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JORNAL EXPERIMENTAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UNISC - SANTA CRUZ DO SUL - OUTUBRO DE 2010

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Jornal-laboratório do Curso de Comunicação da Unisc

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JORNAL EXPERIMENTAL DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - UNISC - SANTA CRUZ DO SUL - OUTUBRO DE 2010

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UN

ICOM

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0

BLOGPara saber mais sobre o processo do jornal e conferir conteúdo exclusivo:

blogdounicom.blogspot.com

EDITORIAL CRÔNICA

A mulher e o X da questão

Duas amigas sentadas na sala relatam histórias e experiências entre elas. Quando o namorado de uma das duas entra, suado do futebol de domingo, o si-lêncio das amigas o acompanha logo de imediato.- Do que vocês duas estavam falando?- Coisas de mulher, amor. Ele insistiu mais algumas vezes, naque-la noite, achando que a conversa de sua namorada com a amiga tinha-o como tema principal. Mas aprendam, é difícil – e eu digo muito difícil mesmo – arran-car alguma informação de uma mulher quando o papo termina com “é coisa de mulher” e, se você insistir muito, pode até acabar ocasionando uma pequena discussãozinha. *Discutir a relação, sensibilidade apura-da, emoções à flor da pele. Todas essas são características que podem definir uma mulher, mesmo que não caibam apenas a elas. Mas quando indagadas de algum mal-humor súbito, “é coisa de mu-lher”, e ponto! *Sábado à tarde, Maurício está sentado no sofá da casa de seus pais zapeando pelos canais da TV. Telefone no ouvido, do outro lado da linha, Bruno, seu me-lhor amigo.- Hoje é sábado, cara! Não vai sair com a patroa? – era como ele se referia, ca-rinhosamente, à namorada de Maurí-cio.- Nem vou, Brunão. Ela saiu com a Sa-brina. Disse que ia comprar uns livros, tomar um café e depois dar uma pas-sadinha no shopping.- Ah! Coisa de mulher.

*Coisa de mulher não é apenas perder uma tar-de fazendo compras no shopping, ou jogar papo fora com uma amiga. Vai além da maquiagem, de produtos para cabelo, e de esmaltes da estação.

JOANA SCHERER

Afirmar que esta edição do Unicom é diferente soa quase como uma redundância, à medida que a regra, em se tra-tando de Unicom, é fazer diferente, desigual; sobretudo, criativo.Insistir na tese da diferença porque o conteúdo do jornal gira invariavelmente em torno da temática “coisas de mu-lher” beira, por outro lado, o sexismo, e isso não diz respeito ao Unicom.

Por outro lado, dizer simplesmente que se trata de uma edição cujo tema é o universo feminino desconsidera o fato de que, apesar de ser um jornal-laboratório, o nível técnico do Unicom é elevado, basicamente porque a qualidade do jornalismo que aqui se aprende e ensina é alta.

Isso não obstante a turma ser hegemonicamente feminina, o que, no cômputo final, acaba fazendo com que a voz delas seja sempre preponderante em relação às demais quando assim o querem as alunas da disciplina de Produção em Mídia Impressa deste semestre.

Mas também aí teríamos uma carga de preconceito, desta vez das mulheres em relação aos homens, e isso não tem nada a ver com o Unicom.

O mais acertado, quem sabe, é observar que, em jornalismo, não existe assunto que não possa ser trabalhado de forma adequada, desde que assim se queira. E assim se saiba, o que requer formação.

O que é forma adequada?

Tomemos o caso da temática “coisas de mulher”.

Mais que tratar o tema de forma desrespeitosa, ou mesmo pueril, o que exercitamos aqui é a capacidade de extrair de um tema, ao mesmo tempo simples e complexo, o que há de mais singular.

Ou seja, ao invés de negá-lo, vê-lo sem medo pelo que tem de diferente, ímpar, tornando-o, dessa forma, uma diferença que estabelece diferença, e que adquire uma amplitude toda especial à medida que é trabalhada com tonalidade e angulação adequadas.

Em palavras mais simples, quando uma matéria se refere, por exemplo, ao que uma mulher carrega em sua bolsa, es-tabelece, por este viés, uma diferença comportamental im-portante em relação aos homens, que não diminui em nada as mulheres (ou os homens), mas que, sobretudo, identifica o que é de um e outro gênero.

E assim sucessivamente.

Se deu certo? Só lendo para saber.

As coisas delas são diferentes?

Boa leitura, então.

“Coisa de mulher” é uma válvula de es-cape, quando simplesmente não se quer falar em determinado assunto. Mulher não é complicada, é incompreendida. E como todo bom enigma, as coisas de mu-lheres são o X da questão, que nem sem-pre é fácil.Se a mulher está triste, ela precisa con-versar e é uma necessidade ter a sensibi-lidade única de alguém do mesmo sexo. É fato: mulheres gostam de se sentir pro-tegidas, mas nem sempre um “vai ficar tudo bem, amor”, basta. Mulher precisa do conselho, do abraço, da sensatez e da tolerância da melhor amiga. Alguém que, estando na mesma situação que ela, saberia como ninguém o modo como agir. *Se ela está sentindo-se gorda, o namo-rado-melhor-amigo nunca dirá “é amor, acho que você precisa fechar um pouco a boca”. Nunca! Já a melhor amiga su-geriria que ambas entrassem em uma academia, por exemplo. Pode existir namorado confidente, companheiro e compreensivo, mas, por mais incrível que seja a relação de uma mulher com seu namorado, ele nunca poderá ser seu melhor amigo pelo simples fato de exis-tirem coisas que homens não entende-riam: são coisas de mulher.

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EXPEDIEN

TE

UNISC - Universidade de Santa Cruz do SulAv. Independência, 2273Bairro UniversitárioSanta Cruz do Sul - RSCEP 96815-900

Curso de Comunicação Social JornalismoBloco 15 - Sala 1506Telefone: 51 3717-7383Coordenadora do curso: Fabiana Piccinin

Jornal produzido na disciplina de Produção em Mídia Impres-sa, ministrada pelo professor Demétrio Soster, no segundo semestre de 2010.

Quem é quem

Prof. Demétrio Soster

Editor-c

hefeEditora e

Reportagem

Ana Fávia Hantt

Sub-editora e

Reportagem

Rochele Conrad

Editora

Multimídia

e reportagem

Emilin Grings

Diagramação

Larissa Almeida

ReportagemAna Gabriela Vaz

Angélica Weise Dilamar Garcia Fabiane Lamaison Fátima Hadi Júlio Assmann Letícia Schmidt

Michele WrasseMarinês Kittel Patrícia Barreto Willian Ceolin

Revisão

Cristiane Lautert Diana de Azeredo

Reportagem

Ilustração de capaMariana Pellegrini

Fotos do EditorialLuana Backes

ImpressãoGraphoset

Tiragem500 exemplares

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Expediente

Thiago Stürmer

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VAID

ADE

Quem disse que trabalho duro não combina com glamour?

É domingo e o calor já no início da ma-

nhã é atípico para o mês de agosto. As ber-

gamotas devem ser colhidas, porque se-

gunda-feira é dia de vender as frutas nos

supermercados da região. O relógio marca

6h e a agricultora Neida Shirley Schmidt,

53 anos, está pronta para o trabalho. Vai

até o galpão em que estão as ferramentas.

No caminho, alimenta os porcos e confe-

re a produção de ovos no galinheiro. Com

tudo em ordem, Neida sobe a ladeira e

cumprimenta Adilo, que já não estranha

a vizinha que usa gel no cabelo, batom,

unhas feitas, brincos e até perfume para

colher bergamota.

A primeira filha do seu Lorenço e da

dona Adalira diz que não se importa com

o que pensam sobre sua vaidade excessi-

va: “Tanto faz se estou dentro de um avião

num vôo internacional ou no meio da roça.

Gosto de estar produzida, me faz bem”, diz,

com um largo sorriso no rosto, destacado

pelos lábios vermelhos - cor de batom que

foi especialmente escolhida para com-

binar com a blusa. Nascida no interior da

cidade de Sinimbu (distante 20 quilôme-

tros de Santa Cruz), Neida confessa que o

cuidado com o visual foi herança da avó:

“Ela me ensinou que a aparência abre as

portas. Ou melhor, aqui, abre as porteiras”,

conta a agricultora, sem conseguir contro-

lar o riso.

Quando vai à cidade vender as frutas

que cultiva, Neida conta que a maioria

das pessoas não imagina a profissão

que ela exerce: “Ninguém acredita que

eu sou colona.” Atenta às tendências da

moda, aproveita as idas a Santa Cruz

para fazer compras. Nas sacolas, novos

itens que serão usados no desfile diário

de Neida pelo campo. “Eu não me sinto

colona. Sou uma empresária do meio ru-

ral”, conta orgulhosa enquanto confere o

penteado no retrovisor da caminhonete

que transporta as frutas.

Lápis preto nos olhos

Também cedo, mas distante da cal-maria do campo, Claudete Fátima da Sil-va Becker, 35 anos, também começa seu ‘ritual’ de beleza para ir trabalhar. Ela confessa que preferiria que a cor do uni-forme alaranjado fosse diferente, para que pudesse combinar os acessórios. Mas é domingo de plantão e o ônibus já está chegando com os colegas, garis respon-sáveis pela varrição das ruas de Santa Cruz. Ela termina de colocar as pulseiras, retoca o batom e reforça o lápis preto nos olhos.

As horas passam e, à medida que mais

Neida e Claudete acordam todos

os dias como o sol: prontas para brilhar;

o que menos importa é o que

fazem para viver ou onde moram

ROCHELE CONRADREPORTAGEMFOTOGRAFIA

uma calçada fica limpa, o sol fica mais forte. Claudete sente calor, mas é categó-rica quanto ao uso de um item que ajuda-ria a amenizar a sensação de desconfor-to: “Boné eu não uso. Não adianta, estou com o cabelo arrumado.” A gari, que não dispensa as unhas bem feitas e pintadas, diz que a vaidade a acompanha desde a infância e lamenta a filha não ter herda-do o mesmo cuidado. “Ela é o contrário de mim. Eu não saio de casa sem produção.”

Os braços que seguram firmemente a vassoura são enfeitados com pulseiras e as mãos, repletas de anéis. Claudete sabe que os garis, muitas vezes, passam despercebidos pelas pessoas. Muitas de-las sequer percebem a beleza do seu ros-to maquiado ou os brilhantes brincos de argola, que ela não tira nem para tomar banho. Mas a gari faz pouco caso: “Eu me arrumo porque gosto, me sinto muito fe-liz, não sei explicar”.

O dia a dia no campo e o trabalho em meio à sujeira nas ruas da cidade contras-tam com o visual caprichado de Neida e Claudete. Mas o que mais chama a aten-ção nas duas não são suas roupas ou aces-sórios: é o amor próprio, que se reflete na vaidade com o corpo. Todas as manhãs, assim como o sol, elas acordam prontas para brilhar, na terra ou asfalto.

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faço? E como prender o cabelo sem uma “piranha”? Pois é, essas foram algumas das respostas que recebi das mulheres ao perguntar o porquê de carregar tantas bugigangas den-tro do indispensável acessório femi-nino: a bolsa.

Na verdade, qualquer um de nós já deve ter ouvido ou feito comentário

do tipo “numa bolsa de mulher cabe o mundo” ou “numa bolsa de mulher pode-se encontrar de tudo”. E não é difícil ver uma mulher supostamente“perdida” entre os vários objetos guardados, procurando algo se

achar. A tendência é suprir as neces-sidades femininas, principalmente quando diz respeito à vaidade. Por isso, corretivo, batons, base, blush, rímel e gloss são objetos garantidos no acessório feminino, que pode ser pendurado, transpassado, segurado nas mãos ou até mesmo carregado pelo namorado. Isso mesmo: carre-gado pelo namorado, pois devido ao acúmulo de objetos a bolsa acaba se tornando pesada e fica difícil de ser carregada pelo “sexo frágil”.

Objetos inusitados também po-dem ser encontrados no acessório feminino, principalmente quando se trata da bolsa de trabalho. Um exemplo disso é a bolsa da funcio-nária da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Santa Cruz do Sul (CDL) Luciana Marques, que carrega até o contrato do seu apartamento em uma das oito divisórias de seu aces-sório. “Tenho o contrato na minha

.

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PREVENÇÃO

Como um lar fora do lar

Muitos homens ficariam surpresos

com a quantidade e a diversidade de

objetos absolutamente necessários que

uma mulher carrega na bolsa

MARIANA PELLEGRINI

MICHELE WRASSEREPORTAGEM

ILUSTRAÇÃO

Já imaginou ir ao banheiro e não ter papel higiênico? E se eu ficar com dor de cabeça? E se minha ma-quiagem borrar? Se estiver no ôni-bus e ficar com fome ou sede? Se acabar a carga do meu celular? O es-malte das minhas unhas pode sair, e daí? Se eu perder um brinco, como

bolsa, pois se um dia eu precisar dele, apresento na mesma hora”.

Prevenção. Essa é a palavra que justifica o entulhamento de itens em uma simples bolsa, que pode ser de vários tamanhos e ter muitas re-partições. Se a bolsa do dia a dia for substituída pela de festa, é preciso classificar os itens mais propícios, e que terão um importante papel. Luciana elenca como indispensável o fio dental. O motivo? Ela usa apa-relho, e pensa que não é apropriado ficar com os “ferrinhos” cheios de resíduos.

Dados e mais dados

Nos Estados Unidos foi feita uma pesquisa que buscou conhecer o conteúdo e o contexto desse famo-so e inseparável aparato feminino. Cerca de cem mulheres foram entre-vistadas e tiveram que mostrar to-dos os itens presentes no acessório. O surpreendente resultado obtido foi que em média 67 itens são carre-gados diariamente dentro da bolsa.

Dado este comprovado por An-dréia Frabres, que carrega exa-tamente 67 itens na sua bolsa de trabalho. Entre os objetos estão: bor-rachinha de cabelo, três esmaltes, acetona, lixa de unha, bolachinha salgada, cremes para as mãos e para o rosto, maquiagens, brinco, notas de supermercados do ano passado, tesourinha de unha, carteira com documentos pessoais, carregador de celular, caneta, sombras, guarda--chuva, chave de casa, chave do tra-balho, escova de dente, fio dental, perfumes, absorvente, pomada para picadas de insetos, foto da família, e assim vai...

Para justificar o motivo de tantos objetos, Andréia reforça o ditado po-pular de que uma mulher prevenida vale por duas. “Não gosto de passar por necessidades, quando preciso de algo tenho aqui na minha bolsa”.

Tudo o que uma mulher guarda em sua bolsa tem importância. Não importa se o objeto tenha ou não grande valor financeiro, cada um é valioso. Geralmente apenas elas sa-bem qual é.

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CON

SUM

ISM

O

Mania com os pés no chão. Assim defino a história da servidora pública municipal e empresária Débora Trindade, 32 anos, que possui 50 pares de sapatos. São diver-sos modelos e cores, a maioria de salto alto e tonalidades escuras. Todos guardados em um armário especialmente idealizado para eles. Mas o grande diferencial é que, apesar de idolatrar tal objeto, ela controla seus anseios e dosa suas aquisições.

O que faz com que Débora se recorde de quando começou a apreciar os calça-dos são os momentos em família. Tinha entre 8 e 12 anos e saia com sua irmã para auxiliar a mãe, Clarice Wendland, 59 anos, a comprar sapato. Esse momen-to era mágico para ela. “A filha mulher tem muito disso, de se identificar com a mãe. Tenho lembrança inclusive de mo-delos que ela comprava. Era uma fase de admiração”, recorda.

Há cinco anos, quando passou a ganhar seu próprio dinheiro, foi que o hábito de comprar calçados se tornou uma mania. Passou a adquirir não por necessidade, mas por vontade. Com razão: além de ad-mirar o gosto da mãe, os sapatos sempre lhe chamaram mais atenção do que as rou-pas. Todos os modelos que possui já foram usados várias vezes. “Tenho limites, adap-

Sobre bolsas e saltos altos

Mania de comprar, toda mulher tem. As personagens

desta história são um pouco diferentes,

pois suas manias chamam atenção

não pelo exagero, mas pelo que

têm de peculiar

REPORTAGEMPATRÍCIA BARRETO

to as compras ao meu orçamento. Para mim, sapato é produto de consumo, não é para ficar parado, é para se usar”.

Não é apenas para si mesma que a em-presária compra sapatos. A filha já possui 25 pares, exatamente a metade da mãe. A grande diferença é que Rafaella Trindade tem apenas um ano e dois meses. Isso mes-mo. Já faz coleção de sapatinhos, todos de cores claras, como rosa, lilás e branco.

Para não se isentar de comprar sapatos, Débora sempre vai atrás de promoções. Assim como vêm, os calçados também vão, ela se desfaz facilmente deles para dar es-paço a outros. E também faz doações. Ela garante que usa seu investimento e não tem apego emocional. Mas um em especial ela deixa guardado, o sapato branco usado no dia de seu casamento. “Minha mania não é exagero, nem futilidade, é fruto de uma admiração por sapatos, que adquiro com o dinheiro do meu trabalho”.

As bolsas na vida de Luíza

Todo dia que vai para escola, Luiza Hel-lena Paulus da Veiga, 9 anos, leva, além da mochila com livros e cadernos, uma bolsa a tiracolo. Essa é apenas uma das 38 bol-sas que adquiriu em apenas dois anos, em

FOTOGRAFIA

sua maioria nas cores preta e rosa. A me-nina prefere os modelos mais adultos, que podem ser usados durante o dia e à noite. “Tenho mania de comprar bolsas, elas são práticas, cabe tudo dentro”, sorri a tímida garota.

A assistente financeira Andréa Paulus da Veiga, 37 anos, diz que a filha recebe uma mesada de R$ 50. Todo esse valor é investido em bolsas. Quando quer adqui-rir uma que ultrapasse esse valor, Luíza espera para comprar até o mês seguinte, organizando assim sua renda mensal. A jovem não sossega enquanto não consegue adquirir mais uma para a coleção. A mãe confessa que, às vezes, tenta convencê-la a comprar uma tiara, um brinco, uma roupa. Mas não adianta. É bolsa que ela quer.

Para juntar dinheiro, Luíza já chegou a vender para suas amigas algumas bolsas que julgava gostar menos. Até levou peças para serem oferecidas no bingo da escola. Em da-tas especiais, ganha o produto de presente, pois todos já sabem da sua preferência. Essa mania também tem seu lado social: ela doa de bom grado quando alguém pede. Há pou-co tempo, por sinal, comprou uma bolsa per-sonalizada da campanha contra o câncer de mama. Para o futuro, a jovem planeja ser pro-fessora de dança. E abrir uma loja de bolsas.

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BELEZA

Pois bem, os tempos mudaram e tudo ficou mais moderno e prático. Hoje, se você quiser, não precisa mais carregar lápis para contornar a sobrancelha, os olhos e a boca. É só se submeter à maquiagem definitiva. Tatuagem ou micropigmentação, o nome não impor-ta muito; o que faz sucesso mesmo é o resultado.

A maquiagem definitiva surgiu na década de 1980, baseada no princípio da tatuagem. Já se consagrou como aliada da mulher moderna, proporcio-nando praticidade para facilitar seu dia a dia.

Natural de Encruzilhada e moradora de Santa Cruz do Sul desde os 3 anos de idade, Maristela Foster, 67, professora aposentada, é uma das mulheres que aderiu à maquiagem definitiva fazen-do a sobrancelha há mais de 20 anos. Hoje, continua a manutenção, retocan-do-a a cada 4 ou 5 anos.

Maristela gostou tanto da pratici-dade que fez o contorno dos lábios há três meses e afirma que ainda não fez o olho só porque disseram que é muito dolorido. Ela conta que decidiu fazer a sobrancelha também para corrigir as imperfeições. A decisão surgiu quan-do olhava um programa de TV onde a apresentadora mostrava o serviço de uma profissional. Ficou encantada com o procedimento e, decidida, foi a Porto Alegre fazer a micropigmenta-ção, pois em Santa Cruz do Sul o méto-do ainda não existia.

Vaidosa como toda mulher, sempre gostou muito de se maquiar. Durante os 28 anos de trabalho sempre levan-tava com meia hora de antecedência para se embelezar. “Agora é bem fácil. É só passar um creme e estou pronta.” Maristela afirma ainda que tudo que se faz para melhorar a aparência vale a pena.

Profissional da beleza

Ariane Novello trabalha com ma-quiagem definitiva há 5 anos. Relata que, para fazer a micropigmentação, é utilizado um equipamento chama-do dermógrafo, que implanta tinta na pele. A base é um pigmento es-pecial, importado, desenvolvido es-pecialmente para cada região a ser

A aliada da mulher modernaQuem de nós, mulheres,

nunca sonhou em dormir e acordar maquiada

como atriz de TV? A micropigmentação

torna o sonho realidade

REPORTAGEMFÁTIMA HADI

trabalhada (sobrancelhas, olhos e lá-bios) para se obter o resultado mais suave e o mais natural possível.

Para escolher a cor correta que usa-rá, Ariane analisa diversos fatores, como subtom de pele, descendência, coloração da cútis, olhos e cabelos, en-tre outros. Há uma diversidade enor-me de pigmentos, com os quais é pos-sível fazer uma combinação ideal para se obter o resultado desejado. A aplica-ção da maquiagem definitiva demora de uma a duas horas, dependendo do procedimento.

Qualquer pessoa pode se submeter à técnica, exceto aquelas com diabe-tes, hemofilia, trombose, aids, câncer ou mulheres grávidas. Não há limite de idade. Menores de 18 anos devem apresentar autorização dos pais. “As mulheres buscam esta técnica geral-mente para realçar suas feições, deli-near as sobrancelhas, olhos e lábios, mas sempre almejando naturalidade”, afirma Ariane.

Além de facilitar a vida de quem perde horas em frente ao espelho, a maquiagem definitiva ainda pode corrigir imperfei-ções e cobrir cicatrizes. Existem diversas técnicas de camuflagem, que despigmen-tam e suavizam erros de outros procedi-mentos, como desenhos assimétricos ou inadequadas, borrões de pálpebras, lá-bios, obtendo-se um resultado ótimo.

Mas tenha cuidado: uma avaliação pré-via é importante para verificar se a pes-soa tem alergia ao pigmento a ser utili-zado. Na dúvida, não vacile: consulte seu dermatologista.

FOTOGRAFIA

ANTES

DEPOIS

Equipamento chamado der-mógrafo aplica tinta na pele na

maquiagem definitiva

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8

MED

ICIN

A

A cada minuto, em média, uma pessoa se submete a uma cirurgia plástica no Brasil. Somente em 2009, foram realiza-dos 2,5 milhões de procedimentos. Des-ses, 82%, feitos por mulheres. Os dados foram fornecidos pela Sociedade Inter-nacional de Cirurgia Plástica Estética - Isaps. Mas não é preciso que números falem pela mulherada. Elas defendem os procedimentos em busca de corpos esbel-tos e uma autoestima elevada.

Mas se as estatísticas enumeram por-centagens, as mulheres enchem os dedos das mãos para listar seus procedimentos cirúrgicos em prol da beleza. Carla Hin-terholz, 32 anos, contabiliza cinco inter-venções. Em 2008, depois de uma gravi-dez, resolveu fazer uma lipoaspiração e uma abdominoplastia para remover a pele sobressalente. “Essa era a cirurgia que eu mais desejava”, exalta.

Com o sucesso da operação e a silhue-ta em dia, a manicure resolveu voltar ao cirurgião plástico um ano depois. Ela queria aumentar o volume dos seios, mas o médico disse que quem deveria enfren-tar o bisturi era o nariz. “Ele foi bem di-reto: seu seio está ótimo para o seu tama-nho; mas esse nariz está horrível.”

Se não te agrada, faz plástica

Silicone e lipoaspiração são os procedimentos

cirúrgicos mais almejados pelas

mulheres na busca pelo corpo

perfeito. Vale até brigar com o marido

Mas quem pensa que a sentença do profissional abalou a decisão de Carla está enganado. Ela percebeu que com o uso de um aparelho ortodôntico, o for-mato de seu rosto realmente havia mu-dado, o que salientava de forma negativa a parte que o médico queria modificar. Contudo, não se convencia a deixar de lado a ideia inicial: depois de duas con-sultas, “persuadiu” o cirurgião plástico que, além da operação no nariz, também deveria colocar próteses de silicone. De quebra, também realizou um preenchi-mento nos lábios.

Carla foi uma das 253 mil brasileiras que realizaram lipoaspiração no ano passado, conforme dados da Isaps. Nessa lista, também está Sueli de Brito, 34 anos. Há três meses, ela retirou pele sobressa-lente adquirida em uma gravidez há 14 anos. Mas ficar de bem com sua imagem teve seu preço. Foram necessárias várias safras de fumo para juntar o valor neces-sário para a cirurgia. “Eu olhava e não me gostava. Então trabalhei muito no pesado para juntar o dinheiro.”

Se Sueli precisou batalhar para con-seguir a viabilidade financeira, Gil Grie-sang, 33 anos, teve a tarefa de convencer

ANA FLÁVIA HANTTREPORTAGEMFOTOGRAFIA

Uma das grandes mudanças para Gil Griesang foi a troca de numeração de biquínis e sutiãs

Foram necessários anos de trabalho em plantações de

fumo para que Sueli de Brito conseguisse reunir dinheiro

Carla Hinterholz, em dois anos, fez cinco intervenções cirúrgicas na busca pela beleza

ELAS MOSTRAM O RESULTADO

o marido. Ele acreditava que implantar silicone nos seios era um investimento desnecessário. A bonita loira, que gosta de se produzir e posar para fotos, achava que faltava somente esse detalhe para melhorar sua imagem.

Depois de uma discussão com o mari-do, marcou uma consulta e levou adiante seu sonho. Além de um maior volume nos seios, também investiu em uma lipoaspi-ração nas costas. “Mas dessa eu me arre-pendi. Foi retirada pouca gordura e a dor foi muito forte”.

Apesar desse detalhe, a empresária se diz muito feliz por ter renovado seu guar-da-roupa íntimo – com uma numeração maior, diga-se de passagem. Se ela se arre-pende de fazer a cirurgia contra a vontade do cônjuge? Nem um pouco. Hoje, o marido que antes se opunha, virou ex. Restou en-tão, a autoestima que surge cada vez que Gil se olha no espelho.

Carla, Gil e Sueli, mais do que represen-tarem uma estatística que alcança a casa dos milhões, são três mulheres que não veem problemas em buscar a felicidade da forma que acham mais adequada. Mesmo que essa busca passe por um bloco cirúrgi-co. E cause muita dor, às vezes.

Page 9: Unicom 2010

9

CORES

Elas são apaixonadas por esmaltes

Roxo, verde, laranja ou azul: cores mais do que

divertidas e que se popularizaram por meio

dos esmaltes, o aces-sório que virou febre e apaixona as mulheres

FABIANE LAMAISONREPORTAGEM

LUANA BACKESFOTOGRAFIA

O mundo está mesmo colorido. Não so-mente em calças e sapatos. O principal aces-sório que reflete a mais nova tendência em inovação: os esmaltes. Coloridos, fluores-centes, foscos, metálicos, as inspirações são diversas e as novas coleções cada vez mais frequentes.

A variedade enlouquece a cabeça das mulheres sem distinção entre faixa etária, classe social ou tribo. O reconhecimento desse “novo mundo” é total: até mesmo gri-fes famosas aderem ao produto e lançam suas coleções, que geram tanto fascínio quanto outros acessórios exclusivos. E as opções não ficam restritas às cores: o va-riado mundo dos esmaltes permite novas texturas, desenhos e formas. Vale tudo para afastar a monotonia e tornar cada ida à ma-nicure uma busca por “obra de arte”.

Andréia Carvalho, 27 anos, profissio-nalizou-se para viver diariamente a sua paixão pelas unhas decoradas. “Eu fui a to-das as manicures da cidade para que elas fizessem desenhos nas minhas unhas; fi-cava cuidando tudo o que elas faziam, foi quando percebi que era isso que eu queria e me profissionalizei.” Déia, como é chamada, começou a carreira cuidando das mãos das amigas e hoje atende mais de 30 clientes por semana.

Apaixonada por esmaltes, a manicure tem mais de 250 cores e estilos. Não resis-tindo às novas coleções, busca os lançamen-tos por meio da internet ou de uma amiga em Blumenau. “Muitas vezes pago mais de R$ 50 só de frete, mas vale a pena, pois há cores lindas.” Como a profissão dificulta que ela tenha em suas mãos as mais variadas to-

nalidades, Déia se realiza ao ver as clientes mudando as cores e decorando as unhas.

Essa nova forma de arte teve suas van-guardistas, como Eloá Barreto da Silva, 59 anos, que há muito se entregou à alquimia das cores, misturando–as até chegar ao tom desejado, ou decorando suas unhas com pequenos desenhos, antes mesmo que a prática fosse uma tendência. Sua coleção ultrapassa as 60 opções de esmalte, surpre-endendo até quem convive com ela.

A paixão de Eloá transcendeu gerações e acabou conquistando a neta Natália, 4 anos. A menina conhece todas as cores de esmal-tes da avó e sempre pede à sua mãe para levar uma nova cor a fim de incrementar a coleção já existente. A avó, por sua vez, tro-ca as cores das unhas em média a cada dois dias e a frequência aumenta quando tem na agenda alguma festa, pois acredita que combinar a cor das unhas com a roupa é im-prescindível.

Cores juvenis

Além de valorizar as mãos femininas com variedade e elegância, o esmalte acompanha o universo adolescente e suas mais diversas ten-dências. Possibilita a troca de cores e texturas até mesmo com as tão conhecidas mudanças de humor próprias da garotada.

Quem comprova é Giulia Stefainski, 12 anos, que também já tem em casa sua peque-na coleção de esmaltes. A paixão chegou junto com a febre dos fluorescentes e as primeiras cores adquiridas foram o pink, verde limão, roxo e azul. “Comprei com o dinheiro da minha mesada.”

Grifes famosas lançam coleções exclusivas e conquistam seu

público diariamente

CRÔNICA

Coisas de mulher?Josiane Aline Goetze

Uma expressão muito usada pelo sexo oposto.

Mulher é um ser tão complexo que nem mesmo

elas sabem se definir. Não estou querendo dizer

que somos complicadas, tá!? Apenas complexas.

Um bom caso para a ciência estudar as suas va-

riantes “espécies”.

Qual o problema de querer que o homem leia

nossos pensamentos? Mulher faz isso e o tempo

todo. Será que só as mulheres se comunicam no

olhar? Não! Já vi quando dois homens se olham

ao passar uma mulher com uma “estrutura tra-

seira avantajada”. Apenas se olham com malícia.

É assim que funciona. Um grande detalhe é que

olhamos para coisas úteis.

É tão difícil assim para homens serem discretos?

Gente, juro, mas quase matei um amigo, quando

queria mostrar a ele uma ex-amiga. Foi mais ou

menos assim: “Fulannoooo! Olha quem vem vindo!”

E disparado virou para trás, com os dois olhos ar-

regalados, à procura do alvo. Antes que terminas-

se de falar a frase principal para HOMENS... Tchê...

Olha, mas não olhaaaa!

Afê! É tão simples.

Quando falam que somos seres vaidosos demais,

tenho uma justificativa sutil. Já nascemos e nos

colocam brincos e “tops” na careca. E quando nasce

um menino...

- Ahh, garoto! Vocês viram como ele puxou ao pai.

Desse jeito vai pegar todas.

Afêeee!

Isso é parte de nossa cultura. Mas para ver como as

coisas evoluem, ou não, agora os meninos além de

tudo são extremamente vaidosos. Lógico, fica agra-

dável. Apenas não disputem o espelho com as mu-

lheres na hora de ir para a balada. Temos prioridade,

por causa das orelhas furadas ainda quando bebês.

Acabei de olhar as imagens do Santogoogle ao des-

crever “coisas de mulher”.

Batons, carros detonados, maquilagem, piadinhas

imbecis – tipo a velha história da loira burra - nos-

sos acessórios, geralmente em um tom de rosa.

Estereótipo.

Após, perguntei ao mestre de todas as pesquisas

sobre “coisas de homem”. A primeira imagem já de-

prime. E as outras, quase iguais, não fazem sair da

depressão, pois apenas trocam o ângulo. Pois é.

Isso leva a uma conclusão: os homens não compre-

enderem as mulheres por estarem antenados a

uma coisa específica. Já as mulheres, por mais sim-

ples que sejam as coisas, estão ligadas a tudo em sua

volta. Podem fazer tudo ao mesmo tempo sem nem

tirar o cabelo do lugar. Temos a vantagem de ter “vi-

são periférica”. É uma desvantagem apenas na hora

de dirigir. Sério! Estudos comprovam.

As coisas são feitas de pequenos detalhes.

E as mulheres também.

O fato é que não importa a idade, sexo ou tri-bo. O esmalte chegou para ficar. Neon, embor-rachado, fosco e metalizado são apenas alguns dos diferentes tipos que circulam por aí para colorir as unhas da maneira mais diferenciada possível.

Na internet, os blogs específicos sobre unhas adiantam as tendências, dão dicas de combinações, apresentam as linhas de esmal-tes, fazem sorteios e tiram dúvidas, além de atrair milhares de seguidoras e colecionadoras do acessório. Você ainda não tem uma coleção? Então não perca tempo e corra para fazer a sua.

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MU

LHER

Como enlouquecer uma mulher

Não há como negar. As mulheres precisam dos

homens e vice-versa. No entanto, existem coisas

que eles adoram e que deixam elas piradas

ANA GABRIELA VAZREPORTAGEM

MARIANA PELLEGRINIILUSTRAÇÃO

Casais vivem de mudanças. Mudam nomes, idades, local onde moram, cor dos olhos ou cabelos, tudo muda, mas nunca os gostos e insatisfações. Isso é igual para todos, jamais varia. Nas ro-dinhas de mulheres o assunto sempre é o mesmo: aquilo que os namorados ou maridos fazem e elas detestam. E olha que a lista é grande.

Existem certas características en-raizadas neles que uma mudança se-ria impossível. Aquela jantinha dos amigos – solteiros, é claro – para uma cerveja e um bate-papo, apenas entre homens. E nós? Nós em casa, preocupa-das com a hora que eles irão voltar, se irão beber demais e depois dirigir. Mu-lheres são bobas mesmo. Reclamamos, criticamos, choramos, e depois, gos-tando ou não, aceitamos e convivemos com eles. Pacificamente ou não.

Mulheres são mais detalhistas e ob-servadoras. Querem nos tirar de cima do salto? Olhem discretamente para a moça loira que vai passar do lado de vocês, com aquela saia tão curta que mais parece um babeiro. Pensaram que não tínhamos visto, não é? Mu-lheres possuem faro. Vemos e ouvimos tudo. Por isso, nos irritamos tanto com as atitudes dos homens. Eles acredi-tam que somos ingênuas e gostam de subestimar nossa inteligência. Não percebem que isso só nos deixa ainda mais chateadas.

Como podemos não ficar enlouque-cidas se eles (os homens) podem pegar o controle remoto da televisão e ficar zapeando os canais sem parar. Homens possuem uma verdadeira fixação por apertar botões, e a graça não é assis-tir a algum programa, mas mudar até parar – sempre – no futebol. Já que fa-lamos em futebol, isso irrita muito as mulheres. Os homens são viciados no jogo e nem piscam os olhos. Além disso, ainda possuem a capacidade de pedir uma cerveja. Absurdo?

Outra atitude dos homens que leva uma mulher à loucura (não, não é isso que passou pela sua cabeça) é a toalha molhada na cama. Parece que cama e toalha molhada se atraem – quando falamos em sexo masculino. Isso abor-rece bastante uma mulher. Também tem as pequenas mentirinhas. Ele está atrasado e te liga dizendo que já está

chegando. Passa-se meia hora quando ele resolve chegar. E quando eles fa-zem que estão escutando a nossa fala? Utilizam a técnica da seleção, ou então, vão dizendo com a cabeça que sim e, quando perguntamos sobre o assunto? Hã... Não entendi. Bem que as paredes poderiam possuir ouvidos... Bastaria.

Mas de todas as pérolas que os ho-mens cometem com as mulheres, a pior delas é quando perguntamos se a nossa roupa ficou legal, se estamos bonitas, e eles respondem “bem que você poderia emagrecer um pouquinho”. Essa é para aporrinhar mesmo. Vai dizer que eles não sabem que uma frase dessas nun-ca se fala? E depois que brigamos com eles, a desculpa sempre é que estamos de TPM. Por que a culpa sempre é de-las?

Mulheres fazem múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Trabalhamos o dia todo, limpamos a casa, cuidamos dos filhos. E os homens? Jogam futebol, assistem à televisão, saem com os ami-gos, jogam a toalha molhada na cama, etc. Eles também são multifuncionais!

As questões são sempre as mesmas e muitos dizem que os homens é que são simples e as mulheres detalhistas demais. Seja como for, é a eterna guer-ra dos sexos e um não vive bem sem o outro.

A verdade é que, por trás de um grande homem, sempre há uma gran-de mulher. O problema é que eles nem sempre percebem isso. Na verdade, quase nunca.

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HOM

EM

Elas têm dom até pra irritar

Nós, homens, amamos as mulheres, fazemos coisas que até Deus duvida por elas, mas bem que elas poderiam ser mais objetivas, ou então vir com um manual de instrução

DILAMAR GARCIAREPORTAGEM

MARIANA PELLEGRINIILUSTRAÇÃO

Uma coisa é certa: as mulheres são boas em quase tudo que fazem. No entan-to, na arte de irritar um homem, elas são verdadeiras especialistas, ninguém ga-nha delas nesse quesito. As formas como fazem isso são as mais variadas possíveis e vão desde coisa simples como falar sem parar até a chantagem emocional.

Elas nos deixam malucos com suas perguntas, porque nunca sabemos o que querem como resposta. Um exemplo clássico é o “tô gorda?”. Sabemos que é para dizer “não”. Mas não basta qualquer “nãozinho”. É preciso olhar, avaliar, pedir para dar uma volta e, olhando nos olhos sem piscar nem tremer a pálpebra, gritar: “NÃÃÃO!”. Tudo abaixo disso é considera-do pouco. Se concordarmos que realmen-te estão gordas, ficam magoadas. Então eu pergunto... Dá para entendê-las?

Outra especialidade das mulheres é inventar diálogos geradores de brigas. Frases como o “você tá diferente hoje” são verdadeiros clássicos pra arrumar encrenca. O jeito é, quando ouvir, sair correndo. E bem rápido, sem olhar para trás, pois é briga na certa. Não adianta conversar.

Elas são eternamente insatisfeitas com roupas e sapatos que possuem, sem-pre estão precisando comprar mais, mes-mo que tenham os armários lotados. E o pior é quando nos convencem a acompa-nhá-las nas compras, fato que geralmen-

te conseguem após uma chantagem emo-cional.

Vejam só como sofrem os homens. E que atire a primeira pedra quem nunca passou por situação parecida. (Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência).

Uma simples visita ao shopping é mo-tivo para uma mulher aterrorizar um homem. Antes de sair de casa você espera no mínimo uma hora e meia até ela ficar pronta. São 30 minutos no banho, 20 para aplicar 33 tipos diferentes de cremes, um para cada parte do corpo; 20 minutos para decidir que roupa irá usar e mais 20 para escovar o cabelo e fazer chapinha. O homem, angustiado, aguarda no carro.

Enfim ela vem, com uma sensualidade que compensa a longa espera. A aparên-cia parece sensível e meiga, beirando a fragilidade. No entanto, adquire uma força descomunal ao fechar a porta do carro. Às vezes você acredita que nunca mais abrirá. Em seguida, desregula o re-trovisor para retocar a maquiagem que aprontou faz cinco minutos. Em cada es-quina que você dobra ela quer saber por que você escolheu ir por aquela rua e não pela outra. Se fosse pela outra, ela iria perguntar da mesma forma.

No shopping, deixar de olhar uma só vitrine é o maior pecado da terra. E quando elas entram em lojas de roupas e sapatos, esqueçam de sair de lá tão cedo. As mulheres nunca levam menos de dez peças para o provador.

Nós, homens, ficamos do lado de fora se-gurando aquela bolsa horrível, porém da moda, que custou um dinheirão e só elas acham o máximo. Após provar as dez e não gostar de nenhuma, pedem para nós, que não entendemos nada de roupas femininas, para trazer ainda mais peças, e, para piorar, em tons de cores que não diferenciamos.

Mesmo contrariados e com a ajuda das atendentes, levamos mais peças que, ao final, acabam não agradando. É hora de fechar e ainda estamos lá, as lojistas, coi-tadas, aguardam pacientemente; afinal, já estão acostumadas. Nós homens é que nos estressamos porque perdemos um tempo precioso. No final, fica complicado saber o que é pior: se é quando elas saem com as mãos e sacolas cheias (e nós, de bolsos va-zios) ou quando não compram nada. Mas ruim mesmo é, independente da situação, não se poder dizer nada. O contrário disso pode custar caro à vida de um homem.

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SEN

SUAL

IDAD

E

Imagine a cena, caro leitor. Um gru-po de mulheres, de 18 a 80 anos, soltei-ras, namoradas, casadas, viúvas; todas curiosíssimas, com vontade de aprender truques para seduzir o seu homem. Ago-ra pare de imaginar e conheça a história de Rita Ma Rostirrola, a primeira Sex Personal Trainer do Brasil.

A proposta é simples e o resultado é fantástico. Ao menos é o que dizem as mulheres. Mais sensualidade, autoesti-ma, performance, autoconhecimento e renovação no relacionamento. Essas são algumas das dicas que a personal sexy Rita ensina para as mulheres que par-ticipam dos cursos ministrados por ela.

A personal de 44 anos nasceu na ci-dade de Guaporé (RS) e há mais de 15 trabalha nesse ramo. É conhecida por desenvolver técnicas de sedução e con-quista. É uma mulher exuberante. Seu charme? A autoconfiança.

O que viria a ser seu trabalho iniciou por acaso. Tudo começou com ‘orienta-ções’ dadas eventualmente para amigas e primas. “Era apenas uma brincadei-ra”, diz ela. “Eu não tinha pretensão de trabalhar com isso. Elas começaram a formar pequenos grupos para que eu pu-desse passar essas dicas.” O divertimen-to acabou dando certo e a brincadeira se transformou em trabalho, que por sua vez, lhe rendeu sucesso.

Grupos de mulheres em empresas a chamaram para palestrar, e um público cada vez maior a procurou. Começou a

Para elas autoestima é tudoQuando o assunto é ficar mais sexy,

as mulheres se interessam

e ficam curiosas para saber os segredos

participar de programas nacionais e dar entrevistas. São mais de 2,5 mil mulhe-res atendidas por semana. Resultado? Ficou famosa!

Betina (os nomes foram trocados), que participou do curso da personal, garante que a aula traz melhoras. “O que me cha-mou mais atenção é que ela deixa você com sua autoestima transbordando. Simplesmente maravilhoso”, garante.

Outra admiradora é Amanda. De acordo com ela, a personal é muito sexy e faz a mulher se sentir muito bem du-rante o encontro. “Mulher sensual não é mulher com corpo perfeito, o que vale é estar de bem consigo mesma”, conta, ao relembrar as palavras de Rita.

O que não falta em seu curso são as tradicionais aulas de striptease, as quais, garante, são apenas para os ho-mens que já estão conquistados e não para conquistar. E se você, mulher, tem vergonha, é bom deixá-la de lado. “O striptease passa a ser uma ferramenta para apimentar uma relação, e quando se aprende a técnica, aliada a autoesti-ma, toda mulher está apta a dar um show para o parceiro.”

Cá entre nós, mulheres, Rita é muito experiente no assunto e tem a resposta para a nossa maior dificuldade em re-lacionamentos. Ela afirma que “somos muito Alice no País das Maravilhas.” Com isso, quer dizer que a mulher é mui-to sonhadora, espera sempre demais dela e do parceiro. “Temos que entender

Uma mulher de autoconfiança

AULINHAS DA SEXY PERSONAL TRAINER

ANGÉLICA WEISEREPORTAGEM

FOTOS: DIVULGAÇÃO

que nem sempre tudo são rosas, porém, quando além de bom senso, temos doses de compreensão, paciência e bom humor, o relacionamento realmente será tran-quilo”, garante.

E o segredo de Rita sobre como a mu-lher deve fazer para se manter segura e ao mesmo tempo sexy? A resposta surge logo. “A maior dica que posso dar para as mulheres é que acreditem em si mes-mas, que tenham atitude e não esperem a vida proporcionar alguma oportuni-dade. E elas devem cria-las”, afirma Rita.

E realmente a proposta dá certo. Elas não voltam as mesmas para casa. Retor-nam mais felizes, confiantes, poderosas e com várias dicas que só as mulheres sabem e entendem.

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COMPORTAM

ENTO

Seu marido trabalha o dia inteiro, não é? Portanto, não o perturbe com serviços domésticos. Quando chegar cansado, sirva a ele uma cerveja gelada e deixe-o assistir ao futebol sossegado.

Se ele quiser sair com os amigos, não impeça. Espere-o linda, cheirosa e dócil. Mesmo que desconfie que ele a traia. Não o incomode com ciúmes e perguntas infantis.

Mantenha o lar sempre limpo e orga-nizado. Assim, seu marido vai notar que você é uma ótima dona de casa e não vai despertar nele o interesse de morar em outro lugar.

A última dica se refere ao mercado de trabalho. Não pense em abandonar a casa e os filhos para trabalhar fora. Isso é coi-sa de homem. Lugar de mulher é no lar.

Ao ler todas essas dicas, você deve estar pensando que a repórter aqui está louca. Você tem todo o direito de se revoltar. É um absurdo o que escrevi. Mas não faz muito tempo que era isso o recomendado pelas revistas femininas. Jornal das Moças e Querida, por exem-plo, eram publicações que faziam su-cesso entre as mulheres nas décadas de 50 e 60, incentivavam a mulher a agir assim. Eram outras épocas.

Era assim mesmo?

Dona Moina Rech se casou aos 18 anos. Ela até queria estudar, mas o amor era mais importante. Hoje, com 79 anos, afirma que não se arrepende da escolha. O problema é que ela não sa-

Lugar de mulher é no larPreste atenção no

texto ao lado. Estas dicas serão essenciais

para que você mantenha o seu

relacionamento estável

bia ser dona de casa. “Era uma dondoca. Quando casei, nem café sabia fazer. Foi ele quem me ensinou.”

Casada há quase 60 anos, Dona Moina conta que o marido nunca tro-cou uma fralda dos três filhos que tiveram. “O serviço da casa também era comigo. O Cláudio (marido) traba-lhava muito. Eu tinha o dia todo para fazer as tarefas domésticas.”

Quando seu filho mais novo fez 6 anos, Dona Moina começou a trabalhar fora. Ela não se arrepende do tempo em que foi “do lar”, apesar de não gostar do ofício. Acredita que as mulheres de-vem ficar em casa enquanto os filhos são pequenos. “A educação das crianças fica comprometida nas mãos de empre-gadas ou em creches.” Depois dos três filhos casados, Dona Moina começou a viver mais para si. Hoje se dedica a es-crever contos infantis.

Já a história de Dona Araci Dummer é diferente. Casou-se aos 21 anos. Na época já era formada no curso Técni-co em Contabilidade. Mesmo antes do casamento, Dona Araci já trabalhava. O marido nunca se importou, pois o salário dela era importante para sus-tentar a família. “Sempre fui muito independente. Acordava às 5h para ir trabalhar. E não era incomum chegar às 22h em casa.”

O casal teve apenas um filho. Para cuidar dele, Dona Araci tinha a ajuda de uma babá que também fazia os serviços domésticos. “Eu não via o meu filho. Saía antes de ele acordar. Chegava e ele

Acima: Dona Araci Dummer, 67 anos, afirma que seu hobby é fazer croché.

Ao lado: Dona Moina Rech,79 anos, escreve contos infantis

EMILIN GRINGSREPORTAGEMFOTOGRAFIA

já estava dormindo.” Porém, acredita que isso não influenciou na educação. “Não me arrependo. Não sei como há mulheres que não fazem nada”.

Depois de aposentada, Dona Araci dispensou a empregada e passou a ser dona de casa. Ainda hoje, aos 67 anos, é ela quem controla todas as finanças da casa e faz os pagamentos.

Se há muitos anos as mulheres já eram independentes, caso da Dona Moi-na e da Dona Araci, é bom os homens prestarem atenção nas dicas abaixo, para melhorar a relação em casa.

Ela trabalha o dia inteiro não é? En-tão, deixe-a contar como foi o dia e dê atenção a ela. Não se distraia com coi-sas imbecis, como a televisão.

Deixe-a fazer um programa só com as amigas. Elogie-a sempre.

Procure não fazer coisas que a chateiam, como sair com os amigos para tomar cerveja e jogar futebol toda a semana.

O serviço doméstico também é respon-sabilidade sua. Afinal, ela não tem obriga-ção de manter a sua roupa sempre lavada e a casa em ordem. Cabe a você ajudar.

E por último, não fique bravo com o ciú-me dela. É a prova mais verdadeira de que ela te ama de verdade.

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RED

E

Feira das vaidades online

THIAGO STÜRMERREPORTAGEMFOTOGRAFIA

Páginas pessoais alimentadas por

mulheres obcecadas por cosméticos, os chamados Beauty

Blogs fazem sucesso na rede e

conquistam um grupo fiel de leitoras

Em setembro do ano passado, a grife Chanel lançou um esmalte de cor verde--claro chamado Jade. O frasquinho custa-va em torno de 50 dólares e se esgotou em menos de uma hora em todas as lojas que o ofereciam. Nenhum outro produto de be-leza fez tanto sucesso em 2009. O motivo? A Chanel enviou o esmalte a centenas de autoras de beauty blogs de todo o mundo antes de lançá-lo no mercado.

Os beauty blogs são páginas pessoais da internet atualizadas por garotas ob-cecadas por cosméticos e cuidados com a aparência. Neles, elas mostram as últimas tendências e lançamentos do mercado, publicam opiniões sobre produtos, sor-teiam kits e ensinam de truques simples a maquiagens sofisticadas. Se na década de 1970 revistas femininas como a Cosmo-politan influenciaram no comportamento e nos hábitos de consumo das mulheres, hoje os beauty blogs têm tudo a ver com a geração atual, que faz compras, busca e compartilha opiniões pela internet.

Não há nenhuma maneira de contar exatamente quantos blogs desse tipo exis-tem, mas certamente são centenas só no Brasil. Poucos fogem do padrão: layout co-lorido com predomínio da cor rosa, público fiel e uma apaixonada por moda atrás do teclado. As palavras que mais aparecem nesses blogs fazem parte da vida de todas as mulheres e representam tanto quanto um teorema de física quântica aos ho-mens: blush, delineador, esfoliante e alon-gador de cílios.

“Blogs que aconselham mulheres sobre produtos de beleza têm sido uma fonte de

alimentação para as vendas da indústria de cosméticos”, afirmou a escritora Kay-leen Schaefer, em um artigo publicado recentemente no suplemento de moda e estilo do jornal americano The New York Times. No mesmo texto, ela conta que, até pouco tempo atrás pedidos e opiniões de blogueiras anônimas eram apenas um aborrecimento para as empresas. Hoje, elas recebem produtos antes do grande pú-blico, ganham brindes e até viagens para falar bem sobre determinada marca.

Autora de um livro sobre os blogs femi-ninos no Brasil, a professora da Universi-dade Federal do Rio de Janeiro Luiza Lobo lembra que até Clarice Lispector já teve uma coluna sobre cosméticos, utilizando--se de um pseudônimo, no Jornal do Brasil. “A diferença é que há uma preocupação mais comercial nos Beauty Blogs. Há uma ideia de vender os produtos embutida ne-les”. A opinião de Luiza é confirmada ao se acessar os endereços mais conhecidos do universo dos blogs de beleza: em todos há banners de empresas de cosméticos e os chamados “publieditoriais”, postagens pa-gas para anunciar determinado produto.

A porto-alegrense Anne Rech é um caso de sucesso no que ela mesma intitula o “admirável mundo-novo dos Beauty Blo-gs”. Formada em psicologia, Anne criou seu blog, o Anne Makeup, em 2007, quan-do páginas desse tipo eram raras. No ano passado, ela foi contratada como editora de mídias sociais em uma grande agência de publicidade. “As mulheres usam a web para tratar de assuntos que já conversa-vam entre amigas”, diz Anne. “A diferença

O Frescurinhas, site de Júlia Thetinski, tem mais de 1100 acessos diários

O sucesso do Anne Makeup fez sua criadora, Anne Rech, mudar de profissão

é que antes elas tinham que buscar ajuda em lojas ou com maquiadores profissio-nais. Hoje, têm acesso a dicas e produtos sem sair de casa”.

Outra que conseguiu bastante visibilidade com seu blog de dicas de beleza foi a aluna do curso de Publicidade e Propaganda da Unisc Jú-lia Thetinski. Seu site, o Frescurinhas, entrou no ar em 2008 e hoje conta com mais de 1100 aces-sos/dia. Júlia também tem 2.600 seguidores em seu perfil pessoal no Twittter, a maioria deles em função do sucesso do blog. Com a essa aceita-ção, é comum que ela receba brindes e convites para eventos. Já viajou a São Paulo a convite de uma marca e participou de ações publicitárias de outras duas. Para quem se interessa pelos mi-mos e pelas viagens de graça, Júlia avisa: “Pode não parecer, mas ter um blog dá muito trabalho Se você não tiver conteúdo, não funciona”.

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VERSATILIDADE

Feira das vaidades online

Kelly Dávina era um destaque à parte em cada competição da

Fórmula Truck, quando comandava o “caminhão madrinha” da categoria

sobre as pistas

Você é daquelas pessoas com ideias ma-chistas, que pensam que caminhão é coisa somente para homens? O que diria, então, de uma mulher que foi piloto da Fórmula Truck, tipicamente masculina? Ninguém melhor para falar sobre o assunto do que a própria Kelly Dávina do Nascimento. A ex-piloto, ao participar durante dois anos de uma das mais peculiares categorias de corrida do continente, por longo tempo ar-rancou suspiros e aplausos de fãs de todas as idades.

Paralelamente às profissões de jorna-lista e modelo, a “multifuncional” Kelly, que usava somente seus dois primeiros no-mes nos autódromos, arrasou sobre as pis-tas (e corações dos “marmanjos”), durante as temporadas de 2008 e 2009 da famosa Fórmula Truck. Mas não competindo: ela pilotava o Pace Truck, ou “caminhão ma-drinha” da categoria, que conduz os com-petidores à volta de apresentação, ou por ocasião de acidentes.

O ingresso de Kelly na categoria foi uma casualidade. A partir de uma entrevista para trabalhar na área jornalística do even-to, a loira acabou ingressando para além dos bastidores e assumindo o volante de um “pesadão”. Foi assinado por ela, na época, o contrato de dois anos com a Volkswagen.

JÚLIO ASSMANNREPORTAGEM

Rastros de um furacão loiroPorém, o prazo do mesmo expirou e como uma marca diferente assumiu o Pace Truck, outra piloto foi contratada.

Kelly diz que se empenhou ao máxi-mo, mas é assim que funciona a seleção para pilotar o caminhão. Ela ainda so-nha em participar da categoria, o que depende de propostas. E desta vez, seria para competir, assim como Débora Ro-drigues, que desde 1999, é a única mu-lher que disputa as corridas. Fora das pistas

Mesmo não estando mais na boleia do Pace Truck, a paranaense, natural de Cle-velândia, não fica longe das pistas. Na épo-ca em que ainda era piloto, se o autódromo que receberia a Fórmula Truck não ficasse longe da cidade onde reside no momento, São Paulo, Kelly ia com seu automóvel, ou até mesmo de caminhão.

Como modelo, a bela trabalha desde os seus 12 anos. Iniciou a carreira participan-do de concursos realizados em Clevelândia e a partir de então, não parou mais. Mesmo trabalhando com imagem, o que mexe com o ego de alguns profissionais, a modelo sempre aprendeu com sua mãe a ser humil-de e grata por por tudo que alcançou.

Na foto acima Kelly Dávina es-banja felicidade na boleia do “caminhão madrinha” da Fórmula Truck, o Pace Truck.

Ao lado, se prepara para acelerar em outro tipo de pista: a passa-rela. A modelo, jornalista e na época, piloto, participou durante as temporadas de 2008 e 2009 da competição. Ela afirma que dependendo de propostas, pode retornar à categoria. Mas desta vez, para disputar o título com os outros pilotos dos pesados. E você, homem, irá torcer por ela?

RICARDO MALAGONIORLEI SILVAFOTOGRAFIA

Por atualmente residir em São Paulo, a modelo e jornalista sente muito a falta de sua família, que continua morando em Clevelândia. Sempre que pode, a loira se reúne com seus familiares para matar a saudade. Ela considera essa oportunidade de viver momentos especiais como moti-vação para dar sequência aos seus traba-lhos com todo o “gás”.

Você, leitor (homem), deve se perguntar: “Será que ela é solteira?” Sim. A própria Kelly afirma que além de solteira, está li-vre. Falando em namoro, outra coisa que ocorre com muita frequência em sua roti-na é o assédio de homens. Ela revela que são muitas as piadinhas sem graça, mas não dá importância. Apenas retribui os “doces” elogios de forma gentil e com um sorriso discreto, sem palavras.

Kelly Dávina ressalta: “Minha sorte é que

não convivo com pessoas insistentes e, para

um bom entendedor, meia palavra - ou um

sorriso - já basta.” Mas ela diz que isso não in-

terfere em sua vida. Afinal, ser espontânea

e simpática não é defeito para essa mulher

que saiu de Clevelândia para ser reconhecida

nacionalmente e se tornar referência não so-

mente em suas profissões, mas também, em

carisma e alegria.

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SEGR

EDOS

Sobre mulheres, amizade e banheiros

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Por que as mulheres sempre chamam uma

amiga para ir ao banheiro? Os motivos

são diversos e possuem variadas e

extravagantes versões

Imaginem se um dia fossem publica-das todas as informações sobre o que as mulheres fazem juntas no banheiro? Desde os tempos em que nossas bisavós frequentavam lugares coletivos, o papo é o mesmo. São resquícios do tempo em que precisávamos de ajuda para fechar o espartilho ou corselete. Seja em festas, bailes, futebol, enfim, onde mais de uma mulher está, com certeza nenhuma vai sozinha ao banheiro. Nada é programa-do. Não saem de casa falando que a tal hora vão ao toalete. É espontâneo.

As razões que levam as moçoilas a irem juntas ao banheiro são das mais variadas. Há vezes que a amiga precisa de solidariedade. Outras é para retocar a maquiagem, além de necessitar da ajuda para repor o fixador no cabelo. E a bolsa? Também serve para isso, já que, na maio-ria dos banheiros, não existe espaços para deixar o acessório. Além das con-fidências de ordem sentimental. Há ve-zes em que uma amiga é imprescindível para que a outra se sinta mais segura e tranquila quanto a roupas, maquiagens, ou até para receber um abraço de conso-lo depois de uma decepção.

A estudante do curso de Adminis-tração e Auxiliar de Carteira Agrícola, Rejane Goldschmidt, se intitula como frequentadora assídua de baladas e diz que são vários os motivos que levam as mulheres a irem juntas ao banheiro. ”Eu mesma já precisei de ajuda e minhas amigas também já precisaram de mim, isso é comum em todas as festas. É difícil ver uma mulher indo sozinha ao banhei-ro”, revela Rejane. Além de todos os mo-tivos de ordem prática, ela ressalta que muitas vezes uma fica de flerte, e vai para o banheiro comentar com a outra, o legítimo local da revelação de segredos.

Quem pode nos contar histórias sobre este assunto é Maria Evanir Soares, co-nhecida por Dona Maria, que há 25 anos trabalha na limpeza dos banheiros fe-mininos no Clube União em Santa Cruz do Sul. Conforme explica, os assuntos vão desde a curiosidade para saber a opinião da amiga sobre um determina-do assunto, até a troca de confidências. Frequentemente ela se depara com mu-lheres chorando nos toaletes, e é nesse momento que a amiga faz a diferença.

Para ela, um dos fatores que muda-ram muito nos últimos tempos é a falta de educação. “Hoje em dia é mais comum nas adolescentes, que bebem e perdem o controle”, revela Dona Maria. Como exemplos, ela diz que as garotas viram

cúmplices: trazem roupas extravagan-tes, principalmente peças íntimas, e fazem a troca no banheiro, já que a mãe não permitiu vesti-las em casa. Tem também os momentos em que a mulher serve para segurar o cabelo enquanto a amiga está passando mal. Além daque-las mulheres que usam os banheiros para fumar, já que o marido nem descon-fia”, afirma ela.

O banheiro é o local onde acontecem verdadeiras assembleias femininas, ou, em um português claro, uma boa sessão de fofocas. Para as mulheres que costumam ter uma relação mais tranquila com a intimidade do que os homens, o toalete é um lugar como ou-tro qualquer, porém, com a vantagem de ser reservado do restante do públi-co. Além disso, o banheiro feminino, ao contrário do masculino, favorece a conversa em grupo, já que existe um local privado para fazer as necessida-des e o resto do espaço pode ser usado com liberdade para animadas discus-sões sobre os mais diversos assuntos. Então, os homens continuam curiosos em saber o que tanto as mulheres fa-zem juntas no banheiro?

Desvendar o mistério das mulhe-res juntas ao banheiro é assunto que D. Maria tira de letra

Rejane diz que amiga é indispen-sável no banheiro, para opinar

sobre a roupa ou a maquiagem deixando-a mais segura.

MARINÊS KITTELREPORTAGEMFOTOGRAFIA

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CONFID

ÊNCIAS

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Mais do que amigas, parceiras inseparáveis

Fatos bizarros, saias-justas, chiliques

e babados. Cinco mulheres se

reúnem todos os finais de semana paratrocar “aquela”

ideia, e garantem: é divisão na certa

LETÍCIA SCHMIDTREPORTAGEM

A vida corriqueira faz com que um grupo de amigas se reúna todos os fi-nais de semana para sair na balada e, é claro, trocar algumas ideias e contar as novidades. É só juntar o mulherio que gargalhadas e deboches surgem na pa-rada. Nem mesmo os olhares assustados das pessoas que escutam os berros e ri-sadas inibem o grupo de amigas. As con-fidentes - estudante, professora, conta-bilista, farmacêutica e administradora - compartilham momentos bons, ruins, cômicos e dramáticos. Bianca, Juliana, Mariana, Lúcia e Patrícia são amigas in-separáveis.

Sexta-feira. Dia de festa para o gru-po. É nesse momento que elas conse-guem esquecer todos os problemas que enfrentaram durante a semana. É com a união das amigas que coisas bizarras ocorrem: tudo pode acontecer. Juliana conta uma situação cômica, que aconte-ceu com ela e Bianca. As duas avistaram dois gatinhos, combinaram de chegar neles, porém, como Juliana é afobada e

um pouco destrambelhada – como ela mesma diz – acabou chegando no rapaz que sua amiga, Bianca, havia escolhido. Como Bianca não queria ficar sozinha naquela noite, não pensou duas vezes: “Cheguei no rapaz que a Juliana havia escolhido e o beijei. Hoje estamos namo-rando. Coisa do destino? Quem sabe!”.

A estudante Mariana, a mais nova da turma, conta uma situação ruim e engra-çada que aconteceu com ela e sua prima Bianca. Na metade da festa, elas resol-vem ir ao banheiro, e para sua surpresa, a fila estava muito grande. Alguém con-segue adivinhar o que as fizeram? Não? Pois bem, preparem-se. Entraram no ba-nheiro masculino. Isso mesmo, masculi-no! Mas o pior está por vir.

Ao sair do banheiro, Bianca vomitou nas costas da prima. Mariana entrou em pânico. Chorou, gritou, ficou sem saber o que fazer. Mas não foi embora da fes-ta. Invadiu o banheiro feminino, tentou tirar o vômito e voltar para a festa com sua prima, como se nada tivesse aconte-

cido. Mariana conta que foi a melhor ba-lada que participou até o momento. Fez a maior festa!

Lúcia, a mais centrada do grupo, confir-ma que sair com as amigas é diversão na certa. Para ela, a situação mais cômica até hoje foi o tombo que três das amigas dela levaram ao sair do banheiro. Ficaram ro-xas durante uma semana. Marta destaca a relação deste grupo de amigas: “Amizade verdadeira é diferente, porque é especial e única; é ter uma pessoa por quem a gente torce, vibra e sofre, estando presente não só nos bons momentos, mas também nos maus. E é isso o que acontece com o meu grupo de amizades. São amigas verdadeiras.”

E é claro, que um bom chimarrão no domingo não pode faltar. Momento único para o grupo de amigas, haja sol, haja chu-va, o encontro sai de qualquer forma. As cinco relatam que aprenderam a conhecer cada uma: “Existe um grande respeito en-tre nós, acredito que isso faz com que nossa amizade se torne cada dia mais forte”, diz Marta.

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SOBR

EVIV

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A

Como sobreviver aos dias TPM

Há um determinado período que se repete

todo mês na vida de uma mulher, em que o

melhor a ser feito é evitar confusão.

O contrário dissoé o caos

WILLIAN CEOLINREPORTAGEM

MARIANA PELLEGRINIILUSTRAÇÃO

Cristian, 23 anos, chega em casa e liga a televisão. A namorada, Rosilene, 25, abre a porta e não gosta do que vê. Fica nervosa e ele ignora. Segundo Rosi, Cris-tian não fez nada do que deveria ter feito porque fica assistindo a TV o dia inteiro. Ele evita retrucar. Na verdade, ambos sabem que ela está na TPM, a famosa Tensão Pré-Menstrual.

O casal mora junto há três anos. Já brigaram muito por causa da TPM. Hoje, para evitar o pior, Rosilene possui uma fórmula mágica: avisar. “Às vezes, ele nem sabe que estou na TPM. Eu preciso chegar e falar por que estou irritada”. A fórmula pe boa, mas nem sempre con-vence Cristian.

O maior problema é o ciúme, que a

Qual o seu tipo?Existem quatro tipos de TPM. Veja em qual você (ou sua parceira) se encaixa:

INTOCÁVELNo tipo “intocável”, as mulheres que fi-cam ansiosas e demonstram um nível de irritação elevado. Gritam por qualquer coisa e acreditam que todo o universo conspira contra elas. Se alguém chegar perto, é melhor estar bem protegido.

SANFONA

MAGALI

ZUMBI

d e

Nesse tipo, assim como a personagem do desenhista Maurício de Souza, as mulheres apresentam apetite fora do comum. Esse comportamento motivou a empresa Maria Brigadeiro a criar o Kit TPM Alívio, apenas com doces.

Todas as vezes que entram na TPM, elas aparentam mudanças físicas como ga-nho ou perda de peso, por exemplo. Eis o tipo “sanfona”. É preciso ter cuidado.Esse tipo pode provocar outro: o “intocável”.

Você chega para trabalhar e vê sua cole-ga com cara de zumbi? Pode estar certo que isso é consequência do quarto tipo de TPM. Nesse caso, elas apresentam insô-nia e geralmente entram em depressão.

Tensão Pré-Menstrual faz o “favor” de piorar… “O ciúme quadruplica quando ela está na TPM. Se o celular toca, e é um amigo ligando, meu Deus do céu. Ela fica louca.” Por isso, a fórmula de Cristian é outra: “Concordar com tudo. Se não, você atravessa a noite, o outro dia também e ela continuará com razão. Não adianta falar alguma coisa, então é melhor dei-xar assim”.

Também há quem diga que os homens exageram na reclamação. Na primeira tentativa de lembrar os defeitos da namo-rada, Cristian confessa: “Nós reclamamos tanto, mas na hora de falar não sabemos o que dizer.” Tanto Rosi quanto Cristian riem. “Viu, só?Nem é tanto assim…” - ela retruca. Cristian acha melhor concordar.

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DICAS

RESENHA

Só assim para entender as mulheresPedro Garcia

O Homem – com H maiúsculo – se esforça todos os dias para criar máquinas mais inteligentes do que ele. Computadores que dão a volta ao mundo, celulares que pintam e bordam, robôs que fazem e acontecem. Já se diz que ciência e tecnologia não têm limites. Um ancestral meu costumava repetir: “Depois que inventaram o debulhador de milho elétrico, eu não duvido mais de nada”. E em-bora pareça que as coisas se encaminham mesmo para isso, digo, todo mundo capaz de fazer tudo de forma fácil, a verdade é que tem coisas que ainda estamos (bem) longe de conseguir. Como en-tender as mulheres.

Os homens – agora, com H minúsculo – tentam isso todos os dias. E falham todos os dias. As mulheres também tentam se entender. E também falham. Até onde eu sei, nenhum ipod se apresentou com a promessa de atribuir um sentido às complexas vias de ra-ciocínio que justificam atitudes as mais imprevisíveis e descabi-das. E se o Steve Jobs não consegue, é porque a coisa é complicada. Acho um tanto curioso que, por exemplo, estudemos com tanto afinco em aulas de biologia o sistema digestivo das esponjas do mar, mas não consigamos entender a mente feminina.

Quem chegou mais perto disso é Nick Marshall, um publicitário vaidoso e garanhão, pai solteiro, egoísta, encabeçador de propa-gandas de bebida e cigarro tão machistas quanto ele, que viu seu reinado ser ameaçado na agência onde trabalhava com a chega-da de uma nova colega. Isso mesmo, uma nova colega.. A ordem que recebeu era a de criar campanhas para produtos femininos, mas em tom sensível e respeitoso, coisa que sua mente viciada na lógica da “mulher-objeto” não estava acostumada a processar.

Eis que, após um insólito acidente, o sujeito inexplicavelmente foi presenteado com um dom único. Tornou-se capaz de ouvir os pensamentos das mulheres, tão alto quanto suas próprias vozes. Bastava que uma chegasse perto, e tudo o que se passava na ca-beça dela chegava aos ouvidos dele. Assustador? Nem tanto, pois a partir de determinado momento, o esperto Nick soube usar aquilo a seu favor, para o bem e para o mal. Reatou os laços com a filha, descobriu a admiração de uma funcionária de baixo esca-lão que costumava ignorar, desvendou os desejos sexuais de uma amante e, é claro, surrupiou os projetos da colega durona que o desafiava.

Enfim, Nick descobriu que, apesar de ser o “tal” e fazer sucesso com as fêmeas, ele na realidade as entendia tanto quanto um virgem de 40 anos. Ou uma esponja do mar. Mulheres são complexas, até para um bonitão, e seduzi-las não é o mesmo que estar em sintonia com elas. Eu aposto minhas fichas que enquanto existirem bolsas, esmaltes, chapinhas, absorventes, dores de cabeça, vitrines, invejinhas, chan-tagens e bichinhos, pouco se saberá de concreto sobre este misterio-so objeto da natureza. A não ser que Steve Jobs nos surpreenda. Ou se alguém receber um presente tal qual Nick Marshall.

Aliás, acho que esqueci de comentar, mas Nick é o protagonista do filme Do que as mulheres gostam, comédia com Mel Gibson e Helen Hunt, e dirigida por Nancy Meyers. Quer dizer, nem na ficção existe alguém capaz de entender as mulheres.

Guia de sobrevivência masculino

Seis dicas indispensáveis para qualquer homem sobreviver à TPM:

1Concorde com tudo o que ela disser, por mais errada que esteja ou discuta. Não convém explicar que você

está chateado só porque o seu time de futebol perdeu.

2 Compre coisas para ela. Pode ser roupas, calçados, joias ou até mesmo aces-sórios. Os cientistas ainda

não descobriram, mas isso pode ser a melhor cura para a TPM.

3Faça tudo o que ela faz dia-riamente. Seja em casa, no trabalho ou em qualquer lugar, é bom você deixá-la

descansar um pouco e se “colo-car na pele dela”. Também diga isso. Ela vai gostar.

4 Aceite todos os pedidos dela, mesmo os mais ab-surdos. Se ela pedir para você assistir o espetá-culo de dança em vez de

futebol, não discuta. Essa certa-mente será a melhor a opção.

5Elogie sempre. Jamais questione os gostos dela, sejam para roupa, comi-da ou marca de cerveja

(hein?). Lembre-se de que ela é um ser perfeito e merece ser encarado como tal. Mesmo que tudo seja mentira.

6 Evite dizer que ela está na TPM. Esse é o princi-pal truque de sobrevi-vência. Por mais que ela saiba disso, é a sua vida

que está em jogo. Deixe ela gri-tar e fazer o que quiser. Nunca mencione a palavra TPM quan-do estiverem juntos.

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A mulher da imagem no espelhoCristianno Caetano

Essa mulher que é minha mãe, Essa mulher que é minha irmã, Essa mulher que é minha avó, Essa mulher que é minha amiga. Sou todas elas. Mas nenhuma delas; Nenhuma, É a mulher que sou.

A escritora Clarice Lispector escreveu isso, ou algo parecido, no século passado.Muitas mulheres leram, acharam lindo e revelador. Mas... Olharam-se no espelho, identificaram-se... E só.Faltou coragem, ou talvez um intenso desejo de se mostrar e deixar que vissem a verdadeira mulher da imagem no espelho.A virada do século trouxe uma nova concepção dessa “imagem”, e na fotografia isso se revela plenamente. Hoje, ela não se restringe ao espelho.A mulher, tal qual o diafragma da minha câmera se abre, ilumina-se, gosta--se,  mostra-se sem medo ou pudor. Ousadia é a palavra de ordem. Para que a vejam por inteiro e captem sua essência no sorriso, no gesto, no vestir, no despir, no transgredir.Ela sabe que pode e faz coisas que parecem insanas, como:

Combinar, descombinando.

Ser sexy ao natural, sem compromisso de seduzir.Romper barreiras sem agredir.

Ser infantil e despojada sem descer do salto.Fazer rir sem o vício da malícia.

Extrapolar sem exagerar.Ser clássica, vulgar, imatura, ousada, in ou dependente.

Tanto faz.