais moléculas de água:

H+ + OH- → H2O (Eq. 3)

Devido a boa afinidade química entre os ânions carbonatos e bicarbonatos e os

íons hidrônios, grandes quantidades de CO2 podem ser produzidas, quando águas

contendo estes ânions são descationizadas:

CO3-2 + 2H+ → H2O + CO2 (Eq. 4)

HCO3- + H+ → H2O + CO2 (Eq. 5)

Como o CO2 reage com a água formando os ânions HCO3- e CO3

-2, deve ser

removido antes dos leitos aniônicos, de forma a reduzir o volume necessário para essas

resinas. A remoção desse gás pode ser realizada através de aeração da água

descationizada em torres descarbonatadoras atmosféricas, que utilizam ventiladores

externos com tiragem induzida.

Segundo Mustafa (2006), os processos que exigem uma qualidade superior, a

água ainda passa por vasos de pressão denominados de leitos mistos, que contêm resinas

catiônicas e aniônicas, com a finalidade de remover os íons que não foram retidos pelos

leitos catiônicos e aniônicos, a montante.

Existem também os processos que não necessitam da desmineralização rigorosa

da água, como por exemplo, os sistemas de geração de vapor de baixa pressão. Nestes

casos, a água passa apenas através de leitos catiônicos especiais, onde os íons Ca+2 e

Mg+2 são trocados por Na+. Esta desmineralização parcial é denominada de

abrandamento:

2R – Na + Ca+2 → R2 – Ca + 2Na+ (Eq. 6)

2R – Na + Mg+2 → R2 – Mg + 2Na+ (Eq. 7)

Após um determinado tempo de operação, ocorre a saturação das resinas com a

substituição total dos íons hidrônios e hidroxilas por cátions e ânions presentes na água.

Assim, é necessário realizar a regeneração dessas resinas, de forma que elas possam ser

reutilizadas em uma nova campanha. Na realidade, a regeneração é um processo inverso

à desmineralização, ou seja, os cátions e ânions removidos pelas resinas, anteriormente,

74

são substituídos por íons hidrônios e hidroxilas fornecidos por ácidos e produtos

alcalinos (regenerantes). Desta forma, as resinas retornam à composição original

(MUSTAFA, 2006):

Rn – M + nH+ → nR – H + M+n (Eq. 8)

Rm-N + mOH- → mR-OH + N-m (Eq. 9)

Normalmente, as resinas catiônicas de sistemas de abrandamento são

regeneradas por cloreto de sódio e as de sistemas de desmineralização utilizam os

ácidos sulfúrico e clorídrico. Para a regeneração das resinas aniônicas podem ser

utilizados soda cáustica, carbonato de sódio ou hidróxido de amônio.

Mustafa (2006) ressalta que existem várias possibilidades de configuração de

projeto para sistemas de Troca Iônica, sendo estas relacionadas com a combinação de

resinas a ser utilizada, seja por tipo catiônica, aniônica e leito misto ou por grau fraco e

forte. A qualidade da água desejada é o fator determinante na escolha do tipo de sistema

de Troca Iônica mais adequado. Outros aspectos importantes a serem considerados são

os custos de investimento, operação e manutenção. A seguir são apresentadas algumas

configurações típicas de projeto de troca iônica.

A CCA

CA

AC

Configuração 1: Leitos catiônico e aniônico

Configuração 2: Leito misto

Configuração 3: Leitos catiônico, aniônico e misto

Figura 16: Configurações típicas de projeto de desmineralização por troca iônica (MUSTAFA, 2006).

3.9.8. Produção de soda cáustica em escamas

De acordo com ABICLOR (2004) apud Galdiano (2006), a fabricação da soda

cáustica é indissociável da produção de cloro, realizada a partir do processo de eletrólise

75

da salmoura, pode ser realizada pelas principais tecnologias de diafragma, mercúrio e

membrana.

Como as plantas de cloro e soda cáustica são eletro-intensivas, a energia elétrica

passa a ser um insumo de grande importância, representando cerca de 45% do custo total de

produção. O consumo específico de energia elétrica por unidade eletrolítica é bastante

significativo, podendo variar entre 2.800 kWh/t a 3.600 kWh/t de acordo com o processo de

produção adotado (ABICLOR, 2004 apud GALDIANO, 2006).

No Brasil, as empresas de cloro e soda cáustica são em número de dez e seus

principais produtos são: o cloro, a soda cáustica, o hipoclorito de sódio e o ácido

clorídrico (ABICLOR, 2004 apud GALDIANO, 2006). Devido aos aspectos ambientais

e econômicos, as indústrias mundiais de cloro e soda cáustica estão progredindo de

plantas pequenas de mercúrio para plantas de escala mundial de diafragma e de

membrana. De acordo com o IPPC (2001) apud Galdiano (2006), a partir de 1975, as

células eletrolíticas de membrana têm se desenvolvido com um alto grau de

sofisticação, o que tem tomado esta tecnologia mais vantajosa, em termos econômicos e

ambientais, nos dias atuais.

A Soda Cáustica em Escamas é um produto proveniente de processos

periféricos, por evaporação da soda cáustica líquida. O processo produtivo inicia-se com

a produção de Soda Cáustica Líquida, Cloro Gasoso e o Hidrogênio, através de um

processo eletrolítico onde participam água, sal marinho e energia elétrica. Através de

processos periféricos são fabricados: Soda Cáustica em Escamas; Cloro Liquefeito;

Hipoclorito de Sódio e Ácido Clorídrico (CAII, 2007).

A partir do sal e da água é preparada uma solução denominada Salmoura com

concentração de 300g/L. Essa solução é purificada utilizando carbonato de sódio e soda

cáustica para precipitação dos íons cálcio e magnésio, respectivamente. A solução de

salmoura devidamente purificada é transportada por bombeamento para células

eletrolíticas, as quais recebem energia elétrica de baixa voltagem e alta amperagem,

produzindo o amalgama de sódio e o gás cloro. Numa segunda etapa o amalgama de

sódio segue para o compartimento secundário denominado decompositor onde, após

reação com a água, são produzidos a Soda Cáustica Líquida e o Hidrogênio (CAII,

2007).

O Gás Cloro segue para as etapas de purificação e liquefação ou é utilizado

como matéria-prima em plantas paralelas. A Soda Cáustica Líquida é resfriada, filtrada

e enviada aos tanques de armazenamento para posterior expedição ou utilização em

76

outras plantas da fábrica. O Hidrogênio Gasoso é resfriado, filtrado e enviado ao tanque

pulmão para venda ou utilização interna como combustível.

NaCl + Hg → NaHg + 1/2 Cl2 (Eq. 1: células eletrolíticas )

NaHg + H2O → NaOH + H2 + Hg (Eq. 2: decompositor)

A Soda Cáustica em Escamas é obtida por evaporação da soda cáustica líquida, a

qual passa de uma concentração de 50% para 70% com a retirada da água. A soda

cáustica concentrada é posteriormente resfriada ocorrendo choque térmico (fusão) e

conseqüente cristalização (escamação). O produto pronto é embalado em sacos de

polietileno de 25 Kg e armazenado para venda (CAII, 2007).

O fluxograma abaixo apresenta uma síntese de todo o processo produtivo da

indústria cloro-soda cáustica.

EVAPORAÇÃOVapor

energia elétrica

FUSÃO/ ESCAMAÇÃO

RESFRIAMENTO energia elétrica

Sal

ÁguaTRATAMENTO DE SALMORA

ELETRÓLISE

Soda cáustica em escamas

Cloro gasoso

Hidrogênio

Soda cáustica líquida

energia elétrica

Figura 17: Fluxograma esquemático da produção de soda cáustica (Adaptado de CAII, 2007).

3.9.9. Commodities – Diesel refinado e energia elétrica.

Para o presente trabalho considera-se desnecessária a descrição dos processos

produtivos do diesel refinado e energia elétrica, uma vez que tratam-se de commodities

e em nada acrescentarão ao estudo da ACV do superfosfato simples.

77

Mais adiante, no item “4.3.4.6.4. Alocação - Subsistema de produção de diesel”

será feita uma breve descrição dos subprodutos gerados pelo processo produtivo de

diesel.

3.10. ACV – Superfosfato Simples

Apesar da ACV ter sido inicialmente desenvolvida para determinar o impacto

ambiental de indústrias e de seus processos de produção, mais recentemente tem sido

realizados estudos de ACVs da produção agrícola, principalmente para sistemas

produtivos de colheitas únicas ou processos de produção de alimento à escala industrial

(CEUTERIK, 1996, 1998, WEGENER SLEESWIJK e outros, 1996, AUDSLEY e

outros, 1997, MATTSSON e outros, 2000, apud CALDEIRA-PIRES, RABELO E

XAVIER, 2002; HAAS e outros, 2001).

Haas e outros (2001) concluem que a ACV pode ser uma importante e eficiente

ferramenta para produtores e técnicos visando à análise de pontos fracos das unidades

de produção do ponto de vista ambiental, assim como para a criação de programas agro-

ambientais. Eficientes medidas podem ser desenvolvidas para o estabelecimento de

sistemas de produção agrícolas ambientalmente mais seguros.

Estudos de ciclo de vida no setor agrícola em uma cadeia que vai da produção,

passando pelo transporte, até ao uso dos fertilizantes, mostraram que mais de 90% do

impacto ambiental deste ciclo provém das atividades no campo (LOUREIRO &

NASCIMENTO, 2003). Dentro deste contexto, Kulay (2000) afirma que o perfil

ambiental dos processos produtivos do ciclo de vida do fertilizante SSP revela ser pouco

agressivo ao meio ambiente quando comparado com cargas ambientais de

transformações industriais de outros produtos. O autor cita, por exmplo, o baixo

consumo energético do produto SSP, tendo inclusive na etapa de produção de ácido

sulfúrico a possibilidade de recuperação da energia consumida, na forma de vapor.

As maiores contribuições para o impacto ambiental do produto, segundo Kulay

(2000), referem-se ao Aquecimento Global e à Eutrofização. No caso do Aquecimento

Global, o transporte rodoviário através de grandes distâncias entre a usina de

beneficiamento e a planta de produção contribuem decisivamente para essa emissão.

No caso da Eutrofização, as perdas de processo em termos de fosfatos determinam a

pressão nesta categoria ambiental. Já os valores para Oxidação Fotoquímica e para

Acidificação são bastante aceitáveis. Em termos de Ecotoxicidade Terrestre, Kulay

(2000) ressalta os impactos ambientais provenientes do processo produtivo de ácido

78

sulfúrico: borra de enxofre e de pentóxido de vanádio. Apesar de serem gerados em

pequenas quantidades ambos resíduos são classificados como perigosos.

Para Loureiro & Nascimento (2003) o impacto ambiental da produção de

fertilizantes fosfáticos é pequeno, pois os impactos das minas de fosfato e fabricação

são bem controlados. Paralelamente a este fato, Derísio (2000) afirma que parte do

fósforo retirado dos milhões de toneladas de rochas fosfatadas explotadas é perdida por

ineficiência do processo produtivo.

Na fase do beneficiamento de rocha fosfática, Oba (2004) afirma que existe

perda de parcela importante de P2O5 na forma de materiais estéreis, minérios marginais

e rejeito do beneficiamento acarretando em elevado custo ambiental para segregação

adequada destes materiais. Muitas vezes são necessárias construções de barragens de

rejeito, que apresentam danos ambientais elevados à sociedade, além de apresentarem

elevado custo operação destas. Kulay (2000) destaca, nesta fase, a possível

contaminação de aquíferos pelo volume de água não recuperada no beneficiamento (rota

úmida). Segundo o autor, esse efluente líquido apresenta em sua composição parte dos

sólidos de magnetita, lama e rejeito na forma solubilizada.

Durante o ciclo do processo produtivo do fertilizante SSP, Kulay (2000) afirma

que ocorrem impactos devido a efluentes líquidos, principalmente proveniente do

beneficiamento de rocha fosfática. Apesar da geração do ácido hexafluorsilíssico,

produzido nos lavadores de gases do processo produtivo do SSP, este pode ser

concentrado e comercializado nesta forma, ou retornar ao processo.

Em relação a impactos ambientais aos corpos hídricos subterrâneos, a fase final

do ciclo de vida do fertilizante fosfatado (uso/disposição), tende a ser menos danosa do

que esta mesma fase do fertilizante nitrogenado. Isso porque, de acordo com Van Zeijts

e outros (1999) o comportamento do fosfato no solo difere no comportamento do

nitrogênio, tendo o primeiro maior dificuldade de lixiviação até o aqüífero.

No Brasil, em geral, a aplicação do fertilizante é feita sem nenhum estudo

técnico da associação planta-solo-fertilizante. Este procedimento além de causar

desperdício, polui as águas superficiais e subterrâneas. Dentro deste contexto, Van

Zeijts e outros (1999) entendem que o alocamento dos impactos ambientais da aplicação

do fertilizante fosfatado para diferentes colheitas em um procedimento padrão deveria

ser de acordo com a absorção do vegetal e eficiência de absorção do tipo de solo, por

exemplo, utilizando recomendações oficiais para fertilização do solo.

79

Por isso deve-se pensar numa agricultura responsável, tendo como preocupação

primordial a correta aplicação, qualitativa e quantitativa, dos fertilizantes, em função do

trinômio: tipo de cultivo, características do solo e clima. Segundo Algarte e outros

(1991) apud Loureiro & Nascimento (2003), a contribuição dos adubos, incluindo a

calagem, no aumento da produtividade, é da ordem de 30 a 60%, se corretamente

aplicados. Assim, Agri (2001) apud Loureiro & Nascimento (2003) afirmam que a

capacitação dos produtores agrícolas, para o uso correto dos fertilizantes, é um caminho

promissor para melhorar os problemas ambientais da agraopecuária.

Loureiro & Nascimento (2003) afirmam ainda que as técnicas para minimização

dos impactos ambientais no uso do fertilizante já existem. O uso de fertilizantes

fosfáticos parcialmente solubilizados ou a aplicação direta de rochas fosfáticas reduz a

perda por dissolução; a compostagem e a elaboração de fertilizantes organo-minerais

maximizam o aproveitamento dos nutrientes; o uso da adubação verde para a captação

de nitrogênio atmosférico e para aproveitamento dos resíduos de fertilizantes de culturas

anteriores, além da cobertura do solo evitando a decomposição acelerada da matéria

orgânica, também é procedimento técnica e economicamente viável. Faltam, entretanto,

educação, extensão rural e política de crédito que favoreçam a produção sustentável, e

não o uso indiscriminado de insumos como já foi regra neste país.

4. ACV DO FERTILIZANTE SUPERFOSFATO SIMPLES PRODUZIDO PELO

GRUPO GALVANI

4.1. Introdução

Para comprovar a aplicabilidade do modelo anteriormente proposto, o mesmo

será utilizado para identificação dos aspectos ambientais provenientes do ciclo de vida

do fertilizante superfosfato simples. O enfoque do presente estudo é conhecido pelos

praticantes da ACV como do “berço ao portão da fábrica”. Isto significa que as etapas

do ciclo de vida do produto a serem consideradas, serão apenas as de extração dos

recursos naturais bem como de todas as transformações industriais necessárias para

gerar os produtos.

Este estudo foi conduzido utilizando a estrutura metodológica baseada nas

recomendações da borma ISSO 14.000, com o auxílio do software Gabi.

80

4.2. Objetivos

Como explicitado anteriormente, o presente trabalho de dissertação tem por

objetivo principal elaborar o diagnóstico ambiental do ciclo de vida do fertilizante

Superfosfato Simples – SSP, propondo ações para minimização destes impactos

ambientais. Para isso, realizou-se um estudo no Grupo GALVANI, empresa que atua no

negócio de fertilizantes fosfatados.

Os resultados poderão permitir a elaboração de uma Política Integrada de

Produto - PIP, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água, energia e

minimizar (ou deixar de gerar) resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões

atmosféricas vinculadas ao SSP. Secundariamente espera-se, dentro de um cunho geral,

trazer subsídios para um melhor planejamento de políticas de sustentabilidade

ambiental.

4.3. Escopo

O escopo do estudo leva em consideração os itens: sistema de produto; função

do produto; unidade funcional; fronteiras do sistema de produto; procedimentos de

alocação; tipos de impacto e metodologia de avaliação e interpretação; requisitos da

qualidade dos dados iniciais; suposições; limitações; tipo de análise crítica.

4.3.1. Sistema de Produto

O cerne do sistema de produto sob estudo consiste tanto nas fases vinculadas

diretamente ao processo produtivo do fertilizante SSP, quanto indiretamente. Os

subsistemas vinculados diretamente são:

- Lavra da Rocha Fosfática;

- Beneficiamento da Rocha Fosfática;

- Produção de Enxofre Elementar;

- Produção de Cal Hidratada;

- Tratamento de Água;

- Fabricação de Ácido Sulfúrico;

- Manufatura do SSP;

Vinculados indiretamente ao ciclo do processo produtivo do SSP, porém não

menos importantes, estão incluídos neste estudo também os subsistemas de:

- Produção de Diesel;

81

- Produção de Energia Elétrica;

- Fabricação de Soda Cáustica;

- Logística portuária;

- Transporte: Enxofre elementar; concentrado fosfático; cal hidratada e; soda

cáustica.

O ciclo de vida do fertilizante SSP, produzido pelo grupo GALVANI, é iniciado

em Port Arthur/ Texas – E.U.A, no complexo petrolífero-portuário da TEXACO, onde o

enxofre elementar é obtido em refinaria. O insumo é introduzido em navio cargueiro

presente no próprio complexo industrial-portuário, a partir do qual é transportado até o

porto de Mucuripe/ Maranhão – Brasil. A partir daí o enxofre elementar importado

segue, via transporte rodoviário, para o complexo industrial da GALVANI em Luiz

Eduardo Magalhães – BA (CILEM), onde será utilizado como matéria prima no

processo produtivo de ácido sulfúrico.

Ainda como insumos do ácido sulfúrico, o ciclo de vida do SSP passa por mais

três processos produtivos. O primeiro, pelo tratamento de água (remoção de compostos

orgânicos e desmineralização) realizada pela GALVANI no próprio CILEM. O

segundo, pela fabricação da soda cáustica realizada pela MAKENI CHEMICALS em

Diadema – SP, sendo este produto utilizado no processo de desmineralização da água. E

por fim, pela manufatura da cal hidratada realizada pela FILERCAL RIO FORMOSO

em Formoso do Araguaia – TO, utilizada diretamente no processo produtivo do ácido

sulfúrico. Os insumos – cal hidratada e soda cáustica – seguem via transporte

rodoviário, para o CILEM.

Paralelamente, em Campo Alegre de Lourdes – BA, a GALVANI realiza (na

Unidade de Mineração Angico – UMA) a lavra e beneficiamento da rocha fosfática.

Após o beneficiamento do minério, o concentrado fosfático (à 34% de P2O5) é

enviado, via transporte rodoviário, para o CILEM onde junto com o ácido sulfúrico será

utilizado na manufatura do fertilizante SSP.

Além disso, ainda estão contemplados neste estudo de ciclo de vida do SSP, os

processos produtivos das comodities: diesel (produzido tanto nos E.U.A – Port Arthur/

Texas quanto no Brasil – Mataripe/ BA) e energia elétrica (proveniente de hidrelétrica

de Sobradinho – BA).

A seguir na figura 18 é apresentada a modelagem qualitativa do ciclo de vida do

SSP.

82

RER: Hidrelétrica - (Brasil)

XTratamento H2O -(Brasil)

XEU-15: Refinaria (S) -(E.U.A)

XProduçao de SSP -(Brasil)

XProduçao de H2SO4 - (Brasil)

Logistica de importaçao -(S) - (Brasil)

Lavra (PO4) - (Brasil) Beneficiamento (PO4) -(Brasil)

XProduçao [Ca(OH)2] -(Brasil)

AProduçao [Na(OH)] -(Brasil)

ADiesel da refinaria(Brasil)

Logistica de exportaçao -(S) - (E.U.A)

Refinaria de Diesel -(EUA)

XpGLO: Transportemarí timo - (S): E.U.A-Brasil

XpTransporte- [Na(OH)]:Diadema_LEM - (Brasil)

XpTransporte - (PO4):Angico_LEM - (Brasil)

XpTransporte - (S):Fortaleza_LEM - (Brasil)

XpTransporte -[Ca(OH)2]: F.Araguaia_ LEM

(B il)

750 km

7.200 km

1.800 km

550 km

1.700 km

(Produto Final)

LEGENDA: Figura 18: Modelagem qualitativa do ciclo de vida do fertilizante SSP (Gabi 4.0).

E U A

B R A S I L

S Ácido Sulfúrico Cal Hidratada Enxofre Água Desmineralizada Diesel Fosfato Água Reciclada Energia elétrica Soda Cáustica

83

Para uma melhor compreensão das etapas (subsistemas) do ciclo produtivo do

SSP é feita a seguir a individualização descritiva das mesmas.

4.3.1.1. Subsistema de produção do enxofre elementar

O subsistema de produção do enxofre elementar, considerado nesta ACV, trata-

se do processo de recuperação de enxofre contido no petróleo. Compreende as correntes

de entrada e saída provenientes das operações de combustão, condensação, queimação,

reação e incineração.

Foto 1: Planta de refino de enxofre – Port Arthur / Texas (EUA) .

4.3.1.2. Subsistema de logística portuária de exportação do enxofre elementar

O subsistema de logística portuária de exportação fica restrito às correntes de

entrada e saída provenientes das operações portuárias do carregamento do enxofre no

navio. Normalmente os portos operam com guindastes para o carregamento, podendo

ser equipados com grabs ou ser do tipo portalinus (sistemas de sucção para dentro dos

comprtimentos do navio).

Foto 2: Logística de importação - Port Arthur / Texas (EUA).

84

4.3.1.3. Subsistema de transporte marítimo

O subsistema de transporte marítimo compreende as correntes de entrada e saída

da queima de combustível fóssil, propiciada pela movimentação marítima do enxofre

elementar, proveniente do Texas – E.U.A até o Ceará – Brasil.

Foto 3: Transporte marítimo do transporte de enxofre elementar.

4.3.1.4. Subsistema de logística portuária de importação do enxofre elementar

O subsistema de aquisição do enxofre elementar fica restrito as correntes de

entrada e saída provenientes das operações portuárias de descarregamento e

armazenamento do enxofre importado. Neste subsistema são utilizados: guincho-

canguru e pá-carregadeira.

Foto 4: Logística de descarregamento/ armazenamento do enxofre importado.

Unidade de Logística Porto de Mucuripe (CE).

4.3.1.5. Subsistema de produção de cal hidratada

O subsistema do processo produtivo de cal hidratada compreende as correntes de

entrada e saída das operações de britagem, moagem, calcinação e hidratação.

85

Foto 5: Planta de produção de cal hidratada – Formoso do Araguaia (TO).

4.3.1.6. Subsistema de tratamento de água

O subsistema de tratamento da água clarificada (proveniente de poços

artesianos) contempla de forma integrada as correntes de entrada e saída da operação de

remoção de compostos orgânicos (por adsorção com carvão ativado) e da operação da

desmineralização da água, que contempla as correntes das etapas de descationização e

desionização da água, além da regeneração do carvão ativado e das resinas catiônica e

aniônica.

Foto 6: Processo de tratamento de água por filtragem (carvão ativado) e troca iônica.

Complexo Industrial Luiz Eduardo Magalhães (BA).

4.3.1.7. Subsistema de produção de soda cáustica (escamas)

O subsistema de produção de soda cáustica em escamas compreende as

correntes de entrada e saída das operações de: tratamento da salmoura, eletrólise,

evaporação da soda cáustica líquida, resfriamento, fusão e escamação.

86

Foto 7: Planta de produção de soda cáustica – Diadema (SP).

4.3.1.8. Subsistema de produção do ácido sulfúrico

O subsistema de produção de ácido sulfúrico compreende as correntes de

entrada e saída das operações do processo de fabricação do ácido sulfúrico, a saber:

fusão e filtração do enxofre, secagem do ar atmosférico, combustão do enxofre,

conversão do dióxido de enxofre (SO2), absorção do trióxido de enxofre (SO3) e

circulação/ armazenagem.

Foto 8: Planta de produção de H2SO4 – Complexo Industrial Luiz Eduardo Magalhães (BA).

4.3.1.9. Subsistema de lavra da rocha fosfática

O subsistema de lavra da rocha fosfática compreende apenas as correntes de

entrada e saída da operação de extração da rocha fosfática, por meio de

retroescavadeira, pá-carregadeira e caminhões basculantes.

87

Foto 9: Lavra de rocha fosfática – Unidade de Mineração Angico (BA).

4.3.1.10. Subsistema de beneficiamento da rocha fosfática

O subsistema de beneficiamento da rocha fosfatada (processamento à seco)

compreende as correntes de entrada e saída das operações de classificação/britagem,

homogeneização, secagem, moagem, classificação, resfriamento, separação magnética e

armazenagem.

Foto 10: Planta de beneficiamento de rocha fosfática – Unidade de Mineração Angico (BA).

4.3.1.11. Subsistema de produção do fertilizante SSP

O subsistema de produção do fertilizante SSP compreende as correntes de

entrada e saída das operações de moagem, acidulação, curagem, armazenagem e

tratamento de gases.

88

Foto 11: Planta de produção de SSP – Complexo Industrial Luiz Eduardo Magalhães (BA).

4.3.1.12. Subsistema de transporte rodoviário

O subsistema de transporte rodoviário compreende as correntes de entrada e

saída da queima de combustível fóssil, propiciada pela movimentação terrestre das

matérias-primas básicas para a fabricação do SSP, a saber: enxofre elementar, cal

hidratada, soda cáustica e concentrado fosfático. Os trajetos de cada matéria-prima

podem ser observados na figura 18.

Foto 12: Caminhões utilizados para o transporte de produtos e insumos.

4.3.1.13. Subsistema de produção do diesel refinado

O subsistema de produção do diesel refinado, utilizado ao longo ciclo de vida do

SSP considerado, compreende as correntes de entrada e saída das operações de pré-

aquecimento, dessalinização e destilação atmosférica do óleo cru.

89

Foto 13: Planta de produção de diesel – Refinaria Landulfo Alves Mataripe (BA).

4.3.1.14. Subsistema de produção de energia em hidrelétrica

O subsistema de produção de energia elétrica, utilizada ao longo ciclo de vida do

SSP no Brasil, compreende as correntes de entrada e saída das operações do

aproveitamento do potencial gravitacional de um fluxo d’água para obtenção da energia

elétrica.

Foto 14: Geração de energia elétrica – Hidrelétrica de Sobradinho (BA).

4.3.2. Função do produto

A função do produto é fornecer o elemento fósforo ao solo segundo uma forma

que o permita ser assimilado pelas culturas. Devido à alta solubilidade em água, o SSP é

um fertilizante de ação relativamente rápida, o que o torna altamente recomendável para

plantas com ciclo curto de cultivo e para culturas que crescem em condições de clima

ou solo onde é difícil a dissolução dos fosfatos naturais. Além disso, o produto tem uso

direto na pecuária, para o manutenção de pastagens.

90

4.3.3. Unidade funcional

A unidade funcional para o desenvolvimento do estudo foi fixada em 1000 kg de

SSP produzido. Este valor irá balizar a normalização dos dados na etapa de Elaboração

do Inventário de Ciclo de Vida e Avaliação de Impactos.

4.3.4. Fronteiras do sistema de produto

As fronteiras do estudo são definidas baseadas na norma ISO 14040, conforme

descrito a seguir.

4.3.4.1. Fronteiras em relação ao sistema natural

O sistema de produto se relaciona com o meio ambiente, através dos seguintes

aspectos ambientais:

- Consumo de recursos naturais (diretos): Óleo cru, enxofre, rocha calcária, sal

marinho, rocha fosfática e água;

- Consumo energético: Eletricidade e combustíveis fósseis;

- Geração dos rejeitos: Emissões atmosféricas, efluentes líquidos e resíduos

sólidos.

4.3.4.2. Fronteira em relação a outros sistemas

Os subsistemas que são incluídos na fronteira do estudo, assim como os

excluídos, são apresentados na tabela 6:

Tabela 6: Subsistemas considerados e excluídos na ACV do SSP.

Subsistemas incluídos Subsistemas excluídos Lavra do fosfato Produção de madeira

Beneficiamento do fosfato Transporte de madeira

Produção de enxofre elementar Transporte diesel

Produção de cal hidratada Produção e manutenção de bens de capital

Desmineralização de água Produção e manutenção de bens pessoais

Produção de soda cáustica

Produção do H2SO4

Produção do SSP

Logística portuária

Transporte: S; PO4; NaOH; Ca(OH)2

Geração e consumo de energia elétrica

Produção de diesel.

91

4.3.4.3. Fronteira geográfica

A fronteira geográfica foi definida de acordo com os subsistemas incluídos no

presente estudo (figura 19). Desse modo, a fronteira geográfica adotada para o estudo é

representada pelo escopo geográfico delimitado, no Brasil, pelas unidades do grupo

GALVANI, bem como as unidades produtivas externas que participam do ciclo de vida

do SSP. As unidades GALVANI estão presentes em:

- Mucuripe /CE: Unidade de Logística Portuária – aquisição de enxofre

importado;

- Campo Alegre de Lourdes /BA: Unidade Mineração Angico – lavra e

beneficiamento de rocha fosfática;

- Luiz Eduardo Magalhães /BA: Complexo Industrial Luiz Eduardo

Magalhães – desmineralização de água, e produção de H2SO4 e SSP.

As unidades produtivas externas que participam do ciclo produtivo do produto

final, presentes em território brasileiro, estão localizadas em:

- Mataripe /BA: PETROBRÁS – unidade produtiva de diesel refinado;

- Sobradinho /BA: CHESF – unidade geradora de energia elétrica;

- Formoso do Araguaia /TO: FILERCAL RIO FORMOSO – unidade

produtiva de cal hidratada;

- Diadema /SP: MAKENI CHEMICALS – unidade produtiva de soda

cáustica;

Ainda dentro deste tipo de fronteira está também representada pelo escopo

geográfico delimitado fora do território brasileiro, nos Estados Unidos:

- Port Arthur /TEXAS: TEXACO - unidade produtiva de enxofre e diesel

refinado (sendo o diesel utilizado localmente para o abastecimento do

transporte marítimo).

92

BRASIL

TEXAS

CE

SP

BATO

Figura 19: Escopo geográfico delimitado pelas unidades de produção e logística.

4.3.4.4. Fronteira temporal

Este estudo visa retratar a situação atual do ciclo de vida do SSP produzido pelo

Grupo GALVANI. Desta forma, os dados coletados foram obtidos no período de junlho

de 2006 à junho de 2007.

Para fazer frente ao crescimento da demanda e oferta nacional de fertilizante

SSP, pode-se dizer que os dados deste estudo possuem uma “validade” de

aproximadamente 5 anos, visto que o planejamento para uma demanda futura já está em

fase de implementação, o que poderá envolver novas tecnologias produtivas. Ao

término deste período se faz necessário uma análise crítica e atualização dos dados.

4.3.4.5. Fronteira relacionada aos bens de capital e pessoal

Neste estudo, os bens de capital, como as construções civis, estradas de acesso e

todo o aparato de máquinas e equipamentos das Unidades GALVANI serão excluídos.

Isso porque, em geral, a vida útil de tais bens foi projetada para durar mais de 50 anos,

tornando os impactos ambientais associados aos mesmos irrelevantes quando

comparados aos impactos ambientais diários provenientes dos processos produtivos

envolvidos no ciclo de vida do produto.

● Unidades GALVANI

● Unidades externas

93

Os bens pessoais (como a alimentação, transporte dos funcionários, entre outros)

também serão excluídos do estudo, por serem julgados, baseados na experiência

internacional e em estimativas preliminares, pouco relevantes.

Galdiano (2006) ressalta que, embora apresentem aspectos ambientais, os bens

de capital e pessoais geralmente não têm sido inculídos nos estudos de ACV.

4.3.4.6. Fronteira tecnológica

A análise do presente estudo está calcada em tecnologias atuais utilizadas nos

subsistemas incluídos nesta ACV. De forma mais específica pode-se subdividir a

tecnologia utilizada pelas Unidades GALVANI :

- Lavra: Utilização de equipamentos novos (sondas rotativas,

retroescavadeiras e caminhões basculantes);

- Beneficiamento de rocha fosfática: Tecnologia de processamento físico em

rota seca desenvolvida pela GALVANI em parceria com a Universidade de

São Paulo – USP, ao final dos anos 90.

- Produção de ácido sulfúrico: Tecnologia de dupla-absorção e duplo-contato,

amplamente conhecida no mundo. A eficiência desse processo em termos de

conversão de enxofre elementar em H2SO4 segundo Silva (1998) apud Silva

& Kulay (2000), é da ordem de 99,8%.

- Tratamento de água: São utilizadas dois tipos de tecnologias: inicialmente, a

de adsorção de carvão ativado (para remoção de compostos orgânicos) e

posteriormente a tecnologia de troca iônica (para remossão de sais) Ambas

tecnologias são amplamente empregadas para o tratamento de água em

plantas de ácido sulfúrico.

- Produção de SSP: Tecnologia de acidulação. Tecnologia utilizada

mundialmente, face sua simplicidade e eficiência.

Com relação aos processos produtivos indiretos utilizados da base de dados do

GABI, tratam-se das tecnologias mais difundidas e utilizadas no mundo.

94

Diante do exposto espera-se que o trabalho tenha uma representatividade com

relação às tecnologias mais atuais envolvidas no ciclo de vida do SSP.

4.3.4.6. Procedimentos de alocação

Conforme ressalta Kulay (2004), a aplicação de procedimentos de alocação só terá

sentido, caso as unidades de processo do sistema em estudo gerem mais de um produto (os

subprodutos) ao longo de seu desenvolvimento. Ressalta-se que as saídas somente serão

consideradas subprodutos, caso haja valor comercial para as mesmas.

No caso do sistema de produto do SSP, essa condição pode ser encontrada em 4

subsistemas:

- Subsistema de produção de soda cáustica;

- Subsistema de produção de ácido sulfúrico;

- Subsistema de produção do fertilizante SSP;

- Subsistema de produção do diesel;

4.3.4.6.1. Alocação - Subsistema de produção da soda cáustica

Conforme explicitado no item de Revisão Bibliográfica, o processo eletrolítico

integrado de produção soda-cloro gera os subprodutos cloro e hidrogênio. Desta forma,

se fez necessária a alocação das cargas ambientais, utilizado-se o critério de alocação

por massa.

4.3.4.6.2. Alocação - Subsistema de produção do ácido sulfúrico

Conforme explicitado no item de Revisão Bibliográfica, o processo produtivo de

ácido sulfúrico apresenta características exotérmicas. Por conta disso, uma parte

significativa do calor gerado, da ordem de 60%, é usualmente recuperada na forma de

vapor de água superaquecido. Este vapor é introduzido em uma turbina para produzir

energia elétrica, a qual é exportada para a demanda do complexo industrial.

Desta forma, para este subitem foi empregado o critério de alocação por

energia.

4.3.4.6.3. Alocação - Subsistema de produção do fertilizante SSP

Como relatado no item de Revisão Bibliográfica, durante o processo de

produção do SSP, na etapa de reação (acidulação), são gerados gases contendo umidade

e ácido fluorídrico (HF). Como forma de controle desta emissão, os gases são captados

95

e removidos através de dutos para o sistema de lavagem, onde o HF é absorvido após

reação com água e sílica, proveniente do próprio concentrado fosfático, se

transformando em ácido hexafluorsilícico (H2SiF6).

Finalmente, o H2SiF6 concentrado a 20% passa por um filtro prensa para a

retirada de sólidos (elementos contendo cálcio, enxofre, fósforo e outras impurezas),

sendo posteriormente estocado para futura comercialização ou retorna ao reator como

agente de solubilização da rocha substituindo parcialmente o ácido sulfúrico.

A “torta”, sólidos provenientes da remoção do filtro-prensa, é reaproveitada na

unidade de granulação de fertilizantes, já que contém nutrientes de fertilizantes.

Desta forma, neste subsistema são gerados dois subprodutos distintos. Para

ambos foi empregado o critério de alocação por massa.

4.3.4.6.4. Alocação - Subsistema de produção de diesel

No processo produtivo do diesel, no topo da torre de pré-flash saem vapores de nafta

leve e GLP que são condensados fora da torre e posteriormente separados para

comercialização, sendo a nafta leve fracionada em nafta leve (petroquímica) e nafta média.

O petróleo pré-vaporizado que deixa a torre de pré-flash é encaminhado aos fornos e

posteriormente à torre de destilação atmosférica onde são retirados a nafta pesada,

querosene e o diesel, tendo como produto de fundo o resíduo de vácuo, que será

transformado em óleo combustível ou asfalto. Desta forma, o processo produtivo do

diesel gera como subprodutos: nafta (leve, média e pesada), querosene, gasóleo (leve e

pesado), e óleo combustível ou asfalto.

O refino de diesel apresenta características exotérmicas, sendo parte do calor gerado

recuperado na forma de vapor d’água superaquecido. Este vapor é introduzido em uma

turbina para produzir energia elétrica, a qual é exportada para a demanda interna e

externa da refinaria.

Desta forma, para este subitem foi empregado os critérios de alocação por

massa e energia.

4.3.5. Tipos de impacto & metodologia de avaliação e interpretação

4.3.5.1. Tipos de impactos ambientais

Os impactos ambientais provenientes da produção do SSP podem ser observados

ao longo de todos os subsistemas, em maior ou menor quantidade, envolvidos no ciclo

96

de vida do SSP. Foram abordados os impactos ambientais principais gerados durante o

ciclo de vida.

4.3.5.1.1. Consumo de recursos energéticos

O gasto de recursos energéticos do subsistema de lavra da rocha fosfática fica

restrito ao consumo de combustíveis fósseis dos equipamentos de lavra. Já no

subsistema de beneficiamento da rocha fosfática, este tipo de consumo é proveniente

não só de combustíveis fósseis (consumidos por pá-carregadeiras e caminhões

basculantes), como também de lenha (setor de secagem) e principalmente, energia

elétrica para os equipamentos como: britadores, moinhos, desmagnetizadores, peneiras,

secador, resfriador e correias transportadoras.

Como as unidades produtivas plantas de soda cáustica são eletro-intensivas, a

energia elétrica passa a ser um insumo de grande importância, individualmente, para o

subsistema de soda cáustica. Entretanto, devido a pouca quantidade deste produto no ciclo

de vida do SSP, não chega a ser um item de grande importância, em termos de impacto

ambiental. Da mesma forma, o consumo de energia elétrica para os britadores e moinhos,

e o consumo de biomassa na etapa de calcinação do processo produtivo de cal hidratada

não afetam significativamente o ciclo de vida do SSP.

Na etapa de produção de ácido sulfúrico, via enxofre elementar, o consumo

específico de energia elétrica é negativo (BRUNO, 1985 apud KULAY 2000). Isso

porque parte da energia é recuperada por um Turbo Gerador que reutiliza o vapor

superaquecido. Com isso a unidade de produção de H2SO4, além de não consumir

energia elétrica, pode exportar o excedente para usos diversos em outras unidades de

processo, sendo uma delas a unidade de desmineralização de água que consome 100%

da energia excedente da planta do ácido sulfúrico. Entretanto, no processo produtivo de

H2SO4, existe o consumo de lenha (para etapa da fusão) e o gasto de combustíveis

fósseis, consumidos por pá-carregadeiras.

Também na refinaria, tanto na produção de diesel quanto de enxofre ocorre a

recuperação de energia, através da reutilização vapor superaquecido. Porém, em ambos

os casos existe um grande consumo de combustíveis fósseis utilizados ao longo do

processo produtivo.

Na produção de SSP, o consumo de energia provém de combustíveis fósseis

(consumidos por pá-carregadeiras e caminhões basculantes) e, principalmente, da

97

energia elétrica, destinada ao acionamento dos equipamentos de moagem, classificação

do produto e transporte (correias transportadoras).

Nas etapas de transporte, seja rodoviário, seja marítimo, o consumo de energia é

proveniente somente de combustíveis fósseis utilizados pelos respectivos veículos de

trasnporte.

4.3.5.1.2. Emissões Atmosféricas

As principais emissões atmosféricas de um sistema como o deste estudo são:

- Dióxido de carbono (CO2): gerado na etapa de combustão de hidrocarbonetos

principalmente durante os processos produtivos de diesel e enxofre, além do

transporte (rodoviário e marinho);

- Dióxido de enxofre (SO2): gerado principalmente na etapa de combustão do

enxofre para fabricação de ácido sulfúrico, ou através da queima de

combustíveis fósseis para produção de vapor tanto na unidade de produção de

ácido sulfúrico quanto nas refinarias;

- Névoa de trióxido de enxofre SO3: proveniente da planta de ácido sulfúrico,

nas torres de absorção de anidrido sulfúrico em solução de H2SO4;

- Fluoretos: proveniente da reação do ácido sulfúrico com o concentrado

fosfático, no misturador da etapa de produção do SSP;

- Material particulado em Suspensão: gerado ao longo das etapas de lavra e

beneficiamento da rocha fosfática, produção de H2SO4 e na fabricação do

SSP.

Secundariamente ainda temos emissões de compostos voláteis (CO, NOx, CH4

etc.) provenientes da queima de combustíveis fóssil e lenha.

4.3.5.1.3. Efluentes líquidos

Diferentemente do trabalho realizado por Kulay (2000), onde a etapa de

beneficiamento de rocha fosfática era a grande responsável pela geração de efluente

líquido, neste estudo somente são gerados efluentes líquidos, de forma considerável, ao

98

longo do processo produtivo de diesel e enxofre. Isso decorre de uma tecnologia de

beneficiamento de rocha fosfática, utilizada exclusivamente pelo grupo GALVANI, em

rota via seca.

Ressalta-se que na produção de SSP, apesar de ser gerado o ácido

hexafluorsilíssico (H2SiF6), produzido na etapa de lavagem dos gases, este é

comercializado, ou reaproveitado no próprio processo, retornando ao reator em

substituição a uma parcela de ácido sulfúrico ou como fluído de lavagem no controle de

emissões de SiF4 e de pó de fosfatos. Desta forma, neste estudo de caso, o H2SiF6 é

classificado como sub-produto e não efluente líquido.

Também é importante ressaltar que na etapa de desmineralização da água são

geradas duas correntes de efluentes líquidos: uma básica e outra ácida. Entretanto estes

efluentes são lançados em uma lagoa interna do CILEM, neutralizando-se, e sendo toda

a água reutilizada nos processos produtivos de fertilizantes fosfatados, incluindo o SSP.

4.3.5.1.4. Resíduos sólidos

Os principais resíduos sólidos gerados são os rejeitos do processo de

beneficiamento de rocha fosfática; rejeito fosfático e rejeito magnético.

Ocorre também a geração de resíduos sólidos na etapa de produção de ácido

sulfúrico. Neste subsistema são geradas borras de enxofre e de pentóxido de vanádio,

classificadas como resíduo perigoso. SILVA & Kulay (2000) lembram que apesar de

ambos serem gerados em quantidades significativamente menores apresentam elevada

toxicidade. Dessa forma, ressaltam os autores, as práticas de acondicionamento,

transporte e disposição final desses materiais deve seguir a normas e procedimentos

rigorosos.

A observação feita para o H2SiF6, no item anterior, vale também para a “torta”

neste item, uma vez que também é um subproduto do processo produtivo do SSP.

Além disso, existem as varreduras provenientes ao longo dos processos

produtivos do ciclo de vida do SPP.

4.3.6. Metodologia de Avaliação e Interpretação

Para a realização da avaliação dos impactos provenientes do Ciclo de Vida do

SSP, foi utilizado um software direcionado para este tipo de estudo; o Gabi 4.0. Trata-se

de um software conhecido no mercado pelo seu consistente banco de dados e pelo fácil

manuseio. O desenvolvimento do estudo através do software Gabi trouxe os subsídios

99

necessários para as conclusões do estudo, face à ampla e consistente base de dados

provenientes de pesquisas desenvolvidas pelo fornecedor do software em cooperação

com a indústria de diversos setores da indústria alemã.

A metodologia para calcular os impactos ambientais foi baseada na alimentação

de dados ambientais no Gabi, onde foi possível avaliar os impactos ambientais em cada

etapa (subsistema) do ciclo de vida do SSP. Para trabalhar com o software foram

utilizadas as técnicas de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) da série de normas ISO

14.000, definindo categorias de impactos ambientais mundialmente adotadas.

Após a elaboração do inventário as informações foram compatibilizadas e

integralizadas no Gabi, obtendo-se ao final o resultado sobre o impacto ambiental ao

longo do ciclo de vida. O software avalia as categorias de impacto ambiental, utilizando

como método padrão a subdivisão em cinco estágios; seleção dos campos críticos

ecológicos; classificação; determinação dos impactos correlatos, padronização, e

avaliação.

Para o presente estudo foi realizada a integralização dos dados, através do

balanço ambiental, onde realizou-se a Avaliação do Inventário do Ciclo de Vida

(AICV). Para fornecer um quadro mais preciso do desempenho ambiental da avaliação

do desempenho ambiental do produto em estudo, entendeu-se ser mais adequado que o

Perfil de Impacto do SSP fosse constituído por indicadores do tipo midpoint. Ou seja,

indicadores relativos restringidos aos efeitos primários provocados pela disposição ou

consumo de determinado aspecto ambiental no meio ambiente.

Diante de tal decisão foi selecionado aquele, dentre os modelos existentes, com

enfoque em categorias de impacto intermediárias, que considera os impactos a partir do

ponto primário da intervenção ambiental. Assim, após avaliar a conjectura de todos os

modelos disponíveis, decidiu-se optar pelo método CML 2001, proposto pelos

pesquisadores do Centre of Environmental Science - CML, da Universidade de Leiden –

Holanda. É importante registrar que o Gabi não contempla nenhum modelo de avaliação

proposto pelos pesquisadores do Brasil.

Desta forma, pode se afirmar que a decisão de escolha do modelo de avaliação

foi motivada pelas categorias de impacto contempladas pelo método CML 2001,

entendidas como as mais adequadas para estabelecimento do perfil ambiental do

produto. Dentro deste contexto, Kulay (2004) ressalta que além do método CML ser

baseado na elaboração de indicadores do tipo midpoint, é um modelo de avaliação de

impactos que não é só consistente, como também descreve os efeitos sobre o meio

100

ambiente causados ao longo dos processos envolvidos de forma tal, que futuras ações

gerenciais podem ser tomadas.

Com o objetivo de representar adequadamente o perfil ambiental do SSP foi

feita a análise das categorias de impacto presentes nos fatores de normalização e

ponderação do método CML 2001 (discutidos mais adiante no item 4.4.3.1.

Procedimento da AICV). A partir daí foram selecionadas as categorias de impacto

ambiental que se inter-relacionavam. Estas categorias são:

- Potencial de Depleção Abiótica (PDA)

- Potencia de Acidificação (PA)

- Potencial de Eutrofização (PE)

- Potencial de Aquecimento Global (PAG 100 anos)

- Potencial de Redução da Camada de Ozônio (PRCO)

- Potencial de Criação de Oxidantes Fotoquímicos (PCOF)

- Radiação Radioativa (RRD)

Os indicadores foram normalizados, com o intuito de maximizar a

comparabilidade dos dados das diferentes categorias de impacto. Posteriormente se fez a

ponderação (valoração) de fatores a fim de definir, através de pesos pré-definido pelo

método CML 2001, a relativa importância dos efeitos ambientais do ciclo de vida.

A partir daí foi realizada a identificação dos principais impactos ambientais

vinculados ao produto, bem como a identificação da etapa mais impactante do ciclo de

vida analisado. A interpretação adequada dos dados possibilitou recomendar medidas

para minimização do impacto das diferentes fases do produto. Finalmente as

interpretações obtidas foram compatibilizadas e integralizadas no presente trabalho.

A metodologia de avaliação de impacto e a interpretação subseqüente utilizada

baseiam-se nas recomendações das normas ISO 14042 e ISO 14043.

4.3.7. Requisitos da qualidade dos dados iniciais

A coleta de dados das correntes de entrada e saída, envolvendo os aspectos

ambientais, de cada subsistema do ciclo de vida em estudo, resulta em um inventário

que contempla as necessidades de materiais e energia, geração de produtos e

subprodutos, bem como de poluentes. Tal inventário é conhecido como ecobalanço, ou

balanço de materiais e energia, ou simplesmente ICV.

101

Segundo Santos (2006), freqüentemente não é possível obter dados primários de

um processo, sendo necessário utilizar dados secundários do mesmo tipo de processo da

literatura.

Para a elaboração do ecobalanço, foi dada preferência à obtenção de dados

primários. Os dados vinculados às unidades produtivas e de logística do grupo

GALVANI são praticamente 100% de dados primários, com exceção de raras

estimativas. Nas unidades externas, devido à ausência de dados primários, foram

utilizados dados secundários obtidos da literatura, base de dados do software Gabi 4.0

ou também raramente por estimativa.

Kulay (2004) ressalta que uma das condições necessárias à composição dos

modelos de sistema de produto é que os dados empregados sejam coletados apenas em

condições regulares de processo, de forma que os níveis de produção não excedessem,

se possível, a capacidade nominal das instalações. A partir dessa decisão, deixaram de

ser consideradas, nete estudo, as situações anormais de processo como paradas

emergenciais ou programadas e suas respectivas repartidas.

Para todas as fontes de dados usadas, em especial as de dados secundários,

foram tomadas as precauções quanto à sua confiabilidade e representatividade para o

sistema de produto adotado, de acordo com os critérios de qualidade de dados propostos

pela norma ISO 14040, tais quais: utilização de dados atuais; coleta de dados primários

em condições normais de processo e; uso de dados secundários provenientes de fontes

seguras (como a base de dados do Gabi).

4.3.8. Suposições

No presente estudo considera-se que todo o diesel utilizado pelos subsistemas

presentes em território brasileiro seja proveniente de uma única refinaria. Devido ao

maior consumo deste combustível ser na região nordeste, considera-se que a unidade

produtiva de diesel seja a Refinaria Landulpho Alves – RLAM, pertencente à

PETROBRÁS e localizada no município de Mataripe-BA. Pelo mesmo motivo será

considerado que toda energia elétrica adquirida (externamente) pelos subsistemas

brasileiros será proveniente da hidrelétrica de Sobradinho, pertencente à CHESF e

localizada em Sobradinho-BA. Para corroborar com esta suposição não serão avaliados

o transporte e distribuição de diesel e energia, apenas sendo analisados os impactos

ambientais dos respectivos processos produtivos.

102

Conforme explicitado anteriormente, foi assumido para os subsistemas

produtivos que as suas operações não excedessem a capacidade nominal das suas

respectivas instalações. Com relação ao subsistema do transporte, será considerado que

a movimentação far-se-á em caminhões carregados com 27 t de material, sendo o

retorno realizado também com a mesma carga.

4.3.9. Limitações

Como limitações deste estudo, temos a etapa de uso e disposição do SSP, devido

à grande complexidade dos parâmetros envolvidos, sendo este estudo melhor avaliado

em uma pesquisa geológica/ agronômica.

Dada a grande diversidade de aspectos ambientais levantados em uma ACV,

SILVA & Kulay (2000) sugerem a aplicação de critérios de seleção que permitam

abstrair do universo total levantado, apenas os aspectos ambientais mais significativos.

Diante disto, decidiu-se considerar que correntes cuja percentagem de contribuição fosse

inferior a 0,3% das correntes totais de massa de entrada e saída seriam excluídas do

estudo, salvo casos em que o material fosse reconhecidamente impactante para o meio

ambiente. Para a alocação de cargas ambientais foi eleito o critério de energia e massa.

Finalmente, devido à dificuldade de acesso dos dados pertencentes aos

subsistemas produtivos externos, o que impossibilita maiores aprofundamentos dos

respectivos processos, os mesmos não terão recomendações de melhorias ambientais.

4.3.10. Tipo de análise crítica

A análise critica, conforme colocado anteriormente, é realizada para facilitar a

compreensão e aumentar a credibilidade do estudo de ACV. Na presente avaliação foi

abordada todos os temas apontados pela norma ISO 14040, verificação de: métodos,

dados, interpretações e transparência do estudo.

Com relação à metodologia, a utilização de um software específico para

realização de ACV (Gabi), o uso das recomendações das normas ISO 14040, 14041,

14042 e 14043, além da adoção de um modelo de avaliação ambiental consagrado

mundialmente (CML 2001) conferem ao estudo consistência em relação ao padrão

internacional. Daí poder se assegurar que os métodos utilizados são válidos tanto em

caráter científico como técnico.

Com relação aos dados utilizados no estudo, pode-se afirmar que de um modo

geral tratam-se de dados atuais (até 5 anos atrás), sendo que os dados primários têm

103

menos de 2 anos, e foram coletados em condições normais de produção. Ressalta-se que

dos 7 subsistemas vinculados diretamente ao produto, em 5 subsistemas foram

utilizados dados primários, o que confere uma consistência grande aos objetivos do

estudo. Além disso, os dados apresentam alta representatividade tanto no campo

geográfico como no tecnológico. Desta forma, considera-se que os dados utilizados são

apropriados para o alcance dos objetivos do estudo.

Em relação às interpretações realizadas, pode-se afirmar que as mesmas

respeitam as limitações existentes, identificam a etapa de maior impacto ambiental, e

traz propostas tangíveis para a melhora do desempenho ambiental do produto. Assim,

julga-se que as interpretações dos resultados refletem de forma adequada os objetivo

propostos pelo estudo.

Sobre a transparência do relatório final, deve ser ressaltado que o mesmo

apresenta fluxogramas tanto qualitativos como quali-quantitativos (integrados), além de

representar a modelagem do sistema estudado. Assim, o trabalho identifica de forma

clara, além das inter-relações dos subsistemas, os aspectos ambientais utilizados na

interpretação dos resultados. É importante ressaltar que antes mesmo de apresentar os

ecobalanços (fluxogramas de aspectos ambientais integrados quali-quantitativamente), o

relatório apresenta os fluxogramas qualitativos de cada etapa do processo envolvido.

Desta forma, o leitor tem rastreado de forma integral, no caso dos dados primários, os

ecovetores (fluxos de aspectos de entrada e saída) presentes no fluxograma integrado

(ecobalanço). Com isso o trabalho traz grande transparência aos aspectos ambientais

envolvidos no estudo.

Finalmente, o presente estudo traz uma contribuição importante aos usuários da

ferramenta de ACV no que diz respeito à realização de ponderações dos dados

processados. Na Avaliação dos Impactos do Ciclo de Vida – AICV – foi realizada uma

crítica ao resultado da carga ambiental do produto, obtido através do software Gabi,

onde foi exposta uma discussão sobre as considerações realizadas, sendo apresentado ao

leitor os dois valores; o resultado bruto da AICV, assim como o resultado ponderado da

AICV.

Assim, considerando as limitações e premissas adotadas durante o estudo,

entende-se que os objetivos foram alcançados com a qualidade desejada.

104

4.4. Inventário do Ciclo de Vida – ICV

4.4.1. Modelagem do ICV

A modelagem do sistema em estudo foi realizada com o auxílio do software

Gabi 4.0, incluindo todas as etapas relevantes ao processo produtivo do SSP. Desta

forma, a construção do ciclo de vida do SSP incluiu os processos produtivos vinculados

direta e indiretamente ao produto final, bem como os processos de transporte (marítimo

e rodoviário). Ressalta-se, conforme mencionado anteriormente, que os subsistemas de

uso e disposição do SSP não foram incluídos no modelo de ACV em estudo.

É importante registrar que devido aos processos produtivos provenientes da base

de dados do Gabi já contemplarem as correntes de entrada de energia elétrica, não

foram realizados os links do subsistema de hidrelétrica com os subsistemas de produção

de cal hidratada e produção de soda cáustica. Já no caso do processo de recuperação de

enxofre é gerado, segundo Abadie (2002), vapor de alta pressão que é reutilizado para a

co-geração de energia, ficando independente de energia externa.

A seguir, na figura 20, é apresentado a modelagem quali-quantitativa do ciclo de

vida do fertilizante SSP produzido pelo grupo GALVANI.

105

1824 kg

0,021319 kg

1,9176 kg 1,2957 kg

12,533 kg12,533 kg

6,2172 kg

0,00063169 kg0,02032 kg

0,023522 kg

3,026 kg

0,010389 kg

56,779 kg

2,7027 kg

282 kg

0,63365 MJ

30,24 MJ

131,4 MJ365 kg365 kg

0,004883 kg

365 kg

0,002139 MJ

124,66 MJ

195,22 MJ 195,22 MJ 70,56 MJ

115,6 kg

0,002139 MJ

1,8339 MJ

570 kg 570 kg

0,025551 kg

0,025551 kg

2,5404 kg

2,5404 kg

115,6 kg

115,6 kg

115,6 kg

115,6 kg

0,010389 kg

1,8339 kg

1,8236 kg

RER: Hidrelétrica - (Brasil)

XTratamento H2O -(Brasil)

XEU-15: Refinaria (S) -(E.U.A)

XProduçao de SSP -(Brasil)

XProduçao de H2SO4 - (Brasil)

Logistica de importaçao -(S) - (Brasil)

Lavra (PO4) - (Brasil) Beneficiamento (PO4) -(Brasil)

XProduçao [Ca(OH)2] -(Brasil)

AProduçao [Na(OH)] -(Brasil)

ADiesel da refinaria(Brasil)

Logistica de exportaçao -(S) - (E.U.A)

Refinaria de Diesel -(EUA)

XpGLO: Transportemarí timo - (S): E.U.A-Brasil

XpTransporte- [Na(OH)]:Diadema_LEM - (Brasil)

XpTransporte - (PO4):Angico_LEM - (Brasil)

XpTransporte - (S):Fortaleza_LEM - (Brasil)

XpTransporte -[Ca(OH)2]: F.Araguaia_ LEM

(Brasil)

750 km

7.200 km

1.800 km

550 km

1.700 km

(Produto Final)

LEGENDA:

S Ácido Sulfúrico Cal Hidratada Enxofre Água Desmineralizada Diesel Fosfato Água Reciclada Energia elétrica Soda Cáustica

106Figura 20: Modelagem quali-quantitativa do ciclo de vida do fertilizante SSP (Gabi 4.0).

107

4.4.2. Coleta de dados

A coleta de dados do processo produtivo do SSP pode ser dividida em duas

partes. A primeira referente aos dados primários e uma segunda ligada aos dados

secundários. Os dados primários foram levantados junto ao grupo GALVANI, nas suas

unidades: Unidade de Mineração Angico – UMA; Unidade de Logística Porto de

Mucuripe; Complexo Industrial Luiz Eduardo Magalhães – CILEM.

Se faz importante registrar que devido a grande dificuldade de realizar medidas

representativas do material particulado em suspensão, em algumas situações, decidiu-se

estimar o valor de 0,1% do total de material movimentado como sendo a massa de

particulado sólido em suspensão. Reitera-se que para tal emissão atmosférica foi

considerada exclusivamente a poeira “>PM10” proveniente da movimentação dos

insumos pertencentes aos subsistemas, a saber:

- Rocha fosfática, na etapa de extração mineral – subsistema de lavra;

- Enxofre elementar, na etapa de movimentação, via pá-carregadeira, do

material – subsistemas de logística portuária (aquisição de S);

- Enxofre elementar, na etapa de movimentação do material, via pá-

carregadeira (produção de H2SO4) logística de importação e exportação.

A fim de tornar o estudo mais preciso, além dos ecovetores envolvidos

diretamente no processo produtivo decidiu-se incluir, em todos os subsistemas de

atuação da GALVANI, os aspectos ambientais provenientes dos equipamentos de

movimentação interna de insumos: pás-carregadeira e caminhões basculantes. Para isso

se fez uso dos processos de serviço de transporte da base de dados do Gabi, inserindo

nestes os dados primários de consumo de diesel por tonelada produzida, conforme

representado na figura 21.

Por não haver no banco de dados do software um processo específico de trator,

para ambos equipamentos decidiu-se utilizar o processo “GLO: Truck 7,5 t - 12 t total

cap. / 5 t payload / Euro 3 (local)”. Ademais o fato de utilizar este mesmo processo para

ambos os processos não afetará o estudo, pois o impacto proveniente destes

equipamentos é o mesmo: emissão de compostos voláteis oriundos da queima de diesel

consumido.

108

Os outros dados secundários, conforme comentado anteriormente, foram obtidos

diretamente do banco de dados do software Gabi 4.0, a saber: processos de transporte

(rodoviário e marinho), geração de energia elétrica (hidrelétrica), e os processos

produtivos de: diesel, enxofre, cal hidratada e soda cáustica.

1000 kg12 kg

3,4 kg

1000 kg

ABR: Produçao deSSP TCLIM [MFM]

XpGLO: Movimentaçaointerna de insumos(Caminhoes/ Tratores)

BR:Armazenagem_SSP

BR:Armazenagem_H2SiF6

BR:Armazenagem_"Torta"

Figura 21: Exemplo de utilização do processo de movimentação interna de insumos – Subsistema: Produção de SSP – (Gabi 4.0).

4.4.2.1. Fluxogramas de processos & identificação dos aspectos ambientais

A primeira etapa da Análise do Inventário do Ciclo de Vida é a identificação

qualitativa dos aspectos ambientais relevantes existentes em cada subsistema do ciclo de

vida do SSP, explicitando-os nos fluxogramas de processo.

Para o presente estudo, este tipo de abordagem qualitativa foi baseada na

metodologia de Produção mais Limpa desenvolvida pela UNIDO/UNEP e disseminada

no Brasil, por instituições como: CNTL – Centro Nacional de Tecnologias Limpas –

SENAI/RS; e a Rede de Tecnologias Limpas – TECLIM/BA.

A apresentação dos fluxogramas de processo é importante para a transparência

do estudo, uma vez que explicita as entradas e saídas das correntes em cada etapa do

processo. Os dados referentes a este item compreenderam a identificação dos aspectos

ambientais de todos os subsistemas envolvidos neste estudo.

Ainda com relação à transparência do estudo são apresentados os ecobalanços

(fluxogramas de aspectos ambientais integrados de forma quali-quantitativa),

associando as “entradas e saídas” de cada subsistema, considerando os critérios de

(Subproduto alocado)

(Subproduto alocado)

Contorno do Subsistema de Produção de SSP

109

seleção explicitados no item “4.3.8. Limitações”. Nestes fluxogramas de processos estão

listados de maneira discriminada os consumos de recursos materiais e energéticos

inerentes ao sistema, bem como as saídas do sistema: geração produtos, poluentes ou

subprodutos nos meios sólido, líquido e gasoso.

É importante registrar que todas as os correntes de entrada e saída utilizadas no

estudo são provenientes da base de dados do Gabi. Este cuidado é importante, pois a

criação de fluxos extra-software (no caso de dados primários) iriam comprometer o

modelo de avaliação adotado, uma vez que correntes criadas pelo usuário não contém os

pesos pré-definidos referentes às categoriais de impacto adotadas por um determinado

modelo de avaliação. Assim, os dados primários utilizados apenas quantificaram os

fluxos retirados do banco de dados do Gabi.

Inicialmente serão apresentados os fluxogramas qualitativos, especificando as

etapas de cada subsistema, e em seguida ecobalanço (integrado) dos subsistemas.

Ressalta-se que os ecovetores (vetores de aspectos ambientais de entrada e saída) são

apresentados já normalizados à unidade funcional, definida como 1,0 t de SSP.

A fim de posicionar o leitor, ressalta-se que os ecobalanços dos processos

produtivos provenientes do banco de dados do Gabi serão apresentados em anexo. Tal

fato decorre da enorme quantidade de ecovetores assumida pela base de dados do

software. Já os ecobalanços de transporte (marinho e rodoviário), também provenientes

da base de dados do Gabi, bem como os ecobalanços dos processos produtivos obtidos

através de dados primários serão explicitados ao longo do texto, uma vez que envolvem

poucos ecovetores.

- Produção de enxofre

Este processo é responsável pela recuperação do enxofre em complexo

petrolífero e pode ser resumido em 6 etapas: combustão; condensação (a); queima;

reação; condensação (b); incineração. A seguir é representado o fluxograma qualitativo

deste subsistema:

110

Subsistema: Recuperação de Enxofre

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Gás combustível

b) Gás ácido

c) Ar atmosférico

1. Combustão

H2S + SO2

→a) Compostos Voláteis

b) Vapor

a) Energia elétrica

b) H2S

c) SO2

2. Condensação (a)

S líquido + SO2

a) Compostos Voláteis

b) Vapor

a) Ar atmosférico

b) Gás combustível

c) Gás ácido

d) H2S

e) SO2

3. Queima

H2S + SO2

a) Compostos Voláteis

a) H2S

b) SO2 →

4. Reação

S(gasoso)

a) Compostos Voláteis

a) Energia elétrica

b) S(gasoso)

c) H2S

d) SO2

5. Condensação (b)

S(líquido)

a) Compostos Voláteis

b) Vapor

Tratamento de Gases (Processo produtivo de Enxofre)

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Ar atmosférico

b) Gás combustível

c) Compostos voláteis

1. Incineração

-

→ a) SO2

Os ecovetores (quantitativos) resultantes do processo de recuperação de enxofre

foram obtidos da base de dados do software Gabi. Registra-se que devido ao fato de não

existir especificamente este processo produtivo norte-americano no banco de dados do

111

Gabi, está sendo utilizado os ecovetores do processo de recuperação de enxofre europeu

“Sulphur at refinery (EU-15)”. Entretanto, segundo Kiperstok (1994) a tecnologia

“Claus” é a mais comum na recuperação do enxofre elementar do H2S presente no gás

combustível e GLP. Desta forma, pode-se afirmar que a tecnologia deste processo

produtivo norte-americano é basicamente a mesma da européia, sendo a diferença do

ecobalanço mínima, o que não afetará a avaliação dos resultados.

Face ao grande tamanho do ecobalanço proveniente da base de dados do Gabi,

conforme explicitado anteriormente, o mesmo encontra-se no anexo 2.

- Logística Portuária (exportação)

O processo da logística portuária de exportação é responsável pelo deslocamento

do enxofre do complexo petrolífero da TEXACO (Port Arthur – EUA) ao navio

graneleiro, e compreende uma única etapa: o carregamento à granel. Registra-se que

este deslocamento é feito dentro do próprio complexo industrial, que se localiza ao lado

do porto, dispensando o transporte rodoviário terrestre. A seguir é representado o

fluxograma qualitativo deste subsistema:

Subsistema: Logística Portuária de Exportação (Enxofre Elementar)

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Diesel

b) Energia elétrica →

1. Carregamento

Enxofre elementar (carregado)

→a) Compostos Voláteis

b) Material Particulado

Para este subsistema, por falta de dados consistentes, decidiu-se considerar os

valores dos ecovetores de forma idêntica aos resultados do subsistema de logística

portuária de importação pertencente à GALVANI .

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores, estando-os já

normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP.

112

Tabela 7: Ecobalanço do subsistema de logística portuária (exportação).

Subsistema - Logística portuária

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,596 kg

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Diesel 0,010 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Energia elétrica 0,002 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,596 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Material particulado (>PM10) 1,16E-01 kg

Dióxido de Carbono 3,30E-02 kg

Óxidos de nitrogênio 3,00E-04 kg

Monóxido de carbono 8,37E-05 kg

NMVOC 1,93E-05 kg

Material particulado (PM2,5) 9,17E-06 kg

Dióxido de enxofre 1,04E-06 kg

Metano 4,88E-07 kg

Óxido nitroso 4,68E-07 kg

Benzeno 3,40E-07 kg

Amônia 2,79E-07 kg

Xileno 1,63E-07 kg

Tolueno 6,51E-08 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Transporte Marítimo

O processo de transporte marítimo é responsável pelo deslocamento do enxofre

recuperado em refinaria (E.U.A) para o Brasil (7.200 km), existindo uma única etapa

deste procedimento: o transporte marítimo. A seguir é representado o fluxograma

qualitativo deste subsistema:

Subsistema: Transporte Marítimo

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Diesel

b) Carga →

1. Transporte marítimo

Carga transportada

→ a) Compostos voláteis

113

Os ecovetores resultantes do processo de transporte marítimo foram obtidos da

base de dados do software Gabi, e refere-se ao transporte marinho global do navio

“Bulk commodity carrier / 10000 to 200000 dwt / ocean (GLO)”. Trata-se de um navio

com as características necessárias para as operações usuais, realizada pela GALVANI,

de importação de 10.000 t de enxofre elementar.

A seguir são representados os resultados integrados dos ecovetores, do

transporte marinho de enxofre, estando-os já normalizados à unidade funcional definida

por 1,0 t de SSP:

Tabela 8: Ecobalanço do subsistema do transporte marítimo

Subsistema - Trasnporte Marítimo

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,60 kg

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Diesel 1,82 kg

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,60 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Dióxido de Carbono 5,77E-00 kg

Monóxido de carbono 1,64E-02 kg

Material particulado (ñ específico) 3,65E-03 kg

Metano 1,48E-04 kg

Óxidos de nitrogênio 1,53E-01 kg

NMVOC 4,41E-03 kg

Dióxido de enxofre 1,11E-01 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Logística Portuária (importação)

O subsistema da logística portuária de importação pode ser dividido em 2 etapas:

descarregamento e armazenamento do enxofre elementar. A seguir é representado o

fluxograma qualitativo do subsistema discriminado por etapas:

114

Subsistema: Aquisição de Enxofre Elementar (Importado)

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Diesel

b) Energia elétrica

1. Descarregamento

Enxofre elementar (descarregado)

→a) Compostos Voláteis

b) Material Particulado

a) Energia elétrica

2. Armazenamento

Enxofre elementar

→ a) Material Particulado

Os ecovetores resultantes do subsistema de logística portuária de importação

tratam-se de dados primários, levantados junto à unidade de logística portuária da

GALVANI (responsável pelo procedimento). Vale ressaltar que apenas o material

particulado em suspensão é estimado.

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores, estando-os já

normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP.

Tabela 9: Ecobalanço do subsistema de logística portuária (importação).

Subsistema - Logística portuária

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,596 kg

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Diesel 0,010 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Energia elétrica 0,002 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,596 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Material particulado (>PM10) 1,16E-01 kg

Dióxido de Carbono 3,30E-02 kg

Óxidos de nitrogênio 3,00E-04 kg

Monóxido de carbono 8,37E-05 kg

NMVOC 1,93E-05 kg

Material particulado (PM2,5) 9,17E-06 kg

115

Dióxido de enxofre 1,04E-06 kg

Metano 4,88E-07 kg

Óxido nitroso 4,68E-07 kg

Benzeno 3,40E-07 kg

Amônia 2,79E-07 kg

Xileno 1,63E-07 kg

Tolueno 6,51E-08 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Produção de Cal Hidratada

O processo de produção de cal hidratada pode ser dividido em 4 etapas:

britagem; moagem; calcinação; hidratação. A seguir é representado o fluxograma

qualitativo discriminado por etapas:

Subsistema: Produção de Cal Hidratada

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Calcário

b) Energia elétrica

1. Britagem

Calcário Britado

→ a) Material Particulado

a) Calcário Britado

b) Energia elétrica

2. Moagem

Calcário Moído

a) Material Particulado

a) Calcário Moído

b) Biomassa

c) Ar atmosférico

3. Calcinação

Cal

a) Compostos Voláteis

a) Cal

b) Água

4. Hidratação

Cal Hidratada

a) Efluente líquido

116

Os ecovetores resultantes do processo de produção de cal hidratada foram

obtidos da base de dados do software Gabi. Registra-se que devido ao fato de não existir

especificamente este processo produtivo brasileiro no banco de dados do Gabi, está

sendo utilizado os ecovetores do processo produtivo de cal hidratada alemã “Hydrated

lime (Ca(OH)2; dry slaked) (DE)”.

A cal hidratada é obtida, usualmente, pelo processo simples de queima do

calcário e adição lenta de água (GABI, 2006). Assim, devido à simplicidade deste

processo, a tecnologia usual européia não deve diferir de forma significativa da

tecnologia utilizada no Brasil. Assim, a diferença do ecobalanço alemão e brasileiro

deverá ser pequena, o que não afetará a avaliação dos resultados.

Face ao grande tamanho do ecobalanço proveniente da base de dados do Gabi,

conforme explicitado anteriormente, o mesmo encontra-se no anexo 3.

- Produção de Soda Cáustica

O processo de produção de soda cáustica (em escamas) pode ser dividido em 4

etapas: tratamento da salmoura; eletrólise; evaporação; fusão & escamação. A seguir é

representado o fluxograma qualitativo discriminado por etapas:

Subsistema: Produção de Soda Cáustica

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Sal

b) Água

c) Ca(OH)2

d) NaOH (agente de purificação)

1. Tratamento da Salmoura

Solução de salmoura purificada

→a) Íon de Ca

b) Íon de Mg

a) Solução de salmoura

purificada

b) Energia elétrica

c) Água

2. Eletrólise

Soda cáustica líquida + Cl2(gás) + H2

a) Água

a) Soda cáustica líquida

b) Energia elétrica

c) Combustível

3. Evaporação

Soda cáustica sólida

a) Vapor

117

a) Soda cáustica sólida

b) (Choque térmico)

4. Fusão & Escamação

Soda cáustica em escamas

a) -

Os ecovetores resultantes do processo produtivo de soda cáustica (em escamas)

foram obtidos da base de dados do software Gabi. Registra-se que devido ao fato de não

existir especificamente este processo produtivo brasileiro no banco de dados do Gabi,

está sendo utilizado os ecovetores do processo produtivo de soda cáustica europeu

“Sodium hydroxide (100%; caustic soda) (RER)”. Segundo Galdiano (2006) a célula de

diafragma é a tecnologia mais comum para a produção da soda cáustica. Como a

empresa fornecedora da soda cáustica trata-se de uma multinacional (Makeni

Chemicals) e a tecnologia usual deste processo produtivo é bastante conhecida e

difundida no mundo, a diferença do ecobalanço europeu deverá ser mínima ao

ecobalanço brasileiro, o que não afetará a avaliação dos resultados.

Devido ao grande tamanho do ecobalanço proveniente da base de dados do

Gabi, conforme explicitado anteriormente, o mesmo encontra-se no anexo 4.

- Tratamento de Água

O processo de produção de tratamento de água (proveniente de poço artesiano)

refere-se à remoção dos compostos orgânicos (por adsorção de carvão ativado) e

desmineralização por troca iônica, podendo ser dividido em 4 etapas: filtragem;

regeneração do carvão ativado; desmineralização; regeneração das resinas.

Subsistema: Tratamento de Água

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Energia elétrica

b) Água bruta →

1. Filtragem

Água filtrada

a) Purgas de água

118

a) Energia elétrica

b) Água bruta →

2. Regeneração do Carvão

ativado

Carvão ativado regenerado

a) Água

a) Energia elétrica

b) Água filtrada →

3. Desmineralização

Água desmineralizada

a) Purgas de água

a) Energia elétrica

b) H2SO4

c) NaOH

4. Regeneração de Resinas

Resinas iônicas regeneradas

→a) Água ácida

b) Água alcalina

Os ecovetores resultantes do subsistema de tratamento de água tratam-se de

dados primários, levantados junto ao Complexo Industrial Luiz Eduardo Magalhães –

CILEM pertencente ao grupo GALVANI.

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores, estando-os já

normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP.

Tabela 10: Ecobalanço do subsistema de tratamento de água.

Subsistema - Produção de Tratamento de Água

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Água freática 65,296 kg

Água reciclada 0,295 kg

Soda cáustica (em escamas) 0,026 kg

Ácido sulfúrico (98%) 0,005 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Energia elétrica (recuperada) 0,634 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto (kg/t SSP)

Água desmineralizada 56,779 kg

Saída (kg/t SSP)

119

Água para uso industrial 2,703 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Produção de Ácido Sulfúrico

O processo de produção de ácido sulfúrico (concentrado à 98%) pode ser

dividido em 7 etapas: fusão; filtração; secagem do ar; combustão; conversão; absorção;

circulação/ resfriamento/ estocagem. A seguir é apresentado o fluxograma qualitativo

discriminado por etapas:

Subsistema: Produção de Ácido Sulfúrico

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Enxofre elementar

b) Cal hidratada

c) Diesel

d) Energia elétrica

1. Fusão

S Fundido

a) Varredura de S

b) Água básica

c) Compostos voláteis

d) Material Particulado

a) Diesel

b) Vapor (Biomassa)

c) Energia elétrica

2. Filtração

S Filtrado

a) Compostos voláteis

b) Borra de S

c) Água básica

d) Material Particulado

e) Vapor de água

a) O2 atmosférico

b) H2SO4

a) Energia elétrica

3. Secagem do ar

O2 Seco

→a) Vapor

b) Umidade (H2O)

a) (S filtrado + O2 seco)

b) Energia elétrica

4. Combustão

SO2

a) Vapor

a) (SO2 à 100%)

b) O2 (½)

c) V2O5 (Catalisador)

d) Energia elétrica

5. Conversão

SO3 (à 99,6%)

→a) SO3 (a 0,4%)

120

a) Energia elétrica

6. Absorção

H2SO4 (98,5%)

→a) SO2 (a 0,4%)

a) H2O desmineralizada

b) H2SO4 (98,5%)

c) Energia elétrica

7. Circulação/ Resfriamento/

Estocagem

H2SO4 (98,0%)

→a) H2O

Os ecovetores resultantes do subsistema do processo produtivo de ácido

sulfúrico tratam-se de dados primários, levantados junto ao CILEM pertencente ao

grupo GALVANI. Vale ressaltar que apenas o material particulado em suspensão é

estimado. A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores, estando-os

já normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP.

Tabela 11: Ecobalanço do subsistema de produção ácido sulfúrico.

Subsistema - Produção de Ácido Sulfúrico

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,60 kg

Água desmineralizada 56,78 kg

Água para uso industrial 24,33 kg

Cal hidratada 2,54 kg

Ar atmosférico 0,45 kg

Biomassa 0,15 kg

Diesel 0,02 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Energia elétrica 0 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto (kg/t SSP)

Ácido sulfúrico (98%) 365,00 kg

Subproduto (MJ/t SSP)

Energia elétrica (recuperada) 131,40 MJ

Resíduos Sólidos (kg/t SSP)

121

Borra de enxofre 3,03 kg

Borra de pentóxido de vanádio 0,03 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Vapor (d’água) 950,00 kg

Dióxido de enxofre 7,30E-01 kg

Dióxido de Carbono 7,47E-02 kg

Trióxido de enxofre 2,74E-02 kg

Cinzas 1,50E-02 kg

Óxidos de nitrogênio 6,78E-04 kg

Monóxido de carbono 1,89E-04 kg

NMVOC 4,36E-05 kg

Material particulado (PM2,5) 2,08E-05 kg

Metano 1,10E-06 kg

Óxido nitroso 1,06E-06 kg

Benzeno 7,69E-07 kg

Amônia 6,31E-07 kg

Xileno 3,68E-07 kg

Tolueno 1,47E-07 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Lavra de Rocha Fosfática

O processo de lavra de rocha fosfática pode ser dividido em apenas 2 etapas:

extração mineral e movimentação do minério lavrado. Ressalta-se que não existe o uso

de explosivo nas atividades de extração mineral, pois trata-se de um minério friável. A

seguir é representado o fluxograma qualitativo discriminado por etapas:

Subsistema: Lavra de Rocha Fosfática

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Diesel

b) Rocha fosfática →

1. Extração mineral

Rocha fosfática (minério)

→a) Compostos Voláteis

b) Material Particulado

a) Diesel

2. Movimentação do minério

Rocha fosfática (minério)

→a) Compostos Voláteis

b) Material Particulado

122

Os ecovetores resultantes do subsistema de lavra de rocha fosfática tratam-se de

dados primários, levantados junto à Unidade de Mineração Angico – UMA pertencente

ao grupo GALVANI. Vale ressaltar que apenas o material particulado em suspensão é

estimado.

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores, estando-os, já

normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP.

Tabela 12: Ecobalanço do subsistema de lavra de rocha fosfática.

Subsistema - Lavra de rocha fosfática

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Minério fosfático 1.824,0 kg

Diesel 1,9 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Energia elétrica 0 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto (kg/t SSP)

Minério fosfático 1.824,0 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Dióxido de Carbono 6,09E-00 kg

Material particulado (>PM10) 1,82E-00 kg

Óxido de nitrogênio 5,42E-02 kg

Monóxido de carbono 1,41E-02 kg

NMVOC 3,15E-03 kg

Material particulado (PM2,5) 1,54E-03 kg

Dióxido de enxofre 1,92E-04 kg

Óxido nitroso 9,10E-05 kg

Metano 7,97E-05 kg

Benzeno 5,54E-05 kg

Amônia 5,54E-05 kg

Xileno 2,66E-05 kg

Tolueno 1,06E-05 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Beneficiamento de Rocha Fosfática

No Brasil, este processo produtivo de beneficiamento de rocha fosfática em rota

seca é realizado exclusivamente pelo grupo GALVANI, e pode ser dividido em 11

etapas: classificação/britagem; homogeneização; secagem; moagem; resfriamento;

classificação; separação magnética; armazenamento.

A seguir é representado o fluxograma qualitativo discriminado por etapas:

123

Subsistema: Beneficiamento de Rocha Fosfática

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Energia elétrica

b) Rocha fosfática (minério)

1. Classificação & Britagem

Minério Britado

→ a) Material Particulado

a) Energia elétrica

b) Vento

c) Sol

2. Homogeneização

Minério Britado Seco Naturalmente

→a) Material Particulado

b) Vapor de água

a) Vapor (Biomassa)

b) Energia elétrica

3. Secagem

Minério Seco

a) Vapor d’água

b) Compostos Voláteis

c) Rejeito Fosfático

d) Material Particulado

a) Energia elétrica

4. Moagem

Minério Moído

a) Material Particulado

a) Energia elétrica

5. Resfriamento

Minério Moído Resfriado

a) Rejeito Fosfático

b) Material Particulado

a) Energia elétrica

6. Classificação

Minério Resfriado Classificado

→a) Material Particulado

a) Energia elétrica

7. Separação Magnética de Alto

Campo

a) Rejeito Magnético

b) Material Particulado

124

Concentrado Fosfático

a) Energia elétrica

8. Armazenagem

Produto Final

a) Material Particulado

Os ecovetores resultantes do subsistema de beneficiamento de rocha fosfática (a

34% P2O5) tratam-se de dados primários, levantados junto à UMA, pertencente ao grupo

GALVANI.

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores, estando-os já

normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP.

Tabela 13: Ecobalanço do subsistema de beneficiamento de rocha fosfática.

Subsistema - Beneficiamento de rocha fosfática

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Minério fosfático 1.824,0 kg

Biomassa 74,1 kg

Diesel 1,3 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Energia elétrica 124,7 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto (kg/t SSP)

Concentrado fosfático (34% P2O5) 570,0 kg

Resíduos Sólidos (kg/t SSP)

Rejeito fosfático 216,6 kg

Rejeito magnético 160,7 kg

Cinzas 7,4 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Vapor (d’água) 235,1 kg

Dióxido de Carbono 4,11E-00 kg

Material particulado (PM2,5 - PM10) 5,36E-01 kg

Óxidos de nitrogênio 3,71E-02 kg

Monóxido de carbono 1,02E-02 kg

NMVOC 2,32E-03 kg

Material particulado (PM2,5) 1,11E-03 kg

125

Dióxido de enxofre 1,30E-04 kg

Óxido nitroso 5,94E-05 kg

Metano 5,86E-05 kg

Benzeno 4,08E-05 kg

Amônia 3,56E-05 kg

Xileno 1,95E-05 kg

Tolueno 7,82E-06 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Produção de SSP

O processo de produção de SSP pode ser dividido em 4 etapas: moagem;

acidulação; curagem; armazenagem. Além destas 4 etapas também estão sendo

consideradas as duas etapas do tratamento de gases: lavagem de gases e filtro-prensa. A

seguir é representado o fluxograma qualitativo discriminado por etapas:

Subsistema: Produção de Superfosfato Simples (SSP)

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Concentrado fosfático

b) Diesel

a) Energia elétrica

1. Moagem

Concentrado Fosfático Moído

a) Material Particulado

b) Compostos Voláteis

c) Perdas Energéticas

a) H2SO4

b) H2O

c) Energia elétrica

2. Acidulação

SSP

a) Material Particulado b) Ácido Fluorídrico (HF)

c) Ácido Flúorsilícico

(H2SiF6)

d) Vapor

e) Perdas Energéticas

a) Diesel

b) Energia elétrica

3. Curagem

SSP curado

a) Compostos Voláteis

b) Material Particulado

c) Perdas Energéticas

a) Diesel

b) Energia elétrica

4. Armazenagem

a) Compostos Voláteis

b) Material Particulado

c) Perdas Energéticas

126

SSP (final)

Tratamento de Gases (Processo produtivo de SSP)

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) SiF4

b) Água (4 estágios)

c) Energia elétrica

1. Lavagem de Gases

H2SiF6 (a 20%)

a) Material Particulado

b) HF

c) FTOTAL

d) Vapor d’água

e) Perdas Energéticas

a) Energia elétrica →

2. Filtro-Prensa

“Torta” + H2SiF6 (a 20%) Filtrado

a) HF

b) FTOTAL

c) Perdas Energéticas

Os ecovetores resultantes do subsistema do processo produtivo de SSP tratam-se

de dados primários, levantados junto ao CILEM pertencente ao grupo GALVANI.

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores, estando-os já

normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP.

Tabela 14: Ecobalanço do subsistema de produção de SSP.

Subsistema - Produção de SSP

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Concentrado fosfático (34% P2O5) 570,00 kg

Ácido sulfúrico (98%) 365,00 kg

Água para uso industrial 282,00 kg

Diesel 0,02 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Energia elétrica 70,56 MJ

Energia elétrica (recuperada) 30,24 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto (kg/t SSP)

Superfosfato simples - SSP 1.000,00 kg

Subproduto (kg/t SSP)

127

"Torta" 3,40 kg

Ácido hexafluorsilíssico (22%) 12,00 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Dióxido de Carbono 6,77E-02 kg

Material particulado (PM2,5 - PM10) 1,80E-02 kg

Fluoretos 6,00E-03 kg

Óxidos de nitrogênio 6,11E-04 kg

Monóxido de carbono 1,67E-04 kg

NMVOC 3,81E-05 kg

Material particulado (PM2,5) 1,83E-05 kg

Dióxido de enxofre 2,13E-06 kg

Óxido nitroso 9,77E-07 kg

Metano 9,65E-07 kg

Benzeno 6,71E-07 kg

Amônia 5,86E-07 kg

Xileno 3,22E-07 kg

Tolueno 1,29E-07 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Transporte Rodoviário

O subsistema de transporte rodoviário é responsável pelo deslocamento dos

diversos insumos utilizados direta ou indiretamente no processo produtivo do SSP,

existindo uma única etapa deste procedimento: o transporte rodoviário. Neste

subsistema, em particular, serão individualizados os ecobalanços de cada insumo

transportado. A seguir é representado o fluxograma geral qualitativo do transporte

rodoviário:

Subsistema: Transporte Rodoviário

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Diesel

b) Carga →

1. Transporte rodoviário

Carga transportada

a) Compostos voláteis

Os ecovetores resultantes do processo de transporte rodoviário foram obtidos da

base de dados do software Gabi, e refere-se ao processo de transporte rodoviário global

“Truck-trailer > 34 - 40 t total cap./ 27 t payload/ Euro 3 (GLO)”. Trata-se de um

128

modelo de caminhão com as características necessárias para o transporte usual de 27

toneladas de carga.

Para este subsistema, o Gabi calcula as entradas e saídas a partir de vetores

conhecidos como: distância, tipo de estrada e peso de carga transportada. Registra-se

que o transporte de todos os insumos em questão é realizado em estradas asfaltadas (“on

road”). Assim, apenas os vetores de distância e peso de carga transportada variavam de

acordo com o insumo transportado.

- Transporte Rodoviário - Enxofre

O enxofre percorre, via caminhão, 1800 km em estrada asfaltada de Mucuripe/

CE à LEM/ BA. A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores do

transporte rodoviário do enxofre, estando-os já normalizados à unidade funcional

definida por 1,0 t de SSP:

Tabela 15: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de enxofre elementar.

Subsistema - Trasnporte de enxofre elementar

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,60 kg

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Diesel 3,03 kg

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Enxofre elementar 115,60 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Dióxido de Carbono 9,61E-00 kg

Óxidos de nitrogênio 5,10E-02 kg

Monóxido de carbono 1,07E-02 kg

NMVOC 4,16E-03 kg

Material particulado (PM2,5) 3,68E-04 kg

Dióxido de enxofre 3,03E-04 kg

Metano 1,05E-04 kg

Benzeno 7,33E-05 kg

Óxido nitroso 6,53E-05 kg

Amônia 4,53E-05 kg

Xileno 3,51E-05 kg

Tolueno 1,40E-05 kg

Fonte: Gabi 4.0.

129

- Transporte Rodoviário – Cal Hidratada

A cal hidratada percorre, via caminhão, 550 km em estrada asfaltada de Rio

Formoso/ TO à LEM/ BA.

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores do transporte

rodoviário da cal hidratada, estando-os já normalizados à unidade funcional definida por

1,0 t de SSP:

Tabela 16: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de cal hidratada.

Subsistema - Trasnporte de Cal hidratada

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Cal hidratada 2,54 kg

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Diesel 0,02 kg

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Cal hidratada 2,54 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Dióxido de Carbono 6,45E-02 kg

Óxidos de nitrogênio 3,43E-04 kg

Monóxido de carbono 7,19E-05 kg

NMVOC 2,79E-05 kg

Material particulado (PM2,5) 2,47E-06 kg

Dióxido de enxofre 2,03E-06 kg

Metano 7,07E-07 kg

Benzeno 4,92E-07 kg

Óxido nitroso 4,38E-07 kg

Amônia 3,04E-07 kg

Xileno 2,36E-07 kg

Tolueno 9,43E-08 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Transporte Rodoviário – Soda Cáustica (em escamas)

A soda cáustica (em escamas) percorre, via caminhão, 1.700 km em estrada

asfaltada de Diadema/ SP à LEM/ BA. A seguir são apresentados os resultados

integrados dos ecovetores do transporte rodoviário da soda cáustica, estando-os já

normalizados à unidade funcional definida por 1,0 t de SSP:

130

Tabela 17: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de soda cáustica.

Subsistema - Trasnporte de Soda cáustica

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Soda cáustica (em escamas) 0,0256 kg

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Diesel 0,0006 kg

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Soda cáustica (em escamas) 0,0256 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Dióxido de Carbono 2,01E-03 kg

Óxidos de nitrogênio 1,06E-05 kg

Monóxido de carbono 2,23E-06 kg

NMVOC 8,68E-07 kg

Material particulado (PM2,5) 7,69E-08 kg

Dióxido de enxofre 6,32E-08 kg

Metano 2,20E-08 kg

Benzeno 1,53E-08 kg

Óxido nitroso 1,36E-08 kg

Amônia 9,46E-09 kg

Xileno 7,33E-09 kg

Tolueno 2,93E-09 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Transporte Rodoviário – Concentrado fosfático

O concentrado fosfático percorre, via caminhão, 750 km em estrada asfaltada de

Angico dos Dias/ BA à LEM/ BA.

A seguir são apresentados os resultados integrados dos ecovetores do transporte

rodoviário do concentrado fosfático, estando-os já normalizados à unidade funcional

definida por 1,0 t de SSP:

Tabela 18: Ecobalanço do subsistema de transporte rodoviário de concentrado fosfático.

Subsistema - Transporte de concentrado fosfático

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Concentrado fosfático (34% P2O5) 570,00 kg

Recursos Materiais (kg/t SSP)

Diesel 6,22 kg

131

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Carga (kg/t SSP)

Concentrado fosfático (34% P2O5) 570,00 kg

Emissões Atmosféricas (kg/t SSP)

Dióxido de Carbono 1,97E+01 kg

Óxidos de nitrogênio 1,05E-01 kg

Monóxido de carbono 2,20E-02 kg

NMVOC 8,55E-03 kg

Material particulado (PM2,5) 7,57E-04 kg

Dióxido de enxofre 6,22E-04 kg

Metano 2,16E-04 kg

Benzeno 1,51E-04 kg

Óxido nitroso 1,34E-04 kg

Amônia 9,31E-05 kg

Xileno 7,21E-05 kg

Tolueno 2,88E-05 kg

Fonte: Gabi 4.0.

- Produção de Diesel

O processo de produção de diesel pode ser dividido em 3 etapas: pré-

aquecimento; dessalinização; destilação atmosférica. Condiz ressaltar que o

denominado “resíduo atmosférico” é na realidade um subproduto, do qual será extraído,

na etapa de destilação à vácuo, o óleo combustível ou asfalto. A seguir é representado o

fluxograma qualitativo discriminado por etapas:

Subsistema: Produção de Diesel

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Petróleo

b) Vapor

c) Óleo combustível

d) Gás combustível

e) Energia elétrica

1. Pré-aquecimento

Petróleo pré-aquecido

a) Compostos voláteis

b) Perdas Energéticas

a) Petróleo pré-aquecido

b) Energia elétrica

c) Água

2. Dessalinização

Petróleo dessalinizado

a) Água

b) Sais

c) Perdas Energéticas

a) Petróleo dessalinizado → a) Compostos voláteis

132

b) Óleo combustível

c) Gás combustível

d) Vapor d’água

e) Energia elétrica

→ 3. Destilação Atmosférica

Diesel + Nafta + GLP + Querosene

+ Resíduo atmosférico

b) Perdas Energéticas

Os ecovetores resultantes do processo de recuperação de enxofre foram obtidos

da base de dados do software Gabi. Estes dados de entrada e saída referem-se ao

processo produtivo norte-americano “Diesel at refinery (US)”. Entretanto, para o

presente estudo está sendo admitido que tais ecovetores referem-se tanto ao processo

norte-americano como ao processo brasileiro, uma vez que este último não consta na

base de dados do Gabi de forma específica.

Devido ao grande tamanho do ecobalanço proveniente da base de dados do

Gabi, conforme explicitado anteriormente, o mesmo encontra-se em anexo (5).

- Produção de Energia Elétrica (Hidrelétrica)

O processo de geração de energia elétrica refere-se ao processo via hidrelétrica,

e resume-se a etapa de geração de energia. A seguir é representado o fluxograma

qualitativo:

Subsistema: Produção de Geração de Energia Elétrica (Hidrelétrica)

Entradas Operações – Etapas Saídas

a) Água

b) Energia pot. gravitacional

c) Energia cin. Rotacional

1. Geração de energia

Corrente elétrica

→ a) Perdas Energéticas

Os ecovetores resultantes do processo de geração de energia elétrica

(hidrelétrica) foram obtidos da base de dados do software Gabi. Registra-se que devido

ao fato de não existir especificamente este processo produtivo brasileiro no banco de

dados do Gabi, está sendo utilizado os ecovetores do processo de geração de energia

elétrica europeu “Power from hydropower (RER)”.

Devido ao grande tamanho do ecobalanço proveniente da base de dados do

Gabi, conforme explicitado anteriormente, o mesmo encontra-se no anexo 6.

133

4.4.3. Avaliação do Inventário do Ciclo de Vida

4.4.3.1. Procedimento

Para a fase de Avaliação do Inventário do Ciclo de Vida – AICV – foram

analisados os aspectos referentes aos efeitos tanto sobre o meio ambiente quanto sobre a

saúde humana, causados ao longo do ciclo de vida do SSP.

Como procedimento da AICV, foram realizados os passos de análises e

estimativas da magnitude e significância do potencial dos impactos ambientais do

Inventário do Ciclo de Vida (ICV) em estudo. Os resultados do ICV foram traduzidos

em contribuições para as categorias de impacto relevantes. Esta fase do estudo consistiu

em seis passos: Seleção e definição dos indicadores e categorias de impacto;

Classificação; Caracterização; Normalização; Ponderação; Avaliação da qualidade dos

dados.

O primeiro passo identifica as categorias de impactos, indicadores ambientais,

modelos de caracterização e associação dos resultados do ICV. Assim sendo, foram

selecionados todos os fluxos relevantes envolvidos no ciclo de vida estudado e inseridos

no software Gabi. Como prosseguimento do estudo se faz necessário a definição do

modelo de caracterização. Conforme mencionada anteriormente, a avaliação ambiental

do presente estudo foi realizada tomando-se como modelo de análise de indicadores

ambientais, o método “CML 2001”, através da qual foi possível avaliar o perfil de

impacto ambiental do SSP por indicadores do tipo midpoint.

A partir dos dados do inventário ambiental (ICV), o Gabi encarrega-se de

realizar a fase de classificação, que consiste em alocar os elementos impactantes

(presentes nos ecovetores) às respectivas categorias de impacto ambiental. Tais

categorias têm pesos pré-definidos para os elementos impactantes dos fluxos presentes

na base de dados do Gabi, variando de acordo com o modelo utilizado. Daí é

importante ressaltar-se que além de não ter sido criado nenhum fluxo externo ao

programa, foram utilizados somente ecovetores que continham os pesos pré-definidos

do método CML 2001. Assim, o programa pôde contemplar de forma adequada todos os

efeitos ambientais presentes nos ecovetores utilizados.

Santos (2006) ressalta que um elemento impactante pode ser alocado em mais de

uma categoria. Por exemplo: óxidos de nitrogênio contribuem tanto para a categoria de

criação de oxidantes como para as categorias de acidificação e eutrofização,

modificando-se apenas a proporção do efeito do elemento impactante em cada

categoria.

134

A caracterização consiste na quantificação da classificação, sendo representado

algebricamente por um indicador ambiental. Nesta etapa, o efeito de cada elemento

impactante de cada categoria de impacto é quantificado através do uso de fatores de

equivalência. O software multiplica o valor de cada elemento de impactante, presente na

categoria de impacto, pelo fator de equivalência correspondente. A somatória destas

multiplicações é o valor do indicador ambiental de uma dada categoria de impacto.

Desta forma, através do Gabi foi realizada a determinação numérica de uma dada

contribuição ambiental à sua respectiva categoria de impacto.

A partir de uma completa série de indicadores ambientais é obtido o perfil

ambiental do produto. Entretanto, em muitos casos, os diferentes indicadores de impacto

obtidos passam a ser de difícil interpretação por apresentarem unidades diferentes. Para

contornar essa dificuldade, foi realizado o quarto passo desta AICV, a normalização.

Tal passo é definido como um elemento opcional, que permite a conversão de todos os

indicadores de impacto ambiental a uma única base de referência, afim de que esses

possam então ser comparados.

O fator de normalização optado deve ser vinculado diretamente ao modelo de

avaliação adotado, que no presente estudo é o método CML 2001. Por não haver

nenhum fator de normalização referente de forma específica aos efeitos ambientais

ocorridos no Brasil, entendeu-se ser mais adequado fazer uso de um fator de

normalização que abrangesse as conseqüências ambientais em termos globais. Assim,

dentre os fatores existentes (tabela 19), foi adotado o fator de normalização “CML2001,

World”.

A normalização revela apenas quais efeitos são grandes e quais efeitos são

pequenos, em termos relativos. Nada diz a respeito da importância relativa destes

efeitos. Os fatores de ponderação são usados para esta finalidade. Tal feito é realizado

através da inserção de pesos nas diferentes categorias de impacto estudadas, dentre as

quais seja possível a comparabilidade entre os seus valores (SUSCON, 2006).

Devido ao método CML 2001 apresentar somente fatores de ponderação que se

refira aos efeitos ambientais ocorridos na Europa, adotou-se dentre os fatores existentes

(tabela 20), o fator de ponderação “CML2001, Experts IKP (Southern Europe)”.

135

Tabela 19: Fatores de normalização do método CML 2001

Fatores de Normalização "CML 2001" Provedor de dados Última alteraçãoCML2001, Australia PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Canada PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Europe PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Germany PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Japan PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Netherlands PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Northern America PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, OECD PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, South Korea PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, USA PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Western Europe (EU) PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, World PE-GaBi 2006 1/1/2004

Tabela 20: Fatores de ponderação do método CML 2001

Fatores de Ponderação "CML 2001" Provedor de dados Última alteraçãoCML2001, Experts IKP (Central Europe) PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Experts IKP (Northern Europe) PE-GaBi 2006 1/1/2004

CML2001, Experts IKP (Southern Europe) PE-GaBi 2006 1/1/2004

A tabela 21 apresenta os fatores de normalização e a tabela 22 os fatores de

ponderação utilizados para a finalidade deste estudo.

Tabela 21: Fatores de normalização: “CML2001, World”

Categoria de Impacto Ambiental Unidade Peso

CML2001, Potencial de Depleção Abiótica (PDA) kg Sb-Equiv. 6,39E-12

CML2001, Potencia de Acidificação (PA) kg SO2-Equiv. 3,34E-12

CML2001, Potencial de Eutrofização (PE) kg PO4-Equiv. 7,74E-12

CML2001, Pot. de Ecotoxicidade Água Fresca (PEAF inf.) kg DCB-Equiv. 4,92E-13

CML2001, Potencial de Aquecimento Global (PAG 100 anos) kg CO2-Equiv. 2,25E-14

CML2001, Potencial de Toxicidade Humana (PTH inf.) kg DCB-Equiv. 2,01E-14

CML2001, Pot. de Ecotoxicidade Aquática Marinha (PEAM inf.) kg DCB-Equiv. 1,95E-15

CML2001, Pot. de Redução da Camada de Ozônio (PRCO) kg R11-Equiv. 1,94E-09

CML2001, Pot. de Criação de Oxidantes Fotoquímicos (PCOF) kg C2H4-Equiv. 2,20E-11

CML2001, Radiação Radioativa (RRD) DALY 7,48E-06

CML2001, Pot. de Ecotoxicidade Terrestre (PET inf.) kg DCB-Equiv. 3,73E-12

136

Tabela 22: Fatores de ponderação: “CML2001, Experts IKP (Southern Europe)”

Categoria de Impacto Ambiental Unidade PesoCML2001, Radiação Radioativa (RRD) DALY 0,5

CML2001, Pot. de Criação de Oxidantes Fotoquímicos (PCOF) kg C2H4-Equiv. 3

CML2001, Pot. de Redução da Camada de Ozônio (PRCO) kg R11-Equiv. 2

CML2001, Potencial de Aquecimento Global (PAG 100 anos) kg CO2-Equiv. 10

CML2001, Potencial de Eutrofização (PE) kg PO4-Equiv. 7

CML2001, Potencial de Acidificação (PA) kg SO2-Equiv. 1

CML2001, Potencial de Depleção Abiótica (PDA) kg Sb-Equiv. 1,5

O Indicador Ambiental Ponterado (IAP) de cada categoria de impacto é calculado

baseada no seguinte algorítimo (SUSCON, 2006):

IAP = Indicador Ambiental x Peso de Normalização x Peso de Ponderação

A partir do algorítimo mencionado, e fazendo uso do Gabi, foi obtido o perfil

ambiental do SSP, conforme apresentado na tabela abaixo:

Tabela 23: Perfil ambiental do fertilizante SSP

Categorias de Impacto Ambiental Indicador Amb. Peso_Norm. Peso_Pond. IAPCML2001, PAG (100 anos) [kg CO2-Equiv.] 1,20E+02 2,24676E-14 10 2,69E-11CML2001, PDA [kg Sb-Equiv.] 2,11E+00 6,38814E-12 1,5 2,03E-11CML2001, PCOF [kg Ethene-Equiv.] 1,17E-01 2,19826E-11 3 7,74E-12CML2001, PA [kg SO2-Equiv.] 1,53E+00 3,34006E-12 1 5,11E-12CML2001, PE [kg P04-Equiv.] 7,41E-02 7,74401E-12 7 4,02E-12CML2001, RAD [DALY] 4,93E-08 7,47747E-06 0,5 1,84E-13CML2001, PRCO [kg R11-Equiv.] 1,89E-06 1,94108E-09 2 7,32E-15

* Por último, realizou-se a avaliação da qualidade dos dados. A checagem do

ecobalanço (ICV) merece atenção especial, pois envolve a credibilidade do estudo. Os

dados devem ter consistência, de forma a apontar a origem e a inter-relação entre eles.

Através do software Gabi foi possível realizar este passo de forma dinâmica, levando

em consideração dois patamares: os processos e o plano. Os processos, apesar de

envolver todos os subsistemas, referem-se aos mesmos de forma individual

*

Valor rediscutido no item “4.4.3.2. Avaliação dos Impactos Ambientais”.

*

137

considerando os fluxos de entrada e saída utilizados, enquanto o plano refere-se aos

subsistemas de forma sistêmica. A checagem envolveu os seguintes elementos:

- Origem dos dados nos processos: Checagem da origem dos valores utilizados

nos processos;

- Integridade dos processos: Checagem da quantidade de fluxos provenientes do

próprio banco de dados do software;

- Representatividade dos processos no plano: Checagem da representatividade da

técnica, localização e tempo utilizado;

- Integridade do plano: Checagem do inter-relacionamento dos diversos

subsistemas envolvidos.

A avaliação da qualidade dos dados é apresentada na tabela 24. Registra-se que a

contribuição do item “nenhum enunciado”, tanto no elemento origem dos dados, quanto

integridade dos processos foram provenientes dos subsistemas utilizados da base de

dados do software Gabi.

138

Tabela 24: Avaliação da qualidade dos dados utilizados nos planos e processos da ACV.

Medido Calculado Literatura Estimado Nenhum enunciado

5,8% 23,0% 48,5% 12,9% 9,8%

Todos fluxos gravados Todos fluxos relevantes gravados Fluxos individuais relevantes gravados Alguns fluxos relevantes não gravados Nenhum enunciado

37,9% 58,6% 0,0% 0,0% 3,5%

Completamente representativo Parcialmente representativo Não representativo Nenhum enunciado

Técnica 83,3% 11,1% 5,6% 0,0%

Localização 83,3% 0,0% 16,7% 0,0%

Tempo 91,7% 8,3% 0,0% 0,0%

Todos processos interligados Todos processos relevantes interligados Processos individuais relevantes interligados Alguns processos relevantes não interligados Nenhum enunciado

87,5% 0,0% 0,0% 12,5% 0,0%

Integridade do plano

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS DADOS

Origem dos Dados nos Processos

Integridade dos processos

Representatividade dos processos no plano

139

Em relação à procedência dos dados, 77,3% dos mesmos apresentam origem

adequada e são provenientes de: medição, cálculos ou literatura pertinente. E cerca de

12,9% dos dados são provenientes de estimativas. As estimativas ocorrem quando não

há possibilidade de avaliar determinado aspecto ambiental, não existindo sequer

informações na literatura. Como exemplo pode-se citar a poeira proveniente da

movimentação de insumos em área aberta, onde dificilmente empresas fazem

monitoramento.

Conforme mencionado anteriormente, para garantir a integridade dos processos

estudados foram utilizados exclusivamente fluxos provenientes da base de dados do

Gabi. Apesar da tabela 21 apontar que apenas 96,5% dos ecovetores são oriundos dos

fluxos gravados do Gabi, os 3,5% dos fluxos restantes referem-se ao item “nenhum

enunciado”. Parte da não classificação destes 3,5% de fluxos provém do ecovetor

“carga” dos subsistemas de transportes, o qual de fato o usuário pode inserir um fluxo

gravado da base de dados do software ou um fluxo criado por ele próprio, não havendo

assim como o Gabi classificar tal ecovetor.

Entretanto, a maior parte dos itens “nenhum enunciado” é proveniente de uma

não classificação de algumas correntes de entrada e saída dos processos produtivos

provenientes da base de dados do Gabi. Com exceção do processo produtivo de soda

cáustica todos os demais subsistemas secundários apresentam tal falha de classificação.

Em relação à integridade do plano, cerca de 87,5% de todos os processos

encontram-se interligados a outros subsistemas, e 12,5% dos processos relevantes não

contém inter-relacionamentos. Esta parcela de 12,5% refere-se exclusivamente aos

processos de refino de diesel e de geração de energia térmica, pertencentes ao plano de

produção de diesel norte-americano, os quais apesar de coexistirem de forma

dependente na prática, no software Gabi não é possível fazer o link entre eles.

É necessário ressaltar que no caso do complexo petrolífero-portuário de Port

Arthur (E.U.A), está se considerando que toda a energia elétrica utilizada pelo processo

de “logística portuária de exportação” é proveniente exclusivamente do processo de

geração de energia térmica da refinaria de diesel.

Em relação à representatividade dos processos no plano, pode-se observar que

de um modo geral os subsistemas estudados apresentam alta representatividade tanto em

relação aos aspectos temporais quanto aos geográficos e tecnológicos.

Partindo da consideração da norma ISO 14041 – a desejável idade dos dados é

proveniente dos últimos 5 anos – decidiu-se considerar que os dados “completamente

140

representativos” têm até 5 anos de diferença do ano do estudo. Os dados entre 5 e 10

anos de diferença do ano do estudo são classificados como “parcialmente

representativos”. E finalmente, os dados com idade superior à 10 anos de diferença do

ano do estudo são classificados como “não representativos”.

Os únicos processos classificados como “parcialmente representativos” foram: o

processo de geração de energia térmica – presente no plano de produção de diesel norte-

americano – e o processo de geração de energia hidrelétrica, ambos apresentando dados

de 6 anos atrás (2002). Todos os demais subsistemas foram classificados como

“completamente representativos”. Desta forma, no que refere-se à correlação temporal,

91,7% dos dados foram classificados como “completamente representativos” e 8,3%

como “parcialmente representativos”.

Como a correlação tecnológica refere-se ao grau de tecnologia adotada pelos

processos, decidiu-se que os processos produtivos referentes tanto às unidades

GALVANI (dados primários), quanto os processos de transporte (rodoviário e

marítimo) seriam classificados como “completamente representativos”. Isso porque,

como trata-se de um estudo do grupo GALVANI, obviamente que os dados primários

são representativos. E no caso dos transportes por se tratarem de tecnologias globais.

Além disso, estariam inseridos na categoria “completamente representativos” os

processos produtivos secundários – provenientes da base de dados do Gabi – que

contenham a mesma nacionalidade da localização geográfica do subsistema inserido na

modelagem da ACV. Isso porque considera-se que os dados provenientes de processos

produtivos de uma mesma região contenham tecnologias equivalentes. Por este critério

foram considerados “completamente representativos” os processos de refino de diesel e

processo de geração de energia térmica, pertencentes ao plano de produção de diesel

norte-americano.

No caso em que a tecnologia empregada pelo subsistema seja relativa aos

mesmos processos/ materiais, mas seja proveniente de outras empresas, os subsistemas

foram classificados como “parcialmente representativos”. Dentro destes grupos estão as

multinacionais, as quais possuem, de um modo geral, know-how tecnológico mundial.

Ainda dentro deste contexto ficam os processos de tecnologia simplória, como o de

produção de cal hidratada. Assim, por este critério, foram classificados neste item tanto

os subsistemas das multinacionais: MAKENI CHEMICALS (soda cáustica);

PETROBRÁS (diesel); TEXACO (enxofre); como o subsistema da empresa nacional

FILERCAL.

141

Já a classificação em processos “não representativos” é relativa aos mesmos

processos/ materiais, mas provenientes de diferente tecnologia. Neste item o único

processo classificado foi “logística portuária de exportação”, uma vez que por falta de

dados considerou-se que as correntes de entrada e saída deste processo fossem iguais ao

processo de “logística portuária de importação”. Entretanto, provavelmente há

diferenças entre as tecnologias de inserir insumos no navio e retirá-los do navio.

Desta forma, no contexto da correlação tecnológica, 83,3% dos dados foram

classificados como “completamente representativos”, 11,1% como “parcialmente

representativos” e 5,6% como “não representativos”.

No caso da correlação geográfica classificam-se como “completamente

representativas” os subsistemas provenientes da área de estudo. Assim estão incluídos

neste item os processos produtivos referentes às unidades GALVANI (dados primários),

bem como os processos produtivos obtidos da base de dados do Gabi que contenham a

mesma nacionalidade da localização geográfica do subsistema estudado. Também estão

classificados neste item os processos de transporte (rodoviário e marítimo), por seu

caráter global. Para este estudo achou-se que não caberia a classificação do item

“parcialmente representativo”, uma vez que os dados podem ser apenas provenientes da

área de estudo ou de uma área externa à área estudada.

Já os processos “não representativos” da correlação geográfica são relativos aos

dados de subsistemas provenientes de outra região do estudo. Neste caso estão incluídos

os seguintes subsistemas: Produção de diesel no Brasil (utilização de dados norte-

americanos); Produção de enxofre nos E.U.A (utilização de dados europeus); Produção

de soda cáustica no Brasil (utilização de dados europeus); Produção de cal hidratada

(utilização de dados alemães) e; geração de energia hidrelétrica (utilização de dados

europeus).

Desta forma, no que refere-se à correlação geográfica, 83,6% dos dados foram

classificados como “completamente representativos” e 16,7% como “não

representativos”.

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1. Avaliação do Impacto do Ciclo de Vida – AICV – Apresentação dos Resultados

No presente item são apresentados os resultados obtidos na AICV, no que se

refere às contribuições dos impactos ambientais, causados em decorrência da produção

do fertilizante SSP. Também são identificados os subsistemas que impõem as

142

contribuições significativas às categorias de impactos ambientais utilizadas no presente

trabalho, conforme discriminado a seguir:

A carga ambiental é dimensionada e sua importância pode ser encontrada

comparando-a com os impactos ambientais das diversas etapas do ciclo de vida. Para se

obter um melhor fator de comparação entre processos, decidiu-se agregar os impactos

ambientais decorrentes de um mesmo procedimento, que ocorrera em situações distintas.

Diante desta decisão, três subsistemas tiveram os impactos ambientais agregados:

transporte rodoviário, logística portuária e produção de diesel. A seguir tal procedimento

de agregação é discriminado:

• Transporte Rodoviário: composto pelos deslocamentos rodoviários dos insumos:

- Enxofre (deslocamento Mucuripe /CE – LEM /BA);

- Concentrado fosfático (deslocamento Angico /BA – LEM /BA);

- Cal hidratada (deslocamento Formoso do Araguaia /TO – LEM /BA);

- Soda cáustica (deslocamento Diadema /SP – LEM /BA).

• Produção de diesel: composto pela agregação dos impactos ambientais da

produção de diesel em Port Arthur /TX (EUA) e Mataripe /BA (Brasil);

• Logística portuária: composto pela agregação dos impactos ambientais da logística

de emportação realizada em Port Arthur /TX (EUA) e logística de importação

realizada em Mucuripe /CE (Brasil).

A maior contribuição da carga ambiental do subsistema – transporte rodoviário –

provém do deslocamento do concentrado fosfático, seguido do deslocamento do enxofre

importado. A condução dos insumos – cal hidratada e soda cáustica – pouco contribuíram

com a carga ambiental total do subsistema (figura 22). Tal contribuição se dá

proporcionalmente à quantidade do insumo utilizada na manufatura do SSP.

143

0,0E+00

1,0E-12

2,0E-12

3,0E-12

4,0E-12

5,0E-12

6,0E-12

7,0E-12

8,0E-12

9,0E-12

Transporte -(PO4)

Transporte - (S) Transporte -[Ca(OH)2]

Transporte -[Na(OH)]

TransporteRodoviário (total)

Carga Ambiental

Figura 22: Discriminação da carga ambiental do subsistema: Transporte Rodoviário.

No caso da produção de diesel, a maior contribuição da carga ambiental total é

proveniente do processo produtivo situado no Brasil (figura 23). Tal fato decorre da

demanda de diesel norte-americano, no ciclo de vida do SSP, ser exclusiva para o

transporte marítimo, enquanto o diesel brasileiro abastece tanto o transporte rodoviário

quanto os processos produtivos nacionais.

0,0E+00

1,0E-12

2,0E-12

3,0E-12

4,0E-12

5,0E-12

6,0E-12

Produção_Diesel - (EUA) Produção_Diesel - (Brasil) Produção_Diesel (total)

Carga Ambiental

Figura 23: Discriminação da carga ambiental do subsistema: Produção de Diesel.

Finalmente, no caso do subsistema da logística portuária, a contribuição da carga

ambiental total é proveniente, na mesma proporção, da logística de exportação e logística

144

de importação (figura 24). Tal fato é decorrente da decisão de considerar os dados da

logística de exportação de enxofre como sendo iguais aos da logística de importação, sendo

estes últimos dados primários da Unidade de Logística Portuária de Mucuripe (CE).

0,0E+00

5,0E-15

1,0E-14

1,5E-14

2,0E-14

2,5E-14

Logistica de exportaçao - (S) Logistica de importaçao - (S) Logistica Portuária_(S) [total]

Carga Ambiental

Figura 24: Discriminação da carga ambiental do subsistema: Logística Portuária.

A carga ambiental do produto é obtida através do somatório dos indicadores das

categorias de impacto ambiental. Assim, inicialmente foi obtido o valor da carga

ambiental do fertilizante SSP: 6,43E-11 (somatório dos IAP’s – tabela 23).

As principais contribuições desta carga ambiental foram as categorias de

impacto: Potencial de Aquecimento Global (2,69E-11 kg CO2-Equiv.) e Potencial de

Depleção Abiótica (2,03E-11 kg Sb-Equiv.). E dentre os subsistemas estudados, o de

maior relevância à carga ambiental foi o subsistema de recuperação de enxofre (3,65E-

11), destacando-se amplamente (figura 25).

Entretanto, uma questão importante teve que ser ponderada: sendo a retirada do

enxofre dos combustíveis uma exigência legal, de que forma se poderia apontar este

processo de ônus ambiental como sendo a fase de maior impacto do produto? Ao passo

em que não apontá-lo, o estudo estaria isentando, da carga ambiental do SSP, o custo

dos impactos ambientais associados ao processo de recuperação de enxofre.

O primeiro ponto a se analisar é que não seria justo desconsiderar todas as

categorias de impactos presentes no processo produtivo de enxofre, uma vez que tal

processo acarreta em diversos efeitos ambientais, tais quais geração de: gases do efeito

145

estufa, gases destruidores da camada de ozônio, efluentes ácidos e com auto poder de

eutrofização, resíduos sólidos etc.

0,00E+00

5,00E-12

1,00E-11

1,50E-11

2,00E-11

2,50E-11

3,00E-11

3,50E-11

4,00E-11

Benefi

ciamen

to_PO4

Lavra

_PO4

Logis

tica P

ortuá

ria_(S

)

Produç

ão_D

iesel

Produç

ao_H

2SO4

Produç

ao_S

SP

Transp

orte R

odov

iário

Produç

ao_[C

a(OH)2]

Produç

ão_(S

)

Transp

orte m

arítim

o_(S

)

Hidrelé

trica

Produç

ao_[N

a(OH)]

CML2001, PRCO[kg R11-Equiv.]

CML2001, RAD[DALY]

CML2001, PE [kgP04-Equiv.]

CML2001, PA [kgSO2-Equiv.]

CML2001, PCOF[kg Ethene-Equiv.]

CML2001, PDA[kg Sb-Equiv.]

CML2001, PAG(100 anos) [kgCO2-Equiv.]

Figura 25: Contribuição das categorias de impacto nos subsistemas do ciclo de vida do produto, incluindo o PDA no subsistema de produção de enxofre.

Visto que a recuperação do enxofre é proveniente de uma demanda por petróleo,

considerou-se adequada a isenção, neste subsistema, apenas da categoria de Potencial de

Depleção Abiótica (PDA), uma vez que o consumo de petróleo não está relacionado

com a demanda por enxofre, sendo tal recuperação compulsória.

Assim, eximindo a categoria de Potencial de Depleção Abiótica do subsistema

de produção de enxofre, a carga ambiental do SSP passa a ter o valor de 4,76E-11. A

figura 26 traz representado, de forma integrada, os valores da carga ambiental

provenientes de cada subsistema e a distribuição das contribuições de categorias de

impacto ambiental nestes subsistemas.

A partir da ponderação realizada, pode-se observar que em relação aos

subsistemas, os de maiores relevâncias à carga ambiental do produto são: produção de

enxofre (1,96E-11); transporte rodoviário (0,88E-11); produção de diesel (0,58E-11);

produção de ácido sulfúrico (0,49E-11); transporte marítimo (0,39 E-11). Verifica-se

que a carga ambiental vinculada à produção de enxofre continua destacada em relação

aos outros subsistemas.

146

0,00E+00

5,00E-12

1,00E-11

1,50E-11

2,00E-11

2,50E-11

Benefi

ciamen

to_PO4

Lavra

_PO4

Logis

tica P

ortuá

ria_(S

)

Produç

ão_D

iesel

Produç

ao_H

2SO4

Produç

ao_S

SP

Transp

orte R

odov

iário

Produç

ao_[C

a(OH)2]

Produç

ão_(S

)

Transp

orte m

arítim

o_(S

)

Hidrelé

trica

Produç

ao_[N

a(OH)]

CML2001, PRCO[kg R11-Equiv.]

CML2001, RAD[DALY]

CML2001, PE [kgP04-Equiv.]

CML2001, PA [kgSO2-Equiv.]

CML2001, PCOF[kg Ethene-Equiv.]

CML2001, PDA[kg Sb-Equiv.]

CML2001, PAG(100 anos) [kgCO2-Equiv.]

Figura 26: Reavaliação da contribuição das categorias de impacto nos subsistemas do ciclo de vida do SSP, isentando a categoria PDA no subsistema de produção de enxofre.

Em termos relativos, como pode ser observado na figura 27, o subsistema de

recuperação do enxofre contribui com 41,63% do total da carga ambiental do produto.

Posteriormente os subsistemas de maior contribuição da carga ambiental do produto

são: Transporte rodoviário, com 18,42%; Produção de diesel, com 12,15%; Produção de

ácido sulfúrico, com 10,19%; Transporte marítimo, com 8,14%; Lavra de rocha

fosfática, com 4,39%; Beneficiamento de rocha fosfática, com 3,05%; Produção de cal

hidratada, com 1,24%; Geração de energia (hidrelétrica), com 0,65%; Manufatura de

SSP, com 0,0364%; Logística portuária, com 0,0357%; Produção de soda cáustica, com

0,02%.

A contribuição relativa das categorias de impactos ambientais à carga ambiental

total é apresentada na figura 28. Com intuito de se realizar uma avaliação integrada, é

apresentada na figura 29 a participação relativa de cada subsistema nas diversas

categorias de impacto.

O Potencial de Aquecimento Global (PAG) é o impacto ambiental com maior

contribuição de toda a carga ambiental, seguido pelo Potencial de Criação de Oxidantes

Fotoquímicos (PCOF). A contribuição do PAG à carga ambiental é de 56,62%, sendo

proveniente principalmente dos processos de: recuperação de enxofre (52,51%); e

transporte rodoviário com (24,59%).

147

12,15%

10,19%

18,42%

1,24%

41,63% 0,0364%

0,0357%

4,39%0,65%3,05%

8,14%

0,02%

Beneficiamento_PO4

Lavra_PO4

Logistica Portuária_(S)

Produção_Diesel

Produçao_H2SO4

Produçao_SSP

Transporte Rodoviário

Produçao_[Ca(OH)2]

Produção_(S)

Transporte marítimo_(S)

Hidrelétrica

Produçao_[Na(OH)]

Figura 27: Porcentagem de contribuição de cada subsistema na carga ambiental do produto.

56,62%

16,28%

10,74%

8,45%

7,51%

0,39%0,02%

CML2001, PAG (100 anos) [kg CO2-Equiv.]

CML2001, PCOF [kg Ethene-Equiv.]

CML2001, PA [kg SO2-Equiv.]

CML2001, PE [kg P04-Equiv.]

CML2001, PDA [kg Sb-Equiv.]

CML2001, RAD [DALY]

CML2001, PRCO [kg R11-Equiv.]

Figura 28: Porcentagem de contribuição de cada categoria de impacto na carga ambiental do produto.

O Potencial de Criação de Oxidantes Fotoquímicos (PCOF) contribui com 16,28%

do total da carga ambiental do produto. A contribuição do PCOF é proveniente

principalmente dos subsistemas: recuperação de enxofre (42,79%); produção de ácido

sulfúrico (29,88%); transporte marítimo (9,92%); e transporte rodoviário (8,63%).

148

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

CML2001, PAG(100 anos) [kgCO2-Equiv.]

CML2001, PCOF[kg Ethene-

Equiv.]

CML2001, PA [kgSO2-Equiv.]

CML2001, PE [kgP04-Equiv.]

CML2001, PDA[kg Sb-Equiv.]

CML2001, RAD[DALY]

CML2001, PRCO[kg R11-Equiv.]

Beneficiamento_PO4 Lavra_PO4 Logistica Portuária_(S) Produção_DieselProduçao_H2SO4 Produçao_SSP Transporte Rodoviário Produçao_[Ca(OH)2]Produção_(S) Transporte marítimo_(S) Hidrelétrica Produçao_[Na(OH)]

Figura 29: Porcentagem de contribuição de cada subsistema no total de cada categoria de impacto.

O Potencial de Acidificação (PA) contribui com 10,74% do total da carga

ambiental do produto. A contribuição do PA é proveniente principalmente dos

subsistemas: produção de ácido sulfúrico (49,21%); recuperação de enxofre (22,47%);

transporte marítimo (14,25); e transporte rodoviário (7,23%).

O Potencial de Eutrofização (PE) contribui com 8,45% do total da carga ambiental

do produto. A contribuição do PE é proveniente principalmente dos subsistemas:

transporte rodoviário (27,45%); transporte marítimo (26,86%); recuperação de enxofre

(25,35%); lavra de rocha fosfática (9,54%); e beneficiamento de rocha fosfática (6,53%).

O Potencial de Depleção Abiótica (PDA) contribui com 7,51% do total da carga

ambiental do produto. A contribuição do PDA é proveniente quase que exclusivamente do

subsistema de produção de diesel (97,72%). Secundariamente, pode-se citar ainda os

subsistemas de: produção de cal hidratada (1,35%) e beneficiamento de rocha fosfática

(0,75%).

A Radiação Radioativa (RRD) e o Potencial de Redução da Camada de Ozônio

(PRCO) representam apenas 0,29% e 0,01%, respectivamente, do total da carga ambiental

do produto. A contribuição tanto do RRD, quanto do PRCO é proveniente quase que

exclusivamente dos mesmos subsistemas: recuperação de enxofre e produção de diesel.

Vale ressaltar que os valores destas contribuições às categorias também são muito

próximos.

149

O subsistema de recuperação de enxofre contribui com 93,66%, na categoria do

RRD, e com 93,76% na categoria do PRCO. Já o subsistema de produção de diesel

contribui com 5,67%, na categoria do RRD, e com 5,64% na categoria do PRCO.

Pode-se observar que a produção de enxofre é o subsistema que contribui, de

forma consistente, para o maior número de categorias de impacto ambiental, não

estando presente apenas na categoria de potencial de depleção abiótica.

5.2. Discussão dos resultados

Os impactos ambientais do ciclo de vida do SSP são distribuídos de forma

bastante disforme entre os diversos subsistemas. Enquanto o estágio de maior impacto –

recuperação de enxofre – contribui com 41,63% na carga ambiental total, o estágio de

menor impacto – produção de soda cáustica – contribui apenas com 0,02% da carga

ambiental total.

Os resultados mostraram que o Potencial de Aquecimento Global é a categoria

de impacto ambiental de maior relevância no perfil ambiental do SSP (56,6 %), sendo

proveniente principalmente da etapa de recuperação de enxofre. Os principais gases

responsáveis pelo Potencial de Aquecimento Global são o: dióxido de carbono (CO2), o

metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Tais emissões atmosféricas são

preponderantemente geradas pela queima de combustíveis, principalmente o fóssil. Daí

pode-se afirmar que o processo de produção de enxofre é a etapa onde ocorre a maior

queima de combustível fóssil de todo o ciclo de vida do SSP.

Com relação à 2º categoria de maior relevância ao perfil ambiental do produto

(16,3 %) – Potencial de Criação de Oxidantes Fotoquímicos – está mais diretamente

ligada às emissões dos gases: óxidos de nitrogênio (NOx), monóxido de carbono (CO) e

os compostos orgânicos voláteis (COV). Estes poluentes primários são provenientes

principalmente da queima de combustíveis fósseis.

O valor da carga ambiental da categoria do Potencial de Acidificação (10,7 %)

provém principalmente das emissões atmosféricas de: dióxido de enxofre (SO2),

trióxido de enxofre (SO3) e óxidos de nitrogênio (NOx). Os impactos ambientais mais

significativos à carga ambiental do PA são causados pelas emissões de SO2 e SO3,

provenientes principalmente das etapas de: incineração – no processo de recuperação de

enxofre – onde é queimado o gás ácido residual; e na etapa de conversão (transformação

de SO2 e SO3) no processo produtivo de ácido sulfúrico. Secundariamente (em termos

de contribuição), o NOx é gerado na queima de combustíveis fósseis.

150

O valor da carga ambiental da categoria do Potencial de Eutrofização (8,5 %)

provém principalmente das emissões atmosféricas de amônia (NH3) e óxidos de

nitrogênio (NOx), provenientes da queima de combustíveis fósseis.

Com relação à categoria de Potencial de Depleção Abiótica (contribuição à

carga ambiental de 7,5 %) pode-se observar a dependência do petróleo em todo o ciclo

de vida do SSP. O estudo revela que cerca de 97,7% do impacto ambiental desta

categoria provém do consumo de petróleo, o qual é utilizado como combustível ao

longo do ciclo de vida do produto.

O estudo mostrou que as categorias de impacto, Radiação Radioativa (RRD) e

Potencial de Redução da Camada de Ozônio (PRCO), apresentam baixa contribuição

(0,4 %) ao perfil ambiental do SSP. Em ambos os casos, os agentes de degradação

ambiental são provenientes quase que exclusivamente dos subsistemas produção de

diesel e recuperação de enxofre, sendo este último o grande responsável pela

contribuição da carga ambiental em ambas categorias. No caso da RRD, os agentes que

contribuem para esta categoria tratam-se de elementos radioativos presentes de alguma

forma no subsistema. Enquanto, na categoria do PRCO os principais agentes de

contribuição à carga ambiental são os HALONs (clorobromofluorcarbonos ou

bromofluorcarbonos) e CFCs (clorofluorcarbonos).

Com relação às entradas e saídas do ecobalanço, se faz importante registrar

alguns pontos quantitativos relevantes. Embora, sem maiores contribuições às

categorias de impactos ambientais, o estágio de beneficiamento de rocha fosfática se

destaca amplamente no consumo de recursos não renováveis – minério fosfático –

vinculado à manufatura do SSP. De outra forma este subsistema, destaca-se pela

geração de resíduos sólidos, inerentes ao processo de separação da ganga mineral, que

são basicamente dois tipos: fosfáticos e magnéticos. O rejeito fosfático é gerado nas

etapas de secagem e moagem, enquanto o rejeito magnético é gerado na etapa de

separação magnética.

Em termos energéticos, o subsistema de maior consumo também é o

beneficiamento de rocha fosfática. Tal demanda é proveniente principalmente em

função do dispêndio de energia elétrica na etapa de moagem da rocha fosfática,

realizada em dois estágios. É possível computar um crédito de energia aos subsistemas

de produção de ácido sulfúrico e produção de diesel, que geram energia elétrica

excedente através da reutilização de vapor superaquecido.

151

6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Uma vez obtida a Avaliação do Ciclo de Vida consolidada para o processo

produtivo do fertilizante SSP do grupo GALVANI, cabem algumas considerações

acerca da qualidade e significado dos aspectos obtidos, além de caber algumas

recomendações.

O presente trabalho permitiu estabelecer um panorama bem definido dos

aspectos ambientais inerentes à cadeia produtiva do fertilizante SSP, considerando a

rota seca no beneficiamento de rocha fosfática (processo este, exclusivo e patenteado

pelo grupo GALVANI).

A qualidade do estudo está intrinsecamente ligada à cadeia produtiva direta do

SSP (lavra e beneficiamento de fosfato; produção de ácido sulfúrico; e manufatura do

SSP), que se baseou quase que exclusivamente em dados primários. Além disso,

conforme mencionado anteriormente, para todas as fontes de dados utilizadas, em

especial de dados secundários, foram tomadas as precauções quanto à sua confiabilidade

e representatividade, sendo realizadas as suas adequações necessárias de acordo com os

critérios de qualidade de dados propostos na norma ISO 14040.

O modelo de ACV mostrou que a solubilização do concentrado fosfático por

ácido sulfúrico traz consigo uma grande carga ambiental. Isso porque, além dos

impactos ambientais provenientes do processo produtivo do ácido sulfúrico em si,

existem os impactos das fases de produção da sua principal matéria-prima – o enxofre –

e do transporte marítimo deste insumo, uma vez que o mesmo é importado dos E.U.A.

Ressalta-se que estes três estágios do ciclo de vida do SSP estão entre os cinco

subsistemas de maior contribuição à carga ambiental do produto, sendo que o estágio de

produção de enxofre é a fase mais impactante de todo o ciclo de vida do SSP.

Outro fato importante a ser ressaltado é a contribuição do subsistema de

transporte rodoviário à carga ambiental do SSP. O tipo do sistema viário adotado pelo

Brasil acarreta, na segunda maior contribuição à carga ambiental do produto. Por falta

de infra-estrutura alternativa, os insumos utilizados no ciclo de vida do SSP são

transportados via caminhões. Diante disto se faz importante registrar que o uso de

sistemas de transporte como o hidroviário e o ferroviário são alternativas muito mais

limpas do que o atual sistema rodoviário.

Fundamentalmente este estudo visou identificar os principais aspectos

ambientais do ciclo de vida do SSP produzido pelo grupo GALVANI e propor medidas

relevantes para minimização da carga ambiental do produto. Desta forma, dentro dos

152

princípios da Produção Limpa é possível fazer a principal recomendação do estudo:

estudar novas rotas tecnológicas para realizar a substituição, no processo produtivo de

SSP, do agente de solubilização do concentrado fosfático, optando por microorganismos

selecionados e adaptados ao invés do ácido sulfúrico. Esta proposta integrada de

produto vislumbra a busca pelo fator 10, o qual só é possível de acontecer ao sair do

âmbito do processo produtivo convencional da empresa, buscando inclusive novos

nichos de mercado.

Um ponto importante é a dependência do ciclo de vida do SSP em relação ao

petróleo, que pode ser minimizada através do uso de combustíveis como o biodiesel.

Segundo Vianna (2006), o grande diferencial do biodiesel em relação ao diesel é o seu

desempenho ambiental, justificado principalmente pelo reduzido consumo de recursos

materiais e a baixa toxicidade do produto. Além disso, Vianna (2006) ressalta o caráter

renovável das matérias-primas necessárias para produção do biodiesel e, a existência do

contato com muitos hidrocarbonetos durante a produção do petrodiesel, algo que não

ocorre com o biodiesel. Desta forma, a GALVANI deveria, além de usar o biodiesel em

todas as suas unidades produtivas, exigir dos seus fornecedores que o transporte dos

seus insumos fossem realizados necessariamente com a utilização do biocombustíveis.

Esta medida minimizaria bastante a principal categoria de impacto do perfil ambiental

do SSP – o Potencial de Aquecimento Global – e consequentemente diminuiria a carga

ambiental do SSP fabricado pela empresa.

Como o transporte rodoviário apresenta-se como o segundo subsistema de maior

contribuição à carga ambiental do produto, recomenda-se a realização de estudos

técnico-econômicos para implantação, em parceria com o governo, de uma ferrovia

entre a Unidade de Mineração Angico e o Complexo Luiz Eduardo Magalhães. Esse

trecho é particularmente significativo, pois envolve o processo de deslocamento de

maior impacto à carga ambiental do subsistema “transporte rodoviário”; o deslocamento

do concentrado fosfático. Por se tratar de uma ligação entre duas unidades do grupo

GALVANI, dificilmente haveria o desinteresse futuro deste empreendimento, uma vez

que ambas unidades fazem parte dos planos futuros do grupo empresarial.

Como abordagem de Produção Mais Limpa é possível ainda fazer algumas

recomendações aos processos produtivos vinculados diretamente ao ciclo de vida

estudado, tais quais: fazer o reaproveitamento dos rejeitos fosfático e magnético

provenientes do processo de beneficiamento de rocha fosfático.

153

O rejeito fosfático (13% de P2O5) poderá ser utilizado na fabricação de um

fertilizante organo-fosfatado (processo Humifert). Enquanto que para o rejeito

“magnético” (2,6% P2O5; 77,2% Fe2O3) estudos apontam para uma reutilização deste

material como agente descontaminante de metais pesados (Cu+2, Ni+2, Cd+2 e Pb+2). Em

ambos os casos existem pesquisas consistentes sobre o assunto, sendo o processo

Humifert estudado pelo Centro de Tecnologias Minerais (CETEM)2, enquanto a

Universidade São Paulo (USP)3 desenvolve pesquisas na utilização da magnetita como

material adsorvedor de metais pesados. Assim, a GALVANI poderia estabelecer

parcerias externas para o aprofundamento destas pesquisadas.

Com relação ao subsistema de lavra de rocha fosfática recomenda-se o uso de

geossensoriamento e “sistemas de mineração inteligentes” nos trabalhos de extração

mineral, o que evitará, por exemplo, aberturas de frentes de lavras em áreas fora do cut-

off da mina. Com isso garante-se, ao longo da vida útil da mina, uma menor relação de

emissão de compostos voláteis (provenientes dos equipamentos de extração) por

tonelada de rocha lavrada.

Através das conclusões e recomendações do estudo de ACV, espera-se

contribuir com subsídios para um melhor planejamento de políticas de sustentabilidade

ambiental que harmonizem o desenvolvimento econômico com as práticas

conservacionistas e de proteção ao meio ambiente. Entretanto, se faz importante

ressaltar que existem diversas questões envolvidas na técnica de ACV que ainda

precisam ser abordadas, não existindo conclusões óbvias provenientes pura e

simplesmente do processamento dos dados.

A fim de não se perder as discussões criadas na elaboração desta dissertação de

mestrado, recomendam-se estudos comparativos de avaliação ambiental entre alguns

processos do Gabi e processos provenientes de dados primários. Isto será importante

para uma avaliação crítica da consistência da base de dados utilizada no software.

2 OBA, C.A.I. Fabricação de um fertilizante organo-fosfatado. Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2004. 35 p. (Série Estudos e Documentos, 62). 3 ORTIZ, N. Estudo da utilização da magnetita como material adsorvedor dos metais Cu, Pb, Ni e Cd, em solução. 2000. 174 f. Tese (Doutorado em Tecnologia Nuclear). IPEN, USP, 2000.

154

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159

160

Anexo 1: Softwares de análise do ciclo de vida. (MENKE e outros, 1996).

161

Anexo 2: Ecobalanço do processo de produção de enxofre.

Subsistema - Produção de Enxofre

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Water (surface water) [Water] 1,03E+02 kg

Crude oil 7,72E+01 kg

Air [Renewable resources] 4,34E+01 kg

Inert rock [Non renewable resources] 2,46E+01 kg

Water (ground water) [Water] 9,15E-00 kg

Natural gas 6,94E-00 kg

Water (sea water) [Water] 3,76E-00 kg

Lignite 1,25E-00 kg

Hard coal 1,06E-00 kg

Limestone (calcium carbonate) [Non renewable resources] 2,18E-01 kg

Heavy spar (barytes) [Non renewable resources] 1,84E-01 kg

Carbon dioxide [Renewable resources] 1,42E-01 kg

Bentonite [Non renewable resources] 7,60E-02 kg

Iron ore [Non renewable resources] 5,72E-02 kg

Peat [Non renewable resources] 3,91E-02 kg

Soil [Non renewable resources] 2,83E-02 kg

Quartz sand (silica sand; silicon dioxide) [Non renewable resources] 2,39E-02 kg

Clay [Non renewable resources] 2,01E-02 kg

Lead - zinc ore (4.6%-0.6%) [Non renewable resources] 1,48E-02 kg

Pit Methane [Natural gas (resource)] 1,08E-02 kg

Magnesium chloride leach (40%) [Non renewable resources] 9,53E-03 kg

Basalt [Non renewable resources] 5,78E-03 kg

Gypsum (natural gypsum) [Non renewable resources] 3,00E-03 kg

Zinc - copper ore (4.07%-2.59%) [Non renewable resources] 2,61E-03 kg

Nickel ore (1.6%) [Non renewable resources] 2,03E-03 kg

Copper ore (0.14%) [Non renewable resources] 1,30E-03 kg

Zinc - lead - copper ore (12%-3%-2%) [Non renewable resources] 1,06E-03 kg

Manganese ore (R.O.M.) [Non renewable resources] 5,69E-04 kg

Titanium ore [Non renewable resources] 2,14E-04 kg

Sodium chloride (rock salt) [Non renewable resources] 1,92E-04 kg

Bauxite [Non renewable resources] 1,44E-04 kg

Uranium natural [Uranium (resource)] 1,18E-04 kg

Wood [Renewable energy resources] 1,14E-04 kg

Chromium ore [Non renewable resources] 5,15E-05 kg

Manganese ore [Non renewable resources] 9,86E-06 kg

Iron ore (65%) [Non renewable resources] 9,31E-06 kg

Kaolin ore [Non renewable resources] 7,77E-06 kg

Colemanite ore [Non renewable resources] 4,34E-06 kg

Precious metal ore (R.O.M) [Non renewable resources] 2,15E-06 kg

Phosphate ore [Non renewable resources] 1,24E-06 kg

Raw pumice [Non renewable resources] 7,55E-07 kg

Dolomite [Non renewable resources] 7,35E-07 kg

Fluorspar (calcium fluoride; fluorite) [Non renewable resources] 4,20E-07 kg

162

Molybdenite (Mo 0,24%) [Non renewable resources] 3,22E-07 kg

Talc [Non renewable resources] 1,54E-07 kg

Phosphorus minerals [Non renewable resources] 8,31E-08 kg

Magnesit (Magnesium carbonate) [Non renewable resources] 5,79E-08 kg

Potassium chloride [Non renewable resources] 3,08E-08 kg

Nickel ore [Non renewable resources] 1,20E-08 kg

Sulphur [Non renewable elements] 4,04E-09 kg

Nitrogen [Renewable resources] 2,65E-09 kg

Sulphur (bonded) [Non renewable resources] 2,06E-09 kg

Oxygen [Renewable resources] 1,29E-09 kg

Sodium sulphate [Non renewable resources] 1,08E-10 kg

Iron [Non renewable elements] 1,02E-10 kg

Calcium chloride [Non renewable resources] 8,40E-11 kg

Copper ore (sulphidic) [Non renewable resources] 3,20E-11 kg

Barium sulphate [Non renewable resources] 8,20E-13 kg

Zinc ore (sulphide) [Non renewable resources] 6,30E-13 kg

Slate [Non renewable resources] 7,40E-14 kg

Tin ore [Non renewable resources] 7,11E-14 kg

Olivine [Non renewable resources] 4,40E-14 kg

Copper ore (4%) [Non renewable resources] 2,70E-14 kg

Zinc - lead ore (4.21%-4.96%) [Non renewable resources] 9,22E-15 kg

Lead [Non renewable elements] 8,00E-15 kg

Ferro manganese [Non renewable resources] 4,00E-15 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Primary energy from hydro power [Renewable energy resources] 9,69E-00 MJ

Primary energy from wind power [Renewable energy resources] 1,64E-00 MJ

Primary energy from solar energy [Renewable energy resources] 1,37E-00 MJ

Primary energy from geothermics [Renewable energy resources] 3,46E-01 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto kg/t SSP

Sulphur [Inorganic intermediate products] 1,16E+02 kg

Saída (Unidade/t SSP)

Waste heat [Other emissions to air] 1,50E+02 MJ

Waste heat [Other emissions to fresh water] 1,32E+01 MJ

non used primary energy from water power [Other emissions to fresh water] 1,61E-00 MJ

Unused primary energy from geothermal [Other emissions to fresh water] 1,90E-01 MJ

Unused primary energy from solar energy [Other emissions to air] 1,59E-02 MJ

non used primary energy from wind power [Other emissions to air] 1,02E-03 MJ

Water (river water) [Water] 1,05E+02 kg

Carbon dioxide [Inorganic emissions to air] 5,66E+01 kg

Exhaust [Other emissions to air] 3,38E+01 kg

Overburden (deposited) [Stockpile goods] 2,45E+01 kg

Steam [Inorganic emissions to air] 2,27E+01 kg

Chloride [Inorganic emissions to sea water] 3,67E-00 kg

Chloride [Inorganic emissions to fresh water] 5,24E-01 kg

Sulphur dioxide [Inorganic emissions to air] 2,67E-01 kg

163

Methane [Organic emissions to air (group VOC)] 2,62E-01 kg

Solids (suspended) [Particles to fresh water] 1,56E-01 kg

Spoil (deposited) [Stockpile goods] 1,51E-01 kg

Oxygen [Inorganic emissions to air] 1,06E-01 kg

Nitrogen oxides [Inorganic emissions to air] 1,04E-01 kg

Sulphate [Inorganic emissions to fresh water] 8,43E-02 kg

NMVOC (unspecified) [Group NMVOC to air] 6,24E-02 kg

Carbon monoxide [Inorganic emissions to air] 5,56E-02 kg

Carbonate [Inorganic emissions to sea water] 4,65E-02 kg

Used air [Other emissions to air] 4,22E-02 kg

Solids (suspended) [Particles to sea water] 2,99E-02 kg

Propane [Group NMVOC to air] 2,35E-02 kg

Radioactive tailings [Radioactive waste] 2,33E-02 kg

Demolition waste (deposited) [Stockpile goods] 2,26E-02 kg

Sulphate [Inorganic emissions to sea water] 1,96E-02 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to fresh water] 1,53E-02 kg

Ethane [Group NMVOC to air] 1,35E-02 kg

Sulphide [Inorganic emissions to sea water] 8,46E-03 kg

Sodium [Inorganic emissions to fresh water] 6,49E-03 kg

Nitrogen (atmospheric nitrogen) [Inorganic emissions to air] 5,56E-03 kg

Dust (PM10) [Particles to air] 5,08E-03 kg

Butane [Group NMVOC to air] 4,94E-03 kg

Carbonate [Inorganic emissions to fresh water] 4,60E-03 kg

Total organic bounded carbon [Analytical measures to fresh water] 4,51E-03 kg

Ammonia [Inorganic emissions to industrial soil] 3,97E-03 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to sea water] 3,94E-03 kg

Nitrogen organic bounded [Inorganic emissions to fresh water] 3,89E-03 kg

Strontium [Heavy metals to industrial soil] 2,51E-03 kg

Iron [Heavy metals to fresh water] 2,35E-03 kg

Fluoride [Inorganic emissions to fresh water] 1,77E-03 kg

Pentane (n-pentane) [Group NMVOC to air] 1,73E-03 kg

OUTROS (refere-se a mais 332 ecovetores com quantidade menor que 1,73E-03 kg)

Anexo 3: Ecobalanço do processo produtivo de cal hidratada.

Subsistema - Produção de Cal Hidratada

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Limestone (calcium carbonate) [Non renewable resources] 3,74E-00 kg

Inert rock [Non renewable resources] 2,38E-00 kg

Water (surface water) [Water] 1,39E-00 kg

Water (ground water) [Water] 6,89E-01 kg

Soil [Non renewable resources] 2,90E-01 kg

Air [Renewable resources] 2,78E-01 kg

Natural gas [Natural gas (resource)] 1,18E-01 kg

Hard coal [Hard coal (resource)] 1,12E-01 kg

Lignite [Lignite (resource)] 9,47E-02 kg

164

Crude oil [Crude oil (resource)] 2,54E-02 kg

Bauxite [Non renewable resources] 3,75E-03 kg

Heavy spar (barytes) [Non renewable resources] 8,03E-04 kg

Cooling water [Operating materials] 7,51E-04 kg

Pit Methane [Natural gas (resource)] 5,60E-04 kg

Bentonite [Non renewable resources] 3,32E-04 kg

Water [Water] 3,21E-04 kg

Quartz sand (silica sand; silicon dioxide) [Non renewable resources] 3,13E-04 kg

Iron ore [Non renewable resources] 2,68E-04 kg

Carbon dioxide [Renewable resources] 1,42E-04 kg

Ilmenite (titanium ore) [Non renewable resources] 1,18E-04 kg

Sodium chloride (rock salt) [Non renewable resources] 1,12E-04 kg

Water (sea water) [Water] 7,32E-05 kg

Lead - zinc ore (4.6%-0.6%) [Non renewable resources] 6,46E-05 kg

Magnesium chloride leach (40%) [Non renewable resources] 6,43E-05 kg

Clay [Non renewable resources] 5,92E-05 kg

Water (feed water) [Water] 2,55E-05 kg

Basalt [Non renewable resources] 1,29E-05 kg

Gypsum (natural gypsum) [Non renewable resources] 1,28E-05 kg

Zinc - copper ore (4.07%-2.59%) [Non renewable resources] 1,15E-05 kg

Iron [Non renewable elements] 1,03E-05 kg

Nickel ore (1.6%) [Non renewable resources] 8,90E-06 kg

Copper ore (0.14%) [Non renewable resources] 8,68E-06 kg

Zinc - lead - copper ore (12%-3%-2%) [Non renewable resources] 4,78E-06 kg

Manganese ore (R.O.M.) [Non renewable resources] 2,51E-06 kg

Peat [Non renewable resources] 1,55E-06 kg

Titanium ore [Non renewable resources] 9,27E-07 kg

Wood [Renewable energy resources] 6,96E-07 kg

Uranium natural [Uranium (resource)] 4,77E-07 kg

Chromium ore [Non renewable resources] 2,36E-07 kg

Copper - Gold - Silver - ore (1,0% Cu; 0,4 g/t Au; 66 g/t Ag) [Non renewable resources] 1,41E-07 kg Copper - Molybdenum - Gold - Silver - ore (1,13% Cu; 0,02% Mo; 0,01 g/t Au; 2,86 g/t Ag) [Non renewable resources] 1,18E-07 kg

Copper - Gold - Silver - ore (1,1% Cu; 0,01 g/t Au; 2,86 g/t Ag) [Non renewable resources] 8,60E-08 kg

Kaolin ore [Non renewable resources] 8,06E-08 kg

Molybdenite (Mo 0,24%) [Non renewable resources] 7,22E-08 kg

Iron ore (65%) [Non renewable resources] 7,18E-08 kg

Copper - Gold - Silver - ore (1,16% Cu; 0,002 g/t Au; 1,06 g/t Ag) [Non renewable resources] 4,85E-08 kg

Manganese ore [Non renewable resources] 4,55E-08 kg

Colemanite ore [Non renewable resources] 4,50E-08 kg

Copper ore (1.2%) [Non renewable resources] 1,46E-08 kg

Raw pumice [Non renewable resources] 7,83E-09 kg

Precious metal ore (R.O.M) [Non renewable resources] 5,83E-09 kg

Sodium sulphate [Non renewable resources] 3,43E-09 kg

Phosphate ore [Non renewable resources] 3,26E-09 kg

Fluorspar (calcium fluoride; fluorite) [Non renewable resources] 3,25E-09 kg

Dolomite [Non renewable resources] 3,01E-09 kg

165

Talc [Non renewable resources] 1,45E-09 kg

Pit gas [Natural gas (resource)] 6,75E-10 kg

Phosphorus minerals [Non renewable resources] 2,78E-10 kg

Magnesit (Magnesium carbonate) [Non renewable resources] 2,52E-10 kg

Potassium chloride [Non renewable resources] 1,28E-10 kg

Nickel ore [Non renewable resources] 1,24E-10 kg

Sulphur [Non renewable elements] 3,24E-11 kg

Renewable fuels [Renewable energy resources] 2,61E-11 kg

Sulphur (bonded) [Non renewable resources] 1,66E-11 kg

Phosphorus ore (29% P2O5) [Non renewable resources] 1,27E-12 kg

Copper ore (sulphidic) [Non renewable resources] 1,54E-13 kg

Calcium chloride [Non renewable resources] 1,10E-14 kg

Water (with river silt) [Water] 2,22E-15 kg

Zinc ore (sulphide) [Non renewable resources] 1,26E-15 kg

Copper ore (4%) [Non renewable resources] 1,30E-16 kg

Barium sulphate [Non renewable resources] 1,07E-16 kg

Zinc - lead ore (4.21%-4.96%) [Non renewable resources] 4,44E-17 kg

Slate [Non renewable resources] 9,68E-18 kg

Tin ore [Non renewable resources] 9,31E-18 kg

Olivine [Non renewable resources] 5,76E-18 kg

Lead [Non renewable elements] 1,05E-18 kg

Ferro manganese [Non renewable resources] 5,23E-19 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Primary energy from hydro power [Renewable energy resources] 1,87E-02 MJ

Primary energy from wind power [Renewable energy resources] 1,70E-02 MJ

Primary energy from solar energy [Renewable energy resources] 1,93E-03 MJ

Primary energy from geothermics [Renewable energy resources] 4,53E-05 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto

Hydrated lime dry slaked [Minerals] 2,54E-00 kg

Saída (Unidade/t SSP)

Waste heat [Other emissions to air] 5,67E-01 MJ

Waste heat [Other emissions to fresh water] 5,59E-02 MJ

non used primary energy from water power [Other emissions to fresh water] 3,03E-03 MJ

Unused primary energy from solar energy [Other emissions to air] 2,54E-04 MJ

Unused primary energy from geothermal [Other emissions to fresh water] 2,49E-05 MJ

non used primary energy from wind power [Other emissions to air] 7,06E-06 MJ

Overburden (deposited) [Stockpile goods] 2,67E-00 kg

Carbon dioxide [Inorganic emissions to air] 2,31E-00 kg

Water (river water) [Water] 1,00E-00 kg

Treatment residue (mineral, deposited) [Stockpile goods] 3,48E-01 kg

Exhaust [Other emissions to air] 2,27E-01 kg

Steam [Inorganic emissions to air] 1,22E-01 kg

Used air [Other emissions to air] 3,22E-03 kg

Methane [Organic emissions to air (group VOC)] 1,67E-03 kg

Chloride [Inorganic emissions to fresh water] 1,41E-03 kg

166

Red mud (dry) [Hazardous waste for disposal] 1,07E-03 kg

Chloride [Inorganic emissions to sea water] 8,22E-04 kg

Solids (suspended) [Particles to fresh water] 8,11E-04 kg

Nitrogen oxides [Inorganic emissions to air] 6,66E-04 kg

Spoil (deposited) [Stockpile goods] 6,09E-04 kg

Sulphate [Inorganic emissions to fresh water] 4,08E-04 kg

Sulphur dioxide [Inorganic emissions to air] 3,33E-04 kg

Carbon monoxide [Inorganic emissions to air] 2,20E-04 kg

Sodium [Inorganic emissions to fresh water] 1,79E-04 kg

Iron [Heavy metals to fresh water] 1,56E-04 kg

Demolition waste (deposited) [Stockpile goods] 1,49E-04 kg

Dust (unspecified) [Particles to air] 1,33E-04 kg

Nitrogen (atmospheric nitrogen) [Inorganic emissions to air] 1,28E-04 kg

Gypsum (FDI) [Waste for recovery] 1,00E-04 kg

Radioactive tailings [Radioactive waste] 9,35E-05 kg

Sand (Alumina production) [Stockpile goods] 8,12E-05 kg

Sludge [Hazardous waste] 6,44E-05 kg

Oxygen [Renewable resources] 5,54E-05 kg

Tailings [Stockpile goods] 5,26E-05 kg

Iron sulphate dissolution [Inorganic intermediate products] 4,82E-05 kg

Fluoride [Inorganic emissions to fresh water] 4,80E-05 kg

Oxygen [Inorganic emissions to air] 4,78E-05 kg

NMVOC (unspecified) [Group NMVOC to air] 4,52E-05 kg

Solids (suspended) [Particles to sea water] 4,02E-05 kg

Ethane [Group NMVOC to air] 3,67E-05 kg

Gypsum [Minerals] 3,61E-05 kg

Propane [Group NMVOC to air] 3,11E-05 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to fresh water] 2,40E-05 kg

Slag (deposited) [Stockpile goods] 2,08E-05 kg

Calcium [Inorganic emissions to fresh water] 1,90E-05 kg

OUTROS (refere-se a mais 365 ecovetores com quantidade menor que 1,90E-05 kg)

Anexo 4: Ecobalanço do processo produtivo de soda cáustica.

Subsistema - Produção de Soda Cáustica

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Water [Water] 2,45E-01 kg

Sodium chloride (rock salt) [Non renewable resources] 2,52E-02 kg

Water (feed water) [Water] 1,10E-02 kg

Natural gas [Natural gas (resource)] 5,08E-03 kg

Hard coal [Hard coal (resource)] 3,31E-03 kg

Crude oil [Crude oil (resource)] 1,27E-03 kg

Air [Renewable resources] 5,61E-04 kg

Limestone (calcium carbonate) [Non renewable resources] 2,77E-04 kg

Municipal waste [Consumer waste] 1,79E-04 kg

Biomass [Renewable energy resources] 1,61E-04 kg

167

Wood [Renewable energy resources] 8,93E-05 kg

Hydrogen [Inorganic intermediate products] 8,69E-05 kg

Sulphur [Non renewable elements] 3,66E-05 kg

Peat [Non renewable resources] 2,45E-05 kg

Nitrogen [Renewable resources] 1,81E-05 kg

Water (river water) [Water] 1,64E-05 kg

Water (sea water) [Water] 1,49E-05 kg

sand [Non renewable resources] 2,07E-06 kg

Iron [Non renewable elements] 2,04E-06 kg

Heavy spar (barytes) [Non renewable resources] 7,96E-07 kg

Lignite [Lignite (resource)] 4,72E-07 kg

Oxygen [Renewable resources] 5,01E-08 kg

Mercury [Non renewable elements] 4,87E-08 kg

Potassium chloride [Non renewable resources] 4,65E-08 kg

Dolomite [Non renewable resources] 2,49E-08 kg

Olivine [Non renewable resources] 1,91E-08 kg

Lead [Non renewable elements] 1,48E-08 kg

Water (well water) [Water] 9,23E-09 kg

Bauxite [Non renewable resources] 8,85E-09 kg

Fluorspar (calcium fluoride; fluorite) [Non renewable resources] 8,39E-09 kg

Natural Aggregate [Non renewable resources] 7,53E-09 kg

Ferro manganese [Non renewable resources] 1,85E-09 kg

Bentonite [Non renewable resources] 1,64E-09 kg

Zinc [Non renewable elements] 8,57E-10 kg

Clay [Non renewable resources] 2,08E-10 kg

Slate [Non renewable resources] 1,46E-10 kg

Sulphur (bonded) [Non renewable resources] 1,16E-10 kg

Phosphorus [Non renewable elements] 5,73E-11 kg

Gypsum (natural gypsum) [Non renewable resources] 5,15E-11 kg

Nickel [Non renewable elements] 6,89E-12 kg

Copper [Non renewable elements] 8,07E-13 kg

Chromium [Non renewable elements] 1,29E-13 kg

Carcass meal [Hazardous waste for recovery] 2,63E-14 kg

Granite [Non renewable resources] 1,32E-16 kg

Feldspar (aluminum silicates) [Non renewable resources] 2,95E-22 kg

Sodium nitrate [Non renewable resources] 1,65E-27 kg

Magnesium [Non renewable elements] 5,48E-28 kg

Talc [Non renewable resources] 2,59E-28 kg

Rutile (titanium ore) [Non renewable resources] 3,09E-35 kg

Quartz sand (silica sand; silicon dioxide) [Non renewable resources] 2,33E-35 kg

Chalk (Calciumcarbonate) [Non renewable resources] 2,15E-35 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Nuclear energy [Uranium (resource)] 1,40E-01 MJ

Primary energy from hydro power [Renewable energy resources] 2,55E-02 MJ

Primary energy from geothermics [Renewable energy resources] 2,16E-03 MJ

Industrial waste (incineration) [Waste for recovery] 7,42E-04 MJ

168

Primary energy from wind power [Renewable energy resources] 7,11E-04 MJ

Primary energy from waves [Renewable energy resources] 4,33E-05 MJ

Primary energy from solar energy [Renewable energy resources] 4,13E-06 MJ

Energy (recovered) [Thermal energy] -1,16E-02 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto

Sodium hydroxide (100%; caustic soda) [Inorganic intermediate products] 2,56E-02 kg

Saída (Unidade/t SSP)

Carbon dioxide [Inorganic emissions to air] 2,87E-02 kg

Chloride [Inorganic emissions to fresh water] 8,24E-04 kg

Overburden (deposited) [Stockpile goods] 6,72E-04 kg

Sodium [Inorganic emissions to fresh water] 5,89E-04 kg

Solids (dissolved) [Analytical measures to fresh water] 4,11E-04 kg

Slag [Waste for recovery] 3,25E-04 kg

Methane [Organic emissions to air (group VOC)] 2,99E-04 kg

Mineral waste [Consumer waste] 1,76E-04 kg

Sulphur dioxide [Inorganic emissions to air] 1,23E-04 kg

Sulphate [Inorganic emissions to fresh water] 1,20E-04 kg

Solids (suspended) [Particles to fresh water] 8,81E-05 kg

Nitrogen dioxide [Inorganic emissions to air] 7,69E-05 kg

Chemicals (unspecified) [Waste for recovery] 6,97E-05 kg

Plastic (unspecified) [Waste for recovery] 2,84E-05 kg

Toxic chemicals (unspecified) [Hazardous waste for disposal] 2,38E-05 kg

Carbon monoxide [Inorganic emissions to air] 2,32E-05 kg

Inert chemical waste [Hazardous waste] 2,00E-05 kg

Hydrocarbons (unspecified) [Organic emissions to air (group VOC)] 1,63E-05 kg

Waste (unspecified) [Consumer waste] 1,53E-05 kg

Dust (PM10) [Particles to air] 1,38E-05 kg

Hydrogen [Inorganic emissions to air] 7,37E-06 kg

Chlorate [Inorganic emissions to fresh water] 7,06E-06 kg

Carbonate [Inorganic emissions to fresh water] 3,92E-06 kg

Wood [Waste for recovery] 3,21E-06 kg

Calcium [Inorganic emissions to fresh water] 2,63E-06 kg

Hydrogen chloride [Inorganic emissions to air] 1,52E-06 kg

Organic chlorine compounds (unspecified) [Organic emissions to fresh water] 4,35E-07 kg

Tailings [Stockpile goods] 2,20E-07 kg

Metals (unspecified) [Particles to fresh water] 1,67E-07 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to fresh water] 1,18E-07 kg

Nitrogen [Inorganic emissions to fresh water] 8,98E-08 kg

Acid (calculated as H+) [Inorganic emissions to fresh water] 6,77E-08 kg

Phosphorus [Inorganic emissions to fresh water] 6,48E-08 kg

Hydrogen fluoride [Inorganic emissions to air] 5,67E-08 kg

Metals (unspecified) [Particles to air] 4,65E-08 kg

Ammonium / ammonia [Inorganic emissions to fresh water] 4,49E-08 kg

Copper [Heavy metals to fresh water] 3,80E-08 kg

Nickel [Heavy metals to fresh water] 2,90E-08 kg

169

Total dissolved organic bounded carbon [Analytical measures to fresh water] 2,58E-08 kg

Iron [Heavy metals to fresh water] 6,28E-09 kg

Organic compounds (dissolved) [Organic emissions to fresh water] 6,22E-09 kg

Chlorine [Inorganic emissions to air] 5,43E-09 kg

Mercury [Heavy metals to air] 4,39E-09 kg

Incineration good [Waste for disposal] 4,36E-09 kg

Biological oxygen demand (BOD) [Analytical measures to fresh water] 4,00E-09 kg

OUTROS (refere-se a mais 75 ecovetores com quantidade menor que 4,00E-09 kg)

Anexo 5: Ecobalanço do processo produtivo de diesel (produzido nos E.U.A).

Subsistema – Produção de Diesel (EUA)

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Water (surface water) [Water] 2,31E-00 kg

Crude oil 2,15E-00 kg

Air [Renewable resources] 1,71E-00 kg

Inert rock [Non renewable resources] 6,59E-01 kg

Natural gas 1,66E-01 kg

Water (ground water) [Water] 8,04E-02 kg

Hard coal 3,86E-02 kg

Heavy spar (barytes) [Non renewable resources] 2,21E-02 kg

Water (sea water) [Water] 1,81E-02 kg

Limestone (calcium carbonate) [Non renewable resources] 1,79E-02 kg

Bentonite [Non renewable resources] 9,15E-03 kg

Iron ore [Non renewable resources] 6,75E-03 kg

Lignite 6,03E-03 kg

Carbon dioxide [Renewable resources] 3,69E-03 kg

Lead - zinc ore (4.6%-0.6%) [Non renewable resources] 1,78E-03 kg

Natural Aggregate [Non renewable resources] 1,51E-03 kg

Clay [Non renewable resources] 6,05E-04 kg

Soil [Non renewable resources] 5,95E-04 kg

Gypsum (natural gypsum) [Non renewable resources] 3,31E-04 kg

Zinc - copper ore (4.07%-2.59%) [Non renewable resources] 3,00E-04 kg

Quartz sand (silica sand; silicon dioxide) [Non renewable resources] 2,53E-04 kg

Nickel ore (1.6%) [Non renewable resources] 2,45E-04 kg

Magnesium chloride leach (40%) [Non renewable resources] 1,91E-04 kg

Basalt [Non renewable resources] 1,83E-04 kg

Water [Water] 1,67E-04 kg

Pit Methane [Natural gas (resource)] 1,53E-04 kg

Zinc - lead - copper ore (12%-3%-2%) [Non renewable resources] 1,23E-04 kg

Manganese ore (R.O.M.) [Non renewable resources] 6,94E-05 kg

Titanium ore [Non renewable resources] 2,31E-05 kg

Bauxite [Non renewable resources] 1,23E-05 kg

Peat [Non renewable resources] 1,18E-05 kg

Copper ore (0.14%) [Non renewable resources] 7,25E-06 kg

Sodium chloride (rock salt) [Non renewable resources] 6,41E-06 kg

170

Wood [Renewable energy resources] 4,05E-06 kg

Uranium natural [Uranium (resource)] 9,31E-07 kg

Chromium ore [Non renewable resources] 3,65E-07 kg

Iron ore (65%) [Non renewable resources] 3,48E-07 kg

Manganese ore [Non renewable resources] 6,86E-08 kg

Dolomite [Non renewable resources] 3,20E-08 kg

Kaolin ore [Non renewable resources] 2,46E-08 kg

Precious metal ore (R.O.M) [Non renewable resources] 2,00E-08 kg

Fluorspar (calcium fluoride; fluorite) [Non renewable resources] 1,65E-08 kg

Colemanite ore [Non renewable resources] 1,50E-08 kg

Molybdenite (Mo 0,24%) [Non renewable resources] 1,24E-08 kg

Phosphate ore [Non renewable resources] 9,84E-09 kg

Magnesit (Magnesium carbonate) [Non renewable resources] 6,48E-09 kg

Phosphorus minerals [Non renewable resources] 6,25E-09 kg

Talc [Non renewable resources] 3,08E-09 kg

Potassium chloride [Non renewable resources] 2,96E-09 kg

Raw pumice [Non renewable resources] 2,39E-09 kg

Nitrogen [Renewable resources] 9,86E-11 kg

Sulphur [Non renewable elements] 7,44E-11 kg

Nickel ore [Non renewable resources] 4,18E-11 kg

Sulphur (bonded) [Non renewable resources] 3,68E-11 kg

Sodium sulphate [Non renewable resources] 1,47E-11 kg

Copper ore (sulphidic) [Non renewable resources] 3,91E-12 kg

Calcium chloride [Non renewable resources] 3,24E-12 kg

Iron [Non renewable elements] 1,90E-12 kg

Barium sulphate [Non renewable resources] 3,17E-14 kg

Zinc ore (sulphide) [Non renewable resources] 7,50E-15 kg

Copper ore (4%) [Non renewable resources] 3,30E-15 kg

Oxygen [Renewable resources] 3,08E-15 kg

Slate [Non renewable resources] 2,86E-15 kg

Tin ore [Non renewable resources] 2,74E-15 kg

Olivine [Non renewable resources] 1,70E-15 kg

Zinc - lead ore (4.21%-4.96%) [Non renewable resources] 1,13E-15 kg

Lead [Non renewable elements] 3,09E-16 kg

Ferro manganese [Non renewable resources] 1,54E-16 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Primary energy from hydro power [Renewable energy resources] 9,04E-02 MJ

Primary energy from solar energy [Renewable energy resources] 3,52E-02 MJ

Primary energy from geothermics [Renewable energy resources] 1,34E-02 MJ

Primary energy from wind power [Renewable energy resources] 5,20E-03 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto

Diesel [Crude oil products] 1,83E-00 kg

Saída (Unidade/t SSP)

Waste heat [Other emissions to air] 3,86E-00 MJ

Thermal energy (MJ) [Thermal energy] 1,83E-00 MJ

171

Waste heat [Other emissions to fresh water] 1,28E-01 MJ

non used primary energy from water power [Other emissions to fresh water] 1,46E-02 MJ

Unused primary energy from geothermal [Other emissions to fresh water] 7,35E-03 MJ

Unused primary energy from solar energy [Other emissions to air] 2,53E-04 MJ

non used primary energy from wind power [Other emissions to air] 1,70E-05 MJ

Water (river water) [Water] 1,67E-00 kg

Exhaust [Other emissions to air] 1,29E-00 kg

Carbon dioxide [Inorganic emissions to air] 9,25E-01 kg

Overburden (deposited) [Stockpile goods] 6,11E-01 kg

Steam [Inorganic emissions to air] 3,81E-01 kg

Chloride [Inorganic emissions to sea water] 2,39E-02 kg

Solids (suspended) [Particles to fresh water] 1,95E-02 kg

Spoil (deposited) [Stockpile goods] 1,59E-02 kg

Methane [Organic emissions to air (group VOC)] 8,03E-03 kg

Chloride [Inorganic emissions to fresh water] 7,18E-03 kg

Sulphur dioxide [Inorganic emissions to air] 3,75E-03 kg

Solids (suspended) [Particles to sea water] 2,89E-03 kg

Oxygen [Inorganic emissions to air] 2,77E-03 kg

Nitrogen oxides [Inorganic emissions to air] 2,54E-03 kg

Used air [Other emissions to air] 2,22E-03 kg

Carbon monoxide [Inorganic emissions to air] 1,17E-03 kg

Propane [Group NMVOC to air] 6,95E-04 kg

Sulphate [Inorganic emissions to fresh water] 6,22E-04 kg

Demolition waste (deposited) [Stockpile goods] 6,04E-04 kg

Sodium [Inorganic emissions to fresh water] 5,11E-04 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to fresh water] 3,66E-04 kg

Ethane [Group NMVOC to air] 3,66E-04 kg

Carbonate [Inorganic emissions to sea water] 3,02E-04 kg

NMVOC (unspecified) [Group NMVOC to air] 2,36E-04 kg

Radioactive tailings [Radioactive waste] 1,79E-04 kg

Fluoride [Inorganic emissions to fresh water] 1,38E-04 kg

Butane [Group NMVOC to air] 1,37E-04 kg

Calcium [Inorganic emissions to fresh water] 1,32E-04 kg

Nitrogen (atmospheric nitrogen) [Inorganic emissions to air] 1,27E-04 kg

Sulphate [Inorganic emissions to sea water] 1,27E-04 kg

Iron [Heavy metals to fresh water] 9,97E-05 kg

Carbonate [Inorganic emissions to fresh water] 7,57E-05 kg

Sodium [Inorganic emissions to sea water] 7,26E-05 kg

Calcium [Inorganic emissions to sea water] 6,52E-05 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to sea water] 5,95E-05 kg

Slag (deposited) [Stockpile goods] 5,50E-05 kg

Sulphide [Inorganic emissions to sea water] 5,49E-05 kg

Dust (unspecified) [Particles to air] 4,79E-05 kg

OUTROS (refere-se a mais 334 ecovetores com quantidade menor que 4,79E-05 kg)

172

Anexo 6: Ecobalanço do processo produtivo de diesel (produzido no Brasil).

Subsistema – Produção de Diesel (Brasil)

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Water (surface water) [Water] 1,54E+01 kg

Crude oil [Crude oil (resource)] 1,44E+01 kg

Air [Renewable resources] 6,27E-00 kg

Inert rock [Non renewable resources] 4,40E-00 kg

Natural gas [Natural gas (resource)] 1,09E-00 kg

Water (ground water) [Water] 5,29E-01 kg

Hard coal [Hard coal (resource)] 2,57E-01 kg

Heavy spar (barytes) [Non renewable resources] 1,48E-01 kg

Water (sea water) [Water] 1,21E-01 kg

Limestone (calcium carbonate) [Non renewable resources] 1,16E-01 kg

Bentonite [Non renewable resources] 6,12E-02 kg

Iron ore [Non renewable resources] 4,50E-02 kg

Carbon dioxide [Renewable resources] 2,46E-02 kg

Lead - zinc ore (4.6%-0.6%) [Non renewable resources] 1,19E-02 kg

Clay [Non renewable resources] 4,03E-03 kg

Soil [Non renewable resources] 3,73E-03 kg

Gypsum (natural gypsum) [Non renewable resources] 2,21E-03 kg

Zinc - copper ore (4.07%-2.59%) [Non renewable resources] 2,01E-03 kg

Quartz sand (silica sand; silicon dioxide) [Non renewable resources] 1,69E-03 kg

Nickel ore (1.6%) [Non renewable resources] 1,64E-03 kg

Magnesium chloride leach (40%) [Non renewable resources] 1,28E-03 kg

Basalt [Non renewable resources] 1,22E-03 kg

Pit Methane [Natural gas (resource)] 1,02E-03 kg

Zinc - lead - copper ore (12%-3%-2%) [Non renewable resources] 8,25E-04 kg

Manganese ore (R.O.M.) [Non renewable resources] 4,64E-04 kg

Titanium ore [Non renewable resources] 1,54E-04 kg

Bauxite [Non renewable resources] 8,22E-05 kg

Peat [Non renewable resources] 7,88E-05 kg

Copper ore (0.14%) [Non renewable resources] 4,82E-05 kg

Sodium chloride (rock salt) [Non renewable resources] 4,06E-05 kg

Wood [Renewable energy resources] 2,62E-05 kg

Uranium natural [Uranium (resource)] 6,19E-06 kg

Chromium ore [Non renewable resources] 2,43E-06 kg

Iron ore (65%) [Non renewable resources] 2,29E-06 kg

Manganese ore [Non renewable resources] 4,57E-07 kg

Dolomite [Non renewable resources] 2,14E-07 kg

Kaolin ore [Non renewable resources] 1,63E-07 kg

Precious metal ore (R.O.M) [Non renewable resources] 1,33E-07 kg

Fluorspar (calcium fluoride; fluorite) [Non renewable resources] 1,10E-07 kg

Colemanite ore [Non renewable resources] 9,93E-08 kg

Molybdenite (Mo 0,24%) [Non renewable resources] 8,29E-08 kg

Phosphate ore [Non renewable resources] 6,58E-08 kg

Magnesit (Magnesium carbonate) [Non renewable resources] 4,32E-08 kg

173

Phosphorus minerals [Non renewable resources] 4,17E-08 kg

Talc [Non renewable resources] 2,05E-08 kg

Potassium chloride [Non renewable resources] 1,97E-08 kg

Raw pumice [Non renewable resources] 1,58E-08 kg

Nitrogen [Renewable resources] 6,59E-10 kg

Sulphur [Non renewable elements] 4,93E-10 kg

Nickel ore [Non renewable resources] 2,78E-10 kg

Sulphur (bonded) [Non renewable resources] 2,43E-10 kg

Sodium sulphate [Non renewable resources] 7,72E-11 kg

Copper ore (sulphidic) [Non renewable resources] 2,61E-11 kg

Calcium chloride [Non renewable resources] 2,16E-11 kg

Iron [Non renewable elements] 1,26E-11 kg

Barium sulphate [Non renewable resources] 2,11E-13 kg

Zinc ore (sulphide) [Non renewable resources] 5,01E-14 kg

Copper ore (4%) [Non renewable resources] 2,20E-14 kg

Oxygen [Renewable resources] 1,96E-14 kg

Slate [Non renewable resources] 1,90E-14 kg

Tin ore [Non renewable resources] 1,83E-14 kg

Olivine [Non renewable resources] 1,13E-14 kg

Zinc - lead ore (4.21%-4.96%) [Non renewable resources] 7,51E-15 kg

Lead [Non renewable elements] 2,06E-15 kg

Ferro manganese [Non renewable resources] 1,03E-15 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Primary energy from hydro power [Renewable energy resources] 6,02E-01 MJ

Primary energy from solar energy [Renewable energy resources] 2,35E-01 MJ

Primary energy from geothermics [Renewable energy resources] 8,90E-02 MJ

Primary energy from wind power [Renewable energy resources] 3,45E-02 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto

Diesel [Crude oil products] 1,25E+01 kg

Saída (Unidade/t SSP)

Waste heat [Other emissions to air] 2,54E+01 MJ

Waste heat [Other emissions to fresh water] 8,52E-01 MJ

non used primary energy from water power [Other emissions to fresh water] 9,73E-02 MJ

Unused primary energy from geothermal [Other emissions to fresh water] 4,90E-02 MJ

Unused primary energy from solar energy [Other emissions to air] 1,68E-03 MJ

non used primary energy from wind power [Other emissions to air] 1,11E-04 MJ

Water (river water) [Water] 1,11E+01 kg

Carbon dioxide [Inorganic emissions to air] 5,16E-00 kg

Exhaust [Other emissions to air] 4,50E-00 kg

Overburden (deposited) [Stockpile goods] 4,08E-00 kg

Steam [Inorganic emissions to air] 2,25E-00 kg

Chloride [Inorganic emissions to sea water] 1,60E-01 kg

Solids (suspended) [Particles to fresh water] 1,30E-01 kg

Spoil (deposited) [Stockpile goods] 1,07E-01 kg

Methane [Organic emissions to air (group VOC)] 5,36E-02 kg

174

Chloride [Inorganic emissions to fresh water] 4,76E-02 kg

Sulphur dioxide [Inorganic emissions to air] 2,07E-02 kg

Solids (suspended) [Particles to sea water] 1,93E-02 kg

Oxygen [Inorganic emissions to air] 1,84E-02 kg

Nitrogen oxides [Inorganic emissions to air] 1,60E-02 kg

Used air [Other emissions to air] 1,33E-02 kg

Carbon monoxide [Inorganic emissions to air] 7,53E-03 kg

Propane [Group NMVOC to air] 4,65E-03 kg

Sulphate [Inorganic emissions to fresh water] 3,96E-03 kg

Sodium [Inorganic emissions to fresh water] 3,41E-03 kg

Ethane [Group NMVOC to air] 2,44E-03 kg

Demolition waste (deposited) [Stockpile goods] 2,44E-03 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to fresh water] 2,44E-03 kg

Carbonate [Inorganic emissions to sea water] 2,02E-03 kg

NMVOC (unspecified) [Group NMVOC to air] 1,48E-03 kg

Radioactive tailings [Radioactive waste] 1,19E-03 kg

Butane [Group NMVOC to air] 9,14E-04 kg

Sulphate [Inorganic emissions to sea water] 8,51E-04 kg

Nitrogen (atmospheric nitrogen) [Inorganic emissions to air] 8,50E-04 kg

Calcium [Inorganic emissions to fresh water] 7,97E-04 kg

Iron [Heavy metals to fresh water] 6,64E-04 kg

Fluoride [Inorganic emissions to fresh water] 6,63E-04 kg

Carbonate [Inorganic emissions to fresh water] 5,06E-04 kg

Sodium [Inorganic emissions to sea water] 4,85E-04 kg

Calcium [Inorganic emissions to sea water] 4,36E-04 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to sea water] 3,98E-04 kg

Sulphide [Inorganic emissions to sea water] 3,68E-04 kg

Pentane (n-pentane) [Group NMVOC to air] 3,10E-04 kg

Dust (unspecified) [Particles to air] 3,05E-04 kg

Slag (deposited) [Stockpile goods] 2,63E-04 kg

OUTROS (refere-se a mais 332 ecovetores com quantidade menor que 2,63E-04 kg)

Anexo 7: Ecobalanço da usina de geração de energia (hidrelétrica).

Subsistema - Hidrelétrica

Correntes de Entrada Quantidade Unidade

Natural gas [Natural gas (resource)] 9,78E-01 kg

Natural Aggregate [Non renewable resources] 9,75E-01 kg

Water (surface water) [Water] 8,30E-01 kg

Water [Water] 3,97E-01 kg

Inert rock [Non renewable resources] 3,01E-01 kg

Limestone (calcium carbonate) [Non renewable resources] 2,07E-01 kg

Soil [Non renewable resources] 1,77E-01 kg

Air [Renewable resources] 1,75E-01 kg

Water (ground water) [Water] 8,64E-02 kg

Lignite [Lignite (resource)] 2,88E-02 kg

175

Hard coal [Hard coal (resource)] 9,16E-03 kg

Crude oil [Crude oil (resource)] 8,92E-03 kg

Overburden (deposited) [Stockpile goods] 7,99E-03 kg

Clay [Non renewable resources] 7,34E-03 kg

Iron ore [Non renewable resources] 7,20E-03 kg

Gypsum (natural gypsum) [Non renewable resources] 4,87E-03 kg

Copper - Gold - Silver - ore (1,0% Cu; 0,4 g/t Au; 66 g/t Ag) [Non renewable resources] 2,73E-03 kg Copper - Molybdenum - Gold - Silver - ore (1,13% Cu; 0,02% Mo; 0,01 g/t Au; 2,86 g/t Ag) [Non renewable resources] 2,28E-03 kg

Copper - Gold - Silver - ore (1,1% Cu; 0,01 g/t Au; 2,86 g/t Ag) [Non renewable resources] 1,66E-03 kg

Molybdenite (Mo 0,24%) [Non renewable resources] 1,39E-03 kg

Copper - Gold - Silver - ore (1,16% Cu; 0,002 g/t Au; 1,06 g/t Ag) [Non renewable resources] 9,37E-04 kg

Nickel ore (1.6%) [Non renewable resources] 9,37E-04 kg

Bauxite [Non renewable resources] 7,25E-04 kg

Zinc - copper ore (4.07%-2.59%) [Non renewable resources] 6,35E-04 kg

Carbon dioxide [Renewable resources] 6,17E-04 kg

Quartz sand (silica sand; silicon dioxide) [Non renewable resources] 5,43E-04 kg

Zinc - lead - copper ore (12%-3%-2%) [Non renewable resources] 4,72E-04 kg

Titanium ore [Non renewable resources] 3,38E-04 kg

Copper ore (1.2%) [Non renewable resources] 2,83E-04 kg

Bentonite [Non renewable resources] 2,73E-04 kg

Chromium ore [Non renewable resources] 2,49E-04 kg

Pit Methane [Natural gas (resource)] 1,30E-04 kg

Manganese ore (R.O.M.) [Non renewable resources] 1,21E-04 kg

Lead - zinc ore (4.6%-0.6%) [Non renewable resources] 1,02E-04 kg

Wood [Renewable energy resources] 8,09E-05 kg

Sodium chloride (rock salt) [Non renewable resources] 5,78E-05 kg

Precious metal ore (R.O.M) [Non renewable resources] 5,61E-05 kg

Manganese ore [Non renewable resources] 5,61E-05 kg

Heavy spar (barytes) [Non renewable resources] 4,09E-05 kg

Basalt [Non renewable resources] 3,78E-05 kg

Magnesium chloride leach (40%) [Non renewable resources] 3,35E-05 kg

Copper ore (0.14%) [Non renewable resources] 9,02E-06 kg

Iron ore (65%) [Non renewable resources] 6,69E-06 kg

Fluorspar (calcium fluoride; fluorite) [Non renewable resources] 4,71E-06 kg

Peat [Non renewable resources] 1,09E-06 kg

Uranium natural [Uranium (resource)] 3,52E-07 kg

Phosphorus minerals [Non renewable resources] 3,49E-07 kg

Magnesit (Magnesium carbonate) [Non renewable resources] 1,45E-07 kg

Potassium chloride [Non renewable resources] 7,23E-08 kg

Colemanite ore [Non renewable resources] 6,64E-08 kg

Talc [Non renewable resources] 6,02E-08 kg

Kaolin ore [Non renewable resources] 3,04E-08 kg

Phosphate ore [Non renewable resources] 2,54E-08 kg

Dolomite [Non renewable resources] 4,61E-09 kg

Sulphur [Non renewable elements] 2,95E-09 kg

Raw pumice [Non renewable resources] 2,34E-09 kg

176

Sulphur (bonded) [Non renewable resources] 1,43E-09 kg

Nitrogen [Renewable resources] 1,24E-09 kg

Sodium sulphate [Non renewable resources] 8,77E-10 kg

Nickel ore [Non renewable resources] 1,90E-10 kg

Copper ore (sulphidic) [Non renewable resources] 1,52E-10 kg

Iron [Non renewable elements] 6,70E-11 kg

Calcium chloride [Non renewable resources] 2,53E-13 kg

Copper ore (4%) [Non renewable resources] 1,28E-13 kg

Zinc ore (sulphide) [Non renewable resources] 9,53E-14 kg

Zinc - lead ore (4.21%-4.96%) [Non renewable resources] 4,39E-14 kg

Barium sulphate [Non renewable resources] 2,48E-15 kg

Slate [Non renewable resources] 2,23E-16 kg

Tin ore [Non renewable resources] 2,15E-16 kg

Olivine [Non renewable resources] 1,33E-16 kg

Lead [Non renewable elements] 2,42E-17 kg

Ferro manganese [Non renewable resources] 1,21E-17 kg

Recursos Energéticos (MJ/t SSP)

Primary energy from hydro power [Renewable energy resources] 2,51E+02 MJ

Primary energy from wind power [Renewable energy resources] 7,92E-03 MJ

Primary energy from solar energy [Renewable energy resources] 2,76E-03 MJ

Primary energy from geothermics [Renewable energy resources] 1,05E-03 MJ

Correntes de Saída Quantidade Unidade

Produto (MJ/t SSP)

Power [Electric power] 1,95E+02 MJ

Saída (Unidade/t SSP)

non used primary energy from water power [Other emissions to fresh water] 4,01E+01 MJ

Waste heat [Other emissions to air] 1,57E+01 MJ

Waste heat [Other emissions to fresh water] 5,19E-02 MJ

non used primary energy from wind power [Other emissions to air] 1,75E-03 MJ

Unused primary energy from geothermal [Other emissions to fresh water] 5,75E-04 MJ

Unused primary energy from solar energy [Other emissions to air] 7,45E-05 MJ

Carbon dioxide [Inorganic emissions to air] 1,32E-00 kg

Spoil (deposited) [Stockpile goods] 5,15E-01 kg

Exhaust [Other emissions to air] 1,49E-01 kg

Steam [Inorganic emissions to air] 4,84E-02 kg

Water (river water) [Water] 4,42E-02 kg

Used air [Other emissions to air] 1,50E-03 kg

Chemical oxygen demand (COD) [Analytical measures to fresh water] 8,16E-04 kg

Nitrogen oxides [Inorganic emissions to air] 4,51E-04 kg

Carbon monoxide [Inorganic emissions to air] 3,39E-04 kg

Water (sea water) [Water] 3,16E-04 kg

Chloride [Inorganic emissions to sea water] 2,83E-04 kg

Chloride [Inorganic emissions to fresh water] 2,79E-04 kg

Oxygen [Inorganic emissions to air] 2,71E-04 kg

Methane [Organic emissions to air (group VOC)] 1,64E-04 kg

Sulphate [Inorganic emissions to fresh water] 1,27E-04 kg

177

Calcium (2+) [Inorganic emissions to industrial soil] 1,17E-04 kg

Sulphur dioxide [Inorganic emissions to air] 1,11E-04 kg

Dust (unspecified) [Particles to air] 6,03E-05 kg

Sodium [Inorganic emissions to fresh water] 5,65E-05 kg

Iron [Heavy metals to fresh water] 5,24E-05 kg

Solids (suspended) [Particles to fresh water] 4,18E-05 kg

Potassium (+) [Inorganic emissions to industrial soil] 3,46E-05 kg

Sulphide [Inorganic emissions to industrial soil] 3,27E-05 kg

Polycyclic aromatic hydrocarbons (PAH, unspec.) [Hydrocarbons to fresh water] 3,11E-05 kg

NMVOC (unspecified) [Group NMVOC to air] 2,47E-05 kg

Magnesium (2+) [Inorganic emissions to industrial soil] 1,62E-05 kg

Sodium (+) [Inorganic emissions to industrial soil] 1,03E-05 kg

Nitrogen (atmospheric nitrogen) [Inorganic emissions to air] 1,03E-05 kg

Calcium [Inorganic emissions to fresh water] 9,06E-06 kg

Fluoride [Inorganic emissions to fresh water] 7,99E-06 kg

Demolition waste (deposited) [Stockpile goods] 7,86E-06 kg

Radioactive tailings [Radioactive waste] 7,82E-06 kg

Chloride [Inorganic emissions to industrial soil] 7,04E-06 kg

Total organic bounded carbon [Analytical measures to fresh water] 6,20E-06 kg

Sulphate [Inorganic emissions to industrial soil] 5,45E-06 kg

Ammonia [Inorganic emissions to industrial soil] 4,09E-06 kg

Carbonate [Inorganic emissions to sea water] 3,59E-06 kg

Propane [Group NMVOC to air] 3,50E-06 kg

Dust (PM2.5) [Particles to air] 3,27E-06 kg

OUTROS (refere-se a mais 365 ecovetores com quantidade menor que 3,27E-06 kg)

UFBA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

DEPTº DE ENGENHARIA AMBIENTAL - DEA

MESTRADO PROFISSIONAL EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS

AMBIENTAIS NO PROCESSO PRODUTIVO

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